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DCI LEGISLAÇÃO | Quinta-feira, 24 de abril de 2014 A6 Notas DIREITO AUTORAL Relação entre Ecad e rádio é considerada extracontratual brasília // A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu, em julgamento de recurso especial inter- posto pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribui- ção (Ecad) contra uma rádio de Goiás, na execução co- mercial desautorizada de obra musical, a relação entre o titular da obra (representado pelo Ecad) e o executor é extracontratual e eventual condenação judicial fica sujei- ta a juros de mora contados desde o ato ilícito. Em re- curso ao STJ, o Ecad alegou violação do artigo 398 do CC, bem como dissídio jurisprudencial. Sustentou que deveria ser reconhecida como extracontratual a relação jurídica entre a instituição e os executores musicais. T R A B A L H I STA Verba de ação em aplicação financeira é impenhorável brasília // A Primeira Turma do Superior Tribunal de Jus- tiça (STJ) garantiu a impenhorabilidade de valores decor- rentes de ação trabalhista, que estavam aplicados por mais de dois anos em fundos de investimento. Por maio- ria, os ministros seguiram o entendimento do ministro Napoleão Nunes Maia Filho, de que a aplicação dessas verbas não acarreta a perda de sua natureza salarial e, portanto, da garantia da impenhorabilidade assegurada pelo Código Civil. No caso, o interessado é um dos de- nunciados na Operação Rodin, que investigou supostas irregularidades no Detran do Rio Grande do Sul. TRABALHO trt promove mutirão para conscientizar trabalhadores são paulo // O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região promoverá, hoje, das 9h às 16h, no vão livre do Masp, na capital paulista, uma força-tarefa que visa conscientizar os trabalhadores sobre práticas de proteção à saúde. Dentre os serviços incluirão ginástica laboral e exames de acuidade visual. Haverá também exposição de equipa- mentos utilizados em resgate e na proteção individual do trabalhador; demonstração e dicas para prevenção de choques elétricos; distribuição de material e emissão de carteira de trabalho. da redação DCI INDÚSTRIA | Quinta-feira, 24 de abril de 2014 A6 AU TO M OT I VA Anfavea defende parada temporária brasília O setor produtivo quer um lay-off (suspensão tempo- rária dos contratos de traba- lho) mais abrangente. On- tem,aosair deencontrocom o secretário de Política Eco- nômica do Ministério da Fa- zenda, Márcio Holland, re- presentantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (An- favea) defenderam uma fle- xibilização no mecanismo. Com as vendas em baixa no setor automobilístico, empresas com férias coleti- vas e programas de demis- são voluntária (PDV), os in- dustriais têm debatido com as centrais sindicais uma flexibilização. Lay-off é uma ideia que está sendo formatada. Não tem defini- ção ainda. O que estamos fa- lando com as centrais é um planejamento de médio e longo prazo, não só para o setor”, disse o presidente Anfavea, Luiz Moan. Moan garantiu, entretanto, queo temanãofoi abordadoem reunião com o ministro. Atualmente, quando esse mecanismo é adotado, o fun- cionário é afastado e parte dos salários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Traba- lhador (FAT), mas essa con- tribuição é limitada a cinco meses. A proposta é adotar um programa similar ao da Alemanha, que prevê que, em tempos de crise, os trabalha- dores são afastados, mas não demitidos. Eles continuam vinculados à empresa e rece- bem salários, boa parte paga pelo governo. ae QUÍMICA Defensivos têm maior potencial de investimento, avalia bndes Estudo que pretende servir de instrumento para empresários na identificação de oportunidades deve ser concluído em setembro, segundo banco são paulo OBancoNacional deDesenvolvi- mento Econômico e Social (BN- DES) espera apresentar até se- tembro seu estudo para a diversi- ficação da indústria química bra- sileira. Iniciada em maio de 2013, por consórcio entre as consulto- rias Bain & Company e Gas Ener- gy, a pesquisa mostra, em resulta- dos preliminares, que o segmen- to de defensivos agrícolas tem as maiores oportunidades de inves- timentos, dentre 64 analisados. “O estudo visa transformar oportunidades em iniciativas de investimento, servindo de instrumento para os empre- sários na tomada de deci- sões”, disse a diretora de eco- nomia e estatística da Asso- ciação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Ferreira, em evento nesta quarta-feira, em São Paulo. Segundo o engenheiro do departamento de indústria química do BNDES, Martim Francisco, o objetivo é recu- perar cadeias químicas que o País perdeu, em meio a uma indústria cada vez mais “com- moditizada” – que vende in- sumos básicos e compra pro- dutos de maior valor –, e in- centivar o surgimento de no- vas cadeias, de forma a redu- zir o déficit na balança do se- tor, que em 2013 atingiu re- corde de US$ 32 bilhões. Dentre os 64 segmentos químicos estudados, 32 fo- ram priorizados, consideran- do tamanho do mercado, po- tencial de crescimento e van- tagens competitivas do Bra- sil. Nesse contexto, os defen- sivos agrícolas, um mercado de US$ 53 bilhões, no qual o País tem 20% de participação e importa US$ 5,4 bilhões, têm as maiores oportunida- des de investimento. Segun- do o estudo, os potenciais aportes neste segmento po- dem resultar em impacto de US$ 1,1 bilhão a US$ 2,5 bi- lhões na balança comercial brasileira de produtos quími- cos no ano de 2030. Além do potencial em defen- sivos, já foramrealizados levan- tamentos em óleos lubrifican- tes, oleoquímicos, químicos para concreto, exploração e produção de petróleo e minera- ção. Em 15 dias é esperada a pu- blicação dos resultados de di- versos outros segmentos na pá- gina do BNDES. Os estudos de- vem ser concluídos nos próxi- mos quatro meses, com a reali- zação de um seminário para apresentação dos resultados ao setor privado no dia 3 de junho. thais carrança T R A B A L H I STA Estagiário tem até dois anos para processar empresa brasília A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) desobrigou o Banco do Estado do Rio Grande do Sul S. A. do pagamento a um ex-estagiário das verbas referentes a dife- renças de bolsa auxílio, que já estavam prescritas quando ele as reclamou na Justiça, dois anos após o fim do contrato. Segundo o relator que exa- minou o recurso no TST, mi- nistro Fernando Eizo Ono, o entendimento do Tribunal é de que ao contrato de estágio se aplica o prazo prescricional de dois anos, conforme pre- visto no artigo 7º, inciso vinte e nove da Constituição Federal. O estágio foi realizado no período de 2007 a 2009, e a re- clamação ajuizada em 2013. Entendendo que não se trata- va de parcela trabalhista, o Tri- bunalRegional doTrabalhoda 4ª Região (RS) afastou a pres- crição bienal assegurada na sentença da primeira instân- cia, aplicou a prescrição civil de 20 anos e condenou a em- presa ao pagamento da verba. O banco recorreu ao TST, alegandoqueo contratodees- tágio está inserido nas rela- ções de trabalho e, portanto, sujeito aos prazos prescricio- nais da Justiça do Trabalho. Assim,transcorrido maisde dois anos entre a extinção do último contrato de estágio e o ajuizamento da ação, o relator declarou a prescrição total do pedido do ex-estagiário e ex- tinguiu o processo. agências J U ST I Ç A Contador não pode discutir questão jurídica Tribunal diz que escritura de cessão de direitos transferida ao escritório contábil não surte efeito jurídico em face da Fazenda Pública Nacional são paulo A Terceira Turma do Tribunal Re- gional Federal da 3ª Região (TRF-3), presidido por Fábio Prieto, reconheceu,por unanimi- dade, que um escritório de conta- bilidade não é parte legítima para discutir questãojurídica relativaà exigibilidade damulta epara plei- tear a restituição de eventual in- débito de clientes – quantias pa- gas de forma desnecessária. O escritório Novo Contábil S/C Ltda., autor da ação, pretende reaver a multa paga por seus clientes, aplicada pela Receita Fe- deral pelo atraso na entrega das Declarações de Débitos e Crédi- tos Tributários Federais (DCTF). A empresa argumenta ser de- tentora de escritura de cessão de direitos, na qual obteve a transfe- rência do direito de ajuizar a ação de repetição de indébito. Na decisão, a relatora, juíza fe- deral Eliana Marcelo, disse que a escritura pública firmada entre as partes nãoé aptaa surtirqualquer efeito jurídico em face da Fazen- da Pública.“Apesar de tersido no- minada de “Escritura Pública de Cessão de Crédito”, o crédito se- quer existe, pois somente estaria configurado caso reconhecido ser indevida a multa, demons- trando a impropriedade na ter- minologia adotada”. Segundo a decisão, consta da escritura que as empresas contri- buintes – sujeitos passivos da obrigação tributária – teriam ce- dido à autora o “direito à proposi- tura da ação de repeti- ção de indébito”. Contudo, explica a magistrada, que o direi- to de ação não pode ser objeto de cessão, mas sim, sujeita-se à previ- são legal, não sendo possível pleitear em no- me próprio direito alheio, quando não expressa- mente autorizado por lei. “Mera escritura entre particulares não possui o condão de conferir legiti- midade ativa à autora e, muito menos, opor ao fisco tal manifes- tação de vontade, compelindo-o a restituir valores a pessoa jurídi- ca estranha à relação tributária”. A magistrada destaca o artigo 6º do Código de Processo Civil (CPC) que estabelece, “ninguém poderá pleitear, em nome pró- prio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”, diz o artigo. Para tanto Eliana também se utiliza da obra de Arruda Alvim para proferir seu voto. “Tanto o que propõe quanto aquele em fa- ce de quem se propõe a ação de- vem ser partes legítimas para a causa. Somente é parte legítima aquele que é autorizado pela or- dem jurídica a postular em juízo. A norma [artigo 6º do CPC] trata tanto dalegitimatioad processum [legitimação processual], quanto da legitimatio ad causam ou ma- terial [legitimidade para a causa]”, diz o trecho extraído do livro do jurista pela juíza. Nesse sentido, dispõe também o artigo 123 do Código Tributário Nacional. “Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsa- bilidade pelo pagamen- to de tributos, não po- dem ser opostas à Fa- zenda Pública, para mo- dificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes”, diz o artigo da Lei. Para a relatora, ainda que se cogitasse da existência do alegado crédito, não existe no Có- digo Tributário Nacional – e nem na legislação processual em vigor – nenhuma previsão acerca da cessão de direitos, seja do crédito tributário, seja do direito à resti- tuição do indébito. Por fim, concluiu que se os contribuintes pagaram a multa, somente a eles cabe discutir a le- gitimidade da cobrança e de plei- tear a restituição do valor por eles recolhidoaos cofrespúblicos.“Os únicos detentores da legitimida- de ativa para a presente ação são os contribuintes, sujeitos passi- vos da obrigação tributária a quem cumpria o dever de entre- gar as DCTFs, sendo irrelevante se contrataram os serviços da au- tora para efetivar tarefa que lhe competia”, assentou a juíza. fabiana nunes e agências Publicamos 902 reportagens sobre CONTABILIDADE www.dci.com.br Fábio Prieto

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DCILE G I S L A Ç Ã O | Quinta-feira, 24 de abril de 2014A6

Notas

DIREITO AUTORAL

Relação entre Ecad e rádio éconsiderada extracontratual

brasília // A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça(STJ) entendeu, em julgamento de recurso especial inter-posto pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribui-ção (Ecad) contra uma rádio de Goiás, na execução co-mercial desautorizada de obra musical, a relação entre otitular da obra (representado pelo Ecad) e o executor éextracontratual e eventual condenação judicial fica sujei-ta a juros de mora contados desde o ato ilícito. Em re-curso ao STJ, o Ecad alegou violação do artigo 398 doCC, bem como dissídio jurisprudencial. Sustentou quedeveria ser reconhecida como extracontratual a relaçãojurídica entre a instituição e os executores musicais.

T R A B A L H I STA

Verba de ação em aplicaçãofinanceira é impenhorável

brasília // A Primeira Turma do Superior Tribunal de Jus-tiça (STJ) garantiu a impenhorabilidade de valores decor-rentes de ação trabalhista, que estavam aplicados pormais de dois anos em fundos de investimento. Por maio-ria, os ministros seguiram o entendimento do ministroNapoleão Nunes Maia Filho, de que a aplicação dessasverbas não acarreta a perda de sua natureza salarial e,portanto, da garantia da impenhorabilidade asseguradapelo Código Civil. No caso, o interessado é um dos de-nunciados na Operação Rodin, que investigou supostasirregularidades no Detran do Rio Grande do Sul.

TRABALHO

trt promove mutirão paraconscientizar trabalhadores

são paulo // O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Regiãopromoverá, hoje, das 9h às 16h, no vão livre do Masp, nacapital paulista, uma força-tarefa que visa conscientizaros trabalhadores sobre práticas de proteção à saúde.Dentre os serviços incluirão ginástica laboral e exames deacuidade visual. Haverá também exposição de equipa-mentos utilizados em resgate e na proteção individual dotrabalhador; demonstração e dicas para prevenção dechoques elétricos; distribuição de material e emissão decarteira de trabalho.

da redação

DCII N D Ú S T R I A | Quinta-feira, 24 de abril de 2014A6

AU TO M OT I VA

Anfavea defendeparada temporáriab r as í l i a

O setor produtivo quer umlay-off (suspensão tempo-rária dos contratos de traba-lho) mais abrangente. On-tem, ao sair de encontro como secretário de Política Eco-nômica do Ministério da Fa-zenda, Márcio Holland, re-presentantes da AssociaçãoNacional dos Fabricantes deVeículos Automotores (An-favea) defenderam uma fle-xibilização no mecanismo.

Com as vendas em baixano setor automobilístico,empresas com férias coleti-vas e programas de demis-são voluntária (PDV ), os in-dustriais têm debatido comas centrais sindicais umaflexibilização. “Lay-off éuma ideia que está sendoformatada. Não tem defini-ção ainda. O que estamos fa-

lando com as centrais é umplanejamento de médio elongo prazo, não só para os e t o r”, disse o presidenteAnfavea, Luiz Moan.

Moan garantiu, entretanto,queo temanãofoi abordadoemreunião com o ministro.

Atualmente, quando essemecanismo é adotado, o fun-cionário é afastado e partedos salários é bancada peloFundo de Amparo ao Traba-lhador (FAT), mas essa con-tribuição é limitada a cincomeses. A proposta é adotarum programa similar ao daAlemanha, que prevê que, emtempos de crise, os trabalha-dores são afastados, mas nãodemitidos. Eles continuamvinculados à empresa e rece-bem salários, boa parte pagapelo governo.

ae

QUÍMICA

Defensivos têm maior potencialde investimento, avalia bndes

Estudo que pretende servir de instrumento paraempresários na identificação de oportunidadesdeve ser concluído em setembro, segundo banco

são paulo

OBancoNacional deDesenvolvi-mento Econômico e Social (BN-DES) espera apresentar até se-tembro seuestudo paraa diversi-ficaçãoda indústriaquímicabra-sileira. Iniciada em maio de 2013,por consórcio entre as consulto-rias Bain & Company e Gas Ener-g y,a pesquisamostra, emresulta-dos preliminares, que o segmen-to de defensivos agrícolas tem asmaiores oportunidadesde inves-timentos, dentre 64 analisados.

“O estudo visa transformaroportunidades em iniciativas

de investimento, servindo deinstrumento para os empre-sários na tomada de deci-s õ e s”, disse a diretora de eco-nomia e estatística da Asso-ciação Brasileira da IndústriaQuímica (Abiquim), FátimaFerreira, em evento nestaquarta-feira, em São Paulo.

Segundo o engenheiro dodepartamento de indústriaquímica do BNDES, MartimFrancisco, o objetivo é recu-perar cadeias químicas que oPaís perdeu, em meio a umaindústria cada vez mais “c o m-

m o d i t i z a d a” – que vende in-sumos básicos e compra pro-dutos de maior valor –, e in-centivar o surgimento de no-vas cadeias, de forma a redu-zir o déficit na balança do se-tor, que em 2013 atingiu re-corde de US$ 32 bilhões.

Dentre os 64 segmentosquímicos estudados, 32 fo-ram priorizados, consideran-do tamanho do mercado, po-tencial de crescimento e van-tagens competitivas do Bra-sil. Nesse contexto, os defen-sivos agrícolas, um mercadode US$ 53 bilhões, no qual oPaís tem 20% de participaçãoe importa US$ 5,4 bilhões,têm as maiores oportunida-des de investimento. Segun-do o estudo, os potenciais

aportes neste segmento po-dem resultar em impacto deUS$ 1,1 bilhão a US$ 2,5 bi-lhões na balança comercialbrasileira de produtos quími-cos no ano de 2030.

Além do potencial em defen-sivos, já foramrealizados levan-tamentos em óleos lubrifican-tes, oleoquímicos, químicospara concreto, exploração eprodução de petróleo e minera-ção. Em 15 diasé esperada a pu-blicação dos resultados de di-versos outros segmentos na pá-gina do BNDES. Os estudos de-vem ser concluídos nos próxi-mos quatro meses, com a reali-zação de um seminário paraapresentação dos resultados aosetor privado no dia 3 de junho.

thais carrança

T R A B A L H I STA

Estagiário tematé dois anospara processare m p re s a

b r as í l i a

A Quarta Turma do TribunalSuperior do Trabalho (TST)desobrigou oBancodo Estadodo Rio Grande do Sul S. A. dopagamento a um ex-estagiáriodas verbas referentes a dife-renças de bolsa auxílio, que jáestavam prescritas quando eleas reclamou na Justiça, doisanos após o fim do contrato.

Segundo o relator que exa-minou o recurso no TST, mi-nistro Fernando Eizo Ono, oentendimento do Tribunal éde que ao contrato de estágiose aplica o prazo prescricionalde dois anos, conforme pre-vistono artigo7º,inciso vinteenove da Constituição Federal.

O estágio foi realizado noperíodo de 2007 a 2009, e a re-clamação ajuizada em 2013.Entendendo que não se trata-va deparcela trabalhista,o Tri-bunalRegional doTrabalhoda4ª Região (RS) afastou a pres-crição bienal assegurada nasentença da primeira instân-cia, aplicou a prescrição civilde 20 anos e condenou a em-presa ao pagamento da verba.

O banco recorreu ao TST,alegandoqueo contratodees-tágio está inserido nas rela-ções de trabalho e, portanto,sujeito aos prazos prescricio-nais da Justiça do Trabalho.

Assim,transcorrido maisdedois anos entre a extinção doúltimo contrato de estágio e oajuizamento da ação, o relatordeclarou a prescrição total dopedido do ex-estagiário e ex-tinguiu o processo.

ag ê n c i a s

J U ST I Ç A

Contador não podediscutir questão jurídicaTribunal diz queescritura de cessão dedireitos transferida aoescritório contábil nãosurte efeito jurídicoem face da FazendaPública Nacional

são paulo

A Terceira Turma do Tribunal Re-gional Federal da 3ª Região(TRF-3), presidido por FábioPrieto, reconheceu,por unanimi-dade,que umescritório deconta-bilidade nãoé partelegítima paradiscutir questãojurídica relativaàexigibilidade damulta epara plei-tear a restituição de eventual in-débito de clientes – quantias pa-gas de forma desnecessária.

O escritórioNovo ContábilS/CLtda., autor da ação, pretendereaver a multa paga por seusclientes, aplicada pelaReceita Fe-deral pelo atraso na entrega dasDeclarações de Débitos e Crédi-tos Tributários Federais (DCTF).

A empresa argumenta ser de-tentora de escritura de cessão dedireitos, na qual obteve a transfe-rênciadodireito deajuizaraaçãode repetição de indébito.

Na decisão, a relatora, juíza fe-deral Eliana Marcelo, disse que aescritura pública firmada entre aspartes nãoé aptaa surtirqualquerefeito jurídico em face da Fazen-da Pública.“Apesar de tersido no-minada de “Escritura Pública deCessão de Crédito”, o crédito se-quer existe, pois somente estariaconfigurado caso reconhecidoser indevida a multa, demons-

trando a impropriedade na ter-minologia adotada”.

Segundo a decisão, consta daescritura que as empresas contri-buintes – sujeitos passivos daobrigação tributária – teriam ce-didoàautora o“direito à proposi-tura da ação de repeti-ção de indébito”.

Contudo, explica amagistrada, que o direi-to de ação não pode serobjeto de cessão, massim, sujeita-se à previ-são legal, não sendopossível pleitear em no-me próprio direitoalheio, quando não expressa-mente autorizado por lei. “Me raescritura entre particulares nãopossui o condão de conferir legiti-midade ativa à autora e, muitomenos, opor ao fisco tal manifes-tação de vontade, compelindo-oa restituir valores a pessoa jurídi-ca estranha à relação tributária”.

A magistrada destaca o artigo6º do Código de Processo Civil(CPC) que estabelece, “ninguémpoderá pleitear, em nome pró-prio, direito alheio, salvo quandoautorizado por lei”, diz o artigo.

Para tanto Eliana também seutiliza da obra de Arruda Alvimpara proferir seu voto. “Tanto oque propõe quanto aquele em fa-ce de quem se propõe a ação de-vem ser partes legítimas para acausa. Somente é parte legítimaaquele que é autorizado pela or-dem jurídica a postular em juízo.A norma [artigo 6º do CPC] tratatanto dalegitimatioad processum[legitimação processual], quantoda legitimatio ad causam ou ma-terial [legitimidade para a causa]”,

diz o trecho extraído do livro dojurista pela juíza.

Nesse sentido, dispõe tambémo artigo 123 do Código TributárioNacional. “Salvo disposições delei em contrário, as convençõesparticulares, relativas à responsa-

bilidade pelo pagamen-to de tributos, não po-dem ser opostas à Fa-zenda Pública,para mo-dificar a definição legaldo sujeito passivo dasobrigações tributáriasc o r re s p o n d e n t e s”, diz oartigo da Lei.

Para a relatora, aindaque se cogitasse da existência doalegado crédito,não existeno Có-digo Tributário Nacional – e nemna legislaçãoprocessual emvigor– nenhuma previsão acerca dacessão de direitos, seja do créditotributário, seja do direito à resti-tuição do indébito.

Por fim, concluiu que se oscontribuintes pagaram a multa,somente a eles cabe discutir a le-gitimidade da cobrançae de plei-teararestituição dovalorporelesrecolhidoaos cofrespúblicos.“Osúnicos detentores da legitimida-de ativa para a presente ação sãoos contribuintes, sujeitos passi-vos da obrigação tributária aquem cumpria o dever de entre-gar as DCTFs, sendo irrelevantese contrataram os serviços da au-tora para efetivar tarefa que lhec o m p e t i a”, assentou a juíza.

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