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STF decide na quarta se Justiça é para valer Israel metralha multidão e veta investigação da ONU Pág. 6 Desemprego sobe com a demissão de 550 mil trabalhadores, diz IBGE Mais de 5 mil juízes e promotores assinam pela prisão depois da segunda condenação Para não ter que pagar pelos seus crimes, Lula quer impunidade geral nota técnica, assinada por mais de cinco mil juízes, procuradores e promotores, revindican- do que o STF continue considerando que a exe- cução da pena – inclusi- ve a de prisão – comece após a condenação em segunda instância, foi entregue na segunda-feira ao Supremo. Nesta quarta, o STF julgará o pedido de Lula para que não seja recolhido à cadeia, apesar de condenado duas vezes (em primeira e segunda instân- cia) por corrupção passiva e lavagem. Seria, alertam os juristas, a impunidade dos corruptos e também “de tra- ficantes, homicidas, pedófilos e outros criminosos”. Pág. 3 4 e 5 de Abril de 2018 ANO XXVIII - Nº 3.620 “A grande concentração de ágio se deu na Bacia de Cam- pos (94%), onde a Petrobrás constatou a existência de pe- tróleo”, denunciou Fernando Siqueira, da AEPET, sobre a 15ª rodada de leilão de petró- leo realizada pela ANP. Pág. 2 Governo entrega para as múltis 19 poços de petróleo Ao menos 20 substâncias tóxicas, como chumbo, cromo e níquel, foram detectadas em 91% dos casos analisados, em estudo realizado pela Univer- sidade federal do Pará. Pág. 4 PA: População na região da Hydro está contaminada com cancerígenos Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL A Procuradora-geral da Re- pública, Raquel Dodge, ingres- sou com um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da liminar que permitiu ao inelegível ex- senador Demóstenes Torres (PTB-GO) se candidatar nas eleições de outubro. A liminar foi do ministro Dias Toffoli. P. 3 Para Dodge, decisão de Toffoli de liberar candidatura de ficha suja não tem “qualquer amparo legal” O documento com mais de 5 mil assinaturas foi entregue, nesta segunda-feira, ao Supremo Tribunal Federal Brasil sofreu “pacto oligárquico” para saquear o Estado, diz Barroso “Recuperação da econo- mia” de Temer e Meirelles foi efetiva apenas para lan- çar mais 550 mil brasileiros no desemprego, segundo a Pnad Contínua. O número de desempregados atingiu 13,1 milhões de pessoas no trimestre dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. Com isso, a taxa de desemprego atingiu 12,6%, com três crescimentos consecutivos na média móvel trimestral. Página 2 O ministro do STF Luís Roberto Barroso denunciou, em palestra em SP, o “pacto oligárquico” entre agentes públicos e privados para sa- quear os cofres públicos. P. 3 Um fato novo surgiu so- bre o acidente que matou o ex-governador Eduardo Campos. Seu irmão, o ad- vogado Antônio Campos, Irmão vê “sabotagem” no avião de Eduardo Campos foi procurado por peritos com a informação de que o sensor de velocidade esta- va desligado. Antônio pede que PF investigue. Pág. 2 Valter Campanato - ABr AFP AFP

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Page 1: STF decide na quarta se Justiça é para valer Mais de 5 mil ... · E-mail: horadopovobahia@oi.com.br saúde em resposta às inti Recife (PE): Av. Conde da Boa Vista, 50 - Edifício

STF decide na quarta se Justiça é para valer

Israel metralha multidão e veta investigação da ONUPág. 6

Desemprego sobe com a demissão de 550 mil trabalhadores, diz IBGE

Mais de 5 mil juízes epromotores assinampela prisão depois da segunda condenaçãoPara não ter que pagar pelos seus crimes, Lula quer impunidade geral

nota técnica, assinada por mais de cinco mil juízes, procuradores e promotores, revindican-do que o STF continue considerando que a exe-cução da pena – inclusi-

ve a de prisão – comece após a condenação em segunda instância, foi entregue na segunda-feira ao Supremo.

Nesta quarta, o STF julgará o pedido de Lula para que não seja recolhido à cadeia, apesar de condenado duas vezes (em primeira e segunda instân-cia) por corrupção passiva e lavagem. Seria, alertam os juristas, a impunidade dos corruptos e também “de tra-ficantes, homicidas, pedófilos e outros criminosos”. Pág. 3

4 e 5 de Abril de 2018ANO XXVIII - Nº 3.620

“A grande concentração de ágio se deu na Bacia de Cam-pos (94%), onde a Petrobrás constatou a existência de pe-tróleo”, denunciou Fernando Siqueira, da AEPET, sobre a 15ª rodada de leilão de petró-leo realizada pela ANP. Pág. 2

Governo entrega para as múltis 19 poços de petróleo

Ao menos 20 substâncias tóxicas, como chumbo, cromo e níquel, foram detectadas em 91% dos casos analisados, em estudo realizado pela Univer-sidade federal do Pará. Pág. 4

PA: População na região da Hydroestá contaminada com cancerígenos

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

A Procuradora-geral da Re-pública, Raquel Dodge, ingres-sou com um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da liminar que permitiu ao inelegível ex-senador Demóstenes Torres (PTB-GO) se candidatar nas eleições de outubro. A liminar foi do ministro Dias Toffoli. P. 3

Para Dodge, decisão de Toffoli de liberar candidatura de ficha suja não tem “qualquer amparo legal”

O documento com mais de 5 mil assinaturas foi entregue, nesta segunda-feira, ao Supremo Tribunal Federal

Brasil sofreu “pacto oligárquico” para saquear o Estado, diz Barroso

“Recuperação da econo-mia” de Temer e Meirelles foi efetiva apenas para lan-çar mais 550 mil brasileiros no desemprego, segundo a Pnad Contínua. O número de desempregados atingiu

13,1 milhões de pessoas no trimestre dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. Com isso, a taxa de desemprego atingiu 12,6%, com três crescimentos consecutivos na média móvel trimestral. Página 2

O ministro do STF Luís Roberto Barroso denunciou,

em palestra em SP, o “pacto oligárquico” entre agentes

públicos e privados para sa-quear os cofres públicos. P. 3

Um fato novo surgiu so-bre o acidente que matou o ex-governador Eduardo Campos. Seu irmão, o ad-vogado Antônio Campos,

Irmão vê “sabotagem” noavião de Eduardo Campos

foi procurado por peritos com a informação de que o sensor de velocidade esta-va desligado. Antônio pede que PF investigue. Pág. 2

Valter Campanato - ABr

AFP

AFP

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2 POLÍTICA/ECONOMIA 4 E 5 DE ABRIL DE 2018HP

www.horadopovo.com.br

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Desemprego aumenta e atinge 13,1 milhões de trabalhadores

Número de pessoas com carteira assinada chegou ao menor nível desde 2012, diz IBGE

Governo entrega 19 blocos de petróleo para Exxon-Mobil, Shell, Statoil e BP

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lob

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Crise derruba crédito imobiliário à metade

Irmão de Eduardo Campos aciona PF para investigar sabotagem à aeronave que vitimou o ex-governador

Lucro líquido de 295 empresas cresce e soma R$ 144 bilhões em 2017, afirma Economática

O valor total acumulado para financiar a compra e a construção de imóveis, no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, em 2017, foi de R$ 83 bilhões. Se comparado com o ano de 2014, quando o sistema movimentou seu maior volume de recursos, ou seja, R$ 168 bilhões, observa-se uma queda brutal de 51% no total de dinheiro investido no setor.

Há três anos que o volume desses investimentos vem se reduzindo. Os dados são do Banco Central, em valores reais, já descontada a inflação.

Um dos principais fatores apontados é o desemprego, que aumenta e atinge mais de 13 milhões de trabalhado-res, assim como aumenta o trabalho precário, de menor e instável remuneração.

Outras dificuldades se

O lucro líquido dos ban-cos em 2017 foi de R$ 62,19 bilhões. Nada menos do que 43,18% do total geral de R$ 144 bilhões de lucros de 295 empresas de capital aberto analisadas pela empresa de informações financeiras Economática.

Esses lucros represen-tam ainda um crescimen-to de 12,27% em relação 2016, quando totalizaram R$ 56,22 bilhões, na se-quência de vários anos de altos lucros, inclusive nos últimos quatro anos, da mais profunda crise da economia brasileira.

Quatro das cinco pri-meiras empresas mais lucrativas também foram bancos. Com maior desta-que para o Itaú Unibanco com lucros de R$ 23,96 bilhões, ou sozinho com 17% dos lucros totais e o estrangeiro Santander com R$ 8 bilhões. A Vale, única empresa não bancá-

ria, ficou em segundo lugar com lucros de R$ 17,63 bilhões.

O setor de mineração, com três empresas, teve o segundo maior lucro: R$ 17,4 bilhões, crescimento de 22,8% ante 2016.

As 295 empresas anali-sadas somaram lucros no total de R$ 144 bilhões. Em 2016 esses resulta-dos totalizaram R$ 123 bilhões. A variação de um ano para o outro foi de + 17,07%.

Os resultados das empre-sas de capital aberto, com ações na Bolsa de Valores de São Paulo, analisadas, em contraposição a situação geral da economia, reforçam o entendimento de que eco-nomia brasileira chegou a um nível de monopolização, onde algumas centenas de empresas drenam para si o esforço econômico do restante da economia, es-pecialmente na crise.

A fim de acelerar o desmonte do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico (BN-DES), o Palácio do Pla-nalto confirmou, nesta segunda-feira (2), para o comando do BNDES o ministro do Planeja-mento Dyogo Oliveira, no lugar de Paulo Ra-bello de Castro, que pediu exoneração.

O governo vem de-sidratando o banco de fomento à indústria, através da diminuição de financiamentos, ju-ros altos e antecipação do aporte feito pelo Te-souro Nacional de cerca de R$ 500 bilhões.

Com o arrocho fiscal de Dilma/Levy, desde dezembro de 2015, o banco devolveu R$ 210 bilhões ao Tesouro, se-gundo divulgou o BN-DES na quinta-feira (29), ao anunciar a de-volução de mais R$ 30 bilhões. Segundo a nota, com o único objetivo de “atender exclusiva-mente o abatimento de dívida”, o que significa pagar juros aos bancos

O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, in-formou que entrou com uma petição na Polícia Federal e na Justiça Federal em Santos (SP) para pedir investigação sobre a possibilidade de ter havido sabotagem que levou à queda da aeronave em Santos, na campanha presidencial de 2014, que vitimou o ex-governador pernambucano e mais seis pessoas.

O advogado disse ter sido procurado por peritos, que apontaram essa possibilidade.

Um fato novo, apontado na petição à PF, seria a informação de que o sensor de velo-cidade (speed sensor) estaria desligado. “O speed sensor da aeronave à toda evidência foi desligado, intencional ou não, sendo essa última hipótese de não intencional improvável, o que caracteriza que o avião foi preparado para cair, o que caracteriza sabotagem e homicídio culposo ou doloso. Tal fato é grave e relevante na investigação da causa do acidente, podendo mudar o curso da investigação”.

Antonio Campos acusou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) de esconder dados. “A negativa imperativa do Cenipa em fornecer dados de vôo colhidos pelos motores, através do Data Collection Unit, demonstram que o órgão pretendeu (e conseguiu) esconder dados que esclareceriam que os pilotos perderam, literalmente, o controle do PR-AFA (nome da aeronave)”.

O irmão de Eduardo Campos anunciou que também vai levar o caso à Procura-doria-Geral da República e ao Ministério da Justiça.

e demais rentistas.Diferente desta polí-

tica de favorecer o sis-tema financeiro, o BN-DES, como já afirmou o economista Nilson Araújo de Souza a este jornal, “é a principal fonte de financiamento da indústria”.

Neste sentido, não há nada de errado o governo repassar recursos do Te-souro, ou de quaisquer fontes de financiamento público ao banco público. Desde que não seja para financiar privatizações de estatais, monopólios nacionais e estrangeiros.

Dyogo Oliveira, ao lado de Henrique Mei-relles, o ministro da Friboi e do BankBoston, é um dos mentores da PEC da Morte que ins-tituiu o teto de gastos da União com Saúde, Edu-cação, Segurança, entre outros direitos do povo. É o ministro do assalto à Previdência Social e do arrocho salarial dos servidores, que prevê o aumento da contribui-ção previdenciária dos funcionários públicos.

Temer coloca no BNDES ministro da PEC da Morte

O número de desem-pregados no Brasil aumentou, atin-gindo 13,1 milhões

de pessoas no trimestre de-zembro de 2017 a fevereiro de 2018, segundo dados divulgados na quinta-feira (29) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua) do Ins-tituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE).

De acordo com os dados, a “recuperação da econo-mia” de Temer e Meirelles foi efetiva apenas em lan-çar mais 550 mil brasileiros no desemprego no período.

Em termos percentuais, esses números elevaram a taxa de desemprego do país para 12,6% - um acréscimo de 0,6 ponto em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2017.

Segundo o IBGE, no período não houve sequer a criação de vagas de em-prego formal - aquele com carteira de trabalho assina-da que garante os direitos trabalhistas, estabilidade e poder de compra. Ao contrário, a categoria de “trabalhadores por conta própria” foi contabiliza-da em 23,1 milhões de pessoas – um aumento de 4,4% (ou mais 977 mil trabalhadores) em relação ao mesmo período do ano passado. Este fenômeno representa a tentativa de-sesperada de trabalhadores que, sem emprego formal, passam a fazer biscates e se ocupam do comércio in-formal na rua. O problema deste tipo de atividade é que, além de não refletir crescimento qualquer da economia – pelo contrário – mantém os trabalhadores sem qualquer estabilidade

financeira, sem férias re-muneradas, décimo tercei-ro salário, licença médica ou maternidade, limite de jornada, etc. Ou seja, sem qualquer direito e com baixíssima remuneração.

Segundo critérios do próprio IBGE, trabalha-dores informais – apesar de privados dos direitos básicos – são considerados ocupados, o que fez com que as estatísticas oficiais de desemprego, mesmo que escandalosas, subestimem a catástrofe.

Enquanto o trabalho informal cresce, o contin-gente total de trabalhado-res com carteira assinada chegou ao seu menor nível da série histórica desde 2012, conforme registrado pelo Instituto. No trimes-tre encerrado em fevereiro, o número total estava em 33,1 milhões de pessoas – uma queda de 1,8% ou menos 611 mil pessoas com relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

O trabalho formal é o que garante os direitos trabalhistas e permite ao trabalhador movimentar a economia, através do con-sumo dos produtos da in-dústria, do comércio e dos serviços. Com o trabalho precarizado, sem proteção e com a renda achatada, o trabalhador reduz o con-sumo e o mercado interno.

Segundo a PNAD, o nú-mero total de pessoas ocu-padas diminuiu em 858 mil pessoas (ou 0,9%) no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação com o trimestre anterior (de setembro a novembro de 2017). O número de pessoas ocupadas ficou em 91,1 milhões.

apresentam para aqueles que buscam o crédito imobiliário. Limitações do valor financia-do e as altas taxas de juros impostas pelo governo já que a Caixa Econômica Federal é responsável por 70% do crédito imobiliário, ou ainda o não crescimento do saldo de depósitos da caderneta de poupança.

Combinados, são esses os principais fatores responsá-veis pela grande retração do mercado imobiliário.

A recuperação da economia que o governo insiste em pro-pagandear, não encontra eco quando se observa a recessão que a construção civil atraves-sa. O setor é chave e de res-posta rápida para alavancar os negócios. A falta de perspectiva de retomada da sua atividade frustra qualquer previsão de reanimação econômica.

Laranja de Temer, mais uma vez coronel Lima Filho se recusa a depor e é solto

O cúmplice de Temer, João Batista Lima Filho, preso na última quinta-fei-ra (29) durante a Operação Skala, alegou, mais uma vez, falta de “condições de saúde” para prestar depoimento. O depoimen-to deveria ter ocorrido na sexta (30).

Segundo o advogado Cristiano Benzota, que defende o coronel Lima preferiu reservar-se ao direito de ficar em silêncio e negou todas as acusações.

“Em decorrência do quadro de saúde que ele mantém, e da própria cir-cunstância de estar aqui hoje acautelado, ele não revelou condições psicoló-gicas e físicas de prestar seu depoimento”, afirmou o advogado.

O coronel chegou à sede da PF na capital paulista na quinta à noite, depois de passar mal no momento em que foi preso. Alegando mal estar, foi levado para o Hospital Albert Einstein,

mas teve alta logo no início da noite.

A Polícia Federal tenta ouvir o coronel desde junho de 2017, mas ele apresenta sucessivos atestados de saúde em resposta às inti-mações. Ele foi convocado depois das colaborações de executivos da J&F.

Lima é suspeito de li-gação com esquema de propinas no porto e Santos e arrecadação de recursos ilícitos para o presidente Temer, de quem é amigo.

As multinacionais do petróleo fizeram a festa na 15ª Rodada de Licitações que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizou na quinta-feira (29), com participação de empresas de 11 países e apenas duas na-cionais. Foram arrematados 22 de um total de 47 blocos oferecidos em áreas maríti-mas. Não houve interesse nos 21 blocos ofertados em áreas terrestres.

A Petrobrás teve uma participação ínfima, fican-do com apenas três blocos. Em outros quatro blocos a estatal brasileira entrou por baixo das multinacio-nais: ExxonMobil e Chevron (Estados Unidos), Statoil (Noruega), QPI (Catar) e Shell (Reino Unido).

O leilão foi aberto pelo ministro da Secretaria-Ge-ral da Presidência, Moreira Franco. O capachismo é tan-to que, na abertura, governo e ANP pediram desculpas às multinacionais, pela de-terminação do Tribunal de Contas da União (TCU) de retirar do leilão dois blocos, localizados na Bacia de San-tos, na área conhecida como polígono do pré-sal.

Pedro Parente já havia adiantado que a participa-ção da Petrobrás no leilão seria “seletiva”. E foi mes-mo, ficando atrás da Exxon-Mobil. A empresa americana participou em oito blocos em consórcios, sendo que em seis ficou como operadora. Ou seja, uma participação maior do que a Petrobrás. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, defendeu a mudan-ça da lei do pré-sal, que estabeleceu o regime de partilha de produção. Ele quer o retorno do modelo de concessão.

Segundo o vice-presi-dente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Fernando Siquei-ra, “a Agência Nacional do Petróleo usa como um dos principais argumentos para a entrega do nosso petróleo o fato de que apenas 4,5% das áreas sedimentares bra-sileiras foram exploradas. Na verdade, após a Petro-brás explorar as 29 bacias brasileiras, constatou que apenas esses 4,5% das bacias contém petróleo”.

Fernando Siqueira desta-cou que o 15º leilão demons-trou isto, “pois os 21 blocos terrestres não receberam propostas; das demais 47

bacias marítimas, só 22 fo-ram arrematadas. A grande concentração de ágio se deu na Bacia de Campos (94%), onde a Petrobrás constatou a existência de petróleo, junto com os blocos da Bacia de Santos e Espírito Santo”. “Na Bacia de Campos existe a expectativa de existência de pré-sal sob os campos já desenvolvidos e os a serem explorados”, completou Si-queira.

Pelo regime de concessão, a propriedade do petróleo é de quem produz, não é da União, muito menos dos estados e municípios. Por-tanto, nada menos que 13 blocos foram parar exclusi-vamente em mãos estran-geiras, que agora são donos dessas reservas, podendo, por exemplo, exportar tudo. As empresas estrangeiras não têm compromisso ne-nhum em desenvolver a in-dústria petrolífera nacional, isto é, em desenvolver a ca-deia produtiva nos estados. Elas vão é importar tudo de seus países de origem.

Além da Petrobrás, ape-nas a Queiroz Galvão é nacional. Aliás, esta emprei-teira nem deveria participar do leilão, pois roubou a Pe-trobrás e é alvo da Operação Lava Jato. Mas participou de dois consórcios vence-dores nos blocos na Bacia Sergipe/Alagoas com 30% em cada um deles, em as-sociação com a ExxonMobil (50%), operadora, e Murphy (20%).

Dos 7 consórcios que a Petrobrás participa, ela é operadora em cinco. Ape-nas no bloco POT-M-762, na Bacia Potiguar, a estatal brasileira ficou com 100% de participação. Os outros são todos em associação com empresas estrangeiras, in-clusive no bloco C-M-789, na Bacia de Campos, que pagou o maior valor do bônus de assinatura, R$ 2,82 bilhões, com a ExxonMobil de opera-dora e participação de 40%. A QPI, do Catar, tem parti-cipação de 30%. Lembrando ainda que Shell, Chevron e BP, do cartel internacio-nal do petróleo, também participam de consórcios vencedores.

Como já havia ocorrido na 14ª Rodada, as multina-cionais foram novamente presenteadas com áreas pe-trolíferas altamente produ-tivas e lucrativas, pagando bônus de assinatura muito abaixo do que pagariam no regime de partilha e, pior,

sem deixar uma gota se-quer de óleo para o Estado brasileiro.

O prejuízo para a na-ção seria ainda maior, se o TCU não tivesse retirado do leilão os dois blocos mais valiosos que Temer e sua turma pretendiam entregar de bandeja. As entidades de trabalhadores também tentaram barrar o leilão na Justiça, ingressando com Ação Civil Pública, onde denunciaram, mais uma vez, os interesses escusos de Pedro Parente, que, além de ser sócio em uma empresa de consultoria de investi-mentos, ainda colocou na direção e no Conselho de Administração da Petrobrás executivos ligados à Shell e ao mercado financeiro.

PRÉ-SAL

“Infelizmente, em junho, no próximo leilão do pré-sal essas duas áreas poderão ser incluídas e, com a cúpula entreguista do MME poderá ser feito um edital tão ruim quanto aquele que foi elabo-rado para os últimos leilões do pré-sal. Esse nivelamento por baixo faz com que a Lei de Partilha fique tão ruim quanto a Concessão”, aler-tou Siqueira.

Apesar das evidências de danos contra o patrimônio público, o governo comemo-rou efusivamente os resul-tados da 15ª Rodada. O que dizer então das empresas que levaram praticamente de graça os blocos arremata-dos? Só na Bacia de Campos, o preço médio do barril dos nove blocos leiloados saiu a R$ 0,84. As petrolíferas pa-garam menos de um real por cada barril com 159 litros de óleo! Ou seja, eles estão do-ando o nosso petróleo para as multinacionais, enquanto o povo brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do planeta.

Tudo isso com a anuência dos gestores da Petrobrás, que, mais uma vez, jogaram contra a empresa e deixa-ram para as concorrentes os principais blocos de pe-tróleo. A norte-americana ExxonMobil, que estreou como operadora no Brasil em setembro passado, be-neficiada pela 14ª Rodada, levou mais oito promissores blocos de petróleo, avançan-do sobre as reservas do país, enquanto a Petrobrás perde o protagonismo no setor, retrocedendo aos tempos de FHC.

Ex-governador era candidato a presidente

Rep

rod

ução

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3POLÍTICA/ECONOMIA4 E 5 DE ABRIL DE 2018 HP

Prisão após condenação em 2º grau, exigem juízes e promotores

Documento com mais de 5 mil assinaturas é entregue no STF

A alma do povoe os traidores

Promotor do Distrito Federal Renato Varalda mostra o abaixo-assinado

Carlos Velloso: “aguardar o trânsito em julgado é contribuir para a impunidade”

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

SIDNEI SCHNEIDER (*)

Líder do governo deixa PSDB para apoiar Márcio França Raquel Dodge: “nada justifica concessão

de liminar para Demóstenes se candidatar”

João Goulart Filho: “Brasil precisa se unir”

O texto abaixo é uma resposta a um cidadão da zona norte porto-alegrense que propôs abolir o verde-amarelo no geral e a um jornalista ligado ao PT, que pretende que a Seleção mude a cor da camisa.

Depois de entregar docilmente as cores do Brasil para os inimigos do Brasil, os no-vos inimigos do povo agora torcem contra a Seleção do Brasil? A Seleção deveria jogar com outras cores que não as do Brasil? Quem sabe, seguindo esse raciocínio, as cores norte-americanas? De quem defende Temer, Geddel e Cunha contra as decisões de Moro, o que se poderia esperar? De quem prefere ver livres centenas de corruptos, assassinos e estupradores para garantir a liberdade ao seu corrupto predileto, o quê? De quem se alia a Gilmar Mendes e Dias Toffoli – que soltou Maluf, Picciani e atendeu Demóstenes – o quê? De quem entregou o pré-sal, mais de 3 trilhões de reais em juros aos banqueiros de Wall Street e demais, provocando o mais violento desemprego do povo, o quê? Nada se pode esperar dessa gente, pois já mudaram de lado e faz tempo.

(*) Poeta e contista

(ou a variante pequeno-burguesa da ideologia imperialista)

Geraldo Julio (PSB), prefeito da capital

Prefeito do Recife: “turma de Temer e do atraso faz oposição a Paulo Câmara”

O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), afirmou que o grupo de oposição ao governador Paulo Câmara (PSB), formado pelos senado-res Fernando Bezerra Coelho (PMDB) e Ar-mando Monteiro Neto (PTB), pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e pelo deputado federal Bruno Araújo (PSDB), está alinhado a Michel Te-mer e defende “todo o atraso que está aconte-cendo no país”.

“O governo que au-mentou o gás em 68%, os aumentos do com-bustível e na conta de luz, e que está querendo privatizar a Chesf para pagar déficit do Gover-

no Federal, ou seja, a po-lítica do governo Temer é vender a Chesf. Essa turma do Temer está defendendo todo o atra-so que está acontecendo no país”, disse.

Segundo o prefeito, o governo de Paulo Câ-mara está “superando as dificuldades” do ce-nário nacional. “Tem outra turma que está aqui em Pernambuco, governando o Estado, superando as dificul-dades que o país está vivendo, e trabalhando para que o povo de Per-nambuco e do Recife tenha uma qualidade de vida melhor do que a que o povo brasileiro está vivendo neste mo-mento”, afirmou.

Allan Torres/ESP DP/ D. A Press

O líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz, anunciou sua saída do PSDB, partido ao qual esteve filiado por 15 anos, para se filiar ao PSB, legenda do vice-governador Márcio França, que assumirá o cargo após a renúncia de Geraldo Alckmin para disputar a presi-dência da República.

Munhoz disse sair do partido em apoio à candidatura do vice--governador ao gover-no estadual e por não concordar com a pos-tulação do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). “A candida-

tura do França é mais consistente que a do Doria. O prefeito não cumpriu o compromis-so que tinha com o povo de São Paulo”, afirmou.

O deputado, que foi eleito em 2006, 2010 e 2014, também foi pre-sidente da Assembleia duas vezes. Ele deverá se candidatar à reelei-ção no pleito de outubro e acredita que a “grande maioria” dos líderes do PSDB na base vão apoiar o pessebista. “A maioria dos prefeitos do interior tem muito mais identidade com Márcio França do que com o João Doria”, dis-se líder do governo.

O jurista Carlos Velloso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o início do cumprimento da pena após a condenação em se-gunda instância da Justiça “é a regra em países de boa prática democrática”.

Segundo Velloso, a presunção de não cul-pabilidade prevista na Constituição brasileira não impede o início da execução da sentença penal em países como os Estados Unidos, Espa-nha, Portugal, França e muitos outros. “Certo é

que o entendimento no sentido de se aguardar o trânsito em julgado (quando se acabam todos os recursos) contribui para a impunidade. O número exagerado de recursos pode levar à prescrição da pena, em detrimento da sociedade e da credibilidade do Judi-ciário”, disse Velloso, em artigo publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”.

O ex-ministro do STF lembra que essa também era a regra no Brasil até quando o tribunal refor-mulou a jurisprudência que, no entanto, vigorou apenas por um breve pe-

ríodo – entre 2009 a 2016 – quando a Corte restabe-leceu a não exigência do trânsito em julgado.

“Ao exigir-se o trânsito em julgado para o início da execução, estar-se--ia fazendo da exceção a regra”, conclui.

“Agora, tenta-se, numa interpretação gramatical, puramente semântica, voltar ao tema, voltar ao breve momento – 2009 a 2016 – em que a interpre-tação literal, puramente semântica, extensiva, teve lugar, realizando o ‘paraíso’ de alguns”, diz.

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O ministro Luís Ro-berto Barroso, do Su-premo Tribunal Federal (STF), afirmou que houve um “pacto oligárquico” entre agentes públicos e privados para saquear os cofres públicos do Brasil.

Barroso participou em São Paulo, na segunda-fei-ra (2), do Fórum Interna-cional das Nações Unidas sobre a Segurança Huma-na na América Latina. Em sua palestra, ele disse que “celebrou-se de longa data, e com renovação constan-te, um pacto oligárquico de saque ao estado brasileiro celebrado entre parte da classe política e parte da classe empresarial e parte da burocracia estatal”.

“Nós estamos vivendo no Brasil um fenômeno importante na nossa his-tória, que é o combate à corrupção”, avaliou. Segundo o ministro, “o Brasil, nos últimos tem-pos, se deu conta que nós vivenciamos uma corrup-ção que era sistêmica, era endêmica”.

“[O Brasil percebeu que a corrupção] não era produto de falhas indivi-duais, era um programa, um modo de conduzir o país com um nível de contágio espantoso que envolvia empresas pú-blicas e privadas, agen-tes públicos e privados, membros do executivo e iniciativa privada. Foi es-

pantoso o que realmente aconteceu”, afirmou.

O ministro disse ver, atualmente, “grande mobilização da socieda-de para desmontarmos este modo natural de se fazer política e se fazer negócios no Brasil”. Barroso destacou que se trata de um “esforço de republicanismo, e para criar cultura de igualdade e instituições inclusivas”.

“Nós precisamos fa-zer um esforço no Brasil para tomá-lo das elites extrativistas e devolvê-lo à sociedade para que as pessoas possam confiar no país e em uma nas outras”, defendeu.

Luís Barroso: “Brasil vive um fenômeno histórico que é o combate à corrupção”

A Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ingressou com um recurso junto ao Supremo Tribu-nal Federal (STF), pedindo a anulação da liminar que permitiu ao ex-senador Demóstenes Torres (PTB--GO) se candidatar as elei-ções de outubro. A liminar do ministro Dias Toffoli está sendo interpretada como um balão de ensaio para tentar viabilizar a candidatura de Lula, que, pela Lei da Ficha Limpa, está impedida.

A procuradora defen-deu a ação dizendo que ela é necessária “em nome da segurança jurídica que exige o pleito eleitoral de 2018 e em defesa da ordem jurídica”. “A pretensão do reclamante é apenas fruto de sua vontade sem qualquer amparo legal. Nada mais. O Judiciário não pode coonestar tal

comportamento”, argu-mentou a procuradora.

“Absolutamente nada justifica a concessão da medida liminar, sobretu-do quando a própria deci-são, permita-se a ênfase, reconhece não existir plausibilidade jurídica para a pretensão”, acres-centou Raquel Dodge.

A liminar permitindo que Demóstenes possa se candidatar foi concedi-da na última terça-feira (27) pelo ministro Dias Toffoli. Ele não reverteu a punição, que foi a per-da de seu mandato, mas suspendeu a inelegibili-dade de Demóstenes. Ou seja, ele não reverteu a punição mas reverteu a consequência da punição, que é a inelegibilidade.

Demóstenes, que pre-tende se lançar ao Senado nas próximas eleições, também pediu a retoma-

da do seu mandato, o que foi negado pelo ministro. Até porque, caso recon-duzisse Demóstenes ao Senado, o ex-advogado do PT talvez não conse-guisse mais sair de casa. Afinal, seu colega, e guru, Gilmar Mendes, já se encontra nesta situação.

Demóstenes Torres teve o mandato cassado em 2012 e recorreu ao STF para retornar ao cargo de promotor de Jus-tiça após as provas que o incriminavam, no âmbi-to das operações Monte Carlo e Vegas terem sido anuladas.

Ele estava inelegível até o ano de 2027 por ter sido cassado pelo Senado devido a suas relações com o crime organizado, isto é, com o notório Car-los Cachoeira.

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O ex-deputado João Goulart Filho, pré-can-didato a presidente pelo Partido Pátria Livre, divulgou uma nota no sábado, 31 de março, falando sobre o golpe de 1964 que, segundo ele, interrompeu o projeto de Brasil que era con-duzido por seu pai, o ex-presidente João Gou-lart, com amplo apoio popular e que tinha como objetivo construir uma grande nação, próspera e independente. Goulart Filho chamou todos os patriotas a se unirem para tirar o país da crise e para a retomada do projeto interrompido. “Nesta hora grave, mais

do que nunca, o Brasil precisa se unir em torno de patriotas e democra-tas que acreditem na

força de seu povo, na capacidade e criativi-dade de sua gente e na potencialidade de nos-sas riquezas naturais. Aqueles que insistem em desacreditar, humilhar e enganar o nosso povo, os que querem entregar nossas riquezas e seguir reverenciando a bandei-ra americana, não são dignos dos anseios da po-pulação brasileira e nem de nossa história. Não são, portanto, esses seto-res retrógrados e subal-ternos que representam os nobres sentimentos patrióticos e democrá-ticos de nossas FFAA”. Leia a íntegra da nota em www.horadopovo.org.br

Pré-candidato do PPL

Reprodução/Opera Mundi

As planilhas apre-sentadas por Érika Santos, quando tenta-va em 2001 a separação litigiosa do então com-panheiro, o economista Marcelo de Azeredo, comprovam que o pa-gamento de propina envolvendo negócios no porto de Santos ocorria desde a década de 90.

Azeredo era pre-sidente da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), estatal que administra o porto de Santos.

Segundo reporta-gem da revista “Veja” deste final de semana, a Polícia Federal está desarquivando um inquérito sobre o as-sunto, que acabou não tendo prosseguimento depois das denúncias de Érika – posterior-

mente, após as plani-lhas virem à tona, ela passou a negar ser a responsável por enca-minhá-las à Justiça.

Os documentos indi-cavam pagamentos de suborno de empresas a pessoas identificadas como MT (que seria uma referência a Mi-chel Temer), MA (seria Marcelo de Azeredo) e Lima (seria o coronel João Baptista Lima Fi-lho, amigo de Temer).

À época deputado fe-deral, Temer ameaçou processar Érika, que entrou em acordo com os advogados dele e do ma-rido. Ela desistiu da ação de separação litigiosa e deixou o país, vivendo hoje em Paris, onde é blogueira de moda.

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Blogueira apresentou planilhas que mostram propina para Temer

O que está em pauta no julgamento do pedido de habeas corpus de Lula, nesta quarta-feira, é

se os ladrões do dinheiro e da propriedade pública - provados, comprovados e condenados - irão para a cadeia ou ficarão impunes, gozando do seu roubo à coletividade, até que o Diabo os leve para o Inferno.

O objetivo do pedido de Lula é impedir que ele vá para a cadeia pelos delitos que perpetrou e pelos quais foi condenado duas vezes - no primeiro, dos seis processos a que responde na Justiça.

N ã o é p o r a c a s o q u e jamais houve, no Brasi l , uma manifestação de juízes, procuradores e promotores como a do manifesto – a nota técnica - a favor da manutenção da atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina a prisão dos condenados em segunda instância.

Em três dias, mais de cinco mil membros da Magistratura – juízes – e do Ministério Público – promotores e procuradores – assinaram a “nota técnica”, que foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de segunda-feira.

É verdade, como esclareceram, no próprio texto da “nota técnica”, os juízes e membros do Ministério Público, seu objetivo não é, especificamente, o caso de Lula.

“Estamos reivindicando o inconformismo com a eventual mudança do posicionamento do STF sobre a execução provisória da pena”, declarou o promotor Renato Varalda, um dos organizadores do abaixo-assinado. “Se a prisão em segunda instância for proibida, vai ocorrer a liberação de traficantes, de homicidas, de pedófilos e diversos outros criminosos. É um risco para a sociedade”.

O promotor Varalda tocou numa questão importante: para garantir a impunidade dos corruptos, querem garantir a impunidade de qualquer criminoso.

Mas é evidente que não são os pedófilos – nem mesmo os pedófilos endinheirados - que estão fazendo pressão sobre o Supremo para que este lhes garanta a impunidade.

São, evidentemente, os membros da confraria dos que roubam o povo - aquele “pacto oligárquico para saquear o Estado brasileiro, celebrado entre parte da classe política, parte da classe empresarial e parte da burocracia”, a que se referiu o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (v. matéria nesta página) – que estão fazendo essa pressão.

Em especial, Lula é a carranca de proa dessa orgia pseudo-jurídica pela impunidade. Ele e Temer, aliás, não têm mais alegações distintas. Seus casos passaram a ser intercambiáveis, com Lula se solidarizando porque Temer teria vencido “o golpe” - e Temer apresentando-se como colega de Lula na suposta perseguição que os dois estariam sofrendo da Justiça...

Enfim, agora sabemos o que é “golpe” para esses elementos: golpe é a lei valer também para eles. Isso, eles não admitem. Ir para a cadeia porque roubaram o povo, porque assaltaram o país, porque meteram a mão no dinheiro da Petrobrás? Pode existir algo mais golpista do que isso?

Basta ver as decisões, na semana passada, do ex-advogado de Lula (elevado por este a ministro do STF), Dias Toffoli - que soltou Picciani, Maluf e liberou a candidatura do cassado (por falta de decoro, já que não passava de um empregado contraventor Cachoe i ra ) Demóstenes Torres, para sentir a que ponto de indecência querem e podem chegar (v. “Dura lex sed latex”: o princípio Toffoli para soltar corruptos).

Daí a reação em massa de juízes, procuradores e promotores, que veem o país em perigo quando tenta-se rebaixar a própria cúpula do Poder Judiciário ao nível das quadrilhas que pilharam o país nos últimos anos. Quando tenta-se fazer do STF um abrigo ou guarda-chuva para ladrões.

Esses homens da Lei acham que o STF deve ser o guardião da Constituição – e não a guarda da corrupção.

A questão – jurídica e política - é simples e já abordada outras vezes por nós: hoje o cavalo de batalha de todos os corruptos, de todos os ladrões do dinheiro e da propriedade pública, é fazer com que o STF somente permita a prisão do condenado depois que todos os recursos se esgotarem.

O problema é que, a rigor, esses recursos jamais se esgotam – como disse a procuradora geral da República, Raquel Dodge, no sistema de recursos do Brasil, eles são praticamente infinitos.

Assim, a prevalecer a ideia de que o condenado somente pode ser preso depois que todos os recursos se esgotarem, se esse condenado tiver dinheiro, ele nunca será preso – nem cumprirá qualquer sentença – pois sempre existirão recursos, até que seu crime seja prescrito, ou seja, até que a condenação seja anulada por decurso de prazo.

A questão – prática – é essa: a prisão após o “trânsito em julgado” (isto é, só depois que se esgotem todos os recursos) é uma garantia da impunidade.

Porém, é mais do que isso: como notou o saudoso ministro Teori Zavascky, a ideia de que somente depois de esgotados todos os recursos o meliante pode ser preso é completamente ilegal e inconstitucional.

A Constituição não diz que um condenado somente pode ser preso depois que todos os recursos se esgotarem (v. Por que a prisão após a segunda condenação é legal, justa e necessária).

Em toda a História do Brasil, inclusive depois da Constituição de 1988, a regra sempre foi a pr isão após a segunda condenação – por um juiz, na primeira instância, e por um tribunal colegiado, na segunda instância -, com exceção de um breve período, entre 2009 e 2016, em que prevaleceu o entendimento oposto, com o funesto resultado de que se estabeleceu no país uma indústria da impunidade para quem tem dinheiro ou obteve bastante dinheiro com o seu roubo.

O motivo pelo qual a execução da pena começa – e deve começar - após a condenação em segunda instância, é que esta é a última a examinar se o réu é culpado ou inocente. A isso, os juristas chamam “duplo grau de jurisdição”: o acusado tem direito a dois julgamentos.

As outras instâncias - Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF) - examinam apenas se as normas jurídicas f o r a m r e s p e i t a d a s n o s julgamentos anteriores, mas não a questão da culpabilidade ou não do acusado. Por isso, sempre a execução da pena – no Brasil e em todos os países – começou após a condenação da segunda instância.

Não deixa de ser peculiar que toda a batalha se trave, no momento, em cima do pedido de habeas corpus de Lula.

Examinando-se as provas a p r e s e n t a d a s n o s d o i s julgamentos (na 13ª Vara de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região), existe alguma dúvida que Lula é culpado? Existe alguma dúvida de que a OAS usou e preparou o triplex de Guarujá para passar parte da propina de Lula?

Vendo essas provas, qualquer sujeito honesto – que não seja um fanático imbecilizado ou um imbecil fanatizado – não tem dúvida de que a propina foi provada e que Lula foi justamente condenado.

Existe uma prova extra: a de que Lula não se importa em ser a porta-bandeira de um bloco formado por Geddel, Temer, Cunha, Aécio, Argello, Bendine e outros heróis.

Deve ser porque todos eles são tão inocentes quanto Lula.

CARLOS LOPES

( Ve j a a í n t e g r a d o abaixo-assinado dos juízes, procuradores e promotores em nosso site: http://horadopovo.org.br/1-500-juristas-assinam-abaixo-assinado-pela-prisao-apos-segunda-condenacao/)

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4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 4 E 5 DE ABRIL DE 2018

UnB foi atacada violentamente, denuncia reitora sobre os cortesEm dois anos, os investi-

mentos na Universidade de Brasília (UnB) caí-ram de R$ 56 milhões,

em 2016, para R$ 8 milhões, em 2018, segundo denunciou a reitora da instituição Már-cia Abrahão, nesta segunda--feira (2).

De acordo com Márcia Abrahão somente nas ver-bas destinadas a UnB para investimentos caíram “de R$ 56 milhões em 2016 para R$ 24 milhões em 2017 e R$ 8 milhões, em 2018, isso com recurso do Tesouro, que é re-curso do governo”, denunciou durante entrevista ao jornal “Correio Brasiliense”.

Questionada sobre o dé-ficit orçamentário em que a universidade se encontra, a reitora destacou que a apro-vação da PEC 55 pelo governo Temer, em dezembro de 2016, foi o grande ataque contra a UnB porque “essa emenda constitucional congelou por 20 anos os gastos chamados discricionários, e isso impacta principalmente na saúde e na educação. Agora, o bolo tem que ser dividido com todo mundo”, disse.

Com PEC 55 o arrocho fiscal foi legalizado na cons-tituição e todo o orçamento do governo para as áreas so-ciais, como saúde e educação só podem ser reajustados na inflação do ano anterior, nem um centavo a mais.

Sendo assim, a única forma do governo destinar verbas e remanejando de outras áre-as. A PEC determina que as

únicas partes do orçamento da União que ficam livres de amarras são as despesas fi-nanceiras, ou seja: a formação de superávit primário para o pagamento de juros da dívida pública aos banqueiros está garantida, mas o investimento público está paralisado pelos próximos 20 anos e com isso uma das principais universi-dades do país está à beira de um colapso financeiro.

Segundo Márcia Abrahão, as contas não fecham, e a universidade pode ficar sem dinheiro para pagá-las em maio, conforme anunciou na semana passada. Mesmo com um aumento de receita estimado em R$ 50 milhões, ainda faltam R$ 42 milhões para honrar todas as dividas e gastos da universidade.

Na terça-feira passada (27), a reitora foi ao Ministério da Educação (MEC) pedir a libe-ração de mais recursos para sanar o déficit orçamentário da universidade para 2018 de R$ 92,3 milhões, mas sem sucesso. O que o MEC fez foi cortar mais R$ 14 milhões nos investimentos, por cau-sa da anulação de dotações orçamentárias definidas pelo governo Temer na Lei 13.633, de 12 de março deste ano.

“A universidade tem sofri-do cortes abruptos. A quem interessa que a universidade tenha cortes abruptos?”, “a quem interessa que a nossa universidade não funcione?”, questionou Márcia Abrahão, que ponderou “não é à nossa comunidade, não é a mim”.

Testemunhas apontam novas evidências sobre assassinato de Marielle

Criança foi atingida durante assalto

Nível de alumínio é de 100 vezes acima do permitido

Governo Temer fecha campus do IF-DF

Criação do Parque do Bixiga é debatida na Câmara dos Vereadores de São Paulo

Cabral fez 1.039 voos para sua mansão em helicópteros oficiais do Rio de Janeiro

Norsk Hydro: Exames apontam substância cancerígena em moradores de Barcarena

IBAMA suspende as atividades da Anglo American após novo vazamento em MG

Investimentos caíram “de R$ 56 milhões em 2016, para R$ 8 milhões, em 2018”

Testemunhas foram expulsas do local por policiais após o crime

Menina de 2 anos morre com tiro na cabeça no feriado

30º é executado no Rio de Janeiro

Na manhã deste sábado (31), uma menina de apenas dois anos de idade morreu em Con-ceição do Jacareí, no município de Mangarati-ba, no litoral sul fluminense, após levar um tiro na cabeça. A criança foi atingida por bandidos que atiraram no carro em que a família viajava durante uma tentativa de assalto.

De acordo com o comando do 33º Batalhão de Polícia Militar, de Angra dos Reis, uma equipe policial que fazia patrulhamento em Conceição do Jacareí foi acionada pela família da criança. Um dos familiares contou que os criminosos armados abordaram e atiraram contra o automóvel, deixando sua filha ferida.

A menina foi levada com urgência para a unidade hospitalar da região, em seguida foi transferida para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, bairro da ZonaOeste do Rio. Após as diversas tentativas dos médi-cos de salvar a criança, ela não resistiu ao ferimento e morreu no hospital, informou a Secretaria Municipal de Saúde do Rio.

Agentes fazem buscas na região conhecida como Morro do Chapéu, também em Manga-ratiba, visando capturar os autores do crime.

Novas testemunhas, citadas em repor-tagem do jornal “O Globo”, revelaram no-vos fatos sobre o assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco e do motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março no Rio de Janeiro.

As informações foram dadas por duas testemunhas que viram o momento da execução, porém até hoje não foram ouvidas pela polícia. Inclusive, as teste-munhas dizem que foram expulsas do local do crime por policiais militares ao tentarem falar sobre o que tinham visto.

As testemunhas estavam a cerca de 15 metros do local onde o Cobalt prata fechou o Agile branco (carro da vereado-ra), que por pouco não chegou a subir a calçada. Uma das testemunhas disse: “Foi tudo muito rápido. O carro dela (Mariel-le) quase subiu a calçada. O veículo do assassino imprensou o carro branco. O homem que deu os tiros estava sentado no banco de trás e era negro. Eu vi o braço dele quando apontou a arma, que parecia ter silenciador.”

A versão das duas testemunhas, que não se conhecem e conversaram com o jornal separadamente, é exatamente a mesma. Elas disseram não ter visto um segundo carro, embora câmeras de rua tenham flagrado um possível segundo veículo, na saída de um evento onde Ma-rielle estivera na Lapa.

“Não consegui ver os integrantes do carro de quem atirou. Quando ouvi a rajada, não sabia o que fazer. Depois dos tiros, o carro do assassino saiu disparado nesta reta”, disse a testemunha, apon-tando para a Rua Joaquim Palhares, que desemboca na Avenida Francisco Bicalho, via que permite acesso rápido à Avenida Brasil ou à Ponte Rio-Niterói.

É lamentável saber que após duas semanas do assassinato da vereadora Marielle Franco, a polícia ainda não tem pistas e nem sequer ouviu as duas teste-munhas visuais do fato. Mais lamentável ainda é saber que as testemunhas foram expulsas do local pelos próprios policiais.

O cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ), Raphael de Oliveira Monteiro, foi morto a tiros na noite desta sexta-feira (30), em Rocha Miranda, na Zona norte da capital fluminense. Ele é o 30º policial militar assas-sinado este ano no estado.

Segundo a PM, ao realizar policiamento de rotina na Avenida Martin Luther King no inicio da noite, Raphael e os outros policias foram surpreendidos com bandidos armados em motocicletas. Os criminosos atiraram na direção dos agentes, quando Rapahel foi baleado e levado para o hospital.

De acordo com a secretaria de Saúde, o policial foi atingido com um tiro na cabeça e já chegou ao hospital com parada cardiorres-piratória, não resistindo ao ferimento.

Também na sexta-feira (30), outro PM foi baleado na Zona Oeste do Rio.

O soldado da UPP Cidade de Deus, Ander-son Luiz Gil Telles foi atingido durante um assalto na Taquara, também na Zona Oeste e se encontra em estado estável no Hospital Lourenço Jorge.

Estudo realizado nos fios de cabelo de 90 moradores de 14 comunidades do polo industrial de Barcarena (PA), região atingida pelo despejo de poluentes da multinacional norueguesa Norsk Hydro, apontam um alto índice de contaminação da população local. Segundo o levantamento da Univer-sidade Federal do Pará, a presença de ao menos 20 substâncias tóxicas, como chumbo, cromo e níquel, foi encontrada em 91% dos casos analisados.

A pesquisadora douto-ra Simone Pereira, do de-partamento de química da Universidade Federal do Pará (UFPA), disse que os elementos encontrados são extremamente danosos ao ambiente e às pessoas. Segundo ela, o chumbo, por exemplo, foi encontrado bem acima do normal nas amostras coletadas.

“91% da população pes-quisada está com níveis de chumbo acima de 6 micro-gramas por grama, que é o nível médio encontrado em uma população não exposta, como Altamira”, informou a pesquisadora.

Entre a população anali-sada, segundo Pereira, uma criança apresentou nível de

alumínio 100 vezes acima do controle; cromo 4 vezes acima; manganês 3 vezes acima; e níquel 2 vezes. A mãe, que au-torizou a análise, disse que o menino apresenta problemas na pele, coceiras, além de do-res de cabeça constantes. A fa-mília consome água encanada, mas usa o igarapé para tomar banho quando falta água.

ANÁLISE A coleta foi realizada entre

2015 e 2017 por conta de aci-dentes ambientais causados por indústrias que atuam na região. O Ministério Público Federal (MPF) já relacionou 17 acidentes ambientais entre 2000 e 2015. Outro caso foi o naufrá-gio de um navio com 5 mil bois

vivos em Vila do Conde.Em fevereiro, um va-

zamento de rejeitos da produção de alumínio da norueguesa Norsk Hydro, foi detectado nos igarapés paraenses. Após a denúncia, as autoridades ambientais do Pará constataram que a prática é recorrente da mineradora.

A multinacional instalou dutos clandestinos que des-pejam corriqueiramente os rejeitos nos rios da região.

Apesar do crime ambien-tal, a empresa continua operando parcialmente com autorização do estado e isen-ções que chegam a R$ 400 milhões por ano.

Márcia Abrahão afirmou que situação é caótica e que a PEC 55, que congela os investimentos vai inviabilizar a universidade. “A quem interessa isso?”

Uma investigação do Mi-nistério Público do Rio de Ja-neiro (MP-RJ) apontou que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e seus familiares, ao longo dos dois mandatos, usou helicópteros do governo do estado para fazer 2.281 vôos de caráter pessoal.

O MP acusa Cabral de pecu-lato – quando um servidor des-via bem ou valor público, pelo uso indevido das três aeronaves que causaram um prejuízo aos cofres públicos de R$ 19,9 mi-lhões, segundo matéria exibida no Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (1).

De acordo com a denúncia do MP, Cabral usava os helicópte-ros para transportar livremente parentes, empregados e con-vidados. Uma das rotas mais comuns era entre o Rio e o con-domínio Portobello, em Man-garatiba, onde o ex-governador tem uma casa de praia. Só nessa rota, foram feitas 1.039 viagens. Em pelo menos 109 ocasiões, os três helicópteros viajaram simultaneamente para lá.

Foram identificadas ainda 1.033 viagens entre um heli-ponto próximo ao imóvel do ex-governador no Leblon e o Palácio Guanabara, em Laran-jeiras. O trajeto de 7km levava sete minutos pelo ar. De carro, levaria cerca de 20 minutos. A justificativa dada pelo ex--governador para percorrer rotineiramente um trecho tão

curto eram supostas ameaças de morte.

Adriana Ancelmo, ex-pri-meira dama também fez uso frequente dos helicópteros. Se-gundo as investigações, foram 220 viagens de caráter privado.

O deputado estadual Paulo Melo (PMDB), ex-presidente da Alerj, hoje preso em Benfica, seria mais um beneficiário do esquema. Ele usava, segundo as investigações, aeronaves do estado para ir do Rio a Saquare-ma, onde pousaria no estádio de um clube de futebol local. Outro destino de Melo era Rio Bonito, onde tinha um sítio.

Ações de improbidade, aber-tas pelo ex-procurador regional da república Cosmo Ferreira, que denunciou o abuso em 2013, pedem o ressarcimento dos prejuízos. Até 2013, segun-do o promotor de justiça Cláu-dio Calo, não existia protocolo para o uso dos helicópteros. Depois foram criadas regras. “O registro dos voos passou a ser rígido e as informações foram colocadas no Portal da Trans-parência”, disse o promotor. Calo diz ainda que no início do segundo mandato Cabral man-dou comprar dois helicópteros ao custo de R$ 32,6 milhões. Um deles do modelo Augusta, é uma aeronave de luxo, com capacidade para dois pilotos e cinco passageiros. A aeronave é considerada a “Ferrari” dos helicópteros.

Apenas dois dias após o retorno de suas operações, as atividades da minerado-ra Anglo American foram novamente suspensas por tempo indeterminado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) nesta quinta-feira (29), depois de registrar o segundo vaza-mento de mineroduto em menos de vinte dias, em Santo Antônio da Grama, a 230 km de Belo Horizonte.

O novo vazamento ocor-reu dias dois dias após o retorno da operação normal da mineradora, interrom-pida no dia 12 de março, quando 300 toneladas de minério atingiram o rio e interromperam o forneci-mento de água na cidade. Aproximadamente sete quilômetros dos Rios Santo Antônio e Rio Casca foram afetados pela polpa de mi-nério, que é composto por

Na última quinta-feira (28), aconteceu na Câmara dos Vereadores de São Paulo uma reunião de trabalho para discutir o PL 805/2017, sobre a criação do Parque do Bixiga, na região central da capital paulista.

De acordo com a proposta, a criação do parque se dará em um terreno de 11 mil metros quadrados entre as ruas Jaceguai, Abolição, Japurá e Santo Amaro, no tradicional bairro da Bela Vista, que contra com uma das menores áreas verdes do centro da cidade.

O encontro contou com a presença de dezenas políticos, lideranças do bairro e artistas, que defenderam a transfor-mação do terreno. A área é de propriedade do empresário e apresentador Silvio Santos,

O governo Michel Temer publicou portaria, na última quinta-feira (28), assinada pelo ministro da Educação, Mendon-ça Filho, extinguindo o campus de Sobradinho do Instituto Federal Tecnológico de Brasília.

A portaria, assinada pelo ministro Mendonça Filho, diz: “Fica revogada, a pedido, a autorização de funcionamento da unidade Campus Avançado Sobradinho, do Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília IFB”.

Com a publicação no Diário Oficial da União desta porta-ria, o instituto é o primeiro a ser fechado, dando ponto de partida na segunda fase do plano de desmonte da rede

Igor B

randão

70% de minério e 30% de água. Segundo a minera-dora, até estancar o vaza-mento desse novo acidente, 650 toneladas de polpa de minério de ferro vazaram durante cerca de 8 minutos.

Órgãos ambientais de-terminaram que a minera-dora cumpra uma série de medidas, tendo como mais urgente o reparo e limpeza na calha do Ribeirão Santo Antônio da Grama e suas margens. Tal procedimen-to deve ser concluído até o fim de maio. A empresa deve ainda enviar o projeto de recuperação da área de-gradada. O Ibama também determinou que a empresa apresente, em 48 horas, laudo com a descrição dos danos provocados em de-corrência do acidente e detalhamento das medidas de mitigação, controle e reparação que estão e serão realizadas pela empresa.

De acordo com a Secreta-ria de Estado de Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), os dois vazamentos no mineroduto Minas-Rio, da Anglo Ameri-can, foram provocados por uma falha na solda em pon-tos da estrutura, sendo que os dois tubos que romperam são do mesmo lote.

A empresa transporta minério da mina e da usi-na de beneficiamento, em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (MG), até o porto, em São João da Barra (RJ), ao longo de um mineroduto de 529 quilômetros, que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses.

Na última sexta-feira (31) a empresa anunciou férias coletivas a funcionários da mina e da planta de bene-ficiamento em Conceição do Mato Dentro, na região central de Minas Gerais.

federal de educação profissio-nal, científica e tecnológica, pelos governos Dilma (PT) e Temer (PMDB). A primeira fase foi à implementação de drásticos cortes de verba nas instituições desde 2015.

No caso do campus de So-bradinho, alunos e professores já denunciavam que o corte de verbas deixou o laboratório do instituto sem funcionar por semanas, no ano passado. “Os alunos ficam apreensivos, principalmente porque o IFB atende o ensino médio. A gen-te não sabe o que vai aconte-cer, se vamos para outro lugar. Os pais estão preocupados, pedindo satisfação”, afirmou uma estudante do instituto.

que pretende construir um centro comercial. Ela está em disputa há muitos anos, já que a população exige a mudança do projeto.

O PL 805/2017 é de autoria dos vereadores Gilberto Nata-lini e Eduardo Suplicy.

Wellinton Souza, presi-dente do Conselho escolar da EMEF Celso Leite, apresentou uma carta de pais e professores da comunidade em apoio à criação do parque. “Entende-mos que a educação deve ser ampla e libertadora, muito além dos muros de concreto das escolas. E é desse ponto de vista que nós, familiares, pro-fessores da EMEF Celso Leite Ribeiro Filho e moradores do Bixiga apoiamos a criação do Parque do Bixiga e nele a implantação de uma Creche”, destaca Wellinton.

“O Bixiga é um bairro que carrega consigo parte da his-tória cultural e arquitetônica de São Paulo, sendo o bairro com mais bens protegidos pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambien-tal e a construção de mais um espigão comercial não agrega na luta que vem sendo tra-vada pela preservação desta história”, relembrou.

A diretora de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), Keila Pereira, tam-bém declarou o apoio da entidade à reivindicação.

No final do ano passado, uma multidão, convidada pelos atores do Teatro Oficina (que fica ao lado da área em disputa) protestou em defesa da criação do Parque.

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5GERAL4 E 5 DE ABRIL DE 2018 HP

A nova legislação traba-lhista, instituída em novembro do ano pas-sado e responsável por

acabar com diversos direitos antes garantidos por lei, já causou também uma queda profunda nas ações judiciais requeridas por trabalhadores.

Segundo o TST, os proces-sos em 1ª instância recebidos pelos tribunais de todo o país somavam, em média, 200 mil por mês. Em dezembro, um mês após a aprovação da Lei n. 13.467/17, que instituiu a reforma trabalhista, essa mé-dia passou para 84,2 mil. Em matéria divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, os dados apontam que, há três meses, desde que a “reforma trabalhista” entrou em vigor, as novas ações caíram pela metade: de 571 mil para 295 mil, se comparado com o mes-mo período do ano passado.

Isso acontece porque a lei da reforma determina que se o trabalhador perder a ação trabalhista, ele terá de arcar com os honorários dos advogados da empresa pro-cessada – as sucumbências. Por essa razão, os pedidos de indenização por dano moral e adicional de insalubridade e periculosidade, por exemplo, estão quase à beira da extin-ção, devido principalmente às dificuldades em serem com-provadas e as consequentes recusas em ações julgadas com base nas novas regras.

O problema principal está na necessidade de perícia, para os casos de adicional de insalubridade e periculosida-de, e testemunho de terceiros, no caso de dano moral. Ao perder uma ação, o trabalha-dor deve pagar valor entre 5% e 15% dos custos do processo, mesmo em casos nos quais tenha conseguido gratuidade da Justiça, por ser compro-vadamente incapaz de pagar.

Para o advogado trabalhis-ta Gabriel Pereira, esses da-dos demonstram apenas que os trabalhadores estão dei-xando de recorrer à Justiça, mas não que as ilegalidades estão deixando de acontecer .

“O que acontece é o tra-balhador sendo prejudicado, sendo onerado em casos em que teria direito à gratuidade”.

“Cobrar do trabalhador os honorários pela perícia técni-ca realizada, mesmo quando este é beneficiário da Justiça Gratuita, é inconstitucional e afronta o maior princípio que rege a Justiça do Trabalho, o da proteção trabalhador, hipossu-ficiente frente ao seu patrão”. Em resposta aos argumentos apontados na reportagem do Estadão de que “acabaram as ações aventureiras”, ques-tionou Gabriel: “O que há de aventureiro em o trabalhador pleitear adicional de insalubri-dade, cuja existência ou não depende de uma prova técnica de um especialista? Se o pró-prio juiz e os advogados não sabem (com certeza técnica) se determinada função necessita de adicional de insalubridade, quem é que deve definir? O patrão?”, indaga (Leia mais, a seguir, a nota divulgada pelo advogado).

Há setores da mídia que celebram a notícia, assim como o governo, alegando que a maior parte das ações era fruto de “irresponsá-veis”, ou mesmo “malan-dragem” por parte dos tra-balhadores.

Ora, embora tenham di-minuído de forma acacha-pante, seria estupidez (para não dizer má-fé) acreditar que a situação do trabalha-dor tenha melhorado – ainda mais com os níveis de empre-go formal em pleno declínio (em 2017 foram criados 1,8 milhão postos de trabalho, todos no setor informal, enquanto foram perdidas 685 mil vagas com carteira). Acreditar que os processos na Justiça do Trabalho eram movidos por “malandragem” mostra apenas um profundo desconhecimento da situa-ção do trabalhador no país, além de ser, possivelmente, fruto de quem nunca preci-sou trabalhar na vida.

O que acontece é que esta reforma – como era o seu intuito desde o início – busca apenas minar o direito dos trabalhadores, inclusive atra-vés de processo judicial e da clara inibição do trabalhador a procurar pela Justiça.

Veja abaixo, a íntegra da nota do advogado trabalhis-ta, Gabriel Pereira:

A BRF Brasil Foods, empresa de produção de alimentos envolvida na operação Carne Fraca, anunciou férias coletivas para 3 mil funcionários da uni-dade de Capinzal, em Santa Catarina.

A Confederação Nacional dos Traba-lhadores nas Indústrias de Alimentação e afins (CNTA Afins) já se organiza para garantir os postos de trabalho. Para Artur Bueno de Camargo, presidente da entidade, “quando uma empresa dá férias coletivas fora de época, é preciso ficar atento, porque o próximo passo pode ser a demissão”, alerta.

Após as revelações da Operação Tra-paça, desdobramento da Operação Carne Fraca, a BRF perdeu sua certificação sa-nitária de produtos exportados, e decidiu diminuir seu número de trabalhadores anunciando férias coletivas para os cerca de três mil funcionários.

Artur complementa que “nossa preo-cupação é com a preservação do emprego. Queremos saber da empresa como está a situação dela. Vamos tentar encon-trar uma solução que não prejudique os trabalhadores. É necessário também trazer o governo para essa discussão. O Ministério do Trabalho está omisso. Não participa e não faz sua função”, afirma.

As férias coletivas terão início no dia 7 de maio e terão duração de 30 dias e afetará funcionários da linha de abate de aves.

CNTA alerta para demissões na BRF após férias coletivas a 3 mil

Com assembleias, trabalhadores conseguem reaver na Justiça direito do imposto sindical

“Reforma trabalhista” fechou as portas da Justiça gratuita para o trabalhador

Trabalhadores deixaram de recorrer à Justiça para não serem ‘penalizados’

Sindicatos de todo o país estão conseguindo reaver o imposto sin-dical – cuja obrigato-riedade foi extinta pela “reforma” trabalhista aprovada no ano passa-do – através de realiza-ção de assembléias ge-rais das categorias para aprovação do desconto.

Segundo informações do Diap (Departamen-to Intersindical de As-sessoria Parlamentar), desde novembro pas-sado, quando passou a valer a reforma, foram 47 decisões favoráveis concedidas pela Justiça do Trabalho, em pri-meira e segunda instân-cias, ao recolhimento do imposto por parte dos sindicatos, mediante

decisão aprovada em assembleias gerais.

Antes, o desconto era obrigatório para traba-lhadores sindicalizados ou não, e a reforma esti-pulou que é preciso que o trabalhador autorize. Com isso, algumas em-presas desconsideram a decisão da assembleia e exigem autorização por escrito de cada traba-lhador.

Até mesmo o secretário de Relações do Trabalho, Carlos Cavalcante de La-cerda, declarou em nota técnica, publicada no dia 16 de março, que “é lícita a autorização coletiva prévia e expressa para o desconto das contribui-ções sindical e assisten-cial, mediante assembleia

geral, nos termos do es-tatuto, se obtida median-te convocação de toda a categoria representada especificamente para esse fim, independente-mente de associação e sindicalização”. Para o secretário, que recebeu mais de 80 pedidos de manifestação de entida-des, “sem a contribuição, pequenos sindicatos não vão sobreviver. A nota pode ser usada para os sindicatos embasarem o entendimento de que a assembleia é soberana”, afirmou.

A contribuição sindi-cal equivale a um dia de salário do trabalhador e é descontada na folha de pagamento sempre no mês de março.

Os servidores públicos de Minas Gerais con-denaram a repressão à manifestação dos pro-fessores cometida pela Polícia Militar durante ato pacífico, na semana passada (28/03). Os pro-fessores estão em greve desde o dia 8 de março e reivindicam o cum-primento de acordo de reajuste salarial firmado em 2015.

A manifestação paci-fica ocorria em Igarapé, região metropolitana de Belo Horizonte, e conta-va com centenas de pro-fessores, até o momento em que as tropas da Po-lícia Militar, a mando do governador e sem nenhu-ma postura de diálogo, começou a repressão. Foram utilizadas balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, e vários professores e professoras ficaram feridos.

A categoria exige de Pimentel o cumprimento do acordo firmado em 2015, que previa rea-justes em 2016, 2017 e 2018. Além disso, parte dos salários foi parcela-da e, mesmo assim, foi paga com quatro dias de atraso.

Para Victoria Melo,

professora e dirigente do Sindicato dos Traba-lhadores da Educação de Minas Gerais (SindU-TE-MG), “o governo de Pimentel do PT segue a mesma lógica dos go-vernos do PSDB, PMDB e de outros que usam a lei de responsabilidade fiscal para impedir o re-ajuste para os servidores públicos, mas garantem o pagamento de juros para os grandes bancos e empresários. A repres-são desencadeada ontem contra os professores é um absurdo”. Além disso, os mineiros vêm a vitória dos professores contra o Sampaprev de João Dória com bons olhos, “a vitória da greve

dos servidores munici-pais de São Paulo nos deixou muito eufóricos”.

O SindUTE pediu para que os deputados es-taduais abrissem um requerimento para uma audiência pública na qual fosse discutida a ação truculenta da PM. O requerimento cita ação “abusiva, com uso de força desproporcional e utilização de balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacri-mogênio, ferindo diver-sos manifestantes”.

A próxima assembleia da categoria acontecerá no dia 4 de abril, quar-ta-feira, e discutirá os próximos passos do mo-vimento.

Campeonatos estaduais a um jogo das decisões

MG: servidores condenam repressão de Pimentel à manifestação de professores por aumento de salários

O recente balanço sobre a brusca queda do número de ações trabalhistas na Justiça do Trabalho, divulgado pelo Estado de S. Paulo, está certo na sua conclusão. É obvio que cairia o número de ações. Esse era o objetivo desde o início dos precursores de um dos maiores retrocessos em direitos sociais da história recente do Brasil.

As regras de limitação da Justiça gratuita, honorários sucum-benciais (quando o trabalhador perde a ação e deve arcar com o pagamento dos advogados da parte vencedora), honorários de perí-cias técnicas (mesmo sendo beneficiário da Justiça gratuita) visam pôr pânico no trabalhador e fechar as portas do acesso à Justiça.

A comemoração dos principais veículos de comunicação deste resultado, com afirmações de que “acabaram as reclamações aventureiras” é leviano e precipitado. Essa realidade cruel para o trabalhador há de mudar e seu fim não tarda a chegar.

O que há de aventureiro em o trabalhador pleitear adicional de insalubridade, cuja existência ou não depende de uma prova técnica de um especialista? Se o próprio juiz e os advogados não sabem (com certeza técnica) se determinada função necessita de adicional de insalubridade, quem é que deve definir? O patrão?

É direito do cidadão buscar o judiciário, mesmo que, eventual-mente por quaisquer circunstâncias, não tenha êxito, sem ser pe-nalizado por isso. Do contrário, seria uma carta branca às empresas para não arcarem com suas obrigações trabalhistas.

Cobrar do trabalhador os honorários pela perícia técnica re-alizada, mesmo quando este é beneficiário da Justiça gratuita, é inconstitucional e afronta o maior principio que rege a Justiça do Trabalho, o da proteção ao trabalhador, hipossuficiente frente ao seu patrão. O TST, no próximo período, há de considerar tal fato que salta aos olhos.

É esse o motivo pelo qual caíram as buscas pelas ações na Jus-tiça. Porque elas passaram a prejudicar o trabalhador em qualquer situação, e não porque as ilegalidades deixaram de acontecer. Muito pelo contrário, elas continuam, no entanto, agora sem virem à tona.

Para ficar apenas na perícia por insalubridade ou periculosidade, basta analisar os casos do Mc Donalds, e da Contax. No primeiro, por insalubridade devido ao fato de seus jovens empregados fre-quentarem câmaras frias e chapas quentes durante o expediente. E, no caso da grande ré trabalhista do ramo de telemarketing, por expor seus funcionários a perigo com geradores de energia próxi-mo às instalações de trabalho. O que se encontrará é um número gigantesco de perícias realizadas nas mesmas condições por peritos diferentes que têm pareceres divergentes. Então como afirmar que o trabalhador sucumbiu por ser aventureiro?

E as perícias médicas que igualmente dependem do perito? O trabalhador que acredita que sua doença seja de origem ocupacional, bem como seu advogado, bem como o próprio juiz, por não serem médicos não podem saber se de fato tal doença é ou não derivada do seu trabalho. O que fazer? A resposta é obvia: recorrer à Justiça do Trabalho.

Assim como nos casos de pedido de indenização por danos morais. Eles não se dão porque os trabalhadores são aventureiros, ou malandros, mas sim porque as empresas historicamente hu-milham seus funcionários. Discriminam, assediam sexualmente, ameaçam de demissão, pressionam o trabalhador até seu limite emocional pelo lucro insano. Agora, é fato que para provar tais ofensas é imprescindível que haja uma testemunha (muitas vezes igualmente pressionadas pelo patrão a não depor em juízo), e o fato de o trabalhador ofendido não conseguir provar tais fatos, também não significa que este não tenha ocorrido.

Gabriel PereiraAdvogado e sócio fundador do escritório Medrado Pereira

Advocacia e pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho

Artur Bueno de Camargo, pres. da CNTA

De Norte a Sul, ocorreram os jogos de ida das finais dos campeonatos estaduais. No Rio, mais uma vez o Vasco venceu nos acréscimos. No Engenhão, o time venceu o Botafogo por 3 a 2, gols de Yago Pikachu (2) e Andrés Rios, descontando Renatinho e Brenner.

A partida foi equilibrada e disputada, com o Fogão saindo na frente, aos 3min de jogo. Mas o Vasco igualou aos 28min e ampliou aos 30min, com o paraense Pikachu. Aos 44min o Botafogo empatou.

Na segunda etapa, o jogo ficou mais lento e a vitória saiu aos 48min, último lance do jogo, com o argentino Andrés Rios marcando com um belo voleio.

O jogo decisivo será realizado no pró-ximo domingo (8), no Maracanã. A Cruz de Malta joga pelo empate.

Pelo Paulistão, o Palmeiras venceu o Corinthians no Itaquerão, com Borja logo aos 6min. Foi um jogo tenso, com as expulsões de Clayson e Felipe Melo, e de baixa qualidade técnica. O próximo jogo será realizado na Arena do Palmeiras, com o time da casa precisando apenas do empate para sagrar-se campeão.

No Independência, o Atlético-MG deu um grande salto para a conquista do Cam-peonato Mineiro ao vencer o arquirrival Cruzeiro por 3 a 1, tentos anotados por Ricardo Oliveira (2) e Adilson, descontan-do Arrascaeta. Com o resultado, o Galo pode perder por até um gol de diferença para se tornar campeão. O Cruzeiro, com melhor campanha, é campeão se vencer por dois gols de diferença.

Pelo Gauchão, o Grêmio goleou o Bra-sil de Pelotas por 4 a 0, em partida que contou com grande atuação do jovem meia-atacante Everton, o Cebolinha.

O Bahia dominou o Vitória e saiu vencedor do clássico por 2 a 1. Edigar Junio e Vinícius anotaram para o Trico-lor e Luan, para o Rubro-Negro. O Bahia adiantou a marcação e atacou mais. Por isso, saiu vencedor.

Palmeiras venceu o Corinthias por 1 a 0

Assembleia de metalúrgicos em São Paulo aprovou a cobrança do imposto

Para advogado, redução ocorre porque ações passaram a onerar trabalhador

HP ESPORTESVALDO ALBUQUERQUE

‘Ações na Justiça do Trabalho caíram, mas não ilegalidades’

Professores foram agredidos pela PM durante ato

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INTERNACIONAL 4 E 5 DE ABRIL DE 2018HP

Governo de Israel mandou tropa disparar sobre multidão em Gaza

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Winnie recebe Nelson Mandela, em 1990, no momento em que o líder sul-africano deixava a prisão após 27 anos

Winnie Mandela, combatente da luta contra a segregação na África do Sul, morre aos 81 anos

Papa pede “respeito a indefesos palestinos”

Síria anuncia a liber tação da região de Guta Oriental

Papa Francisco alertou para “as feridas na Terra Santa”

O premiê de Israel, Bibi Netanyahu, após a matança, congratulou-se com os sol-dados. “Respeito nossos soldados que guardaram nossas fronteiras e permitiram que os israelenses celebrassem o feriado”

Metralha israelense sobre manifestantes deixou 17 palestinos mortos e 1.500 feridos

Tel Aviv não quer investigação do massacre como solicitado pelo secretário-geral da ONU

Egito: presidente é reeleito com 60% de abstenção

Trump diz que vai retirar tropas dos EUA da Síria

Winnie Madikize la-Mandela, ativista antia-partheid na África do Sul e segunda mulher do ex-pre-sidente Nelson Mandela, morreu na segunda-feira num hospital de Joanes-burgo vítima de uma do-ença prolongada, anunciou Victor Dlamini, seu porta-voz. Winnie “lutou cora-josamente contra o apar-theid e dedicou a sua vida pela liberdade do país”, tendo ainda “mantido viva a memória do marido, Nel-son Mandela, enquanto ele esteve preso em Robben Island” e ajudado a “dar à luta pela justiça na África do Sul uma das suas faces mais reconhecíveis”, acres-centou. Tinha 81 anos.

Enquanto Mandela es-teve preso, de 1964 a 1990, ela teve um destacado pa-pel político, assumindo a liderança do Congresso Nacional Africano (ANC). Foi um símbolo de resis-tência à política em que a minoria branca, os únicos com direito a voto, detinha todo o poder político e eco-nômico no país, enquanto à imensa maioria negra restava a obrigação de obedecer rigorosamente à legislação separatista. Essa luta lhe valeu o título de

“Mãe da Nação”, e também algumas detenções.

Em 1958, seis anos an-tes de o antigo presidente da África do Sul ter sido preso e condenado a pri-são perpétua, Winnie e Nelson Mandela se casa-ram e tiveram dois filhos. Divorciaram-se em 1996, embora tenham se man-tido próximos depois da separação - Winnie visitava o ex-marido no hospital quando este foi internado com uma infecção pulmo-nar, em 2013.

Em 1994, após as pri-meiras eleições democrá-ticas, Madikizela-Mandela foi eleita deputada e nome-ada vice-ministra de Arte e Cultura.

Em 2016, Winnie Man-dela recebeu a Ordem de Luthuli (uma comenda entregue pelo presidente da África do Sul aos que colaboraram com a cons-trução da democracia no país) pela “excelência da sua contribuição na luta pela libertação do povo da África do Sul”.

Em sua mensagem de Páscoa neste domingo, logo após o massacre co-metido pelas forças is-raelenses na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, o papa Francisco pediu paz chamando à “reconciliação da Terra Santa, vivendo nestes dias as feridas de um confronto que não pou-pa os indefesos”. Dois dias antes, na sexta-feira passada, na região foram assassinados 17 jovens, e ficaram feridos 1.400 civis durante o início da chamada Grande Marcha de Retorno organizada por organizações palesti-nas. A manifestação terá a duração de 45 dias nos territórios ocupados por Israel, para reivindicar o direito de todos os re-fugiados regressarem a sua pátria, suas terras e seus lares.

O papa Francisco, que improvisou a homilia para a missa na Praça São Pedro, no momento litúrgico mais importan-te da tradição cristã que comemora a ressurrei-ção de Cristo, também se referiu diretamente à “terra da Síria, que há tanto tempo sofre”. “Nesta Páscoa, que a luz de Cristo ressuscitado ilumine as consciências, para que um fim seja levado ao extermínio em curso”, assinalou.

Repassando os confli-tos que sufocam a huma-nidade e denunciando a violência e as injustiças

em diferentes partes do planeta, solicitou também que a ajuda humanitária seja autorizada a entrar nas áreas de conflito, e pela paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo.

O Pontífice pediu “fru-tos de consolação” para o povo venezuelano “que vive em terra estrangeira em seu próprio país” e rezou para que “encon-tre a via justa, pacífica e humana para sair quanto antes da crise política e humanitária que o opri-me”. Também recordou os venezuelanos que “são obrigados a abandonar sua pátria” e pediu que não lhes falte “acolhida e assistência”.

Francisco mencionou

a Península Coreana e desejou que “as conver-sas em curso promovam a harmonia e a pacifica-ção da região” e pediu aos responsáveis que “atuem com sabedoria e discernimento para promover o bem do povo coreano e construir rela-ções de confiança no seio da comunidade interna-cional”.

Em seu discurso em favor da paz e do diálogo, Francisco condenou as “injustiças e violências”, a “miséria e a exclusão”, a “fome”, a “falta de tra-balho”, a rejeição social para “os refugiados”, “as vítimas do narcotráfico, do tráfico humano e das distintas formas de escra-vidão” atuais.

O exército sírio declarou sua vitória total na luta contra as hordas terroristas na região de Guta Orien-tal, no último sábado (31). “Após uma série de batalhas bem pla-nejadas e operações de combate marcadas com altos níveis de co-operação e coordena-ção, as forças armadas, auxiliadas pelas forças aliadas, encerraram as operações militares na região leste de Guta, vizinha a Damasco, estabelecendo controle total em todas suas cidades e vilas”, disse em comunicado o Co-mando Geral das For-ças Armadas da Síria.

O comando sírio fez o anúncio no momento em que a cidade de Douma, último bas-tião dos terroristas na região, cedia ao avanço das forças nacionais sírias. Após um acordo com os terroristas dos bandos Jaish Al Islam e Failaq Al Rahman, no dia 2 de abril, 20 ônibus deslocaram 1416 inte-grantes dos bandos na direção de Idleb.

A campanha vi-toriosa coloca fim a uma onda de terror na região, que obri-gou 70 mil sírios a buscarem refugio nos abrigos do governo, para o qual o acesso se dava através de

corredores humani-tários assegurados pelas Forças Armadas da Síria. De acordo com o comunicado, a vitória encerrou uma série de operações ao eliminar centenas de terroristas e seus centros de comando, depósitos de armas e fortificações.

O documento res-saltou a importância dos corredores huma-nitários que davam acesso aos abrigos do governo, movimen-tação que diminuiu a possibilidade dos terroristas utilizarem a população civil como escudo humano. So-bre a região de Guta, o comunicado afirma que a vitória resta-belece a segurança e a estabilidade da cidade de Damasco, encerrando a aposta dos EUA e demais patrocinadores do ter-rorismo no sentido de atingir a capital do país.

Com a região de Guta declarada segu-ra, o trafego entre as estradas que ligam Damasco às regiões central, norte, litoral e leste das fronteiras com o Iraque será re-tomado por uma das vias centrais do país, a rodovia Zamalka, que estava bloqueada há sete anos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que os EUA vão retirar suas tro-pas da Síria. A de-claração foi feita du-rante um discurso aos trabalhadores do estado de Ohio. “Nós sairemos da Sí-ria muito em breve. Deixaremos outras pessoas resolverem isso”, afirmou na quinta-feira.

O presidente sí-rio, Bashar al-Assad, denuncia a presença estadunidense como uma afronta à so-berania síria e um movimento de ocu-pação de parte de seu território. Em suas denúncias.

A ação militar dire-ta dos EUA no territó-rio sírio teve início no ano passado, quando, a pretexto de liberar Raqqa do Estado Is-lâmico (EI), começou uma onda de bombar-deios aéreos na região.

O governo sírio tem denunciado esta

violação do direito internacional que apesar de ser reali-zada sob pretexto de combate aos terroris-tas mais fanatizados acaba por favorecer as hordas ao gerar insta-bilidade nas regiões que EUA ocupa sem ser convidado.

Em mais de uma vez, tropas sírias fo-ram atacadas pelos Estados Unidos, um desses ataques, uma unidade síria avan-çava para retomar a histórica cidade de Palmira dos terro-ristas do EI. O ata-que matou dezenas de soldados sírios e os EUA disseram que ‘erraram o alvo’.

Trump nada falou sobre os desastrosos ataques aéreos so-bre Raqqa, que nas missões contra alvos terroristas, causaram massivas baixas ci-vis e a destruição de quase toda a cidade de Raqqa, a leste do rio Eufrates.

O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, foi reeleito com 97% dos votos, conforme anunciou na segunda-feira a Comissão Eleitoral egípcia. No en-tanto, com 60% de abstenção, o presidente assume com pouco menos de 40% de apoio por parte dos eleitores de seu país.

Já nas eleições de 2014, a abstenção havia sido de 53%.

As eleições deste ano foram consideradas uma farsa pelo conjunto das forças de oposição depois de uma série de detenções, atentados e pressões sobre todos os que se lançaram candidatos, à exceção de Mussa Mustafá Mussa, que obteve menos de 3% dos votos e que era do partido Ghad, apoiador do governo do presidente reeleito.

Nas eleições de 2011 (parlamento) e 2012 (pre-sidenciais) houve intenso debate como recorda o escritor egípcio Muhannad Sabry. Foram realizadas logo após o afastamento do ditador Osny Mubarak, ocorrido após as gigantescas e persistentes manifes-tações da Praça Tahrir, no centro do Cairo.

Mas os governos que sucederam, nem o de Morsi (do grupo historicamente antinasserista Irmandade Islâmica), nem o general Sissi que comandou o movimento que afastou Morsi, não levaram adiante as demandas da praça.

Ao contrário, como denuncia a jornalista egípcia, Rania Al Malky, além do afastamento compulsório dos opositores neste pleito, Sissi manteve o cerco a Gaza (em acordo com o regime israelense) e, também cedeu a empresa israelense, Delek, a exploração de reservas de gás no deserto de Sinai.

O esforço para diminuir a abstenção não foi pequeno. Além de multa aos que não foram votar, apelos pelos meios de comunicação, claques orga-nizadas pelo governo com bandeiras egípcias nas proximidades das urnas e votação estendida por três dias das 8:00 h às 22:00 h.

Sintomático foi a louvação do representante de negócios dos EUA no Egito, Thomas Goldberger, que com as salas de votação vazias declarou: “Nós americanos estamos impressionados com o entu-siasmo e patriotismo dos eleitores egípcios”.

Após o massacre per-petrado por soldados israelenses, obedecendo ordens do Estado Maior,

dispondo 100 atiradores que abriram fogo sobre uma multi-dão de 50 mil palestinos que se dirigiram em marcha pacífica à fronteira da Faixa de Gaza com Israel, dia 30 de março (o que resltou em 17 mortos e 1.500 feridos em um dia), o governo israelense declara que não aceita a investigação “independente e transparente” solicitada pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres .

Ao invés disso, o premiê Bibi Netanyahu, saudou os perpre-tadores do massacre: “Respeito os soldados que guardaram as nossas fronteiras e permitiram que os israelenses celebrassem o feriado em paz”.

A Marcha do Grande Retor-no foi convocada em conjunto por diversas organizações e partidos palestinos inclusive os principais, Fatah e Hamas e tem por objetivo demonstrar que os palestinos não abrem mão de sua nacionalidade, so-berania e do direito de retorno aos lares e aldeias de onde foram expulsos na Nakba, a Catástrofe, como chamam a limpeza étnica planificada, que levou a campos de refugiados cerca de 800 mil palestinos quando da implantação do Es-tado de Israel, em 1948.

70% dos dois milhões de palestinos que vivem hoje na Faixa de Gaza são pessoas que foram expulsos de seus lares em 1948, ou seus descentes.

As manifestações que come-çaram no Dia da Terra, data, em que, em 1976, foram mor-tos 6 jovens que participavam dos protestos pelo tratamento dado por Isael aos árabes que vivem em seu território: se-guem tomando-lhes terras, dificultando-lhes a construção de moradias, restringindo-lhes direitos através de uma série de

leis e normas discriminatórias. Os atos previstos devem

seguir até o dia 14 de maio quando foi instalado o Estado de Israel.

Antes das demonstrações o chefe do Estado Maior general Gadi Eizenkot, deu orientação aos soldados de abrirem fogo e declarou publicamente: “As instruções são para o uso de muita força”.

Os organizadores da mar-cha alertaram os manifestan-tes a que permanecessem não violentos. Dezenas de cartazes foram dispostos ao longo da fronteira em árabe, inglês e hebraico com dizeres: ‘Nós não estamos aqui para um confronto, estamos marchando para retornar a nossas terras’”.

Mas é exatamente isso que Israel, de maioria judaica artificial e imposta por leis, assassinatos e prisões em massa de caráter racista, não quer permitir.

Os palestinos estão ele-vando o nível massivo das manifestações também por que este 14 de maio, o gover-no norte-americano, decide transferir sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém e o faz, passando por cima de um consenso mundial de não reconhecer Jerusalém como capital de Israel enquanto o setor árabe da cidade, seguir ocupado, como ocorre desde 1967 e enquanto o Estado da Palestina, já reconhecido pela ONU, não for legitimado por negociações de paz, a li-bertação dos os mais de 6 mil presos políticos, a desocupação da Cisjordânia e Gaza, e o desmonte dos assentamentos judaicos ilegais, construídos ao longo destes 50 anos em terras assaltadas aos palestinos.

A Autoridade Nacional Palestina declarou o sábado, dia 31 de março, “Dia de luto pela alma dos mártires”.

NATHANIEL BRAIA

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu “uma investigação independente e transparente sobre o uso des-proporcional e massivo de for-ça letal” durante o massacre ocorrido em Gaza no dia 30 de março.

A ONU chamou Israel a se pautar “de acordo com os direi-tos humanos e as leis e normas internacionais que tratam com a discordância”.

No sábado, os funerais dos palestinos mortos reuniram milhares de parentes e pessoas solidárias aos mártires daquela que os palestinos estão chaman-do de Sexta-Feira Sangrenta. Atendendo ao chamado da Au-toridade Nacional Palestina, na Cisjordânia foi observado um Dia Nacional de Luto. Lojas, órgãos de governo, escolas e universi-dades suspenderam atividades.

A manifestação, que resultou em 17 palestinos mortos e 1.500 feridos, acontece no momento em que são completados 10 anos de bloqueio a Gaza, e duas agressões, causando, além da falta de água potável, apagões generalizados, mais de dez mil casas destruídas e milhares de palestinos mortos nos dois bombardeios.

O Conselho de Segurança da ONU, convocado a pedido do Kuwait, Egito e Jordânia, não tirou resolução condenando o massacre devido ao veto inter-posto pelo governo americano. A representante dos EUA, Nick Halley, declarou, que “Israel tem o direito de se defender”.

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, condenou “o fato do CS da ONU haver se negado a um posicionamento depois do massacre hediondo de manifestantes pacíficos”. “O Conselho de Segurança deveria estar à altura de sua responsa-bilidade e agir para enfrentar esta situação que é uma clara ameaça à paz e à segurança internacionais”, declarou o palestino.

Egito e Jordânia, denuncia-ram o “uso desproporcional de força usado por Isael contra os manifestantes desarmados” e a

Rússia declarou seu repúdio “ao uso indiscriminado de força con-tra civis”. A França pediu que Israel se contenha na repressão às manifestações e o presidente turco, Tayep Erdogan, declarou que Netanyahu é “terrorista” e “invasor”.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon (o mesmo que foi recusado pelo governo brasileiro como embaixador devido a sua posição de chefe da organização que articula o assalto de terras palestinas para assentamentos judaicos), declarou que os palestinos é que estão “enganando a comu-nidade internacional” e chamou a manifestação de “encontro terrorista violento”, apesar de não haver nenhum ferido do lado israelense e da multidão de perdas entre os manifestantes.

Ao justificar o massacre, o governo de Israel publicou fotos com 10 dos palestinos mortos dizendo que eram “terroristas”. Mas as mentiras não se susten-tam, não é por acaso que o go-verno israelense nega-se a levar a cabo a investigação solicitada pela Secretaria-Geral da ONU.

O caso mais gritante dentre as mentiras foi o do jovem, Abdul Fattah Abdul Nabi, que consta entre os ‘terroristas’ apontados por Israel, de 18 anos, que em vídeo é visto correndo da cerca e atingido na cabeça morrendo instantaneamente.

Em declarações reproduzi-das pelo Washington Post, os familiares informam que ele trabalhava na loja de falafel de familiares e que nas sextas-feiras ajudava na cozinha. Na tenda montada para velar Nabi, não há nenhuma insígnia ou bandeira de partido palestino e não há fotos de Nabi com uniforme militar, o que carac-terizaria pertinência a braço armado do Hamas.

O vídeo com Nabi, atingido pela bala israelense está no link

https://www.washingtonpost.com/world/israel-threatens-to-expand-response-if-gaza-vio-lence-continues/2018/03/31/aab4d494-3464 -11e8 -b6bd-0084a1666987_story.html?utm_ter-m=.5e0c1b58f966

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INTERNACIONAL4 E 5 DE ABRIL DE 2018 HP

ANTONIO PIMENTA

Luther King se dirige à multidão antes e proferir o lendário “I Have a Dream”

Michael Levine, ex-agente da DEA, nolivro “A grande mentira branca” descreve o conluio da CIA com cartéis de drogas

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PeloMundoDEA, CIA e cartéis associados

CAIO REARTE*

Kim Jong Un prestigia aapresentação de artistasdo sul em Pyongyang

China taxa produtos americanos em até 25% para retaliar guerra de Trump

Martin Luther King: o gigante que derrotou o apartheid nos EUA

Moscou defende uma investigação aberta e imparcial sobre o caso do ex-espião Skripal

Governador da região de Kemerovorenuncia após incêndio que matou 64

Ao longo de pouco mais de uma década, Luther King liderou a luta que pôs fim às leis que sustentavam a segregação racial. Um ano após condenar a guerra do Vietnã King foi assassinado

*Caio Rearte é colaborador do HP e editor do blog caiorearte.blogspot.com Twitter: caiorearte2

A agência federal de combate às drogas dos EUA, a Drug Enforcement Agency, é uma piada. É como se você criasse uma agência pra acabar com os supermercados do país. Aí fecha O Dia, Supermercado Barbosa, Supermercado Violeta, mercadi-nho do bairro... E deixa Wal-Mart, Extra e Carrefour abertos.

Não é culpa de seus agentes. É que quan-do eles chegam próximos dos barões das dro-gas, a CIA entra em cena e mela a operação. Se prendem algum, é porque foi feito algum acordo. Estamos vendo isso com “El Chapo”, o maior traficante do México, que está preso, mas não foi acusado de vários crimes que cometeu (ou seja, houve um acordo).

Há vários anos atrás, fizeram o mesmo com Danilo Blandón, da Nicarágua. Quan-do a DEA ia prender o mega-traficante em flagrante, alguém sempre o avisava - suspei-ta-se que era a CIA, já que Blandón estava ajudando a financiar o exército dos “Contras” na guerra secreta da CIA na Nicarágua. Eventualmente transformaram Blandón em informante e ele ganhou várias proteções.

Outra mega-traficante protegida pela CIA foi Sonia Atala, uma boliviana. O ex-agente da DEA Michael Levine conta em detalhes como conseguiu ficar próximo dela e descobriu que ela estava negociando toneladas de cocaína para o Ministro do Interior da Bolívia Luis Arce Gomez. Ele estava próximo de atrair para dentro dos EUA o “Ministro da Cocaína”, como Gomez era conhecido, porém sua operação foi sa-botada. A CIA fez parte da conspiração pelo golpe de 1980 na Bolívia, que ficou conhe-cido como o Golpe da Cocaína. Toda a alta cúpula militar estava envolvida no negócio e todos eram considerados “associados” da CIA. Sonia atualmente tem uma nova identidade e está no programa de proteção a testemunhas, mas segundo Levine ela continua traficando. A partir da segunda-feira,

2 de abril, a China iniciou a aplicação de tarifas de 15 e 25% para 128 produtos importados dos Estados Uni-dos, em resposta às medidas do presidente norte-america-no, Donald Trump, de impôr duras taxas aos produtos do país asiático, informou o Mi-nistério de Finanças chinês.

“Com o objetivo de pro-teger nossos interesses e compensar os danos causados pelas medidas adotadas pelos Estados Unidos, a partir de 2 de abril a China cessa suas obrigações de reduzir os impostos alfandegários para 128 produtos de sete categorias importadas dos EUA”, declara o mencionado ministério em comunicado publicado neste domingo em sua página web.

Sobre a base das tarifas atuais para 120 artigos, in-cluídas frutas como maçãs, nozes e amêndoas, o imposto será de 15% e, para outros oito produtos, incluída a car-

ne de porco ou o alumínio, será de 25%, conforme a nota. A medida afeta sobre-tudo áreas rurais dos Esta-dos Unidos, onde se concen-tram muitos dos apoiadores de Trump. Pelas contas do governo chinês, no ano passado, as importações chinesas desses produtos, a partir dos EUA, fixaram-se em três bilhões de dólares. A China assegura que se trata de “medidas legítimas para acompanhar as regras da Organização Mundial de Comercio (OMC) e salva-guardar seus interesses”.

Pequim anunciou a me-dida depois que o presidente americano firmara no dia 22 de março um memoran-do para impôr tarifas

alfandegárias a produtos importados oriundos da China até alcançar a cifra de 60 bilhões de dólares por ano.

Após o anúncio de Trump, as autoridades chinesas divulgaram uma

série de advertências, e dis-seram inclusive que respon-deriam com a mesma moeda para proteger-se da “guerra comercial” desatada por Wa-shington. Não foram ouvidos.

O chanceler chinês as-severou que a “China quer compartilhar suas oportu-nidades de desenvolvimento com outros sócios, mas essas medidas significarão o fecha-mento de portas por parte do gigante asiático”.

Desde o início de seu go-verno, Trump tem adotado medidas polêmicas para cum-prir sua promessa de proteger os trabalhadores de seu país frente às importações. Em resposta a atos como o aban-dono do Tratado de Livre Co-mercio da América do Norte (TLCAN ou NAFTA, por suas siglas em inglês) ou o recente anúncio de impostos ao aço e ao alumínio procedentes da União Europeia (UE), os países afetados anunciaram represálias e expressaram sua contrariedade.

O líder da Coreia Popular, Kim Jong Un, afirmou que o show “A primavera está che-gando” foi “profunda-mente comovente”. O espetáculo celebrado em Pyongyang, no do-mingo (1º), por artis-tas da Coreia do Sul, faz parte dos esforços de integração e reuni-ficação iniciados por ambos os governos nos Jogos Olímpicos de Inverno.

A apresentação ocorreu no Grande Teatro do Leste de Pyongyang, onde Kim assistiu o show acompanhado de sua mulher, Ri Sol Ju, do ministro da Cultura da Coreia do Sul, Do Jon-g-hwan, bem como de diversas autoridades de ambos os governos. Ao avaliar o espetácu-lo, o ministro sul-co-reano ponderou que o líder norte-coreano “demonstrou muito interesse pelo espetá-culo, fazendo muitas perguntas sobre as músicas e suas letras”.

Ao comentar sobre a apresentação, Kim se disse “profundamente comovido” ao “ver o nosso povo aclamar de forma sincera a perfor-mance, aprofundando a compreensão da arte popular do lado sul”. “Quando essa boa at-mosfera é preservada com carinho e conti-nuamente, no caminho de nossos compatriotas floresce a primavera”.

Esta foi a primeira participação oficial de Kim como espectador de um show sul-core-ano realizado em seu país. Ao se reportar à equipe de 160 ar-

tistas sul-coreanos ele expressou “seus agradecimentos mais profundos”. Entre os artistas também esta-vam 11 cantores pop da Coreia do Sul, que em sua apresenta-ção cantaram alguns de seus sucessos ao público norte-corea-no. Porém no encer-ramento, os artistas concluíram o show de forma conjunta cantando a música “Nosso desejo é a reu-nificação”.

Além de elogiado pelas autoridades da Coreia Popular, a performance foi acla-mada pelo público, que se manteve em-polgado durante toda a apresentação. Ao final, o público sau-dou de forma entu-siasmada os artistas enquanto jogavam flores no palco. Kim, por sua vez, termina-da a apresentação, se dirigiu aos principais artistas da delegação e os cumprimentou, agradecendo mais uma vez pelo espe-táculo bem-sucedido.

Apesar dos esforços de reaproximação, a Coreia do Sul e os EUA manterão seus exercícios militares na fronteira com a Co-reia Popular, reduzi-dos a um mês, em vez de dois e com menos armamentos que nos anteriores.

Por outro lado, está agendado para o próximo dia 27 um encontro entre Kim Jong-un e o presiden-te sul-coreano, Moon Jae-in, no sentido de aprofundar as rela-ções intercoreanas.

O governador de Keme-rovo, na Sibéria, Aman Tu-leyev, teve sua renúncia aca-tada pelo presidente russo, Vladimir Putin, no domingo (1º). “Aman Tuleyev apre-sentou a renúncia de suas funções como governador da Região de Kemerovo de forma voluntária”, afirma um trecho do comunicado publicado pelo governo local.

A renúncia se deu uma semana após o incêndio do shopping da cidade, que deixou um total de 64 mor-tos, na sua maioria crian-ças. O número de vítimas fez do incidente um dos quatro maiores incêndios

já ocorridos na Rússia. A tragédia mobilizou o país com manifestações de so-lidariedade e indignação, com multidões tomando as praças e igrejas cantando “Kemerovo, estamos com você”, ou aos gritos exigin-do “verdade” e “justiça”, durante a semana passada.

Enquanto Tuleyev jurou ter feito o “seu melhor” em vídeo onde anunciou sua renúncia, dizendo que esta era a decisão correta para amenizar a tragédia que se tornou num “fardo muito pesado”, o Comitê de Investigação russo afirma a “negligência criminosa”

como causa do incêndio, con-forme declarado por Putin na semana passada.

De acordo com as in-vestigações preliminares, o sistema automatizado de combate a incêndios estava quebrado bem como as portas de emergência bloqueadas. Além desses crimes, o centro comercial funcionava de forma ilegal, operando sem as licenças exigidas. O edifício foi construído em 1968 para ser uma fábrica de choco-lates, sendo reaberto em 2013 como um shopping sem a adequação para sua nova função.

Há 50 anos, o maior líder negro da his-tória dos Estados Unidos, o reverendo

Martin Luther King, que en-cabeçou a luta que pôs fim ao apartheid institucionalizado no país, foi assassinado em Memphis, exatamente um ano após ter condenado na Igreja Riverside a agressão ao Vietnã e denunciado o governo de Washington como o “maior perpetrador de vio-lência no mundo”.

Ao longo de pouco mais de uma década, a mobilização da qual foi o principal inspirador e porta-voz varreu as Leis Jim Crow de discriminação - ‘abençoadas’ pela Suprema Corte em 1879 em traição a Lincoln - e arrancou o fim da separação nas escolas, bebedouros e transportes, da cassação do direito de voto e da miríade de detalhes atra-vés dos quais os negros eram mantidos segregados, empo-brecidos e embrutecidos.

Assim como na África do Sul, o racismo instituciona-lizado era cinicamente deno-minado de “Separados mas Iguais” e se fazia de conta que a Ku Klux Klan era uma associação benemérita. As marchas pelos direitos civis, os bloqueios a ônibus e as explosões de fúria nos guetos botaram tudo isso abaixo. Foram assinadas as leis dos Direitos Civis, do Voto, a Lei que proibiu discriminação ao alugar casa e a liberava os casamentos interraciais. O governo federal foi levado a agir com tropas nos estados do Sul para garantir os direi-tos civis e coibir os racistas. Lyndon Johnson promulgou o programa Guerra à Pobreza. As escolas foram integradas.

Uma vitória tão magnífica que hoje em dia até os mais em-pedernidos reacionários tecem loas sobre Martin Luther King e sabem de cor a citação do “Eu Tenho um Sonho”. Ao ser mor-to aos 39 anos, Luther King havia se mudado para Chicago (para combater o racismo ar-raigado mas menos explícito no norte do país), preparava uma Marcha a Washington contra a pobreza, unindo negros, brancos e latinos, e dialogava com Malcom X, Bob Kennedy e Stokely Carmichael.

No entanto, desde que havia assumido abertamente a condenação da agressão ao Vietnã, Luther King passara a ser hostilizado abertamente por antigos aliados do movi-mento dos direitos civis – o que foi recentemente mostrado pelo documentário “King in the Wilderness” (King no De-serto, em uma tradução livre). O FBI acelerou a implacável perseguição que movia a ele.

PRESENÇA EM MEMPHISA presença de Luther King

em Memphis, capital do Ten-nessee, foi para apoiar a greve dos trabalhadores do sanea-mento, que foi provocada pela morte de dois operários, que haviam sido esmagados até a morte na parte de trás do caminhão de lixo, porque ocor-reu uma tempestade quando estavam num bairro branco e, pelas leis racistas, o único abrigo que poderiam encon-trar seria no próprio lixo. Uma vassoura caiu, acertou uma alavanca, que pôs em ação a compactação. Essa é a razão do mote da greve ser “Eu sou um homem”. A luta era tam-bém pela dignidade essencial: eles estavam sendo esmagados como o lixo que pegavam, e ninguém se importava, como registrou o Democracy Now.

Exatamente no mesmo 4 de abril, um ano antes, Luther King decidira que era hora de “quebrar o silêncio” sobre a guerra de agressão ao Vietnã, e como isso afetava a luta contra o racismo e a pobreza internamente. Ele denunciou como os progra-mas anti-pobreza haviam sido “sucateados por uma sociedade enlouquecida pela guerra”. “Então eu fui cada vez mais obrigado a ver a guerra como um inimigo dos pobres e a atacá-la como tal”.

O doutor King denunciou a “cruel ironia de assistir garotos negros e brancos nas telas de tevê matando

e morrendo juntos por uma nação que tem sido incapaz de sentá-los nas mesmas escolas”, em uma “brutal solidariedade”, queimando juntos cabanas em uma aldeia pobre, “mas perce-bemos que eles dificilmente viveriam no mesmo quartei-rão de Chicago. Eu não podia ficar em silêncio diante de uma manipulação tão cruel dos pobres”. Falando sobre a devastação através dos bombardeios e a matança indiscriminada de civis, es-timou em “um milhão deles, principalmente crianças”.

Denúncias que a grande mídia na época classificou de um “roteiro da Rádio Ha-nói”. Luther King foi além, apontando a guerra como “um sintoma de uma doença muito mais profunda den-tro do espírito americano”. Quando “a motivação pelo lucro e os direitos de pro-priedade são considerados mais importantes do que as pessoas, os trigêmeos gigantes do racismo, do materialismo e do militarismo são incapazes de serem conquistados”. A América “jamais poderá ser salva enquanto destruir as mais profundas esperanças dos homens no mundo intei-ro”. Três mil pessoas lotavam a igreja de Riverside nesse dia.

Dificilmente, tal diagnós-tico poderia ser mais preciso sobre os EUA de hoje, depois de 16 anos seguidos de inter-venções militares no Iraque, Síria, Líbia, Afeganistão e outros países, milhões de mortos e refugiados, e após proclamações de ser “o país excepcional”, acima de to-dos os demais, proclamação também feita pelo primeiro presidente negro, Barack Obama, e diametralmente oposta ao humanismo de Luther King. O tiro que o matou na varanda do hotel Lorraine foi atribuído a Ja-mes Earl Ray, que morreu na prisão em 1998, aos 70 anos de idade, e que é considerado pela família de King como mero bode expiatório.

PLUTOCRACIAO fato de alguns negros

terem ascendido às filas da plutocracia – caso de Obama, Colin Powell e Condoleezza Rice – não muda a situação da imensa maioria. Havia mais negros encarcerados em 2008 do que escravos em 1850. Sendo 13,3% da po-pulação, os negros são 33% da população carcerária dos EUA, que é a maior do mun-do. A integração nas escolas recuou: em 1988, cerca de 44% dos estudantes negros frequentavam escolas de maioria branca, o que caiu hoje para 20%. Conforme o Censo, em 2016 o salário médio anual nos EUA era de US$ 57.617, mas para as famílias negras, apenas US$ 38.555 – contra US$ 80.720 no caso de uma família bran-ca. O assassinato de negros desarmados por policiais que ficam impunes tornou-se uma verdadeira epidemia.

Em seu último discurso, Luther King se mostrava consciente do preço pelas escolhas que fez, por seu povo e pela imensa maioria. “Bem, eu não sei o que vai acontecer agora. Vamos ter dias difíceis pela frente. Mas isso realmente não importa para mim agora, porque eu já estive no topo da montanha. Eu não me importo. Como qualquer um, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem seu lugar. Mas eu não estou preocupado com isso agora. Eu só quero fazer a vontade de Deus. E ele me permitiu subir a montanha. E eu olhei a terra prometida. Eu não posso chegar lá com vocês, mas eu quero que vo-cês saibam hoje à noite que nós, como povo, chegaremos à terra prometida Então es-tou feliz esta noite. Eu não estou preocupado com nada. Eu não estou com medo de homem algum! Meus olhos viram a glória da vinda do Senhor!”.

Alexander Shulgin, re-presentante permanente da Rússia na OPAQ (orga-nização da ONU de fiscali-zação das armas químicas), afirmou que a posição de Moscou sobre o “inciden-te de Salisbury” é clara: “Defendemos uma investi-gação abrangente, aberta e imparcial”. Ele advertiu ainda que, se for negado aos especialistas russos o direito de participar da investigação da OPAQ, Moscou rejeitará suas conclusões, apesar dos resultados.

“É por isso que convo-camos uma extraordinária sessão especial da organiza-ção em 4 de abril. Estamos fazendo mais uma tentativa de tirar a situação do im-passe, onde os britânicos a lançaram”, apontou o repre-sentante russo. No dia 4, o ex-agente duplo Sergei Skripal, e sua filha Yulia, em visita ao pai na Inglaterra, foram en-contrados em estado crítico

segundo o governo May.A Rússia também enviou

uma carta com 13 pergun-tas análoga aos questio-namentos já entregues a Londres e a Paris sobre o caso Skripal.

“O que exatamente a Grã-Bretanha está pedin-do à Secretaria Técnica da OPAQ para confirmar: somente o fato de que um agente nervoso foi usado ou que pertence ao tipo ‘No-vichok’ sob a classificação ocidental?”, lê-se em uma das perguntas.

Moscou indagou ainda que tipo de amostras e outras evidências foram entregues pelos britânicos e se a Secretaria Técnica tem planos de compartilhar suas informações com o Conse-lho Executivo do órgão, do qual a Rússia é membro.

Também deseja saber quem eram os líderes e membros da equipe que foi à Inglaterra, quanto tempo

ficaram e com quem intera-giram.

A carta pergunta ain-da se o princípio básico da Convenção de Armas Quí-micas (a chamada “cadeia de custódia”) foi respeitado. Esse princípio estabelece documentação cronológica da ordem na qual as amos-tras, dados e registros são tratados pelas várias partes envolvidas em uma inves-tigação. A Rússia também quer saber quais serão os laboratórios da OPAQ que irão analisar as amostras trazidas do Reino Unido.

A Rússia solicitou à OPAQ que explique o envolvimento da França na investigação do caso Skripal, que foi um crime envolvendo cidadãos russos em solo britânico, sem efeito aparente nos interesses fran-ceses. Moscou também está se perguntando se a França havia notificado a OPAQ que o Reino Unido pediu para se juntar à investigação.

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João Goulart: “Ninguém impedirá o povo de construir o desenvolvimento”

ESPECIAL

O presidente João Goulart, no alto e, acima, com os filhos João Vicente Goulart e Denise Goulart

JOÃO GOULART

A passagem, a 1º de abril, dos 54 anos do golpe de 1964, provocou as reações mais ou menos esperadas. De nossa parte, já abordamos extensa-mente esse episódio histórico, cujas marcas, infelizmente, não foram de todo ainda supe-radas (v. Figuras e figurinhas em 1964: antes e depois do golpe contra o Brasil).

Aqui, faremos apenas um resumo – e muito breve.

O golpe de 1964 foi diri-gido contra o país – com a participação decisiva da CIA (o adido militar norte-ameri-cano no Brasil, que articulou diretamente a derrubada do presidente Goular t, era o notório Vernon Walters) e

do Departamento de Estado (Lincoln Gordon); certamen-te, os EUA não colocariam uma esquadra nas costas do Brasil para apoiar o golpe – a chamada Operação Brother Sam – se ele não correspon-desse aos seus interesses, não aos do Brasil.

A repressão que se seguiu a 1º de abril de 1964 atingiu todos os setores nacionais – inclusive os militares. Aqui, cabe atualizar nossos dados: segundo o último levantamen-to, realizado pela Comissão da Verdade, houve 7.500 militares presos ou cassa-dos. Entre estes estavam 53 oficiais-generais.

Hoje, publicamos, aqui, o

manifesto do presidente João Goulart, divulgado em Monte-vidéu a 24 de agosto de 1964.

Exilado, Jango escolheu a data do martírio do presiden-te Getúlio Vargas para dirigir-se ao povo brasileiro – e fazer um balanço dos aconteci-mentos desde abril, além de sintetizar o seu programa de governo, mostrando, a partir dele, o caráter do golpe.

Não é um documento muito conhecido. Por isso mesmo, achamos que, nesta data, é importante que dele tomemos conhecimento.

Conhecer o passado é, naturalmente, condição para construir o futuro.

C.L.

Decretei, brasileiros, a regulamentação da lei de disciplina do capital estrangeiro. Decretei o monopólio da importação do petróleo e a encampação das refinarias particulares. Decretei a desapropriação de terras, objeto de especulação do latifúndio improdutivo. Decretei a implantação da empresa brasileira de telecomunicações. Lutei pela Eletrobrás. Decretei a limitação dos aluguéis, dos preços dos remédios, dos calçados, das matrículas escolares, dos livros didáticos. Hoje, os aumentos incontrolados do custo das utilidades indispensáveis à vida dopovo atingem limites insuportáveis.Promovi, por todos os meios, campanha intensiva de educação popular, para suprimir o analfabetismo em nossa Pátria. Estimulei os investimentos que promovessem maiores oportunidades de trabalho. Quis vencimentos dignos para todos os servidores públicos, civis e militares. Assegurei aos trabalhadores do campo o direito legal de organizarem seus sindicatos e defendi o salário real de todos os brasileiros, que deve acompanhar a elevação do custo de vida, respeitando a liberdade constitucional dos seus movimentos reivindicatórios legítimos

az hoje dez anos que a Nação, traumatizada, assistiu ao supremo sacrifício de Getúlio Vargas. Nunca deixei de me dirigir a todos vós, neste dia, que está de-

finitivamente incorporado à nossa história, marcando, no Brasil republicano, o instante heroico do saudoso estadista que empenhou a própria vida para conter as terríveis forças do obscu-rantismo e para que pudés-semos prosseguir na dura caminhada da libertação do nosso povo e da nossa Pátria. É, pois, a luta do povo pela liberdade e pela conquista das reformas es-truturais profundas e cris-tãs da sociedade brasileira que, mais uma vez, conduz ao encontro dos vossos anseios e das vossas mais aflitas esperanças.

Deixo, assim, no exílio em que me acho, o silêncio a que me havia imposto para voltar à intimidade honrada dos vossos lares, muitos já violados, dos vossos sindi-catos, oprimidos; das vos-sas associações, atingidas pelo ódio da reação, com uma palavra de advertên-cia, mas, sobretudo, de fé inquebrantável no destino do nosso país. Esta palavra já não parte do Presiden-te da República. Não vos posso, também, dirigi-la da praça pública, onde tantas vezes nos encontramos. Dominam a Nação o arbí-trio e a opressão.

A reconquista das liber-dades democráticas deve constituir o ponto básico e irrenunciável da nossa luta, a luta corajosa do povo brasileiro para a emanci-pação definitiva do Brasil. Duas vezes preferi o sa-crifício pessoal de poderes constitucionais à guerra civil e ao ensanguentamen-to da Nação. Duas vezes evitei a luta entre irmãos. Só Deus sabe quanto me custou a deliberação a que me impus e pude impor a milhões de patriotas.

Em 1961, tolerei as ma-quinações da prepotência e consenti na limitação de poderes que a Constituição me conferia, para, depois, restaurá-los democratica-mente, pela livre e esmaga-dora deliberação da vontade popular. Nunca recorri à violência. Os tanques, os fuzis e as espadas jamais, historicamente, consegui-ram substituir, por muito tempo, a força do direito e da justiça. A função que a Constituição lhes impõe é a defesa da soberania do país e de suas instituições e nun-ca a tutela do pensamento do povo, para suprimir e

esmagar suas liberdades, como pretendem alguns chefes militares.

Este ano, depois de re-cusar-me à renúncia que nunca admiti, resolvi, pelo conhecimento real da situ-ação militar, não consentir no massacre do povo. Não só porque contrariava minha formação cristã e liberal, mas porque eu sabia que o povo estava desarmado. Eu sabia que a subversão, far-tamente denunciada e mui-to bem paga, na profusão de rádios, jornais e televisão, era o preparo da mentira do perigo comunista, que iria constituir o ponto de partida para concretização da quartelada, a fim de que, assim, pudessem es-magar as justas aspirações populares que o meu Go-verno defendia. Baniram, ditatorialmente, o direito de defesa; humilharam a consciência jurídica nacio-nal; suprimiram o poder dos tribunais legítimos. Invadiram universidades, queimaram bibl iotecas; não respeitaram sequer as mesmas igrejas onde antes desfilavam as contas de seus rosários. Trabalhadores, estudantes, jornalistas, profissionais liberais, artis-tas, homens e mulheres são presos pelo único crime da opinião pública, da palavra ou das ideias. Cassam cen-tenas de mandatos popula-res. Porventura são trapos de papel os compromissos internacionais que assumi-mos na Declaração Univer-sal dos Direitos do Homem e na Carta organizatória das Nações Unidas?

Pessoalmente, tudo pos-so suportar, como parcela do meu destino na luta da emancipação do povo bra-sileiro. O que não posso é calar diante dos sofrimen-tos impostos a milhares de patrícios inocentes e do esmagamento das nossas mais caras tradições re-publicanas. Hoje, lançam contra mim toda a sorte de calúnias. Sei que continu-arão a injuriar-me. Mas o julgamento que respeito e que alguns temem é o do povo brasileiro. É possível que haja cometido erros no meu Governo. Erros da contingência humana. Mas tudo fiz para identificar-me com os sentimentos do povo e da Nação e posso afirmar que assegurei a todos os brasileiros, inclu-sive a meus adversários, o exercício mais amplo das liberdades constitucionais. Deus não faltará com seu apoio à energia do povo para a reconquista de suas liberdades. Ninguém impe-dirá o povo de construir o

desenvolvimento nacional e dirigir o seu próprio des-tino.

Tudo fiz por um Governo democrático e justo, no qual se processassem, pacifica-mente, com a colaboração dos órgãos legislativos, as transformações essenciais da sociedade brasileira; quis um Governo que incorpo-rasse à família nacional, com acesso aos benefícios da civilização do nosso tem-po, os milhões de patrícios humildes do campo e as áreas marginalizadas da população urbana; empe-nhei-me por um Governo que exprimisse os anseios legítimos dos trabalhado-res, dos camponeses, dos estudantes, dos intelectu-ais, dos empresários, dos agricultores, do homem anônimo da rua para, todos juntos, travarmos a difícil luta contra a miséria, a doença, o analfabetismo, o desemprego e a fome. Sobre mim recaiu, então, todo o ódio dos interesses contrariados.

Promovi o reatamento de relações diplomáticas com as nações do mundo e assumi a responsabilidade de alargar nossos mercados, no interesse único da econo-mia do país e do bem-estar do nosso povo. Executei uma política externa inde-pendente. Condenamos o colonialismo, sob qualquer disfarce, defendendo os princípios da não-interven-ção e da autodeterminação dos povos. Nunca transigi com a dignidade do meu país e o respeito à sua sobe-rania. Hoje, representantes estrangeiros interferem publicamente nos assun-tos internos do país ou conhecidas organizações monetárias internacionais fixam, unilateralmente, condições humilhantes, em cláusulas de negociações, para ajudas ilusórias que, internamente, agravam o sofrimento do nosso povo e, externamente, aviltam os preços dos nossos principais produtos de exportação. E já se fala na execução de acor-dos que abrirão o caminho legal para a instalação, em nosso território, de impor-tantes bases militares, sob o controle e o comando de outras nações.

Decretei, brasileiros, a regulamentação da lei de

disciplina do capital estran-geiro. Decretei o monopólio da importação do petróleo e a encampação das refina-rias particulares. Decretei a desapropriação de terras, objeto de especulação do latifúndio improdutivo. Decretei a implantação da empresa brasileira de telecomunicações. Lutei pela Eletrobrás. Decretei a limitação dos aluguéis, dos preços dos remédios, dos

calçados, das matrículas escolares, dos livros didá-ticos. Hoje, os aumentos incontrolados do custo das utilidades indispensáveis à vida do povo atingem limi-tes insuportáveis.

Promovi, por todos os meios, campanha intensiva de educação popular, para suprimir o analfabetismo em nossa Pátria. Estimulei os investimentos que pro-movessem maiores oportu-

nidades de trabalho. Quis vencimentos dignos para todos os servidores públi-cos, civis e militares. Asse-gurei aos trabalhadores do campo o direito legal de or-ganizarem seus sindicatos e defendi o salário real de to-dos os brasileiros, que deve acompanhar a elevação do custo de vida, respeitando a liberdade constitucional dos seus movimentos reivindi-catórios legítimos.

Bati-me pelas reformas de base, para que o Congres-so as votasse democrática e pacificamente. Muitas vezes pedi a colaboração de suas lideranças partidárias. Nada foi possível obter. Mas ninguém se engane. As reformas estruturais, que tudo empenhei por alcan-çar, rigorosamente dentro do processo constitucional, nenhuma força conseguirá detê-las e nada impedirá a sua consecução. Neste dia, brasileiros, longe de todos, o pensamento voltado para a memória de Getúlio Vargas, que tombou sacrificado pe-las mesmas forças que hoje investem contra mim, re-flito sobre as permanentes verdades que o admirável estadista denunciou em sua Carta-Testamento, e anima-se a confiança que tenho no futuro do meu país. Não posso concebê-lo presa da intolerância, da tirania, da ilegalidade, que são atitudes repudiadas pe-los sentimentos generosos de nossa gente.

Sem ressentimentos na alma, sem ódios, sem qual-quer ambição pessoal, con-clamo todos os meus patrí-cios, todos os verdadeiros democratas, a família bra-sileira, enfim, para a tarefa de restauração da legalida-de democrática, do poder civil e da dignidade das nossas instituições republi-canas. Queremos um Brasil livre, onde não haja lugar para qualquer espécie de regime ditatorial, com uma ordem fundada no respeito à pessoa humana, no culto aos valores morais, espiri-tuais e religiosos do nosso povo. Queremos um Brasil justo, progressista, capaz de assegurar confiança ao trabalho e à ação de todos os brasileiros. Queremos um Brasil fiel às origens de sua formação cristã e de sua cultura, libertado da opressão, da ignorância, da penúria, do atraso, do medo, da insegurança.

Deus guiará o povo bra-sileiro para os objetivos patrióticos de nossa luta.