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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA SAUDE MENTAL: PROMO<;;Ji.OEPREVENI;;Ji.ONOPROGRAMA SAUDE DA FAMiLIA NA CASSI PARANA - UMA CONTRIBUII;;Ji.oAO PROCESSO DE AVALlAI;;Ji.ODO PROGRAMA Suzana Maria Werner Pires Lossio Monografia Apresentada A Universidade Tuiuti Do Parana Como Requisito Parcial Para A Obten~ao Do Titulo De Especialista Em Saude Mental Orientador: Prof'. Ana Maria Coelho Pereira Mendes Mar~o, 2003.

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

SAUDE MENTAL: PROMO<;;Ji.OE PREVENI;;Ji.ONO PROGRAMA SAUDE DAFAMiLIA NA CASSI PARANA - UMA CONTRIBUII;;Ji.oAO PROCESSO DE

AVALlAI;;Ji.ODO PROGRAMA

Suzana Maria Werner Pires Lossio

Monografia Apresentada A Universidade Tuiuti Do Parana Como RequisitoParcial Para A Obten~ao Do Titulo De Especialista Em Saude Mental

Orientador: Prof'. Ana Maria Coelho Pereira Mendes

Mar~o, 2003.

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SUMARIO

LlSTA DE TABELAS ...

LlSTA DE SIGLAS ..

DEFINlyAO DOS TERMOS ..

RESUMO ..

1 INTRODUyAO ..

. vi

. ..... vii

. viii

. ix. 1

2 REFERENCIAL TEORICO 6

2.1 SAUDE MENTAL 6

..6. 11

. 16

. 16

2.1.1 HISTORICO NO MUNDO ..

2.1.2 HISTORICO NO BRASIL ..

2.2 MODELO DE ATENyAO A SAUDE ..

2.2.1 HISTORICO NO MUNDO ..

2.2.2 HISTORICO NO BRASIL 21

2.3 A CASSI EO MODELO DE ATENyAO INTEGRAL A SAUDE 23

2.4 PRINCiPIOS E FERRAMENTAS DA MEDICINA FAMILIAR 31

2.4.1 CICLO DE VIDA.. . 32

2.4.2 GENOGRAMA ..

2.4.3 F.I.R.O ..

2.4.3.1 INTERAyAO ...

2.4.3.2 MUDANyAS FAMILIARES ..

. 33

. 33

. 34

2.4.3.3 INCLUSAO, CONTROLE E INTIMIDADE ..

2.4.4 P.RAC.T.I.C.E ..

. 35

. 35

. 363 PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVA.. . 37

3.1 A CASSI E AS AyOES DE PROMOyAO DA SAUDE E DE PREVENyAO ADOENYA.. . 37

3.2 A CASSI EM NUMEROS .. . .42

3.3 ANALISE DOS DADOS .46

4 CONSIDERAyOES FINAlS ..

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..

. 51. 54

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RESUMO

o principal objetivo deste trabalho e tragar 0 perfil da populagao atendida numPrograma de Saude da Familia em empresa de autogestao em sauds, na cidade deCuritiba, alem de verificar a influencia dos fatares: sexo, idade, estado civil, formaycloe ocupac;ao, na incidelncia das doenyas, para futuras propostas de soluc;:6es para amelhoria nas agoes de Promogao da Saude e Prevengao de Doengas. 0 texto loidividido em quatro partes principais: na primeira e apresentada a Introduy80 com 0problema de pesquisa a ser estudado e as objetivos - a geral e as especificos, aserem alcanc;:ados; na segunda parte e feito 0 Referendal Te6rico com urn brevehist6rico da Saude Mental, no mundo e no Brasil, descritos resumidamente ashistoricos no mundo e no Brasil do Modelo de Atengao Integral a Saude, eapresentada a Empresa de Autogestao em Saude em estudo - a CASSI, e 0 seuModelo de Atengao Integral a Saude, e leito um breve relato da instituigao dasCaixas de Assistencia e Previdencia Privada no Brasil (CAPs) e das agoesimplementadas pelo projeto de implantagao do Novo Modelo de Atengao Integral aSaude na cidade de Curitiba por esta empresa, sao apresentados os Principios eFerramentas utilizadas na Medicina Familiar, S8US conceitos e praticas, saodescritas as ac;:oes em Promo980 da Saude e PreVen9ao a Doen9a implementadasnesta empresa, alem da sua estrutura e publico atendido, e as dificuldades a seremsuperadas na busca de melhorias dos servi90s oferecidos, face as caracteristlcaspeculiares desta popula9ao; na terceira parte sao apresentados os dados dapesquisa efetuada e sua analise; na quarta e ultima parte, sao apresentadas asConsideragoes Finais e 0 Relerencial Bibliografico do trabalho.

ix

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1 INTRODU9Ao

A evolu(jao das sociedades trouxe em sua trajetoria, entre Qutras

eaisas, uma mudanC;8 radical na visao que a humanidade tern dos

males fisicos e mentais que a afligem, desde as mais remotes tempos.

Os problemas fisicos que acometem a humanidade sempre

tiveram uma precedencia e uma aten~ao primordial sobre os problemas

mentais, 0 que e plena mente explicavel, afinal a dar fisica e mais

palpavel, visivel e objetiva que a dor mental, subjetiva, particular e

invisivel.

A nao materialidade da 'dor mental' leva a humanidade a buscar

soluc;oes nas mais diversas tantes ao lango da sua hist6ria: na

natureza, nos de uses, nas for<{as ocultas, e finalmente no estudo e

observa~ao daqueles que sofriam desses males.

o pr6prio conceito de saude mental tern S8 modificado no tempo.

Foram muitas as formas de identificac;:ao dos acometidos par problemas

da mente: IDuca, alienado, insano, doente mental, entre Qutros.

A saude mental 56 come~a a ser encarada como uma questao

medica tratavel e solucionavel a partir dos estudos e observa~6es de

Phillipe Pinel, medico frances, que na primeira metade do seculo XIX

desenvolveu trabalhos junto a pacientes com disturbios mentais,

quando come~am os primeiros tratamentos nesta area.

Desde entao estes doentes passam a ser tratados em institui~6es

especializadas, a pSiquiatria passa a ser reconhecida como

especialidade medica e a 'Ioucura' passa a ser denominada 'alienac;ao'.

Novas tecnicas, praticas, teorias, remedies e substancias foram

descobertas e desenvolvidas. Agora as saudes fisicas e mentais sao

censideradas partes importantes de um todo - 0 ser humano. 0 que

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remete a um novo modelo de cuidar da saude: 0 modelo de Ateny80

Integral a Saude.

Todas as a90es que promovem a qualidade de vida de usuarios

de um sistema de presta9ao de servi90s devem ser guiadas par suas

foryas e suas fraquezas no sentido de otimizar as condiyoes de oferta

dos seus serviyos.

Em relay80 a prestay80 de serviyos na area de saude, a sua

abrang€mcia e efetividade devem aparecer de modo claro aos decisores

e executores, como unica forma de monitorar e avaliar 0 trabalho que

esta sendo desenvolvido.

Atualmente, no rastro de uma tendemcia mundial, 0 Brasil e suas

instituiyoes estatais ou privadas, passam por uma reavaliayao de suas

estruturas assistenciais, previdenciarias e medicas. 0 modelo de

Aten9ao Integral Saude implementado em 1988, via norma

Constitucional, e atraves da implanta9ao do SUS, estabelece a

descentralizayao, a participay80 social e 0 atendimento integral na area

de saude. Estas mudanyas impuseram as instituiyoes as necessarias

adaptayoes as novas normas e praticas.

Entre estas, as empresas de autogestao em saude buscaram a

sua adequay80 no sentido de melhorar 0 seu atendimento e

abrangencia, sem descuido das suas necessidades financeiras, para

satisfazer as demandas de seu publico. A Caixa de Assistencia dos

Funcionarios do Banco do Brasil (CASSI), como uma empresa de

autogestao, em aderencia a esta nova mentalidade, implanta em 1999 -

de forma pioneira na rede privada de serviyos de saude, 0 Novo

Modelo de Aten9ao Integral a Saude, e com isto altera

significativamente algumas normas, praticas e procedimentos para urn

melhor atendimento de seus beneficiarios.

A CASSI Curitiba, em consonancia com este novo momenta par

que passa a empresa como urn todo, firma convenio com a

Universidade de Toronto, do Canada, para treinamento e qualifica,ao

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de seu pessoal tecnico, com base no programa desenvolvido nesta

Universidade pelo Departamento de Medicina Familiar e Comunitaria e

de Administra<;ao em Saude. Este processo de qualifica<;ao e

treinamento e a utiliza<;80 de suas tecnicas, assim como seus

resultados, continuam em processa de estudo e avalia<;ao pela unidade

CASSI em Curitiba e a sede da empresa em Brasilia.

Conforme 0 cronograma deste programa ja foram implementadas

diversas a<;oes para a promo<;8o da saude e a preven<;8o das doen<;as,

dentro desta nova 6tica, nas diversas areas atendidas na CASSI

Curitiba - inclusive na saude mental.

Esta pesquisa procura levantar as caracteristicas particulares do

perfil da populal'ao atendida no Programa de Saude da Familia na

CASSI Parana, cadastradas na Vigilancia em Saude Mental, para criar

condi<;oes de avaliar as a<;oes e as solu<;oes que possam contribuir

para melhorar 0 atendimento dos beneficiarios, 0 foco e a abrangencia,

em especial na area de Saude Mental.

Este trabalho busca categorizar os usuarios e as areas de

atual'ao dos servil'os e atendimentos realizados, no periodo de 2001 e

2002 (portanto, apes dois anas da implantal'ao do PSF na CASSI

Parana) para dimensionar 0 cenario deste projeto e dar condi<;oes para

a equipe de trabalho apontar as forl'as potencializadoras para sua

otimiza<;ao.

As pesquisas qualitativas e quantitativas sao uma das melhores

maneiras de aferir e avaliar de forma sistemica 0 grau de adequayao

das praticas institucionais aos valores, missao e objetivos propostos

para organizal'oes. Alem disSQ, estes metodos sao fundamentais

quando a corpora<;ao tem uma estrategia orientada para a mudan<;a e 0

aperfeil'oamento continuo.

Neste sentido, esta pesquisa academica procura responder ao

seguinte problema de pesquisa:

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Qual a influencia dos fatores: sexo, idade, estado civil, usuario

funcionario ou familiar, formayao e ocupayao, na populayao atendida

na Vigilancia em Saude Mental, da CASSI Parana, em relayao aprestayao de serviyo efetuada pela equipe?

o objetivo do estudo e trayar 0 perfil da populayao atendida e

cadastrada na Vigilancia em Saude Mental, pelas equipes do Programa

Saude da Familia da CASSI Parana em Curitiba, visando contribuir

para a avaliayao das ayoes na promoyao da saude e na maior

prevenyao de doenc;as.

Tal objetivo, nos remete aos seguintes objetivos especificos:

a) Identificar e classificar a faixa etaria, sexo e estado

civil das pessoas cadastradas na Vigilancia em Saude

Mental do Programa Saude da Familia da CASSI

Parana;

b) Identificar e classificar a formayao e a ocupac;ao das

pessoas cadastradas na Vigilancia em Saude Mental,

diferenciando os funcionarios do Banco do Brasil, da

ativa e aposentados, dependentes e familia res;

Identificar 0 percentual de pessoas acompanhadasc)

pelo medico de familia e pelo medico psiquiatra

referenciado.

Para a realizayao da analise dos dados faz-se necessario recorrer

a autores que discutem as condiyoes da saude mental, nos dias de

hoje.

a referencial te6rico aborda teorias sobre a saude mental, 0

hist6rico dos tratamentos ate ° nosso tempo. E como 0 trabalho da

CASSI tem abordagem interdisciplinar, com enfoque no sujeito

biopsico-social, apresenta-se tambem um debate com auto res que

tratam desta tematica.

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A pesquisa em si, realizada na documentac;,:8o do publico-alvo

atendido pela institui,ao, e apresentada com a tabula,ao dos dados

coletados.

Finaliza 0 presente estudo as considerac;,:oes finais e as

referencias bibliograficas.

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2 REFERENCIAL TEORICO

2.1 SAUDE MENTAL

2.1.1 Hist6rico no mundo

Os conceitos estabelecidos pela sociedade, de saude ou doenga

mental, modificaram-se e evoluiram na medida dos avan«os do

conhecimento nas ciencias filos6ficas, medicas e sociais.

Na cultura primitiva cabia aos xamas4 au aos feiticeiros a "cura au

tratamento" dos disturbios menta is dos individuos. Atinal estes

dominavam as elementos da natureza au espiritos, as causadores de

quaisquer fen6menos sem explicaC:;8o nestas sociedades.

Na antiguidade 0 desenvolvimento da cultura e das ciencias leva

ao questionamento do pensamento pre-existente. Hipocrates,

Arist6teles, Platao, S6crates, Maome, Sidarta, estes e outros

estudiosos das diversas faeetas da condi<;ao humana elevam 0

conhecimento da humanidade a patamares jamais alcangados. Alguns

dos preceitos e conceitos elaborados par estes pensadores sao

seguidos e considerados validos ate as nassas dias.

Como a questao filos6fica do cogito cartesiano "penso, logo

existo", que continua sendo estudada e debatida ate hoje, 0

pensamento e todas as atividades menta is dele decorrentes, despertam

a curiosidade da ch3ncia e da cultura popular. Levando inclusive a

reflexao de que estando a existencia atrelada ao pensamento, nada

4 [de xaman, de uma lingua asiatica, 'esconjurador, exorcista'.] S. m. Mago xamanista. FERREIRA, A.8. de H. Novo dicionario da lingua portuguesa. 1 ed. 10a impressao.

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garante a sanidade do individuo que assim se enuncia. Po is havendo

pensamento, existe a possibilidade do enlouquecimento.

Razao e loucura, nao sao elementos de uma dicotomia referente asaude mental, mas partes integrantes da existencia humana.

A evolUCfaO do conhecimento em assuntos referentes a saude

mental das pessoas levou ao surgimento de areas de estudos

especificas, como a pSicologia, a psiquiatria e a psicanalise. Estas

novas especialidades desenvolveram-se ao longo do tempo, criando

processos e procedimentos, tecnicas e teorias proprias, para atender

as crescentes necessidades a cada uma de suas novas descobertas.

Na historia da saude mental 0 portador de transtorno mental, ate

o seculo xx, era denominado "Iouco".

Na idade media, os loucos, os pobres, os velhos, as pessoas com

doem;as infecciosas transmissiveis e os marginalizados, eram

colocados em conjunto em locais destinados para os nao capazes, e

submetidos ao trabalho pesado, "visando corrigir, '0 vicio ou 0 pecado'

da ociosidade". (SESSA JORGE; da SILVA; de OLIVEIRA, 2000, p.16)

Na sua obra, FOUCAULT (1975), cita que apenas na metade do

saculo XVII foi identificado como "asilo de loucos" a instituiyiio voltada

para 0 confinamento apenas dos doentes com disturbios menta is,

sendo que aqueles que subvertiam a ordem publica (pobres, velhos,

invalidos, mendigos e doentes infecciosos) e nao podiam sofrer

castigos publicos e que antes eram segregados junto aos loucos,

passam a ser excluidos do convivio social em outros tipos de "asilo".

Este procedimento estava em desacordo com 0 pensamento da

revoluyiio intelectual surgida no Renascimento, nos saculos XVII e

XVIII, e que deu origem, entre outros avanyos, ao saber denominado

Giencias Naturais e ao preceito de que 0 conhecimento cientifico

deveria derivar de urn metodo cientffico. Galileu, Descartes, Bacon e

Newton, foram alguns dos destacados pensadores desta apoca que

,"

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contribulram para uma nova visao do homem e da sociedade, 0

chamado "Iluminismo".

Este movimento impos, entre outras mudanyas, a transferencia de

algumas atividades antes restritas a Igreja para 0 Estado. Essa

transferencia resultou na necessidade de forma<;ao de especialistas,

em diversas areas, para cumprir adequadamente com a tarefa e

administrayao destas novas atividades, 0 que entre outros resultados

gerou a especializayao das atividades e instituiyoes no atendimento do

paciente com problemas de disturbios mentais.

Esse modelo de segregayao e exclusao do convlvio social, dos

indivlduos considerados loucos, manteve-se ate 0 seculo XIX.

A publica<;ao da obra de Pinel, (1745-1826) em 1801, e

republicada em 1809, marca a mudan<;a da denomina<;ao da doen<;a

chamada 'Ioucura' para "alienayao" e inaugura a psiquiatria como

especialidade medica, acreditando que sao causadas par um

"comprometimento au lesao do intelecto e da vontade, nao tendo,

portanto, causas organicas".

Pinel identifica como causas indutoras da alienayao "a

hereditariedade, as influencias de uma educa<;ao corrompida e a

desregramento no modo de viver,,6.

A partir de Pinel, a alienado passa a ser internado em Institui<;6es

preparadas para 0 seu tratamento. Os hospitais psiquiatricos, mas

ainda 0 doente fica restrito ao limite dos muros dessas institui<;oes.

No seculo XX diversas descobertas modificaram profundamente a

tratamento dos pacientes com disturbios mentais:

a) Karl Jaspers publica em 1913 aquela que seria considerada

uma obra-prima da psiquiatria: Psicopatologia Geral. Esta obra

5 Phi1lipePinel, psiquiatra frances que institucionaliza 0 tratamento do doente mental e e 0 criador deum sistema de classifica980 das enfermidades menlais.'BESSA JORGE; da SILVA; de OLIVEIRA, 2000, p.17

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de orienta98o fenomenol6gica e responsavel por profundas

mudanc;:as na investigac;:ao das doen<;:as menta is.

b) Em 1938, dois psiquiatras italianos, Ugo Cerletti (1877-1963) e

Lucio Bini (1908-1964) descobrem a eficiencia do eletrochoque

para 0 alivio das psicoses maniaco-depressivas.

c) Em 1949, John Cade (1912-1981). australiano, percebeu a

possibilidade de utiliza980 do litio' para 0 tratamento da

psicose maniaco depressiva.

d) Mais tarde, em 1952, foi descoberto pelos franceses Jean

Delay e Pierre Deniker, a clorpromazina8 como tranqGilizante.

e) Em 1958, descobre-se a imipramina' como agente

antidepressivo, pelo sui90 Roland Khun.

f) Em 1960, nos Estados Unidos, come9a a surgir a tese da

desinstitucionaliza98o dos pacientes psiquiatricos, como fruto

do Movimento Preventista, que sugere um conjunto de medidas

que objetivam a desospitalizactao mas que tambem preocupa-

S8 em organizar urna estrutura de servir;os ambulatoriais para

o atendimento da demanda.

o sucesso desta experiencia nos Estados Unidos, pode ser

exemplificado com a criac;ao do Ata dos Centres Comunitarios de

Saude, em 1963.

Gerald Caplan, com seu modelo preventiv~, conhecido como

Psiquiatria Preventiva ou Psiquiatria Comunitaria, e vista par muitos

como 0 inovador da psiquiatria tradicional, e foi denominado por R.H.

Felix - diretor do Nactional Institute of Mental Health (E.U.A.), "uma

biblia" da Saude Mental.

7 Litio, elemento quimieo, metalieo, alcalino, branco prateado, muito leve e reativo. FERREIRA, A. B.de H. Novo dicionario da lingua portuguesa. 1 ed. 10a impressao6 Clorpromazina. Substancia quimiea que age como antipsicotico. Dicionario de EspecialidadesFarmaceuticas (DEF) 2002103.9 Imipramina, Substaneia quimiea que age como antidepressivo. Dicionario de EspecialidadesFarmaceuticas (DEF) 2002103.

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o modelo de Caplan foi a base para as discuss5es sobre as

interna<;6es psiqui,jtricas, e para a implementa<;ao e desenvolvimento

dos atendimentos ambulatoriais em saude mental, possibilitando assim

o acesso das pessoas de baixa renda, ao tratamento e preven9ao das

doen9as mentais.

Segundo KAPLAN e SADOCK (1990, p. 525-545), "a Psiquiatria

Comunitaria e a ramo da PSiquiatria que desenvolve e mantem

programas organizados para a promoc;ao da saude mental, preven9Bo e

tratamento de disturbios mentais e reabilita<;ao de ex-pacientes

psiqui8tricos"

Abaixo a rela<;ao das caracteristicas que diferenciam 0 modele de

Caplan:

a) Identifica<;ao de todas as necessidades de saude mental

da popula<;ao, envolvimento dos cidadaos e figuras

politicas no processo de planejamento da importancia

tanto II preven<;ao quanto ao tratamento;

b) A Equipe de Saude Mental Comunitaria envolve

psiquiatras, psic610gos clinicos. assistentes socia is,

enfermeiras, terapeutas ocupacionais e recreacionistas,

alem do pessoal burocratico administrativo;

c) Os programas de Saude Mental Comunitaria defendem a

continuidade do tratamento e proporcionam intercambio

de informa<;6es e responsabilidades da equipe de

profissionais para com 0 paciente;

d) A preven<;ao e baseada nos principios de saude publica e

refere-se ao corpo de conhecimentos profissionais,

te6ricos e prcHicos, que podem ser utilizados para

planejar e executar pianos destinados a reduzir a

incidencia de disturbios mentais de todos os tipos numa

comunidade (preven<;ao primaria); identificar

precocemente e reduzir a dura<;ao de um numero

10

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significativo daqueles disturbios que efetivamente

ocorrem (prevenyao secunda ria); e reduzir a prevalencia

de defeitos e incapacidades que poderao resultar nesses

disturbios (prevenyao terciaria).

Em 1978, 134 paises se reuniram na Conferencia de Alma Alta,

na Uniao Sovietica, para discutir as estrategias de saude publica para

enfrentar os problemas nesta area dos paises subdesenvolvidos.

Considerada 0 marco inicial do processo de mudanya do modelo

de atenyao a saude, esta conferencia consolida a atenyao prima ria

como a methor forma de atender as necessidades de: equidade,

atenc;ao integral - integralidade, universalidade, com reforc;o do nivel

basico de atenc;ao e enfase na promoc;ao da saude e na prevenc;ao de

doenyas e acidentes, e de seus fatores de risco.

Neste processo 0 cuidado em saude mental que ja passava por

experiencias de aplicayao de um novo modelo se fortalece a medida

que as discussoes mundiais em saude vao se ampliando.

2.1.2 Historico no Brasil

A loucura no Brasil e vista sob 0 mesmo entendimento corrente

no resto do mundo. No perlodo colonial os lou cos no Brasil ou eram

abandonados nas ruas a sua propria sorte, ou confinados em casa -

por falta dos chamados "asHos de loucos", ou remetidos as prisoes -

por perturbac;6es da ordem publica, ou enviados a Europa - opc;ao

reservada a uma minoria privilegiada da sociedade brasileira. A grande

maio ria da populayao nos assuntos referentes a saude mental, assim

como nos demais assuntos, estava entregue a seu proprio destino. Nao

tinham 0 suposto 'beneficio' de serem segregados e esquecidos em

instituic;6es chamadas de "asilos de loucos".

Embora nao tivesse ocorrido uma "caya as bruxas", como

aconteceu na Europa e EUA, no Brasil foram registrados alguns

pouquissimos casos de julgamentos realizados pela Inquisic;ao, em que

II

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individuos foram julgados hereges e infieis, normalmente a

denomina9iio da Igreja para os considerados bruxos(as) e ou

feiticeiros(as). e extraditados para Portugal para execu<;ao, conforme a

tradi9iio da epoca. Este era um comportamento corrente nas

sociedades durante a Idade Media, para resolver casas de

desajustamento de comportamento ou para satisfazer 0 inadequado

entendimento para fen6menos inexplicaveis.

A mudan<;a no comportamento e entendimento das qU8st5es

referentes a doenc;;:a mental ocorre paralelamente as ocorridas na

Europa, com 0 atraso decorrente e natural da distancia entre a Colonia

e a sed a do Imperio Portugues e em proporc;:ao com as condi<;oes

financeiras da nossa sociedade.

Ate 1830 as !inicas OP90es de atendimento aos doentes mentais

eram locais ou celas, nas Santas Casas de Misericordia, destinadas

aos loucos. Sob a egide das ideias de Pinel e outros estudiosos da

condiC;:8o mental humana, medicos higienistas brasileiros - com

destaque para Jose Martins da Cruz Jobim, Joaquim Candido Soares

de Meirelles, Luiz Vicente de Simoni, Jean-Maurice Faivre e Francisco

Xavier Sigaud, exigem melhores condi90es de atendimento e

tratamento especifico aos doentes mentais. Este nucleo de medicos

transforma-se no pioneiro da psiquiatria brasileira, embora sem

qualquer formaC;8o na area medica psiquiatrica - novo ramo da

medicina desenvolvida a partir dos trabalhos de Pinel, na Fran9a; de

Vicenzo Chiarugi e 0 bariio Pietro Pisani, na Italia; Johann

Langermann, na Alemanha; William Tuke, na Inglaterra; e Benjamin

Rush, nos EUA, entre outros.

Em 1841 e criado 0 primeiro hospicio - 0 Hospital D. Pedro II, na

cidade do Rio de Janeiro, capital do pais, como resultado dos protestos

daqueles medicos, seguindo na sua constru980 a orientaC;8o e os

prop6sitos da Escola Alienista Francesa.

Ate 1911, criam-se outros asilos e dispositivos psiquiatricos nos

moldes do antigo Hospital D. Pedro II, chamado agora - e desde 1890,

12

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de Hospicio Nacional dos Alienados. Nesta epoca surgem as Co16nias

Agricolas para doentes mentais, voltadas para a efetivagao da vocagao

do trabalho agricola.

Apenas em 1930, com a cria~ao do Ministerio da Educa~ao e

Saude Publica, este quadro safre alguma altera~ao. Este ministeria

passa a incorporar a assistencia aos chamados pSicopatas e sao

sistematizados os processos referentes as pessoas que necessitam de

cuidados psiquiatricos.

A criagao do Servigo Nacional de Doengas Mentais (SNDM), em

1941, e outro marco na questao da saude mental no Brasil. Com os

acordos firmadas por este servi~o com as secretarias de saude dos

Estados a partir de 1946, foram ampliados e construidos novos

hospitais e ambulat6rios de higiene mental, melhorando 0 atendimento

aos pacientes portadores de disturbios mentais e aumentando a

dissemina~ao e a descentralizac;:ao do acesso aos cuidados em saude

mental.

A reforma pSiquiatrica no Brasil come~a a ser discutida no inicio

da decada de 70 com a criagao do Instituto Nacional de Previdencia

Social - INPS, com a instituigao das normas que estabelecem os

criterios de classificac;:aa dos hospitais, a relalfao numerica

medico/paciente internado e regulamenta a remunerac;:ao de exames e

servi~os medico-hospitalares e outros assuntos.

Em 1974 0 SNDM transforma-se na Divisiio Nacional de Saude

Mental (DINSAM), assumindo fungoes normativas no sistema de

assistencia psiquiatrica. Paralelo a isto, medicos preocupados em

prestar tratamento mais adequado e eficaz para os portadores de

doen~as menta is, visavam substituir as enfermarias e hospitais

psiquiatricos pelas chamadas "Comunidades Terapeuticas", que

segundo Botega e Delgalarrondo (1997), baseiam-se nos seguintes

principios:

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a) participa({ao ativa do paciente no processo terapeutico: as

pacientes devem deixar de lado a situa({ao passiva que

caracteriza a pratica medica e psiquiatrica tradicional e

participar no maximo do planejamento de seu tratamento,

execu({ao de tarefas diarias, avalia({ao do tratamento e da

institui({ao, participa({ao no processo de tomada de decisoes,

etc.;

b) instrumentos terapeuticos: podem ser usados diversos

recursos, como pSicoterapia individual, farmacoterapia, terapia

ocupacional, etc., mas a que e tido como central e a a({ao

terapeutica como urn todo;

c) a preocupa({ao maior da equipe terapeutica e a compreensao

do paciente como pessoa: com base em uma psicologia que

visa elucidar antes a sentido dos sintomas do que sua

classifica,iio. A doen,a e 0 diagnostico, enquanto entidades

generaliz8.veis, sao colocadas em segundo plano em rela({ao a

particularidade de cad a paciente;

d) 0 estado emocional da equipe influencia de forma relevante 0

estado psiquico dos pacientes e seu desenvolvimento

terapeutico: 0 que faz com que os profissionais precisem de

constante supervisao;

e) a tomada de decisoes abandona a hierarquia rigida do medico-

chefe: e se horizontaliza, buscando a maior participa({ao e

divisao de responsabilidades possiveis.

Para a pratica desse modelo, faz-se necessario a cria,iio de

equipes terapeuticas multiprofissionais, basicamente integradas par:

psiquiatras, enfermeiros pSiquiatricos, psicologos clinicos, terapeutas

ocupacionais e assistentes socia is, composi({ao hoje amplamente

aceita pelos profissionais da salide, com possibilidades do "saber e

poderu serem melhores distribuidos, e buscando nas suas a({oes uma

prcHica interdisciplinar.

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VASCONCELOS (2000, pA6) define interdisciplinaridade como:

"axiomatica comum a urn grupo de disciplinas conexas, definida no

nivel hierarquicamente superior, introduzindo a no~ao de finalidade,

tendendo (mas nao necessariamente) para a cria~ao de campo de

saber autonomo".

Com esta compreensao entende-se que a equipe terapeutica deva

buscar amadurecimento pessoal e cresci menta profissional para

interagir numa relac;:ao horizontal de poder, facada na necessidade do

paciente e na busca da socializa~ao dos conhecimentos, caminhando

para a concretiza({ao do saber comum a todos os profissionais da

equipe.

Inicialmente 0 trabalho em equipe, pode gerar conflitos etou

rivalidades. Par isso a imporUincia da manuten9ao da equipe, evitando

troca de profissionais, para que ao longo do tempo, os conflitos

apare~am e sejam trabalhados, e se crie ambiente propicio para a

construc;:ao do saber comum.

Neste processo de construCfao de equipes, e indicada a presenc;:a

de urn coordenador "escolhido e ace ito pela equipe, acessivel e

presente a maior parte do tempo, com capacidade de lideran~a e

flexibilidade para compor demandas, as vezes complexas e

contradit6rias, e que saiba priorizar necessidades e delegar fun<{6es."

(BOTEGA e DELGALARRONDO, 1997, pA7). Ficando bem definido

para todos os profissionais a "delimita~ao clara, embora flexivel, de

objetivos e campo de atua~ao, que se contra poria tanto as posi~6es

rigidas, estanques e preconcebidas, baseadas na inseguranc;a

profissional, como a confusao total de papa is, onde todos fazem de

tudo e de qualquer maneira".(ldem)

Esta mudan~a toma a sua forma definitiva em 1991, quando 0

Governo emite a RegulamentaC;8o para a Assistencia PSiquiatrica,

atendendo as propostas emanadas da "Declara~ao de Caracas".

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Esta Declara<;ao foi resultante da Conferencia Regional para a

Reestruturagao da Assistencia Psiquiatrica no Continente, organizada

pela Organizagao Pan-americana de Saude (OPAS), em novembro de

1990.

Como conseq(iencia desta norma, na decada de 90 muitos

hospitais pSiquiatricos foram fechados, por nao atenderem os criterios

basicos para a assistencia previstos na legisla9ao.

Foram regulamentados os serviyos residenciais terapeuticos,

comega a implantagao de leitos psiquiatricos em hospitais gerais e os

servi90s de atendimento diario, de base comunitaria.

Todas estas a<;6es visavam alcan<;ar, em futuro proximo, uma

aten<;ao em Saude Mental que garantisse os direitos e promovesse a

cidadania dos portadores de transtornos menta is. favorecendo a sua

inclusao social.

2.2 MODELO DE ATEN<;:AOA SAUDE

2.2.1 Hist6rico no mundo

Pode-se constatar que todas as preocupa96es com as melhorias

no atendimento da Saude Mental, vern ao encontro da busca na

melhoria da Saude em Geral, discutida no mundo inteiro, enfatizando-

se 0 ser humane enquanto sujeito da sua hist6ria.

No inicio do seculo XX, a Gra-Bretanha instituiu a 'seguro

nacional de saude', que resultou no texto da organiza<;ao do sistema de

servigos de saude (LORD DAWSON of PENN, 1920), primeiro

documento a distinguir e descrever as fun96es dos tres principais

niveis de serviyos de saude: os centros de saude primarios, as

secundarios e os hospitais-escola (os terciarios). Esta foi a base para 0

conceito de regionaliza<;ao, ou seja, um sistema de organiza9ao de

servigos medicos adequado aos diversos niveis de necessidade da

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sociedade. E fonte para posterior adapta9ao dos servi90s medicos de

diversos paises.

o relat6rio Dawson, de 1920, apresenta a estrutura do modele de

aten9ao a saude baseada no tripe: aten9ao primaria - nivel basico, mas

resolutivo; atenC{a.o secundaria - nivel intermediario, baseada em

especialistas atraves de consultas encaminhadas pelo nivel basico;

atenc;ao terciaria - nivel hospitalar, para doen<fas mais complicadas e

incomuns, encaminhadas pelo nivel secundario.

Deve-S8 destacar que naD se confundem a 'atenC{ao medica

primaria' - convencional, com a 'aten((.3o primaria a saude' (APS) -

mais ampla e resolutiva. Esta clara distin9ao foi 0 tema da Conferencia

de Alma Alta (1978) que entre outros assuntos trata do acesso e a

eqiiidade para 0 atendimento em saude enfatizando a longitudinalidade,

a integralidade e a coordena9ao, no contexte da Aten9ao Primaria a

Saude (BARBARA STARFIELDT, 2002, p.62-63).

A longitudinalidade pressupoe a existencia de uma fonteregular de alenc;:ao e seu usa ao 10ngo do tempo. Assim, aunidade de aten'tao primfuia deve ser capaz de identificar apopula'tao eletiva, bem como as individuQs dessa populac;:ao- que deveriam receber seu atendimento da unidade, excetoquando for necessario realizar uma consulta fora ou fazerum encaminhamento. Alem disso, ° vinculo da populay80com sua fonte de ateny80 deveria ser refletida em forteslayos interpessoais que refletissem a cooperay80 mutuaentre as pessoas e os proflssionais de saude.

A integralidade implica que as unidades de ateny80 primariadevem fazer arranjos para que 0 paciente receba todos oslipos de serviyos de atenyao a saude, mesmo que algunspossam nao ser oferecidos eficientemente dentro delas. Isloinclui 0 encaminhamento para serviyos secundarios paraconsultas, serviyos terciarios para manejo definitivo deproblemas especificos e para serviyos de suporlefundamentais, tais como internayao domiciliar e oulrosserviyos comunitarios ( ... ).

A coordenalt8o (integraC;:8o) da atenC;:8o requer alguma formade conlinuidade, seja par partes dos profissionais, seja parmeio de pronluarios medicos, ou ambos, alem dereconhecimento de problemas (um elemento processual).

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A Aten9ao Integral a Saude tem como foco a pessoa, como um

todo biopsico-social e espiritual, inserido nas inter-relat;6es familiares,socia is e de trabalho e que necessitam ser cuidadas ao longo do

tempo, em todas as fases do cicio de vida, e naD apenas nos epis6dios

de agravos de sintomas e/ou doen9as e priorizando a90es de prom09ao

da saude e preven9ao de doen9as.

A mudan<;a do paradigma cartesiano em assistencia de saude,

para 0 paradigma holistico-integral, visando a implanta9ao e

implementa9ao do Modelo de Aten9ao Integral a Saude, com enfase na

promoC;8o da saude, preven<f8o de doenc;as e dos cuidados primarios

em saude, no mundo, comec;:am a ser definidos a partir da Conferencia

de Alma Alta (1978) na sua declara9ao "Saude para todos no ano

2000".

Ao termino deste encontro ficou reconhecido por todos que "( ... )

saude e urn direito fundamental do ser humane que 56 pode ser

alcan<;ado com a participay80 de setores sociais e economicos, alem

do setor da saude ( .. )." (CHAVES, 1982, p. 37).

Ap6s esta conferencia, a Organiza9ao Mundial de Saude (OMS)

adotou urn conjunto de principios basicos para a ateny80 prima ria em

saude, conhecido como a Carta de Lubliana, que propoe 0 seguinte

caminho a ser seguido pelos sistemas de atenlfao a sauda:

a) dirigido por valores: de dignidade humana, equidade,

solidariedade e etica profissional;

b) direcionado: para a prote9ao e prom09ao da saude;

c) centrado: nas pessoas, permitindo que os cidadaos influenciem

os serviCfos de saude e assumam a responsabilidade por sua

propria saude;

d) focado: na qualidade, incluindo a rela9ao custo-efetividade;

e) baseado: em financiamento sustentavel, para permitir a

cobertura universal e a atenCfao primaria.

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Em maio de 1979, foi definido pela Assembleia Mundial de Saude

(AMS), 0 conceito para Aten9ao Primaria a Saude (APS):

Aten930 essencial saude baseada em tecnologiametodos praticos. cientificamente comprovados esocial mente aceitaveis, tornados universal mente acessiveisa individuos e familias na comunidade por meios aceitaveispara eles e a um custo que tanto a comunidade como 0 paispossa arear em cada estaglo de seu desenvolvimento, umespirito de autoconfianC;8 e autodeterminac;:3o. E parteintegral do sistema de saude do pais, do qual e fun9030central, sendo 0 enfoque principal do desenvolvimentosocial e econ6mico global da comunidade. E 0 primeiro niveldo contata dos individuQs, da familia e da comunidade coma sistema nacional de saude, levando a aten930 a saude 0

mais pr6ximo possivel do local onde as pessoas vivem etrabalham, constituindo 0 primeiro elemento de um processode atentyao continuada a saude (ORGANIZA<;AO MUND1ALDA SAUDE, 1978)

Apes esta assembleia realizaram-se tres confereneias mundiais,

com foco na promoC{ao da saude, que culminaram em documentos de

relevante importimcia para a concretizaC{ao do novo paradigma da

saude: Conferencia do Canada (1986), da Australia (1988) e da Suecia

(1991 ).

Do Canada originou-se a Carta de Ottawa, que definiu "a

prom09ao da saude como processo de capacita9ao da comunidade para

atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saude, ineluindo uma

maior participa9ao no controle desse processo." (MUNDO DA SAUDE,

1996, p. 291).

A Declara9ao de Adelaide, originada da Conferencia da Australia,

prioriza as politieas publicas saudaveis. Identificando as quatro

primeiras areas para promover aC{oes imediatas: "apoio a saude da

mulher, alimentaC{ao e nutriy8o, tabaeo e alcool e a criay80 de

ambientes favorl;veis." (MUNDO DA SAUDE, 1996, p. 291).

Da Conferencia realizada na Suecia, originou-se a DeclaraC{8o de

Sundsvall, que ampliou 0 entendimento de ecologia como tambem "( .. )

dimensao social, economica, politica e cultural." (MUNDO DA SAUDE,

1996, p.291).

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Enfatiza-se, assim, a necessidade de politicas governamentaisque privilegiem esta forma mais abrangente de entender que "ambiente

e saude sao interdependentes e inseparaveis".

Oada a importancia do tema, apes estas conferencias mundiais,encontros regionais foram realizados para prop~r politicas adequadasnestas regi6es em aderencia as resolu96es mundiais e adaptadas as

suas caracteristicas, alem de buscar avan~ar em temas ainda nao

tratados anteriormente.

Assim a Conferencia realizada em Bogota - na Colombia, em1992, determinou que "( ..) a prom09ao da saude na America Latina

busca a cria~ao de condi~6es que garantam 0 bem estar geral comopropesito fundamental do desenvolvimento, assumindo a rela~ao demutua determina9ao entre saude e desenvolvimento." (MUNDO DA

SAUDE, 1996, p. 291).

Em 1994 um grupo de trabalho da regiao europeia da

Organiza9ao Mundial de Saude (OMS), por meio da Carta para Clinica

Geral e Medicina de Familia na Europa, reconhece publicamente:

o papel da atenQao primaria como urn sistema de aten.;:aoque oferece atendimento acessivel e aceitavel para ospacientes; assegura a distribuiQao equitativa de recursos desaude; integra e coordena servi.;:os curativ~s, paliativos,preventivos e promotores de saude; controlam de formaracional as tecnologias da atenQao secundaria e osmedicamentos; e aumenta a rela.;:ao custo-efetividade dosservi.;:os.

o aumento da relalfao custo-efetividade e obtido por meio de 12caracteristicas:

a) Geral: nao e rest rita a faixas etarias ou tipos de problemas ou

condi~6es;

b) Acessivel: em rela9ao ao tempo, lugar, financiamento e

cultura;

c) integra: curativa, reabilitador, promotora de saude e preventiva

de enfermidades;

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d) Continuada: longitudinalidade ao longo de periodos

substanciais de vida;

e) Em Equipe: a medico e parte de um grupo multidisciplinar;

f) Holfstica: perspectivas fisicas, psicol6gicas e sociais dos

individuQs, das familias e das comunidades;

g) Pessoal: atenyc3.o centrada na pessoa e nao na enfermidade;

h) Orientada para a familia: problemas compreendidos no

contexto da familia e da rede social;

i) Orientada para a comunidade: contexte de vida na comunidade

local, consciencia de necessidades de saude na comunidade e

colaboraq8.o com Qutros setores para desencadear mudanq8s

positivas de saude;

j) Coordenada: coordena<;ao de toda a orienta<;ao e apoio que a

pessoa recebe;

k) Confidencial: as dados e informa<;5es dos pacientes sao

protegidos par 5igilo profissional;

I) Defensora: defensora do paciente em quest6es de saude

sempre em relaC;8o a todos as Qutros provedores de atenyc3.o asauds.

Todas as discuss6es e estudos em saude, no mundo, atualmente,

priorizam 0 desenvolvimento e a implementayao da Atenyao Integral em

Saude.

2.2.2 Hist6rico no Brasil

Embora desde a sua participa<;ao na Conferencia de Alma Alta,

em 1978, 0 Brasil fosse signata rio das resoluyoes deste encontro que

ja previam este modelo, apenas em 1983, ainda no regime militar de

governo, comeya 0 processo de descentralizayao da saude. E quando

sao implementadas as A<;5es Integradas de Saude (AIS), onde a

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governo come9a a efetivar a transferencia de verbas para os

municipios e a incentivar a participay80 da sociedade a gerir diretrizes

da saude publica.

No Brasil, 0 Modelo de Aten9ao Integral a Saude, tem sua

implanta9ao legal quando da promulga9ao da Constitui9ao de 1988 - a

chamada 'Constitui9ao Cidada', que previa a implanta9ao do Sistema

Unico de Saude (SUS), em que se estabelece "( .. ) a descentraliza9ao,

a participa9ao Social e 0 atendimento integral." (COHN e ELIAS, 1996,

p. 111).

Essa descentraliza9ao ja iniciada em 1983 e reafirmada pela

constitui9ao de 1988, apesar de prevista em lei, em decorrencia das

crises e das politicas economicas, e do deficit publico do Estado

Brasileiro, tem a sua implantayao dificultada, causando atraso na

efetivayao do SUS, que tem como uma das suas estrategias para 0

Atendimento Integral a Saude, 0 Programa Saude da Familia (PSF).

No Rio Grande do Sui (RS), no Grupo Hospitalar Concei9ao, em

Porto Alegre, surge 0 mais antigo centro de Estudos em Medicina

Familiar do Brasil. Com base nesta experiencia e na pratica

internacional, 0 Brasil passa a implantar 0 PSF em 1994, atraves das

Secretarias Estaduais e Municipais de Saude, com 0 apoio do Governo

Federal atraves do Ministerio da Saude.

Diversos Estados e Municipios buscam implantar de forma

gradual e progressiva 0 PSF e 0 Programa de Agentes Comunitarios de

Saude (PACS). Curitiba (PR) e uma das primeiras cidades do pais a

implantar 0 seu programa, assim como Brumadinho (regiao

metropolitana de Belo Horizonte-MG), Assis (oeste do Estado de Sao

Paulo-SP), Londrina-PR, Campina Grande-PB, entre outras.

Mas a falta de capacita9ao e forma9ao e dos principais fatores

de limita9ao de expansao dos programas PSF e PACS ao lado da falta

de recursos, ja citada anteriormente. Para atender esta necessidade 0

Ministerio da Saude, em 1996, em parceria com

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eriou os Polos de Capaeitagao, Formagao e Edueagao Permanente para

o Programa Saude da Familia.

Apesar da expansao destes polos e do aproveitamento das

experiencias de Qutros paises, como: a Inglaterra, Canada - atraves da

Universidade de Toronto, Cuba, entre outros. A demanda no pais,

principalmente nas cidades pioneiras deste processo - entre elas

Curitiba (PRJ, por formagao e expansao das equipes de PSF e PACS,

tem se mostrada aeima da eapaeidade destes polos. A neeessidade de

qualificactao continuada dos profissionais e das equipes e fator

fundamental para adequada implantagao do Programa de

Atendimento Integral a Saude nas equipes de PSF e PACS.

Apesar disto, a partir de margo de 1995, iniciou-se 0 proeesso de

expansao do Programa Saude da Familia, na rede publica de Curitiba,

com a90es mais sistematizadas, com maior envolvirnento e

engajamento dos tecnicos e da prefeitura da Cidade.

2.3 A CASSI E 0 MODELO DE ATEN<;,iiO INTEGRAL A SAUDE

A Caixa de Assistencia dos Funcionarios do Banco do Brasil

(CASSI) foi fundada, pioneiramente, em 1944, a partir das modificagoes

implementadas pelo Governo Federal nos Institutes de Assistencia e

Pensao de diversas categorias profissionais (os lAPs), entre eles 0

Instituto de Assistencia e Previdencia dos Sancarios - lAPS, que

geraram grandes insatisfagoes devido a redugao, limitagao e qualidade

dos servigos prestados nestes institutos, geridos pelo Estado, nesta

epoca.

Podemos considerar que a Hist6ria das Caixas de Assistencia e

Previdencias Privada, tem seu inicio na lei Eloy Chaves, promulgada

em 1923, que determinou a criagao da Caixa de Aposentadoria e

Pensao (CAP) como beneficio aos funcionarios das empresas de

estradas de ferro da epoea. Prevendo eontribui,ao igualitaria dos

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empregados e empregadores, para custeio e manuten<;ao dessas

caixas, com natureza civil e privada, com amplas atribui<;oes, inclusive

a cobertura das despesas com assistencia medica dos funcionarios e

seus familia res.

A partir de mudan<;as na legisla<;ao em 1926, os criterios da Lei

Eloy Chaves, foram aplicados para a formar;ao das CAPs para as

categorias dos portuarios e maritimos.

Como a oferta de servir;os privados de saude desta epoca, era

incipiente, fo; estimulada e favorecida a criaC;8o dos serviyos proprios

de atendimento medico, aposentadoria e pensao (CAPs), administrados

pelas caixas, para diversas Qutras categorias de trabalhadores.

Em 1930, com 0 inicio da intervenr;ao mais sistematizada do

Estado, inicia-se uma conten980 dos recursos destinados para as

serviyos de previdencia e assistencia, ampliados na decada anterior.

Em 1933, 0 novo sistema de previdencia e formado pelos

Institutos de Aposentadorias e Pens6es (lAPs), com ativa participar;ao

do Estado e caracterizado pela abrangencia do atendimento a todos os

trabalhadores de uma mesma categoria profissional. Devido aos

criterios restritivos aplicados no periodo de 1930 a 1945, houve

consideravel reduy30 na concessaa de aposentadorias e pens6es, bern

como significativa redu<f80 dos recurSDS previstos para os serviyos

ambulatoriais, hospitalares e farmaceuticos. Este contexto gerou a

grande insatisfa,ao, pelos servir;os prestados pelo IAPB (Instituto de

Aposentadoria e Pensao dos Bancarios), que culminou na criay80 da

CASSI (Caixa de Assistencia dos Funcionarios do Banco do Brasil), em

27 de Janeiro de 1944. Administrada pelos pr6prios funcionarios do

Banco do Brasil, e tendo como principal funy80 0 ressarcimento das

despesas com serviyos de assistencia medica dos associados

(funcionarios da ativa) e seus dependentes.

Em 1962 a CASSI cria seu regulamento pr6prio de auxilio e

admite 0 ingresso de aposentados e pensionistas.

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A partir de 1964, apos 0 golpe militar, os Institutos de

Aposentadorias e Pensoes (lAPs), que eram administrados pelos

trabalhadores em parceria com 0 Governo para as pagamentos de

beneficios de Previdencia e Saude, foram perdendo 0 poder de

argumenta,ao junto ao Governo face ao regime de exce,ao e ditatorial

da epoca, e com issa fcram S8 esvaziando.

Em 1969, 0 Governo cria 0 Instituto Nacional de Previdencia

Social (INPS), ficando a cargo do Estado as politicas publicas, a

organiza,ao e 0 controle do bem-estar da popula,ao.

Com a extin,ao dos Institutos de categorias em 1967, pelo

Governo Militar, as serviyos de saude dos bancarios sao transferidos

para 0 sistema publico, a que leva a uma migra980 daqueles que nao

haviam aderido a caixa dos funcionarios do BB, aumentando

significativamente a demanda pelos servi,os medicos na CASSI, 0 que

gerou a necessidade de uma reestruturaC;80 desta caixa em 1970,

quando foi agregado 0 regime de credenciamento/convenio ao sistema

de livre Escolha jil existente.

Com essa nova modalidade e principalmente pelo aumento da

demanda, as recursos da CASSI tornam-se insuficientes para a

manuten,ao dos servi,os, sendo necessario uma participa,ao

financeira do Banco do Brasil na capitaliza,ao da CASSI.

Em 1973, torna-se obrigatorio e registrado em contrato de

trabalho dos funcionarios do Banco do Brasil, a contribui,ao de 1% dos

proventos gerais par parte dos funcionarios e a Banco passa a

contribuir com 0 dobra do valor, 2 0/0, assumindo assim 0 BS a direC;8o

da Caixa.

Iniela-se em 1990, a processo de modernizactao administrativa na

CASSI. As mulheres conseguem inscrever seus maridos ou

companheiros como beneficiarios, e os funcionarios passam a eleger

um diretor executivo na dire,ao da CASSI.

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Problemas conjunturais levam a necessidade, em 1995, de novo

aporte de capital para suprir novas diferen<;as entre receitas e

despesas. A CASSI solicita novamente 0 apoio do Banco do Brasil, e

para resolver 0 deficit operacional, os associados (funcionerios do BB)

e 0 Banco, dividem as despesas e durante seis meses discutem uma

nova forma para as contribui90es.

Aprovando-se assim, um novo estatuto em junho de 1996, que de

inicio ao processo de autonomia da CASSI em rela<;80 ao Banco do

Brasil, com gestao compartilhada: cria-se 0 Conselho Deliberativo, com

dois membros eleitos pelos funcionarios (associados) e do is membros

indicados pelo BB; compoe-se uma Diretoria Executiva, com dois

membros indicados pelo BB e dois eleitos pelos associados (corpo

social); e a contribui<;ao para 0 associado passa a ser 3% do valor do

salario e 0 BS contribuiu, temporariamente, com 4,5% dos salarios dos

funcionarios ate que a CASSI pudesse assumir suas despesas

administrativas.

Para aumentar a receita e ampliar a assistencia a saude, a

CASSI oferece a partir de 1997 0 Plano Saude Familia, extensivo aos

familia res dos funcionarios do Banco do Brasil, ate 0 3° grau de

parentesco, e aos ex-funcionarios do BS, como estrategia para manter-

se como empresa de autogestao em saude, que podemos definir como:

A modalidade em que a pr6pria organizac;ao administra, semfinalidade lucrativa, a assistencia a saude dos beneficiariosa ela vinculada. Fazem parte deste segmento os pianos desaude destinados a empregados ativos ou aposentados ou aparticipantes de entidades associativas, beneficentes,assistenciais, previdenciarias, sindicais e de cooperativasde usuarios, bem como seus dependentes ate 0 terceirograu de parentesco.(A Historia da Autogestao em Saude noBrasil - CIEFAS, 2000).

Nesta epoca a CASSI prestava servic;os de atendimentos

ambulatoriais, com estrutura baseada no antigo modele de saude, que

previa especialidades medicas e com medicos do trabalho que

executavam as atividades em Saude Ocupacional, previstas no

contrato/convenio com 0 Banco do Brasil.

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Em Curitiba, 0 servi90 de saude, era composto por dois auxiliares

de enfermagem, um assistente social, um medico do trabalho, um

medico perito, um medico clinico, um pediatra e um cirurgU3.o geral,

sendo que 0 serviyo mais utilizado pela popula<;ao da CASSI, era 0

atendimento direto prestado pela rede de profissionais credenciados.

Preocupada em prestar assistencia integral de saude para seus

beneficiarios, controlar de forma racional os custos em saude e

fortalecer os seus serviyos proprios a CASSI implanta em 1997,

pioneiramente na rede privada de servi<;os de saude, 0 Novo Modelo de

AtenCfao Integral a Saude que preconiza, por meio de equipe

interdisciplinar, a promoCfao da saude e a prevenCfao de doenCfas.

As primeiras mudanCfas que marcam 0 inicio do novo modelo, na

CASSI, sao:

a) a criayao da Central de Atendimentos CASSI - 0800-780080,

destinada a promover a regula<;ao do sistema de saude CASSI,

e a prestar informaCfoes e orientaCfoes sobre saude, 24 horas

por dia;

b) a implanta<;ao das CLiNICASSI - Unidades de Aten<;ao Integral

a Saude, que ofereciam atendimento de maneira diferenciada e

acolhedora nas cidades do Rio de Janeiro, Campinas, Belo

Horizonte, Sao Paulo Recife e Salvador;

c) a cria<;ao, em 1998, do programa SEMPRE SAUDE na unidade

CASSI em Brasilia, com base nos principios da aten<;ao

prima ria em saude;

d) a estrutura<;ao do projeto, para implanta<;ao em Curitiba, com

base nos principios da Canadian Medical Association

(Associa<;ao Medica Canadense) e na experiencia do

Programa Saude da Familia (PSF), ja implantado na rede

publica - estadual e municipal em Curitiba.

Em Curitiba 0 projeto foi concluido no final de 1998,

contemplando essa modalidade de atendimento 40% da

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atendida pela CASSI Parana, de residentes da cidade, 0 que totalizava

na epoca 4.000 pessoas abrangidas pelo projeto.

Para a implantac;ao desse servic;o, 0 projeto previa a contrataC;80

de 3 equipes de Satlde da Familia, considerando 0 cadastramento de

aproximadamente 1.350 pessoas, correspondente a 400 familias para

cada equipe.

o processo de selec;ao de profissionais ocorreu em dezembro de

1998, e em janeiro de 1999 sao contratados, inicialmente: dais medicos

de familia, urn enfermeiro, urn psic61ogo, urn assistente social e quatro

auxiliares de enfermagem, que comec;am a aplicar a estrategia do

Programa Satlde da Familia, nas a90es do servi90 de satlde da unidade

CASSI Parana em Curitiba.

Nesta epoca a CASSI em Curitiba, contava com duas equipes de

Saude da Familia, com carga horaria de 40 horas semanais, compostas

par urn medico de familia e duas auxiliares de enfermagem; estas

equipes eram complementadas pelos servi90s de apoio dos

profissionais: da enfermagem, da psicologia e do servi90 social.

E para atendimenlo da demanda diaria da CASSI Parana, nao

abrangida pelo Programa Satlde da Familia, contava com dois medicos,

sendo urn medico perito e urn medico do trabalho (todos com carga

horaria semanal de 20 horas), uma assistente social (com carga horaria

semanal de 40 horas) que realizava visitas hospitalares e domiciliares,

acompanhava pacientes do interior que S8 deslocavam para Curitiba,

na busca de recursos para 0 cuidado em saude, conduzia os processos

de Transplanle de Medula 6ssea, de lodos os pacientes da CASSI que

se tratavam em Curitiba, considerada pra9a de referencia nacional para

esse tipo de tratamento.

Conforme foi sendo divulgada a nova estrategia de Aten9aO

Integral a Satlde, a popula9ao foi aderindo ao programa e sendo

cadaslrada nas duas equipes de Satlde da Familia ja em atua9aO.

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No proposito da qualifica<;:ao e treinamento dos profissionais da

CASSI na estrategia de implanta9ao do PSF, em Fevereiro de 1999, a

CASSI, Curitiba firma convenio com a Universidade de Toronto, do

Canada, a fim de promover 0 curso basico em Saude da Familia, com

base no programa desenvolvido pelo Departamento de Medicina

Familiar e Comunitaria e de Administra,ao em Saude da Universidade

de Toronto.

a curso teve inicio em maryo de 1999 e conclusao em agosto de

2000, ministrado pelo Prof. Yves Talbot, daquele departamento.

Participaram todos os profissionais da area de saude da CASSI Curitiba

e tres profissionais da CASSI Londrina, dois medicos e um enfermeiro.

Em decorrencia da crescente procura dos associados da CASSI

para aderir a este novo modelo de estrategia de atendimento, em maio

de 1999, ja se fazia necessaria a contrata9ao de pessoal para mais

duas equipes.

Foram contratados rna is dois medicos de familia, uma assistente

social e mais quatro auxiliares de enfermagem, ficando a equipe de

Saude da Familia na CASSI Curitiba composta por 8 auxiliares de

enfermagem, 4 medicos, 2 assistentes socia is, 1 enfermeiro, 1

psicologo e a Gerente do nucleo de Servi90s Proprios.

Os profissionais envolvidos no PSF foram subdivididos em 4

micro-areas, diferenciadas por cores, ficando urn medico e dois

auxiliares de enfermagem, um assistente social, para cada duas micro-

areas, 0 enfermeiro e 0 psicologo participavam das quatro micro-areas.

A partir do ana 2000, iniciou-se novo processo de reestruturayao

da CASSI. A Diretoria Executiva e 0 Conselho Deliberativo, instalaram

um grupo de trabalho representado pelo Corpo Social e pelo Banco do

Brasil, seus patrocinadores, sendo indicados 2 associados da ativa e

um associ ado aposentado para cada patrocinador com a tarefa de

apresentar propostas para a adequa'1ao da CASSI as novas normas

legais e as necessidades de financiamento face a nova realidade do

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mercado de salide em descompasso as Fontes de receitas previstas nosestatutos da CASSI e do BB.

Como resultado deste grupo loram propostas:

a) a reestrutura9ao organizacional, para melhor atender aatividade lim da Empresa, que e "Prestar Assistencia Integral aSalide de seus usuarios";

b) Foi criada a Diretoria de Produtos e Atendimento a Clientes;

c) Foram criadas duas Centrais de Pagamentos (CEPAGs);

d) Foram reorganizadas as Diretorias de Salide e a Administrativae Financeira;

e) Foram reestruturadas e/ou criadas 11 Unidades Regionais e 12

Unidades Estaduais.

Estas Unidades Regionais sao administradas pelo Comite

Gerencial, lormado pelo Gerente Regional, Gerente de Area de Atenyao

a Salide e Gerente de Area de Relacionamento com 0 Mercado deSaude.

A Area de Atenyao a Saude agrega dois nucleos que

operacionalizam diretamente as a<;6es de Aten<;ao Integral a Salide:Nucleo de Promoyao da Saude e 0 Nucleo de Serviyos Proprios.

Sob 0 gerenciamento da Area de Relacionamento com 0 Mercado

de Salide estao os Nlicleos que atuam diretamente na Administrayao

dos Recursos Humanos, dos Recursos Financeiros, Servi<;os eProdutos da CASSI, sao eles: Nucleo de Apoio a Gestao, Regulayao

dos Serviyos de Saude e Negociayao e Produtos.

As Unidades Estaduais estao sob jurisdiyao das Regionais, mas

possuem em sua estrutura um Gerente Estadual, um Nucleo de

Serviyos Proprios, e prolissionais que desempenham ayoes de

promo<;ao da saude, administrativas, negociais e de regula<;ao, sobjurisdiyao dos nucleos da Regional.

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A partir da experiencia de Curitiba, a CASSI passa a adotar como

(mica estrategia de Atenyao Integral em Saude as principios do PSF, a

nivel nacional, lanyando em maio de 2001 a "Documento Diretor para

Organizayao dos Serviyos Proprios" e em Julho de 2001 a "Documento

da Organizayiio do Sistema de Saude da CASSI: Diretrizes para

Implantayiio/Reorganizayiio dos Serviyos Proprios (Modulos de Atenyiio

Integral a Sauder.

Na visao do Prof. Talbot, 0 intercambio entre Brasil e Canada traz

vantagens aos dais parses, uma vez que no Canada a propory8o e de

50 % de medicos generalistas e 50 % de medicos especialistas,

enquanto que no Brasil e proporyao €I de 95 % de medicos

especialistas. Enquanto a experiencia canadense proporciona

condiyoes de oferecer a possibilidade de reciclagem dos medicos

brasileiros em excelentes generalistas. 0 Brasil pode oferecer ao

Canada 0 adequado modele de equipes interdisciplinares em

populayoes definidas. (CIEFAS, 2002).

2.4 PRINCiPIOS E FERRAMENTAS DA MEDICINA FAMILIAR

Conforme as preceitos do Canadian College of Family Physician,

"0 medico de familia, efetivo, incorpora em sua pratica as quatro

principios de Medicina Familiar", abaixo relacionados:

1') 0 medico de familia e um clinico competente (Habilidoso);

2°) 0 medico de familia e uma fonte de recursos para uma

populayiio definida:

3°) Medicina familiar e uma disciplina baseada na comunidade;

4') A relayiio medico-paciente e central para a papel medico da

familia.

Esses quatro principios da medicina de familia e as ferramentas

sao trabalhados durante a curso basico ministrado pela Universidade

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de Toronto, a fim de que toda equipe se aproprie do conhecimento e

possa executar as taretas no atendimento familiar.

Para trabalhar com grupos familiares, torna-se fundamental

entender como esta funciona. Para isso, as profissionais que atuam no

Programa Saude da Familia (PSF), utilizarn 4 ferramentas que facilitam

esse processo:

a) Cicio de Vida;

b) F.I.R.O.;

c) Genograma;

d) P.R.A.C.T.I.C.E.

Que serao apresentados abaixo, conforme a tradu9ao de Hamilton

Lima Wagner, M.D., em TRABALHANDO COM FAMILIAS - Livro de

Trabalho para Residentes, editado por Lynn Wilson, M.D.

2.4.1 Cicio de vida

Essa ferramenta e multo uti! para encontrar 0 'cicio de vida da

familia', pOis divide a vida em estagios de desenvolvimento previsiveis,

nos quais a familia pade naD estar conseguindo lidar com algumas

situ8c;oes previstas. Abaixo estao relacionadas 0 cicio de vida e as

taretas relativas as fases de desenvolvimento:

TABELA 1 - 0 MEDICO DE FAMILIA E 0 CICLO DE VIDA DAFAMiLIASair de Casa Estabelecer a independencia

pessoalIniciar a separa9ao emocionalde seus~is

Compromisso com 0 seu Estabelecer uma relac;ao intimaparceiro um com 0 outro(esposo, esposa) Maior desenvolvimento da

separac;ao emocional com seusipais

Aprender a viver junto Dividir os varios papeis do casalde modo ""Iuilibrado

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Estabelecer uma nova rela9aomais independente com afamilia e amigos

Chegando 0 primeiro filho Abrindo a familia para ainclusao de urn novo membroDividir 0 papel dos pais

Vivendo com urn adolescente Aumentar a flexibilidade dasfronteiras para permitir que 0(5)adolescente(s) se mova paradentro e para fora do sistema dafamilia

A Saida dos Filhos: o Ninho Refocar no meio da vida maritalVazio e da carreira profissional

Aceitando a multiplicidade desaidas e entradas na familiaA'uste ao fim do papel de pais

Aposentadoria Ajuste ao fim do salilrio regularDesenvolvimento de novasrelag6es com filhos, netos ecom 0 conjuge

Velhice Lidando com a perda dehabilidades e maiordependemcia aos outrosLidando com a perda de amigos,familia res e eventualmente docon'uge

Fonte: Adaptado de TRABALHANDO COM FAMiLiAS - Livre de

Trabalhe para Residentes, editado per Lynn Wilson, M.D., pag. 38

2.4.2 Genograma

o genograma e a arvore geneal6gica medica da familia. E urn

metoda de coleta, armazenamento e processamento de informa90es

sobre uma familia. E utilizada para explorar problemas biomedicos,

geneticos, comportamentais e sociais.

2.4.3 F.I.R.O.

o Firo e uma ferramenta de estudo para dina micas de

personalidade e grupo, aplicada na terapia das familias. Visa

possibilitar 0 conhecimento do relacionamento e suas interac;oes

categorizando a organiza9ao familiar.

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F. fundamental

I. interpersonal

R. relations

O. orientation

2.4.3.1 Intera9ao

As intera<;oes na familia podem ser categorizadas nas dimens6es

de lnclusao, Cantrale e lntimidade.

A lnclusea refere-se com a intera9aa dentra da familia para sua

vinculac;:ao e organizac;:ao. Isto 13, quem esta "dentron e quem esta

"fora". A inclusaa no madela F.I.R.O. de estudas da familia tem 3

subcategorias:

1) Estrutura - refere-se aas "pad roes repetitivas de

intera<;ao que S8 tornam rotina". Ista captura a

arganiza9aa das familias, incluinda pap"is e la9as

entre gerac;oes;

2) Canectividade - refere-se aas la9as de intera9aa entre

as membras da familia. Ista captura elementos de

comprometimento, educ8yao e sentimentos de

pertencer;

3) Madas de Campartilhamentas refere-s8 asassociac;oes interativas com 0 sensa especial de

identidade da familia como um grupo. Ista envolve

no<;oe5 t8is como rituais familiares e valores

familiares.

o Cantrale refere-se as intera90es dentra da familia que

influenciam 0 poder na me sma. Isto e, quem esta "no tapa" e quem esta

"par baixo". Os 3 maiares tipos de intera90es de controle sao controle

daminante (tentativa de influencia unilateral), controle reativo (tentativa

de contrariar uma influencia). e 0 controle co/abarativa (tentativa de

dividir as influencias).

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A Intimidade refere-se as interac;oes familia res correlatas ao

mostrar-se e as trocas interpessoais. Isto e, quanto sentimento ecompartilhado. esperanc;as e vulnerabilidades ocorrem ("proximidade"

ou "distanciamento"). Intimidade no modelo F.I.R.O. de estudo da

familia nao deve ser confundido com relacionamento sexual, po is a

enfase aqui e nas trocas mutuas de abertura pSicol6gica. Um casal

obviamente pode ter sexo sem envolvimento emocional.

2.4.3.2 Mudanyas familiares

Quando a familia sofre maiores mudanyas (em geral mudanyas no

cicio da vida, doenyas serias, etc), elas sao desafiadas a criar um novo

padrao de Inclusao, Controle e Intimidade.

Quando um paciente e sua familia tern que lidar com uma crise

provocada por urna doenya seria, eles terao que passar por

modificayoes nestas 3 areas. Eles terao que renegociar itens da

Inclusao (Qual 0 meu papel? Como eu sou parte desta familia?),

Controle (Quem est;; envolvido no processo de decisao, e como?), e

Intimidade (Irei dividir os meus sentimentos?).

2.4.3.3 Inclusao, Controle e Intimidade

A Inclusao, 0 Controle e a Intimidade constituem uma sequencia

inerente ao desenvolvimento para 0 manejo de mudanyas na familia.

Quando 0 paciente e sua familia experimentam uma doenc;a seria,

a esfera da Inclusao e aquela onde as mais fundamentais e precoces

mudanyas podem ocorrer. Por exemplo, 0 membro doente pode perder

papeis, em geral perder 0 emprego, a funyao de cuidar da casa ou de

alguem, etc. A medida que os papeis VaG mudando, 0 paciente

grave mente enfermo vai sentindo a perda de Controle. Ele pode se

sentir irresponsavel ou incompetente. Entao mudanCfas na Intimidade

podem ser experimentadas, manifestadas par urn decrescima nas

tracas entre paciente e a familia.

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Estas tres dimensoes constituem uma sequencia 16gica deprioridades para 0 tratamento, que e primeiro a Inclusao, entao 0

Controle, e ai a Intimidade.

Daenyas serias afetam a Inclusaa na familia primeiro, mais doque 0 Controle e a Intimidade. Esta ordem se torna importante quando

alguem lida com problemas clinicos. Por exemplo, antes que um

paciente au sua familia passa aceitar um conselho clfnico de dividirafeto, 0 individuo deve estar certo do papel deles na familia e 0

envalvimento deles na tom ada de decisaa

2.4.4 P.R.A.C.T.I.C.E.

Ferramenta que pode ser usada nos problemas de ordem medica,camportamental e de relacianamenta, e facado no problema que apaciente ou a familia elege. Facilita 0 desenvolvimento da "avalia~ao

familiar".

P. Problema Apresentado

R. Papeis e Estrutura

A. Afeto

C. Comunica~ao

T. Tempo no cicio de Vida

I. Doenya na familia (Presente e Passada)

C. Enfrentar a Estresse

E. Ecologia

Estas ferramentas devem ser utilizadas por todos os profissionaisda equipe, e nos casas que envolvem a saude mental, saoimprescindiveis, pais contribuem na avaliay80 da totalidade do

individuo, suas relayoes, bern como do meio em que este esta inserido.

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3 PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVA

3.1 A CASSI E AS A<;:OES DE PROMO<;:AO DA SAUDE E DEPREVEN<;:Ao A DOEN<;:A

A CASSI Parana, conta com 35.055 usuarios, sendo 24.965

pessoas do plano de associados (funcionarios do BB e seus

dependentes diretos, aposentados e pensionistas) e 10.090 pessoas do

Plano Saude Familia (funcionarios da CASSI e seus dependentes

diretos, ex-funcionarios do BB, parentes de funcionarios ate 0 3° grau)

(dad as de fevereiro de 2003).

A area de abrangencia dos Servigos Proprios da CASSI Parana

em Curitiba, esta conslituida par 9.053 usuarios, sendo 5.279 pessoas

do Plano de Associados e 3.774 pessoas do Plano Saude Familia

(dados de fevereiro de 2003).

o Nucleo dos Servigos Proprios, esta constituido par 6 equipes

do Programa Saude da Familia (PSF), denominadas par cores para

identifica<;ao das areas: amarela, azul, laranja, rosa, verde, vermelha.

Cad a uma com urn profissional medico e uma auxiliar de enfermagem.As duas profissionais da enfermagem - enfermeiras, participam de tres

equipes cada urn, e 0 servi«D social e a psicologia atualmente com

apenas urn profissional, participam de todas as areas. Estando a

quadro de funcionarios subdimensionado para atender a demanda de

atendimento, em face da crescente adesao de beneficiarios da CASSI

ao PSF, em indices acima dos previstos no planejamento e implantac;ao

do programa.

Para adequagao do quadro de profissionais das equipes do PSF

em Curitiba, a CASSI realizou processo selelivo em janeiro de 2003,

devendo ocorrer a sua conclusao ate abril de 2003.

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As equipes de saude, realizam, cansultas eletivas, visitasdamiciliares e hospitalares, pequenos procedimentos cirurgicos,procedimentos de enfermagem, servi,os de pronto atendimento,

Exames Periodicos de Saude (EPS) para os funcionarios do Banco do

Brasil, palestras e orientayoes nos grupos de ayao coletivadesenvolvidos na unidade, entre outras atividades.

A agenda de trabalho dos medicos de familia, possue na sua

estrutura reserva de 2 horas semanais para as reunioes de micro-areas, 4 horas diarias para atendimento de consultas agendadas, 2

horas diiHias para pronto atendimento e 2 horas diarias paraplanejamento das ayoes e realizayao de visitas domiciliares, sendo que1 vez na semana estes ultimos horarios sao reservados para aplanejamento de toda equipe do Nucleo dos Servi,os Proprios.

Nas reunioes semanais das micro-areas, realiza-se acoordenayao e a vigilimcia da saude de seus cadastrados.

A vigilancia em saude, atualmente, e praticada para quatrogrupos de risco: Saude Mental, Hipertensao, Dislipidemia e Cuidados

Especiais. Neste ultimo, sao cadastrados os portadores de defici,mcia,

os portadores de doenyas relacionadas ao trabalho, os obesos que nao

estao cadastrados em nenhum outro grupo e os que necessitam de

cuidados em domicilio.

Atualmente, buscando a Promo,ao da Saude, sao desenvolvidos

na CASSI seis grupos de a,ao coletiva: 0 de Teatro, Vida Saudavel,

Principios de Qualidade de Vida, Conviv,mcia, Tabagismo,

Gastroplastia.

o grupo de teatro e desenvolvido, semanalmente, par umaassociada voluntaria, com formayao em Artes Cenicas.

o grupo de Vida Saudavel, ocorre semanalmente, e e coordenadopela enfermagem dos Serviyos Proprios, que organiza semestralmenteo calendario das palestras de acordo com 0 interesse e sugestao dosparticipantes, convidando pessoas da comunidade, que possuam

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conhecimento para proferirem voluntariamente palestras para as

interessados no tema elencado para a semana.

o grupo de Principios de Qualidade de Vida, e um grupo

operacional, distribuido em quatro encontros mensais, uma vez na

semana, quando sao trabalhadas quest6es sobre mudan9a de hilbitos

para uma vida saudavel. Coordenado pela enfermagem dos Servi90s

Proprios.

o grupo de Convivencia se reune semanalmente e e arientado par

uma associada voluntaria com conhecimento em artesanato, pintura e

outras tecnicas de trabalhos manuais. Coardenado pela enfermagem

dos Servic;os Proprios.

o grupo de Tabagismo e direcionado para as pessoas que

desejam parar de fumar. Coordenado por um medico de familia e um

enfermeiro.

o grupo de Gastroplastia, destina-se a clarificar as quest6es

sabre este procedimento cirurgico, orientar sobre as mudam;as fisicas,

emocionais enos relacionamentos, buscando a conscientizac;ao dos

pacientes para a tomada de decisao. Coordenado pelo Servi90 Social,

com reuni6es mensais.

No decorrer do ana de 2002, foi realizado pelo Nucleo de

Promo9ao da Saude, com coordena9ao de um medico do trabalho, 0

Projeto Ergonomia. Com objetivo na orientac;ao ergonomica e no

conhecimento das necessidades em saude, dos funcionarios do Banco

do Brasil da ativa, a fim de subsidiar a96es continuadas, de promoc;ao

da saude e preven9ao de doen9as ocupacionais.

Para desenvolver ac;6es, que contribuam efetivamente para a

melhoria da qualidade de vida, para a promo9ao da saude e preven9ao

de doen9as da popula9ao atendida pelos servi90s proprios da CASSI

Parana, esta deve considerar que 58,31 % dos seus beneficiarios, sao

funcionarios do Banco do Brasil e seus dependentes. Publico com

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caracteristicas especiais, por diversos motiv~s, podendo-se destacar

como principais, os seguintes:

a) funcionarios de uma empresa secular, a fundac;ao do BB datade 1808, com fortes raizes culturais, em que seus quadros

eram considerados individuos de destaque na sociedade e de

elevada capacidade - 0 BB foi a primeira empresa no Brasil a

instituir concurso publico para preenchimento de seus cargos;

b) situac;ao economico-financeira adequada e acima do padrao domercado bancario medio ate 1994. 0 BB era considerado um

dos melhores empregos no mercado financeiro, e nas outras

areas de atua~ao, do pais;

c) ascensao profissional e quadro de carreira com regrasestabelecidas com base no tempo de casa e na eficiencia eeficacia da atuac;ao profissional;

d) sentimento de pertencimento e participac;ao em uma empresapublica voltada para 0 atendimento das camadas da sociedade

menos favorecidas e das politicas de desenvolvimento ecrescimento do pais, percussora em diversas areas deatuac;ao, com destacada atua~ao de seus funcionarios.

Em 1994, com a vito ria da proposta neoliberal nas eleic;6es

presidenciais, 0 governo federal implementa uma serie de mudanc;asnas politicas socia is, economicas e estruturais que afetamsignificativas parcelas da sociedade brasileira. A reboque da

necessidade da manutenc;ao da estabilidade monetaria 0 governo

central altera profunda mente regras estabelecidas e normas de

procedimentos socia is e legais, a pretexto da modernizac;ao do pais,em todas as areas de atua~ao. Durante oito anos, contratos, clausulasconsideradas basilares da legislac;ao brasileira, nas areas civel,trabalhista, fiscal ou criminal, foram modificadas ou suprimidas. Em

todas as areas de atuac;ao da sociedade brasileira.

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Neste contexto os luncionarios do BB, fazem parte de daquela

camada da sociedade que mais sofreu modific8yoes em suas bases - a

cia sse media brasileira. Este extrato social foi 0 mais diretamente

aletado pelas mudangas ocorridas nas questoes socia is, trabalhistas e

linanceiras - entre outras, entre todas as classes trabalhadoras.

Principalmente no mercado financeiro. De 1994 ate 2002 houve uma

reduCfao do mercado de trabalho nas institui90es financeiras, de forma

global, de mais de 50 %. De mais de um milhao de postos de trabalho

no mercado linanceiro em 1994, em 2002 restam menos de quinhentos

mil. Nenhuma Dutra atividade econ6mica no pars teve uma reduC;8o

desta magnitude em tao curto espago de tempo.

A redugao na massa salarial, mesmo descontando a queda dos

postos de trabalho citada, tambem loi signilicativa. Como loco deste

estudo, 0 publico beneficia rio da CASSI - parcialmente representado

pelo funcionario do BB, de 1994 a 2002 teve uma redugao salarial de

mais de 70 %, mesma considerando-se os percentuais de reposi<;:80concedidos neste periodo.

Neste quadro de desmotivagao, com a necessidade de

cumprimento de metas de produC;8o por vezes irreais, com redu9c3osalarial desde 1994 - que leva a perda gradual 0 poder de compra do

saliHia, 0 crescenta endividamento para 0 atendimento de

compromissos financeiros assumidos anteriormente, a perda do status

social, 0 stress, a necessidade de investir financeira e fisicamente

numa continua forma~8o - no nivel de 3° Grau, pos-graduaq8o,

mestrado, doutarado au outros cursos e titulos, para dar continuidade

a uma carreira anteriormente segura para aqueles que possuiam

apenas a formaq8o de 2° grau, mas se dedicavam exclusivamente para

o banco. Sente-se a necessidade de conhecer 0 perfil da popula~8o

cadastrada na vigilancia em saude mental, visando cantribuir para 0

desenvolvimento e amplia980 das a90es, para promo9ao da saude e

preven980 de daen~as, tornando mais eficaz 0 servi90 de aten~ao

integral de saude da CASSI Parana.

41

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3.2 A CASSI EM NUMEROS

Nesta perspectiva, foi realizada uma pesquisa qualitativa e

quantitativa, na totalidade dos documentos e registros, da vigilancia em

saude mental, elaborados pelas equipes de Saude da Familia, nos

dados cadastrais da popula,ao usuaria dos servi,os de saude da

CASSI Curitiba.

Para trayar a perfil da popula<;ao cadastrada na vigilancia em

Saude Mental do Programa Saude da Familia da CASSI - Curitiba,

abaixo estao relacionados as dados coletados:

o total da popula,ao dos usuarios da CASSI, residentes em

Curitiba e:Plano de Associados

Plano Saude Familia

5.279

3.774

9.053TotalFonte: Dados coletados em fevereiro de 2003

o total da popula,ao cadastrada no Programa Saude da Familia

e:Area Amarela 1076

Area Azul 896

Area Laranja 775

Area Rosa 993

Area Verde 812

Area Vermelha 955

Total 5507Fonte: Dados coletados em fevereiro de 2003

o total da popula,ao cadastrada na vigiliincia em Saude Mental,

dividida pela area de cadastramento e:

Area Amarela - 37 pessoas

42

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Area Azul - 36 pessoas

Area Laranja - 26 pessoas

Area Rosa - 57 pessoas

Area Verde - 75 pessoas

Area Vermelha - 61 pessoas

o total de pessoas cadastradas e 292 pessoas.

TABELA 2 - PERFIL DOS USUARIOS SEGUNDO FAIXA ETARIA,SEXO, ESTADO CIVIL, FILIACAO E OCUPACAO

FAIXA SEXO ESTADO CIVIL FillA :AO OCUPA ADETARIA POPUlA<;:Ao MAS FEM CAS SOL OUT SIM NAO SS NAO(anos) FUN DEP (PSF)5 a 9 1 1 1 x 1 X

10 a 14 5 2 3 5 x 5 x15 a 19 13 9 4 13 x 13 X20 a 29 54 31 23 2 52 3 05 27 2230 a 39 41 20 21 20 19 2 6 14 10 1740 a 49 88 30 58 61 17 10 24 45 29 1450 a 59 52 24 28 37 2 12 21 27 15 1060 a 69 24 12 12 17 3 4 6 9 9 670 a 79 12 6 6 9 3 3 6 4 2> 80 2 1 1 1 1 1 1 1

Fonte. Dados da Pesquisa feverelro 2003

4)

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TABELA 3 - PERFIL DOS USUARIOS CORRELACIONANDOFAIXA ETARIA, CID E OCUPACAoFAIXA OCUPA AOETARIA CID 1 CID 2 CID 3 BB NAO(anos) FUN DEP (PSF)

5 a 9 F31 110 a 14 F41 F32-F31- 5

F98.915 a 19 F41- F12 F32 - F84-F31 10 320 a 29 F32 F12 F10 3 17 830 a 39 F32 F41-F10 F31-F19 15 8 1040 a 49 F32 F10 F31 28 17 1350 a 59 F32 F10 F31 21 13 760 a 69 F32 F10 F31-F33 8 6 470 a 79 F32-F20 F31-F03 F41-F99 5 5 2

> 80 F32-F33 1 1

Fonte: Dados da Pesquisa

LEGENDA: FD3 Demencia nao especificada -Fi0 Transtornos mentais

comportamentais devido ao usa de alcoal -F12 Transtornos mentais e

comportamentais devido ao usa de canabin6ides -f14 Transtornos Mentais e

comportamentais devido ao usa de cocaina -Fig Transtornos Mentais e

Comportamentais devido ao usa de muitiplas drogas e ao usa de outras

substancias psicoativas -F20 Esquizofrenia -f31 Transtorno afetivo bipolar -F32

Epis6dios Depressivo -F33 Transtorno depressivo reccrrente -F41 Outros

Transtornos Ancisos -F84 Transtornos globais do desenvolvimento -f98.9

Transtornos comportamentais e emocionais nao especificados com inicio

habitualmente na infancia au adolescencia -F99 Transtorno mental, nao

especificado em outra parte.(CID-10).

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TABELA 04 - PERFIL DOS USUARIOS SEGUNDO AS INTERNACOESFAIXA ETARIA ANO CIO N° DE N° DE N° DE

anos INTERNACAO DIAS INTERNACOES PACIENTES15 A 19 2001

2002 F12-F03 29 01 0120 A 29 2001 F10 73 03 01

F10-F12 30 01 01F12 30 01 01F14 75 02 02-F19 90 01 01F25 35 01 01F31 65 01 01F32 3 01 01-

2002 F32 23 02 02'F14 02 01 01-F12 17 01 01

F10-F12 17 01 0130 A 39 2001 F10 60 01 01-

F20 90 02 01F19-F31 50 02 01'

2002 F10 60 02 01'F32 60 02 02

F19-F31 91 02 01-F20 30 01 01-

40 A 49 2001 F10 71 03 03-F10-F32 30 01 01

F31 62 05 02'F84 10 01 01

2002 F10 180 02 02-F31 02 01 01-F20 15 01 01

50 A 59 2001 F31 30 01 01F10 38 01 01

2002 F23-31 38 02 01F10 30 01 01

60 A 69 2001 F10 43 01 01F20 90 01 01-

2002 F20 102 02 01-FONTE:Dados da Pesquisa

Legenda: * indica 0 mesmo paciente. F03 Demencia naa especificada -F10Transtornos mentais e comportamentais devido ao usa de alcool -F12 Transtornos

mentais e comportamentais devido ao usa de canabin6ides -F14 Transtornos

Mentais e comportamentais devido ao usa de cocaina -f19 Transtornos Mentais e

Comportamentais devido ao usa de multiplas drogas e ao usa de outras

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substimcias psicoativas -F20 Esquizofrenia -F23 Transtornos psicoticos agudos etransitorios -F25 Transtornos Esquizoafelivos -F31 Transtorno afetivo bipolar -F32

Episodios Depressivo -F33 Transtorno depressivo recorrente -F41 OutrosTranstornos Ansiosos -F84 Transtornos globais do desenvolvimento -F98.9Transtornos comportamentais e emocionais nao especificados com inlciohabitualmente na infancia au adolescencia -F99 Transtorno mental, naoespecificado em outra parte.(CID- 10).

3.3 ANALISE DOS DADOS

Para maior subsidio, na analise e interpreta980 dos dados,

buscou-se na literatura dados relativos a media, da incidencia, dos

transtornos mentais em urn servi90 de atenC;8o prima ria a saude.

Com base no PROFAM (PROGRAMA DE EDUCATION A

DISTANCIA DE MEDICINA FAMILIAR Y AMBULAT6RIA - do Hospital

Italiano de Buenos Aires), estima-se a incidencia de transtornos

mentais, conforme tabela abaixo:

TABELA 5 DADOS DO PROFAM-Transtorno de 15% da Maior incidencia Em alguma laseAnsiedade populacao no sexo feminine da vidaTranstorne 2,5% da -Obsessiv~ populac;aoCompulsivo

Transtorno Per 1 a 14% daestresse pas populac;aotraumatico

Insonia 20% da Maior incidencia -populac;ao em mulheres,

idosos, pessoassezinhas,separactos,

divorciados eviuvos.

Depressao 6 a 12% dos Homens apos 55Homens anos

9 a 26% das Mulheres entremulheres 35 e 45 anos

FONTE:Dados da Pesquisa

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Analisando as dados registrados nas tabelas 2, 3 e 4, constatou-

se que:

A maior concentra,ao de pessoas cadastradas na vigilancia em

saude mental do Programa Saude da Familia da CASSI, apresenta-se

na faixa etaria dos 40 aos 49 anos (30,13% - do total de pessoas

cadastradas), sendo 65,90% do sexo feminino e 34,09% do sexo

masculino. 0 F32 e 0 CID de maior incidencia, sendo constatado em

63,79% das mulheres, e em 20% dos homens desta faixa etaria, mas

nao e 0 responsavel pelas interna<foes psiquiatricas dessa populac;:ao.

Com rela,ao as interna,oes no periodo de 2001 e 2002,

constatou-se que: em 2001 tres pessoas internaram para tratamento do

alcoolismo (F10), e uma dessas pessoas mantem-se abstemia ate 0

momenta. Esta apresenta estrutura familiar e envolvimento destes

(esposa e filhos), com 0 tratamento do alcoolismo, mantem-se

vinculado ao servi,o de saude da unidade CASSI PR e participa do

Grupo AA (Alcoolicos Anonimos). Outro paciente, mantem-se abstemio

apes do is internamentos, urn em 2001 e outro no inicio de 2002, desde

entao em abstinencia, este, nao apresenta estrutura familiar de apoio:

mora sozinho em Curitiba, e desquitado e os filhos estudam em outra

cidade, mas continua em acompanhamento pela equipe, de familia,

participando do AA (Alcoolicos Anonimos) e de alguns grupos

desenvolvidos na unidade CASSI Parana. 0 outro paciente, continua

apresentado recaidas e internamentos de maior durar;:ao, nao se

vinculou a equipe de familia, participa esporadicamente das reunioes

do AA, e filho de alcoolista (falecido), desquitado, tem um filho que

mora com a ex-esposa e reside com a mae e duas irmas. Sendo que

neste nucleo familiar existem problemas de relacionamento entre mae e

filhos, bem como mais um dos membros, apresenta transtorno afetivo

bipolar. A pessoa que internou por necessidade de tratamento para

depressao e alcoolismo, F10 e F32, mantem-se em acompanhamento

da equipe de familia, possui estrutura familiar presente no tratamento,

nao havendo reincidencia de internamento em 2002. No caso da pessoa

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portadora do CID F31, trata-se de um quadro cronico, mas que com 0

envolvimento familiar, a continuidade de acompanhamento da equipe,

consegue-se manter a paciente compensada par mais tempo, reduzindo

assim, significativamente a necessidade de interna({oes.

As demais pessoas, internadas no perfodo de 2001 e 2002

continuam em acompanhamento pela sua equipe de familia que

periodicamente reve 0 paciente, avaliando 0 tratamento e

redesenhando a plano de cuidados, S8 necessaria.

A segunda maior concentrac;:ao, apresenta-se na faixa etari8 dos

20 aos 29 anos, com 54 pessoas (18,49%) do total cadastrado na

vigilancia em saude mental, sendo 57,40% do sexo masculino e 42,59%

do sexo feminino. 0 F32 e 0 CID de maior incidencia, sendo

apresentado por 17 pessoas (64,70% do sexo feminino e em 35,29% do

sexo masculino), mas analisando as internat;:oes ocorridas no periodo

de 2001 e 2002, contatamos que 0 tratamento para a depressao nao ea causa de maior incidencia, e sim os problemas com a dependencia de

drogas e/ou alcool. As 11 pessoas (20,37%), que passaram por

internamento(s), nao S8 vincularam efetivamente aos servic;:os proprios

da CASSI, mas na maio ria dos casos os familiares continuam

vinculados ao

acompanhamento

servi90, buscando ajuda, orienta90es para

de tratamento dose participa9ao no processo

pacientes. E analisando as tabelas acima, constata-se uma redu9ao no

numero e no periodo de dura9ao dessas interna90es.

A terceira maior concentra,ao de pessoas (52), apresenta-se na

faixa etacia do 50 aos 59 anos (17,80% da popula,ao cadastrada na

vigilancia em salide mental). sendo 53,84% do sexo feminino e 46,15%

do sexo masculino. 0 CID de maior incidencia na popula,ao oj 0 F32,

diagnosticado em 32,69% da popula,ao do sexo feminino e em 15,38%

da popula,ao de sexo masculino desta faixa etacia. No periodo de 2001

e 2002, 04 pessoas (7,69% da popula,ao dessa faixa eta ria)

necessitaram de tratamento em institui9ao hospitalar, par serem

portadoras dos ClDs: F31, F10, F23 e F31. Nao houve reincidencia das

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internayoes, mas dos quatro pacientes apenas do is sao bem vinculados

aa servi9a e cantinuam em acampanhamenta peri6dica com sua equipe

de familia; as outras dois, partadares de F10 buscam a serviga

eventualmente, mas suas familias permanecem buscando orientayoes

para contribuirem no processo de tratamento proposto aos pacientes.

A faixa etMia das 30 aas 39 anas, apresenta uma cancentra9aa

de 41 pessaas (14,04%), sendo, 51.21% do sexa feminina e 48,78%

do sexo masculino, 0 CID de maior incidencia e 0 F32, apresentado por

17 pessaas (41,46%) - 10 mulheres (58,82%) e 7 homens (41,17%), e

gerau a necessidade de internamenta de uma pessaa em 2002, mas

esta continua vinculada ao serviyo de saude e em constante

acompanhamento da equipe de familia.

o paciente portadar de F10, necessitau de internamenta em 2001

e 2002, trata-se de pessaa muito sazinha, e que a equipe de sa"de da

familia esta fazendo um trabalho para resgatar 0 envolvimento familiar

no processo de tratamento do paciente, que nao se vinculou total mente

aas servigas da CASSI.

o paciente partador de F19 e F31, e bem vinculado ao servigo,

mas nao adere aos tratamentos propostos, atualmente encontra-se

abstemio, mas no periodo de 2001 e 2002, necessitou de 04

internamentos psiquiatricos e rna is 03 internamentos para tratamentos

de clinica geral. E um paciente cronico, com hist6rico de pai alcoolista,

e com problemas no relacionamento familiar, mora com a mae, edesquitado, tem um filho cuidado pela ex-esposa, nao consegue

manter-se nos empregos em funyao da recaida as drogas, mas

continua recebendo acompanhamento da sua equipe de saude da

familia. 0 outro paciente nao necessitou de internayao no ana de 2002,

e continua vinculado ao servigo da CASSI, comparecenda uma vez aa

mes para acompanhamento medico, e sempre acompanhado pela

familia, tambem vinculada a equipe de familia.

A faixa etMia dos 60 aos 69 anas, com 24 pessoas (8,21 %) das

pessoas cadastradas em vigilancia da saude, sendo 50% desta

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popula(fao formada par pessoas do sexo feminino e 50% de pessoas do

sexo masculino e tambem 0 CID F32, aparece como maior incidencia

nos problemas de saude mental dessa popula(fao. Os internamentos

dessa populagao no periodo de 2001 e/ou 2002, foram ocasionados

pel a necessidade de tratamento para dependencia de alcool e

esquizofrenias.

o paciente portador do CID 10, internou-se em 2001, continua em

tratamento e acompanhamento pela equipe de familia e mantem-se

abstemio ate 0 momento. 0 paciente portador de esquizofrenia, nao

possue estrutura familiar de apoio, mora em uma casa de repouso, e e

visitado periodicamente pelos irmaos, que levam materia is de higiene e

algo mais, conforme solicitagao dos responsaveis pelo cuidado do

paciente dentro da clinica.

A sexta maior concentra(fao de usuarios esta na faixa eta ria dos

15 aos 19 anos, com 13 pessoas (4,45%) sendo 69,23% do sexo

masculino e 30,76% do sexo feminino. Apresentou no ano de 2002, urn

episodio de internamento para tratamento de paciente portador de

demencia nao especificada e usa de canabinoides, mas ap6s a alta

hospitalar do paciente a familia busca, na equipe de saude da familia,

orienta(foes para contribuir no processo de adesao do paciente ao

tratamento proposto.

o total de pacientes cadastrados na vigilancia em saude mental,

que passaram por internamentos psiquiiltricos no periodo de 2001 e

2002 e de 22 pacientes, que representa 7,53% dos pacientes

cadastrados na vigilancia em saude mental do PSF da CASSI Parana.

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4 CONSIDERA<;OES FINAlS

A realiza9ao desse estudo, procura dar uma contribui9ao para a

avalia980 e implementayc30 das 8c;:oes em promoC;8o da sauda e

preven9ao de doen9as considerando 0 contexto biopsico-social, politico

e cultural das pessoas cadastradas, em urn programa de saude com

sua estrategia calcada no PSF (Programa Sallde Familia).

Quando 0 atendimento em saud a e voltada para a Atenyao

Integral, e esta e realizada por uma equipe interdisciplinar, existe a

maior possibilidade da pessoa ser entendida enquanto "ser que safre".

Mas que pode contribuir, e muito, para continuar sendo a sujeito da

sua hist6ria.

Buscar 0 envolvimento das pessoas que formam a rede social de

apoio e sem dllvida 0 papel desta equipe.

Proporcionar as pessoas 0 sentimento que nao estao sozinhas no

enfrentamento das suas dificuldades e nas tomadas de decisao,

favorece a busca de soluc;oes adequadas para os seus problemas, e as

fortalece para superar 0 proximo obstaculo.

Neste sentido a equipe interdisciplinar, a partir do conhecimento

da sua popula9ao pode planejar e prop~r a90es que contribuam para a

manuten<;8o do "estado de bern estar" das pessoas, seja promovendo a

saude au prevenindo doenr;as.

A partir das discussoes mundiais em sallde, da reforma

psiquiatrica, e da atenr;ao prima ria em saude mental, entende-se que a

vinculo e 0 acompanhamento longitudinal do paciente portador de

transtorno mental proporciona maior aderencia e resultados mais

efetivos ao tratamento.

Tratar hoje, somente com medicamentos e regredir a visao de

homem "paciente", que nao participa da tomada de decisao, que nao e

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chamado a construir a sua hist6ria, mas slm alguem condicionado a

aceitar as escolhas de terceiros.

Quando 0 atendimento longitudinal e realizado por equipe de

profissionais do PSF, 0 paciente e seus familia res sao beneficiados,

com uma proposta individualizada de tratamento para aquela familia,

naquele determinado momento.

E preciso mudar 0 paradigma da aten9iio a saude, pOis se

pensamos em atenctao integral de saude, tem-se que inserir 0 ser

humane no seu contexto e fortalece-Io para 0 enfrentamento das

dificuldades impostas pela sociedade, a partir da prom09iio da saude e

niio pelo tratamento da doen9a ja instalada.

Na popula9iio atendida pela CASSI, constatou-se a grande

incidencia da "depressao" em todas as faixas etarias, nos dois sex~s,

ainda com maior incidencia no sexo feminino, e s6 a partir da leitura do

perfil da popula9iio, que a equipe podera unir esfor90s para tra9ar e

executar projetos em relac;ao a "Prom0ctao da Saude", por meio da

educactao em saude, das atividades grupais, que proporcionam a inter-

relay80 e ampliay80 da rede social.

Pede-se constatar que os grupos ja desenvolvidos pela CASSI

correspondem as necessidades da popula9iio; pois a maior

concentray80 de cuidados na vigil£mcia em saude mental, esta na faixa

etMia dos 40 aos 49 anos, em que 65,90% da popula9iio e do sexo

feminino.

o trabalho desenvolvido no grupo de Convivencias, Ikebana e

vida saudavel, frequentado principal mente por mulheres da faixa eta ria

acima citada, favorece a inter-relac;:ao das pessoas, a socializact80 das

frustra90es e a manuten9iio da saude mental de todos os participantes.

No cuidado a saude mental, a equipe deve conhecer as quest6es

politicas, culturais, sociais e familiares que interferem no

desenvolvimento "saudavel" de todos, pois como a equipe nao tem 0

poder de "salvar 0 mundo", e possivel pelo menos, contribuir para que

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as pessoas possam superar as dificuldades apresentadas pelo cicio de

vida e/ou pelo contexto politico, economico, social e cultural que ao

longo do tempo pode interferir na saude de uma pessoa, de uma familia

ou de uma classe social. Enfim, toda a sociedade, com certeza, sempre

apresentara uma classe etou segmento na qual altera,6es e mudan,as

tiveram menor ou maior influencia na qualidade de vida de seus

membros.

Constatou-se nesta popula,ao acompanhada pelo PSF da CASSI

Curitiba, que as mudan9as no panorama politico, economico e social do

pais, interferiram significativamente na qualidade de vida e nas

rela<;oes familia res dessas pessoas.

Verifica-se tambem que CASSI, enquanto empresa de

autogestao em saude, preocupa-se em realizar "Atendimento Integral aSaude" de forma a proporcionar com maior intensidade, abrangencia e

impacto, a,6es de Promo,ao da Saude e Preven,ao de Doen,as.

Com esta ViS80 este trabalho procura propor uma contribui<;80

para a sistematiza,ao de uma pratica de avalia,ao continuada,

buscando assirn rna is ayoes eficazes para a qualidade de vida dos

usuarios da CASSI.

53

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