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Setembro Ano 2004- Nº III AIDA Secção Portuguesa EDITORIAL A lei tende a ser, na época em que vivemos, cada vez mais claramente, expressão de um “contrato”, ainda que incompleto e imperfeito, entre, de um lado, os cidadãos e os agentes sociais, e, do outro, o Estado, enquanto titular do poder legislativo. Quanto mais preciso, claro e coerente se revelar o corpo de normas em que esse “contrato” se traduza mais estáveis e harmoniosas serão as relações dos vários actores da vida económica e social entre si, e com o próprio Estado, com as vantagens óbvias daí advenientes. Mas, nem sempre a “lei” se caracteriza pelos níveis de rigor, clareza e coe- rência desejados, ou atinge sequer os mínimos, face aos padrões de exigência da vida moderna. A “legislação de seguros” portuguesa é disso um exemplo paradigmático. Apesar da importância económica e social das matérias versadas, o “conjunto” de normas reguladoras das relações entre as seguradoras e os par- ticulares, indivíduos ou empresas, enferma de lacunas, incoerências e imper- feições várias e revela níveis de obsolescência e de não aderência à realidade preocupantes, que importa ultrapassar e corrigir. Deste contexto - dada também a reconhecida reduzida apetência para o uso de meios alternativos de resolução de conflitos, ou de meios que os previnam – terá resultado já um incremento da conflitualidade judicial, susceptível de se agravar. Dele deriva, ainda, um aumento dos níveis de insatisfação dos clientes e terceiros, sejam as suas pretensões “reguladas” nos, ou fora dos tribunais, desde que a solução a que se chegue, mesmo que aceite livremen- te, não se revele compreensível e/ou ocorra fora do tempo previsível. Por outro lado, esta realidade leva a que aos Tribunais - além da função constitucional de administrar justiça e dirimir conflitos, por natureza pon- tuais e concretos – venha a caber, em termos práticos, um papel crescente na “regulação” e “enquadramento” de certo tipo de relações entre os segurado- res e os particulares, a um nível que não era suposto verificar-se. Esta juris- dicionalização das relações de seguro, apesar de legítima e necessária, não é saudável quando frequente ou sistemática, até pelas contingências e incógni- tas que encerra. Legislação Directiva 04/56/CE do Conselho , 21-04-04. JOC L nº 127, 29.04.04 Altera a Directiva 77/799/CEE, relativa à assistência mútua das autoridades compe- tentes dos Estados-Membros no domínio dos impostos directos, de certos impostos especiais de consumo e dos impostos sobre os prémios de seguro. Portaria nº 418/04. DR 69 SÉRIE I-B - 04-04-22 Min. Educação e Segurança Social e do Trabalho Aprova as normas regulamentares de aprendizagem em vários itinerários de formação da área de finanças, banca e seguros. Portaria nº 422/04. DR 97 SÉRIE I-B - 04-04-24 Min. Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas Determina as raças de cães e os cruza- mentos de raças potencialmente perigosos. Decreto-Regulamentar n.º 6/4. DR 98 SÉRIE I-B 04-04-26 Ministério da Administração Interna Regulamenta o Decreto-Lei n.º 244/98, de 8 de Agosto, que regula a entrada, perma- nência, saída e afastamento de estrangei- ros do território nacional. Portaria nº 439/04. DR 102 SÉRIE I-B 04-04-30 Min. Finanças e da Segurança Social e Traba- lho Fixa os valores dos coeficientes a utilizar no ano de 2004 na actualização das remu- nerações a considerar na determinação da remuneração de referência que serve de base de cálculo das pensões de invalidez e velhice do regime geral da segurança social. Decreto-Lei nº 111/24. DR 111 SÉRIE I-A 04-05-12—Ministério da Saúde Altera pela segunda vez o Decreto-Lei n.º 217/99, de 15 de Junho, que aprova o regime jurídico do licenciamento e da fiscalização dos laboratórios privados que prossigam actividades de diagnóstico, de monitorização terapêutica e de prevenção no domínio da patologia humana. Decreto-Lei nº 124/04. DR 122 SÉRIE I-A 04-05-25 Min. Obras Públicas, Transportes e Habitação Aprova o Regulamento da Náutica de Recreio. Portaria nº 585/04. DR 126 SÉRIE I-B, 04-05-29 Ministérios das Finanças e da Agricultura, Desen- volvimento Rural e Pescas Define o capital mínimo e outros critérios qualitativos necessários para a celebração do contrato de seguro referido no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 312/2003, de 17 de Dezembro, que aprovou as normas da detenção de animais perigosos e potencial- mente perigosos enquanto animais de companhia. SPAIDA Boletim Informativo Association Internationale du Droit de l’Assurance INDICE Editorial 1 Editorial (continuação) 2 Jurisprudência 3 Lei do Contrato de Seguro 5 Avaliação, Valorização e Reparação do Dano Cor- poral 8 Congresso Hispano-Luso de Direito dos Seguros 10 Escaparate 10 Legislação 1 Meios Alternativos de Resolução de Litígios 4 José Pereira Morgado Membro do Conselho Directivo

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Page 1: SPAIDA Secção Portuguesa AIDA - aida-portugal.org · de a todos os casos idênticos não resolvidos e não prescritos, ou seja com eficácia retroactiva. O certo, porém, é que,

Setembro

Ano 2004- Nº III

AIDA Secção Portuguesa

EDITORIAL

A lei tende a ser, na época em que vivemos, cada vez mais claramente, expressão de um “contrato”, ainda que incompleto e imperfeito, entre, de um lado, os cidadãos e os agentes sociais, e, do outro, o Estado, enquanto titular do poder legislativo. Quanto mais preciso, claro e coerente se revelar o corpo de normas em que esse “contrato” se traduza mais estáveis e harmoniosas serão as relações dos vários actores da vida económica e social entre si, e com o próprio Estado, com as vantagens óbvias daí advenientes. Mas, nem sempre a “lei” se caracteriza pelos níveis de rigor, clareza e coe-rência desejados, ou atinge sequer os mínimos, face aos padrões de exigência da vida moderna. A “legislação de seguros” portuguesa é disso um exemplo paradigmático. Apesar da importância económica e social das matérias versadas, o “conjunto” de normas reguladoras das relações entre as seguradoras e os par-ticulares, indivíduos ou empresas, enferma de lacunas, incoerências e imper-feições várias e revela níveis de obsolescência e de não aderência à realidade preocupantes, que importa ultrapassar e corrigir. Deste contexto - dada também a reconhecida reduzida apetência para o uso de meios alternativos de resolução de conflitos, ou de meios que os previnam – terá resultado já um incremento da conflitualidade judicial, susceptível de se agravar. Dele deriva, ainda, um aumento dos níveis de insatisfação dos clientes e terceiros, sejam as suas pretensões “reguladas” nos, ou fora dos tribunais, desde que a solução a que se chegue, mesmo que aceite livremen-te, não se revele compreensível e/ou ocorra fora do tempo previsível. Por outro lado, esta realidade leva a que aos Tribunais - além da função constitucional de administrar justiça e dirimir conflitos, por natureza pon-tuais e concretos – venha a caber, em termos práticos, um papel crescente na “regulação” e “enquadramento” de certo tipo de relações entre os segurado-res e os particulares, a um nível que não era suposto verificar-se. Esta juris-dicionalização das relações de seguro, apesar de legítima e necessária, não é saudável quando frequente ou sistemática, até pelas contingências e incógni-tas que encerra.

Legislação Directiva 04/56/CE do Conselho , 21-04-04. JOC L nº 127, 29.04.04 Altera a Directiva 77/799/CEE, relativa à assistência mútua das autoridades compe-tentes dos Estados-Membros no domínio dos impostos directos, de certos impostos especiais de consumo e dos impostos sobre os prémios de seguro. Portaria nº 418/04. DR 69 SÉRIE I-B - 04-04-22 Min. Educação e Segurança Social e do Trabalho Aprova as normas regulamentares de aprendizagem em vários itinerários de formação da área de finanças, banca e seguros. Portaria nº 422/04. DR 97 SÉRIE I-B - 04-04-24 Min. Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas Determina as raças de cães e os cruza-mentos de raças potencialmente perigosos. Decreto-Regulamentar n.º 6/4. DR 98 SÉRIE I-B 04-04-26 Ministério da Administração Interna Regulamenta o Decreto-Lei n.º 244/98, de 8 de Agosto, que regula a entrada, perma-nência, saída e afastamento de estrangei-ros do território nacional. Portaria nº 439/04. DR 102 SÉRIE I-B 04-04-30 Min. Finanças e da Segurança Social e Traba-lho Fixa os valores dos coeficientes a utilizar no ano de 2004 na actualização das remu-nerações a considerar na determinação da remuneração de referência que serve de base de cálculo das pensões de invalidez e velhice do regime geral da segurança social. Decreto-Lei nº 111/24. DR 111 SÉRIE I-A 04-05-12—Ministério da Saúde Altera pela segunda vez o Decreto-Lei n.º 217/99, de 15 de Junho, que aprova o regime jurídico do licenciamento e da fiscalização dos laboratórios privados que prossigam actividades de diagnóstico, de monitorização terapêutica e de prevenção no domínio da patologia humana. Decreto-Lei nº 124/04. DR 122 SÉRIE I-A 04-05-25 Min. Obras Públicas, Transportes e Habitação Aprova o Regulamento da Náutica de Recreio. Portaria nº 585/04. DR 126 SÉRIE I-B, 04-05-29 Ministérios das Finanças e da Agricultura, Desen-volvimento Rural e Pescas Define o capital mínimo e outros critérios qualitativos necessários para a celebração do contrato de seguro referido no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 312/2003, de 17 de Dezembro, que aprovou as normas da detenção de animais perigosos e potencial-mente perigosos enquanto animais de companhia.

SPAIDA Boletim Informativo Association

Internationale du Droit de l’Assurance

INDICE

Editorial 1

Editorial (continuação)

2

Jurisprudência 3

Lei do Contrato de Seguro 5

Avaliação, Valorização e Reparação do Dano Cor-poral

8

Congresso Hispano-Luso de Direito dos Seguros

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Escaparate 10

Legislação 1

Meios Alternativos de Resolução de Litígios

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José Pereira Morgado Membro do Conselho Directivo

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Pág.2 SPAIDA

As decisões judiciais, condiciona-das como são pelas particularida-des processuais e materiais dos respectivos casos, não parecem ser, com efeito, o melhor instru-mento e veículo de definição ou modificação das “regras base do jogo” das relações entre os segu-radores e os seus clientes, até pela dificuldade de, a nível judi-cial, se ponderarem apropriada-mente os impactos sociais e eco-nómicos dessas mudanças de “regras jogo” e o modo de os redistribuir com equidade, e, sobretudo, medir as consequên-cias da sua eventual aplicabilida-de a todos os casos idênticos não resolvidos e não prescritos, ou seja com eficácia retroactiva. O certo, porém, é que, por vezes, acabam por o ser, nalguns casos contra práticas de anos e interpretações generalizadamen-te seguidas. Um exemplo recente ocorreu com o Acórdão de Uniformização de Jurisprudência, do STJ, nº 3/2004, publicado no DR, de 13.05.04, que, contra uma inter-pretação pacificamente seguida ao longo de dezenas de anos e posições reiteradas do Estado Português, veio considerar os limites máximos da responsabili-dade objectiva emergente da circulação automóvel - fixados, de modo expresso, no artigo 508, do Código Civil - incompatíveis com os limites do respectivo seguro obrigatório, sucessiva-mente em vigor desde os come-ços de 1986 e, portanto, inapli-cáveis até aos limites deste. Outra situação de risco de alte-ração radical de “regra de jogo”, por efeito e via judicial, se perfi-la, na sequência de um Acórdão de finais de 2002 do STJ, que começa a ter acolhimento nalgu-mas decisões de 2ª instância. Segundo tais Acórdãos, as situa-ções de invalidade do seguro automóvel, decorrentes de

declarações inexactas ou reti-centes relevantes - qualificáveis, segundo tais arestos, como de mera “anulabilidade” – não serão, como sempre foi entendi-do que eram, oponíveis aos ter-ceiros lesados ou reclamantes, e, portanto, não determinam a res-ponsabilidade do Fundo de Garantia Automóvel e, conse-quentemente, não afastam a responsabilidade da seguradora. Venha, ou não, este entendi-mento a generalizar-se, o facto é que parece justificar-se cada vez mais a existência, viva e actuan-te, de um fórum de debate e reflexão na área do direito dos seguros, que seja capaz de inte-grar todos os mais directamente interessados na aplicação ou no estudo das suas normas e de con-tribuir para uma reformulação gradual, mas incisiva, do direito dos seguros, reduzindo a incerte-za e insegurança hoje associadas à sua aplicação.

Ora, é esse espaço que a SPAIDA pretende ocupar e esse papel que se propõe desempenhar. Por isso mesmo, e no sentido de acompanhar e melhor compreen-der o que num país próximo – Espanha - se vai fazendo neste domínio a SPAIDA está a organi-zar em colaboração com a SEAI-DA o Congresso Hispano-Luso de Direito dos Seguros que terá lugar, em Madrid, a 11 e 12 de Novembro de 2004, e cujo pro-grama provisório se encontra nas páginas deste Boletim.

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No acórdão de 18 de Março de 2004 (revista n°295/04- Relator: Conselheiro Ferreira de Almeida) estava em causa um seguro con-tra acidentes pessoais. À pergun-ta do questionário “Já foi vítima de acidentes corporais? Em que circunstâncias?”, o tomador do seguro respondera negativamen-te. No final da proposta, antes da assinatura do proponente, constava o seguinte: “ É do meu conhecimento que todos os que-sitos influem na aceitação das condições do seguro, tendo res-pondido com toda a exactidão e nada ocultado que possa induzir em erro o segurador na aprecia-ção das coberturas e riscos que proponho”. Verificou-se, porém, que o toma-dor do seguro fora anteriormente vítima de tentativa de homicídio levada a cabo pela pessoa que, mais tarde, o matou. O Tribunal entendeu que a noção de “acidente corporal” não abrange a tentativa de homicí-dio. Para um cidadão médio tal noção abrange “qualquer ocor-rência fortuita, casual ou inespe-rada causadora de danos físicos no “corpo” da vítima”. Em qual-quer caso, a definição de aciden-te contida no artigo 1°/11 da apólice não abrange a tentativa de homicídio. Observa ainda o acórdão que a tentativa de homicídio era do

conhecimento geral em Alcobaça e, designadamente, do agente da seguradora. Tal facto não carece de prova (artigo 514°,n°1 do Código de Processo Civil). No acórdão de 18 de Março de 2004 (revista n°394/04, do mes-mo Relator) , relativo também a um seguro contra acidentes cor-porais, entendeu-se que a apre-ciação da incapacidade do segu-rado, em consequência de aci-dente, devia ser apreciada não em função da Tabela Nacional de Incapacidades, mas em conformi-dade com as regras estabelecidas nas condições particulares. Não se trata de seguro obrigatório e as cláusulas contratuais não revestem qualquer ambiguidade. Também o artigo 12° do Decreto-Lei n°446/85, de 25 de Outubro (Cláusulas Contratuais Gerais) não proíbe as cláusulas em ques-tão: “não se vislumbra aqui qual-quer das situações limite subja-centes a tais proibições imperati-vas e que se prendem com prin-cípios de interesse e ordem pública”.

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JOSÉ CARLOS MOITINHO DE ALMEIDA

Afigura-se-nos de interesse mencionar dois acórdãos recentemente proferidos pelo STJ.

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I De par com realização das três outras, a II Sessão das Jornadas em Direito dos Seguros serviu bem o propósito de mostrar e assinalar a revitalização da Secção Portuguesa da AIDA e a ambição de trazer a esta novos associados. Tomando o expressivo número, bem acima da expectativa, de mais de uma centena de partici-pantes nesta e no conjunto das quatro sessões, parece certa a ideia de que o evento terá mesmo tido larga notoriedade e importan-te reconhecimento no universo dos juristas profissionalmente mais dedicados ao Direito dos Seguros. Foram, pois, plenamente alcança-das duas das principais motivações para a promoção deste primeiro encontro no contexto do novo ciclo da vida da Secção Portuguesa da AIDA. II Com a escolha do tema dos Meios Alternativos de Resolução de Lití-gios fez-se introduzir no âmbito das reflexões propostas pela SPAI-DA o que é próprio de uma pers-pectiva sobre o espaço e o tempo da concretização da lei (“law in action”) e do seu carácter instru-mental na realização da Justiça. Desse passo e nesta particular con-sideração da dimensão adjectiva do Direito dos Seguros , além de se compreender melhor o maior ou menor alcance útil da ordem subs-tantiva (“law in books”) e de se buscarem soluções mais proficien-tes e mais justas, é também possí-

vel uma interessante e estimu-lante deslocação do ponto ful-cral da nossa atenção, desafian-do-nos a perceber que se os juristas (como nós) são, neces-sariamente, os primeiros intér-pretes da lei, tendem todavia a não ser realmente eles, mas a ser os outros (nossos concida-dãos), os seus principais desti-natários. O que a partir de aqui se pode e quer descobrir, até como signifi-cado extraordinário dessa pro-posta analítica de procurar olhar os fenómenos que nos interes-sam (e olharmo-nos a nós mes-mos) a partir da posição e ângu-lo do outro, pode ser mais elo-quentemente ilustrado com as palavras de um dos magníficos participantes que ofereceu con-tribuição sob a forma de respos-ta e comentário ao “Guião de Consulta” com que se quis pre-parar a sessão. Escreveu ele que “A actividade seguradora vive sob o fogo permanente da opi-nião pública adversa, muitas vezes alimentada pela ignorân-cia e má fé dos seus detracto-res. A conciliação [entre os Meios Alternativos de Resolução de Litígios] é um palco onde muitas vezes as partes se com-põem e se descobre que afinal o inimigo é um tigre de papel” Eis portanto, se várias outras não houvessem, uma funda-mental razão para que, a partir da unanimidade expressa por todos os intervenientes sobre o interesse, utilidade e

vantagem da multiplicação da adopção dos Meios Alternativos de Resolução de Litígios no âmbito da actividade segurado-ra, o agora alargado conjunto de associados da SPAIDA se sinta interpelado para dar quotidiana-mente continuidade e desenvol-vimento à concretização da ideia e séria possibilidade de construção de um melhor servi-ço de realização da Justiça nas questões emergentes da execu-ção dos contratos de seguros. O notável caso de sucesso que é o CIMASA, Centro de Informa-ção, Mediação e Arbitragem de Seguros Automóveis, como par-ceria estabelecida pela APS, pelo ACP, pela DECO e pelo Ministério da Justiça, pode ser a melhor caução para que o uni-verso segurador possa prosseguir na aposta de constituir referên-cia de vanguarda. III Por assim ser, estamos todos ainda mais obrigados a assegu-rar que, como pensado e pre-tendido, as Jornadas extravasam o circunstancial encontro acon-tecido e que vão ter a divulga-ção que as excelentes alocuções da Senhora Drª Rute Santos, do Senhor Dr. João Luís Lopes dos Reis, da Senhora Dr.ª Maria da Conceição Oliveira e do Senhor Professor Pedro Pais de Vascon-celos bem justificam, designa-damente através dos completos e detalhados relatos que se vão publicar.

MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS

DIOGO LACERDA MACHADO

Advogado

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LEI DO CONTRATO DE SEGURO

JOSÉ CARLOS MOITINHO DE ALMEIDA

Conselheiro Supremo Tribunal de Justiça

Realizou-se no passado dia 29 de Abril a terceira parte das Jornadas do Direito dos Segu-ros, que tinha como tema a « Lei do Contrato de Seguro ». Na introdução que me coube fazer comecei pela análise das respostas dadas ao questioná-rio que na sua generalidade (com uma excepção) apontam para a vantagem de uma codi-ficação do direito dos seguros. Em seguida, no comentário que julguei oportuno apresen-tar, salientei que de todos os então Estados-Membros ape-nas a França dispunha de um Código dos Seguros que nem tudo abrange (são excluídos os seguros aéreos, o resseguro e , tratando-se dos seguros obri-gatórios de responsabilidade civil, apenas o seguro automó-vel, da responsabilidade rela-cionada com a utilização de engenhos mecânicos e a cons-trução civil se encontram aí contemplados). As constantes modificações introduzidas aos regimes jurídi-cos destes últimos seguros e às regras aplicáveis ao exercício da actividade seguradora auto-rizam prever que um Código dos Seguros hoje aprovado, amanhã se tornaria numa man-ta de retalhos. No que respeita à matéria a incluir numa lei sobre o contra-to de seguro sustentei que esta não devia abranger os seguros de transportes marítimos e aéreos bem como o resseguro,

solução para que aponta o direito comparado e a natureza destes contratos . Os primeiros relevam de convenções inter-nacionais e todos são concluí-dos entre empresas que não necessitam de particular pro-tecção jurídica. Chamei, em seguida, a atenção para três aspectos que têm sido ignorados: o regime da lei apli-cável ao contrato de seguro, hoje constante do Decreto-Lei n°94-B/98, mas incompleto pois esqueceram-se disposições necessárias a assegurar o reco-nhecimento de certas decisões proferidas por tribunais portu-gueses, o regime da língua em que a apólice deve ser redigi-da, hoje constante do artigo 193°-A daquele diploma, mas longe de respeitar obrigações resultantes do direito comuni-tário, e, finalmente, para a necessidade de se prever uma disposição semelhante à do artigo 187° da lei alemã, segundo a qual, tratando-se de grandes riscos, são inaplicáveis as disposições que limitam a liberdade contratual (as nor-mas imperativas transformam-se, assim, em dispositivas).

Interveio, em seguida, o Senhor Dr. José Morgado. Começou por salientar a neces-sidade de uma reforma do direi-to dos seguros face à multiplici-dade das normas existentes, inspiradas por valores diversos, e à existência de vazios legisla-tivos.

Faltam, entre nós, práticas de mercado semelhantes às que existem, por exemplo, na Alemanha. No seu entender o Direito dos Seguros deveria constar de três diplomas: um, que inclui-ria a disciplina da actividade seguradora e a liquidação das sociedades, outros, sobre o contrato de seguro, e um ter-ceiro que englobaria toda a matéria dos seguros financei-ros. O diploma relativo ao contra-to de seguro deveria conter uma definição deste contrato e abranger os seguros de transportes, marítimos e aéreos. Não regularia matéria de natureza geral, como a disciplina das cláusulas con-tratuais gerais e do comércio electrónico, mas deveria con-ter uma menção expressa quanto à aplicabilidade de tais normas. A disciplina dos seguros de grupo afigura-se importante, uma vez que estes são hoje fonte de conflitos e não assu-mem sempre a mesma natu-reza. Não raro constituem meros contratos-quadro.

Não se deverá esquecer a inclusão de normas de direito internacional privado bem como normas destinadas a resolver conflitos de várias d i spo s i ç õe s ap l i c áve i s (comércio electrónico, pro-tecção dos consumidores,

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cláusulas contratuais gerais, comércio à distância...).

O direito comparado mostra uma prevalência de diplomas com disposições imperativas destinadas a proteger os consu-midores. Mas importa distin-guir, como timidamente o faz a recente lei belga, entre gran-des riscos e riscos de massa, limitando a estes a aplicação de tais disposições. Existe uma diferença profunda entre, por exemplo, o seguro de um con-domínio de 10 pisos e de outro abrangendo 200 edifícios. Abordou, em seguida, o tema da interpretação do contrato de seguro, criticando a aplica-ção do princípio segundo o qual, na dúvida, as clausulas devem ser interpretadas contra o segurador, mesmo quando se trata de cláusulas elaboradas pelo segurado (o que é fre-quente nos grandes riscos), impostas pela supervisão, ou mera transposição ou aplicação de normas legais. Em tal caso, seria mais razoável fazer uso do princípio do equilíbrio das prestações. Depois de aludir a vários outros princípios interpretativos (da prevalência das cláusulas manuscritas sobre as impres-sas, das condições especiais sobre as gerais, da acta adicio-nal sobre o anteriormente con-vencionado, da nova cobertura sobre a prevista na apólice), referiu-se à declaração do ris-co. A este respeito chamou a aten-ção para a natureza excessiva do regime hoje em vigor que prevê a anulabilidade do con-trato. Deverá estabelecer-se que, não existindo má-fé e verificada a omissão ou a ine-

xactidão antes do sinistro, poderá o segurador exigir um aumento do prémio. Se ocorrer após o sinistro, sem má fé, a prestação do segurador será reduzida proporcionalmente e, existindo má fé, o contrato poderá ser resolvido. Em caso de grandes riscos jus-tifica-se a nulidade do contrato. No que respeita ao questionário, impõe-se consagrar o princípio segundo o qual o segurado não se deve limitar a responder às perguntas formuladas pelo segu-rador, devendo mencionar todas as circunstâncias do seu conhe-cimento que influam na produ-ção do risco (questionário aber-to). O Professor Menezes Cordeiro começou por se referir ao Códi-go Civil brasileiro de 2002 e à definição de contrato de seguro nela consagrada. Hoje o direito dos Seguros cons-titui uma disciplina científica com características próprias mais intensas do que o direito Bancário. Existem, na Europa, duas tradi-ções. Uma, a alemã, que disci-plina o contrato de seguro em lei autónoma e outras, dos paí-ses latinos, que o incluem nos códigos comerciais. No nosso país a dispersão das normas jurídicas aplicáveis, as contradições e lacunas existen-tes, as dificuldades de interpre-tação, a necessidade de trans-posição de “directrizes” comu-nitárias, aconselham que o legislador se debruce sobre o Direito dos Seguros. Em seu entender justifica-se um Código dos Seguros tendo em conta, designadamente, que o

direito institucional contém dis-posições que se aplicam ao con-trato de seguro. E, assim, se evitariam “ciumeiras por parte dos cultores de outros contra-tos”. A inclusão do regime jurídico do contrato de seguro no Código Civil, no seguimento de uma tendência no sentido de passar para este a matéria comercial, coloca a questão de saber quais as reformas possíveis do nosso Código. Uma reforma “fraca” limitar-se-ia a retomar institutos desactualizados, como o da interdição e inabilitação, o regime das fundações, o arren-damento. Uma reforma “média”, no seguimento da reforma alemã de 2001, inclui-ria o direito do consumo. Enfim, uma reforma “forte” poderia incluir no Código Civil o direito Comercial e, assim, também, o regime jurídico do contrato de seguro. Referiu-se, em seguida, à tutela do consumidor e à existência de seguros especiais. Quanto à primeira observou que existem regras específicas no domínio dos seguros e os seguros especiais contêm normas que se repetem, devendo as diferenças de fundo ser estudadas e coloca-das na lei. O Professor Júlio Gomes ocupou-se da interpretação do contrato de seguro. Começou por abordar as regras de interpretação em geral. A este respeito salientou que a interpretação pode simultanea-mente envolver questões de fac-to e de direito e questão de direito sempre que se ultrapassa a referência à vontade psico-

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lógica. Pode-se por a questão de saber se existem regras de interpre-tação para certos tipos ou clas-ses de contratos, contendo a lei regras aplicáveis aos contra-tos formais (artigo 238° do Código Civil). As regras de interpretação variam em função do modo de f o rmação do co n t ra to (declarações ou comportamen-to concludente das partes), da autoria das cláusulas contra-tuais (elaboradas por uma das partes ou por ambas), ou da própria natureza gratuita ou onerosa do contrato, como entende a doutrina italiana. Tratando-se de cláusulas ela-boradas por uma das partes, a regras segundo a qual devem ser interpretadas contra o seu autor só é aplicável em caso de dúvidas e as normas legais incluídas num contrato não perdem a sua natureza, sen-do-lhes aplicáveis os princípios de interpretação das leis. Na interpretação de um con-trato vários elementos devem ser tidos em consideração. Assim, as circunstâncias e a finalidade do negócio, o ele-mento sistemático, a prática assumida nas relações nego-ciais, a qualidade profissional ou não profissional das partes. Sustenta-se ainda que a inter-pretação deve ser feita no sentido de conferir ao negócio uma eficácia prática se a alternativa conduzisse a privá-lo de efeitos. Tratando-se da interpretação do contrato de seguro importa conferir primado ao sentido usual sobre o sentido técnico, quando este não resulte com clareza do contrato. Assim, a jurisprudência francesa enten-

deu coberto por um seguro contra furto, a entrega de veí-culo a um cliente que nunca mais o devolveu. Vários outros exemplos foram apresentados.

Deve igualmente ter-se em con-ta a documentação publicitária da seguradora, que frequente-mente contém informações mais precisas do que as apóli-ces. Referiu-se depois às cláusulas de exclusão do risco, as quais devem ser interpretadas restri-tivamente, nunca para além do seu teor literal. Quanto ao princípio in dubio contra stipulatorum ,só aplicá-vel em caso de ambiguidade, entende que não deve ser excluído no que se refere a cláusulas que reproduzem nor-mas legais. O segurador, mesmo quando utiliza normas predis-postas, tem a obrigação de as explicar. Aludiu, em seguida, em termos críticos a uma decisão judicial que entendeu ser o segurado responsável pelas consequên-cias de não ter feito a declara-ção do agravamento do risco no prazo legal , quando a apólice nada continha sobre a matéria tinha a obrigação de conhecer a lei. Sobre a questão de saber se o questionário deve ser aberto ou fechado, pronunciou-se neste último sentido quando o segura-dor tem pela frente um consu-midor. Seguiram-se intervenções da Senhora Drª Alice Bettencourt, do Senhor Dr. José Morgado e do Professor Júlio Gomes. A Senhora Drª Alice Bettencourt salientou a necessidade de nova legislação sobre o contrato de

seguro. Não considera oportuno um Código dos Seguros em par-ticular na medida em que a par-te institucional é hoje grande-mente penetrada pelo direito comunitário. O Senhor Dr. José Morgado referiu-se ao dever de informa-ção. Chamou a atenção para o facto de que muitas vezes não existe qualquer relação entre a seguradora e o segurado (intervenção de mediador). Em França, nos seguros de grupo, o tomador age como representan-te da seguradora competindo-lhe o dever de informação dos segurados. Em Portugal, o dever de infor-mação é excessivo e, em regra, não observado. O Professor Júlio Gomes aludiu ao regime existente no Reino Unido quanto ao agravamento do risco: no período de duração do contrato sobre o segurado não recai qualquer dever de informação da seguradora. Referiu-se também à prática entre nós existente de supres-são da identidade da segurado-ra nos acórdãos publicados, ao contrário do que se passa nou-tros países. Tal identificação afigura-se oportuna para dissua-dir as seguradoras de comporta-mentos processuais indesejá-veis. Mencionou também os “punitive damages”, indemnização subs-tancialmente agravada em que, nos países anglo-saxónicos, são condenadas as seguradoras que assumam uma posição clara-mente contrária à lei.

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AVALIAÇÃO, VALORIZAÇÃO E REPARAÇÃO DO DANO CORPORAL

Justificação da Jornada A ocorrência de um acidente do qual resultem danos corporais – entendido no seu sentido mais amplo, ou seja como a ofensa à integridade física e as suas conse-quências - é uma realidade do dia a dia das pessoas. Tem por isso interesse prático a análise das questões que envolvem a avalia-ção e a valorização/reparação do dano corporal.

Aqueles que têm de tratar de tais questões confrontam-se muitas vezes com dúvidas, dificuldades e até perplexidades decorrentes de diferentes interpretações, dife-rentes abordagens e diferentes instrumentos na resolução dos casos que se lhes deparam.

A SPAIDA entendeu por isso pro-mover uma jornada que permitis-se debater o tema da avaliação, valorização e reparação do dano corporal, numa dupla vertente: por um lado, através de exposi-ções por especialistas na matéria; por outro lado, através de um debate no qual teriam particular intervenção aqueles que se ocu-pam de casos práticos. Ao fazê-lo desta forma a SPAIDA pretendeu provocar um saudável confronto entre o enquadramento teórico feito pelos mais especialistas e as realidades do dia a dia vividas pelos práticos.

Com vista ao debate elaborou-se

um questionário, o qual foi pre-viamente enviado a profissionais de diversos quadrantes integrados no universo segurador e a juristas em geral.

Tratando-se de uma jornada com (deliberadamente) estas caracte-rísticas pretende-se que a discus-são continue. Por isso agora se dá notícia do que passou.

O Questionário

O questionário foi constituído por um conjunto de perguntas relati-vas quer à avaliação, quer à valo-rização/reparação.

Para efeitos do questionário, avaliação corresponde a um con-ceito ou operação estritamente médico legal, enquanto que valo-rização/reparação corresponde a um conceito ou operação subse-quente à avaliação visando a fixa-ção da indemnização.

Questões principais: Grau de satisfação aquando da intervenção nalgum assunto ou caso, extrajudi-cial ou judicial, envolvendo avaliação e/ou valoriza-ção/reparação do dano cor-poral?

A avaliação deve ser pura-mente casuística ou sujeita a critérios pré – determina-dos?

A valorização/reparação deve ser puramente casuís-tica ou sujeita a critérios pré – determinados?

Se sujeita a critérios pré – determinados, que forma-tação deveriam ter tais critérios ?

(incapacidade permanente e incapacidade temporárias; incapacidade genérica e incapacidade com incidência /rebate na profissão do lesa-do concreto; factores de cor-recção; tipo de danos ; tabe-las; médicos com formação específica, sem formação específica).

Resultados do Questionário

Embora as respostas sobre o grau de satisfação tenham sido m a i o r i t a r i a m e n t e d e “satisfatório”, o sentido geral das mesmas foi o de que há que melhorar e evitar o casuísmo puro.

Quer a avaliação, quer a valori-zação/reparação devem ser sujeitas a critérios pré – deter-minados.

ANTÓNIO DA COSTA BASTO

Advogado Membro do Conselho Geral da Ordem dos Advogados

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Devem considerar-se a incapaci-dade permanente e a incapacida-de temporária, e não apenas uma delas. Devem considerar-se a incapaci-dade genérica e a incapacidade com incidência/rebate na profis-são do lesado concreto, e não apenas uma delas. Devem considerar-se factores de correcção (por exemplo agrava-mento com a idade), quer na ava-liação, quer na valoriza-ção/reparação. Essencial a criação de tabelas, havendo uma preferência maiori-tária por uma tabela europeia. A maioria entende que a avalia-ção médica deve ser feita apenas por médicos detentores de uma formação específica em avaliação do dano corporal.

Exposições na sessão O Prof. Duarte Nuno Vieira – actual presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, tam-bém professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e ainda membro da D i r e c ç ã o d a C E R E D O C (Confederação Europeia de Espe-cialista em Avaliação e Reparação do Dano Corporal)- fez uma muito interessante exposição, referindo as tentativas de criação de uma tabela europeia, a qual foi final-mente elaborada, mas que ainda não se encontra em vigor.

Relativamente a Portugal, infor-mou que está em preparação uma tabela, a qual vai basear-se na tabela europeia e na tabela espa-nhola. Mostrou-se um claro defensor da existência de tabelas.

Quanto aos médicos, defendeu que devem ter uma competência espe-cial, acrescentando que o médico deve explicar e fundamentar para além de quantificar. O Prof. Álvaro Dias – professor da Faculdade de Direito da Universida-de de Coimbra – defendeu numa exposição coloquial, convicta e de qualidade, a parametrização de critérios, mostrando-se adepto de tabelas. O Prof. Calvão da Silva – professor da Faculdade de Direito da Univer-sidade de Coimbra- na sua clara exposição, levantou dúvidas quanto ao recurso, de forma não devida-mente ponderada e cautelosa, a tabelas. Declarou-se no entanto favorável à existência de uma tabe-la europeia para os danos não patri-moniais.

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www.apseguradores/spaida.pt

As Secções Espanhola e Portuguesa da AIDA estão a organizar o Con-gresso Hispano-Luso de Direito dos Seguros que terá lugar em Madrid dias 11 e 12 de Novembro de 2004. O Comité de Honra será presidido por S.A.R. D. Felipe de Borbón e contará com a presença de destacadas individualidades dos dois paí-ses. Os mercados de seguros de Espanha e Portugal apresentam caracte-rísticas comuns que justificam a colaboração dos respectivos opera-dores com o fim de aprofundar as suas experiências. Estarão, assim, na base de uma reflexão conjunta, a situação actual e as perspectivas futuras da realidade dos dois países.

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CONGRESSO HISPANO-LUSO DE DIREITO DOS SEGUROS Madrid, 11 e 12 de Novembro

EL CONTRATO DE REASEGURO MANUAL TÉCNICO JURÍDICO

Jorge Sánchez Villabella

DERECHO DE SEGUROS Y FONDOS DE PENSIONES

Alberto Tapia Hermida

CUESTIONES ACTUALES DEL DERECHO DE SEGUROS

Luis Ângulo Rodriguez Javier Camacho de los Rios

SPAIDA Association Internationale du Droit de

l’Assurance Secção Portuguesa

Tel: ++ 213848100

Fax: ++ 213831422E-mail: [email protected]

Escaparate

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Sección Española Secção Portuguesa SEAIDA SPAIDA

CONGRESO HISPANO-LUSO DE DERECHO DE

SEGUROS

CONGRESSO LUSO-HISPANO DE DIREITO DOS SEGUROS

Madrid 11 e 12 de Novembro de 2004

Centro de Convenções MAPFRE

COMITÉ DE HONRA PRESIDIDO POR S.A.R. O PRÍNCIPE DAS ASTÚRIAS JUSTIFICAÇÃO DA PROPOSTA Porquê um Congresso Luso-Hispano de Direito dos Seguros? Os mercados de seguros espanhol e português apresentam características comuns que favorecem a colaboração dos seus operadores com a finalidade de aproveitar as experiências de cada um dos países, de forma a aperfeiçoar as respectivas legislações e a avançar para um futuro de harmonização das mesmas, como um mercado regional dentro da União Europeia. As diferentes experiências legislativas de Espanha e de Portugal servem de base para uma reflexão sobre as suas vantagens e inconvenientes. A legislação sobre seguros, em especial na vertente de ordenação do mercado, é definida pela necessidade de sujeição às Directivas comunitárias. As diferentes experiências de Portugal e de Espanha no que respeita à sua transposição serão objecto de debate no Congresso. Espanha optou por uma lei do contrato de seguro, que, neste momento, carece duma séria revisão. Muitas das modificações desejáveis são fruto da necessidade de transpor normas comunitárias e outras resultam da evolução do mercado. Uma revisão conjunta das soluções preconizadas pela legislação dum e doutro país, relativamente a problemas similares, pode ser de grande utilidade no momento em que forem propostas as necessárias modificações. A proximidade dos dois países torna necessário rever as propostas de avaliação dos danos corporais em ambas as legislações. Espanha aprovou, em 1995, um Sistema de Avaliação de Danos Corporais causados por Acidentes de Viação, sobre o qual se vai reflectir, no âmbito deste Encontro, ponderando a sua possível aplicação a outros tipos de responsabilidade. Por outro lado, existe um avançado projecto de Tabela Europeia de Danos Corporais. A experiência espanhola, relativa à aplicação de critérios legais de avaliação, pode ser de grande utilidade para o mercado português e permitirá avaliar, doutra perspectiva, as vantagens e inconvenientes desta legislação. As perspectivas de evolução dos sistemas complementares de segurança social em ambos os países, tornam importante comparar as duas experiências. Fazer propostas conjuntas para o futuro poderá ser uma das metas deste Congresso.

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PROGRAMA PROVISÓRIO Quinta-feira, 11 de Novembro 16.00 h – Inauguração do Congresso 16.30 h 1º Painel: A legislação sobre o contrato de seguro: estado actual das legislações portuguesa e espanhola e possibilidades de modificação, tendo em conta as tendências da harmonização no direito comunitário. Moderador: Dr. Aurelio Menéndez Menéndez. Oradores: Dr. Fernando Sánchez Calero. Prof. Catedrático de Direito Mercantil, Presidente da SEAIDA; Dr. José Carlos Moitinho de Almeida, Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, Presidente da SPAIDA 20.00 h – Cocktail de boas-vindas Apoio da Companhia de Seguros FIDELIDADE/MUNDIAL Sexta-feira, 12 de Novembro 09.00 h 2º Painel: Avaliação e reparação do dano corporal. Análise dos sistemas português e espanhol. Propostas para o futuro. Moderadores: Prof. Dr. Duarte Nuno Vieira. Presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal (a confirmar). Prof. Dr. Cesar Borobia Fernández. Presidente de AMES. Profesor de Medicina Legal de la Universidad Complutense de Madrid. Oradores: Dr. José Manuel Maza Martin. Magistrado do Supremo Tribunal. Dr. António da Costa Basto. Membro do Conselho Geral da Ordem dos Advogados. Membro do Conselho Directivo da SPAIDA, Advogado 11.00 h – 11.30 – Pausa-café 11.30 h 3º Painel: A arbitragem como meio de resolução de conflitos no seguro e no resseguro Moderadora: Dra. Maria de Jesus Serra Lopes. Conselheira de Estado, Vice-Presidente da SPAIDA, Advogada Oradores: Dr. Evelio Verdera y Tuells. Prof. Catedrático de Direito Mercantil. Dr. Diogo Lacerda Machado. Membro do Conselho Directivo da SPAIDA Advogado 13.30 h /16.00 h– Almoço livre 16.00 h 4º Painel: Tendências na segurança social complementar: planos de pensões, seguros de vida e seguros de dependência. Moderador: Dr. Alberto Javier Tapia Hermida. Prof. Titular de Direito Mercantil, Advogado. Presidente do Grupo de Trabalho da SEAIDA “Pensões”. Orador: Dr. Joaquim Aguiar. Investigador Associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Técnica de Lisboa 18.30 h – Conclusões e Encerramento do Congresso 21.00 h – Jantar de encerramento

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SPAIDA - SECÇÃO PORTUGUESA DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITO DOS SEGUROS

Em Portugal, a Secção Portuguesa da AIDA foi constituída em 1970 e desenvolveu a sua actividade com carácter de regularidade até 1986. Nos últimos anos, por razões de vária ordem, esta instituição não teve qualquer actividade, o que levou diversas entidades e organizações, nacionais e internacionais, a solicitar a revitalização da Secção Portuguesa. A Associação Portuguesa de Seguradores assumiu com satisfação esse desígnio e, no dia 15 de Abril de 2003, foi eleito em Assembleia Geral, o actual Conselho Directivo da SPAIDA. A Secção Portuguesa da AIDA reiniciou, assim, os seus trabalhos num período em que a evolução do mercado segurador e as concepções político-sociais aconselham ponderação, no domínio da disciplina jurídica. A SPAIDA, pelos objectivos prosseguidos aliados ao prestígio dos seus Associados pretende relançar o estudo e desenvolvimento de temas ligados ao direito dos seguros e tem como missão o aprofundamento da cooperação internacional nestas matérias. SEDE DO CONGRESSO E SECRETARIADO O Congresso realizar-se-á no CENTRO DE CONVENCIONES MAPFRE de Madrid, situado no coração da Azca, zona estratégica comercial - Calle General Perón, 40 - em frente ao Palacio de Exposiciones y Congresos e junto ao Centro Comercial Moda Shopping, um dos mais prestigiados de Madrid.

Custo de inscrição: € 300 para Associados da AIDA e € 500 para Não Associados Para quaisquer informações é favor de contactar Ana Horta Carneiro pelo telefone 213848145 ou através do e-mail [email protected].