sonho profundo 15

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A escrita simples e despojada de Sonho Profundo nos entusiasma através da visão precária que Rafaela Sanches tem da cultura árabe. Além disso, nos perguntamos, juntamente com ela, sobre o que está acontecendo com a família da qual ela faz parte. O texto ora desafiador, ora confuso, ora engraçado, procura não detalhar muito a cultura que para menina é o seu pior momento, mas sim conduzi-la a entender o que ela havia provocado em sua vida....

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SonhoProfundo

São Paulo - 2015

SonhoProfundo

Marcos Dourado

Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Camila C. Morais

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Alexandra Resende

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________D771s

Dourado, Marcos Sonho profundo/Marcos Dourado. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0378-7

1. Romance brasileiro. I. Título.

15-22149 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________27/04/2015 04/05/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

O meu pior pesadelo, o meu pior momento, o meu pior medo...

Será mesmo que eu não sou uma boa menina?

Apresentação

Para viver uma vida dentro de um sonho, nada pior do que estar nele... Será que isso terá algum sentido na vida da menina Rafaela Sanches?

Rafaela acorda e se assusta ao perceber uma cama diferente; um quarto em que nunca esteve; uma casa to-talmente diferente; e uma família que não a enxergava.

Ela deveria ficar desesperada ou agir para mudar o inexplicável? Aceitar ou rever os seus conceitos?

Essas questões que a levariam a ter uma resposta é a dúvida que fará o leitor se sensibilizar. Leia e se comova... Leia e perceba o que há de errado na família Sanches.

Um quebra-cabeça ou um Sonho profundo?

Sumário

Capítulo 1 Boa sorte, Rafaela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Capítulo 2 A menina e o sultão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Capítulo 3 Selton encontra a filha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Capítulo 4 Uma família desconhecida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Capítulo 5 Rafaela em Riad? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Capítulo 6 Por que duas, Rafaela? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Capítulo 7 O triunfo de Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Capítulo 8 Será um sonho? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

Capítulo 9 Rafaela dorme ou não aceita? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Capítulo 10Seria um castigo? - O pôr do sol revelador . . . . . . . . 89

EspecialRafaela em suas mãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

Capítulo 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

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Capítulo 1

Boa sorte, Rafaela

Era exatamente sete horas da manhã quando um pequeno movimento agitava o andar de baixo do que po-deríamos chamar de casa... Em um ambiente que parecia animador, mas calmo no andar de cima, onde uma me-nina aparentemente dormia.

Dormia? Bom... A verdade era que Rafaela Sanches, ainda envolvida aos lençóis e com os olhos fechados, ro-lava de um lado para outro em uma brincadeira que só daria por encerrada no chão: descabelada e espantada com uma música ainda mais confusa.

— Nossa! Que horas são?Esfregando os olhos embaçados por uma noite in-

terminável, a menina parecia tensa ao perceber algo de errado. Seu quarto com largas janelas abertas deixavam

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uma leve brisa movimentar as cortinas onde brilhava os primeiros raios do dia... E a música ainda persistia em seus ouvidos.

— O que... que é isso? Que lugar é esse?Rafaela, já em pé, meio tensa e confusa, coçava a cabeça

assustada por perceber a excêntrica canção, correndo em dire-ção às cortinas que mostravam uma paisagem totalmente me-donha. Um grito seria pouco, já que seus próprios olhos não acreditavam no que estava acontecendo.

— Eu não moro aqui, não! Será que eu dormi demais? Que brincadeira meu papinho fez agora?

Mas o sol que nascia em uma visão linda no Oriente parecia não dar importância ao seu medo. Ainda esfregando os olhos, mas firme, precisava sair e resolver o mal-entendi-do, se é que havia um. Rafaela, do jeito que estava, usando um pijama colorido, nem mesmo tinha vontade de lavar o rosto. Tudo estava esquisito a seus olhos, e até mesmo o corredor da casa respondia contra ao cruzar alguns dos cômodos, e se deparar com uma escada elegante. A música era alta com toques e impressões de que alguém dançava. Mas quem poderia dançar uma música maluca em plena manhã de terça? Mas seria terça? Aliás, que dia era hoje? Ela se perguntava ainda mais chocada.

— Só posso estar biruta mesmo... O que meu papinho fez?A menina correu para ver onde ficava a sala desse lugar

nada comum aos seus dias, parando quando uma cena to-talmente improvável brilhava ainda nos primeiros raios do sol. O que estava acontecendo?

Rafaela olhava tudo aquilo sem nem mesmo acreditar no que a visão transmitia. Na sala a mulher que usava tecidos bri-

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lhantes realizava a proeza de seguir os movimentos da tal mú-sica esquisita. Sua cintura ia de um lado para outro de modo que suas mãos giravam ao ar livre como se a mesma fosse uma rainha e seu sorriso dizia isso, mas não era aquilo que a me-nina costumava ver... Sua mãe nunca ou jamais teria cora-gem para tanto, aliás, no centro da sala aos olhos de seu irmão Welton e de Lara Cristina, ou Lara Cricri, como costumava chamar a auxiliar da casa, que estava esparramada no sofá. Mas que casa? Nada ali era conhecido e seu coração disparava ao pensar que poderia estar vivendo aquilo. É quando a tal auxiliar percebendo sua presença, a desperta de seu choque.

— Venha menina, o chá está ótimo. Quer um pouquinho?

— Chá? Que chá? Tá louca?— Louca? Que isso?— Ora... Está brincando comigo?Cricri observava Rafaela como se ela fosse um mos-

quito causando certo mal-estar, enquanto Welton ainda estava de boca aberta perto do rádio, como se aquilo tam-bém fosse inaceitável, mas...

— Então... Venha tomar chá!— Eu não quero chá! Já disse! Hei, estou aqui, aqui

Welton... Aqui!... Mas que surdo!Cricri sorria ao ponto de segurá-la. Com exceção

desta, ninguém a ouvia e Rafaela começou a ficar ner-vosa, com medo e assustada com uma manhã realmen-te sem lógica.

— Já acordou azedinha de novo, menina?Rafaela estava ainda muito confusa e começava a

acreditar que o dia dos tolos havia chegado mais cedo. E

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Cricri ainda insistia quando o jovem finalmente percebeu a irmã agitada.

— Estou falando... Falando menina! E venha tomar seu chá!

— Eu não quero chá! Não quero chá! Chega! O que é que está acontecendo aqui?!

— Já vai gritar, menina? Quer levar umas palmadas?— Ah é?... Experimenta!Welton imediatamente desliga o som, e ao fazer isso a

mulher dançarina parecia se deparar com uma possível ver-gonha, correndo para outro cômodo e voltando em seguida usando outra roupa, aliás, um grande véu seguido de um vestido. Como deu tempo? Rafaela estava perplexa.

— Que isso, meu anjo? Que Alah proteja minha filha desse pudor! Ela ainda está assim?

— Assim como? Estou ótima, mame... Ótima! Aqui é que está estranho. Por que estamos aqui neste lugar?

Welton não resiste e começa a gargalhar.— Ah, vejo que ela está pior, minha mãe... Onde já

se viu... A “Rafalina” já está totalmente fora do ar.A menina se solta de Cricri deixando-os ainda mais

espantados. Rafaela pensava que algo cheirava mal, e ao mesmo tempo, sua até então família imaginava o contrá-rio de sua figura.

— Meu nome é Rafaela... Rafaela Sanches, seu tribufu! E eu quero ir para minha casa. Mãe, que lugar é esse? Que lugar é esse?! Olha como esses dois estão me tratando!!

A senhora balançava a cabeça preocupada.— Oh, Alah, o que vai ser de minha menina?

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— Ainda acho que a senhora, dona Isabela, deveria levá-la ao especialista... É duro, é parafuso solto!

Rafaela estava começando a ficar irritada.— Eu de parafuso solto? Não sou eu que estava toman-

do chá como se fosse a tal e que estava dançando como uma tonta no meio da sala, e ainda de bocão aberto babando como um tribufu! — se exaltava correndo em direção à por-ta — Que lugar é esse aqui?! Por que me olham assim? Por quê?... Sou eu... Sou eu mame... Rafaela!

Todos mostravam reações diversas, mas Welton ain-da tentava se aproximar como se Rafaela fosse mesmo uma fugitiva do sanatório.

— Calma... Fique calminha... Eu quero ajudar, não me ataque... Sou seu irmão, lembra? Calminha... Calminha...

— Não chega perto! Não chega perto, seu bobão! Você não é o Welton, quer dizer... É, mas... Não assim e...

— Nossa! Tá feio... Tá feio!— Não falei? Coitada! — exprimia Cricri.— Não, gente! Estou ótima! São vocês que não

enxergam...— Venha que eu vou lhe ajudar Rafalina...— Meu nome não é esse!! Não chega perto, eu disse!Welton avança e a segura rapidamente. Rafaela ba-

lançava e gritava para espanto de dona Isabela.— Me solta... Louco está você, Welton, me solta!

Me solta!A menina, vendo que precisava tomar uma po-

sição, acabou pisando fundo no pé do irmão, que a soltou dando um berro de dor, ao mesmo que sua sal-vação seria a janela.