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Ementa e Acórdão 28/10/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL RELATOR :MIN. LUIZ FUX AGTE.(S) : YURI MATTOS CARVALHO ADV.(A/S) : YURI MATTOS CARVALHO AGDO.(A/S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL. PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DO PAD. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE DO ÓRGÃO EM QUE OCORREU A INFRAÇÃO. NOMEAÇÃO DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO PROCESSANTE APÓS A OCORRÊNCIA DO ILÍCITO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. REQUERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS. INDEFERIMENTO FUNDAMENTADO. PREVISÃO LEGAL. ILIQUIDEZ DOS FATOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE DO WRIT. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O art. 141, I, da Lei 8.112/1990, em consonância com o art. 84, XXV, da Lei Fundamental, predica que o Presidente da República é a autoridade competente para aplicar a penalidade de demissão a servidor vinculado ao Poder Executivo, sendo constitucional, nos termos do art. 84, parágrafo único, da Constituição, e do art. 1º, I, do Decreto 3.035/1999, a delegação aos Ministros de Estado e ao Advogado-Geral da União. Precedentes: RE 633009 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 27-09-2011; RMS 24194, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 07-10-2011; MS 25518, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ 10-08-2006, dentre outros. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12048823. Supremo Tribunal Federal Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 20

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Ementa e Acórdão

28/10/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUXAGTE.(S) :YURI MATTOS CARVALHO ADV.(A/S) :YURI MATTOS CARVALHO AGDO.(A/S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL. PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DO PAD. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE DO ÓRGÃO EM QUE OCORREU A INFRAÇÃO. NOMEAÇÃO DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO PROCESSANTE APÓS A OCORRÊNCIA DO ILÍCITO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. REQUERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS. INDEFERIMENTO FUNDAMENTADO. PREVISÃO LEGAL. ILIQUIDEZ DOS FATOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE DO WRIT. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. O art. 141, I, da Lei 8.112/1990, em consonância com o art. 84, XXV, da Lei Fundamental, predica que o Presidente da República é a autoridade competente para aplicar a penalidade de demissão a servidor vinculado ao Poder Executivo, sendo constitucional, nos termos do art. 84, parágrafo único, da Constituição, e do art. 1º, I, do Decreto 3.035/1999, a delegação aos Ministros de Estado e ao Advogado-Geral da União. Precedentes: RE 633009 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 27-09-2011; RMS 24194, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 07-10-2011; MS 25518, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ 10-08-2006, dentre outros.

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12048823.

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Ementa e Acórdão

RMS 32811 AGR / DF

2. In casu, a delegação de competência para a aplicação da sanção de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor restou incólume, na medida em que a imposição da penalidade máxima decorreu de ato do Ministro de Estado da Justiça.

3. A Portaria Inaugural do Processo Administrativo Disciplinar foi determinada pelo Diretor-Geral do Departamento Penitenciário Federal, que possui competência para instaurar o procedimento próprio para apurar faltas cometidas pelos seus subordinados, nos termos do art. 51, inciso XIV, do Regimento Interno do DEPEN, e art. 143 da Lei 8.112/1990.

4. O art. 149 da Lei 8.112/90 não veda a possibilidade da autoridade competente para a instauração de procedimento disciplinar convocar servidores oriundos de outro órgão, diverso da lotação dos acusados, para a composição da Comissão Processante. Deveras, impõe, somente, que o presidente indicado pela autoridade competente ocupe "cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado", e que os membros sejam servidores estáveis, sem qualquer vínculo de parentesco ou afinidade com o acusado, o que não restou comprovado, no caso.

5. A inteligência do art. 142, I, da Lei 8.112/1990 reclama que o prazo prescricional da ação disciplinar é de 5 (cinco) anos quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão.

6. A despeito do encerramento do primeiro processo administrativo, o fato é que, do dia em que a autoridade competente tomou ciência das condutas imputadas ao impetrante até a instauração do segundo processo administrativo disciplinar, não transcorreu o quinquênio previsto no artigo 142, I, da Lei 8.112/90.

7. A conduta imputada ao impetrante se insere na previsão contida no inciso IX do art. 132 da Lei 8.112/90, na medida em que restou apurado no processo administrativo que o servidor revelou, indevidamente, vídeos sigilosos aos quais teve acesso apenas em razão do exercício do cargo de agente penitenciário federal.

8. A Comissão Processante tem o poder de indeferir a produção de

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Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 12048823.

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RMS 32811 AGR / DF

2. In casu, a delegação de competência para a aplicação da sanção de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor restou incólume, na medida em que a imposição da penalidade máxima decorreu de ato do Ministro de Estado da Justiça.

3. A Portaria Inaugural do Processo Administrativo Disciplinar foi determinada pelo Diretor-Geral do Departamento Penitenciário Federal, que possui competência para instaurar o procedimento próprio para apurar faltas cometidas pelos seus subordinados, nos termos do art. 51, inciso XIV, do Regimento Interno do DEPEN, e art. 143 da Lei 8.112/1990.

4. O art. 149 da Lei 8.112/90 não veda a possibilidade da autoridade competente para a instauração de procedimento disciplinar convocar servidores oriundos de outro órgão, diverso da lotação dos acusados, para a composição da Comissão Processante. Deveras, impõe, somente, que o presidente indicado pela autoridade competente ocupe "cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado", e que os membros sejam servidores estáveis, sem qualquer vínculo de parentesco ou afinidade com o acusado, o que não restou comprovado, no caso.

5. A inteligência do art. 142, I, da Lei 8.112/1990 reclama que o prazo prescricional da ação disciplinar é de 5 (cinco) anos quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão.

6. A despeito do encerramento do primeiro processo administrativo, o fato é que, do dia em que a autoridade competente tomou ciência das condutas imputadas ao impetrante até a instauração do segundo processo administrativo disciplinar, não transcorreu o quinquênio previsto no artigo 142, I, da Lei 8.112/90.

7. A conduta imputada ao impetrante se insere na previsão contida no inciso IX do art. 132 da Lei 8.112/90, na medida em que restou apurado no processo administrativo que o servidor revelou, indevidamente, vídeos sigilosos aos quais teve acesso apenas em razão do exercício do cargo de agente penitenciário federal.

8. A Comissão Processante tem o poder de indeferir a produção de

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Ementa e Acórdão

RMS 32811 AGR / DF

provas impertinentes à apuração dos fatos, com supedâneo no art. 156, § 1º, da Lei 8.112/1990.

9. A oitiva de testemunha em lugar diverso daquele em que os acusados residem não acarretou, no caso concreto, prejuízo à defesa, mormente por ter sido notificada cinco dias antes da audiência, de forma a conferir a possibilidade de exercer seu direito de participar da produção da prova, tendo sido, ainda, nomeado defensor ad hoc, ante a ausência de manifestação.

10. O mandado de segurança não se revela via adequada para avaliar em profundidade o acervo fático-probatório dos autos, especialmente no que se refere à oitiva das testemunhas, a acareação entre os acusados, a reinquirição de testemunhas e a expedição de ofício solicitando cópia dos depoimentos produzidos em processo criminal.

11. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO.

A C Ó R D Ã O

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de julgamento virtual de 21 a 27/10/2016, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio.

Brasília, 28 de outubro de 2016. LUIZ FUX – RELATOR

Documento assinado digitalmente

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Supremo Tribunal Federal

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provas impertinentes à apuração dos fatos, com supedâneo no art. 156, § 1º, da Lei 8.112/1990.

9. A oitiva de testemunha em lugar diverso daquele em que os acusados residem não acarretou, no caso concreto, prejuízo à defesa, mormente por ter sido notificada cinco dias antes da audiência, de forma a conferir a possibilidade de exercer seu direito de participar da produção da prova, tendo sido, ainda, nomeado defensor ad hoc, ante a ausência de manifestação.

10. O mandado de segurança não se revela via adequada para avaliar em profundidade o acervo fático-probatório dos autos, especialmente no que se refere à oitiva das testemunhas, a acareação entre os acusados, a reinquirição de testemunhas e a expedição de ofício solicitando cópia dos depoimentos produzidos em processo criminal.

11. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO.

A C Ó R D Ã O

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na conformidade da ata de julgamento virtual de 21 a 27/10/2016, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio.

Brasília, 28 de outubro de 2016. LUIZ FUX – RELATOR

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Relatório

28/10/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUXAGTE.(S) :YURI MATTOS CARVALHO ADV.(A/S) :YURI MATTOS CARVALHO AGDO.(A/S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo regimental interposto por Yuri Mattos Carvalho contra decisão que negou seguimento a este recurso, nos termos da seguinte ementa:

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. PAD. AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL. PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE DO ÓRGÃO EM QUE OCORREU A INFRAÇÃO. NOMEAÇÃO DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO PROCESSANTE APÓS A OCORRÊNCIA DO ILÍCITO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO FUNDAMENTADO PARA PRODUÇÃO DE PROVAS. O DIREITO ACASO EXISTENTE DEPENDE DE SEVERA E PROFUNDA AVALIAÇÃO DE PROVAS INVIABILIZANDO O USO DO WRIT. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.”

Inconformado com a referida decisão, o agravante reitera as razões expendidas no recurso ordinário, mormente no que se refere à existência de nulidades insanáveis no processo administrativo disciplinar, que, ao

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AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUXAGTE.(S) :YURI MATTOS CARVALHO ADV.(A/S) :YURI MATTOS CARVALHO AGDO.(A/S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

R E L A T Ó R I O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo regimental interposto por Yuri Mattos Carvalho contra decisão que negou seguimento a este recurso, nos termos da seguinte ementa:

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. PAD. AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL. PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE DO ÓRGÃO EM QUE OCORREU A INFRAÇÃO. NOMEAÇÃO DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO PROCESSANTE APÓS A OCORRÊNCIA DO ILÍCITO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO FUNDAMENTADO PARA PRODUÇÃO DE PROVAS. O DIREITO ACASO EXISTENTE DEPENDE DE SEVERA E PROFUNDA AVALIAÇÃO DE PROVAS INVIABILIZANDO O USO DO WRIT. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.”

Inconformado com a referida decisão, o agravante reitera as razões expendidas no recurso ordinário, mormente no que se refere à existência de nulidades insanáveis no processo administrativo disciplinar, que, ao

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Relatório

RMS 32811 AGR / DF

final, ensejou a Portaria de demissão nº 794, de 05/05/2011.

Em amparo de sua pretensão, narra a ocorrência de diversas ilegalidades, tanto na constituição da comissão processante, quanto em relação ao trabalho por ela desempenhado, diante da incompetência da autoridade que expediu a portaria instauradora do processo administrativo disciplinar.

Nesse ponto, afirma que a comissão instituída para a apuração de supostas faltas disciplinares cometidas por servidores do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN não pode ser integrada por servidores da Polícia Federal, exceto na hipótese de a instauração do feito ser realizada pela autoridade máxima do "respectivo Poder, órgão, ou entidade", a teor do que disposto no art. 143, § 3º, da Lei 8.112/90.

Quanto às demais razões deduzidas no presente recurso, o agravante suscita as seguintes nulidades do ato coator, as quais foram sintetizadas pelo STJ nos seguintes termos: “(a) inobservância do devido processo legal; (b) o processo administrativo seria uma forma de represália pela Administração Pública em relação aos sindicalistas que assinaram denúncias de irregularidades; (c) ainda que se admita a ocorrência da exibição do mencionado vídeo durante o movimento grevista deflagrado pelos Agentes Penitenciários, a hipótese não se enquadraria no art. 132, inciso IX, da Lei 8.112/1990, mas, ao contrário, à conduta descrita no art. 116, VIII, da mencionada legislação; (d) o primeiro processo administrativo disciplinar (PAD 1/2008) teve o seu "encerramento" decretado, o que deve ser visto como a extinção do processo; (e) três dos acusados, inclusive o impetrante, foram demitidos por condutas que teriam realizado após a portaria de instauração; (f) tanto os requerimentos de oitiva das testemunhas de defesa como os pedidos de reinquirição de testemunhas e de perguntas formuladas pelos acusados foram indeferidos sem qualquer motivação; (g) o depoimento da testemunha Rildo Santos de Oliveira ocorreu em Mossoró/RN, local diverso do trâmite do PAD, o que acarretou grave prejuízo à defesa; (h) a nomeação de uma única defensora ad hoc para todos os acusados,

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final, ensejou a Portaria de demissão nº 794, de 05/05/2011.

Em amparo de sua pretensão, narra a ocorrência de diversas ilegalidades, tanto na constituição da comissão processante, quanto em relação ao trabalho por ela desempenhado, diante da incompetência da autoridade que expediu a portaria instauradora do processo administrativo disciplinar.

Nesse ponto, afirma que a comissão instituída para a apuração de supostas faltas disciplinares cometidas por servidores do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN não pode ser integrada por servidores da Polícia Federal, exceto na hipótese de a instauração do feito ser realizada pela autoridade máxima do "respectivo Poder, órgão, ou entidade", a teor do que disposto no art. 143, § 3º, da Lei 8.112/90.

Quanto às demais razões deduzidas no presente recurso, o agravante suscita as seguintes nulidades do ato coator, as quais foram sintetizadas pelo STJ nos seguintes termos: “(a) inobservância do devido processo legal; (b) o processo administrativo seria uma forma de represália pela Administração Pública em relação aos sindicalistas que assinaram denúncias de irregularidades; (c) ainda que se admita a ocorrência da exibição do mencionado vídeo durante o movimento grevista deflagrado pelos Agentes Penitenciários, a hipótese não se enquadraria no art. 132, inciso IX, da Lei 8.112/1990, mas, ao contrário, à conduta descrita no art. 116, VIII, da mencionada legislação; (d) o primeiro processo administrativo disciplinar (PAD 1/2008) teve o seu "encerramento" decretado, o que deve ser visto como a extinção do processo; (e) três dos acusados, inclusive o impetrante, foram demitidos por condutas que teriam realizado após a portaria de instauração; (f) tanto os requerimentos de oitiva das testemunhas de defesa como os pedidos de reinquirição de testemunhas e de perguntas formuladas pelos acusados foram indeferidos sem qualquer motivação; (g) o depoimento da testemunha Rildo Santos de Oliveira ocorreu em Mossoró/RN, local diverso do trâmite do PAD, o que acarretou grave prejuízo à defesa; (h) a nomeação de uma única defensora ad hoc para todos os acusados,

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RMS 32811 AGR / DF

durante essa audiência realizada em Mossoró, vulnerou o princípio da ampla defesa; (i) o pedido de gravação das audiências foi indeferido, sendo que, "a despeito do motivo declinado, este se mostra inidôneo, completamente divorciado da realidade" (e-STJ fl. 33), (j) foi indeferido pedido de extração de cópia dos depoimentos realizados no processo 2009.60.0101523-7, em curso na 5ª Vara Federal, no qual o advogado do impetrante, Paulo Magalhães Araújo, está sendo acusado como autor das divulgações dos vídeos através na rede mundial de computadores; (l) a negativa de acareação entre os acusados viola o disposto no art. 159 da Lei 8.112/90; (m) outro acusado, (...), foi notificado por edital sob o falso argumento de que se encontrava "em lugar indeterminado", e não foi observado o prazo de três dias a que alude o art. 26 da Lei 8.112/90, o que o impossibilitou de comparecer nas audiências; (n) o impetrante foi ouvido pela Comissão de Sindicância Administrativa, para a qual foi convocado apenas para prestar esclarecimentos, o que o impossibilitou de apresentar qualquer defesa ou rebater eficientemente qualquer acusação; e (o) é necessária a renovação das informações colhidas na sindicância administrativa, sob o crivo do contraditório”.

Requer, ao final, a reconsideração da decisão impugnada para conhecer do recurso ordinário e conceder a segurança, ou a submissão do recurso ao órgão colegiado para fins de anulação do processo administrativo disciplinar com a consequente reintegração definitiva do impetrante ao cargo público do qual foi demitido.

A Procuradoria-Geral da República opina pelo desprovimento do agravo regimental, nos termos do parecer assim ementado:

“Recurso ordinário em mandado de segurança. Agravo regimental. Agente penitenciário federal. Violação de sigilo profissional. Processo administrativo disciplinar. Demissão.

O recorrente, agente penitenciário federal, respondeu a processo administrativo disciplinar, por suposta retirada de fitas gravadas da repartição, sem autorização da autoridade competente, e por suposta exibição ilegal desses vídeos, gravados dentro de penitenciária, relativos a conversas entre presos e seus advogados: foi demitido com

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durante essa audiência realizada em Mossoró, vulnerou o princípio da ampla defesa; (i) o pedido de gravação das audiências foi indeferido, sendo que, "a despeito do motivo declinado, este se mostra inidôneo, completamente divorciado da realidade" (e-STJ fl. 33), (j) foi indeferido pedido de extração de cópia dos depoimentos realizados no processo 2009.60.0101523-7, em curso na 5ª Vara Federal, no qual o advogado do impetrante, Paulo Magalhães Araújo, está sendo acusado como autor das divulgações dos vídeos através na rede mundial de computadores; (l) a negativa de acareação entre os acusados viola o disposto no art. 159 da Lei 8.112/90; (m) outro acusado, (...), foi notificado por edital sob o falso argumento de que se encontrava "em lugar indeterminado", e não foi observado o prazo de três dias a que alude o art. 26 da Lei 8.112/90, o que o impossibilitou de comparecer nas audiências; (n) o impetrante foi ouvido pela Comissão de Sindicância Administrativa, para a qual foi convocado apenas para prestar esclarecimentos, o que o impossibilitou de apresentar qualquer defesa ou rebater eficientemente qualquer acusação; e (o) é necessária a renovação das informações colhidas na sindicância administrativa, sob o crivo do contraditório”.

Requer, ao final, a reconsideração da decisão impugnada para conhecer do recurso ordinário e conceder a segurança, ou a submissão do recurso ao órgão colegiado para fins de anulação do processo administrativo disciplinar com a consequente reintegração definitiva do impetrante ao cargo público do qual foi demitido.

A Procuradoria-Geral da República opina pelo desprovimento do agravo regimental, nos termos do parecer assim ementado:

“Recurso ordinário em mandado de segurança. Agravo regimental. Agente penitenciário federal. Violação de sigilo profissional. Processo administrativo disciplinar. Demissão.

O recorrente, agente penitenciário federal, respondeu a processo administrativo disciplinar, por suposta retirada de fitas gravadas da repartição, sem autorização da autoridade competente, e por suposta exibição ilegal desses vídeos, gravados dentro de penitenciária, relativos a conversas entre presos e seus advogados: foi demitido com

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fundamento no art. 132, IX, da Lei 8.112/1990: infração do sigilo profissional.

Não há vedação legal que impeça a autoridade competente de instaurar procedimento disciplinar de convocar, para a composição da Comissão Processante, Processante, servidores oriundos de órgão alienígeno, diverso da lotação do recorrente.

Os fundamentos do agravo regimental remetem, necessariamente, à análise de provas.

Como anotado no acórdão recorrido, “não se revela possível avaliar em profundidade o acervo fático-probatório dos autos, a fim de se certificar se a produção das provas requeridas pelo impetrante, notadamente a oitiva das testemunhas, a acareação entre os acusados, a reinquirição de testemunhas e a expedição de ofício solicitando cópia dos depoimentos produzidos em processo criminal, era estritamente necessária para se chegar à verdade dos fatos”.

O recorrente não demonstrou o direito líquido e certo amparável por mandado de segurança, razão pela qual mostra-se acertada a decisão do STJ de denegar a ordem postulada.

Parecer pelo desprovimento do recurso.”

É o relatório.

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RMS 32811 AGR / DF

fundamento no art. 132, IX, da Lei 8.112/1990: infração do sigilo profissional.

Não há vedação legal que impeça a autoridade competente de instaurar procedimento disciplinar de convocar, para a composição da Comissão Processante, Processante, servidores oriundos de órgão alienígeno, diverso da lotação do recorrente.

Os fundamentos do agravo regimental remetem, necessariamente, à análise de provas.

Como anotado no acórdão recorrido, “não se revela possível avaliar em profundidade o acervo fático-probatório dos autos, a fim de se certificar se a produção das provas requeridas pelo impetrante, notadamente a oitiva das testemunhas, a acareação entre os acusados, a reinquirição de testemunhas e a expedição de ofício solicitando cópia dos depoimentos produzidos em processo criminal, era estritamente necessária para se chegar à verdade dos fatos”.

O recorrente não demonstrou o direito líquido e certo amparável por mandado de segurança, razão pela qual mostra-se acertada a decisão do STJ de denegar a ordem postulada.

Parecer pelo desprovimento do recurso.”

É o relatório.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

28/10/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

V O T O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): O presente agravo regimental não merece ser provido.

Conforme consignado na decisão ora questionada, o mandado de segurança impetrado no Superior Tribunal de Justiça objetivava anular ato do Ministro de Estado da Justiça, consubstanciado na Portaria Ministerial nº 794, de 5 de maio de 2011, cuja edição ensejou a demissão do impetrante do cargo de Agente Penitenciário Federal do Quadro de Pessoal do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça.

Em suma, o processo administrativo disciplinar, que, ao final, ensejou a demissão do recorrente, concluiu pela materialização da prática de infração disciplinar referente à conduta de divulgação de vídeos de monitoramento realizado no interior da Penitenciária Federal de Campo Grande - PFCG, contendo conversas entre advogados e seus clientes, que concretizou a sanção de demissão prevista no art. 132, inciso IX, da Lei 8.112/90.

Inicialmente, cumpre refutar a alegada incompetência da autoridade que expediu a portaria de instauração do processo administrativo disciplinar (PAD), sustentada com base em eventual violação ao disposto no art. 143, § 3º da Lei 8.112/1990, que disciplina o seguinte, verbis:

“Art. 143.(...)§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da

autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a

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28/10/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

V O T O

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): O presente agravo regimental não merece ser provido.

Conforme consignado na decisão ora questionada, o mandado de segurança impetrado no Superior Tribunal de Justiça objetivava anular ato do Ministro de Estado da Justiça, consubstanciado na Portaria Ministerial nº 794, de 5 de maio de 2011, cuja edição ensejou a demissão do impetrante do cargo de Agente Penitenciário Federal do Quadro de Pessoal do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça.

Em suma, o processo administrativo disciplinar, que, ao final, ensejou a demissão do recorrente, concluiu pela materialização da prática de infração disciplinar referente à conduta de divulgação de vídeos de monitoramento realizado no interior da Penitenciária Federal de Campo Grande - PFCG, contendo conversas entre advogados e seus clientes, que concretizou a sanção de demissão prevista no art. 132, inciso IX, da Lei 8.112/90.

Inicialmente, cumpre refutar a alegada incompetência da autoridade que expediu a portaria de instauração do processo administrativo disciplinar (PAD), sustentada com base em eventual violação ao disposto no art. 143, § 3º da Lei 8.112/1990, que disciplina o seguinte, verbis:

“Art. 143.(...)§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da

autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a

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Voto - MIN. LUIZ FUX

RMS 32811 AGR / DF

irregularidade, mediante competência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)”

Com efeito, a Portaria de instauração do Processo Administrativo Disciplinar – conforme, inclusive, ressaltado pelo relator do mandado de segurança no STJ – teve por fundamento os arts. 143 da Lei 8.112/1990 e 51, XIV, do Regimento Interno do Departamento Penitenciário Nacional, que estabelecem:

Lei nº 8.112/1990“Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no

serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.”

Regimento Interno do DEPEN“Art. 51. Ao Diretor-Geral incumbe:(…)XIV – determinar a instauração de processo administrativo

disciplinar e outros procedimentos para a apuração de irregularidades;”

Outrossim, ressalto que o alegado § 3º do art. 143 da Lei 8.112/1990, indicado pelo recorrente, trata, especificamente, da instauração de processo administrativo para apuração de irregularidades por autoridade diversa daquela em que tenha ocorrido a irregularidade, não sendo aplicável ao caso.

Dessume-se, desse modo, do exposto que a Portaria inaugural do Processo Administrativo Disciplinar, instaurada pelo Diretor-Geral do

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RMS 32811 AGR / DF

irregularidade, mediante competência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)”

Com efeito, a Portaria de instauração do Processo Administrativo Disciplinar – conforme, inclusive, ressaltado pelo relator do mandado de segurança no STJ – teve por fundamento os arts. 143 da Lei 8.112/1990 e 51, XIV, do Regimento Interno do Departamento Penitenciário Nacional, que estabelecem:

Lei nº 8.112/1990“Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no

serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.”

Regimento Interno do DEPEN“Art. 51. Ao Diretor-Geral incumbe:(…)XIV – determinar a instauração de processo administrativo

disciplinar e outros procedimentos para a apuração de irregularidades;”

Outrossim, ressalto que o alegado § 3º do art. 143 da Lei 8.112/1990, indicado pelo recorrente, trata, especificamente, da instauração de processo administrativo para apuração de irregularidades por autoridade diversa daquela em que tenha ocorrido a irregularidade, não sendo aplicável ao caso.

Dessume-se, desse modo, do exposto que a Portaria inaugural do Processo Administrativo Disciplinar, instaurada pelo Diretor-Geral do

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RMS 32811 AGR / DF

Departamento Penitenciário Nacional, foi determinada pela autoridade que possui a devida competência para constituir o procedimento que visa apurar faltas cometidas pelos seus subordinados.

É igualmente insubsistente a alegação de que o Decreto 3.035/1999, por intermédio do qual a Presidente da República delegou competência aos Ministros de Estado para julgar processos administrativos disciplinares e aplicar penalidades, expressamente veda a subdelegação.

A atribuição do Presidente da República prevista no inciso XXV do artigo 84 da Constituição da República de provimento de cargos públicos pode, por força da redação expressa do texto constitucional, ser delegada. A contrario sensu, nos termos do que já decidido por esta Corte Suprema, o ato de demissão, que acarreta o esvaziamento do cargo público, movimento contrário ao de preenchimento, também pode ser delegado. O permissivo da delegação a Ministro de Estado quanto ao provimento do cargo vago abrange, ainda que tacitamente, a delegação do ato de demissão. A delegação de competência, pois, é juridicamente possível, entendimento corroborado pela jurisprudência do Tribunal:

“Demissão: ocupante do cargo de Policial Rodoviário Federal: processo administrativo disciplinar que se desenvolveu validamente, assegurados ao acusado o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. 2. Presidente da República: competência para prover cargos públicos (CF, art. 84, XXV, primeira parte), que abrange a de desprovê-los a qual, portanto é susceptível de delegação a Ministro de Estado (CF, art. 84, parágrafo único): validade da Portaria do Ministro de Estado que - à luz do Decreto 3.035/99, cuja constitucionalidade se declara - demitiu o recorrente” (RMS 24.128, Rel. Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 01.07.2005).

Ademais, no que se refere ao fato de a indicação dos integrantes da comissão processante ter ocorrido após a infração, esta Corte, no

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RMS 32811 AGR / DF

Departamento Penitenciário Nacional, foi determinada pela autoridade que possui a devida competência para constituir o procedimento que visa apurar faltas cometidas pelos seus subordinados.

É igualmente insubsistente a alegação de que o Decreto 3.035/1999, por intermédio do qual a Presidente da República delegou competência aos Ministros de Estado para julgar processos administrativos disciplinares e aplicar penalidades, expressamente veda a subdelegação.

A atribuição do Presidente da República prevista no inciso XXV do artigo 84 da Constituição da República de provimento de cargos públicos pode, por força da redação expressa do texto constitucional, ser delegada. A contrario sensu, nos termos do que já decidido por esta Corte Suprema, o ato de demissão, que acarreta o esvaziamento do cargo público, movimento contrário ao de preenchimento, também pode ser delegado. O permissivo da delegação a Ministro de Estado quanto ao provimento do cargo vago abrange, ainda que tacitamente, a delegação do ato de demissão. A delegação de competência, pois, é juridicamente possível, entendimento corroborado pela jurisprudência do Tribunal:

“Demissão: ocupante do cargo de Policial Rodoviário Federal: processo administrativo disciplinar que se desenvolveu validamente, assegurados ao acusado o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. 2. Presidente da República: competência para prover cargos públicos (CF, art. 84, XXV, primeira parte), que abrange a de desprovê-los a qual, portanto é susceptível de delegação a Ministro de Estado (CF, art. 84, parágrafo único): validade da Portaria do Ministro de Estado que - à luz do Decreto 3.035/99, cuja constitucionalidade se declara - demitiu o recorrente” (RMS 24.128, Rel. Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 01.07.2005).

Ademais, no que se refere ao fato de a indicação dos integrantes da comissão processante ter ocorrido após a infração, esta Corte, no

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RMS 32811 AGR / DF

julgamento do RMS 31.207, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 25/2/2013, decidiu pela ausência de violação do juiz natural em acórdão nos termos da seguinte ementa, no que interessa:

“2. A designação de comissão disciplinar posteriormente ao fato, por si só, não configura violação do princípio do juiz natural, pois à autoridade se impõe a apuração somente a partir da ciência de irregularidade, conforme o art. 143 da Lei nº 8.112/90. Não se faz evidente nos autos eletrônicos qualquer prejuízo à defesa do recorrente que imponha o reconhecimento da nulidade por afronta ao disposto no § 2º do art. 53 da Lei nº 4.878/65.”

No caso em exame, verifico que o recorrente não indicou qualquer indício de que o artigo 149 da Lei nº 8.112/1990 teria sido desrespeitado, pois a norma prevê, apenas, que a comissão será integrada por servidores estáveis e o presidente deve “possuir cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado”.

Sobre a suposta ilegalidade na citação de outro acusado, bem como questionamentos suscitados por outros acusados, o impetrante não demonstrou a existência de prejuízo, necessário para reconhecimento de eventual nulidade, à luz da máxima pas nullité sans grief.

Superadas essas questões, examino o argumento relativo ao suposto prejuízo à defesa pela existência de depoimentos ocorridos em outras cidades. Transcrevo do acórdão recorrido:

“Sobre o ponto, a Comissão Processante considerou que não houve prejuízo à defesa, que foi notificada cinco dias antes da audiência, tempo suficiente para exercer seu direito de enviar as perguntas que fossem necessárias. Por outro lado, houve a nomeação de defensora ad hoc, não restando comprovada qualquer prejuízo à defesa. Ainda que assim não fosse, a ausência de advogado no processo administrativo disciplinar não consubstancia impedimento ao exercício do direito de defesa, consoante preconiza a Súmula

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RMS 32811 AGR / DF

julgamento do RMS 31.207, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 25/2/2013, decidiu pela ausência de violação do juiz natural em acórdão nos termos da seguinte ementa, no que interessa:

“2. A designação de comissão disciplinar posteriormente ao fato, por si só, não configura violação do princípio do juiz natural, pois à autoridade se impõe a apuração somente a partir da ciência de irregularidade, conforme o art. 143 da Lei nº 8.112/90. Não se faz evidente nos autos eletrônicos qualquer prejuízo à defesa do recorrente que imponha o reconhecimento da nulidade por afronta ao disposto no § 2º do art. 53 da Lei nº 4.878/65.”

No caso em exame, verifico que o recorrente não indicou qualquer indício de que o artigo 149 da Lei nº 8.112/1990 teria sido desrespeitado, pois a norma prevê, apenas, que a comissão será integrada por servidores estáveis e o presidente deve “possuir cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado”.

Sobre a suposta ilegalidade na citação de outro acusado, bem como questionamentos suscitados por outros acusados, o impetrante não demonstrou a existência de prejuízo, necessário para reconhecimento de eventual nulidade, à luz da máxima pas nullité sans grief.

Superadas essas questões, examino o argumento relativo ao suposto prejuízo à defesa pela existência de depoimentos ocorridos em outras cidades. Transcrevo do acórdão recorrido:

“Sobre o ponto, a Comissão Processante considerou que não houve prejuízo à defesa, que foi notificada cinco dias antes da audiência, tempo suficiente para exercer seu direito de enviar as perguntas que fossem necessárias. Por outro lado, houve a nomeação de defensora ad hoc, não restando comprovada qualquer prejuízo à defesa. Ainda que assim não fosse, a ausência de advogado no processo administrativo disciplinar não consubstancia impedimento ao exercício do direito de defesa, consoante preconiza a Súmula

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Voto - MIN. LUIZ FUX

RMS 32811 AGR / DF

Vinculante n. 5/STF: "A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição."

É de se registrar, por oportuno, que a Comissão Processante sugeriu a aplicação da penalidade de demissão com base em inúmeros outros depoimentos colhidos na presença do acusado e seu advogado, o que repele a alegação de que foram violados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.”

O artigo 156 da Lei 8.112/1990, que estabeleceu o Regime Jurídico Único para os servidores públicos federais, determina que:

“Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.”

A oitiva de testemunha em lugar diverso daquele em que os acusados residem não acarretou, no caso concreto, prejuízo à defesa, mormente por ter sido notificada cinco dias antes da audiência, de forma a conferir a possibilidade de exercer seu direito de participar da produção da prova, tendo sido, ainda, nomeado defensor ad hoc, ante a ausência de manifestação.

Noutro giro, também não merece qualquer amparo jurídico a tese de que a abertura de novo processo administrativo disciplinar constituiria nulidade insanável, de modo que “o primeiro processo administrativo disciplinar (PAD 1/2008) teve o seu "encerramento" decretado, o que deve ser visto como a extinção do processo”.

A inteligência do art. 142, I, da Lei 8.112/1990 reclama que o prazo prescricional da ação disciplinar é de 5 (cinco) anos quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão.

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RMS 32811 AGR / DF

Vinculante n. 5/STF: "A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição."

É de se registrar, por oportuno, que a Comissão Processante sugeriu a aplicação da penalidade de demissão com base em inúmeros outros depoimentos colhidos na presença do acusado e seu advogado, o que repele a alegação de que foram violados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.”

O artigo 156 da Lei 8.112/1990, que estabeleceu o Regime Jurídico Único para os servidores públicos federais, determina que:

“Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.”

A oitiva de testemunha em lugar diverso daquele em que os acusados residem não acarretou, no caso concreto, prejuízo à defesa, mormente por ter sido notificada cinco dias antes da audiência, de forma a conferir a possibilidade de exercer seu direito de participar da produção da prova, tendo sido, ainda, nomeado defensor ad hoc, ante a ausência de manifestação.

Noutro giro, também não merece qualquer amparo jurídico a tese de que a abertura de novo processo administrativo disciplinar constituiria nulidade insanável, de modo que “o primeiro processo administrativo disciplinar (PAD 1/2008) teve o seu "encerramento" decretado, o que deve ser visto como a extinção do processo”.

A inteligência do art. 142, I, da Lei 8.112/1990 reclama que o prazo prescricional da ação disciplinar é de 5 (cinco) anos quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão.

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Voto - MIN. LUIZ FUX

RMS 32811 AGR / DF

Consectariamente, a despeito do encerramento do primeiro processo administrativo, o fato é que, do dia em que a autoridade competente tomou ciência das condutas imputadas ao impetrante até a instauração do segundo processo administrativo disciplinar, não transcorreu o quinquênio prescricional. Além disso, consta expressamente no acórdão recorrido que a abertura do segundo PAD “decorreu do esgotamento dos prazos regulamentares antes da fase instrutória pela comissão processante, em virtude de manobras dos acusados tendentes a tumultuar a instrução do feito”. O recorrente, também, não demonstrou a existência de qualquer prejuízo com a instauração de novo processo.

Quanto ao alegado cerceamento de defesa em razão do indeferimento de pedidos de produção de provas no PAD, transcrevo, parcialmente, a fundamentação do acórdão recorrido:

“Houve, a meu ver, fundamentada motivação do indeferimento, conforme se afere dos seguintes trechos da justificativa da Comissão Processante, citado pela autoridade impetrada:

"(.-) não existe nestes autos uma só afirmação de que o colegiado teria indeferido ouvir testemunhas sob o argumento de que já estava satisfeito com as diligências efetuadas.

Há sim por inúmeras vezes indeferir oitivas de testemunhas que nada tinham a ver com os fatos em apuração, a exemplo Juiz Federal corregedor que apenas, no seu mister, determinou apurar os fatos, ex-ministro da Justiça que, por certo, sequer sabe quem são os indiciados, muito menos conhecem os fatos e oitiva de um interno que também nada tem a ver com os fatos e se encontra recolhido num presídio nos Estado Unidos. Por evidente que o presidente do feito indeferiu tais oitivas. Ouvir um interno nos Estados Unidos, por certo atenderia o objetivoúnico dos indiciados que seria 'nunca concluir o procedimento'.(...)Como de costume o pedido foi denegado pela comissão, senão

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Consectariamente, a despeito do encerramento do primeiro processo administrativo, o fato é que, do dia em que a autoridade competente tomou ciência das condutas imputadas ao impetrante até a instauração do segundo processo administrativo disciplinar, não transcorreu o quinquênio prescricional. Além disso, consta expressamente no acórdão recorrido que a abertura do segundo PAD “decorreu do esgotamento dos prazos regulamentares antes da fase instrutória pela comissão processante, em virtude de manobras dos acusados tendentes a tumultuar a instrução do feito”. O recorrente, também, não demonstrou a existência de qualquer prejuízo com a instauração de novo processo.

Quanto ao alegado cerceamento de defesa em razão do indeferimento de pedidos de produção de provas no PAD, transcrevo, parcialmente, a fundamentação do acórdão recorrido:

“Houve, a meu ver, fundamentada motivação do indeferimento, conforme se afere dos seguintes trechos da justificativa da Comissão Processante, citado pela autoridade impetrada:

"(.-) não existe nestes autos uma só afirmação de que o colegiado teria indeferido ouvir testemunhas sob o argumento de que já estava satisfeito com as diligências efetuadas.

Há sim por inúmeras vezes indeferir oitivas de testemunhas que nada tinham a ver com os fatos em apuração, a exemplo Juiz Federal corregedor que apenas, no seu mister, determinou apurar os fatos, ex-ministro da Justiça que, por certo, sequer sabe quem são os indiciados, muito menos conhecem os fatos e oitiva de um interno que também nada tem a ver com os fatos e se encontra recolhido num presídio nos Estado Unidos. Por evidente que o presidente do feito indeferiu tais oitivas. Ouvir um interno nos Estados Unidos, por certo atenderia o objetivoúnico dos indiciados que seria 'nunca concluir o procedimento'.(...)Como de costume o pedido foi denegado pela comissão, senão

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RMS 32811 AGR / DF

vejamos os termos do despacho:

‘Embora legitimo o direito de requer nos autos do processo, no entanto, é obrigação do requerente de forma fundamentada demonstrar, por menor que seja, qual a importância da diligência solicitada para aquilo que se apura.

Conforme já bem demonstração nas ultimas duas audiências deste apuratório, as fls. 1372 usque 1380 e 1394 usque 1405, o requerente vem demonstrando claramente a ação protelatória e até mesmo o espírito de gozação para com os fatos, conforme se vê as perguntas de sua lavra ali produzidas. No presente pedido de oitivas, como já dito, não demonstra a razão e necessidade de pedir, vislumbrando-se de forma clara, mais um ato protelatório, a exemplo: O que teria haver o Senhor ex-ministro da Justiça Tarso Genro com ação do requerente?

Ação esta que gerou este apuratório. Diante dessas considerações fica INDEFERIDO o item II.’ (fls. 1439, 1440, 1441 e 1442 - Volume 5)

‘(...) é dever do presidente do colegiado policiar as audiências e, a exemplo, quando um dos acusados, por não conseguir provar sua inocência, mas apenas para tumultuar a instrução, pergunta à testemunha se sua genitora, que é Desembargadora de um Tribunal Federal e não tem nada com os fatos em apuração, se a mesma leva serviços para casa. Por lógico que à pergunta, embora tenha sido consignada, o presidente não poderia permitir esta e inúmeras outras formuladas’ (e-STJ fl. 3.507.)”

Sob esse enfoque, é lícito ao presidente da comissão indeferir pedidos que, a seu critério, não tenha a devida relevância para o melhor esclarecimento dos fatos. Aliás, é o que prescreve o artigo 156, § 1°, da Lei 8.112/1990, demonstrando a licitude da conduta da comissão, verbis:

“Art. 156 (...)§ 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos

considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum

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vejamos os termos do despacho:

‘Embora legitimo o direito de requer nos autos do processo, no entanto, é obrigação do requerente de forma fundamentada demonstrar, por menor que seja, qual a importância da diligência solicitada para aquilo que se apura.

Conforme já bem demonstração nas ultimas duas audiências deste apuratório, as fls. 1372 usque 1380 e 1394 usque 1405, o requerente vem demonstrando claramente a ação protelatória e até mesmo o espírito de gozação para com os fatos, conforme se vê as perguntas de sua lavra ali produzidas. No presente pedido de oitivas, como já dito, não demonstra a razão e necessidade de pedir, vislumbrando-se de forma clara, mais um ato protelatório, a exemplo: O que teria haver o Senhor ex-ministro da Justiça Tarso Genro com ação do requerente?

Ação esta que gerou este apuratório. Diante dessas considerações fica INDEFERIDO o item II.’ (fls. 1439, 1440, 1441 e 1442 - Volume 5)

‘(...) é dever do presidente do colegiado policiar as audiências e, a exemplo, quando um dos acusados, por não conseguir provar sua inocência, mas apenas para tumultuar a instrução, pergunta à testemunha se sua genitora, que é Desembargadora de um Tribunal Federal e não tem nada com os fatos em apuração, se a mesma leva serviços para casa. Por lógico que à pergunta, embora tenha sido consignada, o presidente não poderia permitir esta e inúmeras outras formuladas’ (e-STJ fl. 3.507.)”

Sob esse enfoque, é lícito ao presidente da comissão indeferir pedidos que, a seu critério, não tenha a devida relevância para o melhor esclarecimento dos fatos. Aliás, é o que prescreve o artigo 156, § 1°, da Lei 8.112/1990, demonstrando a licitude da conduta da comissão, verbis:

“Art. 156 (...)§ 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos

considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum

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Voto - MIN. LUIZ FUX

RMS 32811 AGR / DF

interesse para o esclarecimento dos fatos”.

Nesse diapasão, o entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça não diverge da jurisprudência desta Corte. A título de exemplo, confira-se o seguinte precedente, cuja ementa proclama:

“Mandado de Segurança. Servidor público. Processo Administrativo. Pena disciplinar de demissão. Alegação de violação à ampla defesa pela ausência de notificação quanto às conclusões do relatório final rejeitada, porquanto regular o exercício do contraditório ao longo do processo, tendo a servidora constituído advogado e apresentado defesa escrita. Não restou demonstrado, ademais, o prejuízo que teria sido causado pela falta da referida intimação. Mandado de segurança que se indefere” (MS 23.268, Rel. Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJ 07/6/2002).

Ademais, a impetrante sustenta nulidade do processo pela necessária aplicação do art. 159 da Lei 8.112/1990, que, ao tratar da acareação, dispõe, verbis:

“Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.

§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.

In casu, a comissão processante decidiu que a acareação não seria necessária, pois a divergência entre os depoimentos poderia ser sanada por outros meios. Nesse ponto, verifico que os motivos da ausência de utilização da faculdade de acareação entre os depoentes não é sindicável pelo Poder Judiciário em sede de mandado de segurança, mormente pela impossibilidade de reexaminar a necessidade de sua realização sem o exame das provas produzidas no processo administrativo disciplinar.

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RMS 32811 AGR / DF

interesse para o esclarecimento dos fatos”.

Nesse diapasão, o entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça não diverge da jurisprudência desta Corte. A título de exemplo, confira-se o seguinte precedente, cuja ementa proclama:

“Mandado de Segurança. Servidor público. Processo Administrativo. Pena disciplinar de demissão. Alegação de violação à ampla defesa pela ausência de notificação quanto às conclusões do relatório final rejeitada, porquanto regular o exercício do contraditório ao longo do processo, tendo a servidora constituído advogado e apresentado defesa escrita. Não restou demonstrado, ademais, o prejuízo que teria sido causado pela falta da referida intimação. Mandado de segurança que se indefere” (MS 23.268, Rel. Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJ 07/6/2002).

Ademais, a impetrante sustenta nulidade do processo pela necessária aplicação do art. 159 da Lei 8.112/1990, que, ao tratar da acareação, dispõe, verbis:

“Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.

§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.

In casu, a comissão processante decidiu que a acareação não seria necessária, pois a divergência entre os depoimentos poderia ser sanada por outros meios. Nesse ponto, verifico que os motivos da ausência de utilização da faculdade de acareação entre os depoentes não é sindicável pelo Poder Judiciário em sede de mandado de segurança, mormente pela impossibilidade de reexaminar a necessidade de sua realização sem o exame das provas produzidas no processo administrativo disciplinar.

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RMS 32811 AGR / DF

Sobre essa questão, transcrevo, parcialmente, a ementa do MS 23.187, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, DJe 6/8/2010:

“6. O fato de a comissão não se ter utilizado da faculdade do parágrafo 1º do art. 159 da Lei n. 8.112/90, que diz da possibilidade de acareação entre depoentes, não afeta a legalidade do feito. O juízo sobre a necessidade da acareação é exclusivo da autoridade responsável pela direção do inquérito disciplinar. Não cabe ao Poder Judiciário reexaminar as razões que levaram a autoridade impetrada a concluir pela desnecessidade daquele procedimento.”

O autor alega, ainda, a ilegalidade da utilização de gravação ambiental realizada pelo próprio recorrente.

Analisando os autos, contata-se que essa matéria não foi tratada na petição inicial do mandado de segurança ab origine e, também, não foi examinada pelo Superior Tribunal de Justiça, não sendo possível inovar nesta fase processual.

Ainda que assim não fosse, o recorrente não logrou demonstrar de que forma a utilização da entrevista sobre a legalidade do procedimento de gravação das conversas entre os presos e seus advogados teria interferido na prática da infração disciplinar de revelação de segredo, o que afasta qualquer possibilidade de êxito na tese ventilada.

Por derradeiro, a análise acerca do correto enquadramento da conduta funcional atribuída ao servidor público e do resultado do exame de sanidade mental do recorrente, demandaria a incursão no acervo fático-probatório encartado no PAD, o que é inviável em sede de mandado de segurança.

Nesse sentido, confiram-se, à guisa de exemplo, os seguintes julgados:

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RMS 32811 AGR / DF

Sobre essa questão, transcrevo, parcialmente, a ementa do MS 23.187, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, DJe 6/8/2010:

“6. O fato de a comissão não se ter utilizado da faculdade do parágrafo 1º do art. 159 da Lei n. 8.112/90, que diz da possibilidade de acareação entre depoentes, não afeta a legalidade do feito. O juízo sobre a necessidade da acareação é exclusivo da autoridade responsável pela direção do inquérito disciplinar. Não cabe ao Poder Judiciário reexaminar as razões que levaram a autoridade impetrada a concluir pela desnecessidade daquele procedimento.”

O autor alega, ainda, a ilegalidade da utilização de gravação ambiental realizada pelo próprio recorrente.

Analisando os autos, contata-se que essa matéria não foi tratada na petição inicial do mandado de segurança ab origine e, também, não foi examinada pelo Superior Tribunal de Justiça, não sendo possível inovar nesta fase processual.

Ainda que assim não fosse, o recorrente não logrou demonstrar de que forma a utilização da entrevista sobre a legalidade do procedimento de gravação das conversas entre os presos e seus advogados teria interferido na prática da infração disciplinar de revelação de segredo, o que afasta qualquer possibilidade de êxito na tese ventilada.

Por derradeiro, a análise acerca do correto enquadramento da conduta funcional atribuída ao servidor público e do resultado do exame de sanidade mental do recorrente, demandaria a incursão no acervo fático-probatório encartado no PAD, o que é inviável em sede de mandado de segurança.

Nesse sentido, confiram-se, à guisa de exemplo, os seguintes julgados:

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Voto - MIN. LUIZ FUX

RMS 32811 AGR / DF

“COMPETÊNCIA – MANDADO DE SEGURANÇA – ATO DO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL. A interpretação sistemática, teleológica e integrativa da Constituição Federal revela a competência do Supremo para julgar mandado de segurança contra ato do Presidente do Senado Federal. MANDADO DE SEGURANÇA – PROVA. O mandado de segurança não viabiliza a fase probatória, devendo vir com a inicial os elementos de convicção quanto à ofensa a direito líquido e certo. PROCESSO ADMINISTRATIVO-FUNCIONAL – REGULARIDADE. Observados os parâmetros legais, tem-se como regular processo administrativo-funcional voltado à definição de infração por servidor público.” (MS 28538, Relator Ministro MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJe de 04-08-2014).

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: DEMISSÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA: NÃO OCORRÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. PRECEDENTES. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (RMS 30907, Relatora Ministra CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, DJe de 29-10-2012).

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PENA DE DEMISSÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INADMISSIBILIDADE. DELEGAÇÃO DA DECISÃO A MINISTRO DE ESTADO. POSSIBILIDADE. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. I – Nas infrações puníveis com demissão, a ação disciplinar prescreve em cinco anos da data em que o fato se tornou conhecido. Assim, não há falar em prescrição entre o intervalo de 21/2/2002, data do conhecimento dos fatos pela Administração, e 4/5/2006, data da publicação da demissão. II - Improcedência da alegação de nulidade do ato de

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“COMPETÊNCIA – MANDADO DE SEGURANÇA – ATO DO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL. A interpretação sistemática, teleológica e integrativa da Constituição Federal revela a competência do Supremo para julgar mandado de segurança contra ato do Presidente do Senado Federal. MANDADO DE SEGURANÇA – PROVA. O mandado de segurança não viabiliza a fase probatória, devendo vir com a inicial os elementos de convicção quanto à ofensa a direito líquido e certo. PROCESSO ADMINISTRATIVO-FUNCIONAL – REGULARIDADE. Observados os parâmetros legais, tem-se como regular processo administrativo-funcional voltado à definição de infração por servidor público.” (MS 28538, Relator Ministro MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJe de 04-08-2014).

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: DEMISSÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA: NÃO OCORRÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. PRECEDENTES. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (RMS 30907, Relatora Ministra CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, DJe de 29-10-2012).

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PENA DE DEMISSÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INADMISSIBILIDADE. DELEGAÇÃO DA DECISÃO A MINISTRO DE ESTADO. POSSIBILIDADE. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. I – Nas infrações puníveis com demissão, a ação disciplinar prescreve em cinco anos da data em que o fato se tornou conhecido. Assim, não há falar em prescrição entre o intervalo de 21/2/2002, data do conhecimento dos fatos pela Administração, e 4/5/2006, data da publicação da demissão. II - Improcedência da alegação de nulidade do ato de

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Voto - MIN. LUIZ FUX

RMS 32811 AGR / DF

demissão pela existência de irregularidades na fase de sindicância. Precedentes. III – Inviabilidade, em mandado de segurança, de reexame de prova. Precedentes. IV – Nada impede que a autoridade competente para a prática de um ato motive-o mediante remissão aos fundamentos de parecer ou relatório conclusivo elaborado por autoridade de menor hierarquia. Precedentes. V – Esta Corte firmou orientação no sentido da legitimidade de delegação a Ministro de Estado da competência do Chefe do Executivo Federal para, nos termos do art. 84, XXV, e parágrafo único, da Constituição Federal, aplicar pena de demissão a servidores públicos federais. Precedentes. VI - Recurso a que se nega provimento. (RMS 28047, Relator Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de 16-12-2011).

Ex positis, é irrefutável que a insurgência não merece acolhida. Isso porque, em que pesem os argumentos expendidos no agravo, resta evidenciado das razões recursais que não há nenhum argumento capaz de infirmar a decisão hostilizada, razão pela qual deve ela ser mantida, por seus próprios fundamentos.

Diante do exposto, tenho que a decisão agravada não merece qualquer reparo, pelo que NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental.

É como voto.

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RMS 32811 AGR / DF

demissão pela existência de irregularidades na fase de sindicância. Precedentes. III – Inviabilidade, em mandado de segurança, de reexame de prova. Precedentes. IV – Nada impede que a autoridade competente para a prática de um ato motive-o mediante remissão aos fundamentos de parecer ou relatório conclusivo elaborado por autoridade de menor hierarquia. Precedentes. V – Esta Corte firmou orientação no sentido da legitimidade de delegação a Ministro de Estado da competência do Chefe do Executivo Federal para, nos termos do art. 84, XXV, e parágrafo único, da Constituição Federal, aplicar pena de demissão a servidores públicos federais. Precedentes. VI - Recurso a que se nega provimento. (RMS 28047, Relator Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de 16-12-2011).

Ex positis, é irrefutável que a insurgência não merece acolhida. Isso porque, em que pesem os argumentos expendidos no agravo, resta evidenciado das razões recursais que não há nenhum argumento capaz de infirmar a decisão hostilizada, razão pela qual deve ela ser mantida, por seus próprios fundamentos.

Diante do exposto, tenho que a decisão agravada não merece qualquer reparo, pelo que NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental.

É como voto.

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Tipo Texto 524

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

AGTE.(S) :YURI MATTOS CARVALHO ADV.(A/S) :YURI MATTOS CARVALHO AGDO.(A/S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – A controvérsia sobre o

fato de a comissão disciplinar ter sido formada por servidores de órgãos diversos, considerado aquele no qual lotado o impetrante, está a merecer o crivo do Supremo. É que essa possibilidade fica jungida a ato de delegação formalizado pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração – § 3º do artigo 143, referido no artigo 149, ambos da Lei nº 8.112/1990. Também se mostra adequado prover o agravo quanto ao prazo prescricional. Reconheço-o como vinculado a demissão, cassação de aposentadoria, disponibilidade e destituição de cargo em comissão, a teor do disposto no inciso I do artigo 142 da Lei nº 8.112/1990. Acontece que, no caso, contou-se o quinquênio observado o segundo processo administrativo, e não a falta cometida. Frise-se, por oportuno, que a ementa do Relator tem dez itens, o que bem revela a complexidade da questão. O mandado de segurança deve ser submetido ao Colegiado. Provejo o agravo.

Supremo Tribunal Federal

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AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

AGTE.(S) :YURI MATTOS CARVALHO ADV.(A/S) :YURI MATTOS CARVALHO AGDO.(A/S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – A controvérsia sobre o

fato de a comissão disciplinar ter sido formada por servidores de órgãos diversos, considerado aquele no qual lotado o impetrante, está a merecer o crivo do Supremo. É que essa possibilidade fica jungida a ato de delegação formalizado pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração – § 3º do artigo 143, referido no artigo 149, ambos da Lei nº 8.112/1990. Também se mostra adequado prover o agravo quanto ao prazo prescricional. Reconheço-o como vinculado a demissão, cassação de aposentadoria, disponibilidade e destituição de cargo em comissão, a teor do disposto no inciso I do artigo 142 da Lei nº 8.112/1990. Acontece que, no caso, contou-se o quinquênio observado o segundo processo administrativo, e não a falta cometida. Frise-se, por oportuno, que a ementa do Relator tem dez itens, o que bem revela a complexidade da questão. O mandado de segurança deve ser submetido ao Colegiado. Provejo o agravo.

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Extrato de Ata - 28/10/2016

PRIMEIRA TURMAEXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811PROCED. : DISTRITO FEDERALRELATOR : MIN. LUIZ FUXAGTE.(S) : YURI MATTOS CARVALHOADV.(A/S) : YURI MATTOS CARVALHO (35863/DF)AGDO.(A/S) : UNIÃOPROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão: A Turma, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. 1ª Turma, Sessão Virtual de 21 a 27.10.2016.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente), Marco

Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin.

Carmen Lilian Oliveira de SouzaSecretária da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 12021120

Supremo Tribunal Federal

PRIMEIRA TURMAEXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.811PROCED. : DISTRITO FEDERALRELATOR : MIN. LUIZ FUXAGTE.(S) : YURI MATTOS CARVALHOADV.(A/S) : YURI MATTOS CARVALHO (35863/DF)AGDO.(A/S) : UNIÃOPROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão: A Turma, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. 1ª Turma, Sessão Virtual de 21 a 27.10.2016.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente), Marco

Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin.

Carmen Lilian Oliveira de SouzaSecretária da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 12021120

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