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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS FABIANO DE SOUZA SALVINO JONAS DOS SANTOS JOSÉ RICARDO ARRUDA MEIMEI ROCHA RAFAEL CRISTIANO OS IMPACTOS QUE O SPED TROUXE PARA A CONTABILIDADE SÃO PAULO 2011

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FABIANO DE SOUZA SALVINO JONAS DOS SANTOS

JOSÉ RICARDO ARRUDA MEIMEI ROCHA

RAFAEL CRISTIANO

OS IMPACTOS QUE O SPED TROUXE PARA A CONTABILIDADE

SÃO PAULO 2011

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FABIANO DE SOUZA SALVINO JONAS DOS SANTOS

JOSÉ RICARDO ARRUDA MEIMEI ROCHA

RAFAEL CRISTIANO

OS IMPACTOS QUE O SPED TROUXE PARA A CONTABILIDADE

Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis , ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro – UniÍtalo, sob a orientação da Prof.Especialista Roberto de Oliveira Araujo

SÃO PAULO 2011

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FABIANO DE SOUZA SALVINO JONAS DOS SANTOS

JOSÉ RICARDO ARRUDA MEIMEI ROCHA

RAFAEL CRISTIANO

OS IMPACTOS QUE O SPED TROUXE PARA A CONTABILIDADE

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis sob a orientação do Prof.Especialista Roberto de Oliveira Araujo.

Nota ____________________________

Data da Aprovação: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA:

Prof.

Assinatura________________________________________

Prof.

Assinatura________________________________________

Prof.

Assinatura________________________________________

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Dedicamos esse trabalho a todos que nos incentivaram nessa jornada, que nos momentos de fadiga e desilusão mostraram-nos que éramos capazes de conquistar o nosso objetivo.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a nossa família pela paciência, aos nossos mestres e professores que são alguns dos exemplos de motivação e conduta de profissional.

E a todos que de alguma forma nos ajudaram direta e indiretamente para a realização desta monografia.

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“O que fazemos na vida, ecoa na eternidade.” General Máximus Décimus Meridius

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RESUMO

A contabilidade sempre seguiu os avanços da sociedade em seu tempo,

nossa pesquisa originou-se pela necessidade de mostrar os impactos e mudanças

no ambiente contábil. Hoje em um mundo globalizado se faz necessário o acesso

rápido, prático e transparente de informações que com o SPED foi implantado em

várias empresas.

Precisamos entender o que mudou para o contabilista, quais as dificuldades,

possíveis soluções e benefícios dessa nova era de contabilidade eletrônica.

Fizemos uma pesquisa dentro de uma área contábil através de entrevistas,

para apurar quais os problemas encontrados nesse processo, qual o conhecimento

sobre o assunto a solução encontrada por essa empresa. Alguns dos fatos já foram

apontados em livros de autores como Roberto Dias Duarte, Nivaldo Cleto e Fabio

Rodrigues de Oliveira. Fizemos também entrevista com um profissional que atua

diretamente no projeto, através de palestras, seminários e blog.

A análise feita percebeu que mesmo com todas essas mudanças na

contabilidade brasileira, como a padronização das normas, massificação dos

sistemas integrados e escrituração digital a essência e a pratica contábil não mudou,

o que ocorreu foi um avanço tecnológico e nova forma de apresentação das

informações, hoje se faz necessário enquadrar o profissional a nova realidade e

incorporar os benefícios trazidos por essa nova escrituração.

Palavras chave: SPED, processo, normas, sistemas, escrituração, digital

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ABSTRACT

Accouting has always followed society progress along with its improvement.

Our research has been motivated by the need of demonstrate the impacts and

changes that have occurred in accounting segment. Now a days, with the

globalization, become necessary the simple, clear and fast access to information that

have been implanted in several companies by the SPED.

We need to understand what have changed to the accountant, the difficulties

that will be found, the possible solutions and benefits of this new age of electronic

accounting.

We have made a research trough interviews within an accounting area in

order to analyze the problems found in this process, the knowledge of the subject

and the solution that were found by this company. Some facts have already been

mentioned in books of such authors as Roberto Dias Duarte, Nivaldo Cleto and Fabio

Rodrigues de Oliveira. We have also interviewed a professional that works directly on

the project through lectures, seminaries and blog. The analysis has found that even

with all these changes in Brazilian accounting, such as rules standardization,

enlargement of the integrated systems an digital bookkeeping, the accounting

practice and essence has not changed, occurred a technological breakthrough and a

brand new way of presenting information.

Now a days, become necessary to fit the professional to the new reality and

associate the benefits brought by this new bookkeeping.

Key words: SPED, process, standards, systems, bookkeeping, digital.

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SUMÁRIO

CAPITULO 1 INTRODUÇÃO ............................. ....................................................... 10

CAPITULO 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................... ............................................. 15

2.1 A contabilidade ................................... .......................................................... 15

2.2 Início da contabilidade ........................... ...................................................... 16

2.3 A evolução da contabilidade no Brasil ............. .......................................... 18

2.4 Globalização ...................................... ........................................................... 20

2.5 Padronização das Normas Contábeis (Lei 11.638/07) . .............................. 22

2.6 Sistemas de Informação Integrados ................. .......................................... 24

2.7 O que é SPED ...................................... .......................................................... 27

2.7.1 Sub-Projetos do SPED .............................. ................................................ 29

2.7.2 Certificação Digital .............................. ...................................................... 29

2.7.2.1 Assinatura digital ......................................................................................... 30

2.7.2.2 IPC-Brasil .................................................................................................... 31

2.7.3 NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) ..................... .............................................. 31

2.7.4 EFD (Escrituração Fiscal Digital) ................. ............................................ 34

2.7.4.1 EFD ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) /IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) ................................................................ 34

2.7.4.2 EFD PIS (Programa de Integração Social) /COFINS (Contribuição para o Financiamento da seguridade Social) ....................................................................... 35

2.7.5 ECD (Escrituração Contábil Digital) ........................................................ 36

2.7.5.1 Plano de contas referencial ......................................................................... 37

2.7.5.2 Validação e transmissão do Arquivo ........................................................... 38

2.7.6 RTT (Regime Tributário de Transição) e F-CONT (Cont role Fiscal Contábil de Transição) ............................................................................................ 39

2.7.7 Próximas obrigações ................................................................................ 39

2.7.7.1 E-LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real) ............................................. 39

2.7.7.2 E-Fopag (Folha de Pagamento) .................................................................. 40

2.7.7.3 Central de Balanços .................................................................................... 40

CAPITULO 3 ESTUDO DE CASO ......................... ................................................... 41

3.1 Metodologia ....................................... ........................................................... 41

3.2 Caracterização da Empresa ......................... ................................................ 43

3.3 O SPED CONTABIL na empresa ........................ .......................................... 44

3.4 Entrevista ........................................ .............................................................. 48

CONCLUSÃO ......................................... .................................................................. 57

REFERENCIAS ......................................................................................................... 59

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CAPITULO 1 INTRODUÇÃO

A escrituração contábil conforme a NBCT2 1 passa por muitas mudanças,

sempre seguindo os avanços da sociedade e tecnologia como a internet e a

globalização. É neste cenário que foi instituído o SPED (Sistema Público de

Escrituração Digital). Desde a pré-história existem manifestações que se referem à

escrituração contábil. Naquele período o controle dos objetos e suas respectivas

quantidades eram feitos através de riscos e figuras. Em vários países foram

encontrados esses registros, datados de cerca de 20 mil anos atrás.

Como passar do tempo, houve contribuições para a melhoria desse processo,

as quais foram encontradas em Uruk, na Suméria. Temos o exemplo da escrita

cuneiforme, que era feita em placas de argila fresca, por meio de pedaços de

madeira. Aos poucos, essas placas foram se adaptando e ficando maiores, daí

nasceu o Diário.(cf.Rios, 2010)

Com o surgimento do papiro no Egito, a evolução tornou-se mais dinâmica e o

escriba era a função mais digna de todas. Os contadores tinham missões

diplomáticas e militares, tamanha a importância desse profissional.

Vários povos contribuíram para esse processo evolutivo. Os gregos prezavam

pela contabilidade pública, mostrando nas praças as tábuas de mármore nas quais

estavam todas as entradas e saídas de dinheiro. Em Roma tinha aspecto mais

1 NBCT 2 – Norma Brasileira de Contabilidade T 2 estabelece normas, conceitos e regras

para escrituração contábil.

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analítico, onde a análise era feita por atividades e, para cada uma delas existia um

livro.

Em 1494 o Frei Luca Pacioli publicou o livro “La Summa de Arithmetica,

Geometria, Proportioni et Proportionalitá” que trazia uma revolução na escrituração

contábil, era o método das partidas dobradas (MONTEIRO, 1986).

A contabilidade foi acompanhando os avanços sociais e tecnológicos sempre

em busca de melhorias e controles mais transparentes e seguros. Hoje, com o

mundo globalizado e a necessidade de obter informações numa quantidade maior e

com mais rapidez foram incorporados novos processos à escrituração contábil.

No inicio, as transações eram manuscritas utilizando os livros e papéis

adequados, depois o processo foi mecanizado no qual os livros poderiam ser

substituídos por fichas numeradas, mas logo se tornou eletrônico, através de

computadores e softwares contábeis, que constantemente estão em atualização.

Estas mudanças também obrigaram os contabilistas a manterem um

acompanhamento mais próximo de toda essa evolução.

Esta mudança trouxe a Escrituração Contábil Digital (ECD) através da

implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), que veio para

integrar de maneira transparente Fisco e contribuintes.

Ele foi instituído pelo Decreto nº 6.022 de 22 de janeiro de 2007, com o intuito

de integrar todas as informações contábeis e fiscais das empresas, trazendo consigo

benefícios para todos os envolvidos.

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Abordaremos as mudanças na escrituração contábil com foco no SPED

CONTÁBIL, trazendo os impactos, o processo e melhorias que essa nova obrigação

trouxe para todas as empresas.

Este se justifica, pois o assunto SPED traz muitas mudanças para a

escrituração, essa pesquisa limita-se a um vértice desse projeto devido ao grande

impacto nas empresas e na contabilidade.

Com o avanço tecnológico e a velocidade das informações no cenário

mundial, houve muitas mudanças em vários ambientes, inclusive no contábil. Esses

novos processos digitais - SPED, Nota Fiscal eletrônica, novas políticas, Lei

11.638/07, IFRS, entre outros trouxeram uma necessidade muito grande de acesso

à informação de forma rápida e clara.

A Escrituração Digital Contábil supre essa necessidade expondo as

informações das empresas com transparência, rapidez e qualidade na informação

que é apresentada aos contribuintes e Fisco.

Essa pesquisa se justifica, pois apontará o que mudou na contabilidade, os

obstáculos encontrados, impactos, soluções, benefícios e os próximos passos

previstos.

Por conta disso, o problema dessa pesquisa é: O que mudou na escrituração

contábil e quais os impactos trazidos com a implantação do SPED CONTÁBIL ?

A implementação da escrituração contábil poderá trazer benefícios tais como

a diminuição dos custos, modernização de processos e adequação a um mundo

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globalizado e ágil. Outro ponto importante é a transparência das informações

divulgadas, isso diminuirá a possibilidade de erros e fraudes.

Como, também existem dificuldades na implementação e na adaptação a

esse novo sistema, isso incorrerá em multa e encargos devido ao não cumprimento

dos prazos de entrega, impossibilitando assim a participação de licitações, emissão

de certidões, fusões, entre outros.

A pesquisa tem por objetivo geral apontar as dificuldades que as empresas

enfrentam com o advento do SPED CONTÁBIL, seus impactos na implementação,

possíveis soluções e conhecimento sobre a era da contabilidade eletrônica.

Nossa pesquisa é de cunho bibliográfico, estudo de caso na empresa,

entrevistas e pesquisa de campo com pessoas que participaram do desenvolvimento

de projetos do SPED em ambientes corporativos.

No capitulo 2 apontaremos como surgiu a contabilidade desde os primeiros

registros e a sua evolução no decorrer dos tempos, também o seu desenvolvimento

no Brasil a partir do Código Comercial e convergência e padronização trazida pela

Lei 11.638/07.

Esse processo tornou a contabilidade globalizada e com os avanços

tecnológicos que acompanharam esse processo através dos sistemas integrados

que aqui no Brasil culminou no SPED. Vamos discorrer sobre todas as vertentes do

projeto SPED, como surgiu, apontar as características delas e o que tem além do

SPED CONTÁBIL.

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No capitulo 3 teremos nosso estudo de caso, feito através de pesquisa de

campo numa grande empresa contando o que mudou numa empresa que não tinha

o SPED Contábil e agora teve que se adaptar a essa nova realidade.

Também fizemos uma entrevista com um profissional, sócio-diretor de uma

grande empresa de consultoria tributária que participa ativamente dos projetos

através de palestras, cursos, blog e mídias sociais.

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CAPITULO 2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A contabilidade

A contabilidade pode ser explicada devido à necessidade de suprir as

limitações da memória humana mediante um processo de classificação e registo que

lhe permitisse lembrar facilmente as variações sucessivas de determinadas

grandezas, a fim de saber sua dimensão, podemos então dizer que a contabilidade é

a técnica de gerir com a finalidade de determinar a situação patrimonial das

emptresas e seus resultados.

O que interessa para as empresas não é apenas o registo histórico dos fatos

patrimoniais, mas também a previsão do que está por vir, desta forma a

contabilidade demonstra a eficiência nesta gestão.

Conhecer o passado o presente e o futuro é vital para qualquer empresa, pois

terá condições através das informações tempestivas de evitar negociações

desastrosas que poderão colocá-la em situação de grande risco dentro do mercado

em que atua. Neste sentido a contabilidade tem o papel importante na obtenção de

informações que irão compor o leque para a tomada de decisões estratégicas.

Com os problemas que surgem e surgirão o profissional de contabilidade

deve buscar outros conhecimentos como direito fiscal, direito comercial, organização

de empresas, gestão e análise financeira, entre diversas outras que lhe

proporcionarão melhor desempenho em suas funções.

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Desta forma entender que a contabilidade tem como objetivo observar,

registrar e informar os fatos econômico-financeiros ocorridos dentro do patrimônio de

uma entidade, mediante a aplicação dos princípios, normas e técnicas da profissão

contábil.

2.2 Início da contabilidade

Desde a pré-história existem manifestações que se referem à escrituração

contábil. Naquele período, era feita através de riscos e figuras o controle dos objetos

e suas respectivas quantidades. Em vários países foram encontrados esses

registros com data a cerca de 6.000 anos atrás.

Segundo Lopes de Sá (2002,p. 22)

Há mais de 20.000 anos, no Paleotico Superior, quando era ainda primitiva a civilização, mas já havia a indústria de instrumentos, como forma de uso de uma inteligência já desenvolvida, segundo Morgan, surgiram as observações do homem em relação a suas provisões que eram sua riqueza patrimonial.

Conforme Hendriksen e Van Breda( 2009) muito antes que a Europa se

tornasse o grande centro do mundo,já existiam relatos de economia sofisticada no

Oriente Médio e Extremo-Oriente. Na Dinastia Shang, na China, que remonta a 1600

a.C. no Egito, também foram encontrados vários registros contábeis desses

períodos. Por exemplo, os agricultores egípcios nas margens do Nilo pagavam aos

coletores de tributos com cereais e linhaça pelo uso de água para irrigação. Recibos

eram dados aos agricultores desenhando-se figuras de recipientes de cereais nas

paredes de suas casas.

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Os arqueólogos creem que as fichas de argila, abundantes na Mesopotâmia

eram usadas de maneira similar para fins contábeis. Sistemas contábeis sofisticados

parecem ter existido na China já em 2000 a.C., em referências intrigantes denotam

uma familiaridade com o sistema de partidas dobradas em Roma no inicio da era

Cristã.

Os registros já eram preocupação do homem, conforme Lopes de Sá (2002 ,

p. 23)

Há mais de 6000 anos o comercio já era intenso, o controle religioso sobre o Estado já era grande e poderoso, daí derivando grande quantidade de fatos a registrar, ensejando, também, o desenvolvimento da escrita contábil.

A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o

acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada.

As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre

o fato. Mas, as cobranças de impostos na Babilônia já se faziam com escritas,

embora rudimentares.

Há informações que os primeiros rudimentos de Balanço surgiram no ano de

1.300 em Florença, Itália.

Os primeiros registros contábeis encontrados têm cerca de 600 anos, sendo

que o primeiro codificador da contabilidade um frei Franciscano chamado Irmão

Luca Pacioli, que escreveu o livro intitulado “Summa de arithmetica, geométrica,

proportioni et proportionslitá” (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em

1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria

dos números positivos e negativos.

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A Summa era principalmente um tratamento matemático, mas incluía uma

seção sobre o sistema de escrituração por partidas dobradas, denominada

Particulares de Computis et Scripturis.

Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador

das Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na

Toscana, desde o Século XIV.

Com a evolução dos anos a contabilidade passou a ser essencial na vida do

homem e a partir do sec. XV mostra que a contabilidade nasceu na Itália, atribuídos

a ela uma série de avanços matemáticos e tecnológicos e também a outros motivos

como colonização, guerras e doenças. No início do século. XIX começa a se firmar e

vem se adaptando com o passar do tempo.

2.3 A evolução da contabilidade no Brasil

O que ocorreu no Brasil quanto à evolução da contabilidade foi o oposto do

que ocorreu na Itália, parte da Europa ou EUA, pois nestes países não houve tanta

interferência da legislação. O desenvolvimento contábil brasileiro teve início com o

Código Comercial em 25 de Junho de 1850, que instituiu a obrigatoriedade da

escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do balanço geral

composto de bens, direitos e obrigações das empresas comerciais.

A primeira regulamentação contábil realizada em território brasileiro ocorreu

em 1870, através do reconhecimento oficial da Associação dos Guarda-Livros da

Corte, pelo Decreto Imperial nº 4.475. Esse decreto representa um marco, pois

caracteriza o guarda-livros como a primeira profissão liberal regulamentada no país.

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Dentre as competências exigidas desses profissionais estavam quase sempre

o conhecimento das línguas portuguesas e francesas, a esmerada caligrafia e,

posteriormente o advento das máquinas e o eficiente conhecimento das técnicas

datilográficas.

Em 1902 surgiu a Escola Prática de Comércio em São Paulo, que criou um

curso regular que oficializasse a profissão contábil. O objetivo desta escola era o de

aliar ao desenvolvimento agrícola, o início da expansão industrial com a

necessidade de habilitar e criar especialistas para, internamente, preencher as

tarefas de rotina da contabilidade, controlar as finanças e, externamente, dotar São

Paulo de elementos capazes de articular o desenvolvimento dos negócios, com a

consequente ampliação das fronteiras de atuação.

O Decreto-Lei nº 2627 de 1940, instituiu a primeira Lei das Sociedades

Anônimas S/A, estabelecendo procedimentos para a contabilidade como:

• Regras para a avaliação de ativos. • Regras para a apuração e distribuição dos lucros. • Criação de reservas. • Determinação de padrões para a publicação do balanço. • Determinação de padrões para a publicação dos lucros e perdas.

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC

321/72 passou a adotar os princípios de contabilidade, como normas resultantes do

desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da

contabilidade, visando proporcionar interpretações uniformes das demonstrações

contábeis.

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Em 1976 foi publicada a nova Lei das S/A nº 6404, significando uma nova

fase para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil e incorporando de forma

definitiva as tendências da Escola Norte-Americana.

Em 1981 a Resolução CFC nº 529 disciplinou as Normas Brasileiras de

Contabilidade e a Resolução CFC nº 530 os Princípios Fundamentais de

Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993 pela Resolução CFC º 750.

Em 28 de Dezembro de 2007, a Lei 11.638 altera e revoga dispositivos da Lei

n 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e

estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e

divulgação de demonstrações contábeis. Até a primeira metade da década de 1970

o profissional do ofício técnico também era conhecido como guarda-livros, mas esta

expressão caiu completamente em desuso, pois a Lei nº 3.384/58 definiu uma nova

denominação à profissão de guarda-livros, pois nela fica estabelecido que tais

profissionais passariam a integrar a categoria de Técnico em contabilidade.

Atualmente, os profissionais de Contabilidade são chamados de contadores,

são aqueles que se formam ou concluem os cursos de nível superior de Ciências

Contábeis e recebem o diploma de Bacharel em Ciências Contábeis. Há também o

título, Técnico de Contabilidade aos que têm formação de nível médio/técnico.

2.4 Globalização

Com a evolução e o avanço das tecnologias da informação os meios de

comunicação, têm um papel de grande importância para agilizar os processos

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comerciais e transações financeiras internacionais e locais, isso permite uma

integração mundial sem precedentes.

Ainda não há um conceito único de globalização e sua origem, alguns dizem

que ela surgiu na Europa, outros que foi na expansão do império romano, outros que

foi em 1945 com a vertente da fragmentação política, outros após a Segunda Guerra

Mundial em 1989 com a queda do muro de Berlim, a questão é que ela é um

fenômeno muito debatido, mas que mudou radicalmente os processos de negócios e

abriu muitas fronteiras antes intransponíveis, fazendo com que, acontecimentos em

um país afetem diretamente outros.

A Globalização é um processo de integração global e segundo David Held e

Anthony McGrew é: são mudanças na política e economia mundial das últimas

décadas, explorado por diversos países que exportam e importam os mais diversos

produtos, para que este processo funcione a tecnologia da informação deve estar

sempre em intensa revolução.

Segundo Barbosa (2010, p.12 e 13):

A globalização caracteriza-se, portanto, pela expansão dos fluxos de informação – que atingem todos os países, afetando empresas, indivíduos e movimentos sociais -, pela aceleração das transações econômicas - envolvendo mercadorias, capitais e aplicações financeiras que ultrapassam as fronteiras nacionais – e pela crescente difusão de valores políticos e morais em escala universal

Este processo muda a visão dos países, pois neste cenário global há uma

integração social em alta velocidade fazendo com que seus efeitos sejam locais,

mundiais e ainda em tempo recorde em magnitude de grande progressão.

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2.5 Padronização das Normas Contábeis (Lei 11.638/0 7)

Desde o avanço da globalização houve a necessidade da contabilidade

brasileira também entrar nesse processo. Com isso passamos a utilizar práticas

utilizadas nas principais economias mundiais.

Com essas mudanças as nossas demonstrações poderão ser analisadas em

qualquer parte do mundo, oferecendo mais transparência e garantia de consistência

dos fatos ali apresentados.

Nesse processo de convergência aos padrões internacionais de

contabilidade, haverá envolvimento de todo o quadro societário e dos profissionais

contábeis, pois envolverá prazos, capacitação profissional e melhoria nas estruturas

das empresas.

Mas apesar do esforço teremos alguns benefícios nessa etapa como:

comparabilidade da informação contábil, normas baseadas em princípios no lugar de

regras, uma visão mais decisória e gerencial entre outras.

Segundo especialistas as principais mudanças trazidas com a promulgação

da Lei 11.638/07, foi a atualização das regras contábeis brasileiras e o

aprofundamento da harmonização dessas regras com os pronunciamentos

internacionais, principalmente com os emitidos pelo International Accouting

Standards Board (IASB) e os dos International Financial Reporting Standard (IFRS),

dos pontos principais destacaremos alguns.

As companhias deverão informar através de Notas Explicativas, nas

demonstrações financeiras encerradas em 31 de dezembro de 2007, os eventos da

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nova Lei, e seus reflexos em 2008, e os efeitos de maior relevância no patrimônio de

2007 e 2008.

Substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos-

DOAR, pela Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC (art. 176, IV).

A Demonstração de Valor Adicionado – DVA, passa a ser obrigatória no

conjunto das demonstrações financeiras, no que diz respeito a sua elaboração e

divulgação (art.176, V)

Separação na forma de escrituração mercantil e a contábil, desde que após a

apuração do lucro para efeito de tributação, sejam feitos os ajustes necessários,

para que as demonstrações financeiras estejam de acordo com a Lei 6406/76 e os

Princípios Fundamentais de Contabilidade, as quais deverão ser auditadas por

auditores independentes, registrados na CVM, de acordo com o art.177, § 2º, II – da

Lei 11.638/07

Criação de 02(dois) novos grupos de contas, conforme art.178, § 1º, c e § 2º,

d) sendo no Ativo Permanente a conta de Bens Intangíveis e no Patrimônio Líquido

a conta de Ajustes de Avaliação Patrimonial

Estabeleceu também a contabilização a valor de mercado dos ativos e

passivos em reorganizações societárias de partes independentes. Houve alteração

no critério de avaliação de coligadas.

Criação de Reservas de Incentivos Fiscais, com a contabilização diretamente

no resultado do exercício (art.195 A).

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Sociedades de grande porte, que possuem ativos totais superiores a 240

milhões ou receita bruta superior a 300 milhões obrigadas a manter escrituração e

elaborar demonstrações financeiras de acordo com a Lei societária.

Segundo Oliveira (2009):

Os impactos oferecidos pela Lei 11638/09 e 11941/09 são amplos não estão apenas na esfera do critério de contabilização e outros como já citados neste artigo. Em nosso entendimento a amplitude chega-se até ao SPED Contábil uma vez que a IN RFB 787/07 determina que as empresas de Lucro Real, observadas as regras da norma, são obrigadas a entregarem o SPED até 30 de junho do exercício seguinte. Assim, aos que optaram ao RTT no ano calendário 2008-2009, optantes do Lucro Real, entende-se que aos que entregaram o ECD – Escrituração Contábil Digital – em 30 de Junho de 2009, tais informações entregues ao fisco esteja com base nas normas contábeis em vigência, observadas as notas explicativas detalhando a adoção da Lei 11638/07 e 11941/09.

Devido às mudanças mencionadas de acordo com a Lei 11.638/07, é de

suma importância que as empresas que serão atingidas por essas mudanças se

preparem para os necessários ajustes decorrentes destas alterações.

2.6 Sistemas de Informação Integrados

Com o avanço da tecnologia e a necessidade de obter controles mais

eficazes surgiram os sistemas para auxliar na produção e gestão das empresas. No

início da decada de 1970 veio o primeiro chamado de MRP (Material Requirement

Planning – Planejamento de Necessidades de Materiais) que era utilizado no

planejamento do processo produtivo.

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Já em meados dos anos 1980 veio o MRP II (Manufacturing Resource

Planning – Planejamento dos Recursos de Materiais) que controlava outras

atividades além do processo produtivo como a mão-de-obra de maquinário. Com o

tempo e tambem pela necessidade foram acrescidos novos módulos como

controladoria e financeiro, logo após toda essa integração o sistema passou a ser

chamado de ERP.

O Sistema ERP(Enterprise Resource Planning) ou SIGE(Sistemas Integrados

de Gestão Empresarial, no Brasil), são responsáveis pela integração de dados de

uma entidade dentro de um único sistema, pode ser funcional ou sistêmica, é o meio

pelo qual as empresas armazenam os dados do seu negócio atarvés de seus

softwares e os integram.

O que podemos dizer é que o sistema ERP proporciona maior confiabilidade

dos dados, pois os dados são monitorados em tempo real o que diminue o

retrabalho, desde que alimentados corretamente pelos usuários.

Segundo Caiçara Junior (2008, p.84) :

Uma definição de ERP que abrange o termo de forma didática o conceitua como um sistema de informação adquirido na forma de pacotes comerciais de software que permitem a integração entre dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios de uma organização.”

Ele é um grande banco de dados de interagem e se realimentam, desta forma

o dado inicial sofre mudança de cordo com seu status, como por exemplo ordem de

vendas que se transforma no produto final alocado aos estoque da companhia. Com

este sistema a empresa pode planejar, diminuir gastos e repensar a cadeia de

produção de forma dinâmica.

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Alguns pontos positivos do ERP são: Eliminação do uso de interfaces

manuais, redução de custos, otimização do processo na tomada de decisões,

redução do tempo dos processos gerenciais entre outras coisas.

Alguns pontos negativos do ERP são: Altos custos de aquisição do sistema o

que o torna inviável devido ao custo/benefício; dependência do fornecedor do

pacote, os módulos são dependentes uns dos outros e quando não alimentados

corretamente causam retrabalhos entre outras coisas.

As informações dentro de um sistema devem seguir atributos relacionados à

informação como: Confidencialidade: limita o acesso ao dono da informação ou

outras entidades liberadas pelo mesmo; Integridade: é o que garante que a

informação dentro do sistema é legímita e não foi alterada;Disponibilidade: o

proprietário garante que estará sempre disponível pelos usuários autorizados.

Apesar de toda essa evolução dos sistemas integrados a informação contábil

não pode perder as suas características bem como : Confiabilidade, tempestividade,

compreensibilidade e comparabilidade.

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2.7 O que é SPED

Diante dos avanços tecnológicos, globalização e da necessidade de

implementação de novos processos, as empresas e o Fisco sentiram que deveriam

também acompanhar esse novo cenário modernizado, a fim de aumentar a

integração e o compartilhamento de informações.

Foi visando entrar nesse cenário que foi criado o Sistema Público de

Escrituração Digital (SPED) que é a mudança do método de escrituração e

obrigações acessórias. Os livros e documentos contábeis e fiscais que eram todos

em papel tornam-se digitais. Este sistema foi instituído pelo Decreto nº 6022 de

Janeiro de 2007, o projeto faz parte do PAC (Programa de Aceleração do

Crescimento do Governo Federal do Brasil).

O SPED atende o disposto na Emenda Constitucional nº 42 aprovada em 19

de dezembro de 2003, inciso XXII ao art. 37 da Constituição Federal, a qual

determina que todas as esferas devem trabalhar de forma integrada e compartilhar

as informações na forma de lei ou convênios.

As atividades iniciaram em 2004 conforme Duarte (2010, p. 70 e 71)

Para atender o disposto Constitucional, foi realizado, em julho de 2004, em Salvador, o I ENAT - Encontro Nacional de Administradores Tributários, reunindo o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e o representante das Secretarias de Finanças dos municípios das Capitais. O Encontro teve como objetivo buscar soluções conjuntas nas três esferas de Governo que promovessem maior integração administrativa, padronização e melhor qualidade das informações; racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; maior eficácia da fiscalização; maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas; maior

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possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas esferas governamentais; cruzamento de informações em larga escala com dados padronizados e uniformização de procedimentos. Em consideração a esses requisitos, foram aprovados dois Protocolos de Cooperação Técnica, um objetivando a construção de um cadastro sincronizado que atendesse aos interesses das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e, outro, de caráter geral, que viabilizasse o desenvolvimento de métodos e instrumentos que atendessem aos interesses das respectivas Administrações Tributárias. Em agosto de 2005, no evento do II ENAT - Encontro Nacional de Administradores Tributários, em São Paulo, o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e os representantes das Secretarias de Finanças dos municípios das Capitais, buscando dar efetividade aos trabalhos de intercâmbio “entre os mesmos, assinaram os Protocolos de Cooperação nº 02 e nº 03, com o objetivo de desenvolver e implantar o Sistema Público de Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica.

Periodicamente são realizados esses encontros, reunindo representantes das

administrações tributárias federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal para

definir novas ações do projeto como inclusão de obrigatoriedade, prazo de entrega,

entre outras.

No primeiro encontro realizado em Salvador, BA, em julho de 2004,houve

aprovação de protocolos de cooperação visando realização do cadastro

sincronizado e escrituração digital

Em seu segundo encontro realizado em São Paulo, SP, em agosto de 2005

houve aperfeiçoamento das decisões do ENAT I e aprovação de protocolos visando

realização do SPED, Nota Fiscal Eletrônica e padronização na aplicação do CNAE

(Classificação Nacional das atividades Econômicas).

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No último encontro realizado no Rio de Janeiro, RJ em Maio de 2010houve

discussão sobre o SPED, Simples Nacional, Cadastro Sincronizado, Siscomex, ITR,

Educação Fiscal e Nota Fiscal Eletrônica.

2.7.1 Sub-Projetos do SPED

O SPED, pelo seu tamanho e complexidade é composto por três grandes

subprojetos, Nota Fiscal Eletrônica, Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal

Digital. Além deles teremos o E-LALUR, RTT (F-CONT), E-Folha. E Central de

Balanços.

Mas como premissa para a entrega dos arquivos juntos ao FISCO é

necessário obter a certificação digital que é a assinatura da empresa em seus

respectivos arquivos,

2.7.2 Certificação Digital

Com o SPED passando a ser obrigatório, na ECD (Escrituração Contábil

Digital), EFD (Escrituração Fiscal Digital) e na NF-e a validação jurídica em cada

documento fiscal é necessária a todos os contribuintes independentemente do seu

porte, adquirirem a certificação fiscal.

O mecanismo de segurança capaz de garantir autenticidade,

confidencialidade e integridade às informações eletrônicas das mensagens e

documentos trocados na internet é a certificação digital, que de forma mais simples

identifica a autoria nas operações via internet mantendo dados confidenciais

protegidos contra a leitura de pessoas não autorizadas.

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Os certificados podem ser emitidos para as pessoas físicas e jurídicas,

equipamentos ou aplicações (chamados de titulares de certificados), contêm o nome

para as pessoas e para os sistemas de informações, alguns aplicativos de software

utilizam esse arquivo para comprovar sua identidade a outra pessoa ou outro

computador.

Para a emissão da certificação digital é necessário procurar uma autoridade

certificadora, que é uma entidade considerada confiável pelas partes envolvidas

numa comunicação e/ou negociação.

As informações presentes no certificado digital são:

• Sua chave pública (nome e endereço de e-mail); • Validade da chave pública; • Nome da empresa que emitiu seu certificado digital; • O número de série do certificado digital; • Assinatura digital da AC, que é a empresa que emite em certificado digital.

2.7.2.1 Assinatura digital

A assinatura digital é o método de autenticação dos algoritmos de criptografia

de chave pública operando em conjunto com uma função resumo.

Para formar a assinatura digital é preciso tanto a chave pública (de

conhecimento público) quanto a chave privada (de conhecimento apenas do

possuidor do certificado). Elas têm como característica o fato da tecnologia utilizada

nessa geração, que é o método mais comum para autenticar transações conduzidas

pela internet, mesmo sendo estas matematicamente relacionadas, é impossível

calcular uma chave a partir da outra, a chave desempenha a função inversa da

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outra, o que uma delas faz somente a outra pode desfazer. Se a chave privada é

usada para assinar o conteúdo de um documento a chave pública é usada para

validar essa assinatura.

2.7.2.2 IPC-Brasil

À Certificação Digital aplicam-se as disposições normativas da ICP-Brasil

estabelecidas pela AC Raiz – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) e

pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, disponíveis eletronicamente no endereço

www.iti.gov.br, bem como o Código de Defesa do Consumidor (CDC).

O ICP-Brasil é um conjunto de entidades prestadoras de serviços ordenados

em conformidade com diretrizes e normas técnicas estabelecidas pelo Comitê

Gestor. Criado a partir da medida provisória n 2.200-2, de 24/10/2001, o ICP-Brasil

traz as transações realizadas com processo de certificação, envolvendo certificados

por autoridades credenciadas presumindo validade jurídica aos documentos

assinados digitalmente.

Uma das características da ICP-Brasil é sua estrutura hierárquica onde se

encontra, no topo da estrutura, a autoridade certificadora raiz e abaixo dela estão as

diversas entidades. Entretanto o contrato de adesão é subordinado a um processo

de credenciamento sendo analisadas: a capacidade jurídica, econômico-financeira,

fiscal e a técnica de cada entidade.

2.7.3 NF-e (Nota Fiscal Eletrônica)

Instituída pelo Ajuste SINIEF 07/2005 a NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) é um

documento fiscal que veio para substituir as notas modelo 1 e 1A que são emitidas

em papel para o modelo digital.

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Fonte: Portal da Nota Fiscal Eletrônica

O projeto foi desenvolvido entre as Secretarias da Fazenda e Receita Federal

visando alguns benefícios ao fisco como: maior integração, padronização das

informações, diminuição dos custos, rapidez nas fiscalizações, cruzamento de dados

e uniformização de procedimentos.

A figura abaixo mostra como é o ciclo de informação quando é emitida a uma

NF-e.

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Fonte: Portal da Nota Fiscal Eletrônica

Quando se emite uma NF-e, as informações nelas contidas são validadas

pela Receita Federal e SEFAZ, somente após essa verificação a nota é considerada

válida e a mercadoria estará liberada para ser entregue ao cliente.

A obrigatoriedade foi definida através da atividade econômica das empresas

ou por protocolos, ajustes que foram definidos pela SEFAZ de cada estado. Mesmo

sendo um arquivo eletrônico é necessário emitir a nota no formato em papel (DANFE

– Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica) para a circulação da mercadoria.

Esse projeto trouxe um grande avanço para o cenário tributário nacional e

mudanças significativas no processo de emissão de notas segundo Mello (2010, p.

30):

Assim, ainda que não pareça, este novo conceito trazido pela NF-e implica em uma importante mudança cultural, não apenas nas relações entre empresas e o Fisco, mas também em toda a cadeia

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de suprimentos, uma vez que o documento válido não é mais o papel, mas sim o documento eletrônico.

2.7.4 EFD (Escrituração Fiscal Digital)

2.7.4.1 EFD ICMS (Imposto sobre Circulação de Merca dorias e Serviços) /IPI

(Imposto sobre Produtos Industrializados)

A EFD foi instituída pelo convênio ICMS nº 146/2006, de 20/12/2006. Nela

encontram-se todas as informações fiscais das empresas substituindo os livros de

entrada e saída de mercadorias, apurações de impostos e informações que sejam

de interesse do Fisco.

Segundo Convênio ICMS Nº 143:

Cláusula primeira Fica instituída a Escrituração Fiscal Digital - EFD, em arquivo digital, que se constitui em um conjunto de escrituração de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal bem como no registro de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. Cláusula segunda O arquivo deverá ser assinado digitalmente de acordo com as Normas da Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP Brasil – pelo contribuinte, por seu representante legal ou por quem a legislação indicar. Cláusula terceira A Escrituração Fiscal Digital é de uso obrigatório para os contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS ou do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. Cláusula quarta Ato Cotepe específico definirá os documentos fiscais, as especificações técnicas do leiaute do arquivo digital da EFD, que conterá informações fiscais e contábeis, bem como quaisquer outras informações que venham a repercutir na apuração, pagamento ou cobrança de tributos de competência dos entes conveniados.

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(...) Cláusula sétima A escrituração prevista na forma deste convênio substitui a escrituração e impressão dos seguintes livros:

I - Registro de Entradas; II - Registro de Saídas; III - Registro de Inventário; IV - Registro de Apuração do IPI; V - Registro de Apuração do ICMS.

Cláusula oitava Fica assegurado o compartilhamento das informações relativas às escriturações fiscal e contábil digitais, em ambiente nacional, com as unidades federadas de localização dos estabelecimentos da empresa, mesmo que estas escriturações sejam centralizadas.

Os contribuintes foram selecionados através de lista divulgada pelo Protocolo

ICMS nº 77/2008, sendo obrigados a entregar os arquivos mensalmente da EFD

desde janeiro de 2009.

2.7.4.2 EFD PIS (Programa de Integração Social) /CO FINS (Contribuição para o

Financiamento da Seguridade Social)

A EFD PIS/COFINS foi instituída pela Instrução Normativa RFB nº 1052/2010,

nela contém informações de natureza fiscais e contábeis que representam receitas,

valores retidos na fonte (no caso de serviços) e créditos adquiridos através de

compras de insumos ou demais custos usados para a produção.

A entrega e obrigatoriedade seguem cronograma estipulado pela Receita

Federal, a saber:

O arquivo da EFD-PIS/COFINS deverá ser validado, assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao ambiente Sped. Conforme disciplina a Instrução Normativa RFB nº 1.052 de 5 de julho de 2010, estão obrigadas a adotar a EFD-PIS/COFINS, conforme cronograma atualizado pela Instrução Normativa RFB nº 1.085 de 19 de novembro de 2010:

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I em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de 2011, as pessoas jurídicas sujeitas a acompanhamento econômico-tributário diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 2.923, de 16 de dezembro de 2009, e sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real. O prazo para entrega da EFD-PIS/COFINS em relação ao período de apuração Abril/2011 é até 07 de junho de 2011; II em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de julho de 2011, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real. O prazo para entrega da EFD-PIS/COFINS em relação ao período de apuração Julho/2011 é até 08 de setembro de 2011;

I. III em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2012, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Presumido ou Arbitrado. O prazo para entrega da EFD-PIS/COFINS em relação ao período de apuração Janeiro/2012 é até 07 de março de 2012. A pessoa jurídica poderá retificar os arquivos originais da EFD-PIS/COFINS, referentes aos períodos do ano-calendário de 2011, até o último dia útil do mês de junho do ano-calendário de 2012, mediante a transmissão de arquivo retificador da escrituração substituída, nos termos do art. 8º da Instrução Normativa RFB nº 1.052 de 5 de julho de 2010.

.Essa obrigação causou um grande alvoroço nas empresas, pois não existe

definição de qual área é a responsável (tributária ou contábil), além da complexidade

muito maior nas apurações de PIS e COFINS.

2.7.5 ECD (Escrituração Contábil Digital)

A ECD ou também conhecida como SPED Contábil é a geração dos livros

contábeis em formato digital que foi instituída pela instrução normativa RFB

787/2007.

Segundo Cleto (2010, p.19):

O objetivo da ECD, no entanto, nunca foi se restringir a questões tributárias. Essa nova sistemática de escrituração sempre visou ser uma alternativa à escrituração em papel. Para isso, no entanto, era necessário o seu reconhecimento pelo órgão competente para

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normatizar essa questão, qual seja, o Departamento Nacional do Registro do Comércio - DNRC.

Nesse arquivo devem constar os seguintes livros:

• Diário Geral; • Diário com Escrituração Resumida (vinculado a livro auxiliar); • Diário Auxiliar; • Razão Auxiliar; • Livro de Balancetes Diários e Balanços.

Conforme o art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 787/2007 foi criado um

cronograma de obrigatoriedade de entrega dos arquivos, a saber:

Sociedades empresariais sujeitas a acompanhamento econômico-tributário

diferenciado e sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no lucro real a

partir de 01/01/2008;

Demais sociedades empresariais sujeitas à tributação do Imposto de Renda

com base no lucro real a partir de fatos contábeis ocorridos em 01/01/2009.

Demais sociedades empresariais não estão obrigadas, a entrega é facultativa.

A entrega do arquivo deve ser feita anualmente até as 23h59min59s (horário

de Brasília) do ultimo dia útil do mês de junho do ano subseqüente ao ano-

calendario da escrituração.

2.7.5.1 Plano de contas referencial

O plano de contas referencial foi criado no intuito de facilitar e uniformizar a

informação enviada para a receita federal. Instituído pelo Ato Declaratório Executivo

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Cofis nº 36, de 18 de dezembro de 2007. Elaborado com base na DIPJ, cada

empresa deverá fazer um “DE x PARA” entre as contas analíticas.

Nesse processo deverá ser feito uma análise nas contas do seu plano e

indicar em qual conta do plano referencial ela se enquadra. Esse trabalho requer

muita atenção, pois é através dessa informação que a Receita Federal analisará os

valores apresentados na obrigação.

2.7.5.2 Validação e transmissão do Arquivo

Para gerar o arquivo é necessário fazer as parametrizações das informações

que são solicitadas e o seu sistema ERP também deverá estar preparado

transformá-las num arquivo texto.

Após a geração é necessário fazer uma validação antes de transmiti-lo. Este

processo é feito através do PVA (Programa Validador e Assinador) e Receitanet

disponíveis para download no site da Receita Federal.

O arquivo é submetido a diversas validações dentro do programa a fim de

encontrar possíveis erros na escrita contábil das empresas. Enquanto existir

qualquer tipo de erro não será possível o envio do arquivo.

Sanados os erros através de ajustes na base de dados, será necessário

assiná-lo digitalmente pelos responsáveis legais cadastrados na Junta comercial.

Depois de recebido pela RFB o arquivo será encaminhado para a Junta Comercial

pela própria Receita Federal, que o autenticará.

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2.7.6 RTT (Regime Tributário de Transição) e F-CONT (Controle Fiscal

Contábil de Transição)

O RTT (Regime Tributário de Transição) foi criado junto ao F-CONT a fim de

reverter o efeito causado pela lei 11638/07. Nele teremos que fazer duas apurações,

a saber:

Através dos métodos da Lei das S/A, apurar o valor do lucro antes do imposto

de renda, também fazer a apuração

O F-CONT (Controle Fiscal Contábil de Transição) foi instituído através da

Instrução Normativa RFB 949/09. Tem como finalidade a escrituração das contas

patrimoniais, desprezando as alterações da lei 11638/09 onde são modificados

alguns critérios da escrituração utilizados para a apuração do lucro no exercício.

A princípio essa obrigação foi adotada para o biênio de 2008 e 2009, mas foi

postergada para o ano de 2010 com algumas modificações feitas pela Receita.

2.7.7 Próximas obrigações

2.7.7.1 E-LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real)

Foi instituído pela Instrução Normativa RFB nº 989/2009, ele refere-se à

apuração do IRPJ e CSLL pelo regime do lucro real.

O e-LALUR será obrigatório a partir de 2012 a partir do ano calendário de

2011, com o intuito de eliminar a duplicidade de informações entre a DIPJ e o

próprio LALUR, facilitando a entrega e simplificando as obrigações.

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2.7.7.2 E-Fopag (Folha de Pagamento)

O e-FOPAG ainda não foi instituído pela Receita Federal, trata-se de mais um

dos subprojetos que fazem parte do SPED. A idéia é uniformizar e simplificar as

informações referentes à folha de pagamento, eliminando assim algumas obrigações

acessórias como a IN86, MANAD, GFIP, CAGED, RAIS entre outras.

Também trará uma integração muito mais eficaz com a Previdência Social,

Ministério do Trabalho, Receita Federal e outros órgãos que tenham interesse

nessas informações.

2.7.7.3 Central de Balanços

A Central de Balanços é mais um projeto que faz parte do SPED e tem como

objetivo de reunir em único lugar informações de todas as empresas envolvidas no

projeto.

Essas informações poderão ser acessadas por diversos usuários e utilizadas

para fins de estáticas, analises, estudos econômicos, dentre outros.

Ainda em fase de estruturação não tem previsão de lançamento pela Receita

Federal.

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CAPITULO 3 ESTUDO DE CASO

Nesse capitulo traremos uma pesquisa de campo com profissionais contábeis

com o objetivo de indicar quais foram as principais dificuldades encontradas e

conhecimento sobre o assunto.

3.1 Metodologia

Neste capítulo, traremos a análise dos dados de uma pesquisa de campo com

profissionais contábeis, com o objetivo de indicar quais foram as principais

dificuldades encontradas e qual o conhecimento sobre o assunto.

Optamos por fazer uma pesquisa de campo, entrevistando os funcionários de

uma grande empresa. A opção pela entrevista se dá especificidade da temática

investigada. Alves-Mazzotti & Gewandsznajder (1998) consideram que, “por sua

natureza interativa, a entrevista permite tratar de temas complexos que dificilmente

poderiam ser investigados adequadamente através de questionários, explorando-os

em profundidade.” (p. 168).

Sarmento (2003) complementa esse ponto de vista ao mostrar que

A realização de entrevistas deve permitir a máxima espontaneidade, seguindo devagar as derivas da conversa e percorrendo com atenção seus espaços em silêncio. As entrevistas podem ser uma oportunidade para os entrevistados se explicarem, falando de si, encontrando as razões e as sem razões por que se age e vive (p. 163).

Estas entrevistas buscaram conhecer e analisar as dificuldades e impactos na

empresa em relação à implantação do SPED CONTABIL. Também fizemos uma

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entrevista com um profissional que participa ativamente de atividades relacionada ao

SPED.

Com esse cenário, foram feitas perguntas diretas para todos integrantes da

área contábil a fim de levantar números que atestassem a referida pesquisa. Os

dados colhidos são apresentados em forma de tabela, a seguir.

SPED Contábil - Impacto da área contábil de uma empresa Resultado da Pesquisa de campo com analistas contábeis Quantidade de profissionais entrevistados 20 % Formado a mais de dois anos 8 40% Formado a menos de dois anos 10 50% Cursando 2 10% Mantêm-se atualizados 8 40% Não se mantêm atualizados 12 60% Conhecem o SPED 6 30% Não conhecem o SPED 14 70% Consideram aptos a validar um arquivo do SPED 3 15% Não se consideram aptos a validar um arquivo do SPED 17 85% Considera o SPED um beneficio. 10 50% Considera o SPED uma obrigação. 6 30% Não sabe 4 20% Enxerga um futuro promissor para o contabilista 7 47%

Mesmo com os números apresentados não sendo satisfatória a empresa em

questão está em dia com o FISCO, pois foi contratada uma empresa especializada

para a entrega do mesmo.

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Ou seja, num mundo globalizado deveremos ficar atentos as suas mudanças,

nos prepararmos, pois as empresas esperam hoje um profissional multidisciplinar

com conhecimento contábil e tecnológico.

Com as informações colhidas na nossa pesquisa constatamos uma grande

mudança e impactos nos processos de escrituração contábil das empresas, onde se

faz a necessidade de ir a campo e verificar os motivos.

3.2 Caracterização da Empresa

O cenário estudado foi numa empresa de grande porte, que por ter um

faturamento elevado está entre as empresas que têm acompanhamento diferenciado

pela Receita Federal do Brasil.

Atuando na prestação de serviços telefonia móvel celular nos estados de São

Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Rio

Grande do Sul, Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e no Distrito Federal.

Com cerca de 3 milhões de clientes apresentou uma participação de mercado

de 43,5%, mantendo, portanto a liderança, provando a eficiência da estratégia de

investir em cobertura, inovação, qualidade de serviços e mantendo elevada relação

custo benefício para seus clientes, em um mercado caracterizado por intensa

competição.

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3.3 O SPED CONTABIL na empresa

Com o intuito de se descobrir os impactos e as dificuldades encontradas com

o SPED CONTABIL, foi feita uma pesquisa com os profissionais da área contábil da

empresa em questão.

A maioria dos pesquisados tem formação contábil completa a mais de 2 anos,

e escolheram ser contabilistas por afinidade com a profissão.

Gráfico 1 – Formação Fonte: Elaborado pelos autores.

Hoje com a constante mudança na legislação, adequação das normas

contábeis e com a entrada de novas obrigações acessórias como o SPED é

importante que o profissional contábil mantenha-se atualizado.

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Na empresa em questão menos da metade tentam atualizar-se

constantemente, pois são disseminadores de informação para os demais da área, os

que não conseguem justificam-se pelas atividades diárias.

Gráfico 2 – Formação Fonte: Elaborado pelos autores.

Sobre o SPED existe grande desconhecimento sobre o assunto, pois apenas

30% conhecem sobre a obrigação. O restante da equipe não teve nenhum contato

com ele, pois não participaram da implantação do sistema.

Gráfico 3 – Formação Fonte: Elaborado pelos autores.

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Pelo desconhecimento já exposto no quadro anterior e também por terem

contratado um consultoria especializada no assunto apenas 15% consideram-se

aptos a gerarem e enviarem o SPED.

Eles enxergam muitas dificuldades com a geração e validação no qual o

arquivo é submetido, como também acreditam serem muito complicados os

relacionamentos de tabelas que nele existem.

Apurando os motivos que levaram em consideração para a contratação de

terceiros ficou evidente que o falta de conhecimento e treinamento foram aspectos

preponderantes para a tomada dessa decisão.

Outra dificuldade encontrada foi em relação a TI, como o livro passou a ser

digital, com varias validações a serem feitas é necessário conhecimento de

processos sistêmico.

Gráfico 4 – Formação Fonte: Elaborado pelos autores.

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Mas apesar de todos esses empecilhos na visão da empresa houve muitos

benefícios, como a guarda das informações, o manuseio dos dados, redução dos

custos eliminação do papel, também consideraram um beneficio a aproximação na

relação com o FISCO.

Gráfico 5 – Formação Fonte: Elaborado pelos autores.

Pelo que se espera hoje de um profissional contábil ele deve estar apto as

mudanças constantes, procurar capacitação inclusive de ordem sistemática e

processos. Tendo em vista que a convergência é inevitável.

Mas essa é apenas uma das preocupações, muitos esqueceram que apesar

de agora o livro ser digital as praticas contábeis continuam as mesmas, segundo

Dias (p.130, 2010):

Poucos perceberam que o mais importante é a contabilidade e não a tecnologia. A escrituração contábil deve refletir as operações reais da

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empresa: faturamento, movimentação de estoques, finanças, entre outras. O desafio em questão é ter a contabilidade coerente, real e íntegra; auditável eletronicamente pela empresa e pelo Fisco.

Ou seja, num mundo globalizado deveremos ficar atentos as suas mudanças,

nos prepararmos, pois as empresas esperam hoje um profissional multidisciplinar

com conhecimento contábil e tecnológico.

3.4 Entrevista

Entrevistamos o senhor Jose Adriano Pinto, que é sócio-diretor de uma

empresa que atua na área de consultoria tributária, palestrante e também dono de

blog onde o assunto é discutido ativamente entre os participantes:

Pergunta: Olá Adriano, poderia falar um pouco da sua trajetória profissional,

formação, especialização?

José Adriano: Contador pela UniSantos com MBA em TI pela FGV, com

mais de 20 anos de experiência na área contábil/tributária nas empresas IOB, Sonda

Procwork, Trevisan e Copebrás, sendo os últimos 12 anos dedicados à aplicação de

tecnologia a estas áreas. Acompanho ativamente o SPED desde 2006, tendo

realizado palestras no SESCON, CIESP, APAS, ASUG Fórum, Uninove e

Anhanguera, e concedido entrevistas a diversos meios de comunicação, dentre eles

Revistas Exame, Exame PME e PEGN, Jornais Valor Econômico, O Estado de SP e

Brasil Econômico, Rádio CBN e TV CRC. Criou e modera o blog

www.joseadriano.com.br a mais de 12 de anos.

Pergunta: Desde o inicio a contabilidade acompanhou os avanços da

sociedade, hoje um dos bens mais preciosos é a informação. Pensando na

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velocidade necessária para o acesso à tais informações, como o contabilista deve

ser preparar para acompanhar esses avanços?

José Adriano: Capacitação e Atualização são as ações mais importantes. E

não só para quem está no processo, mas também para os que terão interação,

como ,por exemplo, profissionais das áreas de Logística.

Analise: Como exposto no nosso estudo de caso o papel do contabilista

deixou de ser apenas como responsável pelo registro dos fatos, hoje ele deve

conhecer a empresa como um todo, buscando a melhoria dos processos e

participando da gestão e tomada de decisões da empresa.

Pergunta: Você entende que para as empresas é de suma importância que

estejam tecnologicamente atualizadas? Se sim, quais os benefícios adquiridos por

essas corporações?

José Adriano: Não só é importante, como obrigatório, pois não consigo

imaginar uma forma das empresas atenderem aos sub-projetos do SPED sem o

apoio de sistemas adequados e constantemente atualizados. E como benefícios,

terão por exemplo, a oportunidade de analisar as informações antes das

transmissões ao Fisco, minimizando assim os riscos de autuações futuras.

Analise: Desde os anos 70 onde iniciaram os sistemas integrados as

empresas tem passado por esse processo de atualização tecnológica bem como a

própria receita com estas atualizações constantes de legislações que temos, é de

suma importância andar lado a lado com as ultimas tecnologias, com isso a

convergência de informações bem como suas validações é algo obrigatório e real.

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Pergunta: Com a implementação do SPED você acredita que o FISCO

obrigou as empresas a se modernizarem?

José Adriano: Não só as empresas, mas o próprio Fisco, pois muitos

Estados não tinham equipamentos e tecnologia adequados sequer para

processamento do Sintegra, e desde 2006 todos estão em processo de

modernização, tirando proveito de financiamentos do BID e BNDES por exemplo.

Analise: Com a implementação do SPED através do Decreto nº 6.022 trouxe

um avanço tecnológico da relação entre a empresa e FISCO, a substituição dos

livros em papel pelo digital fez-se necessário atualizações de ambos os lados.

Contudo também trará benefícios mútuos com essa mudança tornando o Brasil em

referencia no mundo em relação a processo fiscal tributário.

Pergunta: Com a chegada do SPED houve uma quantidade significativa de

questionamentos sobre conceitos e práticas contábeis, demonstrando um

desconhecimento preocupante por parte das empresas sobre tais aspectos. Você

acredita que todos os livros contábeis digitais autenticados suportarão uma auditoria,

agora eletrônica?

José Adriano: Nos últimos anos as áreas de Tecnologia das empresas foram

as áreas responsáveis pela maioria das implementações de sistemas para

atendimento as Obrigações Acessórias, o que demonstrou agora uma infinidade de

problemas, como cadastros inconsistentes e alguns conceitos não praticados em

função de configurações dos ERP`s, por exemplo.

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Analise: Esse dado é muito importante a principio os contabilistas

enxergavam o SPED como obrigação da TI e não percebiam que o que mudou foi

apenas a forma de apresentação do seu livro diário. Que as práticas contábeis

continuavam as mesmas e que essa mudança em muito deve-se ao avanço

tecnológico da sociedade e que mais uma vez na história a contabilidade teria que

acompanhar esse avanço. Podemos verificar por exemplo o layout do arquivo do

SPED CONTABIL que consta no anexo único à instrução normativa RFB nº 787 as

informações são as mesmo contidas no livro diário em papel, o que mudou foi

apenas o seu formato de entrega ao FISCO e a Junta Comercial.

Pergunta: Tendo em vista que o SPED CONTÁBIL trouxe uma nova

realidade para as empresas, onde os profissionais tenham que ter conhecimentos

multidisciplinares em sua opinião, qual área sofreu maior impacto, contábil ou TI?

José Adriano: Contábil com certeza, pelo exposto anteriormente.

Pergunta: Qual o melhor meio para implementar o SPED CONTÁBIL?

Através da área contábil, TI ou terceirizando o serviço?

José Adriano: Pela área contábil com apoio de consultoria externa quando a

empresa não tiver a capacitação e/ou disponibilidade necessárias. A área de TI deve

ser uma área de apoio.

Analise: Hoje dentro das empresas deve existir sinergia entre as áreas a fim

de melhorar os processos e procedimento, Como hoje a tendência é de todos os

livros contábeis e fiscais se tornarem eletrônicos a integração com a área de TI é

extremamente necessária e benéfica a ambos. Contudo com o aumento de

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empresas obrigadas o profissional contábil precisa entrar nessa nova realidade, pois

hoje esse processo é irreversível.

Pergunta: O Plano de contas referencial foi o calcanhar de Aquiles no

processamento do SPED CONTÁBIL, a princípio ele veio para minimizar as

obrigações acessórias e padronizar as informações recebidas pelo FISCO, mas do

ponto de vista das empresas é mais uma ferramenta de fiscalização, tendo em vista

esses cenários qual seria o mais verdadeiro?

José Adriano: Eu não concordo com esta afirmação, inclusive porque o

Plano de Contas não é obrigatório ainda. Passará a ser no FCont deste ano. De

qualquer forma, o objetivo é realmente de fiscalização, pois permitirá ao Fisco

comparar balanços de empresas do mesmo segmento de forma padronizada, por

exemplo.

Analise: Por cada empresa ter o seu plano de contas e sua forma de fazer a

sua contabilidade, a receita teve que padronizar o envio de informações, muitos

tiveram dificuldades e receio de fazê-lo, pois é através dele que são conferidos os

valores por elas transmitidas e divulgados. Se faz necessário conhecimento da

naturezas das contas e sua função dentro da empresa. Antes esse processo não era

obrigatório devido a dificuldade de faze-lo mas para os próximos anos tende a ser

obrigatório esse processo, tendo em vista que o FISCO buscará fazer o

levantamento dos saldos das contas contábeis em outras obrigações como o

FCONT.

Pergunta: Um grande problema na adaptação é que informações errôneas

deixarão as empresas na mira do FISCO, pois o acesso é praticamente on-line,

quais procedimentos uma empresa deve adotar para evitar tal situação?

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José Adriano: As empresas precisam ter certeza do que estão transmitindo

aos Fiscos, e a única forma é gerar com a devida antecedência e conferir tudo antes

de transmitir, tirando proveito de auditoria eletrônica por exemplo.

Analise: Acompanhando os avanços tecnológicos e sistemas utilizados pelas

empresas é de suma importância a validações das informações enviadas ao FISCO,

pois antes não havia nenhum tipo de validações nos livros contábeis, podemos

incluir esse processo na prática contábil das empresas, onde será valorizado o

trabalho dos contabilistas e evitará problemas com o FISCO.

Pergunta: No caso das empresas que ainda não estão obrigadas a utilizar

essa ferramenta, você acha que comparando a relação risco-benefício, será válido

correr os riscos?

José Adriano: A grande maioria das empresas que aderiram ao SPED se

manifesta como favorável a adoção voluntária, expressando claramente que os

benefícios são maiores que os riscos, inclusive em termos de custos de impressão

de notas fiscais e livros contábeis e fiscais.

Analise: Apesar de ser um processo trabalhoso de ser implantado, os

benefícios são muitos. Desde a economia de papel a guarda dos livros. Outro ponto

muito importante é a possibilidade de validar todo o trabalho feito pelas áreas

contábeis e tributarias, sendo possível analisar os procedimentos de escrituração

utilizados e corrigir possíveis erros. Assim mantendo um relacionamento estável com

o FISCO.

Pergunta: Você pode nos informar qual o custo aproximado para as

instalações de um sistema de informação? Você acredita que este custo pode ser ou

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é um impedimento para as empresas se manterem atualizadas para atenderem ao

fisco?

José Adriano: Muitas empresas de TI estão atuando no mercado das

Pequenas e Médias e gerando soluções com custos adequados a este mercado,

portanto, em muitas situações o investimento se paga em pouquíssimo tempo.

Pergunta: Em sua opinião, quais os principais benefícios que o SPED trouxe

para as empresas?

José Adriano: O maior benefício já percebido na minha visão foi a redução

da concorrência desleal, e outro que poderá vir será a ajuda na Reforma Tributária,

pois está sendo criada uma base de dados muito interessante para análise do que

se ganha e se perde no caso de eventuais alterações vindas de uma Reforma.

Pergunta: Muito se fala que o fisco mais estruturado do mundo, seria o do

Brasil. Você concorda com esta afirmação? O FISCO está preparado para gerir

todas as informações que recebem de todas as empresas?

José Adriano: Concordo sim, e a alguns anos o Bill Gates elogiou a RFB, o

que demonstra que não é uma opinião qualquer. O Fisco não está totalmente

preparado, mas está se preparando, e aos poucos demonstrará isto através de

fiscalizações e autuações eletrônicas.

Foram feitos grandes investimentos no FISCO e hoje ele é comparado com os

maiores centros de tecnologias do mundo.

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Pergunta: Os sistemas possuem um papel importante na implantação do

SPED, uma vez implantado, você acha que os demais setores de uma empresa

também terão que se adaptar a este sistema?

José Adriano: As informações transmitidas ao SPED são fruto das

transações realizadas pela empresa, portanto, é de extrema importância que todas

as áreas tenham consciência dos riscos para que executem suas atividades com a

devida responsabilidade e comprometimento.

Analise: Desde o MRP e MRP II as empresas já começavam a viver um

processo integrado, onde todas as áreas têm relação e qualquer tipo de percalço

pode acarretar sérios problemas. Com um ERP bem implantado esse tipo de

situação pode ser evitada antes da entrega das obrigações ao FISCO. Através de

auditorias eletrônicas e alinhamento dos processos.

Pergunta: Diante de tudo isso, já se é possível apontar algum resultado, seja

ele positivo ou negativo, e vislumbrar o que o FISCO vai fazer depois? Quais serão

os próximos passos e prazos para que processo funcione totalmente?

José Adriano: A tendência é de um processo educativo e fiscalizatório, ou

seja, alguns Estados autuarão efetivamente as empresas por erros que denotam

sonegação, enquanto outros darão feedback para que as empresas se ajustem,

entretanto, a única coisa que se espera das empresas, desde sempre, é que façam

as coisas de forma correta, ou seja, isto não mudou com o SPED.

Analise: Mesmo com diversos benefícios o SPED também ajuda o FISCO na

fiscalização e no combate a sonegação. Hoje com praticamente todas as vertentes

do SPED sendo obrigatórias as empresas é possível ver quer qualquer problema em

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alguma operação o FISCO já entra em ação, com autuações ou verificação de

qualquer tipo de problema, já é de conhecimento que algumas empresas deixaram

de entregar suas mercadorias devido a atraso na validação dos arquivos. No entanto

para empresas que fazem um trabalho correto o que mudou foi a forma de

apresentação das informações, os princípios contábeis e fiscais continuam os

mesmos. Apenas seguimos os avanços da tecnologia e sociedade.

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CONCLUSÃO

A contabilidade sempre acompanhou a evolução da sociedade, desde o inicio

quando ainda não existia a moeda já existiam a contabilização e escrituração das

negociações. E acompanhando os avanços tecnológicos ela foi se transformando e

adaptando conforme a necessidade, hoje num mundo globalizado onde se faz

necessário ter acesso as informações de forma transparente e rápida houve a de

novas normas e também do SPED com isso a ciência contábil entra nesse mundo

trazendo benefícios para todos.

Hoje a contabilidade no Brasil passa por um processo de padronização com

as normas internacionais e convergência com as novas tecnologias, isso causa um

grande impacto e mudanças tanto para os profissionais e áreas contábeis que

devem se enquadrar nessa nova realidade.

E mesmo com a massificação dos sistemas integrados, o SPED CONTABIL e

demais obrigações acessórias implantadas os princípios contábeis continuam os

mesmos, o que mudou foi a forma de apresentação e uma aproximação com o

FISCO.

Fizemos estudo de caso e pesquisa numa área contábil de uma grande

empresa e concluímos que o SPED Contábil causou muitas transformações na sua

rotina.

Ainda não se sabe quais foram as intenções do Fisco, todavia que antes da

implantação desse sistema não existia nenhuma validação referente aos livros

diários.

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Alguns acreditam que seja mais uma ferramenta de fiscalização a fim de

evitar fraudes e erros, mas também pode ser um canal de comunicação real com o

Fisco e órgãos que fazem parte desse grande projeto, E essa relação com certeza

trará benefícios para os dois lados.

Em relação as empresas e sua área contábil ficou evidente que a falta de

treinamento e conhecimento ainda é grande, muitos enxergam que é mais uma

obrigação e não enxerga como oportunidade de desenvolvimento. Enfim, ao invés

de cobrar da sua área de TI seria mais importante inteirar sobre o processo. Revisar

procedimentos e forma de atuação.

O SPED traz diversos benefícios, como, por exemplo: a redução significativa

de diversos custos, a desburocratização e a simplificação de vários processos,

incluindo principalmente o processo de Escrituração, pois evita a perca de tempo

com o retrabalho na digitação para simplesmente a importação dos arquivos da

empresa; e a racionalização e simplificação das inúmeras obrigações acessórias

existentes, que os Contabilistas prestam de seus clientes, são eliminadas as

redundâncias das informações.

Ele é um processo que não terá volta logo todas as informações contábeis,

fiscais e tributarias serão integradas com acesso aos contribuintes, órgão públicos,

receita e a quem tiver interesse. Com o isso o contabilista será uma figura ainda

mais importante nas corporações, pois traduzirá toda essa gama de informações em

conhecimento auxiliando na tomada de decisões.

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