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Sistemas deProdução 2

Embrapa Agroindústria Tropical

Fortaleza, CE

2007

ISSN 1678-8699

Setembro, 2007

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Agroindústria Tropical

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sistema de Produção paraManejo do Cajueiro Comume Recuperação de PomaresImprodutivos

Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira

Editor Técnico

© Embrapa 2007

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Agroindústria Tropical

Rua Dra. Sara Mesquita, 2270 - PiciCaixa Postal 3761Fone: (85) 299-1800Fax: (85) 299-1803Home page www.cnpat.embrapa.brE-mail [email protected]

Comitê de Publicações da Embrapa Agroindústria Tropical

Presidente: Presidente: Valderi Vieira da SilvaSecretário-Executivo: Marco Aurélio da Rocha Melo

Membros: Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo, Marlos Alves Bezerra,

Levi de Moura Barros, José Ednilson de Oliveira Cabral, Oscarina

Maria Silva Andrade e Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira.

Supervisor editorial: Marco Aurélio da Rocha Melo

Revisor de texto: Maria Emília de Possídio Marques

Normalização bibliográfica: Ana Fátima Costa Pinto

Fotos da capa:Editoração eletrônica: Arilo Nobre de Oliveira

1a edição (2004): on line

2a edição revista e atualizada1a impressão (2007): 500 exemplares

Todos os direitos reservados.

A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

CIP - Brasil. Catalogação-na-publicaçãoEmbrapa Agroindústria Tropical

Sistema de produção para manejo do cajueiro comum e recuperação

de pomares improdutivos / Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira (editor

técnico). Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007.

36 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Sistemas de Produção, n. 2).

1. Caju - Sistema de produção. 2. Caju comum - Cultivo. 3.

Anacardium occidentale L. 4. Cajueiro - Recuperação pomar. I. Oliveira,

Francisco Nelsieudes Sombra. II. Título. III. Série.

CDD 634.573

Autores

Afrânio Arley Teles MontenegroEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Irrigação e Drenagem,pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,Fortaleza, CE, tel.: (85) 3299-1925,[email protected]

Álfio Rivera CarbajalEngenheiro agrônomo, M. Sc., Plataforma Regional doAgronegócio Caju, tel.: (85) 3299-1925,[email protected]

Antônio Lindemberg Martins MesquitaEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Entomologia,pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,tel.: (85) 3299-1840, [email protected]

Antonio Renes Lins de AquinoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Solo e Nutrição dePlantas, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,tel.: (85) 3299-1843, [email protected]

Francisco das Chagas Oliveira FreireEngenheiro agrônomo, Ph. D. em Fitopatologia,pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, tel.: (85)3299-1856, [email protected]

Francisco Nelsieudes Sombra OliveiraEngenheiro agrônomo, M. Sc., pesquisador da EmbrapaAgroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel.: (85) [email protected]

Geraldo Correia de Araújo FilhoEngenheiro agrônomo, M. Sc., pesquisador da EmbrapaAgroindústria Tropical, tel.: (85) 3299-1819,[email protected]

José Ismar Girão ParenteEngenheiro agrônomo, M. Sc., Secretaria de Ciência eTecnologia do Estado do Ceará - SECITECE, Av. WashintonSoares, 707, Bloco 4 – Água Fria,tel.: (85) 3277-3400, [email protected]

José Jaime Vasconcelos Cavalcanti

Engenheiro agrônomo, Ph. D. em Genética e Melhoramentode Plantas, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,tel.: (85) 3299-1941, [email protected]

José Luiz Mosca

Engenheiro agrônomo, D. Sc. em Fisiologia Pós-colheita,pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,tel.: (85) 3299-1847, [email protected]

João Rodrigues de Paiva

Engenheiro agrônomo, D. Sc. em Genética e Melhoramentode Plantas, pesquisaddor da Embrapa AgroindústriaTropical, tel.: (85) 3299-1977, [email protected]

João Paulo Cajazeira

Engenheiro agrônomo, Rua Eurico Medina, 1030,CEP 60525-460 Fortaleza, CE, tel.: (85) 3290-1743,[email protected]

Levi de Moura Barros

Engenheiro agrônomo, Ph. D. em Genética e Melhoramentode Plantas, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,tel.: (85) 3299-1920, [email protected]

Lindbergue Araújo Crisóstomo

Engenheiro agrônomo, Ph. D. em Química dos Solos,pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,tel.: (85) 3299-1915, [email protected]

Pedro Felizardo Adeodato de Paula Pessoa

Adm. empresas, M. Sc. em Economia Rural, pesquisador daEmbrapa Agroindústria Tropical, tel.: (85) 3299-1814,[email protected]

Sidnéia Souza Silveira

Engenheira agrônoma, M. Sc., Rua Alberto Ferreira, 1672,CEP 60341-140 Fortaleza, CE,

tel.: (85) 3228-4947, [email protected]

Vitor Hugo de Oliveira

Engenheiro agrônomo, D. Sc. em Fitotecnia, pesquisador daEmbrapa Agroindústria Tropical,

tel.: (85) 3299-1964, [email protected]

Apresentação

Estas recomendações destinam-se a produtores que exploram comercialmente

pomares de cajueiro comum, cujos plantios foram realizados por meio de

sementes ou mudas de pé-franco e aos produtores que pretendem recuperar

pomares improdutivos, empregando a técnica de substituição de copas.

Nas páginas seguintes deste documento, o leitor terá oportunidade de conhecer

os detalhes do sistema de produção de cajueiro comum, em termos de descrição

física, importância econômica, aspectos agronômicos, comercialização e coefici-

entes técnicos.

A produtividade esperada com a adoção dos sistemas de produção preconiza-

dos, com pluviosidade normal, situa-se entre 600 e 1.200 kg de castanha por

hectare.

Espera-se que o sistema de produção ora disponibilizado possa contribuir

significativamente como instrumento para a melhoria da produtividade do

cajueiro comum, trazendo, como conseqüência, uma matéria-prima de melhor

qualidade, elevação da renda e qualidade de vida do produtor rural.

Lucas Antônio de Sousa Leite

Chefe-Geral

Embrapa Agroindústria Tropical

Sumário

Introdução ...............................................................................................9

Clima e solos ......................................................................................... 11

Clima ................................................................................................ 11

Solos ............................................................................................... 11

Recomendações técnicas ......................................................................... 11

Escolha da área .................................................................................. 11

Preparo do terreno .............................................................................. 11

Correção do solo ................................................................................ 12

Clones recomendados ......................................................................... 13

Tecnologia mínima em cajueiro comum adulto ........................................... 13

Poda ................................................................................................ 14

Controle de plantas daninhas ............................................................... 14

Coroamento....................................................................................... 14

Controle fitossanitário ......................................................................... 14

Substituição de copa em cajueiro comum adulto ........................................ 15

Adensamento .................................................................................... 17

Controle de plantas daninhas ............................................................... 17

Consórcio ......................................................................................... 18

Adubação química .............................................................................. 18

Poda de formação .............................................................................. 19

Poda de manutenção .......................................................................... 19

Coroamento....................................................................................... 20

Cobertura morta ................................................................................. 20

Controle fitossanitário ......................................................................... 20

Colheita e pós-colheita ............................................................................ 23

Indicadores de colheita ........................................................................ 24

Classificação...................................................................................... 24

Embalagem........................................................................................ 25

Armazenamento refrigerado ................................................................. 25

Pedúnculo para a indústria .................................................................. 25

Armazenamento da castanha ............................................................... 25

Gestão ambiental ................................................................................... 26

Conservação da biodiversidade ............................................................ 26

Conservação dos solos e dos recursos naturais ...................................... 26

Normas gerais sobre o uso de agroquímico............................................ 26

Coeficientes técnicos .............................................................................. 27

Glossário .............................................................................................. 33

Referências ........................................................................................... 34

Introdução

A cajucultura nacional se constitui numa atividade de expressiva importância

socioeconômica, considerando que a área ocupada, de 655.474 ha, e a indústria de

beneficiamento de castanha de caju, com uma capacidade de processar 280 mil

toneladas/ano, são responsáveis pelo emprego de 37.500 pessoas no meio rural e

15.000 empregos nas indústrias de beneficiamento de castanha. Esses números

são mais expressivos ainda quando se considera o incremento do beneficiamento da

castanha em minifábricas e nas indústrias de sucos, doces e derivados no

agronegócio caju. Nos últimos anos, as exportações dos seus principais produtos

– amêndoa de castanha de caju (ACC) e líquido da casca da castanha (LCC) –

contribuíram para a geração de cerca de 140 milhões de dólares anuais sem

considerar os valores provenientes da comercialização de sucos e derivados do caju.

Manejo do Cajueiro Comum eRecuperação de PomaresImprodutivos

Afrânio Arley Teles Montenegro

Álfio Rivera Carbajal

Antônio Lindemberg Martins Mesquita

Antonio Renes Lins de Aquino

Francisco das Chagas Oliveira Freire

Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira

Geraldo Correia de Araújo Filho

José Ismar Girão Parente

José Luiz Mosca

João Rodrigues de Paiva

João Paulo Cajazeira

Levi de Moura Barros

Lindbergue Araújo Crisóstomo

Pedro Felizardo Adeodato de Paula Pessoa

Sidnéia Souza Silveira

10Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

É reconhecido que esses números poderiam ser muito superiores se as tecno-

logias hoje disponíveis pelas instituições de pesquisa e universidades fossem

absorvidas de forma eficiente e os produtores recebessem assistência técnica

regular e de qualidade.

A cajucultura foi estruturada com base numa rápida expansão de área cultivada,

ocorrida entre as décadas de sessenta e oitenta, usando extensas áreas contínuas,

nem sempre adaptáveis à cultura; material genético de inferior qualidade; práticas

de desmatamento sem manejo florestal adequado; uso intensivo do fogo no

controle do mato; manejo e tratos culturais inadequados, inclusive sem uso de

corretivo e adubação, e pouca atenção ao controle de pragas e doenças.

Como resultado desse ineficiente modelo de exploração praticado na maioria dos

pomares de cajueiro comum, tem havido um declínio acentuado nos seus

rendimentos e, em algumas áreas, redução considerável da população de plantas,

em razão da instabilidade climática, competição por água, nutrientes e ataques

de pragas e doenças.

As contribuições das instituições de pesquisa nas áreas de melhoramento

genético, como clones de cajueiro-anão precoce e comum; propagação

vegetativa; recuperação de cajueiros improdutivos, por meio da substituição de

copa; melhoria de sistemas de manejo; irrigação; pós-colheita; manejo integrado

de pragas e doenças e processamento dos produtos do caju se constituem

resultados expressivos capazes de contribuir para viabilizar economicamente o

cultivo do cajueiro.

Há necessidade, no entanto, de ações articuladas nas áreas de assistência

técnica, crédito, financiamento e da efetiva participação de produtores e industriais,

no sentido de apoiar e fomentar a adoção dessas inovações tecnológicas, tendo

em vista que as áreas existentes com cajueiro comum ainda são a base da

exploração do agronegócio caju.

Com essas tecnologias é possível se obter, em condições favoráveis, produtivi-

dades de 600 a 1.200 kg de castanha/ha, em áreas de sequeiro, dependendo do

sistema de produção usado: tecnologia mínima, substituição de copa ou clones

de cajueiro comum, o que é um grande avanço, considerando-se que a produtivi-

dade média da cultura, no Brasil, está em torno de 220 kg por hectare.

Na caracterização de cada um dos sistemas, foram diferenciados os manejos

usados nas áreas já implantadas com cajueiro comum, no que se refere à

tecnologia mínima e substituição de copa.

11Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Os requerimentos de clima, solos, escolha da área, correção do solo e preparo do

terreno foram considerados comuns para os sistemas de produção propostos.

Clima e Solos

ClimaO regime pluviométrico mais adequado para a exploração racional do cajueiro

está compreendido na faixa entre 800 e 1.600 mm anuais, distribuídos de cinco

a sete meses, embora a planta tolere uma faixa mais ampla de período chuvoso.

A umidade relativa do ar mais apropriada para a cultura situa-se na faixa entre

70% a 80%. Como planta de origem tropical, exige para seu desenvolvimento e

produção, regime de altas temperaturas, sendo a média anual de 27º C a mais

apropriada para o seu cultivo.

Os ventos fortes prejudicam a condução dos pomares e ocasionam a queda de

flores. Quando os ventos são superiores a 7 m/s aconselha-se o emprego de

quebra-ventos.

SolosO cajueiro deve ser cultivado, preferencialmente, em solos profundos, de textura

média, em relevo plano ou suave ondulado, não sujeitos a encharcamento e

com profundidade efetiva nunca inferior a 1,50 m. Os solos com pH com reação

fortemente ácida devem sofrer correção.

Recomendações Técnicas

Escolha da áreaA instalação de um pomar comercial deve ser antecedida do conhecimento das

exigências climáticas do cajueiro e do levantamento pedológico do terreno,

evitando-se a utilização de solos rasos, com relevo acidentado, baixa capacidade

de retenção de água e fertilidade abaixo dos padrões requeridos pela cultura. A

existência de uma malha viária que integre a produção aos locais de armazena-

mento e beneficiamento é essencial para redução dos custos de transporte e

facilidade na comercialização da castanha e, principalmente, do pedúnculo.

Preparo do terrenoO tipo de cobertura vegetal e as características físicas do solo é que determinam

o procedimento a ser adotado no preparo do terreno.

12Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Em áreas de vegetação natural da zona costeira caracterizada como caantiga

hipoxerófila, o desmatamento é realizado cortando-se, inicialmente, as plantas de

porte mais elevado para aproveitamento da madeira em toras, estacas e lenha e,

em seguida, procede-se a derrubada da vegetação remanescente, usando-se

meios mecânicos (tratores de esteiras) ou manuais (machados, chibancas, foices).

Quando se tratar de vegetação de cerrado ou característica da transição cerrado-

caatinga, cuja cobertura vegetal é constituída de arbustos e árvores de médio

porte, utiliza-se o procedimento descrito para o caso da vegetação da zona

costeira ou, quando for o caso, recomenda-se o emprego de trator de esteira com

corrente pesada para redução de custos e aumento do rendimento da operação.

No caso de vegetação de capoeira o mais recomendado é utilizar mão-de-obra,

uma vez que o destocamento é mais leve e a cobertura mais arbustiva, o que

reduz os custos e impactos sobre o meio ambiente.

Correção do soloDeve-se proceder a correção do solo que, preferencialmente, é realizada com

aplicador de calcário acoplado ao trator de pneus. Depois da aplicação do

calcário este deverá ser incorporado ao solo, por meio de gradagem.

O uso do calcário é recomendado para os solos do Cerrado e do Semi-Árido,

devido a acidez dos solos, deficiência de cálcio e magnésio e toxidez de

alumínio que são fatores limitantes da produção nessas regiões.

A quantidade de calcário a ser aplicado baseia-se na saturação de bases, obtida a

partir da análise do solo. Na recomendação de calagem para os sistemas reco-

mendados para o cajueiro comum, deve-se elevar a saturação de bases para 70%.

Então: NC(t/ha) = CTC x (V2 – V1)/10 x PRNT

Onde: NC = Necessidade de Calagem;

CTC = Capacidade de Troca de Cátions;

V1 = Saturação de Bases atual;

V2 = Saturação de Bases desejada(70%);

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total do calcário (%).

A calagem deverá ser repetida, quando recomendada por novas análises de solo.

Nas áreas onde o sistema a ser usado é a tecnologia mínima, recomenda-se

efetuar a aplicação do calcário em faixas, sob a projeção da copa dos cajueiros,

no inicio do período chuvoso.

13Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Nas áreas de substituição de copa com adensamento e/ou consórcio, com

cajueiro comum, recomenda-se a aplicação do calcário em toda a área, em virtude

dos benefícios dessa prática para as mudas adensadas de cajueiro e para as

culturas anuais utilizadas na consorciação.

Clones recomendadosNa Tabela 1 estão relacionadas as características de peso de castanha e colora-

ção do pedúnculo dos clones BRS 274 e BRS 275.

ClonePeso da Peso do Cor do

castanha (g) pedúnculo (g) pedúnculo

BRS 274 16,00 128,6 Laranja

BRS 275 11,40 108,0 Laranja

Tabela 1. Características dos clones de cajueiro BRS 274 e BRS 275.

Fonte: Embrapa Agroindústria Tropical.

A implementação das recomendações técnicas subseqüentes, para a cultura do

cajueiro comum, deverá obedecer passos diferenciados em cada um dos sistemas

de produção preconizados, considerando-se o manejo para pomares adultos e

para os plantios formados a partir do uso da técnica de substituição de copa.

Tecnologia Mínima em CajueiroComum Adulto

As recomendações estão orientadas para plantios de cajueiro comum adulto, proveni-

entes de sementes ou mudas, e que apresentam manejo inadequado e baixa produtivi-

dade. As intervenções devem se concentrar em práticas de custos reduzidos, que

objetivem diminuir a competição entre plantas por espaço, luz nutrientes e água.

Como as práticas agrícolas sugeridas não alteram o patrimônio genético das

plantas, é evidente que estas não deverão expressar todo o seu potencial

produtivo como também fica, em parte, comprometida a melhoria das característi-

cas físicas e, conseqüentemente, a qualidade da castanha e do pedúnculo, uma

vez que não serão obtidos produtos com a uniformidade requerida pelas indústrias.

14Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Poda

Caso o pomar apresente acentuado entrelaçamento de ramos deve-se proceder

uma poda mais drástica com a finalidade de aumentar a área produtiva da planta

e reduzir a competição por luz.

Nos anos subseqüentes, deve-se eliminar os ramos secos, praguejados, ladrões

e aqueles com tendência de crescerem para baixo o que dificulta os tratos

culturais, principalmente no caso do uso da mecanização. Devem também ser

eliminados os ramos que apresentam exagerado crescimento vegetativo pois são

pouco produtivos. Não se aconselha poda anual alta, que afeta a produção, pois

a frutificação do cajueiro ocorre na periferia da copa, principalmente, nos 2/3

inferiores da planta. O período recomendado para a poda nos pomares adultos é

no início da estação chuvosa.

Controle de plantas daninhas

Em pomares com espaçamentos definidos, um adequado controle das plantas

daninhas, dependendo do período das chuvas e das espécies invasoras, pode

ser conseguido por meio de gradagem no período chuvoso e uma roçagem no

período seco. Quando o controle das plantas daninhas estiver no nível desejável,

aconselha-se o uso da capinadeira mecânica a cada dois anos.

Em pequenas propriedades, caso haja necessidade, recomenda-se o repasse

anual das áreas, efetuando-se destocamento leve das espécies lenhosas e

arbustivas, assim como o rebaixamento das espécies herbáceas, usando-se

meios manuais e/ou tração animal.

Coroamento

É uma prática realizada para complementar a gradagem/roçagem e, na época da

safra, para facilitar a colheita da castanha e do pedúnculo. Deve ser efetuada

uma capina leve sob a projeção da copa, de modo a evitar a formação de uma

“bacia” mais profunda que venha expor as raízes das plantas. A capina, em

circunstâncias de pouca competição com as invasoras, poderá ser substituída

por um roço manual baixo.

Controle fitossanitário

Como se trata de pomar de cajueiro adulto, de difícil manejo, o controle

fitossanitário deverá ser direcionado para os focos de incidência de pragas,

cupim, formiga e, em casos especiais, ao controle da broca-do-tronco e da resinose.

15Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Substituição de Copa em CajueiroComum Adulto

Destina-se a pomares de cajueiro comum adulto, formados a partir de sementes

ou mudas, com idade máxima de 35 anos, nos quais se usam técnicas de

manejo inadequadas e que apresentam baixa produtividade. Esses pomares

podem ser rejuvenescidos, a custos reduzidos, usando-se a técnica de substitui-

ção de copa, por meio da enxertia, com clones de cajueiro-anão precoce. A

substituição de copa apresenta ainda outras vantagens: aumenta a produtividade

do pomar; uniformiza e melhora a qualidade da castanha e do pedúnculo; permite

o adensamento com clones de cajueiro-anão precoce e/ou o consórcio com

culturas anuais e reduz o porte das plantas rejuvenescidas. Nas pequenas

propriedades, a substituição de copa deve ser usada, preferencialmente, nos

cajueiros considerados atípicos, conhecidos vulgarmente por “eucalipto”,

”castanhola” e “orelha-de-onça”, e naqueles avaliados como de baixa produção.

Nas médias e grandes propriedades, onde se torna difícil a avaliação individual

do potencial produtivo das plantas, em razão do tamanho da área plantada e do

entrelaçamento dos ramos, a substituição de copa pode ser efetuada em todas as

plantas do pomar, o que possibilita o adensamento com mudas de cajueiro-anão

precoce e/ou o consórcio com culturas anuais.

A opção pelo rejuvenescimento parcial do pomar, por meio da substituição de

copa das plantas atípicas de baixa produção ou do sistema de fileiras alternadas

só é aconselhável em circunstâncias muito particulares, em razão das dificulda-

des de manejo na mesma área, de plantas com copa substituída e cajueiros

comuns adultos.

A técnica de substituição de copa consiste nas seguintes etapas:

• Corte da planta, em bisel, a cerca de 40 cm do solo, utilizando motosserra.

Após o corte, ocorre emissão das brotações, as quais, normalmente, se

encontram aptas para a enxertia entre 60 e 90 dias. Nesse período deverá

haver, portanto, oferta de ramos florais para fornecimento dos propágulos,

provenientes de clones de cajueiro-anão precoce.

• Das brotações emitidas deverão ser selecionadas, previamente, de seis a oito

que funcionarão como porta-enxertos; escolher as mais vigorosas que

estejam, preferencialmente, localizadas no terço superior e distribuídas ao

redor do tronco decepado.

16Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

• A enxertia deverá ser realizada usando-se o método da borbulhia em placa,

dois a três meses após o corte. Após o pegamento do enxerto, que ocorre

normalmente após 30 dias, efetuar a decapitação da brotação enxertada,

acima do local da inserção da borbulha, e retirar a fita para evitar estrangulamen-

to do ramo enxertado.

• Devem ser mantidos de três a cinco enxertos definitivos, dependendo do

diâmetro do tronco.

• Deve-se proceder à eliminação de todas as brotações emitidas no tronco que

não estejam enxertadas.

• Quando necessário efetuar o controle das pragas e doenças, com atenção

especial para a broca do tronco, cupim e resinose.

A Figura 1 mostra o cronograma de execução das operações de substituição de

copa, usando-se o método de borbulhia, para o litoral do Ceará.

Na condução dos pomares submetidos à substituição de copa, com idade de

cerca de 35 anos, a lenha resultante do corte das plantas, estimado em 1,8

estéreo/planta, deverá ser devidamente empilhada e comercializada com as

cerâmicas e olarias, o que praticamente cobre os custos diretos da operação.

Esse procedimento deverá ser autorizado pelo IBAMA.

Fig. 1. Etapas da substituição de copas e fenologia do cajueiro no litoral do Ceará.

123456789012345678901234567123456789012345678901234567123456789012345678901234567

123456123456123456123456

123456789012345678901234561234567890123456789012345612345678901234567890123456

Corte

Enxertia

Frutificação

Florescimento

Fluxo foliar

Queda de folhas

Operações

Menor intensidade

Maior intensidade

Jan. Fev.Mar. Abr. Dez.Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.

FE

NO

FA

SE

S

17Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Adensamento

Quando se realiza a substituição de copa em todo o pomar é recomendável o

adensamento, usando-se mudas de clones de cajueiro-anão precoce, e/ou o

consórcio com culturas anuais.

O arranjo usado no adensamento depende do espaçamento inicial do pomar, do

aproveitamento da área para o consórcio e do manejo usado no sistema de

produção. O espaçamento inicial convencionado é o de 10 x 10 m em quadrado,

por ser o mais difundido na cultura do cajueiro comum, o que resulta na necessi-

dade de adensar a área com mais 100 mudas de cajueiro-anão precoce. Somente

em casos particulares aconselha-se o adensamento em pomares que utilizam

espaçamento desordenados.

A área deverá ser então piquetada, de acordo com o novo arranjo e, em segui-

da, procede-se à abertura das covas nas dimensões de 0,40 x 0,40 x 0,40 m,

recebendo cada cova uma adubação de 100 g de calcário dolomítico, 100 g de

FTE-BR12 e 200 g de P2O

5.

O plantio deverá ser realizado no início das chuvas, após a retirada do saco

plástico, com o devido cuidado, para evitar danos no sistema radicular das

mudas. Após o plantio deve-se usar cobertura morta para manter a umidade e

reduzir a infestação de plantas daninhas. Caso haja necessidade, efetuar replantio

para manter a uniformidade do pomar.

Controle de plantas daninhas

Nas médias e grandes propriedades, recomenda-se, após o corte dos cajueiros

adultos, um adequado preparo da área, de modo a incorporar a vegetação rema-

nescente, galhos finos e, principalmente, reduzir a infestação das plantas daninhas.

Recomenda-se uma gradagem cruzada superficial no período das chuvas e uma

roçagem no período seco.

Como a substituição de copa possibilita o uso da área com culturas anuais,

aconselha-se, neste caso, uma nova gradagem de nivelamento no ano seguinte,

no inicio do período das chuvas.

Nos anos subseqüentes, recomenda-se o uso da capinadeira mecânica nas áreas

próximas às linhas de cajueiro e roçagem mecânica no restante da vegetação. Essa

prática reduz os prejuízos ao solo e evita danos ao sistema radicular do cajueiro.

18Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Nas pequenas propriedades, nas áreas onde ocorrer substituição de copa dos

cajueiros improdutivos, o controle das plantas daninhas deverá ser executado

por meios manuais e/ou tração animal. Essas áreas, quando possível e de

interesse para o produtor, deverão ser utilizadas para consórcio com culturas anuais.

ConsórcioA substituição de copa favorece o consórcio com culturas anuais, entre as quais

aconselha-se feijão, mandioca, soja, amendoim, sorgo, milheto, entre outras.

Após a correção do solo e preparo da área, deve-se efetuar a adubação química,

de acordo com a análise do solo, considerando o baixo nível de nutrientes

existentes na maioria dos solos onde se cultiva o cajueiro.

As culturas consorciadas deverão ser plantadas distanciadas das linhas de cajueiro

cerca de 1,00 m e receber os tratos culturais recomendados pela pesquisa.

Uma outra atividade que poderá ser explorada nos pomares de cajueiro é a

criação de abelhas que, além da renda adicional gerada pela produção de mel,

poderá trazer benefícios para a floração, melhorando a polinização e contribuindo

para o aumento da produção da cultura.

Adubação químicaA adubação química por planta, recomendada para pomares submetidos à

substituição de copa, com produtividade esperada na fase de estabilização da

cultura de 1.200 kg de castanha por hectare, é recomendada na Tabela 2,

considerando-se os níveis de N, P2 O

5 e K

2O, obtidos da análise de solo.

Adubação N PResina (mg/dm3) Ksolo ( mmol C

/dm3)

Tabela 2. A adubação química por planta, recomendada para pomares submeti-

dos à substituição de copa.

1 – 3 anos 40 80 70 50 50 30 20

3 – 5 anos 60 100 90 60 60 40 30

5 – 7 anos 100 140 110 70 90 70 40

> 7 anos 150 80 60 40 60 50 40

(g/planta) 0 a 12 12,1 a 30 > 30 0 a 1,5 1,6 a 3,0 > 3,0

19Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Nas médias e grandes plantações, os fertilizantes serão aplicados, de preferência,

em faixas contínuas de 0,50 m de largura, distanciadas entre 2,00 m a 3,00 m

das linhas dos cajueiros decepados, em três parcelas iguais, no início, meio e fim

da estação chuvosa.

Em pequenas áreas, os adubos podem ser aplicados em faixa circular de 0,50 m

de largura ao redor do tronco do cajueiro cortado, seguindo-se o mesmo procedi-

mento de aplicação das medidas propostas para as médias e grandes plantações.

A adubação para as plantas jovens dos pomares adensados deverá ser a mesma

recomendada para o sistema de produção do cajueiro-anão precoce de sequeiro.

Poda de formaçãoNos cajueiros provenientes de substituição de copa, deve-se ter o cuidado de

eliminar, constantemente, as brotações emitidas do tronco decepado e conduzir

somente os enxertos formados, de modo a se obter uma planta com copa

equilibrada, castanha e pedúnculo uniformes e de alto potencial produtivo.

Deve-se manter cada um dos enxertos com uma única haste, deixando-se a

primeira ramificação a uma altura de cerca de 0,80 m da superfície do solo.

Na condução das mudas adensadas deve-se eliminar os ramos emitidos próximo

e abaixo da região da enxertia, de modo a se manter a planta com uma haste

única, até uma altura de cerca de 0,50 m da superfície do solo. Os ramos

emitidos a partir dessa altura deverão ser conduzidos com vistas a se obter uma

planta com copa em formato de guarda-chuva.

Poda de manutençãoConsiste na eliminação anual dos ramos emitidos próximo do solo e daqueles

com crescimento lateral anormal. Os ramos de crescimento vertical e aqueles com

tendência a inclinarem-se em demasia para o solo devem, também, ser elimina-

dos, juntamente com os galhos praguejados e secos.

A poda de manutenção deve ser realizada no inicio do período das chuvas, a fim

de que sejam facilitadas as operações de controle das ervas daninhas, principal-

mente no caso da mecanização, e reduzida a incidência de pragas e doenças.

Como a produção do cajueiro é periférica e mais concentrada nos ramos forma-

dos nos 2/3 inferiores da planta, deve-se evitar a eliminação excessiva destes

20Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

ramos, tendo em vista que quanto mais alta for a poda maior será a perda de

produção do cajueiro. A poda drástica diminui, também, o sombreamento da área

sob a copa, elevando o potencial de crescimento das plantas daninhas e aumen-

tando, conseqüentemente, o custo de manutenção da cultura.

CoroamentoRealizar o coroamento após as operações de controle das plantas daninhas e,

para facilitar a colheita, efetuar uma capina leve ou um roço manual baixo, sob a

projeção da copa do cajueiro.

Cobertura mortaRecomenda-se o uso de restos de vegetais ou palha de carnaúba, como cobertura

morta, ao redor da muda ou da planta jovem, no caso de adensamento, com a

finalidade de manter uma camada protetora, diminuir a perda de umidade por

evaporação e evitar a insolação direta sobre o solo.

Controle fitossanitário

Pragas

Broca-das-pontas (Anthistarcha binocularis Meyrick)

Sintomas: ocorrência de galerias no interior dos ramos e inflorescência atacados,

presença de orifícios de saída do adulto e secamento da inflorescência. Na

maioria dos casos, ocorre quebra do ramo da inflorescência no orifício de saída

do adulto. Esses sintomas permitem distinguir entre o ataque da praga e o da

antracnose, que também causa a seca da inflorescência.

Controle: quatro pulverizações em intervalos de dez dias, na época da floração e

início da frutificação. Dentre os produtos listados na Tabela 3, recomenda-se

fenitrothion e deltamethrin, na dosagem indicada.

Lagarta-saia-justa (Cicinnus callipius Sch.)

Sintomas: o ataque ocorre, principalmente, em época de início de floração,

prejudicando a produção pela redução da área foliar e brotações novas, como

também pela destruição parcial ou total das inflorescências.

Controle: os inseticidas listados como eficientes no controle dessa praga são

triclorfon e parathion.

Tripes (Selenothrips rubrocinctus Giard)

Sintomas: o inseto ataca, principalmente, a face inferior das folhas, preferindo as

de meia idade, ponteiros, inflorescências, pedúnculos e frutos. As partes

21Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

atacadas tornam-se cloróticas a princípio, passando depois para uma coloração

prateada, com ressecamento e queda intensa das folhas, diminuindo a área foliar

da planta; ocorre, também, secamento da inflorescência e depreciação dos frutos.

Controle: utilizar os inseticidas à base de deltametrin e fenitrothion, indicados na

Tabela 3, tendo-se o cuidado de dirigir o jato para a face inferior das folhas.

Pulgão-da-inflorescência (Aphis gossypii Glover)

Sintomas: o inseto, ao mesmo tempo em que suga a seiva da planta, expele uma

substância açucarada denominada “mela”, que recobre principalmente inflores-

cências e folhas, servindo de substrato para o crescimento da fumagina, um

fungo de coloração negra. O ataque intenso às inflorescências do cajueiro tem

como conseqüência a murcha e a seca, com reflexos diretos na produção.

Controle: utilizar o inseticida fenitrothrion, indicado na Tabela 3.

Traça-da-castanha (Anacampsis phytomiella Busck)

Sintomas: a lagarta recém-emergida penetra na castanha, no estágio de maturi, e

destrói toda a amêndoa. Antes de se tornar pupa, abre um orifício circular na

castanha, geralmente na parte distal, por onde sairá posteriormente o inseto

adulto (pequena mariposa). A presença da praga, portanto, só é notada quando

os maturis apresentam um pequeno furo circular na sua parte inferior.

Controle: o controle químico deverá ser feito quando for detectado 5 % de

castanhas furadas, avaliadas por simples percentagem. Utilizar os inseticidas

deltamethrin ou fenitrothrion, indicados na Tabela 3. A aplicação do inseticida

deve ser dirigida para as castanhas jovens, com cerca de 1 cm de comprimento,

visando impedir que a larva recém-eclodida penetre na castanha.

Broca-do-tronco e broca-das-raízes (Marshallius anacardii Lima

e M. bondari Rosado Neto)

Sintomas: os danos às plantas são causados pelas larvas que são encontradas

formando galerias abaixo da casca, no caule e nas raízes. À medida que se

desenvolvem, aprofundam-se cada vez mais em seu interior. Quando completa-

mente desenvolvidas, penetram no lenho. Ao abandonarem a planta, deixam a

marca de sua presença por meio de vários furos visíveis ao longo do caule seco.

Outros sintomas são queda parcial ou total das folhas ou morte completa da planta.

Controle: derrubada e queima de galhos das plantas atacadas no local de

ocorrência, evitando a disseminação do inseto.

22Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Produto DoseClasse Carência

Técnico Comercial mL/100L g/100L mL/ha toxicológica(2) (dias)de água de água

Trichlorfon Dipterex 500 300 - - II 7

Paration Folidol 600 70-100 - - I 15

Fenitrothion Sumithion 500 150 - - II 14

Enxofre Solficamp - 0,600 g - I V Sem

Deltamethrin Decis 25 CE - - 200 III 7

Deltamethrin Decis 50 SC - - 100 I V 7

Tabela 3. Defensivos agrícolas registrados para o controle de artrópodes emcajueiro.

(1) Produto comercial por 100 L de água. Recomendação para pulverização em alto volume, + 700 L. Manter os

defensivos agrícolas em lugar adequado e seguro. Recomenda-se lavar o vasilhame vazio antes de descartá-lo em

local adequado.(2) I - Extremamente tóxico / faixa vermelha; II- Altamente tóxico / faixa amarela; III- Mediamente tóxico / faixa

azul; IV- Pouco tóxico / faixa verde.

Doenças

Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides (Penz) Pez. & Sacc.)

Sintomas: lesões necróticas, irregulares, inicialmente de cor parda em folhas

jovens e, posteriormente, de coloração avermelhada em folhas mais velhas. As

folhas jovens ficam enegrecidas, retorcidas e, depois, caem quando o ataque é

muito severo. Também, causa a queda das flores e dos frutos jovens, com

enormes prejuízos no pomar.

Controle: pulverizações semanais alternadas com benomil, na dose de

100 g/ 100 L d’água, cujo intervalo de segurança é de 21 dias; e com

mancozeb (150 g/ 100 L d’água), produto considerado como pouco tóxico; o

intervalo de segurança é de 21 dias. O oxicloreto de cobre, em doses que variam

de 200 a 400 g/ 100 L de água, dependendo do produto comercial, apresenta

excelentes resultados quando aplicado preventivamente.

Mofo-preto (Pilgeriella anacardii von Arx & Miller)

Sintomas: ocorre, geralmente, no início da floração, atacando preferencialmente

as folhas mais velhas, produzindo um bolor negro de aspecto similar ao feltro,

que se forma na face inferior das folhas, daí a denominação de mofo-preto. É

mais comum encontrá-lo no cajueiro-anão precoce do que no tipo comum.

Controle: pulverizações quinzenais alternadas com oxicloreto de cobre (3 g/ L de

água) e benomil (1 g/ L de água).

23Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Resinose (Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl

Sintomas: em plantas adultas se caracterizam pelo escurecimento, intumesci-

mento e rachadura da casca, formando cancros no tronco e ramos, seguidos de

intensa exsudação de goma. Abaixo da casca, observa-se um escurecimento dos

tecidos, o qual se prolonga até a parte interna do lenho. Ocorrem, também,

amarelecimento e queda foliares.

Prevenção: evitar ferimentos na planta; desinfetar os instrumentos de corte,

remover e destruir plantas ou tecidos infectados.

Controle: proceder uma cirurgia de limpeza por meio de canivete ou faca bem

afiada. Retirado todo o tecido atacado, aplicar uma porção de pasta bordalesa ou

de um fungicida comercial à base de cobre na área lesionada. A pasta bordalesa

deve ser preparada no dia anterior, misturando-se uma solução feita com 2 kg de

sulfato de cobre em 5 L de água com outra solução feita com 3 kg de cal virgem

em 5 L de água.

Mancha-angular (Septoria anacardii Freire)

Sintomas: em folhas de plantas adultas as manchas são pretas, circundadas por

um halo amarelado. Ataques muitos severos podem provocar queda de folhas.

Controle: os mesmos produtos utilizados para a antracnose.

Oídio (Oidio anacardii Noack)

Sintomas: presença de um revestimento pulverulento, branco-acinzentado, nas

folhas. A ocorrência é centralizada nas folhas adultas, ocasião em que não é tão

prejudicial como quando ataca as inflorescências. No Brasil, é considerada de

importância secundária, não necessitando medidas de controle. Entretanto, pul-

verizações com produtos à base de enxofre e benomil podem controlar o fungo.

Colheita e Pós-Colheita

O aproveitamento atual do pedúnculo do caju para as indústrias de sucos, doces

e derivados é insignificante, devido ao elevado porte do cajueiro comum, com

conseqüências negativas para a colheita e a qualidade do produto. Contribuem,

também, para o baixo aproveitamento, a falta de uniformidade e a alta

perecibilidade do pedúnculo. Os cajus quando maduros caem no solo, sofrendo

injúrias e dilacerações, o que compromete a qualidade e reduz, consideravelmente,

sua vida útil.

24Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Recomenda-se, no sistema de produção tecnologia mínima, como forma de

reduzir esses impactos negativos, a colheita diária, em caixas plásticas, após o

descastanhamento dos cajus, de preferência nas primeiras horas da manhã,

aproveitando-se os melhores para comercialização com as indústrias.

No sistema de produção substituição de copa, deve-se investir mais no aprovei-

tamento do caju de mesa, em razão do porte reduzido das plantas rejuvenesci-

das, uniformidade da matéria-prima, facilidade na colheita e maior interesse das

indústrias e do mercado consumidor por produtos de qualidade superior.

Indicadores de colheitaOs melhores indicadores do ponto de colheita para cajus de mesa são a colora-

ção, a consistência e o grau de maturação. Na prática, contudo, a colheita é

realizada quando o pedúnculo está completamente desenvolvido, ou seja, com o

tamanho máximo, textura firme e com a coloração característica do clone.

Quando o caju se destinar ao consumo in natura, a colheita deve ser feita nas

horas de temperatura mais amena, destacando-os diretamente da planta, com o

máximo cuidado, para que não sejam derrubados os frutos jovens, flores e

botões florais. Para que o caju seja colhido corretamente, deve ser feita uma leve

torção para que o pedúnculo se solte do ramo da panícula. Caso o pedúnculo

ofereça resistência para soltar-se, ainda não alcançou o estádio de maturação

para colheita. O contato direto com a palma da mão também deve ser evitado por

elevar a temperatura da polpa, acelerando a senescência do caju.

Ainda no campo, pode ser feita uma pré-seleção, para separar os cajus destina-

dos ao mercado in natura daqueles que serão destinados à indústria de sucos,

doces e derivados. Devem ser rejeitados pedúnculos que apresentam doenças,

deformações, defeitos acentuados ou que estejam em processo de fermentação.

São considerados inadequados os pedúnculos de formato alongado, globoso e

os muito pequenos.

Os cajus de mesa devem ser acondicionados, em uma única camada, nas

caixas plásticas de colheita (47 x 30,5 x 12 cm), revestidas internamente por

uma camada de espuma de, aproximadamente, 1 cm de espessura, para não

danificar o pedúnculo.

ClassificaçãoNo galpão, será observada a seguinte seqüência de operações: seleção e classifi-

cação, embalagem, paletização e armazenamento refrigerado.

25Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

A classificação é feita com base no número de cajus por bandeja (variando de

quatro a oito). Os tipos 4 e 5 – quatro ou cinco cajus por bandeja – são os que

alcançam os melhores preços.

EmbalagemOs cajus devem ser dispostos em bandejas de 21 x 14 cm, envolvidas com

filme plástico flexível e auto-aderente de PVC. As bandejas, devidamente

etiquetadas, em número de três, devem ser acondicionadas em caixas de papelão

tipo peça única, sem tampa, que favoreçam o encaixe e a paletização. Cada

bandeja deve conter entre 550 g a 800 g.

Armazenamento refrigeradoA vida útil pós-colheita do pedúnculo do caju quando armazenado em temperatura

ambiente não ultrapassa 48 horas; sob refrigeração, a 5ºC e com 85 a 90% de

umidade relativa e devidamente embalado (atmosfera modificada), a vida útil

mínima do caju é de cerca de dez a quinze dias.

Pedúnculo para a indústriaO descastanhamento pode ser feito ainda no campo ou no galpão, após o

recolhimento das caixas contendo os frutos colhidos. A colheita deve ser

realizada, diariamente, e iniciada o mais cedo possível, em razão da alta

perecibilidade do pedúnculo. Deve-se evitar a colheita dos frutos caídos, que

estejam danificados pois estão sujeitos à rápida fermentação.

Os cajus não comercializados para mesa e indústrias de sucos, doces e deriva-

dos deverão ser submetidos à secagem ao sol, picados/desintegrados e transfor-

mados em farinha. Após esse processo, a farinha será enriquecida com uréia

pecuária, sulfato de amônio, farinha de osso calcinada e colocada ao sol para

secagem por dois dias. A farinha enriquecida deverá ser usada em formulação de

ração animal.

Armazenamento da castanhaNo caso do produtor aproveitar somente a castanha, não há necessidade de

colheitas diárias. O produtor pode adequar a periodicidade às suas conveniências

desde que faça, pelo menos, duas colheitas semanais. O descastanhamento é

mais facilmente realizado com o emprego de pedaço de fio (náilon), de meio

metro, o qual é enlaçado no ponto de união entre a castanha e o pedúnculo e,

após um puxão por uma das extremidades, a castanha é liberada do pedúnculo.

26Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Após a colheita, as castanhas devem ser colocadas para secar durante dois ou

três dias, em terreiro de secagem e reviradas diariamente. As castanhas devem

ficar em camadas de no máximo 10 cm de altura. Durante a secagem deve-se

atentar para seleção e limpeza das castanhas.

No momento de armazenar, o produtor deve eliminar as castanhas chochas,

furadas e enrugadas. Recomenda-se armazenar os sacos de juta em locais

frescos e ventilados, sobre estrados de madeira e afastados da parede, com

empilhamento máximo de dez sacos.

Gestão Ambiental

Conservação da biodiversidadeDeve ser dada alta importância à conservação da biodiversidade, especialmente

de espécies ameaçadas de extinção nas áreas de expansão do cajueiro, estabele-

cendo-se uma reserva de vegetação natural, para preservação de, no mínimo,

20% da área a ser plantada, elaborando-se mapas identificadores das áreas de

preservação.

Conservação dos solos e dos recursos naturaisAdotar medidas de controle de erosão, manutenção da estrutura física e fertilida-

de dos solos, especialmente na operação de exploração florestal, atrelada à

cajucultura.

Evitar fazer drenos que possam afetar o lençol freático da área plantada com

cajueiro.

Normas gerais sobre o uso de agroquímicoNa aplicação de produtos químicos, evitar o uso irracional de agroquímico no

cajueiro, em razão do risco de contaminação de mananciais e de seus produtos.

O controle de pragas e doenças deve ser feito por meio de práticas de manejo

integrado, com prioridade para o controle biológico.

Além disso, devem ser observados os seguintes cuidados:

• Não entrar em contato com o produto, utilizando sempre vasilhames apropria-

dos e luvas de borracha.

• Não fazer as aplicações contra o vento.

• Não fazer refeições durante o trabalho de pulverização.

• Usar um protetor na boca e nariz para evitar respirar ou ingerir inseticida/fungicida.

27Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

O ideal é usar uma máscara protetora.

• Não desentupir com a boca o bico do pulverizador, pois pode haver ingestão

do agroquímico.

• Sempre que terminar o trabalho diário de pulverização tomar, imediatamente,

banho com água e sabão e lavar a roupa que foi utilizada.

• Guardar os equipamentos e inseticidas longe de crianças, animais e alimentos.

Coeficientes Técnicos

A seguir são apresentados os coeficientes técnicos para: implantação e manuten-

ção de 1 ha de cajueiro com tecnologia mínima (Tabela 4); implantação de 1 ha

de cajueiro por substituição de copa com adensamento (Tabela 5); manutenção

de 1 ha de cajueiro por substituição de copa com adensamento (Tabela 6);

implantação de 1 ha de cajueiro por substituição de copa sem adensamento

(Tabela 7); e manutenção de 1 ha de cajueiro por substituição de copa sem

adensamento (Tabela 8).

Os valores constantes das referidas Tabelas referem-se ao mês de dezembro de

2006.

28Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Atividade Quantidade UnidadeValor Valor

unitário total

Serviços

Calagem 1/2 h/m 60,00 30,00

Gradagem 1 h/m 60,00 60,00

Poda 5 H/d 14,00 70,00

Coroamento/ roço 4 H/d 14,00 56,00

Controle fitossanitário 1 H/d 14,00 14,00

Colheita 15 H/d 14,00 210,00

Subtotal 440,00

Insumos

Calcário 1/2 t 160,00 80,00

Inseticida 1 kg/L 25,00 25,00

Subtotal 105,00

Total Geral 545,00

Notas - Considerou-se a aplicação de calcário em área correspondente a 30% daocupada pela cultura do cajueiro comum.

- Considerou-se a produtividade de 600 kg de castanha por hectare em pomares comprodução estabilizada.

- Considerando a produtividade de 600 kg de castanha comercializada ao preço deR$ 1,10, a renda bruta auferida pelo produtor será de R$ 660,00.

- Considerando que os custos de manutenção de 1 (um) hectare alcançam R$ 545,00, arenda líquida será de R$ 115,00 ha/ano.

- Considerando a renda anual da família de R$ 4.200,00, correspondente ao ganho deum salário mínimo mensal, esta deverá dispor de, aproximadamente, 36 hectares decajueiro comum, cultivado com uso da tecnologia mínima.

- Considerando que não seja computada como despesa a mão-de-obra familiar, a rendapor hectare será de R$ 465,00 [R$ 660,00 – (R$ 545,00 – R$ 350,00)]. Nesse casoa família deverá dispor de uma área de cerca de 9 ha de cajueiro comum para obter umarenda de um salário mínimo mensal, ou seja R$ 350,00.

Tabela 4. Coeficientes técnicos para implantação e manutenção de um hectare de

cajueiro com tecnologia mínima.

29Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Atividade Unidade Quantidade Valor Valor

unitário total

Serviços

Seleção da área H/d 1/2 14,00 7,00

Limpeza da área H/d 3 14,00 42,00

Corte das plantas h/m 24 6,00 144,00

Corte dos galhos/empilhamento H/d 16 14,00 224,00

Controle da broca/cupim H/d 1 14,00 14,00

Calagem h/m 1 60,00 60,00

Gradagem h/m 1 60,00 60,00

Seleção das brotações H/d 1/2 14,00 7,00

Enxertia das brotações H/d 2½ 14,00 35,00

Reenxertia / desbrota H/d 1/2 14,00 7,00

Retirada das fibras dos enxertos H/d 1/2 14,00 7,00

Marcação e piquetamento H/d 1 14,00 14,00

Coveamento / adubação H/d 3 14,00 42,00

Distribuição de mudas/

plantio / replantio H/d 2 14,00 28,00

Coroamento / cobertura morta H/d 2 14,00 28,00

Poda de formação H/d 2 14,00 28,00

Roçagem h/m 1 60,00 60,00

Controle fitossanitário H/d 1 14,00 14,00

Subtotal 821,00

Insumos

Mudas uma 130 2,00 260,00

Calcário t 1 160,00 160,00

Piquetes um 130 0,10 13,00

Adubos k/g 90 1,10 99,00

Inseticidas kg/L 1 29,00 29,00

Fungicidas kg/L 1 11,00 11,00

Formicidas kg 1 4,00 4,00

Subtotal 576,00

Total Geral 1.397,00

Tabela 5. Coeficientes técnicos para implantação de um hectare de cajueiro -

substituição de copa com adensamento.

Notas - Considerou-se a substituição de copa em pomar de cajueiro comum, com idade de

cerca de 30 anos, com 100 plantas/ha, adensado, com 100 mudas de CAP enxertado e 15%

de replantio.

- Considerou-se a produtividade de 1.200 kg de castanha por hectare, na fase de estabilização da

produção.

- Na substituição de copa, deve-se levar em conta a renda obtida com a lenha proveniente do

corte de 80 cajueiros/hectare.

- Considerando que cada planta produz cerca de 1,8 estéreos de lenha, ao preço de R$ 4,00

o estéreo, obtém-se uma renda de R$ 576,00/hectare.

30Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Serviços

Calagem h/m 1 60,00 60,00

Roçagem/ gradagem h/m 1 60,00 60,00

Poda H/d 5 14,00 70,00

Coroamento/ roço sob a copa H/d 6 14,00 84,00

Adubação H/d 3 14,00 42,00

Controle fitossanitário H/d 3 14,00 42,00

Colheita da castanha H/d 30 14,00 420,00

Colheita do pedúnculo H/d 20 14,00 280,00

Subtotal 1.058,00

Insumos

Calcário t 1 160,00 160,00

Adubos kg 120 1,10 132,00

Inseticidas kg/L 3 29,00 87,00

Fungicidas kg/L 3 11,00 33,00

Formicidas kg 2 4,00 8,00

Subtotal 420,00

Total Geral 1.478,00

Tabela 6. Coeficientes técnicos para manutenção de um hectare de cajueiro -

substituição de copa com adensamento.

Notas - Considerando a produtividade de 1.200 kg/ha de castanha,comercialização ao preço de R$ 1,20 e o aproveitamento de 15% do pedúnculo paramesa, correspondente a 900 caixas por hectare ao preço de R$ 1,50 a caixa de1,8 kg, a renda bruta auferida pelo produtor será de R$ 1.440,00 provenienteda venda da castanha e de R$ 1.350,00 da comercialização do pedúnculo, ou sejaR$ 2.790,00/hectare.

- Considerando que os custos de manutenção de um hectare correspondem aR$ 1.478,00, a renda líquida será de R$ 1.312,00/ha/ano.

- Considerando que a renda anual da família seja de R$ 4,200,00, correspondente aoganho de um salário mínimo mensal, a família deverá dispor de, no mínimo, 3,2hectares de cajueiro implantado, através de substituição de copa.

- Considerando que não seja computada como despesa a mão-de-obra familiar, arenda por hectare será de R$ 2.250,00:[R$ 2.790,00 – (R$ 1.478,00 – R$ 938,00).Nesse caso, a família deverá cultivar uma área de cerca de 1,9 hectare para obteruma renda mensal de R$ 350,00.

Atividade Quantidade UnidadeValor Valor

unitário total

31Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Atividade Quantidade UnidadeValor Valor

unitário total

Serviços

Seleção da área H/d ½ 14,00 7,00

Limpeza da área H/d 3 14,00 42,00

Corte das plantas h/m 24 6,00 144,00

Corte dos galhos/empilhamento H/d 16 14,00 224,00

Controle da broca/cupim H/d 1 14,00 14,00

Calagem h/m 1 60,00 60,00

Gradagem h/m 1 60,00 60,00

Seleção das brotações H/d 1/2 14,00 7,00

Enxertia das brotações H/d 2½ 14,00 35,00

Reenxertia e desbrota H/d 1/2 14,00 7,00

Retirada das fitas dos enxertos H/d 1/2 14,00 7,00

Piquetamento H/d 1/2 14,00 7,00

Coveamento / adubação H/d 1½ 14,00 21,00

Plantio / replantio H/d 1/2 14,00 7,00

Cobertura morta H/d 1 14,00 14,00

Poda de formação H/d 1½ 14,00 21,00

Roçagem h/m 1 60,00 60,00

Coroamento H/d 1 14,00 14,00

Controle fitossanitário H/d 1 14,00 14,00

Subtotal 765,00

Insumos

Calcário t 01 160,00 160,00

Mudas uma 20 2,00 40,00

Garfos um 120 0,20 24,00

Adubos kg 60 1,10 66,00

Inseticidas kg/L 01 29,00 29,00

Fungicidas kg/L 01 11,00 11,00

Formicidas kg 01 4,00 4,00

Subtotal 334,00

Total Geral 1.099,00

Tabela 7. Coeficientes técnicos para implantação de um hectare de cajueiro -

substituição de copa sem adensamento.

Notas - Considerou-se a substituição de copa em pomar de cajueiro comum, com idade de

cerca de 30 anos, com 100 plantas/ha, sem adensamento e com 20% de replantio.

- Considerou-se a produtividade de 800 kg de castanha por hectare, na fase de estabilização da

produção.

- Na substituição de copa deve-se levar em conta a renda obtida da lenha proveniente do corte

de 80 cajueiros/hectare.

- Considerando que cada planta produz cerca de 1,8 estéreos de lenha, ao preço de R$ 4,00

o estéreo, obtém-se uma renda de R$ 576,00/hectare.

32Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Serviços

Calagem h/m 1 60,00 60,00

Roçagem / gradagem h/m 1 60,00 60,00

Poda H/d 3 14,00 42,00

Coroamento / roço sob a copa H/d 4 14,00 56,00

Adubação H/d 2 14,00 28,00

Controle fitossanitário H/d 2 14,00 28,00

Colheita da castanha H/d 20 14,00 280,00

Colheita do pedúnculo H/d 14 14,00 196,00

Subtotal 750,00

Insumos

Calcário t 1 160,00 160,00

Adubos kg 60 1,10 66,00

Inseticidas kg/L 2 29,00 58,00

Fungicidas kg/L 2 11,00 22,00

Formicidas kg 2 4,00 8,00

Subtotal 314,00

Total Geral 1.064,00

Atividade Quantidade UnidadeValor Valor

unitário total

Tabela 8. Coeficientes técnicos para manutenção de um hectare de cajueiro -

substituição de copa sem adensamento.

Notas - Considerando a produtividade de 800 kg/ha de castanha, comercializada aopreço de R$ 1,20 e o aproveitamento de 15% do pedúnculo para mesa,correspondente a 600 caixas por hectare, ao preço de R$ 1,50 a caixa de 1,8 kg, arenda bruta auferida pelo produtor será de R$ 960,00, proveniente de castanha, e deR$ 900,00, da venda do pedúnculo, ou seja, R$ 1.860,00 /hectare.

- Considerando que os custos de manutenção de um hectare co r respondem aR$ 1.064,00, a renda líquida será de R$ 796,00 ha/ano.

- Considerando que a renda mensal da família seja de R$ 4.200,00, correspondenteao ganho de um salário mínimo mensal, esta deverá dispor de no mínimo 5,3 hectaresde cajueiro implantado, através de substituição de copa.

- Considerando que não seja computada como despesa a mão-de-obra familiar,a renda por h e c t a r e será de R$ 1.430,00 : [R$ 1.860,00 – (R$ 1.064,00 –R$ 630,00)]. Nesse caso, a família deverá dispor de uma área de cerca de 2,9 hapara obter uma renda mínima de R$ 4.200,00/ano, ou seja, R$ 350,00/mês.

33Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de Pomares

Improdutivos

Glossário

Agronegócio – Sistema de agregação de valor à matéria-prima de origem

agropecuária/florestal, orientado para o consumidor final e envolvendo desde os

fornecedores de insumos agropecuários até o mercado.

Agroquímicos – Conjunto de princípios ativos que são utilizados sob várias

denominações comerciais para o controle de pragas e doenças de plantas.

Biodiversidade – Variedade de espécies (plantas, animais e microrganismos) de

uma dada região.

Cajueiros atípicos – Cajueiros que apresentam características morfológicas de

crescimento com copa diferenciada do padrão da espécie.

Clone – Grupo de células ou indivíduos geneticamente idênticos, derivados por

multiplicação assexuada, de um ancestral comum.

Cobertura morta – Material vegetal seco utilizado para cobrir o solo e conservar a

umidade do mesmo.

Consorciação – Ato ou efeito de consorciar-se, plantar-se duas ou mais espécies

em uma mesma área.

Frutificação periférica – Diz respeito à concentração de frutos na parte externa da

copa.

FTE – Sigla derivada do termo inglês “Fritted Trace Elements”, que significa

formulação de adubo contendo em sua composição micronutrientes.

Inflorescência – Ramo florífero, que tem ou produz flores, (ocorre sempre que há

mais de uma flor por pedúnculo).

Lesões necróticas – Conjunto de alterações morfológicas que indicam morte.

Paletização – Termo derivado da palavra inglesa “pallet”, significa armação de

madeira, retangular, contendo caixas com frutas ou outros materiais, visando

facilitar o armazenamento e o transporte.

Parte distal – áreas sobre qualquer órgão vegetal apresentando conjunto de

células mortas.

Pedúnculo – também chamado pseudofruto, falso fruto ou caju, é a parte

comestível utilizada na produção de suco, doces, etc.

34Sistema de Produção para Manejo do Cajueiro Comum e Recuperação de PomaresImprodutivos

Perfil do solo – Corte vertical feito no solo, desde a superfície até o material

original ou rocha que lhe deu origem, com o fim de o estudar física e quimica-

mente.

Periodicidade – Relativo a período, que se repete com intervalos regulares e

manifesta certos fenômenos ou sintomas em horas ou dias específicos.

Propágulos – Parte da planta destinada à reprodução assexuada da espécie.

Regime pluviométrico – Diz respeito à distribuição de chuvas em diferentes

épocas e regiões.

Sistema radicular – Conjunto de órgãos compostos dos mesmos tecidos,

responsável pela sustentação e nutrição da planta.

Terço superior – É a parte média da planta onde se concentra o maior número de

pedúnculos.

Vida útil – Tempo máximo que um produto agrícola pode suportar sem que

apresente deterioração que o torne impróprio para o consumo humano.

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