promocao de saude e seguranca

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0 CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO PROMOÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 1º MÓDULO 1º SEMESTRE DE 2012

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CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

PROMOÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

1º MÓDULO

1º SEMESTRE DE 2012

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ÍNDICE

- RISCOS AMBIENTAIS....................................................................................... 2 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS E A QUESTÃO AMBIENTAL.................................. 11 - PRINCÍPIO DOS 3R’s......................................................................................... 22 - PRINCÍPIOS DE TECNOLOGIAS INDUSTRIAIS...............................................26 - PROCESSO SIDERÚRGICO.............................................................................. 29 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO CONVENCIONAL........................................... 36 - TRATAMENTO TÉRMICO DOS AÇOS.............................................................. 37 - RADIAÇÃO......................................................................................................... 45 - LEGISLAÇÃO SOBRE INSTALAÇÕES NUCLEARES..................................... 55 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA................................................. 63

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PROMOÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

1º MÓDULO

Classificação dos Riscos

Classifica os principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a natureza e a

padronização das cores correspondentes.

Grupo I Verde

Grupo II Vermelho

Grupo III Marrom

Grupo IV Amarelo

Grupo V Azul

Riscos Físicos Riscos Químicos

Riscos Biológicos

Riscos Ergonômicos

Riscos Mecânicos ou de

Acidentes Ruído Poeiras Vírus Esforço físico

intenso Arranjo físico inadequado

Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transporte

manual de peso

Máquinas e equipamentos sem proteção

Radiações ionizantes

Névoas Protozoários Exigência de postura

inadequada

Ferramentas inadequadas ou

defeituosas Radiações não

ionizantes Neblinas Fungos Controle rígido

de produtividade

Eletricidade Frio Gases Parasitas Imposição de

ritmos excessivos Calor Vapores Bacilos Trabalhos em

turnos e noturnos

Probabilidade de incêndio ou

explosão Pressões anormais

Substâncias, compostos ou

produtos químicos em

geral

Jornada de trabalho

prolongadas

Armazenamento inadequado

Umidade Monotonia e repetitividade

Animais peçonhentos

Outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico

Outras situações de risco que

poderão contribuir para a

ocorrência de acidentes

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Agentes de Risco Quantificáveis e Mensuráveis Levar em consideração que os grupos dos agentes químicos, físicos e biológicos, os

riscos são mensuráveis ou quantificáveis por meio de técnicas e instrumentos específicos de pesquisa ambiental ou laboratorial.

Caso não existam dados comprovados por pesquisa ambiental, os que forem afixados no mapa devem levar a observação provisória.

Os riscos ergonômicos e mecânicos não são facilmente mensuráveis por meios científicos. Podem, no entanto, ser quantificáveis em razão da incidência na área e avaliável pela experiência ou informações estatísticas.

Riscos Físicos São considerados riscos físicos:

�� Ruídos;

�� Calor;

�� Vibrações;

�� Pressões anormais;

�� Radiações;

�� Umidade. Ruídos

As máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio e longo prazos provocar sérios prejuízos à saúde.

Dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual, as alterações danosas poderão manifestar-se imediatamente ou gradualmente.

Quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional. Consequências

O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando:

�� Fadiga nervosa;

�� Alterações mentais, como perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar ideias;

�� Hipertensão;

�� Modificação do ritmo cardíaco;

�� Modificação do calibre dos vasos sanguíneos;

�� Modificação do ritmo respiratório;

�� Perturbações gastrointestinais;

�� Diminuição da visão noturna;

�� Dificuldade na percepção das cores.

Além dessas consequências, o ruído atinge também o aparelho auditivo, causando a perda temporária ou definitiva da audição.

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Medidas de controle

Para evitar ou diminuir os danos provocados pelo ruído no local de trabalho, podem ser adotadas as seguintes medidas:

�� Medidas de proteção coletiva: enclausuramento da máquina produtora de ruído; isolamento de ruído.

�� Medida de proteção individual: fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPI, no caso protetor auricular). O EPI deve ser fornecido na impossibilidade de eliminar o ruído ou mesmo como medida complementar.

�� Medidas médicas: exames audiométricos periódicos, afastamento do local de trabalho, revezamento.

�� Medidas educacionais: orientação para o uso correto do EPI, campanha de conscientização.

�� Medidas administrativas: tornar obrigatório o uso do EPI e controlar o uso. Vibrações

Na indústria é comum o uso de máquinas e equipamentos que produzem vibrações, as quais podem ser nocivas ao trabalhador.

As vibrações podem ser: Localizadas (em certas partes do corpo): São provocadas por ferramentas manuais, elétricas e pneumáticas.

Consequências: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços, osteoporose (perda de substância óssea).

Generalizadas (ou do corpo inteiro): As lesões ocorrem com os operadores de grandes máquinas, como os motoristas de caminhões, ônibus e tratores. Consequências: Lesões na coluna vertebral e dores lombares. Medidas de controle:

�� Para evitar ou diminuir as consequências das vibrações, é recomendado o revezamento dos trabalhadores expostos aos riscos (menor tempo de exposição).

Radiações

São formas de energia que se transmitem por ondas eletromagnéticas. A absorção das radiações pelo organismo é responsável pelo aparecimento de diversas lesões. Podem ser classificadas em dois grupos:

Radiações ionizantes: Os operadores de raio x e radioterapia estão frequentemente expostos a esse tipo de radiação, que pode afetar o organismo ou manifestar-se nos descendentes das pessoas expostas.

Radiações não-ionizantes: São radiações não-ionizantes a radiação infravermelha, proveniente de operação em fornos ou de solda oxiacetilênica, radiação ultravioleta como a

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gerada por operações em solda elétrica ou, ainda, raios laser, micro-ondas etc. Os efeitos são perturbações visuais (conjuntivites, cataratas), queimaduras, lesões na pele etc. Medidas de controle:

�� Medidas de proteção coletiva: isolamento da fonte de radiação (ex: biombo protetor para operação em solda), enclausuramento da fonte de radiação (ex: pisos e paredes revestidas de chumbo em salas de raio x).

�� Medidas de proteção individual: fornecimento de EPI adequado ao risco (ex: avental, luva, perneira e mangote de raspa para soldador e óculos para operadores de forno).

�� Medida administrativa: (ex: dosímetro de bolso para técnicos de raio x).

�� Medida médica: exames periódicos. Calor

Altas temperaturas podem provocar:

�� Desidratação;

�� Erupção da pele;

�� Câimbras;

�� Fadiga física;

�� Distúrbios psiconeuróticos;

�� Problemas cardiocirculatórios;

�� Insolação. Frio

Baixas temperaturas podem provocar:

�� Feridas;

�� Rachaduras e necrose na pele;

�� Enregelamento (ficar congelado);

�� Agravamento de doenças reumáticas;

�� Predisposição para acidentes;

�� Predisposição para doenças das vias respiratórias. Medidas de controle:

�� Medidas de proteção coletiva: ventilação local exaustora com a função de retirar o calor e gases dos ambientes, isolamento das fontes de calor/ frio.

�� Medidas de proteção individual: fornecimento de EPI (ex: avental, bota, capuz, luvas especiais para trabalhar no frio).

Pressões Anormais

Há uma série de atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos à pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão atmosférica a que normalmente estamos expostos. Baixas pressões: são as que se situam abaixo da pressão atmosférica normal e ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes. No Brasil, são raros os trabalhadores expostos a esse risco. Altas pressões: são as que se situam acima da pressão atmosférica normal. Ocorrem em trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões

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pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Ex: caixões pneumáticos, compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios e represas onde é injetado ar comprimido que expulsa a água do interior do caixão, possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes e barragens.

Consequências:

Ruptura do tímpano quando o aumento de pressão for brusco.

�� Liberação de nitrogênio nos tecidos e vasos sanguíneos e morte. Medidas de controle:

�� Por ser uma atividade de alto risco, exige legislação específica (NR-15) a ser obedecida. Umidade

As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, são situações insalubres e devem ter a atenção dos prevencionistas por meio de verificações realizadas nesses locais para estudar a implantação de medida de controle.

Consequências:

�� Doenças do aparelho respiratório;

�� Quedas;

�� Doenças de pele;

�� Doenças circulatórias. Medidas de controle:

�� Medidas de proteção coletiva: estudo de modificações no processo do trabalho, colocação de estrados de madeira e ralos para escoamento.

�� Medidas de proteção individual: fornecimento do EPI (ex: luvas de borracha, botas, avental para trabalhadores em galvanoplastia, cozinha, limpeza etc).

Riscos Químicos Os riscos químicos presentes nos locais de trabalho são encontrados na forma sólida,

líquida e gasosa e classificam-se em poeiras, fumos, névoas, gases, vapores, neblinas e substâncias, compostos e produtos químicos em geral.

Poeiras, fumos, névoas, gases e vapores estão dispersos no ar (aerodispersóides). Poeiras

São partículas sólidas geradas mecanicamente por ruptura de partículas maiores. As poeiras são classificadas em:

Poeiras minerais Ex: sílica, asbesto, carvão mineral.

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Consequências: silicose (quartzo), asbestose (amianto), pneumoconiose dos minérios de carvão (mineral). Poeiras vegetais Ex: algodão, bagaço de cana-de-açúcar.

Consequências: bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar) etc. Poeiras alcalinas Ex: calcário

Consequências: doenças pulmonares obstrutivas crônicas, enfisema pulmonar.

Poeiras incômodas

Consequências: interação com outros agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho, potencializando a nocividade. Fumos

Partículas sólidas produzidas por condensação de vapores metálicos. Ex: fumos de óxido de zinco nas operações de soldagem com ferro.

Consequências: doença pulmonar obstrutiva, febre de fumos metálicos, intoxicação específica de acordo com o metal. Névoas

Partículas líquidas resultantes da condensação de vapores ou da dispersão mecânica de líquidos. Ex: névoa resultante do processo de pintura a revólver, monóxido de carbono liberado pelos escapamentos dos carros. Gases

Estado natural das substâncias nas condições usuais de temperatura e pressão. Ex: GLP, hidrogênio, ácido nítrico, butano, ozona etc. Vapores

São dispersões de moléculas no ar que podem condensar-se para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Ex: nafta, gasolina, naftalina etc. Névoas, gases e vapores podem ser classificados em: * Irritantes: irritação das vias aéreas superiores.

Ex: ácido clorídrico, ácido sulfúrico, soda cáustica, cloro etc. * Asfixiantes: dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e morte.

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Ex: hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono etc.

* Anestésicos (a maioria solventes orgânicos): Ação depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diversos órgãos, ao sistema formador de sangue (benzeno) etc.

Ex: butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, percloritileno, xileno etc.

Vias de penetração dos agentes químicos: � Via cutânea (pele); � Via digestiva (boca); � Via respiratória (nariz).

A penetração dos agentes químicos no organismo depende da forma de utilização.

Fatores que influenciam a toxicidade dos contaminantes ambientais:

Para avaliar o potencial tóxico das substâncias químicas, alguns fatores devem ser levados em consideração:

�� Concentração: quanto maior a concentração, mais rapidamente os efeitos nocivos manifestar-se-ão no organismo;

�� Índice respiratório: representa a quantidade de ar inalado pelo trabalhador durante a jornada de trabalho;

�� Sensibilidade individual: o nível de resistência varia de indivíduo para indivíduo;

�� Toxicidade: é o potencial tóxico da substância no organismo;

�� Tempo de exposição: é o tempo que o organismo fica exposto ao contaminante. Medidas de controle:

As medidas sugeridas abaixo pretendem dar apenas uma ideia do que pode ser adotado, pois existe uma grande quantidade de produtos químicos em uso e as medidas de proteção devem ser adaptadas a cada tipo.

Medidas de proteção coletiva:

Ventilação e exaustão do ponto de operação, substituição do produto químico utilizado por outro menos tóxico, redução do tempo de exposição, estudo de alteração de processo de trabalho, conscientização dos riscos no ambiente. Medidas de proteção individual:

Fornecimento do EPI como medida complementar (ex: máscara de proteção respiratória para poeira, para gases e fumos, luvas de borracha, neoprene para trabalhos com produtos químicos, afastamento do local de trabalho).

Riscos Biológicos

São considerados riscos biológicos: vírus, bactérias, parasitas, protozoários, fungos e bacilos.

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Os riscos biológicos ocorrem por meio de micro-organismos que, em contato com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios etc.

Entre as inúmeras doenças profissionais provocadas por micro-organismos incluem-se: tuberculose, brucelose, malária, febre amarela. Para que essas doenças possam ser consideradas doenças profissionais, é preciso que haja exposição do funcionário a esses micro-organismos.

São necessárias medidas preventivas para que as condições de higiene e segurança nos diversos setores de trabalho sejam adequadas.

Medidas de controle:

As mais comuns são: saneamento básico (água e esgoto), controle médico permanente, uso de EPI, higiene rigorosa nos locais de trabalho, hábitos de higiene pessoal, uso de roupas adequadas, vacinação, treinamento, sistema de ventilação/ exaustão.

Para que uma substância seja nociva ao homem, é necessário que ela entre em contato com o corpo. Existem diferentes vias de penetração no organismo humano, com relação à ação dos riscos biológicos:

�� Cutânea: ex: a leptospirose é adquirida pelo contato com águas contaminadas pela urina do rato;

�� Digestiva: ex: ingestão de alimentos deteriorados;

�� Respiratória: ex: a pneumonia é transmitida pela aspiração de ar contaminado.

Riscos Ergonômicos

São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa.

A ergonomia ou engenharia humana é uma ciência relativamente recente que estuda as relações entre o homem e o ambiente de trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define a ergonomia como “a aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com os recursos e técnicas da engenharia para alcançar o ajustamento mútuo, ideal entre o homem e o trabalho, e cujos resultados medem-se em termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho". Consequências:

Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde do trabalhador, porque produzem alterações no organismo e no estado emocional, comprometendo a produtividade, saúde e segurança, tais como: cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna etc. Medidas de controle:

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Para evitar que esses riscos comprometam as atividades e a saúde do trabalhador, é necessário um ajuste entre as condições de trabalho e o homem sob os aspectos de praticidade, conforto físico e psíquico por meio de melhoria no processo de trabalho, melhores condições no local de trabalho, modernização de máquinas e equipamentos, melhoria no relacionamento entre as pessoas, alteração no ritmo de trabalho, ferramentas adequadas, postura adequada etc.

Riscos de Acidentes/ mecânicos

São considerados como riscos geradores de acidentes: arranjo físico deficiente, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, eletricidade, incêndio ou explosão, animais peçonhentos, armazenamento inadequado. Arranjo físico deficiente

É resultante de: prédios com área insuficiente, localização imprópria de máquinas e equipamentos, má arrumação e limpeza, sinalização incorreta ou inexistente, pisos fracos e/ ou irregulares. Máquinas e equipamentos sem proteção

Máquinas obsoletas, máquinas sem proteção em pontos de transmissão e de operação, comando de liga/ desliga fora do alcance do operador, máquinas e equipamentos com defeitos ou inadequados, EPI inadequado ou não fornecido. Ferramentas inadequadas ou defeituosas

Ferramentas usadas de forma incorreta, falta de fornecimento de ferramentas adequadas, falta de manutenção. Eletricidade

Instalação elétrica imprópria, com defeito ou exposta, fios desencapados, falta de aterramento elétrico, falta de manutenção. Incêndio ou explosão

Armazenamento inadequado de inflamáveis e/ ou gases, manipulação e transporte inadequado de produtos inflamáveis e perigosos, sobrecarga em rede elétrica, falta de sinalização, falta de equipamentos de combate ou equipamentos defeituosos.

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Gerenciamento e Descarte de Resíduos Industriais Resumo Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, os resíduos, em termos tanto de composição, quanto de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os resíduos perigosos, produzidos sobretudo pela indústria, são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente.

1 – Introdução A compreensão da problemática do lixo e a busca de resolução pressupõem mais do que a adoção de tecnologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao significado simbólico, seu papel e sua contextualização cultural, e também sobre as relações históricas estabelecidas pela sociedade com os rejeitos. As mudanças ainda são lentas na diminuição do potencial poluidor do parque industrial brasileiro, principalmente no tocante às indústrias mais antigas, que continuam contribuindo com a maior parcela da carga poluidora gerada e elevado risco de acidentes ambientais, sendo, portanto, necessários altos investimentos de controle ambiental e custos de despoluição para controlar a emissão de poluentes, o lançamento de efluentes e o depósito irregular de resíduos perigosos. Os custos das empresas em proteção ambiental, incluindo redução da poluição, gestão de resíduos, monitoramento, conformidade, impostos e seguros, têm aumentado rapidamente nos últimos vinte anos, com crescente e mais exigente regulamentação ambiental.

2 – O lixo no processo industrial 2.1 – Resíduos A década de 70 foi a década da água, a de 80 foi a década do ar e a de 90 de resíduos sólidos, conforme Cavalcanti (1998). Isso não foi só no Brasil. Nos Estados Unidos também se iniciou a abordagem relativa a resíduos sólidos somente no limiar da década de 80, quando foi instaurado o Superfund, que era uma legislação específica que visava recuperar os grandes lixões de resíduos sólidos que havia e ainda há espalhados nos EUA. E essa abordagem propiciou à Agência de Proteção Ambiental (EPA) a fazer toda uma legislação sobre resíduos sólidos, que constava no Federal Register nº 40. Segundo Leripio (2004), somos a sociedade do lixo, cercados totalmente por ele, mas só recentemente acordamos para esse triste aspecto de nossa realidade. Ele diz, ainda, que, nos últimos vinte anos, a população mundial cresceu menos que o volume de lixo por ela produzido. Enquanto de

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1970 a 1990 a população do planeta aumentou em 18%, a quantidade de lixo sobre a Terra passou a ser 25% maior. Nos Estados Unidos, de acordo com Leripio (2004), o grande volume de lixo gerado pela sociedade está fundamentado no famoso “american way of life” que associa a qualidade de vida ao consumo de bens materiais. Esse padrão de vida alimenta o consumismo, incentiva a produção de bens descartáveis e difunde a utilização de materiais artificiais. Na Europa, a situação dos resíduos é caracterizada por uma forte preocupação em relação à recuperação e ao reaproveitamento energético. A dificuldade de geração de energia, devido aos escassos recursos disponíveis e aliada ao alto consumo energético, favorece a estratégia de reciclagem dos materiais e o aproveitamento térmico. O autor acima menciona que na indústria do alumínio, por exemplo, 99% dos resíduos da produção são reutilizados, enquanto a indústria de plástico chega a 88% de reaproveitamento das sobras. Do total de resíduos municipais europeus, cerca de 24% são destinados à incineração, sendo 16% com reaproveitamento energético. Na China, país de extensão territorial considerável e com grande contingente populacional concentrado nas cidades, o povo considera os resíduos orgânicos como uma responsabilidade do cidadão, ou melhor, do gerador. Esse tipo de valor cultural facilita a introdução de métodos mais racionais de controle dos resíduos sólidos, com participação ativa da população. Há um envolvimento individual do cidadão chinês, com vistas à reintegração dos resíduos à cadeia natural da vida do planeta. A massa dos resíduos sólidos urbanos é composta, predominantemente, de material orgânico que é utilizado na agricultura. Assim, o resíduo não é visto como um problema, mas sim como uma solução para a fertilização dos solos, o que estimula a formação de uma extensa rede de compostagem e biodigestão de resíduos. Essa diferença de tratamento fundamenta-se em valores culturais totalmente diferenciados dos ocidentais, que originaram outro paradigma para tratamento da questão. Resíduos são o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da varrição pública. Os resíduos apresentam-se nos estados sólidos, gasoso e líquido. A figura 1 mostra o fluxo do lixo no meio ambiente.

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Figura 1 – Dinâmica do fluxo de contaminantes do lixo no meio ambiente

Fonte: http://www.geotch.limp3 htm

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2.1.1 – Classificação dos resíduos Quanto às características físicas: Seco: Papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças etc. Molhado: Restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados etc. Quanto à composição química: Orgânico: é composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos, aparas e podas de jardim. Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro etc), tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças etc. Quanto à origem: Domiciliar: Originado da vida diária das residências, constituído por restos de alimentos (cascas de frutas, verduras etc), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Pode conter alguns resíduos tóxicos. Comercial: Originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes etc. Serviços públicos: Originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres etc, constituído por restos de vegetais diversos, embalagens etc. Hospitalar: Descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias (algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função das características, merece cuidado especial no acondicionamento, manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para aterro sanitário. Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: Resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que podem hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países. Industrial: Originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nessa categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo potencial de envenenamento.

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Radioativo: Resíduos provenientes da atividade nuclear (resíduos de atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados apenas com equipamentos e técnicas adequados. Agrícola: Resíduos sólidos das atividades agrícola e pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita etc. O lixo proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial. Entulho: Resíduos da construção civil, como demolições e restos de obras e solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento. 2.1.2 - Classes dos resíduos Em 31 de maio de 2004, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a nova versão da norma NBR 10.004 – Resíduos Sólidos. Essa Norma classifica os resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. Nas atividades de gerenciamento de resíduos, a NBR 10.004 é uma ferramenta imprescindível, sendo aplicada por instituições e órgãos fiscalizadores. A partir da classificação estipulada pela Norma, o gerador de um resíduo pode facilmente identificar o potencial de risco do mesmo, bem como identificar as melhores alternativas para destinação final e/ ou reciclagem. Essa nova versão classifica os resíduos em três classes distintas: classe I (perigosos), classe II (não-inertes) e classe III (inertes). Classe 1 – Resíduos perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função das características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Classe 2 – Resíduos não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes e podem ter propriedades, tais como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico. Classe 3 – Resíduos inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT), não têm nenhum dos constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isso significa que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos desses resíduos são recicláveis. Esses resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (degradam-se muito lentamente). Estão nessa classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações. O quadro 1 mostra a origem, classes e responsável pelos resíduos. Quadro 1 – Origem, possíveis classes e responsável pelos resíduos

Origem Possíveis Classes Responsável

Domiciliar 2 Prefeitura

Comercial 2, 3 Prefeitura

Industrial 1, 2, 3 Gerador do resíduo

Público 2, 3 Prefeitura

Serviços de saúde 1, 2, 3 Gerador do resíduo

Portos, aeroportos e terminais ferroviários 1, 2, 3 Gerador do resíduo

Agrícola 1, 2, 3 Gerador do resíduo

Entulho 3 Gerador do resíduo

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Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br 2.2 – Resíduos industriais As sociedades desenvolvidas precisam da indústria para produzir energia e bens que mantenham o estilo de vida. As atividades industriais abrangem processamento de alimentos, mineração, produção petroquímica e de plástico, metais e produtos químicos, papel e celulose e a manufatura de bens de consumo, como a televisão. Por sua vez, a indústria necessita de matéria-prima, como o ferro, a água e a madeira, para a produção desses bens. Esses processos de manufatura produzem lixo, que pode ser inofensivo ou tóxico. O lixo gerado pelas atividades agrícolas e industriais é tecnicamente conhecido como resíduo e os geradores são obrigados a cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final de seus resíduos, e essa responsabilidade é para sempre. O lixo doméstico é apenas uma pequena parte de todo o lixo produzido. A indústria é responsável por grande quantidade de resíduo – sobras de carvão mineral, refugos da indústria metalúrgica, resíduo químico e gás e fumaça lançados pelas chaminés das fábricas. Resíduo industrial é o lixo que resulta dos processos de produção das indústrias. Ele varia de acordo com a indústria. Assim, indústrias metalúrgicas, alimentícias e químicas têm um lixo bem diferente, requerendo um tratamento especial. Na indústria alimentícia os refugos (produção que não pode ser aproveitada) são vendidos para fábricas de ração animal. Indústrias metalúrgicas e de plásticos vendem seu refugo para ser reciclado por outras empresas. As indústrias químicas, porém, precisam tratar os rejeitos, e isso, muitas vezes, requer altos investimentos. O problema é quando ele não é tratado, sendo jogado em rios ou queimados, o que polui o meio ambiente. Mas, com investimento, isso pode ser revertido. Um exemplo bom é a cidade paulista de Cubatão que, na década de 80, sofreu com a poluição e, hoje, graças a investimentos e pesquisas, está conseguindo reverter esse quadro. O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele, estão incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. Os resíduos sólidos são amontoados e enterrados; os líquidos são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente, e consequentemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragédias. Cerca de 10 a 20% dos resíduos industriais podem ser perigosos ao homem e ao ecossistema. Incluem produtos químicos, como o cianureto; pesticidas, como o DDT; solventes; asbestos e metais, como o mercúrio e o cádmio. O perigo está no solo, na água e no ar. Quando absorvidos pelo ser humano, os metais pesados (elementos de elevado peso molecular) depositam-se no tecido ósseo e gorduroso e deslocam minerais nobres dos ossos e músculos para a circulação. Esse processo provoca doenças. O consumo habitual de água e alimentos, como peixes de água doce ou do mar contaminados com metais pesados, coloca em risco a saúde. As populações que moram em torno das fábricas de baterias artesanais, indústrias de cloro-soda que utilizam mercúrio, indústrias navais, siderúrgicas e metalúrgicas correm risco de ser contaminadas. Os metais pesados são muito usados na indústria e estão em vários produtos. Apresentamos, no quadro 2, os principais metais usados, as fontes e riscos à saúde.

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Quadro 2 - Principais metais usados na indústria, as fontes e riscos à saúde

Metais De onde vêm Efeitos

Alumínio Produção de artefatos de alumínio, serralheria, soldagem de medicamentos (antiácidos) e tratamento convencional de água.

Anemia por deficiência de Ferro, intoxicação crônica.

Arsênio Metalurgia; manufatura de vidros e fundição. Câncer (seios paranasais)

Cádmio Soldas, tabaco, baterias e pilhas. Câncer de pulmões e próstata, lesão nos rins.

Chumbo Fabricação e reciclagem de baterias de autos, indústria de tintas, pintura em cerâmica, soldagem.

Saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e cerebral)

Cobalto Preparo de ferramentas de corte e furadoras. Fibrose pulmonar (endurecimento do pulmão) que pode levar à morte

Cromo Indústrias de corantes, esmaltes, tintas, ligas com aço e níquel; cromagem de metais.

Asma (bronquite), câncer.

Fósforo amarelo Veneno para baratas; rodenticidas (tipo de inseticida usado na lavoura) e fogos de artifício.

Náuseas; gastrite; odor de alho, fezes e vômitos fosforescentes, dor muscular; torpor; choque, coma e até morte.

Mercúrio Moldes industriais, certas indústrias de cloro-soda, garimpo de ouro, lâmpadas fluorescentes.

Intoxicação do sistema nervoso Central

Níquel Baterias, aramados, fundição e niquelagem de metais, refinarias.

Câncer de pulmão e seios Paranasais

Fumos metálicos Vapores (de cobre, cádmio, ferro, manganês, níquel e zinco) da soldagem industrial ou da galvanização de metais.

Febre dos fumos metálicos (febre, tosse, cansaço e dores musculares) – parecido com pneumonia.

Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/ A indústria elimina resíduo por vários processos. Alguns produtos, principalmente os sólidos, são amontoados em depósitos, enquanto que o resíduo líquido é, geralmente, despejado nos rios e mares, de uma ou de outra forma. Certos resíduos perigosos são jogados no meio ambiente, precisamente por ser tão danosos. Não se sabe como lidar com eles com segurança e espera-se que o ambiente absorva as substâncias tóxicas. Porém, essa não é uma solução segura para o problema. Muitos metais e produtos químicos não são naturais, nem biodegradáveis. Em consequência, quanto mais se enterram os resíduos, mais os ciclos naturais são ameaçados, e o ambiente torna-se poluído. Desde os anos 50, os resíduos químicos e tóxicos têm causado desastres cada vez mais frequentes e sérios. Atualmente, há mais de 7 milhões de produtos químicos conhecidos, e a cada ano outros milhares são descobertos. Isso dificulta, cada vez mais, o tratamento efetivo do resíduo. A destinação, tratamento e disposição final de resíduos devem seguir a Norma 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que classifica os resíduos conforme as reações que produzem quando são colocados no solo:

- perigosos (Classe 1 – contaminantes e tóxicos);

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- não-inertes (Classe 2 – possivelmente contaminantes); - inertes (Classe 3 – não contaminantes). Os resíduos das classes 1 e 2 devem ser tratados e destinados em instalações apropriadas para tal fim. Por exemplo, os aterros industriais precisam de mantas impermeáveis e diversas camadas de proteção para evitar a contaminação do solo e das águas, além de instalações preparadas para receber o lixo industrial e hospitalar, normalmente operados por empresas privadas, seguindo o conceito do poluidor-pagador. As indústrias tradicionalmente responsáveis pela maior produção de resíduos perigosos são as metalúrgicas, as indústrias de equipamentos eletroeletrônicos, as fundições, a indústria química e a indústria de couro e borracha. Predomina em muitas áreas urbanas a disposição final inadequada de resíduos industriais, por exemplo, o lançamento dos resíduos industriais perigosos em lixões, nas margens das estradas ou em terrenos baldios, o que compromete a qualidade ambiental e de vida da população. Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e normas específicas. Pode-se citar a Constituição Brasileira no Artigo 225, que dispõe sobre a proteção ao meio ambiente; a Lei 6.938/ 81, que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente; a Lei 6.803/ 80, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição; as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 257/ 263 e 258, que dispõem, respectivamente, sobre pilhas, baterias e pneumáticos e, além disso, a questão é amplamente tratada nos Capítulos 19, 20 e 21 da Agenda 21 (Rio-92). Em síntese, o governo federal, através do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), está desenvolvendo projeto para caracterizar os resíduos industriais através de um inventário nacional, para traçar e desenvolver uma política de atuação, visando reduzir a produção e destinação inadequada de resíduos perigosos. Com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, no início de 1998, a qual estabelece pesadas sanções para os responsáveis pela disposição inadequada de resíduos, as empresas que prestam serviços na área de resíduos sentiram certo aquecimento do mercado – houve empresa que teve aumento de 20% na demanda por serviços logo após a promulgação da lei –, mas tal movimento foi de certa forma arrefecido com a emissão da Medida Provisória que ampliou o prazo para que as empresas adéqüem-se à nova legislação. Comparando as legislações francesa e brasileira, Groszek (1998) diz que não há grandes diferenças. Tanto a legislação brasileira, quanto a europeia têm os princípios da responsabilidade, que é do gerador de resíduos. Na França e no Brasil o gerador tem a responsabilidade, por exemplo, de escolher um centro de tratamento que seja adequado, legal e ambientalmente, ficando essa escolha sob a sua responsabilidade, e também de escolher um transportador que seja credenciado. O operador, por sua vez, tem a responsabilidade de cumprir as obrigações legais em geral e aquelas decorrentes da licença que ele possui, em particular. A legislação francesa estabelece que a empresa deve, em primeiro lugar, evitar a geração de resíduo; que, se houver geração, deve-se primeiramente tentar o reaproveitamento do resíduo, recuperando a matéria-prima; no caso do tratamento fora da usina, deve-se antes buscar um tratamento que possibilite uma valorização térmica; e, em último lugar, deve-se utilizar o aterro. A esperança das empresas que investiram em tecnologia e instalações para tratamento e disposição de resíduos industriais está na disseminação da ISO 14000, pois as empresas que aderirem à norma terão de gerenciar adequadamente os resíduos, e numa maior atuação fiscalizadora por parte dos órgãos de controle ambiental. A soma das ações de controle, envolvendo a geração, manipulação, transporte, tratamento e disposição final, traduz-se nos seguintes benefícios principais:

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minimização dos riscos de acidentes pela manipulação de resíduos perigosos; disposição de resíduos em sistemas apropriados; promoção de controle eficiente do sistema de transporte de resíduos perigosos; proteção à saúde da população em relação aos riscos potenciais oriundos da manipulação, tratamento e disposição final inadequada. intensificação do reaproveitamento de resíduos industriais; proteção dos recursos não renováveis, bem como o adiamento do esgotamento de matérias-primas; diminuição da quantidade de resíduos e dos elevados e crescentes custos de sua destinação final; minimização dos impactos adversos, provocados pelos resíduos no meio ambiente, protegendo o solo, o ar e as coleções hídricas superficiais e subterrâneas de contaminação. Muitas vezes, de acordo com Tondowski (1998), uma empresa quer tratar os resíduos e há uma consciência do gerador neste sentido, mas todo tratamento de resíduos ou grande parte dos tratamentos de resíduos representa custo. Mesmo a reciclagem gera custo e isso significa que, se uma determinada empresa fizer o tratamento e o seu vizinho ou competidor não o fizer, isso colocará a primeira empresa numa posição de menos competitividade no mercado. Então, só procura o serviço, seja de gerenciamento ou de destinação de resíduos, aquele gerador que compete em termos globais e precisa apresentar uma política clara de meio ambiente, porque ele está produzindo algo aqui que será vendido, por exemplo, na Europa. Ele estará competindo a partir de um produto feito aqui com um produto feito em outro país, onde o seu competidor estará fiscalizando a forma como o produto foi feito aqui. Um resíduo não é, por princípio, algo nocivo. Muitos resíduos podem ser transformados em subprodutos ou em matérias-primas para outras linhas de produção. O gerenciamento de resíduos tem-se transformado, nas últimas décadas, em um dos temas ambientais mais complexos. O número crescente de materiais e substâncias identificados como perigosos e a geração desses resíduos em quantidades expressivas têm exigido soluções mais eficazes e investimentos maiores por parte dos geradores e da sociedade de forma geral. Além disso, com a industrialização crescente dos países ainda em estágio de desenvolvimento, esses resíduos passam a ser gerados em regiões nem sempre preparadas para processá-los ou, pelo menos, armazená-los adequadamente. A manipulação correta de um resíduo tem grande importância para o controle do risco que ele representa, pois um resíduo relativamente inofensivo, em mãos inexperientes, pode transformar-se em um risco ambiental bem mais grave. Abaixo, temos um fluxograma (figura 2) de gestão de resíduos.

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Figura 2 - Fluxograma da Gestão Global de Resíduos

Fonte: http://www.apliquim.com.br

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Muitos empresários bem que gostariam de colaborar, efetivamente, para a despoluição, não só por motivos éticos, mas, principalmente, práticos. O que se joga ocupa espaço e leva embora muita matéria-prima que poderia ser reaproveitada. Fala-se constantemente em reciclagem de materiais, mas ocorre que ainda estamos no início de um trabalho que demanda ousadia e paciência. E que nem sempre custa uma exorbitância.

3 - Conclusão Todo processo industrial está caracterizado pelo uso de insumos (matérias-prima, água, energia etc) que, submetidos à transformação, dão lugar a produtos, subprodutos e resíduos. Quando se fala em meio ambiente, no entanto, o empresário imediatamente pensa em custo adicional. Dessa maneira, passam despercebidas as oportunidades de uma redução de custos. Sendo o meio ambiente um potencial de recursos ociosos ou mal aproveitados, a inclusão no horizonte de negócios pode resultar em atividades que proporcionam lucro ou, pelo menos, paguem-se com a poupança de energia ou de outros recursos naturais. Nesse sentido, para proporcionar o bem-estar da população, as empresas necessitam empenhar-se na manutenção de condições saudáveis de trabalho; segurança, treinamento e lazer para os funcionários e familiares; contenção ou eliminação dos níveis de resíduos tóxicos, decorrentes do processo produtivo e do uso ou consumo dos produtos, de forma a não agredir o meio ambiente de forma geral; elaboração e entrega de produtos ou serviços, de acordo com as condições de qualidade e segurança desejadas pelos consumidores.

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Princípio dos 3 R's

A gestão sustentável dos resíduos sólidos pressupõe uma abordagem que tenha como referência o princípio dos 3R´s, apresentado na Agenda 21: redução (do uso de matérias-primas e energia e do desperdício nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos e reciclagem de materiais.

A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

Trata-se de um documento consensual, para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países, num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92.

Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

A hierarquia dos 3R´s segue o princípio de que causa menor impacto evitar a geração do lixo do que reciclar os materiais após o descarte.

A reciclagem de materiais polui menos o ambiente e envolve menor uso de recursos naturais, mas raramente questiona o atual padrão de produção, não levando à diminuição do desperdício nem da produção desenfreada de lixo.

Redução Reutilização Reciclagem

Redução

A redução é a primeira etapa do princípio dos 3R´s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), e consiste em ações que visam a diminuição da geração de resíduos, seja por meio da minimização na fonte ou por meio da redução do desperdício.

É a etapa principal, pois sua contribuição promove a minimização de gastos com o gerenciamento e tratamento, e é válido para aplicação a qualquer grupo de resíduos.

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Algumas ações para a redução na geração:

Substituição de copos descartáveis por canecas laváveis;

Racionalizar o consumo de papel;

Evitar empacotamentos desnecessários, levando ao supermercado ou feira a própria bolsa de compras;

Recusar folhetos de propaganda que não forem de seu interesse;

Planejar bem as compras para não haver desperdício;

Comprar sempre produtos duráveis e resistentes;

Utilizar pilhas recarregáveis ou alcalinas, que poluem menos;

Preferir comprar produtos que tenham embalagens retornáveis ou refil;

Assinar jornais e revistas em conjunto com outras pessoas;

Reutilização

A reutilização é a segunda etapa que pode ser implantada, através de ações que possibilitem a utilização para várias finalidades, otimizar o máximo o uso antes do descarte final ou, ainda, o reenvio ao processo produtivo, visando a recolocação para o mesmo fim ou recolocação no mercado.

Podemos adotar algumas ações:

- Reutilizar embalagens, potes de vidro e envelopes de plástico ou de papel;

- Usar o outro lado das folhas de papel já utilizadas, para rascunhos e blocos de anotação;

- Reutilizar envelopes, colocando etiquetas adesivas sobre o endereço do remetente e do destinatário;

- Aproveitar embalagens descartáveis para artesanato;

- Restaurar móveis antigos, ao invés de comprar um novo;

- Doar roupas, móveis, aparelhos domésticos, brinquedos etc;

- Vender no ferro-velho os aparelhos quebrados ou desmontá-los, reaproveitando-se as peças;

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- Guardar, mesmo que não tenham uso imediato, caixas de papelão ou de plástico, pois são sempre necessárias;

Reciclagem

Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os resíduos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. Materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo são separados, coletados e processados para ser usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Reciclar é usar um material para fazer outro.

O termo reciclagem surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica. As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do produto inicial.

Símbolo internacional da reciclagem.

Benefícios da reciclagem

Econômicos:

A reciclagem de papel economiza matéria-prima (celulose).

A reciclagem de 1kg de vidro quebrado (cacos) gera 1kg de vidro novo, economizando 1,3kg de matérias-primas (minérios).

A cada 10% de utilização de cacos, há uma economia de 2,9% de energia.

A reciclagem de alumínio economiza 95% da energia que seria usada para produzir alumínio primário.

A reciclagem de lixo orgânico, por meio da compostagem, resulta em adubo de excelente qualidade para a agricultura.

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Uma única latinha de alumínio reciclada economiza energia suficiente para manter um aparelho de TV ligado durante três horas.

Ambientais:

50kg de papel reciclado evitam o corte de uma árvore de sete anos.

Cada tonelada de papel reciclado pode substituir o plantio de até 350m² de monocultura de eucalipto.

Uma tonelada de papel reciclado economiza 20 mil litros de água e 1.200 litros de óleo combustível.

A reciclagem de vidro diminui a emissão de gases poluidores pelas fábricas.

A reciclagem do plástico impede um enorme prejuízo ao meio ambiente, pois o material é muito resistente à radiações, calor, ar e água.

A cada quilo de alumínio reciclado, 5kg de bauxita (minério com que se produz o alumínio) são poupados.

A reciclagem de vidro aumenta a vida útil dos aterros sanitários e poupa a extração de minérios, como areia, barrilha, calcário, feldspato etc.

Sociais:

A reciclagem contribui para a diminuição do volume de lixo: o Brasil produz, atualmente, 240 mil toneladas de lixo por dia.

Recoloca no ciclo de produção um material que pode contaminar o solo, a água e o ar.

A reciclagem de papel gera milhares de empregos: dos catadores de papel aos empregados em empresas de intermediação e recicladoras.

A reciclagem de plástico, no Brasil, gera cerca de 20 mil empregos diretos em 300 indústrias de reciclagem.

Fonte: Unifesp

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Princípios de Tecnologias Industriais

(Relacionando as atividades mecânicas voltadas para Segurança do Trabalho) Fluxos de Produção

O âmbito dos processos de produção cobre todo o espectro, desde as tarefas executadas

manualmente através de sistemas, que emprega o binômio homem/ maquina, diante dos processos automatizados, em que a mão de obra é indireta ou simplesmente de vigilância. As tarefas manuais, costumeiramente em combinação com auxílios mecânicos, ainda constituem uma grande parte da atividade produtiva, operações manuais e operações homem/ maquina, com um componente importante manual, são tipicamente do trabalho de montagens de escritórios, supermercados, hospitais e assim por diante. Alguns processos de produção têm base tecnológica considerável. As indústrias metalúrgicas, madeira, plásticos e de produtos químicos são exemplos desses processos. 1. Processos de Transformação A natureza básica de um processamento é a transformação, isto é, algo que se realiza que de alguma forma transforma o item objeto, podendo ser objeto de trabalho. Essas transformações podem ter como efeito uma alteração química, mudança de perfil, mudança da forma básica, adição ou subtração de uma peça de um determinado conjunto, mudanças de peças de um conjunto, mudança de localização de alguma coisa processada, como acontecem nas operações de transporte, previsão ou alteração dos sistemas de informação, como ocorrem nas operações de escritórios ou a verificação da previsão de qualquer processo, como se dá nas operações de inspeção. 2. Processos de Alteração de Perfil e Forma Os exemplos mais comuns desses tipos de alterações encontram-se nas indústrias de laminação e usinagem de metais. Na indústria de madeira, moldagem e conformação de plásticos e indústrias metalúrgicas, algumas operações primárias de conformação podem ter lugar no laminador, em que são obtidos os perfis de aço, alumínio e outros metais. O resultado desses processos são barras, chapas, lingotes, vigas e muitos outros perfis, que são padronizados e podem ser usados com vantagens nos demais processos. Alternativamente, certos produtos podem exigir que o tratamento inicie-se por algum processo de moldagem, como fundição na areia ou fundição sob pressão, para que seja estabelecida a base que exigia ou não o processamento posterior. A usinagem dos metais é realizada por meios de processos básicos de máquinas operatrizes, que envolvem a geração de superfícies cilíndricas, planas, curvas, furos etc. O processo básico de usinagem de peças para colocar nas dimensões planejadas é o torno. 3. Processo de Montagem

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Alguns processos usados de peças metálicas e a solda, o rebite, o parafuso a junta adesiva. Os processos de montagem são comuns na indústria de automóvel, na indústria eletromecânica, na indústria eletroeletrônica e na indústria de outros aparelhos em geral. Na verdade, eles são comuns em todas as indústrias. A situação normal que prevalece nas operações de montagem envolve uma considerável porção de trabalho manual, ordinariamente suplementados por dispositivos auxiliares. Em geral, a automatização não alcançou a maioria das operações de montagens com exceção das montagens eletrônicas de grande quantidade, com estabelecimento dos circuitos impressos, a indústria eletrônica projetou equipamentos automáticos para montar as partes componentes dos painéis de circuito impressos. A maior parte da análise do movimento das mãos do operador e das relações deste com suas ferramentas. 4. Processos Burocráticos Enquanto os tipos de processos mecânicos tendem alterar o perfil ou a forma, os processos burocráticos transformam as informações. O volume de atividade burocrática cresceu rapidamente, até o ponto em que o número de trabalhadores em escritórios é maior que o número de operários em campo de trabalho. O equivalente da atividade burocrática é realizado com uma larga faixa de técnicas, entendendo-se das paramentes manuais através de todos os graus de mecanização e condensação da automatização do sistema integrado de processamentos de dados. 5. Estimativa e Seleção de Processos Suponhamos uma peça que exige operações de tratamento. Essas operações podem ser executadas num torno comum ou em um torno automático. Eis alternativas funcionais. A escolha mais econômica depende do volume de produção que temos em vista e da importância relativa dos custos adicionais para as duas alternativas.

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6. Fluxograma Geral da Obtenção de produtos do Petróleo

O material flui continuamente através de uma série de operações muito complexas de aquecimento, pressão, compressão, mistura, decantação, refinamento etc. 7. Processo Químico Os processos químicos são comuns em indústrias como as do petróleo, plásticos, siderúrgicas e alumínio. Evidentemente impossível generalizar num curto espaço de tempo a natureza e a extensão do processamento químico. Industrialmente, eles ocorrem sob forma de processamento em cargas e de processamento continuo.

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Processo Siderúrgico

História

No atual estágio de desenvolvimento da sociedade, é impossível imaginar o mundo sem o uso do aço. A produção de aço é um forte indicador do estágio de desenvolvimento econômico de um país. O consumo cresce proporcionalmente à construção de edifícios, execução de obras públicas, instalação de meios de comunicação e produção de equipamentos.

Esses materiais já se tornaram corriqueiros, mas fabricá-los exige técnica que deve ser renovada de forma cíclica, por isso o investimento constante das siderúrgicas em pesquisa. O início e o processo de aperfeiçoamento do uso do ferro representaram grandes desafios e conquistas para a humanidade.

Siderurgia no Brasil

Quando as terras brasileiras foram descobertas, as práticas mercantilistas imperavam na Europa. Os portugueses chegaram ao Brasil com a esperança da extração de metais, como ouro, prata e bronze. No entanto, nenhum tipo de metal, nem mesmo ferro, foi encontrado em um primeiro momento. Os poucos ferreiros que vieram para o Brasil utilizavam o ferro originário da Europa para produzir os instrumentos usados na lavoura.

Em 1554, o padre jesuíta José de Anchieta relatou, em um informe ao rei de Portugal, a existência de depósitos de prata e minério de ferro no interior da capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo).

Quem primeiro trabalhou na redução desse minério de ferro foi Afonso Sardinha. Em 1587, ele descobriu magnetita na atual região de Sorocaba, no interior de São Paulo, e iniciou a produção de ferro a partir da redução do minério. É a primeira fábrica de ferro que se tem notícia no Brasil.

Siderurgia no Mundo

Há cerca de 4.500 anos, o ferro metálico usado pelo homem era encontrado in natura em meteoritos recolhidos pelas tribos nômades nos desertos da Ásia Menor. Também existem indícios da ocorrência e do emprego desse material metálico em regiões como, por exemplo, a Groenlândia. Pela beleza, maleabilidade e por ser de difícil obtenção, era considerado um metal precioso, que se destinava, principalmente, ao adorno.

Muitos defendem a hipótese de que o homem descobriu o ferro no Período Neolítico (Idade da Pedra Polida), por volta de 6.000 a 4.000 anos a.C. Ele teria surgido por acaso, quando pedras de minério de ferro usadas para proteger uma fogueira, após aquecidas,

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transformaram-se em bolinhas brilhantes. O fenômeno, hoje, é facilmente explicável: o calor da fogueira havia derretido e quebrado as pedras.

O uso do ferro nesse período sempre foi algo acidental, e o exemplo acima ilustra bem a situação. Embora raras, havia vezes em que o material também era encontrado em estado nativo – caso de alguns meteoritos (corpos rochosos compostos por muitos minérios, inclusive ferro, que circulam no espaço e caem naturalmente no planeta Terra). Como chegava pelo espaço, muitos povos consideravam o ferro como uma dádiva dos deuses.

Aos poucos, o ferro passou a ser usado com mais frequência, a partir do momento em que se descobriu como extrai-lo de seu minério. A exploração regular de jazidas começou em torno de 1.500 a.C, provavelmente no Oriente Médio, de onde o metal teria sido importado por assírios e fenícios. Do primeiro milênio da era cristã em diante, o ferro difundiu-se por toda bacia do Mediterrâneo.

Introdução

A fronteira entre o ferro e o aço foi definida na Revolução Industrial, com a invenção de fornos que permitiam não só corrigir as impurezas do ferro como adicionar-lhes propriedades, como resistência ao desgaste, ao impacto, à corrosão etc. Por causa dessas propriedades e do baixo custo, o aço passou a representar cerca de 90% de todos os metais consumidos pela civilização industrial.

Basicamente, o aço é uma liga de ferro e carbono. O ferro é encontrado em toda crosta terrestre, fortemente associado ao oxigênio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro, misturado com areia fina.

O carbono é também relativamente abundante na natureza e pode ser encontrado sob diversas formas. Na siderurgia, usa-se carvão mineral e, em alguns casos, o carvão vegetal.

O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas (cerca de 1.500º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigênio que se desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigênio do ferro para ligar-se ao carbono chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado alto forno.

Antes de serem levados ao alto forno, o minério e o carvão são previamente preparados para melhoria do rendimento e economia do processo. O minério é transformado em pelotas e o carvão é destilado, para obtenção do coque, dele se obtendo ainda subprodutos carboquímicos.

No processo de redução, o ferro liquefaz-se e é chamado de ferro gusa ou ferro de primeira fusão. Impurezas, como calcário, sílica etc, formam a escória, que é matéria-prima para a fabricação de cimento.

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A etapa seguinte do processo é o refino. O ferro gusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço faz-se em fornos a oxigênio ou elétricos.

Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc.

Com a evolução da tecnologia, as fases de redução, refino e laminação estão sendo reduzidas no tempo, assegurando maior velocidade na produção.

Classificações

As usinas de aço do mundo classificam-se segundo o processo produtivo:

• Integradas – Que operam as três fases básicas: redução, refino e laminação; participam de todo o processo produtivo e produzem aço.

• Semi-integradas – Que operam duas fases: refino e laminação. Estas usinas partem de ferro gusa, ferro esponja ou sucata metálica adquiridas de terceiros para transformá-los em aço em aciarias elétricas e posterior laminação.

Além disso, em função dos produtos que preponderam nas linhas de produção, as usinas também podem ser assim classificadas:

• De semiacabados (placas, blocos e tarugos) • De planos aços carbono (chapas e bobinas) • De planos aços especiais/ ligados (chapas e bobinas) • De longos aços carbono (barras, perfis, fio máquina, vergalhões, arames e tubos sem

costura) • De longos aços especiais/ ligados (barras, fio-máquina, arames e tubos sem costura)

Existem, ainda, unidades produtoras chamadas de não-integradas, que operam apenas uma fase do processo: processamento (laminação ou trefilas) ou redução.

Laminação

Estão os relaminadores, geralmente de placas e tarugos, adquiridos de usinas integradas ou semi-integradas e os que relaminam material sucatado.

No mercado produtor operam, ainda, unidades de pequeno porte que se dedicam, exclusivamente, a produzir aço para fundições.

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Trefilação

São as trefilarias, unidades que dispõem apenas de trefilas, em que produtores de arames e barras utilizam o fio-máquina como matéria-prima.

Redução

São os produtores de ferro gusa, os chamados guseiros, que têm como característica comum o emprego de carvão vegetal em altos fornos para redução do minério, mas que se trata de atividade industrial distinta.

De acordo com a CNAE/ IBGE (instrumento de padronização nacional dos códigos de atividade econômica do país), a Metalurgia é uma divisão da seção das Indústrias de Transformação. É nessa atividade econômica que ocorre a conversão de minérios ferrosos e não-ferrosos em produtos metalúrgicos e produtos intermediários do processo.

A Siderurgia, setor no qual ocorre a fabricação do aço em forma de semiacabados, laminados, relaminados, trefilados e tubos sem costura, é classificada como um grupo específico na divisão de metalurgia, seção na qual estão inseridas outras atividades correlatas. Dentro da metalurgia, os produtores independentes de gusa e de ferros-liga compõem outro grupo.

Etapas

O aço é produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, carvão e cal. A fabricação do aço pode ser dividida em quatro etapas: preparação da carga, redução, refino e laminação.

1. Preparação da carga

• Grande parte do minério de ferro (finos) é aglomerada, utilizando-se cal e finos de coque.

• O produto resultante é chamado de sinter. • O carvão é processado na coqueria e transforma-se em coque.

2. Redução

• Essas matérias-primas, agora preparadas, são carregadas no alto forno. • Oxigênio aquecido a uma temperatura de 1000ºC é soprado pela parte de baixo do

alto forno. • O carvão, em contato com o oxigênio, produz calor que funde a carga metálica e dá

início ao processo de redução do minério de ferro em um metal líquido: o ferro-gusa. • O gusa é uma liga de ferro e carbono com um teor de carbono muito elevado.

3. Refino

• Aciarias a oxigênio ou elétricas são utilizadas para transformar o gusa líquido ou sólido e a sucata de ferro e aço em aço líquido.

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• Nessa etapa, parte do carbono contido no gusa é removido juntamente com impurezas.

• A maior parte do aço líquido é solidificada em equipamentos de lingotamento contínuo para produzir semiacabados, lingotes e blocos.

4. Laminação

• Os semiacabados, lingotes e blocos são processados por equipamentos chamados laminadores, e transformados em uma grande variedade de produtos siderúrgicos, cuja nomenclatura depende da forma e/ ou composição química.

Sustentabilidade

Reciclagem

O aço figura entre os materiais mais recicláveis e reciclados do mundo. O setor estimula a coleta e recicla o aço contido nos produtos no final da vida útil, empregando-o na fabricação de novos produtos siderúrgicos, sem qualquer perda de qualidade.

Dessa forma, a produção de aço a partir de sucata reduz o consumo de matérias-primas não renováveis, economiza energia e evita a necessidade de ocupação de áreas para o descarte de produtos em obsolescência.

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Confira no fluxograma abaixo o processo de reciclagem do aço:

Coprodutos

Agir para que o presente e o futuro sejam sustentáveis é responsabilidade de todos. E é prioridade para o Instituto Aço Brasil, o qual criou o Centro de Coprodutos Aço Brasil – CCABrasil, iniciativa que visa contribuir para a preservação dos recursos não renováveis e para o desenvolvimento do país.

O CCABrasil, criado com o apoio das associadas e colaboradores do Instituto Aço Brasil, dá importante passo para fomentar o desenvolvimento de coprodutos que venha a atender, com qualidade e de forma sustentável, diversas possibilidades de aplicações.

Assim como a qualidade do aço brasileiro é mundialmente reconhecida, o CCABrasil atuará para garantir a mesma qualidade aos demais produtos do setor.

Aplicações dos coprodutos sustentáveis da indústria do aço:

Estudos e pesquisas já realizadas, não só no Brasil como em outros países, demonstraram concreta possibilidade de uso dos coprodutos na indústria da construção civil, pavimentação, indústria cerâmica, agricultura e fabricação de cimento e concreto, como, por exemplo:

• Agregado de aciaria (frações mais finais): correção de pH do solo, contenção de encostas, fabricação de fertilizantes fosfatados, produção de cimento e concreto;

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• Agregado de aciaria (britas e frações mais grossas): recuperação paisagística, lastro ferroviário, pátio de estacionamento, recuperação de vias em geral, construção de base e sub-base de rodovias e produção de asfalto;

• Agregado de alto-forno: fabricação de cimento, produção de concreto e lã mineral.

Benefícios gerados pelo uso de coprodutos do aço:

O uso de coprodutos da indústria do aço propiciará diversos benefícios ambientais:

• Redução de consumo de recursos naturais não renováveis, como aqueles provenientes da mineração de rochas, areia e outros materiais primários;

• Transformação de um potencial passivo em ativo ambiental, por evitar a destinação desnecessária de materiais a aterros e a aplicação para fins nobres, como obras de infra-instrutora;

• Redução da emissão de gases de efeito estufa na produção de cimento, devido ao uso de coproduto da indústria do aço em substituição ao clínquer.

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Processo de fabricação convencional As quatro etapas do roteiro da produção do aço convencional As etapas de produção convencional consistem de quatro fases:

1. Forno a arco elétrico 2. Forno de panela 3. Fundição (corrida) ou lingoteamento 4. Trabalho a quente e tratamento térmico (forjamento e laminação)

1. Forno a arco elétrico O processo de produção de lingotes de aço-ferramenta consiste, basicamente, em fabricar aço, partindo da sucata, via forno de fundição primária e tratamento de refino nas unidades secundárias. No primeiro estágio, aços reciclados, ferroligas e escória são carregados no forno AEF e fundidos pela energia elétrica. A seguir, são fundidos pelo arco voltaico entre os três eletrodos de grafite e as sucatas de aço. 2. Forno de panela Após fundir, é aplicado um tratamento metalúrgico secundário. Um aspecto importante da metalurgia secundária é a aplicação do vácuo. Neste, elementos dissolvidos, como H, N e O são removidos pela injeção de gás inerte dentro do aço fundido, expondo-se a uma baixa pressão parcial. A forte mistura da escória altamente básica e o banho resultam em uma condição favorável para a remoção de enxofre e inclusões de escória. 3. Fundição (lingoteamento) A fundição em moldes de lingote requer um controle estrito da temperatura do material fundido, para evitar a colônia de segregação e inclusões. A fundição inversa com proteção é utilizada para obter um melhor resultado. 4. Trabalho a quente e tratamento térmico (forjamento e laminação) Tem como objetivo produzir o material em barra com alta homogeneidade através da deformação plástica. Isso é obtido através do forjamento ou laminação a quente. Após esse trabalho, a quente, o material em barra é submetido ao tratamento térmico, podendo ser recozido para amolecimento ou têmpera e revenimento.

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Tratamento Térmico dos Aços Generalidades Há muitos séculos, o homem descobriu que com o aquecimento e o resfriamento podia modificar as propriedades mecânicas de um aço, isto é, torná-los mais duro, mais mole, mais maleável etc.

Mais tarde, descobriu, também, que a rapidez com que o aço era resfriado e a quantidade de carbono que possuía influíam decisivamente nessas modificações. O processo de aquecer e resfriar um aço, visando modificar as propriedades, denomina-se tratamento térmico. (Fig. 1). Um tratamento térmico é feito em três fases distintas: 1 - aquecimento 2 - manutenção da temperatura 3 - resfriamento

Tipos de tratamentos térmicos Existem duas classes de tratamentos térmicos: 1 - Os tratamentos que por simples aquecimento e resfriamento modificam as propriedades de toda a massa do aço: a - Têmpera b - Revenimento c - Recozimento

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2 - Os tratamentos que modificam as propriedades somente numa fina camada superficial da peça. Esses tratamentos térmicos nos quais a peça é aquecida juntamente com produtos químicos e posteriormente resfriado são: a - Cementação b - Nitretação Têmpera É o tratamento térmico aplicado aos aços com porcentagem igual ou maior do que 0,4% de

carbono. O efeito principal da têmpera num aço é o aumento de dureza. Fases da têmpera 1ª Fase:

– Aquecimento: A peça é aquecida em forno ou forja até uma temperatura recomendada. (Por volta de 800ºC para os aços ao carbono).

2ª Fase:

– Manutenção da temperatura: Atingida a temperatura desejada, esta deve ser mantida por algum tempo, a fim de uniformizar o aquecimento em toda a peça. 3ª Fase:

– Resfriamento: A peça uniformemente aquecida na temperatura desejada é resfriada em água, óleo ou jato de ar.

Efeitos da Têmpera

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1. Aumento considerável da dureza do aço. 2.Aumento da fragilidade em virtude do aumento de dureza. (O aço torna-se muito quebradiço). Reduz-se a fragilidade de um aço temperado com um outro tratamento térmico denominado revenimento. Observações: 1. A temperatura de aquecimento e o meio de resfriamento são dados em tabelas:

MATERIAL A

TÊMPERA

TEMPERAR TEMP. DE PRÉ - AQUEC.

TEMP. DE TÊMPERA

COR DO MAT. NA TEMP.

RESFRIAR EM

AÇO 1.040 a 1.050

500 ºC 830 ºC Vermelho Água

AÇO 1.060 a 1.080

500 ºC 790 ºC Vermelho Escuro

Água ou Óleo

AÇO 1.090 500 ºC 775 ºC Vermelho Cereja

Óleo

AÇO PRATA 550 ºC 800 ºC Vermelho Escuro

Óleo

AÇO P/ MOLAS

600 ºC 875 ºC Vermelho Claro

Óleo

AÇO RÁPIDO

550 ºC a 900 ºC

1.300 ºC Branco Óleo

2. O controle da temperatura durante o aquecimento nos fornos é feito por aparelhos denominados pirômetros. Nas forjas, o mecânico identifica a temperatura pela cor do material aquecido. 3. De início, o aquecimento deve ser lento (pré-aquecimento), a fim de não provocar defeitos na peça. 4. A manutenção da temperatura varia de acordo com a forma da peça; o tempo nessa fase não deve ser além do necessário. Revenimento É o tratamento térmico que se faz nos aços já temperados, com a finalidade de diminuir a fragilidade, isto é, torná-lo menos quebradiço. O revenimento é feito aquecendo-se a peça temperada até certa temperatura resfriando-a em seguida. As temperaturas de revenimento são encontradas em tabelas, e para os aços ao

carbono variam entre 210ºC e 320ºC. Fases do Revenimento 1ª Fase: – Aquecimento: Feito geralmente em fornos controlando-se a temperatura com pirômetro. Nos pequenos trabalhos, os aquecimentos podem ser feitos apoiando-se a peça polida em um bloco de aço aquecido ao rubro.

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O forte calor que desprende do bloco aquece lentamente a peça, produzindo nesta uma coloração que varia à medida que a temperatura aumenta. Essas cores, que possibilitam identificar a temperatura da peça, são denominadas cores de revenimento. Tabela de cores de revenimento dos aços ao carbono.

Amarelo-Claro 210ºC Castanho-Avermelhado 270ºC

Amarelo-Palha 220ºC Violeta 280ºC

Amarelo 230ºC Azul-Escuro 290ºC

Amarelo-Escuro 240ºC Azul-Marinho 300ºC

Amarelo-Ouro 250ºC Azul-Claro 310ºC

Castanho-Claro 260ºC Azul-Acinzentado 320ºC

2ª Fase: – Manutenção da Temperatura: Possível quando o aquecimento é feito em fornos. 3ª Fase: – Resfriamento: O resfriamento da peça pode ser:

– Lento: deixando-a esfriar naturalmente. – Rápido: mergulhando-a em água ou óleo.

Efeitos do revenimento Diminui um pouco a dureza da peça temperada, porém aumenta consideravelmente a resistência aos choques. Geralmente, toda peça temperada passa por um revenimento, sendo até comum dizer-se “peça temperada”, ao invés de “peça temperada e revenida”. Recozimento O recozimento é o tratamento térmico que tem por finalidade eliminar a dureza de uma peça temperada ou normalizar materiais com tensões internas resultantes do forjamento, da laminação, trefilação etc. Tipos de recozimento 1 - Recozimento para eliminar a dureza de uma peça temperada.

2 - Recozimento para normalizar a estrutura de um material.

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Fazes do recozimento 1ª Fase: – Aquecimento: A peça é aquecida a uma temperatura que varia de acordo com o material a ser recozido. (Entre 500ºC e 900ºC). A escolha da temperatura de recozimento é feita mediante consulta a uma tabela. Exemplo:

2ª Fase: – Manutenção da temperatura: A peça deve permanecer aquecida por algum tempo na temperatura recomendada, para que as modificações atinjam toda a massa da mesma. 3ª Fase: – Resfriamento: O resfriamento deve ser feito lentamente, tanto mais lento quanto maior for a porcentagem de carbono do aço. No resfriamento para recozimento adotam-se os seguintes processos: 1 - Exposição da peça aquecida ao ar livre. (Processo pouco usado). 2 - Colocação da peça em caixas contendo cal, cinza, areia ou outros materiais.

Observação: O material para resfriamento da peça deve estar bem-seco. 3 - Interrompendo-se o aquecimento, deixando a peça esfriar dentro do próprio forno. Nota: No recozimento do cobre e latão, o resfriamento deve ser o mais rápido possível. Efeitos do recozimento no aço − Elimina a dureza de uma peça temperada anteriormente, fazendo-se voltar a sua dureza normal. − Torna o aço mais homogêneo e melhora a ductilidade, tornando-o facilmente usinável. Cementação Muitas peças de mecânica necessitam ter elevada dureza externa para resistirem ao desgaste. Entretanto, internamente precisam permanecer “moles”, para suportarem solavancos.

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Essas peças, geralmente, são em aço de baixa porcentagem de carbono e recebem um tratamento denominado cementação. Cementação A cementação é um tratamento que consiste em aumentar a porcentagem de carbono numa fina camada externa da peça.

Após a cementação, tempera-se a peça. As partes externas adquirem elevada dureza, enquanto as partes internas permanecem sem alterações. (Fig. 10)

A cementação é feita aquecendo-se a peça de aço de baixo teor de carbono, junto com um material rico em carbono (carburante). Quando a peça atinge alta temperatura (750ºC a 1.000ºC), passa a absorver parte do carbono do carburante. Quanto mais tempo a peça permanecer aquecida com o carburante, mais espessa tornar-se-á a camada. Os carburantes podem ser sólidos (grãos ou pós), líquidos ou gasosos. A qualidade dos carburantes influi na rapidez com que se forma a camada. Fases da cementação 1ª Fase: − Aquecimento

Cementação em caixa: As peças são colocadas em caixas juntamente com o carburante, fechadas hermeticamente e aquecidas até a temperatura recomendada.

− Cementação em banho: As peças são mergulhadas no carburante líquido aquecido, através de cestas ou ganchos.

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2ª Fase: – Manutenção da temperatura: O tempo de duração dessa fase varia de acordo com a espessura da camada que se deseja e da qualidade do carburante utilizado (0,1mm a 0,2mm por hora). 3ª Fase: – Resfriamento: A peça é esfriada lentamente dentro da própria caixa. Após a cementação as peças são temperadas. Nitretação É um processo semelhante à cementação, que se faz aquecendo o aço a uma temperatura de 500ºC a 525ºC na presença de um gás denominado Nitrogênio. Após algum tempo, obtém-se uma fina camada, extremamente dura, não havendo necessidade de temperar-se a peça.

Aços para Construção Mecânica Sistema de classificação dos aços O número de tipos de aço é muito elevado, pois além dos aços simplesmente ao carbono com teores variáveis de carbono, é muito grande a quantidade de aços ligados. Para facilitar a seleção, associações técnicas especializadas classificam os aços pela composição química, dando origem aos sistemas SAE e AISI (americanos), DIN (alemão), ABNT (brasileiro) etc. O sistema brasileiro da ABNT baseou-se nos sistemas americanos. Neles, basicamente, os vários tipos de aços até 1% de carbono, com os elementos comuns manganês, silício, fósforo e enxofre ou com a presença de elementos de liga em baixos teores, são indicados por quatro algarismos: os dois últimos correspondem ao teor de carbono médio e os dois primeiros à presença ou não de elementos de liga. Assim, toda vez que os dois primeiros algarismos forem 1 e 0, trata-se de aços-carbono; a mudança de um desses algarismos ou de ambos indica um novo tipo de aço, com a presença de outros elementos que não os comuns ou com esses elementos comuns em teores superiores aos que são considerados normais. Por exemplo: 1045 - aço-carbono com teor médio de C 0,45% 1120 - aço de usinagem fácil, ao enxofre, com 0,20% de carbono médio 4420 - aços ao Ni-Cr-Mo, com 1,85% Ni, 0,50% Cr, 0,25% Mo e 0,20% C 5140 - aço ao Cr com 0,70% a 0,90% Cr e 0,40% C.

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A norma alemã DIN adota outro critério para classificar os aços. Os aços comuns, por exemplo, são indicados pelo símbolo St (Stal = aço), seguido de um algarismo que corresponde ao valor mínimo de resistência à tração - St42, St35 etc. Os aços especiais, com teores de carbono acima de 1% ou com a presença de elementos de liga em altos teores, como aços para ferramentas e matrizes, resistentes à corrosão e ao calor etc, obedecem a outros critérios de classificação.

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Radiação Radiações são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com uma determinada velocidade. Contém energia, carga elétrica e magnética. Podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem. Possuem energia variável desde valores pequenos até muito elevados. As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, microondas, ondas de rádio, radar, laser, raios X e radiação gama. As radiações sob a forma de partículas, com massa, carga elétrica, carga magnética mais comuns são os feixes de elétrons, os feixes de prótrons, radiação beta, radiação alfa. Tipos de Radiação Dependendo da quantidade de energia, uma radiação pode ser descrita como não ionizante ou ionizante. Radiações não-ionizante possuem relativamente baixa energia. De fato, radiações não-ionizantes estão sempre a nossa volta. Ondas eletromagnéticas, como a luz, calor e ondas de rádio são formas comuns de radiações não-ionizantes. Sem radiações não-ionizantes, não poderíamos apreciar um programa de TV em nossos lares ou cozinhar em nosso forno de micro-ondas. Altos níveis de energia, radiações ionizantes, são originadas do núcleo de átomos, podem alterar o estado físico de um átomo e causar a perda de elétrons, tornando-os eletricamente carregados. Esse processo chama-se "ionização". Um átomo pode tornar-se ionizado quando a radiação colide com um de seus elétrons. Se essa colisão ocorrer com muita violência, o elétron pode ser arrancado do átomo. Após a perda do elétron, o átomo deixa de ser neutro, pois com um elétron a menos, o número de prótons é maior. O átomo torna-se um "íon positivo". Estabilidade do Núcleo Atômico A tendência dos isótopos dos núcleos atômicos é atingir a estabilidade. Se um isótopo estiver numa configuração instável, com muita energia ou com muitos nêutrons, por exemplo, ele emitirá radiação para atingir um estado estável. Um átomo pode liberar energia e estabilizar-se por meio de uma das seguintes formas:

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* emissão de partículas do seu núcleo; * emissão de fótons de alta frequência; * O processo no qual um átomo espontaneamente libera energia de seu núcleo é chamado de "decaimento radioativo"; * Quando algo decai na natureza, como a morte de uma planta, ocorrem trocas de um estado complexo (a planta) para um estado simples (o solo). A ideia é a mesma para um átomo instável. Por emissão de partículas ou de energia do núcleo, um átomo instável troca ou decai, para uma forma mais simples. Por exemplo, um isótopo radioativo de urânio, o 238, decai até se tornar chumbo 206. Chumbo 206 é um isótopo estável, com um núcleo estável. Urânio instável pode, eventualmente, tornar-se um isótopo estável de chumbo.

Radiações Não-Ionizantes Aspectos gerais Nas últimas décadas, temos observado um aumento considerável no número de fontes artificiais e aplicações de radiações não-ionizantes. Esse aumento inclui uma infinidade de usos do laser e radiofrequências na indústria, setor de comunicações e aplicações na área médica. Nesse mesmo período, têm sido realizadas pesquisas para a descoberta dos possíveis efeitos associados às radiações não-ionizantes provocadas por fontes artificiais ou naturais. O conjunto de informações geradas nesses estudos demonstra que não somente uma superexposição a radiações não-ionizantes produzem sérios efeitos à saúde, mas também que existem limites que garantem ao homem exposições seguras. Conceitos técnicos básicos Todas as radiações não-ionizantes são radiações eletromagnéticas (ou campos elétricos e magnéticos). Por esse motivo, é necessário que tenhamos um entendimento básico das radiações eletromagnéticas, antes de aprofundarmo-nos no espectro das radiações não-ionizantes. Radiação Eletromagnética é a propagação ou transferência de energia através do espaço e da matéria pela variação no tempo dos campos elétricos e magnéticos. Campos Elétricos são campos produzidos por cargas elétricas. Campos Magnéticos são produzidos pelo movimento de cargas ou uma corrente. Espectro Eletromagnético é uma faixa contínua que engloba, desde os raios cósmicos (radiações de alta energia), até campos que não variam no tempo (corrente contínua). Qualquer localização no espectro pode ser caracterizada pelo comprimento de onda, frequência e energia do fóton.

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Radiações não-ionizantes As radiações eletromagnéticas com energia menor que 12,4 eV (eletron-Volt) são consideradas radiações não-ionizantes, já que essa energia é insuficiente para ionizar a matéria. s

A região do espectro eletromagnético não-ionizante inclui os seguintes tipos de radiação: ultravioleta (UV), luz visível, infravermelho, radiofrequência (RF), frequência extremamente baixas (ELF). Características Fundamentais

É interessante observar que determinado grupo de radiações (UV, luz visível e IV) é caracterizada pelo comprimento de onda, enquanto outras, como as radiofrequências – RF e as frequências extremamente baixas, são caracterizadas pela frequência. Serão discutidas, separadamente, nas próximas colunas as características peculiares de cada tipo de radiação, no que tange a absorção pela matéria, efeitos biológicos, limites de exposição e equipamentos de medição.

Radiação Ionizante Energia e partículas emitidas de núcleos instáveis são capazes de causar ionização. Quando um núcleo instável emite partículas, as partículas são, tipicamente, na forma de partículas alfa, partículas beta ou nêutrons. No caso da emissão de energia, a emissão faz-se por uma forma de onda eletromagnética muito semelhante aos raios-x: os raios gama. Radiações Ionizantes Alfa (α), Beta (ß) e Gama (γ)

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Radiação Alfa (α) As partículas Alfa são constituídas por 2 prótons e 2 nêutrons, isto é, o núcleo de átomo de hélio (He). Quando o núcleo emite-as, perde 2 prótons e 2 nêutrons. Sobre as emissões alfa, foi enunciada por Soddy, em 1911, a chamada primeira lei da Radioatividade: Quando um radionuclídeo emite uma partícula Alfa, o número de massa diminui 4 unidades e o número atômico diminui 2 unidades. X -----> α (2p e 2n) + Y (sem 2p e 2n) - Ao perder 2 prótons, o radionuclídeo X transforma-se no radionuclídeo Y, com número atômico igual a (Y = X - 2). As partículas Alfa, por terem massa e carga elétrica relativamente maiores, podem ser facilmente detidas, até mesmo por uma folha de papel (veja a figura a seguir). Elas, em geral, não conseguem ultrapassar as camadas externas de células mortas da pele de uma pessoa, sendo praticamente inofensivas. Entretanto, podem, ocasionalmente, penetrar no organismo através de um ferimento ou por aspiração, provocando, nesse caso, lesões graves. Têm baixa velocidade comparada a velocidade da luz (20 000 km/s). Radiação Beta (ß) As partículas Beta são elétrons emitidos pelo núcleo de um átomo instável. Em núcleos instáveis betaemissores, um nêutron pode decompor-se em um próton, um elétron e um antineutrino permanecem no núcleo, um elétron (partícula Beta) e um antineutrino são emitidos. Assim, ao emitir uma partícula Beta, o núcleo tem a diminuição de um nêutron e o aumento de um próton. Desse modo, o número de massa permanece constante. A segunda lei da radioatividade, enunciada por Soddy, Fajjans e Russel, em 1913, diz: Quando um radionuclídeo emite uma partícula Beta, o número de massa permanece constante e o número atômico aumenta 1 unidade X -----> Beta (1e) + antineutrino + Y(com 1p a mais) Ao ganhar 1 próton, o radionuclídeo X transforma-se no radionuclídeo Y, com número atômico igual a (Y = X + 1) As partículas Beta são capazes de penetrar cerca de um centímetro nos tecidos (veja a figura a seguir), ocasionando danos à pele, mas não aos órgãos internos, a não ser que sejam ingeridas ou aspiradas. Têm alta velocidade, aproximadamente 270 000 km/s. Radiação Gama (γ) Ao contrário das radiações Alfa e Beta, que são constituídas por partículas, a radiação Gama é formada por ondas eletromagnéticas emitidas por núcleos instáveis logo em seguida à emissão de uma partícula Alfa ou Beta.

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O Césio-137 ao emitir uma partícula Beta, os núcleos transformam-se em Bário-137. No entanto, pode acontecer de, mesmo com a emissão, o núcleo resultante não eliminar toda a energia de que precisaria para estabilizar-se. A emissão de uma onda eletromagnética (radiação gama) ajuda um núcleo instável a estabilizar-se. É importante dizer que, das várias ondas eletromagnéticas (radiação gama, raios X, micro-ondas, luz visível etc), apenas os raios gama são emitidos pelos núcleos atômicos. As radiações Alfa, Beta e Gama possuem diferentes poderes de penetração, isto é, diferentes capacidades para atravessar os materiais. Assim como os raios X, os raios gama são extremamente penetrantes, sendo detido somente por uma parede de concreto ou metal (veja a figura a seguir). Têm altíssima velocidade, que se iguala à velocidade da luz (300 000 km/ s). Raios X Os raios X que não vêm do centro dos átomos, como os raios Gama. Para obter-se raios X, uma máquina acelera elétrons e faz-los colidir contra uma placa de chumbo ou outro material. Na colisão, os elétrons perdem a energia cinética, ocorrendo uma transformação em calor (quase a totalidade) e um pouco de raios X. Esses raios interessantes atravessam corpos, que, para a luz habitual, são opacos. O expoente de absorção deles é proporcional à densidade da substância. Por isso, com o auxílio dos raios X é possível obter fotografia dos órgãos internos do homem. Nessas fotografias, distinguem-se bem os ossos do esqueleto e detectam-se diferentes deformações dos tecidos brandos. A grande capacidade de penetração dos raios X e as outras particularidades estão ligadas ao fato de eles terem um comprimento de onda muito pequeno.

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Aplicações A radiação ionizante tornou-se, há muitos anos, parte integrante da vida do homem. A aplicação dá-se na área da medicina até às armas bélicas, contudo, a utilidade é indiscutível. Atualmente, por exemplo, a utilização em alguns exames de diagnóstico médico, através da aplicação controlada da radiação ionizante (a radiografia é mais comum), é uma metodologia de extremo auxílio. Porém, os efeitos da radiação não podem ser considerados inócuos, a interação com os seres vivos pode levar à teratogenias e até à morte. Os riscos e os benefícios devem ser ponderados. A radiação é um risco e deve ser usada de acordo com os seus benefícios.

a) Saúde Radioterapia Consiste na utilização da radiação Gama, raios X ou feixes de elétrons, para o tratamento de tumores, eliminando células cancerígenas e impedindo o crescimento. O tratamento consiste na aplicação programada de doses elevadas de radiação, com a finalidade de atingir as células cancerígenas, causando o menor dano possível aos tecidos sãos intermediários ou adjacentes. Braquiterapia Trata-se de radioterapia localizada para tipos específicos de tumores e em locais específicos do corpo humano. Para isso, são utilizadas fontes radioativas emissoras de radiação Gama de baixa e média energias, encapsuladas em aço inox ou em platina, com atividade da ordem das dezenas de Curies. A principal vantagem refere-se à proximidade da fonte radioativa, que afeta mais precisamente as células cancerígenas e danifica menos os tecidos e órgãos próximos. Aplicadores São fontes radioativas de emissão Beta distribuídas numa superfície, cuja geometria depende do objetivo do aplicador. Muito usado em aplicadores dermatológicos e oftalmológicos. O princípio de operação é a aceleração do processo de cicatrização de tecidos submetidos à cirurgias, evitando sangramentos e quelóides, de modo semelhante a uma cauterização superficial. A atividade das fontes radioativas é baixa e não oferece risco de acidente significativo sob o ponto de vista radiológico. O importante é o controle do tempo de aplicação no tratamento, a manutenção da integridade física e armazenamento adequado dos aplicadores. Radioisótopos Existem terapias medicamentosas que contêm radiosiótopos, que são administrados ao paciente por meio de ingestão ou injeção, com a garantia da deposição preferencial em determinado órgão ou tecido do corpo humano. Por exemplo: isótopos de iodo para o tratamento do cancro na tiroide.

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b) Diagnóstico:

Radiografia A radiografia é uma imagem obtida por um feixe de raios X ou raios Gama, que atravessa a região de estudo e interage com uma emulsão fotográfica ou tela fluorescente. Existe uma grande variedade de tipos, tamanhos e técnicas radiográficas. As doses absorvidas de radiação dependem do tipo de radiografia. Como existe a acumulação da radiação ionizante, não se deve tirar radiografia sem necessidade e, principalmente, com equipamentos fora dos padrões de operação. O risco de dano é maior para o operador, que executa rotineiramente muitas radiografias por dia. Para evitar exposição desnecessária, deve-se ficar o mais distante possível, no momento do disparo do feixe ou protegido por um biombo com blindagem de chumbo. Tomografia O princípio da tomografia consiste em ligar um tubo de raios X a um filme radiográfico por um braço rígido que gira ao redor de um determinado ponto, situado num plano paralelo à película. Assim, durante a rotação do braço, produz-se a translação simultânea do foco (alvo) e do filme. Obtém-se imagens de planos de cortes sucessivos, como se observássemos fatias seccionadas, por exemplo, do cérebro. Não apresenta riscos de acidente, pois é operada por eletricidade, e o nível de exposição à radiação é similar. Não se deve realizar exame tomográfico sem necessidade, devido à acumulação de dose de radiação. Mamografia Atualmente, a mamografia é um instrumento que auxilia na prevenção e na redução de mortes por câncer de mama. Como o tecido da mama é difícil de ser examinado com o uso de radiação penetrante, devido às pequenas diferenças de densidade e textura de seus componentes, como o tecido adiposo e fibroglandular, a mamografia possibilita somente suspeitar e não diagnosticar um tumor maligno. O diagnóstico é complementado pelo uso da biópsia e ultrassonografia. Com essas técnicas, permite-se a detecção precoce em pacientes assintomáticas e imagens de melhor definição em pacientes sintomáticos. A imagem é obtida com o uso de um feixe de raios X de baixa energia, produzidos em tubos especiais, após a mama ser comprimida entre duas placas. O risco associado à exposição à radiação é mínimo, principalmente quando comparado com o benefício obtido. Mapeamento com radiofármacos O uso de marcadores é comum. O marcador radioativo tem o objetivo de, como o nome mesmo diz, marcar moléculas de substâncias que se incorporam ou são metabolizadas pelo organismo do homem, de uma planta ou animal. Por exemplo: o iodo-131 é usado para seguir o comportamento do iodo-127, estável, no percurso de uma reação química in vitro ou no organismo. Nesses exames, a irradiação da pessoa é inevitável, mas se deve ter em atenção para que esta seja a menor possível.

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Como minimizar os efeitos da radiação ionizante A minimização dos efeitos da radiação nos trabalhadores inicia pela avaliação de risco, o correto planejamento das atividades a serem desenvolvidas, utilização de instalações e de práticas corretas, de forma que diminua a magnitude das doses individuais, o número de pessoas expostas e a probabilidade de exposições acidentais. Os equipamentos de proteção (EPC e EPI) devem ser utilizados por todos os trabalhadores, além de ser observada a otimização dessa proteção pela elaboração e execução corretas de projeto de instalações laboratoriais, na escolha adequada dos equipamentos e na execução correta dos procedimentos de trabalho. Por outro lado, o controle das doses nos trabalhadores deve considerar três fatores: 1. Tempo: A dose recebida é proporcional ao tempo de exposição e à velocidade da dose D = t x velocidade da dose 2. Distância: A intensidade da radiação decresce com o quadrado da distância D1/ D2 = (d1/ d2) 2 3. Blindagem: A espessura da blindagem depende do tipo de radiação, da atividade da fonte e da velocidade de dose aceitável após a blindagem. Para a proteção do trabalhador, os comandos dos equipamentos devem ter blindagem, assegurando que o técnico possa ver e manter o contacto com o paciente no decorrer do exame. As próprias salas devem ter blindagem, de forma a assegurar e garantir a segurança radiológica, tanto do técnico, quanto do pessoal circunvizinho à sala. Essas proteções devem ter espessura suficiente para garantir a proteção contra a radiação primária e a radiação difundida, que pode atingir as paredes da sala. No cálculo das blindagens leva-se em conta: ♦ a energia da radiação produzida; ♦ a quantidade de radiação produzida por determinado período (carga de trabalho); ♦ grau de ocupação ou frequência do ponto de interesse; ♦ material a ser usado como blindagem. Para a blindagem de raios X e Gama usa-se geralmente o chumbo. Contudo, outros materiais podem ser utilizados, embora a espessura necessária para obter-se a mesma atenuação que com o chumbo seja muito maior. A garantia de que as condições de trabalho são adequadas, do ponto de vista da proteção, pode ser obtida através do levantamento radiométrico da instalação. Essa medida tem por objetivo verificar se durante a operação, a instalação apresenta níveis de segurança adequados aos trabalhadores.

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Controle à Exposição Monitorização Este processo tem como objetivo garantir a menor exposição possível aos trabalhadores e garantir que os limites de dose não sejam superados. Tipos de Monitorização Pessoal: Procura estimar a dose recebida pelo trabalhador durante as atividades dele envolvendo radiação ionizante. As doses equivalentes são determinadas pela utilização de um ou vários dosímetros, que devem ser usados na posição que forneça uma medida representativa da exposição nas partes do corpo expostas à radiação. No caso do trabalhador usar diferentes tipos de radiação, então diferentes tipos de dosímetros devem ser utilizados: Monitorização da radiação externa e Monitorização da contaminação interna. De área: Tem por objetivo a avaliação das condições de trabalho e verificar se há presença radioativa. Os resultados das medidas efetuadas com os monitores da área devem ser comparados com os limites primários ou derivados, a fim de gerar ações para garantir a proteção necessária. Tipos de Dosímetros Diversos métodos ou sistemas foram desenvolvidos, a fim de possibilitar a determinação da dose de radiação. O objetivo é o de quantificar a energia absorvida, objetivando proporcionar conhecimento mais profundo dos efeitos da radiação ionizante sobre a matéria. Figura - Exemplos de dosímetros Os requisitos são: ♦ a resposta do dosímetro deve ser linear com a dose absorvida; ♦ o aparelho deve ser de alta sensibilidade, por forma a medir doses baixas;

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♦ deve apresentar amplo intervalo de resposta; ♦ a resposta deve ser independente da velocidade da dose; ♦ deve possuir estabilidade da resposta ao longo do tempo. De uma forma geral, podemos classificar os dosímetros em: de leitura direta e de leitura indireta. Os primeiros fornecem, ao utilizador, a dose ou velocidade da dose em qualquer instante; os segundos necessitam de um procedimento para a leitura. Para finalizar, devemos lembrar de alguns requisitos que compõem os procedimentos de segurança: ♦ delimitação de zonas e áreas (controladas e de vigilância); ♦ selagem; ♦ limitar o acesso; ♦ utilizar Equipamentos de Proteção Individual; ♦ proibir alimentação (comer e beber), fumo, mascar chicletes, manusear lentes de contato, aplicação de cosméticos e ou produtos de higiene pessoal ou armazenar alimentos para consumo nos locais de uso de radiação e áreas adjacentes; ♦ lavar as mãos: - antes e após o manuseio de materiais radioativos, após a remoção das luvas e antes de sair do laboratório; - antes e após o uso de luvas; - antes e depois do contato físico com pacientes; - antes de comer, beber, manusear alimentos e fumar; - depois de usar o toalete, coçar o nariz, cobrir a boca para espirrar, pentear os cabelos; - mãos e antebraços devem ser lavados cuidadosamente (o uso de escovas deverá ser feito com atenção); ♦ manter líquidos antissépticos para uso, caso não exista lavatório no local; ♦ evitar o uso de calçados que deixem os artelhos à vista; ♦ não usar anéis, pulseiras, relógios e cordões longos, durante as atividades laboratoriais; ♦ não colocar objetos na boca; ♦ não utilizar a pia do laboratório como lavatório; ♦ usar roupa de proteção durante o trabalho. Essas peças de vestuário não devem ser usadas em outros espaços que não sejam do laboratório (escritório, biblioteca, salas de estar e refeitório); ♦ afixar o símbolo internacional de "Radioatividade" na entrada do laboratório. Nesse alerta, deve constar o nome e número do telefone do pesquisador responsável; ♦ presença de kits de primeiros socorros, na área de apoio ao laboratório; ♦ o responsável pelo laboratório precisa assegurar a capacitação da equipe em relação às medidas de segurança e emergência; ♦ providenciar o exame médico periódico; ♦ adoção de cuidados após a exposição à radiação.

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Legislação sobre Instalações Nucleares Artigo 21 e 177 da Constituição Federal: Dá a União o monopólio sobre atividade nucelar. Lei no 10.308, de 20 de novembro de 2001: Dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos radioativos, e dá outras providências. Lei nº 9.112, de 10 de outubro de 1995: Dispõe sobre a exportação de bens sensíveis e serviços diretamente vinculados. Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995: Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. Decreto-Lei nº 1.982, de 28 de dezembro de 1982: Dispõe sobre o Exercício das Atividades Nucleares Incluídas no Monopólio da União, o Controle do Desenvolvimento de Pesquisas no Campo da Energia Nuclear, e dá outras Providências. Decreto nº 75.870, de 13 de junho de 1975: Autoriza Furnas – Centrais Elétricas S.A. – a ampliar a usina nuclear Almirante Álvaro Alberto e dá outras providências. Site Presidência da República. Lei nº 6.571, de 30 de setembro de 1978: Dispõe sobre o regime jurídico do pessoal da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e dá outras providências. Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977: Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares, e dá outras providências. Decreto no 76.803, de 16 de dezembro de 1975: Autoriza a criação da Nuclebrás Engenharia S.A. (NUCLEN), sociedades por ações, subsidiária da Empresas Nucleares Brasileiras S.A. (NUCLEBRÁS). Lei no 6.189, de 16 de dezembro de 1974: Altera a Lei nº 4.118, de 27 de agosto de 1962, e a Lei nº 5.740, de 1 de dezembro de 1971, que criaram, respectivamente, a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e a Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear – CBTN, que passa a denominar-se Empresas Nucleares Brasileiras Sociedade Anônima (NUCLEBRÁS), e dá outras providências. Lei no 5.877, de 11 de maio de 1973: Autoriza a Comissão Nacional de Energia Nuclear a integralizar parcialmente o capital social autorizado da Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear.

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Lei no 5.740, de 1º de dezembro de 1971: Autoriza a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a constituir a sociedade por ações Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear (C.B.T.N), e dá outras providências. Lei nº 4.118, de 27 de agosto de 1962: Dispõe sobre a política nacional de energia nuclear, cria a Comissão Nacional de Energia Nuclear, e dá outras providências. Decreto sem número, de 15 de fevereiro de 1991: Mantém concessões, permissões e autorizações nos casos que menciona, e dá outras providncias. Revoga Decreto n. 75. Instrução Normativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear 1.4, de dezembro de 2004: Regulamenta o licenciamento de Instalações Nucleares. Instrução Normativa 6.05, de dezembro de 1985: Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas.

Lei nº 6.189, de 16 de dezembro de 1974.

Art. 10. A autorização para a construção e operação de usinas nucleoelétricas serão dadas, exclusivamente, à Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRÁS e à concessionárias de serviços de energia elétrica, mediante ato do Poder Executivo, previamente ouvidos os órgãos competentes.

Decreto nº 75.870, de 13 de junho de 1975.

Autoriza FURNAS - Centrais Elétricas S.A. a ampliar a Usina Nuclear Almirante Álvaro Alberto e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição e de acordo com o artigo 10 da Lei nº 6.189, de 16 de dezembro de 1974, DECRETA Art. 1º Fica FURNAS - Centrais Elétricas S.A. autorizada a ampliar a Usina Nuclear Almirante Álvaro Alberto, mediante a construção e operação de uma terceira unidade com a potência de 1.200 Mwe. Art. 2º Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Brasília, 13 de junho de 1975; 154º da Independência e 87º da República.

Decreto s/n, de 15 de fevereiro de 1991.

Mantém concessões, permissões e autorizações nos casos que menciona e dá outras providencias. Art. 1º Ficam mantidas as concessões, permissões e autorizações vigentes, outorgadas para: I - funcionamento de empresas de mineração, de navegação aquaviária e de energia elétrica; II - derivação de águas, bem assim a pesquisa e lavra de recursos e jazidas minerais; III - exploração de serviços de energia elétrica e de transportes aquaviário e ferroviário.

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III - exploração de portos marítimos, fluviais e lacustres e de serviços de energia elétrica e de transportes Ferroviário e aquaviário. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos demais títulos de direitos minerários. Art. 2º O Ministro de Estado da Infraestrutura declarará, mediante portaria, as concessões, permissões e autorizações ou demais títulos de que trata o artigo anterior. Art. 3º Ficam ressalvados os efeitos das declarações de utilidade pública para fins de desapropriação ou de instituição de servidão administrativa relativas a processos judiciais em curso ou àqueles transitados em julgado há menos de dois anos anteriores à vigência deste Decreto. Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 5º Declaram-se revogados os Decretos relacionados no Anexo. Brasília, 15 de fevereiro de 1991; 170° da Independência e 103° da República.

Constituição Federal

Art. 21. Compete à União: XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

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Instalações Radioativas Planos de Radioproteção: Roteiros Básicos para Indústria Roteiros: • Medidores Nucleares e Perfilagem de Poços • Técnicas Analíticas • Radiografia Industrial (instalações físicas ou móveis) Assim, a qualquer momento, o supervisor de uma determinada aplicação industrial pode consultar o roteiro específico que vai orientá-lo, com clareza, sobre os pontos a serem incluídos em seu próximo plano, conforme Norma CNEN-NN-3.01. Outras informações sobre o licenciamento na área de indústria podem ser obtidas a partir do link: http://www.cnen.gov.br/seguranca/lfc/lfc-industria.asp Isenção de Requisitos de Proteção Radiológica para equipamentos geradores de radiação ionizante A CNEN informa que para solicitar a Isenção de Requisitos de Proteção Radiológica, de acordo com a Posição Regulatória 3.01/ 001 (Critérios de Exclusão, Isenção e Dispensa de Requisitos de Proteção Radiológica) da Norma CNEN-NN-3.01 “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica”, em vigor, é necessário o envio do seguinte: 1- Para equipamentos de Raios X utilizados na inspeção de bagagens, pacotes e embalagens: 1.1- Encaminhar carta solicitando a isenção de Requisitos de Proteção Radiológica, direcionada à Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais (CGMI). Na carta, deverá constar o endereço de instalação do equipamento e o nome do responsável pelo mesmo. Anexas à carta, devem ser enviadas cópias do manual e do catálogo do equipamento. No caso de importação, o formulário SLI (Requerimento para Solicitação de Licença de Importação para Material Radioativo e/ ou Equipamento Gerador de Radiação Ionizante) e o respectivo comprovante de recolhimento da TLC (1%) poderão ser encaminhados. 2- Para espectrômetros e difratômetros de Raios X: 2.1- Encaminhar carta solicitando a isenção de Requisitos de Proteção Radiológica, direcionada à Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais (CGMI). Na carta, deverá constar o endereço de instalação do equipamento e o nome do responsável pelo mesmo. Anexas à carta, devem ser enviadas cópias do manual e do catálogo do equipamento. No caso de importação, o formulário SLI (Requerimento para Solicitação de Licença de Importação para Material Radioativo e/ ou Equipamento Gerador de Radiação Ionizante) e o respectivo comprovante de recolhimento da TLC (1%) poderão ser encaminhados. 2.2- Encaminhar comprovação de que, em condições normais de operação, o equipamento não causa taxa de equivalente de dose ambiente maior do que 1 µSv/h à distância de 0,1m de qualquer superfície acessível ao aparelho ou de que a energia máxima da radiação produzida é inferior a 5 keV. Tal comprovação deve ser justificada através de laudo técnico elaborado por instituição reconhecida e independente. Laudos emitidos pelo fabricante não serão aceitos.

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Uma vez atendidas as condicionantes da Posição Regulatória 3.01/ 001 (Norma CNEN-NN-3.01), a CGMI/ CNEN emitirá, para o requerente, o respectivo Ofício de Isenção de Requisitos de Proteção Radiológica. A prática ou a fonte de radiação associada a tal prática ficará isenta de controle regulatório, sob o ponto de vista de proteção radiológica.

Licenciamento, Fiscalização e Controle

A atividade de licenciamento consiste em avaliações de segurança que levam em conta desde o projeto da instalação, passando por sua entrada em operação, até uma futura desativação (processo chamado de descomissionamento). A CNEN exerce a fiscalização da construção e executa testes pré-operacionais. Com a fiscalização, é possível verificar se as normas de garantia de qualidade estão sendo praticadas. Os trabalhos relacionados à prospecção, pesquisa, lavra, industrialização e comercialização de minerais e minérios nucleares e outros de interesse para a área nuclear, a CNEN exerce atividades de fiscalização e controle, já que as atividades nucleares são monopólio da União. Quando se trata de manipular materiais radioativos ou nucleares, uma série de normas elaboradas pela CNEN regula essas atividades. Referem-se a instalações nucleares e radiativas; posse, uso e manuseio de material nuclear; transporte e tratamento de rejeitos radioativos; proteção individual, ocupacional e ambiental contra as radiações; medidas relacionadas à radiação e tantos outros assuntos relevantes à questão segurança. Requerimentos Foi publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) número 243 de 18/12/1998, páginas 127 e 128, a Lei 9.765 de 17/12/1998, que institui a Taxa de Licenciamento, Controle e Fiscalização de Materiais Nucleares e Radioativos e suas Instalações, a Taxa de Licenciamento, Controle e Fiscalização (TLC). A Portaria CNEN número 1, de 7/01/1999, dispõe sobre instruções complementares e outros procedimentos relativos à aplicação da TLC. Essa portaria compõe--se de texto principal e dois anexos. Anexo I (guia de recolhimento), Anexo II (tabela de valores) e isenções. Metrologia das Radiações Ionizantes As medições de radiação contam com a confiança de organismos nacionais e internacionais. Desde 1976, o Instituto de Radioproteção e Dosimetria da CNEN (IRD) é reconhecido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como operador do Laboratório de Dosimetria Padrão Secundário. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), tornou-se, em 1990, o Centro Colaborador em Radioproteção e Preparativos Médicos para Resposta a Acidentes Nucleares e Emergências Radiológicas. Está ainda integrado à Rede Internacional de Laboratórios de Medidas de Radionuclídeos. No Brasil, é a referência oficial do governo e o guardião do padrão nacional para medidas de radiações. Foi designado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) como Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI).

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Radioproteção As radiações contribuem com o bem-estar da sociedade em diversas áreas. Tão grande quanto os seus benefícios, porém, é a responsabilidade que o uso exige. A CNEN garante a segurança da população em geral, de quem lida diretamente ou se beneficia deste tipo de energia. Todas as instalações e trabalhadores que utilizam fontes radioativas obedecem à exigências de segurança estabelecidas pelas normas da CNEN. Rejeitos Radioativos A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) estabelece normas de controle que cobrem as atividades relativas ao gerenciamento de material radioativo, da origem ao destino final. Em 2001, entrou em vigor uma lei federal que determina, detalhadamente, os procedimentos em relação aos rejeitos. Esses materiais são os que possuem radionuclídeos em quantidades superiores a limites estabelecidos pela CNEN. São originados em unidades que produzem combustível nuclear, usinas como Angra I e Angra II, instalações que usam materiais radioativos, como clínicas, hospitais, indústrias, universidades e centros de pesquisa, entre outros. Alguns rejeitos mais comuns, como fontes seladas, para-raios radioativos e detectores de fumaça, possuem um procedimento para o armazenamento. Salvaguardas Nucleares Acordos internacionais assinados entre países que utilizam material nuclear estabelecem as chamadas salvaguardas. São medidas destinadas à proteção e ao controle de material nuclear, existente em qualquer planta ou instalação do chamado ciclo do combustível nuclear. Através do envio de informações sobre produção e movimentação destes materiais, é possível identificar em tempo hábil, eventuais desvios, o que possibilita impedir sua utilização para fins não autorizados. Além das normas internacionais, as salvaguardas no Brasil são garantidas também pela Constituição Federal, que trata do uso exclusivamente pacífico da energia nuclear.

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Resumo das normas da CNEN GRUPO 3: DE RADIOPROTEÇÃO NE-3.01: "DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO" Resumo: Estabelece as Diretrizes Básicas de Radioproteção, abrangendo os princípios, limites, obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante D.O.U em 01 de agosto de 1988 e, agora, apresentada pela Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear, como CNEN NN 3.01, sendo que com este ato, transformou-se na Resolução CNEN/ CD nº 027, publicada no D.O.U, em 06 de janeiro de 2005 NE-3.02: "SERVIÇOS DE RADIOPROTEÇÃO" Resumo: Estabelece os requisitos relativos à implantação e ao funcionamento de serviços de radioproteção em instalações nucleares e radiativas. D.O.U. 01 de agosto de 1988 NN-3.03: "CERTIFICAÇÃO DA QUALIFICAÇÃO DE SUPERVISORES DE RADIOPROTEÇÃO" Resumo: Estabelece os requisitos relativos à certificação da qualificação de supervisores de radioproteção, para atuação em Instalações Nucleares e Radiativas, bem como no Transporte de Material Radioativo. D.O.U de 01 de agosto de 1995 NN-3.05: "REQUISITOS DE RADIOPROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA SERVIÇOS DE MEDICINA NUCLEAR" Resumo: Estabelece os requisitos de Radioproteção e Segurança pertinentes às atividades relativas à aplicação de radiofármacos, para fins terapêuticos e diagnósticos "in vivo", no campo da medicina nuclear. D.O.U. 19 de abril de 1996 NE-3.06: "REQUISITOS DE RADIOPROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA" Resumo: Estabelece os requisitos de radioproteção e segurança relativos ao uso da radiação ionizante para fins terapêuticos, mediante fontes de radiação seladas em Serviços de Radioterapia. D.O.U.30 de março de 1990 GRUPO 5: TRANSPORTE NE-5.01: "TRANSPORTE DE MATERIAIS RADIOATIVOS" Resumo: Estabelece os requisitos de Radioproteção e Segurança, referentes ao Transporte de Materiais Radioativos, necessários para garantir um nível adequado de controle da eventual exposição de pessoas, bens e meio ambiente à radiação ionizante. D.O.U. 01 de agosto de 1988

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GRUPO 6: INSTALAÇÕES RADIATIVAS NE-6.02: "LICENCIAMENTO DE INSTALAÇÕES RADIATIVAS" Resumo: Estabelece o processo relativo ao licenciamento de instalações radiativas no tocante às atividades relacionadas com a localização, construção, operação e modificações de Instalações Radiativas. D.O.U. 16 de dezembro de 1984 NE-6.04: "FUNCIONAMENTO DE SERVIÇOS DE RADIOGRAFIA INDUSTRIAL" Resumo: Estabelece os requisitos necessários para o funcionamento de Serviços de Radiografia industrial, bem como os procedimentos para a aquisição e transferência de fontes radioativas e/ou aparelhos de raios X utilizados em Radiografia Industrial; abrange as instalações abertas e fechadas.

• Instalação aberta: instalação onde o armazenamento e o uso de fontes de radiação realizam-se em espaço isolado ou cercado, com proteção específica para cada eventual localização.

• Instalação fechada: instalação onde o armazenamento e o uso de fontes de radiação realizam-se em recintos especiais fechados, com blindagem permanente, especialmente projetada.

D.O.U. 26 de janeiro de 1989 NE-6.05: "GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS EM INSTALAÇÕES RADIOATIVAS" Resumo: Estabelece critérios gerais e requisitos básicos relativos à gerência de rejeitos radioativos em instalações radiativas. D.O.U. 17 de dezembro de 1985

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Equipamentos de Proteção Coletiva

Principais causas do erro humano • Falta de informação: falhas na comunicação verbal (trocas de letras P e B, tempo verbal, afirmação/ interrogação); • Condições ergonômicas inadequadas: instrumento de leitura inadequado para o trabalho; • Falta de capacidade: funcionário polivalente exige que todos saibam tudo sobre diversas tarefas, com possibilidade de falhas nos treinamentos; • Falta de aptidão física ou mental: indivíduo franzino para trabalho pesado ou pessoa tensa controlando fluxo de voos em aeroportos; • Motivação incorreta: trabalhador muito experiente que, em função disso, adota certos atalhos e deixa de tomar certas precauções. Julgam que, na ocorrência de algum evento, saberão resolver bem, em tempo de evitar o acidente, o que nem sempre ocorre; • Tipo deslize: o trabalhador tem capacidade, informação, motivação correta, e um dia esquece-se de fazer determinado passo, com a possibilidade de ocorrer um acidente. (Exemplo: um funcionário capacitado tinha de abrir uma janela de visita de uma tubulação de produtos químicos. Mas, antes de abri-Ia, despressurizava e drenava a linha. Esse funcionário já foi treinado, conhece o risco e os procedimentos. Executa a tarefa há mais de três anos, cinco vezes ao dia. Certo dia, esqueceu-se de despressurizar e drenar a linha e abriu a porta de visita, o que ocasionou um acidente).

Teoria da Previsibilidade

Previsibilidade é a possibilidade de prever-se um fato. Diz-se haver

previsibilidade quando um indivíduo, nas circunstâncias em que se encontrava, podia considerar como possível a consequência de sua ação.

Quando for comprovada a omissão ou ação negligente (ou imprudente) do empregador, a conduta deste será considerada culposa.

Culpa é a conduta do dano, pois, sendo previsível o risco e o dano, foi o autor imprudente ou não tomou providências para evitá-lo. Se o risco existe, é possível prever o dano.

Definição

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) são as medidas gerais a serem tomadas em uma empresa para proteger trabalhadores da exposição a um agente insalubre e/ ou perigoso.

Dessa forma, deve-se entender não só como equipamentos, mas também como métodos e tecnologias.

Implantação

O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva devem obedecer à seguinte hierarquia: • medidas que eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes

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prejudiciais à saúde; • medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho; • medidas que reduzam os níveis de concentração desses agentes no ambiente de trabalho.

A implantação dos EPCs deve ser acompanhada de treinamentos dos trabalhadores, quanto aos procedimentos que assegurem a eficiência e de informação sobre as eventuais limitações da proteção que ofereçam.

Embasamento legal Algumas leis que tratam sobre EPCs:

• Norma Regulamentadora nº 4 do MTE; • Norma Regulamentadora nº 6 do MTE; • PCMAT - Portaria 44, de 07/95; • PPRA - Portaria 25, de 29/12/1991; • Acordo de Injetoras; • Acordo de Prensas; • PCA (Programa de Conservação Auditiva); • Decreto 3048 e OS (Ordem de Serviço do INSS); • Convenção 148 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

EPI x EPC Conforme a NR 4, compete ao SESMT:

a) Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir ou até eliminar os riscos existentes à saúde do trabalhador; b) Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para eliminação, neutralização ou diminuição do risco, o uso de Equipamentos de Proteção Individual adequados à situação. Atenção: A legislação não contempla a inviabilidade econômica do Equipamento de Proteção Individual. Em um processo trabalhista de acidente ou aposentadoria, a empresa deverá provar que o EPC era inviável tecnicamente.

EPC e melhoria da produtividade

Estudos indicam que os EPCs melhoram o ambiente de trabalho, reduzindo os

riscos que atingem o trabalhador e melhorando o desempenho. Os principais fatores para que isso ocorra são:

- facilita a concentração; - melhora o conforto; - aumenta a disposição; - apresenta maior qualidade no ambiente; - age de forma positiva e diretamente sobre a saúde.

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Vantagens do EPC

Entre as várias existentes, merecem ser destacadas: - menor custo a médio e longo prazos; - abrange a todos os funcionários expostos direta ou indiretamente; - independe da vontade do pessoal exposto em utilizar ou não; - maior facilidade de controle da manutenção; - não exige fiscalização de uso; - menor taxa de INSS e seguro; - redução de processos trabalhistas e reclamações judiciais; - aumento da produção, com redução do tempo em treinamentos e exames; - redução do custo com programas educativos; - redução do número de acidentes (em consequência, de afastamentos); - melhoria da qualidade do produto.

Exemplos de EPC

- sistemas de ventilação/ exaustão; - proteção de máquinas; - capela (cabines para manuseio de produtos químicos); - comandos bimanuais; - sensores de presença; - proteção de circuitos e equipamentos elétricos; - aterramento elétrico; - proteção contra ruídos (isolantes acústicos/ remoção da fonte); - proteção contra vibrações; - proteção contra altas temperaturas (localizadas e ambientais); - proteção contra quedas (de objetos e pessoas); - chuveiro de emergência (integrado ou não ao lava-olhos); - proteção contra descargas atmosféricas; - cortinas contra luminosidade intensa; - revezamento de funcionários/ diminuição do tempo de exposição; - aplicação de métodos úmidos; - reespecificação na aquisição de máquinas; - mudanças na estrutura física da empresa (layout); - proteção contra incêndios; - sinalização de segurança; - normas e regulamentos de segurança.

Apesar de haver controvérsia, os três últimos mencionados são considerados, por parte significativa de profissionais, como Equipamentos de Proteção Coletiva.