sucesso - backstage.com.br · além disso, atua em várias áreas de en- ... judicial entre a apple...
TRANSCRIPT
60 www.backstage.com.br
REPORTAGEM
nos palcos e nos negócios
SUCESSOnos palcos e nos negócios
SUCESSO
uma época em que se diz que não se compra discos e queo negócio da música está em apuros, é de-cepcionantequando uma rádio não se importa com a banda. Só pen-
saram na repercussão que teriam. Esse é o pior momento parafazer algo do tipo. Dar as coisas de graça”. O desabafo de JackWhite (voz e guitarra), da banda White Stripes, que está fazen-do sucesso estrondoso na Inglaterra e EUA, é contra uma rádio
de Chicago que havia recebido o CD inédito “Icky Thump”antes do lançamento pelo grupo e resolveu tocar inteiro na emis-sora, sem autorização.
Esta situação narrada pelo vocalista White, líder da banda,numa entrevista recente por telefone ao repórter brasileiroWilliam Helal Filho é um dos motivos - ainda que não seja aúnica causa - do aumento mundo afora do fenômeno de artistas
Num contexto de crise na indústria da música, artistas mostram bomdesempenho fora dos palcos, associando seus nomes a marcas e empresas
N
Fernando Magalhães
Foto
: M
arc
os
Herm
es
/ D
ivulg
ação
“
62 www.backstage.com.br
REPORTAGEM
que cada vez mais se tornam marcas.O exemplo mais bem sucedido no
Brasil é o da cantora Ivete Sangalo, hojeuma marca forte também no mundo dos
negócios. Ela é dona do grupo “Caco deTelha” que prevê faturar nada menosque R$ 40 milhões este ano. O grupoaguarda uma decisão da justiça parainaugurar ainda em 2007 uma casa deshows para 12 mil pessoas em Salvador.Além disso, atua em várias áreas de en-tretenimento, tem uma agência demarketing promocional, uma gravadora,uma produtora de DVDs e organiza fes-tas de formaturas a baile de debutantesem todo o país.
“É muito importante, principalmentepara o artista que está começando, o selode um artista conhecido”, destaca paraBackstage Eduardo Scott, assessor deimprensa de Ivete Sangalo ao se referir aCaco Discos, gravadora da cantora quenão tem preconceito com relação a esti-los musicais. Grava desde axé-music eforró até sertanejo. A gravadora é apenasuma das sete empresas que utilizam amarca da artista-empresária. Todas sãodirigidas por Jesus Sangalo e um grupode sete executivos que têm cerca de300 funcionários.
Livros e camisetas
Outro exemplo de sucesso de artistasque estão levando mais do que músicapara o público é o da banda Detonautas.Formado por Tico Santa Cruz no vocal,
Renato Rocha na guitarra, Tchello no baixo,Fábio Brasil na bateria e o DJ Cléston nas pickups e na percussão, o grupo tem à venda umainfinidade de produtos. Quem acessa o site
www.detonautas.com.br encontra umícone para a loja onde vai encontrar decamisas e adesivos a bonés com alogomarca da banda que surgiu em1997 a partir de um encontro virtual nainternet entre amigos de diversos esta-dos do país.
DJ Cléston conta que o grupo come-çou a vender produtos mais como meiode promoção do nome Detonautas naocasião do lançamento do primeiro discoem 2002 (Detonautas Roque Clube).
Como deu certo, eles prosseguiram. “To-das as bandas estão seguindo este cami-nho com sucesso. É também um meio desobreviver num mercado que sofre com a
pirataria”, explica.A banda vende 2.500 bonés e camisas
todo ano, centenas de CDs e DVDs nosshows pelo Brasil, mas prefere não falarde lucratividade. “Nosso objetivo não é olucro em si. O importante é expandir amarca”, garante o DJ que é o responsávelpelos produtos do grupo.
Até livro a banda já publicou. Emagosto de 2006 saiu “Mais Além”, publi-cação com fotos, ilustrações, quadrinhose relatos contando histórias da banda nasestradas e nos palcos do país. Aliás, naobra há imagens do guitarrista RodrigoNetto, detonauta que a banda perdeuapós ser baleado numa tentativa de assal-to na zona norte do Rio.
Com agenda de shows lotada no Bra-sil e no exterior até o fim do ano, o rapperMarcelo D2 também mostra que tem ta-lento para os negócios. Em 2005, o cantorlançou com Carol Aguiar (sua cunhadae sócia), a Manifesto 33 1/3. A partir deentão, o projeto cresceu e, hoje, os mode-los masculinos do cantor que antes esta-vam disponíveis somente no eixo Rio-SãoPaulo já podem ser comprados em todo osul e sudeste, Distrito Federal, Bahia,Ceará e Pernambuco. Este mês a Mani-
“O exemplo mais bem sucedido no Brasil éo da cantora Ivete Sangalo, hoje uma marca forte
também no mundo dos negócios. Ela é dona do grupo“Caco de Telha” que prevê faturar nada menos que
R$ 40 milhões este ano”
Foto
: D
ivulg
ação
Foto
: D
ivulg
ação
64 www.backstage.com.br
REPORTAGEM
No Brasil o fenômeno de artistas
que associam seus nomes ou criam
suas próprias marcas e empresas
ocorre há cerca de uma década
para cá, no exterior é fato comum há
muito mais tempo.
No início do ano a imprensa mun-
dial registrou o fim de uma batalha
judicial entre a Apple e os Beatles
pelo uso de marca. A informação de
Londres dizia que um acordo fora
firmado entre a empresa tecnoló-
gica Apple computer e a Apple
Corps, a companhia fonográfica
fundada pelos Beatles há mais de
25 anos.
A briga legal entre as duas em-
presas data de 1980, quando
George Harrison viu um anúncio
dos computadores Apple numa re-
vista e percebeu que poderia haver
um conflito de marcas com a em-
presa dos Beatles.
A empresa dos Beatles (de pro-
NO EXTERIOR, ARTISTAS FATURAM HÁ MUITO MAIS TEMPO
festo 33 1/3 chega a Rondônia, Roraimae Manaus.
Empregos diretos e
indiretos
Por enquanto, a marca de D2 atendeapenas ao público masculino, mas já es-tão sendo desenhadas coleções da grifepara mulheres e crianças com previsãode lançamento em 2008 e 2009, respec-tivamente. No papel, está o projeto delançar calçados e de exportar os produ-tos da marca.
Para a sócia do rapper, Carol Aguiar,“artistas que gerenciam sua própria mar-ca é um fenômeno mais comum no exte-rior e que começa a se multiplicar aquino país”. Segundo ela, Marcelo D2 per-cebeu um nicho entre o público hip hop,o que o motivou a lançar a grife. “Marce-lo nunca encontrou uma marca nacionalcom roupas no estilo dos rappers e achoumelhor ele mesmo criar uma. Dizia queviajava para o exterior para comprar suas
priedade de Paul McCartney, Ringo
Star e das famílias de John Lennon e
George Harrison) foi fundada em
1968, e tem como logotipo uma
maçã verde, ao tempo que a fabri-
cante americana, de 1976, usa
como símbolo uma maçã verde.
Os Rolling Stones, que podem ser
chamados de Rolling Stones S/A, é ou-
tro exemplo de banda que vem de lon-
ga data aumentando seu faturamento.
O conglomerado Stones é formado por
um grupo de empresas – Promotour,
Promopub, Promotone e Musidor –,
cada uma dedicada a um ramo de
atividade. As companhias têm sede
na Holanda, país que oferece vanta-
gens fiscais.
Só para se ter uma idéia o guitar-
rista Keith Richards e Mick Jagger,
juntos, receberam na última década
mais de US$ 50 milhões apenas em
direitos autorais – US$ 4 milhões
apenas para que a Microsoft usasse
a música “Start Me Up” na campa-
nha de lançamento do sistema
operacional Windows 95. Com a
venda de discos, foram outros US$
460 milhões.
Sucesso no mundo inteiro, o Iron
Maiden, mais uma vez, vira inspira-
ção para modelo de tênis exclusivo.
A marca Vans projetou e fabricou
um modelo de tênis da banda. Ver-
sões limitadas dos dois modelos da
Vans (“Sk8-Hi” e “Classic Slip-On”)
devem ser lançados em breve. A
Nike já havia feito tênis do Iron
Maiden, porém, estes não foram
comercializados.
A marca Vans já colocou no mer-
cado tênis em parceria com outras
bandas como Slayer, Motorhead,
Peal Jam e Bad Religion. E, no Bra-
sil, bandas fizeram contrato com a
marca lançando também modelos
de tênis, como a Garage Fuzz,
Square entre outras.
roupas, naquele estilo que gosta e, então,surgiu a idéia que hoje é a Manifes-
to”, explica.A empresária não revela o rendi-
mento anual com a grife e outros pro-dutos da marca de seu sócio, massabe-se que ela gera empregos. A ma-nifesto tem apenas dez funcionários,
Para a sócia do rapperMarcelo D2, Carol
Aguiar, “artistas quegerenciam sua
própria marca é umfenômeno mais
comum no exteriore que começa a
se multiplicar aquino país
mas gera dezenas de empregos indire-tos.
Pode acontecer também de ummúsico lançar sua marca, de ela fazersucesso e ele optar por deixar o ramodos negócios. Foi o que aconteceucom Igor Cavalera, baterista do Sepul-tura. Em 1995, Cavalera e o empresá-rio, Alberto Hiar, criaram a Cavalera,uma marca que se destacou no cená-rio nacional por traduzir o universo damúsica em suas camisas como se fos-sem outdoors.
Hoje Igor não faz mais parte da so-ciedade, mas está sempre presente emlançamento de coleções, além de pre-parar trilha sonora para os eventos co-ordenados pelo amigo Alberto, o Tur-co, como é conhecido.
Atualmente, a Cavalera conta com11 lojas próprias, no Rio e em São Pau-lo, uma franquia em Goiânia, além deestar presente em cerca de 700 lojasdo ramo no país.