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Ill ANNO DOMINGO, 15 DE NOVEMBRO DE 1903 jV.° 122 SEMANARIO NOTICIOSO, LITTERARIO E AGRICOLA / v va v /> S '>y <*? à Assignatura Anno, iSooo réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. _ para o Brazil, anno, 2$5oo réis |moeda for.ej. Avulso, no dia da publicação, 20 réis. EDITOR — José Augusto Saloio | * 9» i.' — RUA DIREITA — A L D E G A L L K G A 19, I.c Publicações »* Annuncios— 1.3 publicação, 40 réis a linha, nas seguintes, 20 réis. Annuncios na 4.“ pagina, contracto especial. Os auto- *s graphos náo se restituem quer sejam ou náo publicados. PROPRIETÁRIO — José Augusto Saloio e x p e d ie n t e Rogamos] aos nossos estimáveis assignantes a flnezaldejnos participa rem qualquer falta na re messa', do jornal, para de prompto provideucias*- 111 os. Acceitam-se com grati dão quaesquer noticias que sejam de interesse publico. EÇA 1)E QUEIROZ Lisboa, na passada se gunda feira, pagou a sua divida de honra, prestan do uma grandiosa home nagem ao illustre escriptor Eça de Queiroz. Nunca ninguém mane- jou cm Portugal o escru- pello da critica como esse illustre morto. Punha a nu, á luz crua da verdade, to dos os ridiculos, • todas as escabrosidades do nosso viver social. Eram flagran tes de verdade as paginas dos seus livros; as perso nagens viviam, moviam-se naturalmente, sem artifí cios, sem rodeios, com uma naturalidade que assom brava. Elle e Ramalho Ortigão, os brilhantes auctores d<1 s Farpas, castigaram, a gol pes de ironia, sem dó nem piedade, a sociedade venal e corrupta dos modernos tempos. Fazem falta hoje escriptores de tal ordem, porque cada vez mais vae sendo preciso um azurra- gue que fustigue tanta devassidão. Morto Eça de Queiroz, Ramalho pouco escreven do, Fialho de Almeida re tirado tambem do campo activo das letras, podem ás mediocridades dar-se fóros de grandes senhores, cam pearem audazes, enfeitadas com penas de pavão, por que teem a certeza de que ninguém lhes irá castigar a insolente vaidade e fa- zel-as despir na praça o vestuário alheio com que se disfarçavam. Eça enalteceu o paiz, foi 0 primeiro romancista por tuguez. À estatua que se lhe erigiu mostra-nos a nós e ha de mostrar aos vindouros que a nossa pa tria sabe honrar os seus fi lhos, prestar o seu preito de saudade e de justiça aos que em vida tanto a exal laram e ennobrece"am. Que essa estatua seja um estimulo aos que ainda se guem com amor e carinho desinteressado a carreira das letras que cada vez é mais ardua e semeada de espinhos. JOAQUIM DOS ANJOS. CUIDADOS APÍCOLAS EM NOVEMBRO Se o novembro correr temperado de sol, ainda as abelhas, no centro e sul do paiz, saem ao pasto duran te grande parte do dia. In felizmente, em geral, pou co ou nada podem colher, arriscando-se a, sendo sur- prehendidas por uma mu dança de tempo, cairem no solo fustigadas por ines perado aguaceiro, forte vendaval ou mesmo leve geada, que as entropece e mata, pois não resistem, agora, a uma noite passa da fóra do quente abrigo do interior da colmeia. Se nos mezes de setem- bro e, sobretudo, no de outubro, se não examinou as colmeias para se veri ficar se os enxames arma zenaram o mel sufficiente 3ara poderem hibernar ?em, faz-se isto na primei ra quinzena do mez em um dia sem vento e de sol Não nos cançaremos em •epetir que, no caso de na colmeia haver provisões abundantes é indispensá vel fornecel-as ao enxame, sob a fórma de mel ou de um xarope muito espessó, de assucar, que se colloca em um prato no interior da colmeia, cobrindo-o to do com levissima gaze, ou sob a fórma de uma pasta de assucar que se dispõe na parte superior dos qua dros debaixo da grossa te- a que os separa da cama ra dar existente na colmeia. Este ponto é importante 30ÍS em geral, o que mais anniquila entre nós os en xames no inverno é a fom Na occasião da cresta tiram-lhe sempre mais me do que o que deviam tirar. As abelhas não podendo depois, por falta de flores nos campos e nos montei colher o sufficiente para terem uma boa e abund m te alimentação, vão defi nhando pouco a pouco, d modo que, chegada a pri mavera está o enxame ou todo morto 011 reduzido a um tão limitado num.ro de obreiras qu: não mais ha meio de se desenvolver e progredir. A não ser raro e inespe rado accidente que mate a abelha mestra, todo o en xame bem alimentado du rante o inverno apresenta- se forte e vigoroso na pri mavera, trabalhando en tão com ardor no desen volvimento da criação que ha de assegurar uma po pulação forte para uma arguissima colheita de mel. Acontece vêr-se n’este mez, em colmeia que não foi examinada por se jul gar forte e com provisões abundantes, as abelhas, quatro 0.1 cinco horas de pois de nascido o sol, sai- rem em grande numero, agitadas, voarem á volta da colmeia e acabarem 3 or se agglomerar proxi- no da entrada fazendo 3arba. Isto, que o geral dos apicultores julga um signal de forca e valentia do en- > xame, representa, nesta época, o contrario. Ou o nxame está orphão, ten do-lhe inesperadamente morrido a abelha mestra, ou os alimentos estão a acabar. De qualquer das duas fórmas as abelhas sentem-se perdidas, pois, não possuindo criação não ia meio de obter uma mãe de salvação, e, não haven do flores nos campos nem nos montes, não lhesé pos sivel colher o nectar de que urgentemente carecem. Haquem, verificando que o desassocego das abelhas é devido á falta de alimen to, lhes ponha junto da col meia, e mesmo dentro d’ella fructos, sobretudo maçãs e peras, cortadas aos bo cados. E quando a fructa é sã ainda se póde dar lou vores a Deus, pois muitas vezes só mimoseiam as abelhas com fructos po dres. Ora este alimento, quer são, quer podre, de pouco ou nada serve ás abelhas, por isso q u .d ’elle se não utilisam, em virtu de das peças q le lhe foi mam a bocca não serem dispostas para a abe.ha roer , triturar fru.aos, mas unicamente para lamber a substancias assucaradas. Darjfructos ás abelhas pa ra estas os comerem, é o mesmo que darem a um homem esfomeado umas poucas de aparas de cou ro de boi bem secco e cor- tido. No fim do mez reduz-se a abertura da entrada da colmeia e, se começar a cair neve, verifica-se todos os dias que o orilicio de entrada não fiquj por ella obstruido, o que, obstando á ventilação da colmeia, pód: fazer com que o en xame morra por doenças causadas pelo viciamento do ar do interior da col meia. Ternrnados estes traba lhos não mais se bole com a colmeia, por isso que as abelhas carecem, durante o inverno, de grande re pouso, pois toda ou qual quer agLação é-lhes agora nociva. E’ preciso tomar-se to das as precauções para que os inimigos das abelhas, os ratos var ados e os mu saranhos, não invadam as colmeias, devorando os 'avos e as abelhas e dei xando-se ficar no quente interior da colmeia. EDUARDO SEQUK 1 R V. iDa Gaveta das Aid:iasJ. lhadas, divertimento pro movido por uma commis são de rapazes dalli, to cando no coreto uma phy larmonica improvisado por um grupo de músicos da extincta sociedade «Labor Samouquense». Os ••slobe-trotters Chegaram no domingo passado a esta villa no va por da tarde os tres «glo- be-trotters» que se pro põem fazer o giro da Eu ropa, a pé e sem dinheiro, em 365 dias. Pornoitaram aqui no hotel Ribaté^o e seguiram, pelas 9 horas da manhã de segunda feira, a sua espinhosa viagem. As festas ico S iíbíioejco Como já dissémos, co meçaram no dia 7 as pom posas festas em honra de Nossa Senhora do Rosário neste lindo logar e termi naram no dia 9, sendo abrilhantadas pela phylar monica «Instrucção e Re creio Familiar Almadense» de Almada. No dia 10 houve cava ÂGRI CU LTU R A SSíffeitos da neve A queda e sobretudo a accumulacão da neve, é > 7 xtraordinariamente favo rável á cultura. Exerce uma influencia excellente sobre as terras, e os cultivadores que concluíram as semen teiras, ou acabaram os tra balhos de inverno, devem animar-se de vêr cahir em grande quantidade: A neve exerce sobre a terra e sobre as plantas enormes benefícios. Atra vessando a atmospherasa tura-se d’uma determina da quantidade de ammo- niaco, isto é, d’um gaz con tendo azote, que, como se sabe, é a parte mais ferti- lisadora dos estrumes. Co brindo o sólo, impede que todo o gaz dos estrumes e da terra se evapore e perca na atmosphera. A neve tem, pois, indubita velmente, a vantagem de concentrar a força dos es trumes no sólo. A neve obsta tambem ao resfriamento da terra. E’, por assim dizer, o seu capote de agazalho. A ter ra coberta de neve não ge la; a que fica a descoberto exposta ao frio, póde gelar profundamente. E' um facto confirmado pela experien- cia, que a temperatura é sempre mais elevada sob uma camada de neve, do

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Ill ANNO DOMINGO, 15 DE NOVEMBRO DE 1903 jV.° 122

S E M A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R IC O L A

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v va v /> S'>y <*? à

A ssig n a tu raAnno, iSooo réis; sem estre, Soo réis. Pagamento adeantado. _ para o B ra zil, anno, 2$5oo réis |moeda fo r.e j.Avulso, no dia da publicação, 20 réis.

EDITOR— José Augusto Saloio | *9» i.' — RUA DIREITA —A L D E G A L L K G A

19, I.c

P u b licaçõ es»* A n n u n cio s— 1.3 publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,

20 réis. A nnuncios na 4 .“ pagina, contracto especial. Os auto- *s graphos náo se restituem q uer sejam ou náo publicados.

PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio

e x p e d i e n t e

R ogam os] ao s n o sso s estim áveis a s s ig n a n te s a f ln e za ld e jn o s p a r tic ip a r e m q u a lq u e r fa lta na r e ­messa', do jo rn a l, p a ra de p rom pto provideucias*- 111 os.

A cceitam -se com g ra t i­dão q u a e sq u e r n o tic ia s que sejam de in te re s s e publico.

EÇA 1)E QUEIROZLisboa, na passada se­

gunda feira, pagou a sua divida de honra, prestan­do uma grandiosa home­nagem ao illustre escriptor Eça de Queiroz.

Nunca ninguém mane- jou cm P o r tu g a l o escru- pello da critica como esse illustre morto. Punha a nu, á luz crua da verdade, to­dos os ridiculos, • todas as escabrosidades do nosso viver social. Eram flagran­tes de verdade as paginas dos seus livros; as perso­nagens viviam, moviam-se naturalmente, sem artifí­cios, sem rodeios, com uma naturalidade que assom­brava.

Elle e Ramalho Ortigão, os brilhantes auctores d<1 s Farpas, castigaram, a gol­pes de ironia, sem dó nem piedade, a sociedade venal e corrupta dos modernos tempos. Fazem falta hoje escriptores de tal ordem, porque cada vez mais vae sendo preciso um azurra- gue que fustigue tanta devassidão.

Morto Eça de Queiroz, Ramalho pouco escreven­do, Fialho de Almeida re­tirado tambem do campo activo das letras, podem ás mediocridades dar-se fóros de grandes senhores, cam­pearem audazes, enfeitadas com penas de pavão, por­que teem a certeza de que ninguém lhes irá castigar a insolente vaidade e fa- zel-as despir na praça o vestuário alheio com que se disfarçavam.

Eça enalteceu o paiz, foi 0 primeiro romancista por­tuguez. À estatua que se

lhe erigiu mostra-nos a nós e ha de mostrar aos vindouros que a nossa pa­tria sabe honrar os seus fi­lhos, prestar o seu preito de saudade e de justiça aos que em vida tanto a exal laram e ennobrece"am. Que essa estatua seja um estimulo aos que ainda se­guem com amor e carinho desinteressado a carreira das letras que cada vez é mais ardua e semeada de espinhos.

JO A Q U IM DOS ANJO S.

CUIDADOS APÍCOLAS EM NOVEMBRO

Se o novembro correr temperado de sol, ainda as abelhas, no centro e sul do paiz, saem ao pasto duran­te grande parte do dia. In­felizmente, em geral, pou­co ou nada podem colher, arriscando-se a, sendo sur- prehendidas por uma mu­dança de tempo, cairem no solo fustigadas por ines­perado aguaceiro, forte vendaval ou mesmo leve geada, que as entropece e mata, pois não resistem, agora, a uma noite passa­da fóra do quente abrigo do interior da colmeia.

Se nos mezes de setem- bro e, sobretudo, no de outubro, se não examinou as colmeias para se veri­ficar se os enxames arma­zenaram o mel sufficiente 3a r a poderem hibernar ?em, faz-se isto na primei­ra quinzena do mez em um dia sem vento e de sol

Não nos cançaremos em •epetir que, no caso de na colmeia haver provisões abundantes é indispensá­vel fornecel-as ao enxame, sob a fórma de mel ou de um xarope muito espessó, de assucar, que se colloca em um prato no interior da colmeia, cobrindo-o to­do com levissima gaze, ou sob a fórma de uma pasta de assucar que se dispõe na parte superior dos qua­dros debaixo da grossa te- a que os separa da cama­

ra dar existente na colmeia.Este ponto é importante

30ÍS em geral, o que mais anniquila entre nós os en­

xames no inverno é a fomNa occasião da cresta

tiram-lhe sempre mais me do que o que deviam tirar. As abelhas não podendo depois, por falta de flores nos campos e nos montei colher o sufficiente para terem uma boa e abund m te alimentação, vão defi­nhando pouco a pouco, d modo que, chegada a pri­mavera está o enxame ou todo morto 011 reduzido a um tão limitado num.ro de obreiras qu: não mais ha meio de se desenvolver e progredir.

A não ser raro e inespe­rado accidente que mate a abelha mestra, todo o en­xame bem alimentado du­rante o inverno apresenta- se forte e vigoroso na pri­mavera, trabalhando en­tão com ardor no desen­volvimento da criação que ha de assegurar uma po­pulação forte para uma arguissima colheita de mel.

Acontece vêr-se n’este mez, em colmeia que não foi examinada por se jul­gar forte e com provisões abundantes, as abelhas, quatro 0.1 cinco horas de­pois de nascido o sol, sai- rem em grande numero, agitadas, voarem á volta da colmeia e acabarem 3or se agglomerar proxi- no da entrada fazendo 3arba.

Isto, que o geral dos apicultores julga um signal de forca e valentia do en->xame, representa, nesta época, o contrario. Ou o

nxame está orphão, ten­do-lhe inesperadamente morrido a abelha mestra, ou os alimentos estão a acabar. De qualquer das duas fórmas as abelhas sentem-se perdidas, pois, não possuindo criação não ia meio de obter uma mãe de salvação, e, não haven­do flores nos campos nem nos montes, não lhesé pos­sivel colher o nectar de que urgentemente carecem.

Haquem, verificando que o desassocego das abelhas é devido á falta de alimen­to, lhes ponha junto da col­meia, e mesmo dentro d’ella fructos, sobretudo maçãs e peras, cortadas aos bo­

cados. E quando a fructa é sã ainda se póde dar lou­vores a Deus, pois muitas vezes só mimoseiam as abelhas com fructos po dres. Ora este alimento, quer são, quer podre, de pouco ou nada serve ás abelhas, por isso qu.d’elle se não utilisam, em virtu­de das peças q le lhe foi mam a bocca não serem dispostas para a abe.ha roer, triturar fru.aos, mas unicamente para lamber a substancias assucaradas. Darjfructos ás abelhas pa­ra estas os comerem, é o mesmo que darem a um homem esfomeado umas poucas de aparas de cou­ro de boi bem secco e cor- tido.

No fim do mez reduz-se a abertura da entrada da colmeia e, se começar a cair neve, verifica-se todos os dias que o orilicio de entrada não fiquj por ella obstruido, o que, obstando á ventilação da colmeia, pód: fazer com que o en­xame morra por doenças causadas pelo viciamento do ar do interior da col­meia.

Ternrnados estes traba­lhos não mais se bole com a colmeia, por isso que as abelhas carecem, durante o inverno, de grande re­pouso, pois toda ou qual­quer agLação é-lhes agora nociva.

E’ preciso tomar-se to­das as precauções para que os inimigos das abelhas, os ratos var ados e os mu­saranhos, não invadam as colmeias, devorando os 'avos e as abelhas e dei­xando-se ficar no quente interior da colmeia.

E D U A R D O S E Q U K 1R V.

iDa Gaveta das Aid:iasJ.

lhadas, divertimento pro­movido por uma commis­são de rapazes dalli, to­cando no coreto uma phy­larmonica improvisado por um grupo de músicos da extincta sociedade «Labor Samouquense».

Os ••s lo b e -tro tte rs

Chegaram no domingo passado a esta villa no va­por da tarde os tres «glo- be-trotters» que se pro­põem fazer o giro da Eu­ropa, a pé e sem dinheiro, em 365 dias. Pornoitaram aqui no hotel Ribaté^o e seguiram, pelas 9 horas da manhã de segunda feira, a sua espinhosa viagem.

As fe s ta s ico S i í b í i o e j c o

Como já dissémos, co­meçaram no dia 7 as pom­posas festas em honra de Nossa Senhora do Rosário neste lindo logar e termi­naram no dia 9, sendo abrilhantadas pela phylar­monica «Instrucção e Re­creio Familiar Almadense» de Almada.

No dia 10 houve cava­

 G R I C U L T U R ASSíffeitos da neve

A queda e sobretudo a accumulacão da neve, é > 7

xtraordinariamente favo­rável á cultura. Exerce uma influencia excellente sobre as terras, e os cultivadores que concluíram as semen­teiras, ou acabaram os tra­balhos de inverno, devem animar-se de vêr cahir em grande quantidade:

A neve exerce sobre a terra e sobre as plantas enormes benefícios. Atra­vessando a atmospherasa­tura-se d’uma determina­da quantidade de ammo- niaco, isto é, d’um gaz con­tendo azote, que, como se sabe, é a parte mais ferti- lisadora dos estrumes. Co­brindo o sólo, impede que todo o gaz dos estrumes e da terra se evapore e perca na atmosphera. A neve tem, pois, indubita­velmente, a vantagem de concentrar a força dos es­trumes no sólo.

A neve obsta tambem ao resfriamento da terra. E’, por assim dizer, o seu capote de agazalho. A ter­ra coberta de neve não ge­la; a que fica a descoberto exposta ao frio, póde gelar profundamente. E' um facto confirmado pela experien- cia, que a temperatura é sempre mais elevada sob uma camada de neve, do

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2 O DOMINGO

que á superfície. D’aqui se segue que os tujos ger­minam e desenvolvem-se debaixo da neve, o que não.succederia se ficassem á superfiicie, expostos á mesma temperatura. N’este caso seccariam na maior parte prejudicando a co­lheita.

Dá-se mesmo um facto curioso, que cumpre notai', e é que certas plantas, cer­tos legumes oriundos de regiões frias, gelam nas re­giões centraes agrícolas do nosso paiz, e isto pela razão que, nas regiões, de onde vieram, estão todo o inverno abrigados por uma espessa camada de neve, e no nosso sólo ficam a descoberto, expostos ao frio.

A neve conserva tam­bem os legumes e impede- os de gelar. Ha muitos hor­ticultores d u ran te oinverno conservam as cou­ves na terra, defendendo- as com folhas, e se a neve não é suficientem en te abun­dante para os cobrir, ac- cumulam-na com o auxi­lio de uma pá, obtendo as­sim uma boa e facil preser­vação, utilíssima aos fru­ctos.

A neve tem ainda a gran­de vantagem de fazer pe­netrar pouco a pouco no solo a humidade, quando se funde.

Esta humidade desce ás camadas mais profundas para constituir a provisão que, durante o verão, deve alimentar os riachos e os poços.

A n u iv e rsa r lo s

Completou no dia 11 do corrente, o seu 2.0 anniver­sario natalicio, a filhinha do nosso amigo Domingos Antonio Saloio. A seus paes enviamos as nossas felici­tações.

-—-Tambem no dia 12 completou mais um anni­versario, o nosso amigo Joaquim Pedro de Jesus Relogio. Os nossos since­ros parabéns.

F e s ta <la rI 'e r ra

K’ hoje, pelas 4 horas e meia da tarde, que a ima­gem de Nossa Senhora da Atalaya é conduzida pro- cessionalmente para a sua capella, no aprasivel logar da Atalaya.

Abrilhanta esta festivida­de a banda do Commandb Geral de Artilharia.

P o r q u e r e r impingir la­tão p o r ojsro

Foi preso nesta villa pelo cabo de policia Sebastião Soares no dia 10 do cor­rente, um indivíduo que diz chamar-se Antonio Toledo Sanches, de 28 annos de idade, solteiro* moço de padeiro, na.u -a! de Malaga (Hespanha), sem re-sidencia certa, por querer vender um annel de la ão dizendo que era de ouro a Manuel Pedro Dias, ferro-velho, re­sidente em Canha, na quan­tia de io!$ooo réis. A ven­da não se effectuou em consequencia do Dias que­rer ir a um ourives saber se o annel era de ouro, o que den occasião a que o intrujão se puzesse em fu- ga, sendo mais tarde ca­pturado pelo referido cabo de policia.

Foram arrematados no dia 8 do corrente, o rendi­mento do guindaste e ter­renos no Caes a Antonio Luiz Gouveia por 1 2o$ooo réis; imposto no vinho 11’es- ta villa por 2:708;$ 100 réis a Manuel d'01iveira Lucas; renda da casa destinada á venda do peixe n’esta villa, po.' 2o3$ooo réis, a Alfre­do José Lucas; imposto no vinho e carnes em Canha, na importancia de icp$ooo réis a Ernesto Porphirio; adjudicação da iiluminaeão publica de Canha, por 40 réis cada candieiro, a Ma­nuel Figueiredo.

Passou aqui este anno desapercebido o dia de S. Martinho. Seria por estar o vinho caro?

C O F R E D.E P E R Q L A S

AZAS D1CAROOs seus labios diriam, convulsivos:« Como cu quimera andar pelas alturas Por onde as pombas vão no ar seguras,— Ao pé do aurq dos soes e os astros vivos!

a Como Paolo e Francesca, em meigos laços — Sobre as nuvens da tarde des lis and o,Como as aves levadas no ar brando,Iríamos cingidos, nos espaços!

«A lli é o Céo, o Bem, 0 Espaço, o Abril!A Primavera, o Sol!— ó doces ninhos,Vós sois feitos tf es Ir ellas, pa\ e arminhos,E não vos mancha a neve o barro v il!. ..

«Nossos olhos fariam uma c n q .. .— A cru^ ã° (>lhar dos que se estão amando —E quando o Cê ) nos visse assim beijando, Correriam no ar prantos de lu? !

«Tu não sonhas assim? Acaso existe Alais ditoso sonhar?» Èu, frio e insano,«(/ pomba, então bradei, amada e triste,— Eu sou a argilla, o pó, o barro humano/»

GOMES LEA L.

P E N S A M E N T O S

0 velho que não, tem prudência não se aproveitou da experiencia.

—- A sciencia amarga e perturba a parx da ignorancia; 0 saber não é o nosso destino em cima da terra.

—-A ume a flor que não marcha, é a amisade; as tem­pestades não/asem senão tornai-a mais viva e mais bella.

— Instruir é muito, educar é tudo.

A N E Ç D O T A S

Encontram-se dois amigos na rua.— Já viste o Barbosa depois de vir do Bra~il? per­

guntou um d'elles.— Ainda não, responde o oulro.— Ah! não imaginas em que estado de magreza elle

vem! .. . Causa afflicção vêl-o.. . Parece um esqueleto em pé. . . Vê tu: eu sou magríssimo, e tu lambem não és gordo. . . Pois o Barbosa esiá ainda mais magro do que nós dois juntos!. ..

__ •'»-»>»>«__

Thoma\ quer casar uma H/ha.— I 'ocê, di~ elle a um dos seus amigos que é caixeiro

viajante, que anda sempre a percorrer diversos pai~es, é que poderia descobrir o genro que eu sonho para minha filha.

Pois sim, responde 0 amigo, mas para isso, precisava d'uma amostra.

Um inglez um pouco alcoohsado depois de uma ma­gnifica refeição, alterou-se com o creado do hotel e ma- lou-o.

Procurando o dono da casa, disse-lhe friamente:— metta 0 creado na conta;pagarei tudo.

L IT T E R A T U R AA moura en can tad a

Como a vélhinha se aquecia ao fogo que bri­lhava na lareira! Como 0 seu olhar seguia as doide- janres faiscas que de contí­nuo saltavam, e que iam morrer ao meio da chami­né! Como ligeiros passa­vam os seus dedos pelas negras e velhas contas do rosário, e com que fervor os seus labios (que certa­mente outrora haviam si­do bellamente rosados] murmuravam orações so­bre orações, Padre-Nossos e Ave-Marias! E como a chuva cahia lá fóra! como o vento gemia! como os relampagos fuzilavam e roncavam os trovões!

E Margarida era só. Era ella que sósinha tratava da cabana, que ia ao matto buscar lenha e que cuidava do hortejo que comia.

Havia tanto que não ti­nha ninguém! Nem sequer já se recordava de quando lhe morrera o ultimo filho, tão longe esse tempo ia!

Adormecia ella ao estra- lejar das faiscas e ao bra­mir da tempestade, quando perto de si sentiu ruído.

Olhou admirada, e que viu? Uma rapariga olhan­do-a attentamente, mas tão linda, tão linda, que talvez no mundo não houvesse ou­tra assim!

Assustou-se a pobre vé­lhinha; mas pouco lhe du­rou o susto, que a melodio­sa voz da rapariga fez-se assim ouvir:

-—Não tenhas receio Mar­garida, que mal não faço.

— Mas.. . quem és tu? e como entraste ?

— Sou uma moura en­cantada, e tenho poder portanto. . .

A vélhinha interrompeu:— Uma moura encanta­

da tu ?!-—Sim.— Não acredito. Ha tan­

to tempo que essas coisas acabaram! Olha, quando meu filho me morreu, já não havia d’isso... Foi el-

53 FOLHETIM

T radu cção de J. D O S A N JO S

D E P O I S dT p E C C A D OLivro Segundo

1

E ra uma «victoria» pintada de ver- de-azeitona, forrada p o r dentro com almofadas de setim escuro, de oito molas, puxada por dois cavallos p re ­tos de rara perfeição e guiada por um cocheiro de attitude perfeitamen­te correcta, ao lado do qual ia um criado de libré. A pezar de ter p o d i­do passar adennte das outras carrua­gens, o cocheiro sustinha os cavallos á força de habilidade.

N a q u e llá carruagem iam duas mu­

lheres. Uma já passara havia m uito a edade madura. Um véo preto dissi- mulava-lhe imperfeitamente os cabel los grizalhos, a cara bronzeada, olhos pequenos e redondos, o duploqueixo e os cabellos que lhe tinham cresci­do p o r cima dos labios.

A outra m ulher era nova e bonita, mas de uma mocidade e uma belleza sinceras, bem suas. que náo deviam na a á arte de se adornar e se pintar em que muitas filhas de E va são exi mias no mesmo grau que os artistas mais illustres na sua profissão. Os ca­bellos ruivos cahiam-lhe em anneis de um chapéo leve como um sopro, frá­gil edificio de tulle e de flores, e co- roavam -lhe de diademas de ouro a brancura da fronte pura. T in h a a tez pall'd a, olhos largos e pretos, a que o vigoroso desenho dos cilios animava 0 b rilh o , e labios verm elhos que se

abriam sobre os dentes finos e aper­tados, com o um estojo que mostrasse pérolas. 0 co rp o ,d e aspecto delicado, mas do qual cada m ovim ento fazia so bresahir a flexibiiidi.de e o vigor, es­tava afogado n u m a onda de crepe da China amarello claro.

Se, entre os passeiantes que para- vam ao vêr passar aquella formosa mulher, pallida. cujo rosto apresenta­va a expressão de tristeza e de revol­ta que caracterisa a pbysionom ia dos anjos cahidos, se encontrasse um p ro ­vinciano ignorante dos homens e drs coisas de Paris, de certo perguntariam a si mesmo a que classe social ella pertencia e julgaria, pelo luxo que apresentava, que estava alli uma das rainhas da moda, d'es;as patricias que encontraram a riqueza e um nome il- lustre nas cortinas do berço. Mas um parisiense n rô se enganaria se a visse

e teria adivinhado que pertencia ao batalhão das grandes peccadora; a cu­jos pés Os hom ens de todas as edades e categorias desperdiçam a honra, a fortuna e a saude, e a quem compram os beijos e os sorrisos.

A carruagem subiu lentamente até o A rco do T riu m p h o , emquanto a ra­pariga, com o olhar fixo na frente de

i, estava silenciosa e entregue a" uma

meditação absorvente. Mas depois de passar o m onum ento, o cocheiro af-

fagou com o cabo do chicote a anca luzidia dos cavallos, deixando atraz de si as outras carruagens.

Os cavallos, excitado; pelo ardor da atmosphera, precipitaram -se como doidos na frescura que de/cia das ar­vores e penetrava deliciosamente no

corpo depois cie entrar no bosque.— Até que òm íim temós algum a r ! .

suspirou a mais velha das mulheres, respirando ruidosamente.

Como a com panheira náo lhe res­pondeu, ella respeitou esse silencio. N ’aqueile instante passou em frente da carruagem um rapaz a cavallo e fez um cum prim ento timido.

E n :ã o a velha to rn o u :— Cúm prim entaríim -te, Magdalena.— Hein? o que? perguntou viva­

mente a Magdalena Malzon, arranca­da de repente ás suas meditações.

— O Mauriçio V iyian cum prim en­tou-te.

:— E por isso incom modas-m e tu! Has de ser sem pre a mesma, minha pobre Telem aco, simples e falta de espirito. Que me im porta a mim o M auricio Vivian? P o r elle me cum pri­mentar, restitue-m e p o r acaso a do­çura do sónho que vieste perturbar- me? | Continua).

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ie quem desencantou a ul­t i m a moura. . . _

A rapariga-sorriu. Q u : gorriso tão doce e e x p re s­

sivo !Como ella assegurava o

contrario do que a velhinhadizia! .

.—Mas, ainda que sejasuma moura encantada que. vens aqui fazer?

—Escuta, Margarida. .. Olha-me bem... attenta- niente.. . Assim... Metto- te medo?

—Medo, não! Até gosto jeti. Pareces-te muito com a minha Maria, que mor- reu ha tanto tempo! Era tão bonita á minha Maria!

A rapariga continuou:—E se te assegurasse qu e

eu e'a uma moura... se te pedisse para me desen­cantares. .. que dirias tu?

Eram estas palavras pro­nunciadas com accento tão dôce, e ao mesmo tempo tão supplicante, que a vé- Ihinha não poude deixar de olhar attenta para a estra­nha rapariga.

— E’ então verdade?. . . E’s uma moura encantada?

— Sim. Se soubesses quanto esta vida é triste, quanto o nosso coração padece, como a nossa al­ma anda sempre immersa em profunda melancolia?

— Choras?— Choro, sim; mas tu

podes alli via r as minhas maguas...

-E u ?!-T u .— Como?-Desencanta-me, Mar­

garida. .. desencanta-me. que tirarás de cima de mim o peso que me molesta.

— Mas como?— E' simples: eu desap-

pareço daqui, mas, passa­dos instantes, voltarei por aquella porta transforma­da em serpente. . .

— Oh. Deus! exclamou assustada a véiKinha.

—A pproximo-m e, en ros­co-me em ti, dou-te-um beijo.. . Em troca terás as maiores riquezas.

— Oh! não, não!■—Não farei mal! suspi­

rou a moura.— Mas uma serpente..— A serpente bem sa­

bes, sou eu.— Sim, és... tu... Mas...

porque não me dás o bei­jo agora?

— Não posso: é condi­ção do meu encanto dar-t’o transformada em serpente.

A vélhinha poz-se a pen­sar; e a rapariga, a moura encantada, continuou a olhal-a com meigo sorriso.

— Então?...— Tenho tanta vontade

de te fazer bem! Emfim, estou decidida.. .

Um relampago de ale- pia brilhou nos olhos da formosa moura.

— Sim; mas ha> de pro- metter-me que darás sô um beijo. ..

E a condição do meu encanto dar-te só um; na­da posso alterar.

— Queres então já?— Quando tu quixeres,

Margarida: eu tenho d- sujeitar-me á tua vontade; nada posso fazer que não esteja de harmonia com os teus desejos. E por isso rogo-te, suppiico-te que, quando me approximar de ti para dar-te o beijo, não faças o menor gesto de re­ceio, não grites, não te­nhas medo, que dobraria; com isso o meu encanto.

— Para te fazer esse bem, terei animo, sim. ..

A moura desappareceu.Vendo-se só, a vélhinha

começou a pensar. Não se te ri i ella jugado mais for­te do que era? Náo te'ia ido longe, peio dezejo de fazer bem, dizendo que sentiria animo ao vêr-se aper.ada nas roscas de enorme serpente? Quando a linda moura estava alli, conversando com ella, en- cantando-a com a meigui­ce da sua voz e a terna suavidade do seu olhar, el­la julgara isso; mas agora ao vêr-se sósinha, toda es­sa força se abatia, e, ima­ginando d’antemão borri­feis fórmas na serpente, sentia-se morrer de medo!

Entre anto, agudossilvos soavam longiquos; aproxi­maram-se a poucoe pouco, e passados alguns segun­dos entrava impetuosa pe­la cabana dentro a mais coTpolenta serpente que até alli se vira! Avançou de guella aberta para Mar­garida, que por enorme esfòr-çó^se co n s e rv a v a quie ta; mas. quando nella se i i enroscar, silvando sempre medonhamente, o reptil recuou, e, como se tivesse perdido as forças, fecha­ram-se-lhes as ameaçado­ras fouces, apagou-se-lhe o fogo do olhar, e, arrastan­do-se a susto, saiu da ca­bana: é que Margarida não podendo supportar-ihe a attitude, gritára com hor ror:

— Oh, não! não posso! Vae-te!

Momentos depois appa- recia á vélhinha a desdito­sa moura. Que desespero se lhe pintava no semblan­te! Como o seu todo ins­pirava dó!

— Dobraste-me o encan­to!— exclamou ella. Do­braste-me o martyrio!

A vélhinha, commovida, chorosa, ia pedir-lhe per­dão, ia beijal-a, numa ex­pansão de ternura e arre­pendimento. .. mas não o poude fazer, que a moura desapparecera.

Dias depois, ou fosse ef-

feito das com moções d’a- quelki noite, ou vingança da moura encantada, mor­ria a pobre Margarida, sem ter um ente que lhe fechas­se os olhos!

E S T E V A M M O N T E IR O .

O D O Ml N G O ___

Relação dos mancebos que não apresentaram as suas guias de marcha para os offeitos do art. 115 do Regulamento dos serviços de recrutamento de 24 de dezembro de 1901.

De AldegaTega:Alexandre, filho de paes

incognitos; José d’OLiveira Alferes Junior, filho de Jo­sé d’Oliveira Alferes e de losa Jorge; José Paulino, ilho de Manuel Paulino e de Jo.uqui.na da Conceição; Manuel Soares Ventura, fi­lio de Antonio Maximo

Ventura e de Joaquina Ro­sa Quaresma Ventura; Au­gusto Sedario, filho de Jo­sé Augusto; Francisco d’Al­meida, filho de José d’Al- meida; Manuel Agostiuho, filho de Joaquim Agostinho.

De Canha:José Silvestre, fi!ho de

Silvestre Luiz e Vietorina Maria.

©rasade A n n a s e n i «I© Costas» c r e io

Acaba de chegar a este importante estabelecimen­to um colossal sonido cie fazendas próprias para a presente estação, tanto pa­ra homem como para se­nhora, por preços muito modicos. Aconselhamos a todos os nossos leitores que se acautelem com os rigores do inverno, apro­veitando esta exellente oc­casião para se envergarem bem e por pouco dinheiro.

E’ na Praça Serpa Pinto estabelecimento do sr. João Antonio Ribeiro.

Vão hoje novamente á praça nos Paços cio Con­celho, pela uma hora da tarde, as arrematações do imposto no vinho e illumi­nação publica da freguezia de Sarilhos Grandes.

J U L I O S I M O E SEncarrega-se de todo o

trabalho de marceneiro, carpinteiro, torneiro, po-

ior e de armações de lo- ja. Todos os trabalhos men­cionados são feitos artis­ticamente e não de curio­sidade.. Garante a perfei­ção, solidez e barateza dos trabalhos feitos em sua ca­sa. Na Salchicharia Relo­gio se diz.

V E N D E - S EUma carroça de caixa

com molas muito leve, e um arreio. Nesta redacção se diz.

TEIXEIRA DE PASCOAES

SEMPREUm volume de 325 pagi­

nas, edicão luxuosa 5oo réis.

J E S U S E P A N , .Preço 400 réis

Pedidos á Livraria Editora de José Figueirinhas Ju­nior— Rua das Olivei­ras, 7 5 — Porto.

O produeto deste livro re­vertera a favor duma A ss is tê n c ia a creanças doen tes que se vae fun­dar em Amarante.

Eli

Camfnha Figuei-Joséra encarrega-se do forne­cimento de plantas ameri­canas tanto barbados co­mo estacas e bacelío, pa­ra o que está habTtado convenientemente.

Aldegallega

G R A D N É A R M A Z É M---* i)K *---

& Comp.a

' Farinha, semea, arroz na­cional, alimpadura, fava, milho, cevada, aveia, sul- phato e enxofre.

Todos estes generos se vendem por preços muito em conta tanto para o con­sumidor como para o re­vendedor. 126

R n a «lo Caes — ALDEGALLEGA

( ; \ i ! V \ O J ) E KOKEDas Companhias Reuni­

das Gaz e Electricidade, de Lisboa, a 5 0 0 réis ca­da sacca de 45. kilos

— 146Largo da C aldeira

— * a l d e g a l l e g a * -

âo Commercio do Povo

í&BscixaDomingas Rosa, residen­

te nesta villa, queixou-se na administração do con­celho de que pelas 11 ho­ras da manhã de 14 do cor­rente, no Bairro Serrano, fôra agg-redida com soccos por Antonio Luiz Bolo, tra­balhador,tambem residente nesta villa, de que resultou ficar ferida no rosto.

B eliv ras íceDeu hontem á luz uma

creança do sexo masculino, a esposa do nosso amigo Domingos Antonio Saloio.

Os nossos parabéns.

Sem contestação é este o mais bem sortido estabe­lecimento e o que maiores vantagens offerece devido ás enormes compras que os seus proprietários fazem, pois que para obterem sempre umas differenças em preÇos de fabrica em muitos artigos, vêem-se na ne­cessidade cie comprar sempre em grandes quantidades.

NÃO ESQ UE C ER que este estabelecimento já tão conhecido do publico desta villa e seus arredores, já recebeu grandes remessas de fazendas para a presente estação, estando desde já habilitado a satisfazer os mais exigentes compradores,

> R E Ç 08 EXCEPCIONAES!Tem este estabelecimento artigos que são vendidos

por preços TAO BAIXOS que só a visita do compra­dor poderá fazer justiça dizendo: é barato!

Ha sortimento completo de malhas, a saber:Capas de malha com ou sem capa; de seda.

Lenços de malha, variedade grande. Capotas de novidade, gorros, boinas e bonets.

Casaquinhos, bolinhas, echarpes, etc., etc. Cachene?, sortimento enorne.

C O N TR A O F R IO —Grande sortimento de pannos para capas e casacos, mesclas, cheviotes, matellassé, meltons, moscows, etc. — Para vestidos: pannos, ama­zonas, flanellas, sarjas fortes, phantasias fortes, tecidos mixtos em lã, seda e algodão, etc., córtes de alta novi­dade para vestidos de senhora.

A divisa d’esta casa é sempre ganhar pouco em todos os seus artigos para vender muito e a Iodos pelos mes­mos preços SEM EXCEPCÕES.

rVKTICÚS AO A1CAKÉ m TODAS AS S0J.SA8Dão-se amostras com preços e larguras a quem as

pedir. Tudo se manda a casa do freguez para o que terft pessoal habilitado.

S^isfeltes de n o v id ad e em to d o s os gcnet*os

SENTO & 11 m CARVAUtO8 8 , B U A 3H H & IT A » 8 0 - e s q u i n a d a r u a d o c o n d e

Aldegallega do R ib a te jo

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O D OM INGO

OS DRAMAS DA CORTE

(C hron ica do reinado -de L u iz X V )

Romance historico porE .H A D O U C E T T E

Os amores trágicos de Manon Les- caut com o celebre cavalleiro de G rie u x , formam o entrecho d’este rom ance, rigorosamente historico, a que Ladoucette im prim iu um cunho de originalidade devéras encantador.

A corte de L u iz x v , com todos os seus esplendores e misérias, é escri- pta magistralmente pelo auetor d’0 Bastardo da Rainha nas paginas do seu novo liv ro , destinado sem d u vi­da a alcançar entre nós exito egual áquelle com que foi recebido em P a ­ris, onde se contaram p o r milhares os exem plares vendidos.

A edição portugueza do p o p ular e com m ovente rom ance, será feita em fasciculos semanaes de 16 paginas, de grande form ato, illustrados com soberbas gravuras de pagina, e cons­tará apenas de 2 volumes.

SO ré is o fasc ícu loIO© ré is o tom o

2 valiosos brindes a todos os assignantes

Pedidos á Bibliotheca Popular, E m ­presa Editora, 162, Rua da Rosa', 162— Lisboa.

.AO PROFESSORADOD E W S T R U C C Â O P R I M A R I A

A L IV R A R IA D E M. GOM ES Livreiro de SS Magestades e Altezas continua forne­

cendo aos Srs. Professores

L H M S E I M P R E S S O Se sem despezas de portecom o desconto habitual

Envia-se o Catálogo cqm o preço de todos os livros officialmente approvados

P A R A IN S T R U C Ç Ã O P R I M A R I Ae de todos os impressos conforme o decreto de

12 de março de 1903 bem como nota detalhada dos preços de TODO O MATERIAL ESCOLAR

a quem o requisitar á L IV R A R IA E D IT O R A D E M . G O M E S

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COMPANHIA FABRIL SINGERi 3o _________ »Por 5 00 réis semanaes se adquirem as cele­

bres machinas S IN G E R para coser. Pedidos a AURÉLIO JOÃO DA CRUZ, cobrador

da casa i l U OCU A CV‘ e concessionário em Portu­gal para a venda das ditas machinas.

Envia catalõgx)S a quem os desejar, jo , rua do Rato, 70 — Alcochete.

- I I

LOJA DO BARATO— D E

M O U R A & 3 R A N 0 0Participamos aos nossos estimáveis freguezes que acaba de chegar

ao nosso estabelecimento um colossal sortido de fazendas próprias para a presente estação, de fino gosto, e que vendemos por preços ao alcance de todas as bolsas.

Resolvemos mandar annunciar, especificando os preços, para assim o publico se certificar que é esta a unica casa que mais vantagens offjrece.

Desde 120 réis o metro, casteletas desenfestadas de pura lã.Desde 260 réis o metro, casteletas enfestadas depura la.

| Desde 400 réis o metro, Luzitanas, tecido alta novidade.| Desde 480 réis o metros, Amazonas enfeitadas de pura lã.| Desde 700 réis o metro, Mélton proprio para capas.

Desde 2$ooo o metro, matelasset proprio para capas. Desde 5oo réis o metro, flanellas azues e pretas.

m Desde 240 réis o metro, castorinas e riscadilhas próprias para saias. Desde 90 réis o metro, flanellas de algodão próprias para camisas.

Desde 90 réis o metro, baetilhas de côres próprias para saias. Desde 60 réis o metro, baetilhas brancas próprias para saias.

Desde 800 réis, chailes de pura lã, lindos desenhos. Desde i$ooo réis, cobertores de Papa, pura lã.

Desde i$5oo réis, cobertores matisados, lindos desenhos. Desde 4$5oo réis, cobertores francezes, pura lã, debruados a seda.

A 4 $ 5 o o réis, chailes duble-face, muito fortes.

saias.I l l l ! i i l l ! ! ! l l ! ! ! ! l ! ! ! l i ! i i ! l l i l l i l ! i l ! l i l l ! l l l l | ! ! ! l l ! l i l l i l l i l ! l i l l l ! l l l l ! i l ! i l ! l l i ! ! ! ! l l t ! i i l l l i ! l i l ! l l l l l l ! l l l l l ! ! l l l l l l i l l ! i l l i i ! i i i i l ! ! l l l

W.

I

J , m h DO CAES, 9 -'H.iXliS

G R A N D E P E C H I N C H A !

Baetilha de dois pellos com um metro de largo a 200 réis, própria para ssi i i ! ! ! i i ! ( i i : i i i i i i i i i ! i i i i i i : i i í ! U ! ! i ! : i [ U i i ! i i i i i t ! ] > T r i i i ; i ! i ) i i i i i i i i M i i i i u i : í i i ! i i : i i : ! i i i H i i : ! i : i i : i i i i t i ! i i ! ! i u i i i ! ! j i i i n ! a : i n n -

M este importante estabelecimento encontra tambem 0 pubíico um colossal sortiòo í)e faenòas òe linho, lã, algoòãa, seòas, calça ha e chapéos

que mencionar aqui os preços seria impossível.

Pedimos que visitem o nosso estabeleci­mento para assim se certificarem da nossa excepcional barateza.P l t E C O S F I X O S E V E N D A S A D I N H E I R O

-4■8*8JTà j.

S A L C H I C H A R I A M E R C A N T I LD E

J O A Q U I M P E D R O J E S U S RELOGIOCarne de porco, azeite de Casteilo Branco e majs

qualidades, petroleo, sabão, cereaes, legumes, mantej. gas puras de leite da Ilha da Madeira e da Praia d’Ak cora e queijos de differentes qualidades.

Todos estes generos são de primeira qualidade e vendidos por preços excessivamente baratos.

54 a 56, Largo da Praça Serpa Pinto, 54 a 56 •#f A LD E G A LL E G A ^

ESTEVÃO JO S E DOS REIS— * CO M

0 F F IC 1 N A D E C A L D E IR E IR O D E COBREi l l I I l I l l l l l l I l l l l l l l l l i l I f l l l I l l l l l l i l l I l K I l I I

Encarrega-se de todos os trabalhos concernentesá sua arte.

I I I I I I I I I l l I M l I I l l i l l l !

R U A D E JO S E M A R IA DOS SAN TO S

ALDEGALLEGA

l l i f M M S l  ê ã S A M T I ® A- DE

M AHQUC SUTMWESmVende e concerta toda a qua­

lidade de relogios por preços modicos. Tambem concerta cai­xas de musica, objectos de ouro, prata e tudo que pertença áarltde gravador e galvanisado f.

G A R A N T E M - S E OS CON CERTOS

1 . u n a do P o ç o , l~ A L O E Q A L i£ Q AI29

J O S E DA ROCHA B A R B O S ACoisa «ííi#i»:i de C o rre e iro e S c lie iro

18, KUA 1)0 FORNO, 18A i, I> S-: i i A 3. B„ Si i i A

[ i l J L l O Í H E C A DO D I A R I O DE NOTICIASA . GUERRA ANGLO-BOEE

Impressões do Transvaal

Intéréss; ntissima narração d rs lu< las efitre inglezes e b o e rs ,«il"n ítrada* com num eiosíjs z..n o-g-avur; ; de «homens celebres», do T ransvaal edo Orange. incidentes noti.veis. « ce n o s e batalhas mais cruenta-- da

G U E R R A A.XGLO-BOER Por um funccionario da Cruz Vermelha ao serviço

do Transvaal.Fascicu 'os semanaes de 16 paginas....................3o réisTomo de 5 fasciculos................ ................ i 5o »A G U E R R A A N G L O B O E R é a obra de mais j-alpitante actualidade.

N'eila são d escrij tas, «por uma testemunha presencial», as differentes phases e acontecim entos emocionantes da terrivel guerra que t e m espanta-)*1 o mundo inteiro.

A G U E R R A A N G L O -: O E R faz passar ante os olhos do leitor todas «grandès bat lhas, combates» e «es; a-amu.-as» d’esta prolongada e acerriffl® lueta entre inglezes, tia svaalianos e o-anginos, ve rd rd e ito s pródigi.os. <* h e ro sm o e tenacidade, em que sáo egualmente adm iravéis a coragem e dicaçáo p triotica de vene dos e vencedo-es.

Os incidentes varia.iissim os d'esta contenda e tre a poderosa IngwK -a e as duas pequ n a r e p u b lic a > sul-afric<m;’ s. decorrem atravez de verD' deir; s per pe. ias. r o r tal m anera ram t.cas e p.ttorescas, qde d; o .í RA A N G L O B 0 F R . conjunctamente com o irre sistíve l attractivo d utna nar n-tiva h storicr dos nossos d as, o cm anto da le .f ir a romr.ntisada.

A Bibliotheca do DIARIO DÈ NOTICIASapresen ando ao p--b'ico e tr ohia em «esme-adá edicáo,» e por u r p".eç° m inuto, julga prestar um serviço ros num erosos leitores q '!e ao tem ro de -cj; m de!ei-'ar-se e a d q u v ir psrfe to conhecim ento dos success que mai interessam o m undo culto na ncttiolid’ de.

Pedidos á Empregado D IA R IO D E A 0 1 IC IA S Rua do Diario dj Noticias. 11 o — LISBOA

[gente em Aldegallega.— .--1. Mendes Pinheiro Junior