tangolomango 2007

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FESTIVAL DA DIVERSIDADE CULTURAL FORTALEZA RECIFE RIO DE JANEIRO 2007 2007 FANZINE

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Tangolomango 2007

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Page 1: Tangolomango 2007

FESTIVAL DA DIVERSIDADE CULTURAL

FORTALEZA RECIFE RIO DE JANEIRO

2007

2007

FANZI

NE

Page 2: Tangolomango 2007

Vamos brincar de Tangolomango?É isso mesmo: o Festival da Diversidade Cultural é

um convite para entrar numa brincadeira de roda.

E, quando se aceita, se aprende que brincar de

roda é coisa séria.

Quem entra na roda tem que dar as mãos e,

imediatamente, o movimento de cada um passa a

ser de todos. Naquele corpo coletivo, que gira unido,

cada um é ao mesmo tempo peça e motor, levando e

sendo levado pelo ritmo que atravessa todo, numa

harmonia feita de diferenças.

Ser parceiro do Tangolomango é entrar nessa roda e

compartilhar a crença inabalável de Marina Vieira, idealizadora

do festival, no poder da troca e da generosidade intelectual,

razão de ser do festival desde a sua primeira edição, há seis

anos.

Para a equipe do Programa Avançado de Cultura Contemporânea

- PACC - da UFRJ, o trabalho que, já há três anos, realizamos em

conjunto com o Tangolomango, tem sido uma oportunidade

preciosa de colocar em prática as idéias e ideais teóricos que

pautam as nossas reflexões no campo da universidade. Entre

eles, a convicção de que o conhecimento deve ser produzido

através do diálogo. Um diálogo que não se limite apenas a uma

perspectiva interdisciplinar - ainda interna ao contexto

acadêmico - mas que incorpore também interlocutores dos mais

diversos espaços sociais.

A produção do conteúdo editorial desse fanzine, que, pela

segunda vez, foi feita através da colaboração entre jornalistas

formados pelo Observatório de Favelas e alunos da Escola de

Comunicação da UFRJ é, como a brincadeira de roda, uma

experiência de construir uma unidade a partir das diferenças.

Em nossas reuniões de trabalho descobrimos (ou inventamos), a

cada vez, como é possível fazer com que as conversas sejam

francas, que as opiniões se manifestem com liberdade, que as

cabeças fique aberta para interferências e críticas. Sem

hiererquia: na roda, de mãos dadas..

Em suas cinco primeiras edições, o projeto Tangolomango - Festival de Diversidade Cultural -

espalhou-se por diversos espaços do Rio de Janeiro, e que iam de centros culturais a estações

de metrô, passando por museus, levando uma concreta e significativa mostra as ações

culturais de grupos de jovens da chamada periferia. O impacto foi tão forte que este ano o

Tangolomango se espalha ainda mais, e chega a Fortaleza e Recife. Nessas três cidades grupos

de diferentes origens geográficas se unem em um espetáculo comum, uma mescla variada de

teatro, circo, música, artes plásticas e dança.

Ao longo de seus primeiros cinco anos de vida, o projeto contou com a participação de cerca de

duas mil pessoas que integram quase uma centena de grupos culturais de diferentes regiões

do país, sempre concentrando-se no Rio de Janeiro. E pretende seguir nessa mesma toada,

fruto de um trabalho perseverante e de importância comprovada.

A Petrobras, maior empresa brasileira e maior patrocinadora das artes e da cultura em nosso

país, tem o Tangolomango entre os projetos que integram o Programa Petrobras Cultural. Ou

seja: mais do que apoio, mais do que patrocínio, trata-se de uma parceria consolidada. Porque

entendemos que divulgar e estimular a ação cultural de grupos que atuam nas periferias das

grandes cidades é apoiar um trabalho de resgate da cidadania.

Desde que foi criada, há pouco mais de meio século, a missão primordial da Petrobras - e que é

rigorosamente observada e cumprida em nosso cotidiano - é a de contribuir para o

desenvolvimento do Brasil. Nossa política de apoio às artes e à cultura é parte do cumprimento

dessa missão. Porque um país que não conhece, divulga e respeita suas artes, que não se

reconhece em sua identidade cultural, jamais será um país desenvolvido.Expediente:

Ilana StrozenbergProdução, Coordenação e Edição

Laila MelchiorEdição e Texto

Gustavo RaposoTexto

Marcia BezerraTexto

Marcelo GarciaTexto

Marina VieiraCoordenação e Produção

Rosilene MiliottiTexto

Tainá SaramagoTexto

Veridomar da GlóriaTexto

Page 3: Tangolomango 2007

Vamos brincar de Tangolomango?É isso mesmo: o Festival da Diversidade Cultural é

um convite para entrar numa brincadeira de roda.

E, quando se aceita, se aprende que brincar de

roda é coisa séria.

Quem entra na roda tem que dar as mãos e,

imediatamente, o movimento de cada um passa a

ser de todos. Naquele corpo coletivo, que gira unido,

cada um é ao mesmo tempo peça e motor, levando e

sendo levado pelo ritmo que atravessa todo, numa

harmonia feita de diferenças.

Ser parceiro do Tangolomango é entrar nessa roda e

compartilhar a crença inabalável de Marina Vieira, idealizadora

do festival, no poder da troca e da generosidade intelectual,

razão de ser do festival desde a sua primeira edição, há seis

anos.

Para a equipe do Programa Avançado de Cultura Contemporânea

- PACC - da UFRJ, o trabalho que, já há três anos, realizamos em

conjunto com o Tangolomango, tem sido uma oportunidade

preciosa de colocar em prática as idéias e ideais teóricos que

pautam as nossas reflexões no campo da universidade. Entre

eles, a convicção de que o conhecimento deve ser produzido

através do diálogo. Um diálogo que não se limite apenas a uma

perspectiva interdisciplinar - ainda interna ao contexto

acadêmico - mas que incorpore também interlocutores dos mais

diversos espaços sociais.

A produção do conteúdo editorial desse fanzine, que, pela

segunda vez, foi feita através da colaboração entre jornalistas

formados pelo Observatório de Favelas e alunos da Escola de

Comunicação da UFRJ é, como a brincadeira de roda, uma

experiência de construir uma unidade a partir das diferenças.

Em nossas reuniões de trabalho descobrimos (ou inventamos), a

cada vez, como é possível fazer com que as conversas sejam

francas, que as opiniões se manifestem com liberdade, que as

cabeças fique aberta para interferências e críticas. Sem

hiererquia: na roda, de mãos dadas..

Em suas cinco primeiras edições, o projeto Tangolomango - Festival de Diversidade Cultural -

espalhou-se por diversos espaços do Rio de Janeiro, e que iam de centros culturais a estações

de metrô, passando por museus, levando uma concreta e significativa mostra as ações

culturais de grupos de jovens da chamada periferia. O impacto foi tão forte que este ano o

Tangolomango se espalha ainda mais, e chega a Fortaleza e Recife. Nessas três cidades grupos

de diferentes origens geográficas se unem em um espetáculo comum, uma mescla variada de

teatro, circo, música, artes plásticas e dança.

Ao longo de seus primeiros cinco anos de vida, o projeto contou com a participação de cerca de

duas mil pessoas que integram quase uma centena de grupos culturais de diferentes regiões

do país, sempre concentrando-se no Rio de Janeiro. E pretende seguir nessa mesma toada,

fruto de um trabalho perseverante e de importância comprovada.

A Petrobras, maior empresa brasileira e maior patrocinadora das artes e da cultura em nosso

país, tem o Tangolomango entre os projetos que integram o Programa Petrobras Cultural. Ou

seja: mais do que apoio, mais do que patrocínio, trata-se de uma parceria consolidada. Porque

entendemos que divulgar e estimular a ação cultural de grupos que atuam nas periferias das

grandes cidades é apoiar um trabalho de resgate da cidadania.

Desde que foi criada, há pouco mais de meio século, a missão primordial da Petrobras - e que é

rigorosamente observada e cumprida em nosso cotidiano - é a de contribuir para o

desenvolvimento do Brasil. Nossa política de apoio às artes e à cultura é parte do cumprimento

dessa missão. Porque um país que não conhece, divulga e respeita suas artes, que não se

reconhece em sua identidade cultural, jamais será um país desenvolvido.Expediente:

Ilana StrozenbergProdução, Coordenação e Edição

Laila MelchiorEdição e Texto

Gustavo RaposoTexto

Marcia BezerraTexto

Marcelo GarciaTexto

Marina VieiraCoordenação e Produção

Rosilene MiliottiTexto

Tainá SaramagoTexto

Veridomar da GlóriaTexto

Page 4: Tangolomango 2007

Palcos preparados, sons amplificados, luzes afinadas,

expectativa de grande público e muita alegria. É desta forma

que aguardamos o acontecimento do Tangolomango - 6°

Festival de Diversidade Cultural. Além de ampliar o acesso a

redes culturais, receber grupos, comunidades e agentes

culturais distintos, um festival deste porte mobiliza parcerias

entre instituições locais com o mote especial de fortalecer a

diversidade cultural. O Governo do Estado do Ceará, a Secretaria

da Cultura e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura se unem

para receber, sobretudo, um festival de valores culturais. Muito

além das Belas Artes, os valores culturais são práticas

cotidianas, formas de interação com o ambiente e com a

sociedade. Apoiar uma iniciativa como o Tangolomango é

motivar a reflexão sobre a diferença, sobre a multiplicidade. É

garantir um movimento circundante e contínuo a favor da

cultura. Temos a sensação, muito gratificante, de estar

democratizando nossos espaços, acolhendo habilidades e

projetos inventivos, e de estar gerando no cidadão-artista o

sentimento de integração e apropriação do espaço público. É o

encontro do artista com o seu palco. Parabéns a turma do

Tangolomango.

Maninha Morais,

presidente do Instituto de Arte e Cultura do Ceará

O Tangolomango começou em 2002 como um encontro das

ações culturais de comunidades, com a proposta de reunir,

articular, difundir e proporcionar a troca de experiências dos

grupos de comunidades que, em sua maioria, não tinham

contato entre si, eram desconhecidos pelo grande público e

não conseguiam espaço na grande mídia. Seis anos depois, a

estética da periferia está no centro da moda do debate. A vida

das favelas e periferias brasileiras está exposta nos jornais, na

TV, nos filmes, nos livros e em exposições.

Estar no centro ou na periferia depende apenas da forma de

olhar o mundo. Enfrentar desafios e vencer obstáculos para

apresentar a sua arte; fazer da favela, espaço ignorado pela

maioria dos moradores do asfalto, em um centro pulsante de

criatividade, é uma postura vencedora de quem não aceita

viver um papel a margem. Pensando assim, desde 2002, mais

de 100 grupos populares participaram do Tangolomango em

palestras, exposições, mostras de cinema e vídeo, oficinas,

workshops, shows de música, dança, teatro e circo, formando

uma grande ciranda. E abriram a roda para que o público

também participasse desse movimento circular em que

periferia e centro se alternaram como palco das atrações.

Em 2007, o Tangolomango - Festival da Diversidade Cultural

amplia a sua ciranda e leva o colorido

sonoro da periferia para Fortaleza, Recife e

Rio de Janeiro onde grupos populares

apresentarão seus trabalhos, integrando suas

diferenças, fazendo intercâmbio de saberes e

interligando periferias, sejam elas econômicas, sociais

ou geográficas.

Como já faz parte da história do festival

Tangolomango, nos dias de intercâmbio

que antecedem aos shows, os grupos se

conhecem, reconhecem e valorizam as

suas diferenças e semelhanças. A alegria de

se descobrir como parte de um todo e poder

compartilhar seus sonhos e expectativas

toma conta de todos e circula pelas fitas

coloridas, estandartes, bumbos, malabares,

bufões, mamulengos, afoxés, latas, pífanos,

grafites, cantadores e jongos. São

momentos especiais em que todos se

dedicam à produção compartilhada,

renunciando à apresentação individual de

cada grupo para ser parte de um espetáculo

único, de uma colcha de retalhos feita de

música, circo, teatro e dança.

E o show, apresentado no último dia de

encontro, é o resultado desse rico processo

de aprendizado em que os grupos superam

o desafio de criar e produzir de forma

colaborativa. É a grande festa que marca o

encontro das diferentes periferias que,

juntas, se transformam em um único centro

de criatividade, surpreendente e

emocionante.

Tangolomango - o Festival da Diversidade Cultural é a ciranda composta por uma gente que canta e dança e é feliz em apresentar a sua arte. Uma raça que não tem medo de fumaça, pois não se entrega não.

Ciranda Ciranda

Page 5: Tangolomango 2007

Palcos preparados, sons amplificados, luzes afinadas,

expectativa de grande público e muita alegria. É desta forma

que aguardamos o acontecimento do Tangolomango - 6°

Festival de Diversidade Cultural. Além de ampliar o acesso a

redes culturais, receber grupos, comunidades e agentes

culturais distintos, um festival deste porte mobiliza parcerias

entre instituições locais com o mote especial de fortalecer a

diversidade cultural. O Governo do Estado do Ceará, a Secretaria

da Cultura e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura se unem

para receber, sobretudo, um festival de valores culturais. Muito

além das Belas Artes, os valores culturais são práticas

cotidianas, formas de interação com o ambiente e com a

sociedade. Apoiar uma iniciativa como o Tangolomango é

motivar a reflexão sobre a diferença, sobre a multiplicidade. É

garantir um movimento circundante e contínuo a favor da

cultura. Temos a sensação, muito gratificante, de estar

democratizando nossos espaços, acolhendo habilidades e

projetos inventivos, e de estar gerando no cidadão-artista o

sentimento de integração e apropriação do espaço público. É o

encontro do artista com o seu palco. Parabéns a turma do

Tangolomango.

Maninha Morais,

presidente do Instituto de Arte e Cultura do Ceará

O Tangolomango começou em 2002 como um encontro das

ações culturais de comunidades, com a proposta de reunir,

articular, difundir e proporcionar a troca de experiências dos

grupos de comunidades que, em sua maioria, não tinham

contato entre si, eram desconhecidos pelo grande público e

não conseguiam espaço na grande mídia. Seis anos depois, a

estética da periferia está no centro da moda do debate. A vida

das favelas e periferias brasileiras está exposta nos jornais, na

TV, nos filmes, nos livros e em exposições.

Estar no centro ou na periferia depende apenas da forma de

olhar o mundo. Enfrentar desafios e vencer obstáculos para

apresentar a sua arte; fazer da favela, espaço ignorado pela

maioria dos moradores do asfalto, em um centro pulsante de

criatividade, é uma postura vencedora de quem não aceita

viver um papel a margem. Pensando assim, desde 2002, mais

de 100 grupos populares participaram do Tangolomango em

palestras, exposições, mostras de cinema e vídeo, oficinas,

workshops, shows de música, dança, teatro e circo, formando

uma grande ciranda. E abriram a roda para que o público

também participasse desse movimento circular em que

periferia e centro se alternaram como palco das atrações.

Em 2007, o Tangolomango - Festival da Diversidade Cultural

amplia a sua ciranda e leva o colorido

sonoro da periferia para Fortaleza, Recife e

Rio de Janeiro onde grupos populares

apresentarão seus trabalhos, integrando suas

diferenças, fazendo intercâmbio de saberes e

interligando periferias, sejam elas econômicas, sociais

ou geográficas.

Como já faz parte da história do festival

Tangolomango, nos dias de intercâmbio

que antecedem aos shows, os grupos se

conhecem, reconhecem e valorizam as

suas diferenças e semelhanças. A alegria de

se descobrir como parte de um todo e poder

compartilhar seus sonhos e expectativas

toma conta de todos e circula pelas fitas

coloridas, estandartes, bumbos, malabares,

bufões, mamulengos, afoxés, latas, pífanos,

grafites, cantadores e jongos. São

momentos especiais em que todos se

dedicam à produção compartilhada,

renunciando à apresentação individual de

cada grupo para ser parte de um espetáculo

único, de uma colcha de retalhos feita de

música, circo, teatro e dança.

E o show, apresentado no último dia de

encontro, é o resultado desse rico processo

de aprendizado em que os grupos superam

o desafio de criar e produzir de forma

colaborativa. É a grande festa que marca o

encontro das diferentes periferias que,

juntas, se transformam em um único centro

de criatividade, surpreendente e

emocionante.

Tangolomango - o Festival da Diversidade Cultural é a ciranda composta por uma gente que canta e dança e é feliz em apresentar a sua arte. Uma raça que não tem medo de fumaça, pois não se entrega não.

Ciranda Ciranda

Page 6: Tangolomango 2007

Durante os anos 1980/1990 o Teatro do Parque foi um dos principais pontos de

consumo de cultura da Cidade do Recife, alguns dos melhores filmes que vi no

passaram na sua tela, bem como peças e shows que vão de montagens de Nelson

Rodrigues até projetos seis e meia com Moreira da Silva (esse em dois momentos

antológicos, um aos oitenta anos, onde se dizia num precipitado fim da vida, e outro

aproximadamente dez anos depois, com o Mundo Livre S/A abrindo o show, numa

noite que parecia fechar um ciclo de cronica do cotidiano através do samba de breque

unindo duas gerações). Por fazer parte desse meu repertório sentimental/cultural é que

fico ainda mais feliz com a notícia do Tangolomango ter escolhido o teatro para

servir de palco da sua primeira edição no Recife.

O Tangolomango vem desde 2002, unindo experiëncias das mais distintas no seu

festival da diversidade cultural, todos sob um mesmo conceito: a produção coletiva e

da colaboração. Em vários desses eventos o Re:combo teve o prazer de estar

presente, seja em palestras ou na antológica apresentação na Lona Cultural Herbert

Vianna, localizada na Maré.

E eis que esse ano mais um limite é quebrado: o limite geográfico. Além do Rio de

Janeiro, Recife e Fortaleza fazem parte do evento, que é norteado por esse breve

preceito básico, de simplicidade quase budista, onde se entende que o processo é o mais

importante e o show o resultado. E pense como esse entendimento pode modificar a

vida das várias pessoas envolvidas! As transformações causadas pelo poder da

formação de redes onde os pontos são pessoas com bumbos, malabares,

mamulengos, afoxés, grafites, cantadores, e mais outras possibilidades que nem consigo

imaginar agora, e que serão construídas durante essa viagem.

E é com grande felicidade e curiosidade que espero o fim dessa viagem, e me vem à

mente a entrada cheia de espelhos do nosso Teatro do Parque, que multiplicará essa

rede numa representação imediata das possibilidades pós-festival.

O circo como atividade artística remonta à gênese do ser humano, mas nos últimos 300 anos é que toma o contorno que conhecemos hoje. Como celebração da vida, da necessidade vital do encontro, da diversão, da superação, o circo vai ocupar um lugar cativo no imaginário das mais variadas culturas. E isso se deve a diversos fatores que compõem o seu fazer e também ao seu resultado em forma de espetáculo.

Sua configuração arquitetônica é a do círculo, da circularidade que propõe o movimento, a integração em uma roda que pode itinerar tecendo um caleidoscópio no imaginário das mais longínquas comunidades espalhadas pelo mundo. O circo, durante muito tempo, foi o portador das novidades, das grandes invenções e descobertas, do inusitado.

O circo está intrinsecamente ligado ao caráter da família, de um saber que se processa diariamente a partir de uma prática coletiva, onde todos têm seu lugar reservado e, mais que isso, todos têm múltiplas funções nesse empreendimento familiar. Apesar da poesia imanente ao fazer, a fruição das técnicas é fruto de muito trabalho, de uma dedicação que só o tempo dará a justa medida. Esse caráter que coloca o ser humano no limite da busca da superação de seus limites é o mesmo que possibilita a humanização, o compartilhamento dos saberes, da confiança no companheiro, no coletivo, e a generosidade como elemento fundamental.

O circo é esse espetáculo democrático que - sem medo de errar - vai representar o mais democrático dos espetáculos, onde tem vez o Presidente da República e o menino de rua, a princesa e o plebeu; e até hoje pode propor um escambo como forma de ingresso. Hoje falamos de um 'novo circo' mas nunca foi novidade a junção de muitas artes sob a lona, como a dança, a música, o teatro, as tecnologias. E quantos cantores e atores tiveram o circo como escola? (Mario Lago, Grande Otelo, Vicente Celestino...) É justamente isso que vamos tentar juntar na construção do espetáculo do Tangolomango deste ano. Um modo de agregar valores, de trocar experiências, de aproveitar as potencialidades, enfim, de compartilhar saberes e fazeres para a formação de algo novo que é fruto das elaborações de cada coletivo e artista envolvido.

Como diz o poeta, vamos montar o circo no coração e fazer a festa!Então vai, vai, vai começar a brincadeira! Tomem seus lugares e bom espetáculo!

João Carlos ArtigosPalhaço e diretor de produção do Teatro de Anônimo

Page 7: Tangolomango 2007

Durante os anos 1980/1990 o Teatro do Parque foi um dos principais pontos de

consumo de cultura da Cidade do Recife, alguns dos melhores filmes que vi no

passaram na sua tela, bem como peças e shows que vão de montagens de Nelson

Rodrigues até projetos seis e meia com Moreira da Silva (esse em dois momentos

antológicos, um aos oitenta anos, onde se dizia num precipitado fim da vida, e outro

aproximadamente dez anos depois, com o Mundo Livre S/A abrindo o show, numa

noite que parecia fechar um ciclo de cronica do cotidiano através do samba de breque

unindo duas gerações). Por fazer parte desse meu repertório sentimental/cultural é que

fico ainda mais feliz com a notícia do Tangolomango ter escolhido o teatro para

servir de palco da sua primeira edição no Recife.

O Tangolomango vem desde 2002, unindo experiëncias das mais distintas no seu

festival da diversidade cultural, todos sob um mesmo conceito: a produção coletiva e

da colaboração. Em vários desses eventos o Re:combo teve o prazer de estar

presente, seja em palestras ou na antológica apresentação na Lona Cultural Herbert

Vianna, localizada na Maré.

E eis que esse ano mais um limite é quebrado: o limite geográfico. Além do Rio de

Janeiro, Recife e Fortaleza fazem parte do evento, que é norteado por esse breve

preceito básico, de simplicidade quase budista, onde se entende que o processo é o mais

importante e o show o resultado. E pense como esse entendimento pode modificar a

vida das várias pessoas envolvidas! As transformações causadas pelo poder da

formação de redes onde os pontos são pessoas com bumbos, malabares,

mamulengos, afoxés, grafites, cantadores, e mais outras possibilidades que nem consigo

imaginar agora, e que serão construídas durante essa viagem.

E é com grande felicidade e curiosidade que espero o fim dessa viagem, e me vem à

mente a entrada cheia de espelhos do nosso Teatro do Parque, que multiplicará essa

rede numa representação imediata das possibilidades pós-festival.

O circo como atividade artística remonta à gênese do ser humano, mas nos últimos 300 anos é que toma o contorno que conhecemos hoje. Como celebração da vida, da necessidade vital do encontro, da diversão, da superação, o circo vai ocupar um lugar cativo no imaginário das mais variadas culturas. E isso se deve a diversos fatores que compõem o seu fazer e também ao seu resultado em forma de espetáculo.

Sua configuração arquitetônica é a do círculo, da circularidade que propõe o movimento, a integração em uma roda que pode itinerar tecendo um caleidoscópio no imaginário das mais longínquas comunidades espalhadas pelo mundo. O circo, durante muito tempo, foi o portador das novidades, das grandes invenções e descobertas, do inusitado.

O circo está intrinsecamente ligado ao caráter da família, de um saber que se processa diariamente a partir de uma prática coletiva, onde todos têm seu lugar reservado e, mais que isso, todos têm múltiplas funções nesse empreendimento familiar. Apesar da poesia imanente ao fazer, a fruição das técnicas é fruto de muito trabalho, de uma dedicação que só o tempo dará a justa medida. Esse caráter que coloca o ser humano no limite da busca da superação de seus limites é o mesmo que possibilita a humanização, o compartilhamento dos saberes, da confiança no companheiro, no coletivo, e a generosidade como elemento fundamental.

O circo é esse espetáculo democrático que - sem medo de errar - vai representar o mais democrático dos espetáculos, onde tem vez o Presidente da República e o menino de rua, a princesa e o plebeu; e até hoje pode propor um escambo como forma de ingresso. Hoje falamos de um 'novo circo' mas nunca foi novidade a junção de muitas artes sob a lona, como a dança, a música, o teatro, as tecnologias. E quantos cantores e atores tiveram o circo como escola? (Mario Lago, Grande Otelo, Vicente Celestino...) É justamente isso que vamos tentar juntar na construção do espetáculo do Tangolomango deste ano. Um modo de agregar valores, de trocar experiências, de aproveitar as potencialidades, enfim, de compartilhar saberes e fazeres para a formação de algo novo que é fruto das elaborações de cada coletivo e artista envolvido.

Como diz o poeta, vamos montar o circo no coração e fazer a festa!Então vai, vai, vai começar a brincadeira! Tomem seus lugares e bom espetáculo!

João Carlos ArtigosPalhaço e diretor de produção do Teatro de Anônimo

Page 8: Tangolomango 2007

Já faz um tempo que vejo o mundo ficar cada vez menor, pois as culturas se interagem e se fundem fazendo nascer outras. No meio urbano isso é mais forte e claro, é como se a natureza perdesse um pouco seu poder de transformação e nos dissesse: "Toma aí, me impressione".

Hoje a rua é uma referência de arte, o centro não é mais "o centro", as pessoas estão mais livres e se conectam entre si, multiplicam informações e recriam o inusitado. O hip-hop, o grafite, o repente, a música, possibilitou aos jovens da periferia um contato maior com a poesia, com a leitura, a informação e a organização entre eles e o mundo, Um exemplo é o grupo Exito d' Rua (Recife), que com atividades de produção colaborativa tem mostrado resultados positivos. A busca pela informação e o avanço da tecnologia faz com que não se tenha a língua como barreira para poder entender o que um garoto do outro lado do mundo queira dizer. Com o choque de cultura que acontece diariamente nos centros urbanos, as fagulhas que sobram desse encontro criam possibilidades inimagináveis de criação e recriação. A produção hoje é mais compartilhada, às vezes direta ou indiretamente, as pessoas estão mais abertas a dividir com as outras a sua criação, fazendo com que quem ganhe seja o futuro.

Vivemos uma era de fusões radicais e os intercâmbios culturais são essências para a sobrevivência dessas novas culturas onde a dança, o teatro e o circo se fundem como se fossem uma coisa única e, pra ser mais exato, é!

Neilton

ARTES CÊNICAS; ARTEFATOS EXPLOSIVOS

Nenhum teatro poderá significar transgressão se não for deliberadamente marginal. Seja marginal,seja herói. Já dizia Oiticica com a sua bandeira-manifesto. Só que não dá mais para ser herói: não há uma história ou uma narrativa referente. Atualizemos: seja marginal, seja carrapato. Na alegoria deleuziana do corpo que pensa, o carrapato que mora na árvore é atraído pelo calor do cavalo que passa em baixo e cai sobre o seu dorso e fica lá chupando um sanguinho até o fim. BAIXAR NO CAVALO, DIONÍSO A CÉU ABERTO. Estar à margem dos modelos estabelecidos é mais do que uma atitude de rebeldia. É um manifesto inacabado para um programa estético permanente . Atuar fora tanto do espaço convencional, quanto do experimental de mercado. O MESMO VENDIDO COMO DIFERENTE DÁ NO MESMO. É bom não esquecer que a modernidade está no espaço público, na rua,na praça ou no buraco negro da/do capital. Rodar a baiana, sacudir o quadril,rodopiar e perder a bússola. O teatro, o circo, a dança, a performance, a ópera e as manifestações envolvendo canto, dança, drama e execução de instrumentos musicais diversos da tradição cultural oral são artes cênicas e cada uma possui a sua especificidade de linguagem, a sua singularidade estética. Cada uma dessas artes abriga uma infinidade de desdobramentos e hibridismos de gêneros, que faz com que cada qual seja uma multiplicidade. TEATRO E NÃO-TEATRO, ARTE E NÃO-ARTE. É preciso que existam diferenças, contra a linguagem pura, pelos hibridismos, pela contribuição milionária de todos os erros. Sejamos antropófagos!A experiência viva sem a mediação de qualquer suporte complementar a não ser a própria sinestesia dos corpos, no palco e na platéia, num mesmo tempo presente. Falar do presente é falar de relações de forças. Vivemos no mundo presente da indiferença. VERTIGEM. Pois o que interessa, de imediato, é saber que a linguagem cênica é aberta, enquanto jogo, tanto para quem assiste, quanto para quem re-apresenta. Uma ação com ou sem texto, um corpo, uma cena e um espectador formam a "cadeia obrigatória da comunicação" cênica, que necessita da presença imediata de um elemento - que se expõe ao olhar do espectador - exercendo as suas funções e máscaras sob diversos nomes: ator, cantor, mímico, dançarino, malabarista, palhaço, brincante, saltimbanco, mágico, marionete, ilusionista, performer ou seja lá que nome se dê ao intérprete de qualquer uma dessas artes cênicas. QUEM SABE, UM XAMÃ? Ver, fazer = jogar. Viva a assembléia dos desesperados, a cena política da comunidade em volta do fato,do feto,da fanfarra de todos os bodes. Evoé!

SIDNEI CRUZ.

Page 9: Tangolomango 2007

Já faz um tempo que vejo o mundo ficar cada vez menor, pois as culturas se interagem e se fundem fazendo nascer outras. No meio urbano isso é mais forte e claro, é como se a natureza perdesse um pouco seu poder de transformação e nos dissesse: "Toma aí, me impressione".

Hoje a rua é uma referência de arte, o centro não é mais "o centro", as pessoas estão mais livres e se conectam entre si, multiplicam informações e recriam o inusitado. O hip-hop, o grafite, o repente, a música, possibilitou aos jovens da periferia um contato maior com a poesia, com a leitura, a informação e a organização entre eles e o mundo, Um exemplo é o grupo Exito d' Rua (Recife), que com atividades de produção colaborativa tem mostrado resultados positivos. A busca pela informação e o avanço da tecnologia faz com que não se tenha a língua como barreira para poder entender o que um garoto do outro lado do mundo queira dizer. Com o choque de cultura que acontece diariamente nos centros urbanos, as fagulhas que sobram desse encontro criam possibilidades inimagináveis de criação e recriação. A produção hoje é mais compartilhada, às vezes direta ou indiretamente, as pessoas estão mais abertas a dividir com as outras a sua criação, fazendo com que quem ganhe seja o futuro.

Vivemos uma era de fusões radicais e os intercâmbios culturais são essências para a sobrevivência dessas novas culturas onde a dança, o teatro e o circo se fundem como se fossem uma coisa única e, pra ser mais exato, é!

Neilton

ARTES CÊNICAS; ARTEFATOS EXPLOSIVOS

Nenhum teatro poderá significar transgressão se não for deliberadamente marginal. Seja marginal,seja herói. Já dizia Oiticica com a sua bandeira-manifesto. Só que não dá mais para ser herói: não há uma história ou uma narrativa referente. Atualizemos: seja marginal, seja carrapato. Na alegoria deleuziana do corpo que pensa, o carrapato que mora na árvore é atraído pelo calor do cavalo que passa em baixo e cai sobre o seu dorso e fica lá chupando um sanguinho até o fim. BAIXAR NO CAVALO, DIONÍSO A CÉU ABERTO. Estar à margem dos modelos estabelecidos é mais do que uma atitude de rebeldia. É um manifesto inacabado para um programa estético permanente . Atuar fora tanto do espaço convencional, quanto do experimental de mercado. O MESMO VENDIDO COMO DIFERENTE DÁ NO MESMO. É bom não esquecer que a modernidade está no espaço público, na rua,na praça ou no buraco negro da/do capital. Rodar a baiana, sacudir o quadril,rodopiar e perder a bússola. O teatro, o circo, a dança, a performance, a ópera e as manifestações envolvendo canto, dança, drama e execução de instrumentos musicais diversos da tradição cultural oral são artes cênicas e cada uma possui a sua especificidade de linguagem, a sua singularidade estética. Cada uma dessas artes abriga uma infinidade de desdobramentos e hibridismos de gêneros, que faz com que cada qual seja uma multiplicidade. TEATRO E NÃO-TEATRO, ARTE E NÃO-ARTE. É preciso que existam diferenças, contra a linguagem pura, pelos hibridismos, pela contribuição milionária de todos os erros. Sejamos antropófagos!A experiência viva sem a mediação de qualquer suporte complementar a não ser a própria sinestesia dos corpos, no palco e na platéia, num mesmo tempo presente. Falar do presente é falar de relações de forças. Vivemos no mundo presente da indiferença. VERTIGEM. Pois o que interessa, de imediato, é saber que a linguagem cênica é aberta, enquanto jogo, tanto para quem assiste, quanto para quem re-apresenta. Uma ação com ou sem texto, um corpo, uma cena e um espectador formam a "cadeia obrigatória da comunicação" cênica, que necessita da presença imediata de um elemento - que se expõe ao olhar do espectador - exercendo as suas funções e máscaras sob diversos nomes: ator, cantor, mímico, dançarino, malabarista, palhaço, brincante, saltimbanco, mágico, marionete, ilusionista, performer ou seja lá que nome se dê ao intérprete de qualquer uma dessas artes cênicas. QUEM SABE, UM XAMÃ? Ver, fazer = jogar. Viva a assembléia dos desesperados, a cena política da comunidade em volta do fato,do feto,da fanfarra de todos os bodes. Evoé!

SIDNEI CRUZ.

Page 10: Tangolomango 2007

João Artigos e Sidnei Cruz

"No comando da festa"

Laila Melchior

João Artigos, diretor de produção do Teatro de Anônimo, e Sidnei Cruz, diretor teatral, são os condutores do espetáculo realizado em todas as cidades por onde passa o Tangolomango 2007. Contam, para isso, com a colaboração dos Irmãos Saúde, atores ligados ao "Movimento Rua do Circo", que também participa do festival esse ano. Encarregados da apresentação dos espetáculos encenados no Rio de Janeiro, em Fortaleza e em Recife, os dois têm a tarefa de alinhavar as montagens resultantes da integração entre os vários grupos e artistas.Para Sidnei Cruz, essa administração é ao mesmo tempo simples e complexa. "É preciso estar atento para a improvisação e o acaso. Não dá para racionalizar. O importante, no final das contas, é o processo, a troca", afirma o diretor. Nesse processo, ele percebe que houve um crescimento qualitativo do resultado do festival com o passar dos anos. João Artigos, que viu o Tangolomango assumir os mais diferentes formatos, destaca o fato do evento sempre estabelecer uma ponte entre a tradição e o fazer artístico contemporâneo, promovendo, assim, a busca por territórios de livre circulação de idéias e saberes.Construir uma teia simultaneamente diversa e similar é um grande desafio. Isso significa promover, através de um sem número de abordagens artísticas, um intercâmbio entre participantes que, todos oriundos da periferia, manifestam o desejo de ser protagonistas de suas próprias histórias. "O Tangolomango produz conhecimento e abre caminhos para o trânsito livre da generosidade intelectual e estética" pondera Sidnei.Os dois diretores consideram que o fato do festival estar sendo realizado esse ano, pela primeira vez, em duas cidades nordestinas, além do Rio de Janeiro, é de grande importância. João Artigos observa que a novidade faz com que a criação compartilhada funcione em via de mão dupla, fortalecendo outros territórios. E Sidnei Cruz complementa: "O nordeste é nossa cultura medieval viva. O nordeste é dentro da gente".

Circo Voador

"Circulação de idéias e diversidade cultural"

Gustavo Almeida Raposo

O Circo Voador começou no Arpoador no verão de 1982. Os espetáculos organizados debaixo de uma lona azul e branca marcaram época. Sete meses após ser desmontada a estrutura no Arpoador, o Circo Voador pousava no coração da Lapa, um dos bairros mais badalados do Rio. Sob suas lonas aladas, nascia o Rock Brasil no início dos anos 80, para o qual o Circo serviu como principal espaço de shows por muitos anos. Fechado em 1996, o Circo Voador foi reaberto em 2004. Reformado e reformulado, o Circo é muito mais que um espaço para shows, abrigando as mais variadas expressões artísticas, além de capitanear projetos de integração social, como a Creche do Circo e a Escola Livre de Artes (ELA). Consciente do poder da arte como instrumento de transformação, a ELA oferece cursos de dança, música, circo e capoeira, além de um programa de inclusão digital: o Telecentro do Circo.

Page 11: Tangolomango 2007

João Artigos e Sidnei Cruz

"No comando da festa"

Laila Melchior

João Artigos, diretor de produção do Teatro de Anônimo, e Sidnei Cruz, diretor teatral, são os condutores do espetáculo realizado em todas as cidades por onde passa o Tangolomango 2007. Contam, para isso, com a colaboração dos Irmãos Saúde, atores ligados ao "Movimento Rua do Circo", que também participa do festival esse ano. Encarregados da apresentação dos espetáculos encenados no Rio de Janeiro, em Fortaleza e em Recife, os dois têm a tarefa de alinhavar as montagens resultantes da integração entre os vários grupos e artistas.Para Sidnei Cruz, essa administração é ao mesmo tempo simples e complexa. "É preciso estar atento para a improvisação e o acaso. Não dá para racionalizar. O importante, no final das contas, é o processo, a troca", afirma o diretor. Nesse processo, ele percebe que houve um crescimento qualitativo do resultado do festival com o passar dos anos. João Artigos, que viu o Tangolomango assumir os mais diferentes formatos, destaca o fato do evento sempre estabelecer uma ponte entre a tradição e o fazer artístico contemporâneo, promovendo, assim, a busca por territórios de livre circulação de idéias e saberes.Construir uma teia simultaneamente diversa e similar é um grande desafio. Isso significa promover, através de um sem número de abordagens artísticas, um intercâmbio entre participantes que, todos oriundos da periferia, manifestam o desejo de ser protagonistas de suas próprias histórias. "O Tangolomango produz conhecimento e abre caminhos para o trânsito livre da generosidade intelectual e estética" pondera Sidnei.Os dois diretores consideram que o fato do festival estar sendo realizado esse ano, pela primeira vez, em duas cidades nordestinas, além do Rio de Janeiro, é de grande importância. João Artigos observa que a novidade faz com que a criação compartilhada funcione em via de mão dupla, fortalecendo outros territórios. E Sidnei Cruz complementa: "O nordeste é nossa cultura medieval viva. O nordeste é dentro da gente".

Circo Voador

"Circulação de idéias e diversidade cultural"

Gustavo Almeida Raposo

O Circo Voador começou no Arpoador no verão de 1982. Os espetáculos organizados debaixo de uma lona azul e branca marcaram época. Sete meses após ser desmontada a estrutura no Arpoador, o Circo Voador pousava no coração da Lapa, um dos bairros mais badalados do Rio. Sob suas lonas aladas, nascia o Rock Brasil no início dos anos 80, para o qual o Circo serviu como principal espaço de shows por muitos anos. Fechado em 1996, o Circo Voador foi reaberto em 2004. Reformado e reformulado, o Circo é muito mais que um espaço para shows, abrigando as mais variadas expressões artísticas, além de capitanear projetos de integração social, como a Creche do Circo e a Escola Livre de Artes (ELA). Consciente do poder da arte como instrumento de transformação, a ELA oferece cursos de dança, música, circo e capoeira, além de um programa de inclusão digital: o Telecentro do Circo.

Page 12: Tangolomango 2007

Grupo do Beco

"A abertura do Beco pelo Teatro"

Gustavo Almeida Raposo

O Grupo do Beco é um grupo de teatro que atua na comunidade do Aglomerado Santa Lúcia em Belo Horizonte, Minas Gerais. Criado em 1995 por jovens moradores locais, tem o objetivo de "fazer arte, principalmente o teatro, como instrumento-agente transformador."O grupo já realiza um intercâmbio interessante em Belo Horizonte, com "artistas, favelados, mulheres e crianças". Para eles, no entanto, a proposta do Tangolomango amplia ainda mais as possibilidades de intercâmbio e compartilhamento, aprimorando a busca dos grupos participantes por novas formas de transformação social através da arte e da cultura.As apresentações teatrais são, geralmente, seguidas de debates com o público e realizadas em espaços diversos: teatros, escolas e universidades, além da Casa do Beco, espaço cultural do grupo no Aglomerado Santa Lúcia.Suzana Cruz da Silva, uma das atrizes integrantes, diz que o Grupo do Beco está muito feliz em trabalhar com o que acredita: "o fazer coletivo".

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Um espaço aberto para a diversidade cultural

Veridomar da Gloria. O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é sediado na praia de Iracema, próximo à comunidade do Poço da Draga, em Fortaleza. O nome do espaço é uma homenagem a Chico da Matilde, herói que paralisou o mercado escravista no porto de Fortaleza, em janeiro de 1881. O objetivo central do CDMAC é oferecer uma programação artístico-cultural plural e diversificada, promovendo o acesso democrático à cultura, a geração de novos empregos e a dinamização do mercado turístico do Ceará. De linhas modernas e arrojadas, sua sede, que ocupa uma área de 30 mil metros quadrados, possui um auditório, um planetário, um anfiteatro, salas de cinema e apresenta atrações como o Memorial da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea e o Teatro Dragão do Mar. Alyne Cardoso, acessora de comunicação do Dragão do Mar, está entusiasmada com o fato do espaço abrigar o Tangolomango 2007: "Abraçar esse projeto é importante pela proposta de integrar culturas, pelo envolvimento de várias linguagens das artes. As instituições precisam de um plano para difusão e escoamento das produções artísticas da cidade. Isso é a cara do Dragão do Mar".

Page 13: Tangolomango 2007

Grupo do Beco

"A abertura do Beco pelo Teatro"

Gustavo Almeida Raposo

O Grupo do Beco é um grupo de teatro que atua na comunidade do Aglomerado Santa Lúcia em Belo Horizonte, Minas Gerais. Criado em 1995 por jovens moradores locais, tem o objetivo de "fazer arte, principalmente o teatro, como instrumento-agente transformador."O grupo já realiza um intercâmbio interessante em Belo Horizonte, com "artistas, favelados, mulheres e crianças". Para eles, no entanto, a proposta do Tangolomango amplia ainda mais as possibilidades de intercâmbio e compartilhamento, aprimorando a busca dos grupos participantes por novas formas de transformação social através da arte e da cultura.As apresentações teatrais são, geralmente, seguidas de debates com o público e realizadas em espaços diversos: teatros, escolas e universidades, além da Casa do Beco, espaço cultural do grupo no Aglomerado Santa Lúcia.Suzana Cruz da Silva, uma das atrizes integrantes, diz que o Grupo do Beco está muito feliz em trabalhar com o que acredita: "o fazer coletivo".

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Um espaço aberto para a diversidade cultural

Veridomar da Gloria. O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é sediado na praia de Iracema, próximo à comunidade do Poço da Draga, em Fortaleza. O nome do espaço é uma homenagem a Chico da Matilde, herói que paralisou o mercado escravista no porto de Fortaleza, em janeiro de 1881. O objetivo central do CDMAC é oferecer uma programação artístico-cultural plural e diversificada, promovendo o acesso democrático à cultura, a geração de novos empregos e a dinamização do mercado turístico do Ceará. De linhas modernas e arrojadas, sua sede, que ocupa uma área de 30 mil metros quadrados, possui um auditório, um planetário, um anfiteatro, salas de cinema e apresenta atrações como o Memorial da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea e o Teatro Dragão do Mar. Alyne Cardoso, acessora de comunicação do Dragão do Mar, está entusiasmada com o fato do espaço abrigar o Tangolomango 2007: "Abraçar esse projeto é importante pela proposta de integrar culturas, pelo envolvimento de várias linguagens das artes. As instituições precisam de um plano para difusão e escoamento das produções artísticas da cidade. Isso é a cara do Dragão do Mar".

Page 14: Tangolomango 2007

Movimento Rua do Circo

"Outras ruas através do circo"

Gustavo Almeida Raposo

O Movimento Rua do Circo é uma associação cultural sem fins lucrativos que funciona desde 2002, em Brasília. São oferecidas aulas de circo para a comunidade em geral, além do projeto de circo social, que atende moradores de rua do Distrito Federal. Após os exercícios circenses, realizados debaixo da lona do Clube da Imprensa, os participantes almoçam e, então, iniciam uma conversa em grupo, quando discutem suas novidades e anseios. A experiência de sentar em roda e discutir os problemas sociais nos quais estão inseridos é útil aos participantes de duas formas: como momento de reflexão sobre a própria situação e aprendizado de como melhor conviver em grupo.Joana Henning, coordenadora do movimento, explica que o principal objetivo do projeto é fazer com que os moradores de rua se enxerguem como cidadãos. Isso se dá através da troca de experiências entre eles próprios e os artistas que compõem a equipe do movimento. Ela lembra que o censo brasileiro não computa moradores de rua, o que reforça a exclusão dessas pessoas. A idéia não é impor aos participantes um caminho pré-estabelecido, nem transformá-los em artistas, mas discutir alternativas à vida na rua por meio do circo.

Cia. Aplauso

"A Diversidade Pela Formação Integral"

Gustavo Almeida Raposo

A Companhia Aplauso é composta por 50 jovens formados pelo "Projeto Talentos da Vez" da Prefeitura do Rio de Janeiro que atende a 330 comunidades da cidade. No Galpão Aplauso, no bairro do Santo Cristo, os artistas desenvolvem um trabalho que visa alcançar uma das metas da companhia: formar "artistas completos". Todos os jovens cantam, dançam, interpretam e realizam performances circenses de solo e aéreo. Após essa formação integral, o índice de inserção no mercado de trabalho desses jovens é alto. Essa é uma das conquistas da Cia. Aplauso, que já pode ser considerada "uma (bem sucedida) iniciativa de alcance social, através da arte e da cultura."Danielle Albuquerque, coordenadora da companhia, diz se sentir honrada em participar do crescimento e da maior abrangência do festival. "A interação com outros grupos só irá enriquecer pessoalmente e profissionalmente todos os jovens participantes do evento." Para a companhia, o crescimento do Tangolomango neste ano ajudará no intercâmbio de diferentes linguagens, provenientes das várias regiões do país, o que só tende a ampliar as capacidades artísticas dos grupos participantes. A Cia. Aplauso espera poder incorporar a seus futuros trabalhos os novos elementos que provavelmente surgirão da experiência de produção colaborativa proporcionada pelo Tangolomango deste ano.

Page 15: Tangolomango 2007

Movimento Rua do Circo

"Outras ruas através do circo"

Gustavo Almeida Raposo

O Movimento Rua do Circo é uma associação cultural sem fins lucrativos que funciona desde 2002, em Brasília. São oferecidas aulas de circo para a comunidade em geral, além do projeto de circo social, que atende moradores de rua do Distrito Federal. Após os exercícios circenses, realizados debaixo da lona do Clube da Imprensa, os participantes almoçam e, então, iniciam uma conversa em grupo, quando discutem suas novidades e anseios. A experiência de sentar em roda e discutir os problemas sociais nos quais estão inseridos é útil aos participantes de duas formas: como momento de reflexão sobre a própria situação e aprendizado de como melhor conviver em grupo.Joana Henning, coordenadora do movimento, explica que o principal objetivo do projeto é fazer com que os moradores de rua se enxerguem como cidadãos. Isso se dá através da troca de experiências entre eles próprios e os artistas que compõem a equipe do movimento. Ela lembra que o censo brasileiro não computa moradores de rua, o que reforça a exclusão dessas pessoas. A idéia não é impor aos participantes um caminho pré-estabelecido, nem transformá-los em artistas, mas discutir alternativas à vida na rua por meio do circo.

Cia. Aplauso

"A Diversidade Pela Formação Integral"

Gustavo Almeida Raposo

A Companhia Aplauso é composta por 50 jovens formados pelo "Projeto Talentos da Vez" da Prefeitura do Rio de Janeiro que atende a 330 comunidades da cidade. No Galpão Aplauso, no bairro do Santo Cristo, os artistas desenvolvem um trabalho que visa alcançar uma das metas da companhia: formar "artistas completos". Todos os jovens cantam, dançam, interpretam e realizam performances circenses de solo e aéreo. Após essa formação integral, o índice de inserção no mercado de trabalho desses jovens é alto. Essa é uma das conquistas da Cia. Aplauso, que já pode ser considerada "uma (bem sucedida) iniciativa de alcance social, através da arte e da cultura."Danielle Albuquerque, coordenadora da companhia, diz se sentir honrada em participar do crescimento e da maior abrangência do festival. "A interação com outros grupos só irá enriquecer pessoalmente e profissionalmente todos os jovens participantes do evento." Para a companhia, o crescimento do Tangolomango neste ano ajudará no intercâmbio de diferentes linguagens, provenientes das várias regiões do país, o que só tende a ampliar as capacidades artísticas dos grupos participantes. A Cia. Aplauso espera poder incorporar a seus futuros trabalhos os novos elementos que provavelmente surgirão da experiência de produção colaborativa proporcionada pelo Tangolomango deste ano.

Page 16: Tangolomango 2007

Grupo Cultural Jongo da Serrinha

"A ordem é jonguear!"Marcia Bezerra

O Grupo Cultural Jongo da Serrinha foi fundado no final dos anos 60 por Vovó Maria Joana Rezadeira e seu filho, Mestre Darcy Monteiro. Em 2000, assume status de ONG, cria a Escola de Jongo da Serrinha e registra no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) essa vertente da cultura afro-brasileira.Originário das regiões do Congo e de Angola, na África, o jongo foi trazidopara o Brasil pelos negros da Nação Banto, que vieram trabalhar comoescravos nas fazendas do Vale do Rio Paraíba. Com o fim da escravidão,esses trabalhadores migraram para a capital, Rio de Janeiro, instalando-se, porfalta de opção, nos morros cariocas.A jongueira Vovó Maria Tereza relata parte dessa trajetória neste ponto(música), que fala da sua viagem de Maria Fumaça de Paraíba do Sul para osubúrbio de Madureira: "Vapor chorou na Paraíba, chora eu, chora vovó.Fumaça dele na Madureira, e chora eu."O tempo de chorar passou. Valeu o ensinamento, Vovó Tereza! Quem tem atarefa de difundir a cultura popular o faz. Seja em Paraíba do Sul, Madureira, deMaria Fumaça ou Tangolomango.Para a assistente de coordenação do Jongo da Serrinha, Adriana da Penha, "o intercâmbio urbano proporcionado pelo festival Tangolomango nos permite mostrar como esta cultura herdada de nossos antepassados influenciou a comunidade a se organizar e desenvolveu a auto-estima de todos".Então, vamos jonguear!

Dr. Raiz

"O Hard-Reisado nordestino"

Marcelo Garcia

Uma mistura muito animada de rock com ritmos tipicamente nordestinos e algumas pitadas de musicalidade de diversas outras origens e regiões do mundo: da Europa à Ásia. A banda Dr. Raiz sobe ao palco com o objetivo de fazer a mescla desses ritmos tão diferentes para criar algo novo, mas que também sirva para preservar as tradições musicais do Nordeste. Formada em 1998, em Juazeiro do Norte, no Ceará, inspirada no exemplo do movimento MangueBeat, de Recife, a banda conta com sete integrantes, todos músicos autodidatas e amigos desde os tempos de colégio. O Dr. Raiz costuma trabalhar, principalmente, com ritmos folclóricos da região, como os do reisado, da banda de pífano e dos benditos (cantigas religiosas), modificados pelas influências musicais dos seus componentes. Segundo Evaldo Rodrigues, percursionista do grupo, "assistimos a tudo isso desde crianças, e percebemos que aos poucos está desaparecendo". Ele se confessa ansioso pela possibilidade de interação que o Festival Tangolomango poderá proporcionar entre os artistas e o público, pois acredita que "a sua importância é enorme na evolução dos grupos e pode fazer surgir, no público, novos movimentos, da mesma forma com que o exemplo do Mangue nos estimulou".

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Grupo Cultural Jongo da Serrinha

"A ordem é jonguear!"Marcia Bezerra

O Grupo Cultural Jongo da Serrinha foi fundado no final dos anos 60 por Vovó Maria Joana Rezadeira e seu filho, Mestre Darcy Monteiro. Em 2000, assume status de ONG, cria a Escola de Jongo da Serrinha e registra no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) essa vertente da cultura afro-brasileira.Originário das regiões do Congo e de Angola, na África, o jongo foi trazidopara o Brasil pelos negros da Nação Banto, que vieram trabalhar comoescravos nas fazendas do Vale do Rio Paraíba. Com o fim da escravidão,esses trabalhadores migraram para a capital, Rio de Janeiro, instalando-se, porfalta de opção, nos morros cariocas.A jongueira Vovó Maria Tereza relata parte dessa trajetória neste ponto(música), que fala da sua viagem de Maria Fumaça de Paraíba do Sul para osubúrbio de Madureira: "Vapor chorou na Paraíba, chora eu, chora vovó.Fumaça dele na Madureira, e chora eu."O tempo de chorar passou. Valeu o ensinamento, Vovó Tereza! Quem tem atarefa de difundir a cultura popular o faz. Seja em Paraíba do Sul, Madureira, deMaria Fumaça ou Tangolomango.Para a assistente de coordenação do Jongo da Serrinha, Adriana da Penha, "o intercâmbio urbano proporcionado pelo festival Tangolomango nos permite mostrar como esta cultura herdada de nossos antepassados influenciou a comunidade a se organizar e desenvolveu a auto-estima de todos".Então, vamos jonguear!

Dr. Raiz

"O Hard-Reisado nordestino"

Marcelo Garcia

Uma mistura muito animada de rock com ritmos tipicamente nordestinos e algumas pitadas de musicalidade de diversas outras origens e regiões do mundo: da Europa à Ásia. A banda Dr. Raiz sobe ao palco com o objetivo de fazer a mescla desses ritmos tão diferentes para criar algo novo, mas que também sirva para preservar as tradições musicais do Nordeste. Formada em 1998, em Juazeiro do Norte, no Ceará, inspirada no exemplo do movimento MangueBeat, de Recife, a banda conta com sete integrantes, todos músicos autodidatas e amigos desde os tempos de colégio. O Dr. Raiz costuma trabalhar, principalmente, com ritmos folclóricos da região, como os do reisado, da banda de pífano e dos benditos (cantigas religiosas), modificados pelas influências musicais dos seus componentes. Segundo Evaldo Rodrigues, percursionista do grupo, "assistimos a tudo isso desde crianças, e percebemos que aos poucos está desaparecendo". Ele se confessa ansioso pela possibilidade de interação que o Festival Tangolomango poderá proporcionar entre os artistas e o público, pois acredita que "a sua importância é enorme na evolução dos grupos e pode fazer surgir, no público, novos movimentos, da mesma forma com que o exemplo do Mangue nos estimulou".

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Tambores de Guaramiranga

"Enciclopédia de ritmos nordestinos"

Marcelo Garcia Uma pitada de cada canto e ritmo nordestino, tudo reunido num grupo só. Esse é o Tambores de Guaramiranga, grupo percussivo surgido em 1999 e formado por jovens de 17 a 24 anos, todos da cidade de Guaramiranga, no Ceará, onde estudam música através de um projeto da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (AGUA). O grupo apresenta os principais folguedos nordestinos, como o cabaçal, o bumba-boi, o maracatu e o coco, mostrando as muitas especificidades praticadas em diferentes pontos do Nordeste. Suas apresentações misturam música, dança e canto e criam diversas possibilidades de integração dos músicos com o público. Todos os instrumentos utilizados pelo grupo são de confecção própria, desenvolvidos através de muita pesquisa de sonoridade e com a orientação de mestres artesãos populares. A técnica dessa confecção é passada adiante através de oficinas, que também oferecem o estudo das danças nordestinas e das principais técnicas e toques para a percussão dos diferentes ritmos do Nordeste.

Balé Afro Majê Mole"Da rua para o palco"

Rosilene Miliotti

Desde 1997, o Balé Afro Majê Mole (Crianças que Brilham, no dialeto africano) trabalha com meninas de várias idades na cidade de Olinda, em Pernambuco. Hoje, 28 pessoas integram o grupo, entre bailarinas, músicos, técnicos, assistentes e coordenadores, além dos alunos das escolinhas de balé e percussão. O grupo de percussão já produziu, inclusive, um CD demo.O trabalho, voluntário, é voltado para crianças sem perspectiva de inserção social, dando-lhes possibilidade de crescimento e aprendizagem. Para uma das coordenadoras do grupo, Mônica Soares, o Majê, muito mais do que mostrar balé, quer dar aos jovens e aos seus familiares uma perspectiva de vida. Mônica lamenta a falta de investimentos e ressalta a importância do apoio da comunidade. "Moramos em um bairro marginalizado, onde a desnutrição, o saneamento básico e a educação são problemas constantes. Além disso, há um grande índice de mortalidade juvenil pelo uso de drogas. Ficamos preocupados, temos um compromisso com esses jovens". Por outro lado, comemora o sucesso alcançado: "É sempre bom mostrar um trabalho que começou como uma brincadeira de rua e hoje já viajou pelo Brasil, participando de diversos festivais". Mônica acredita que o Tangolomango leva ao público o mix da diversidade cultural do nosso país. O Majê vai participar com o espetáculo "Mistura de Profissões", que apresenta aspectos da cultura afro brasileira, criado especialmente para o evento.

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Tambores de Guaramiranga

"Enciclopédia de ritmos nordestinos"

Marcelo Garcia Uma pitada de cada canto e ritmo nordestino, tudo reunido num grupo só. Esse é o Tambores de Guaramiranga, grupo percussivo surgido em 1999 e formado por jovens de 17 a 24 anos, todos da cidade de Guaramiranga, no Ceará, onde estudam música através de um projeto da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (AGUA). O grupo apresenta os principais folguedos nordestinos, como o cabaçal, o bumba-boi, o maracatu e o coco, mostrando as muitas especificidades praticadas em diferentes pontos do Nordeste. Suas apresentações misturam música, dança e canto e criam diversas possibilidades de integração dos músicos com o público. Todos os instrumentos utilizados pelo grupo são de confecção própria, desenvolvidos através de muita pesquisa de sonoridade e com a orientação de mestres artesãos populares. A técnica dessa confecção é passada adiante através de oficinas, que também oferecem o estudo das danças nordestinas e das principais técnicas e toques para a percussão dos diferentes ritmos do Nordeste.

Balé Afro Majê Mole"Da rua para o palco"

Rosilene Miliotti

Desde 1997, o Balé Afro Majê Mole (Crianças que Brilham, no dialeto africano) trabalha com meninas de várias idades na cidade de Olinda, em Pernambuco. Hoje, 28 pessoas integram o grupo, entre bailarinas, músicos, técnicos, assistentes e coordenadores, além dos alunos das escolinhas de balé e percussão. O grupo de percussão já produziu, inclusive, um CD demo.O trabalho, voluntário, é voltado para crianças sem perspectiva de inserção social, dando-lhes possibilidade de crescimento e aprendizagem. Para uma das coordenadoras do grupo, Mônica Soares, o Majê, muito mais do que mostrar balé, quer dar aos jovens e aos seus familiares uma perspectiva de vida. Mônica lamenta a falta de investimentos e ressalta a importância do apoio da comunidade. "Moramos em um bairro marginalizado, onde a desnutrição, o saneamento básico e a educação são problemas constantes. Além disso, há um grande índice de mortalidade juvenil pelo uso de drogas. Ficamos preocupados, temos um compromisso com esses jovens". Por outro lado, comemora o sucesso alcançado: "É sempre bom mostrar um trabalho que começou como uma brincadeira de rua e hoje já viajou pelo Brasil, participando de diversos festivais". Mônica acredita que o Tangolomango leva ao público o mix da diversidade cultural do nosso país. O Majê vai participar com o espetáculo "Mistura de Profissões", que apresenta aspectos da cultura afro brasileira, criado especialmente para o evento.

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Media Sana

"Mais uma vez"

Rosilene Miliotti

O Media Sana atua nas relações entre a comunicação e a cidadania, fazendo uma reciclagem de mídia reutilizando imagens, manchetes de jornal, textos informativas e depoimentos proferidos nos canais de televisão, escolhidos segundo critérios de conteúdo semântico, sonoridade, disposição gráfica e teor político. O grupo defende a isenção de propriedade autoral de suas composições, sendo estas consideradas como obras de código aberto e de domínio público. Além disso, o Media Sana tem objetivo de sensibilizar o espectador para questões ligadas à cidadania, ser canal de expressão da opinião pública e sugerir pautas sociais para os veículos de comunicação. Segundo Gabriel Furtado, VJ e músico do grupo, o Tangolomango proporciona a integração de diversas manifestações artísticas, legítimas e de qualidade. É como se fosse uma ponte que liga o público aos artistas sem grande visibilidade. "A primeira impressão que temos ao montar um espetáculo do jeito que o Tangolomango propõe é que é um tiro no escuro, mas a produção é muito bem conduzida. Depois de pronto cai a ficha e vemos que estamos no mesmo barco. Nos sentimos como uma peça na engrenagem de um motor. Levamos a informação como elemento para chamar atenção de questões da comunicação que estão ligadas à diversidade cultural", diz Gabriel."Nos sentimos muito 'em casa' ao participar do evento novamente", diz., e ainda fala que apesar de se pensar que há uma distancia entre a tecnologia e o trabalho dos outros grupos, percebe-se a unidade que se faz pela intenção. São vistas afinidades na prática da construção colaborativa, na motivação de cada grupo e no respeito pelo trabalho alheio. "Foi gratificante observar e interagir com grupos como Cia Ilimitada e Cia Aplauso, além dos outros grupos", comenta. O grupo se apresentará pela segunda vez esse ano, mas dessa vez como convidados junto com o Mestre Ferrugem. O Media Sana já fez novas composições e em um novo formato que integra a participação do Mc Queops Negão com a intenção de tornar a apresentação mais interativa.

Associação Sambada Comunicação e Cultura

"Nem melhor nem pior, apenas coco de verdade"

Rosilene Miliotti

Nascido em Olinda, Wilson Bispo dos Santos, o Mestre Ferrugem, canta coco há 40 anos. O coco de Mestre Ferrugem recebe influências tanto dos pontos de umbanda cantados nos terreiros da região metropolitana do Recife, quanto da música romântica radiofônica dos anos 50 e 60. Com carisma, vigor físico e alegria contagiante, ele brinca com a repetição de versos que são a base do coco de embolada melódico. Em 2005, Mestre Ferrugem se tornou parceiro da Associação Sambada Comunicação e Cultura e, juntos, lançaram o CD "Mestre quando canta, discípulo tem que respeitar".. O grupo é formado por tambor, pandeiro, ganzá, congas, flauta e cavaquinho, além de vocal. No Tangolomango de Fortaleza, vão mostrar músicas que fazem parte do novo repertório de Mestre Ferrugem e que serão gravadas no próximo CD. Todas são de autoria do Mestre, com arranjos dos músicos que o acompanham. Segundo Pedro Rampazzo, responsável pela Associação Sambada Comunicação e Cultura, as expectativas em relação ao evento são muito positivas. "Independentemente da região do Brasil, a música popular pernambucana sempre é muito bem recebida", garante. E complementa: "Estamos animados com a possibilidade de interagir com outros artistas. Participar do Tangolomango será uma experiência inédita e muito enriquecedora para todo o grupo e estamos bastante curiosos para ver o resultado."

Page 21: Tangolomango 2007

Media Sana

"Mais uma vez"

Rosilene Miliotti

O Media Sana atua nas relações entre a comunicação e a cidadania, fazendo uma reciclagem de mídia reutilizando imagens, manchetes de jornal, textos informativas e depoimentos proferidos nos canais de televisão, escolhidos segundo critérios de conteúdo semântico, sonoridade, disposição gráfica e teor político. O grupo defende a isenção de propriedade autoral de suas composições, sendo estas consideradas como obras de código aberto e de domínio público. Além disso, o Media Sana tem objetivo de sensibilizar o espectador para questões ligadas à cidadania, ser canal de expressão da opinião pública e sugerir pautas sociais para os veículos de comunicação. Segundo Gabriel Furtado, VJ e músico do grupo, o Tangolomango proporciona a integração de diversas manifestações artísticas, legítimas e de qualidade. É como se fosse uma ponte que liga o público aos artistas sem grande visibilidade. "A primeira impressão que temos ao montar um espetáculo do jeito que o Tangolomango propõe é que é um tiro no escuro, mas a produção é muito bem conduzida. Depois de pronto cai a ficha e vemos que estamos no mesmo barco. Nos sentimos como uma peça na engrenagem de um motor. Levamos a informação como elemento para chamar atenção de questões da comunicação que estão ligadas à diversidade cultural", diz Gabriel."Nos sentimos muito 'em casa' ao participar do evento novamente", diz., e ainda fala que apesar de se pensar que há uma distancia entre a tecnologia e o trabalho dos outros grupos, percebe-se a unidade que se faz pela intenção. São vistas afinidades na prática da construção colaborativa, na motivação de cada grupo e no respeito pelo trabalho alheio. "Foi gratificante observar e interagir com grupos como Cia Ilimitada e Cia Aplauso, além dos outros grupos", comenta. O grupo se apresentará pela segunda vez esse ano, mas dessa vez como convidados junto com o Mestre Ferrugem. O Media Sana já fez novas composições e em um novo formato que integra a participação do Mc Queops Negão com a intenção de tornar a apresentação mais interativa.

Associação Sambada Comunicação e Cultura

"Nem melhor nem pior, apenas coco de verdade"

Rosilene Miliotti

Nascido em Olinda, Wilson Bispo dos Santos, o Mestre Ferrugem, canta coco há 40 anos. O coco de Mestre Ferrugem recebe influências tanto dos pontos de umbanda cantados nos terreiros da região metropolitana do Recife, quanto da música romântica radiofônica dos anos 50 e 60. Com carisma, vigor físico e alegria contagiante, ele brinca com a repetição de versos que são a base do coco de embolada melódico. Em 2005, Mestre Ferrugem se tornou parceiro da Associação Sambada Comunicação e Cultura e, juntos, lançaram o CD "Mestre quando canta, discípulo tem que respeitar".. O grupo é formado por tambor, pandeiro, ganzá, congas, flauta e cavaquinho, além de vocal. No Tangolomango de Fortaleza, vão mostrar músicas que fazem parte do novo repertório de Mestre Ferrugem e que serão gravadas no próximo CD. Todas são de autoria do Mestre, com arranjos dos músicos que o acompanham. Segundo Pedro Rampazzo, responsável pela Associação Sambada Comunicação e Cultura, as expectativas em relação ao evento são muito positivas. "Independentemente da região do Brasil, a música popular pernambucana sempre é muito bem recebida", garante. E complementa: "Estamos animados com a possibilidade de interagir com outros artistas. Participar do Tangolomango será uma experiência inédita e muito enriquecedora para todo o grupo e estamos bastante curiosos para ver o resultado."

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