solução de problemas

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Como ser mais criativo na solução de problemas por JAIRO SIQUEIRA · 6 COMENTÁRIOS em CRIATIVIDADE, TÉCNICAS E FERRAMENTAS Obter soluções criativas e inovadoras para os problemas empresariais, sociais, políticos e econômicos tem sido um dos desafios sempre presentes nos dias atuais. Como analisar corretamente estes problemas e chegar às melhores soluções? Como escapar dos bloqueios mentais que nos tornam prisioneiros de ideias ultrapassadas e ineficazes? Qual a diferença entre boas e más soluções? Uma boa resposta a esta questão pode ser obtida estudando alguns dos grandes fracassos políticos e empresariais dos últimos anos, excetuando, evidentemente, os notórios casos de fraude e corrupção devidos a ausência de ética e não a falta de criatividade. Examine alguns casos e em todos eles você encontrará pelo menos uma das três falhas mais comuns: 1. Estreiteza de visão: a falha em enxergar o todo, ignorando as complexidades, implicações e ramificações do problema examinado. 2. Desatenção aos detalhes, especialmente o desconhecimento daqueles de pouca visibilidade mas críticos. 3. Incapacidade de escapar da mesmice e gerar soluções inovadoras; falta de imaginação e coragem para romper as amarras com o passado e superar os preconceitos. Barry Welford, consultor em criatividade, define duas condições básicas para uma boa técnica de solução criativa de problemas: Ser agradável e fácil de usar.

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Psicologia

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Como ser mais criativo na solução de problemaspor JAIRO SIQUEIRA  · 6 COMENTÁRIOS

em CRIATIVIDADE, TÉCNICAS E FERRAMENTAS

Obter soluções criativas e inovadoras para os problemas empresariais, sociais, políticos e econômicos tem sido um dos desafios sempre presentes nos dias atuais. Como analisar corretamente estes problemas e chegar às melhores soluções? Como escapar dos bloqueios mentais que nos tornam prisioneiros de ideias ultrapassadas e ineficazes?Qual a diferença entre boas e más soluções?Uma boa resposta a esta questão pode ser obtida estudando alguns dos grandes fracassos políticos e empresariais dos últimos anos, excetuando, evidentemente, os notórios casos de fraude e corrupção devidos a ausência de ética e não a falta de criatividade. Examine alguns casos e em todos eles você encontrará pelo menos uma das três falhas mais comuns:1.Estreiteza de visão: a falha em enxergar o todo, ignorando

as complexidades, implicações e ramificações do problema examinado.

2.Desatenção aos detalhes, especialmente o desconhecimento daqueles de pouca visibilidade mas críticos.

3.Incapacidade de escapar da mesmice e gerar soluções inovadoras; falta de imaginação e coragem para romper as amarras com o passado e superar os preconceitos.

Barry Welford, consultor em criatividade, define duas condições básicas para uma boa técnica de solução criativa de problemas: Ser agradável e fácil de usar. Deve ajudar-nos a obter as melhores soluções.Welford sugere um processo para a solução criativa de problemas bastante simples, formado de três passos: 

Pesquise como a águia – olhe de cima. Tenha uma visão de todo o quadro, inclua tudo que for relevante, veja as fronteiras, procure conhecer de modo global o que está acontecendo.

 Analise como a coruja – com uma visão de 360º.Esteja ciente de todos os fatores, mesmo os escondidos ou difíceis de localizar, que poderão afetar suas análises e decisões.

Solucione como humano – com engenhosidade e coragem. Use toda a sua imaginação, conhecimentos e experiência  para escapar dos caminhos óbvios e encontrar soluções inovadoras.

Pesquise como a águiaEste passo requer a habilidade de se afastar do problema e ver a floresta além das árvores. Nesta etapa é importante não se deixar cegar pelos detalhes, tentar formar um quadro geral da situação e definir adequadamente o problema que deve ser resolvido. Este quadro geral deve mostrar as fronteiras do problema, as implicações e os impactos sobre outras unidades, pessoas e processos.Este primeiro passo não tem recebido a atenção adequada no processo de análise e solução de problemas. Com muita frequência as pessoas entram direto na discussão dos detalhes, negligenciando o conhecimento do todo. As consequências são a definição inadequada do problema e o desperdício de tempo e dinheiro em soluções erradas e ineficazes. Quando trabalhando em equipe, esta etapa permite que cada um expresse sua visão da situação, e assegurando a obtenção de consenso sobre o correto significado do problema que está sendo atacado.Analise como a corujaComo todos sabem, muitas corujas podem girar a cabeça num ângulo de 360º sem mover o corpo. Algumas podem detectar o ruído de pequenos animais se movimentando no mato e dar botes certeiros e mortais. O mesmo grau de

precisão é necessário na análise de problemas, especialmente na identificação de suas possíveis causas.Assim que o problema tenha sido corretamente definido, é importante encontrar todos os fatores que possam influenciar a solução. É neste ponto que o trabalho em equipe mostra toda a sua força, pois pessoas de diversas origens e formação  olharão o problema de diferentes ângulos. A discussão aberta e livre em que todos os pontos de vista possam ser representados, discutidos e registrados é, sem dúvida, a melhor abordagem. Todas as possíveis causas são identificadas e priorizadas.Solucione como humanoO passo final deve permitir a plena aplicação de todo o potencial criativo da mente humana. Aqui há espaço tanto para a abordagem fundamentada na lógica como na intuição e imaginação. Neste ponto, a equipe pode optar por usar algumas das ferramentas e técnicasde auxílio à criatividade, como o Mapa Mental, o Brainstorming, SCAMPER e outras. Contudo, o mais importante é a tomada de consciência das barreiras que inibem a criatividade: os bloqueios mentais, culturais, emocionais, intelectuais etc.Ousar romper com os padrões estabelecidos, fazer uso inteligente das novas tecnologias e ir além dos métodos tradicionais, esta é a atitude que separa as soluções criativas da mesmice.

Solução criativa de problemas – Parte 1por JAIRO SIQUEIRA  · 3 COMENTÁRIOS

em CRIATIVIDADE, TÉCNICAS E FERRAMENTAS

No âmbito pessoal, seja em casa ou no trabalho, somos confrontados diariamente por desafios que precisam ser enfrentados. Estes desafios podem ser problemas que nos causam prejuízos ou aborrecimentos, ou uma oportunidade que nos oferece a chance de fazer algo novo e diferente. Alguns destes desafios são simples, mas outros requerem soluções originais e inovadoras.No âmbito social, a trajetória da humanidade é uma sucessão de desafios cada vez mais complexos e de soluções cada vez mais efêmeras. A solução de um desafio traz outros desafios, cujas soluções trazem novos desafios, formando uma cadeia ininterrupta de problemas a serem resolvidos. A habilidade de resolver problemas se tornou crítica, tanto no nível individual, quanto no nível organizacional e social.Esta série é uma introdução ao conceito e técnicas de solução criativa de problemas. Nos artigos desta série abordaremos os métodos e ferramentas da solução criativa de problemas e como podem ser aplicados aos mais variados tipos de desafios e situações.A série é formada por 4 artigos:1. Introdução à solução criativa de problemas2. Os dois principais métodos de solução criativa de problemas3. Introdução ao SCP – Solução Criativa de Problemas4. Introdução ao PIS – Pensamento Inventivo SistematizadoOs artigos apresentam uma visão geral da solução criativa e de suas principais técnicas.

Os textos trazem referências e links que permitem o acesso à descrição detalhada das ferramentas e suas aplicações.Problema: definição e categoriasUm problema pode ser definido como: Uma discrepância entre o resultado esperado (objetivo,

padrão, norma, etc.) e o resultado realmente obtido, suficientemente importante para exigir uma ação corretiva.

Um obstáculo, no sentido de que se não for removido, o objetivo não será atingido.

O mesmo que conflito, gargalo, defeito, falha, atraso, insatisfação, desperdício e tudo o mais que nos causa dissabores, sofrimentos e prejuízos.

Pensando de forma positiva, um problema não resolvido fornece oportunidades de se criar algo novo e original e de se diferenciar dos competidores.Num nível bem amplo, os problemas podem ser classificados em duas categorias:1. Problemas bem estruturados: são problemas claramente definidos, e cujas causas podem ser identificadas pela análise dos dados disponíveis. Na maioria das vezes, a solução decorre da formulação do problema e da análise sistematizada dos dados coletados. Normalmente, se a definição do problema e a análise dos dados forem bem feitas, a solução torna-se óbvia. Exemplos: uma torneira com vazamentos; erros na entrega de uma mercadoria; presença de impurezas na preparação de alimentos.2. Problemas mal estruturados: estes problemas são ambíguos, sem uma definição muito clara dos caminhos a seguir para sua resolução e podem ter várias soluções com diferentes graus de eficácia. São problemas que requerem uma abordagem especulativa e a exploração de idéias sob diversas perspectivas. Exemplos deste tipo de problema: Como melhorar os serviços aos clientes? Como aumentar as receitas com meu blog? Como enfrentar a concorrência estrangeira? Como reduzir a poluição ambiental?A solução criativa de problemas é mais apropriada para a resolução dos problemas do segundo grupo ou em qualquer

situação onde se procura idéias novas e originais para se chegar ao resultado desejado.Os 3 passos para solução de problemasQualquer que seja a natureza e complexidade do problema, sua solução efetiva se fundamenta em 3 estágios:Definição do problema: uma descrição clara do que está ocorrendo e precisa ser solucionado. Obtenção de informações relevantes sobre o problema e suas prováveis causas.Solução do problema: geração de idéias para neutralização das causas e seleção da idéia mais apropriada.Implementação da solução: planejamento e execução das medidas para solucionar o problema.Há diversas estratégias para a realização destes três estágios. No próximo artigo faremos a comparação entre os dois principais métodos de solução criativa de problemas.

Por que uma metodologia para solução de problemas?

Na solução de problemas, de alguma forma, as pessoas seguem intuitivamente, um caminho na procura da solução. Contudo, na sua maior parte elas não têm consciência da seqüência dos passos dados. Muitas vezes, o processo se mostra confuso, demorado, custoso e pouco eficiente. O aprendizado é praticamente nulo e cada problema é um problema totalmente novo, mesmo que

seja a centésima repetição da mesma situação. A ausência de uma metodologia torna muito difícil replicar os processos bem sucedidos e desenvolver as habilidades na solução de problemas.A primeira coisa que um método de solução de problema deve nos dar é uma seqüência definida de passos a serem seguidos na procura de soluções. Isto pode incluir: a definição do problema, a coleta e análise de informações, identificação das causas do problema, a geração de soluções, a avaliação das soluções, a seleção de uma solução e sua implementação.Foram desenvolvidos vários métodos e ferramentas para ajudar as pessoas a se tornarem mais eficazes na solução de problemas. Mais especificamente, métodos de solução criativa de problemas foram desenvolvidos para ajudar indivíduos e grupos quando se requer soluções originais. Estes métodos fornecem princípios, diretrizes e ferramentas que ajudam a organizar o raciocínio e a apoiar e orientar a geração, avaliação, seleção e implementação de novas idéias.Os dois principais métodos de solução criativa de problemasVários métodos de solução criativa de problemas foram desenvolvidos nos últimos 50 anos. Nesta série abordaremos as duas principais escolas:Solução Criativa de Problemas – SCP: baseia-se em modelo introduzido há mais de 50 anos por Alex Osborn, criador do Brainstorming, e Sidney Parnes. Este é o método mais usado, apresentando algumas variantes em torno do modelo original, constituído de três estágios: definição do problema, geração de soluções e implementação da solução escolhida. A estratégia deste modelo é obter uma clara e precisa definição do problema e gerar várias opções de soluções.Pensamento Inventivo Sistematizado – PIS: este modelo se baseia em técnicas que utilizam a base de conhecimentos derivada das experiências inovadoras em diversos campos da atividade humana. Seus fundamentos são os princípios inventivos identificados pelo engenheiro russo Genrich Altshuller mediante o exame de mais de duzentas mil patentes de inventos. Através destes princípios, o pensamento criativo pode seguir as trilhas já percorridas por

milhares de inventores e solucionadores de problemas e se inspirar nas suas idéias para solução de problemas similares. A estratégia básica deste modelo é utilizar os princípios inventivos para adaptar soluções genéricas existentes a um problema específico.Na sua origem, as técnicas do PIS foram criadas para apoiar a solução de problemas técnicos mais complexos, especialmente no desenvolvimento de novos produtos, sistemas e tecnologias. Nos últimos anos, vimos a ampliação da aplicação destas técnicas na solução de problemas organizacionais, sociais e ambientais.Como veremos, há muitas diferenças entre as duas escolas, SCP e PIS. No meu entendimento, a diferença mais significativa está nos conhecimentos aplicados na análise e solução do problema. Na metodologia do SCP, os conhecimentos trazidos para a mesa de trabalho são aqueles das pessoas que participam do projeto, resultantes de suas especialidades, talentos e experiências. Na metodologia do PIS, mediante o uso de princípios e algoritmos apropriados, são ainda agregados os conhecimentos e idéias aplicadas na solução de problemas análogos. De uma certa forma, é como trazer para a mesa de trabalho outras pessoas que já enfrentaram desafios semelhantes.

SCP – Solução Criativa de Problemas

SCP é um conjunto de processos para analisar e solucionar problemas, identificar e vencer

desafios e estabelecer e realizar objetivos. O uso do SCP possibilita a indivíduos e organizações serem criativos e inovadores na resolução de problemas e no tratamento de novas oportunidades de negócios.Nota: não confundir o nome desta metodologia com o título desta série de artigos.O SCP é constituído de 3 estágios (definição do problema, solução do problema e implementação da solução), divididos em 6 passos:1. Reconhecimento do problema2. Obtenção de dados3. Formulação do problema4. Geração de idéias5. Desenvolvimento da solução6. Implementação da soluçãoEstes seis passos guiam o processo criativo. O SCP define o que fazer, passo a passo, para produzir uma ou mais soluções criativas e práticas. Cada passo é formado de duas fases:Pensamento divergente: fase de geração de muitas opções e possibilidades que, conforme o estágio, podem ser dados, definições do problema, idéias, critérios de avaliação ou estratégias de implementação. É uma fase de liberdade para imaginar, em que o julgamento é suspenso.Pensamento convergente: fase para avaliar e fazer escolhas entre as várias opções e possibilidades imaginadas na fase divergente. Nesta fase se faz a seleção dos dados mais relevantes, das idéias mais promissoras, dos critérios e estratégias mais adequadas e viáveis.

Passo 1 – Identificação do problemaO processo se inicia com o reconhecimento de uma situação problemática, um desafio a enfrentar ou algum resultado insatisfatório. A seguir se elabora uma descrição preliminar do problema, que pode não ser necessariamente a melhor ou

a mais precisa descrição do desafio. Geralmente esta descrição inicial costuma ser incompleta, mau definida e complexa. Usualmente, esta descrição inicial parte da pessoa responsável pela unidade onde o problema ocorre, o “dono” do problema.Passo 2 – Obtenção de dadosEste passo é a ponte entre o reconhecimento do problema e sua clara definição. Na fase divergente, deve-se explorar todas as possíveis fontes de informação sobre a situação problemática: registros; relatórios, notícias, artigos, opiniões dos trabalhadores, gerentes, clientes e fornecedores, etc.Terminada a fase de prospecção de dados, parte-se para a seleção dos dados realmente relevantes que serão analisados no passo seguinte.Passo 3 – Formulação do problemaEste passo é a conexão entre a obtenção de dados e a geração de possíveis soluções. Tendo uma boa idéia dos fatos relevantes, neste passo se procura aperfeiçoar a definição inicial do problema formulada no passo 1. Isto pode parecer simples, mas não é; a maior causa de fracassos na solução de problemas é a falha em definir claramente o problema real a ser resolvido. Muitas vezes a definição inicial resulta de uma visão limitada ou deturpada da situação, ou mesmo a confusão entre o problema real e seus sintomas. Questionar a definição inicial é um importante passo e os dados obtidos na etapa anterior o ajudarão a definir adequadamente o problema real.Passo 4 – Geração de idéiasAssim que o problema esteja claramente definido, uma grande quantidade de possíveis soluções pode ser gerada, usando-se técnicas de criatividade previamente selecionadas. Nesta etapa, com a ajuda de ferramentas de criatividade mais apropriadas à situação, a mente trabalha livremente para gerar idéias que serão avaliadas, comparadas, melhoradas ou combinadas na etapa seguinte.Passo 5 – Desenvolvimento da soluçãoSe o passo anterior se caracteriza pelo pensamento divergente, este passo é dominado pelo pensamento convergente, em que as idéias geradas são avaliadas segundo critérios previamente definidos para comparar os benefícios, custos, prazos e aspectos organizacionais, humanos, políticos, etc. Desta etapa nasce uma recomendação de ação específica para resolver o problema.

Passo 6 – Implementação da soluçãoNeste passo, um plano de ação é criado, identificando o que será feito, por quem, quando, onde e como. Este plano deve ser apresentado e explicado a todas as pessoas envolvidas na sua implementação, bem como as que serão afetadas pelas mudanças.Este é o momento de colocar em ação toda sua capacidade de persuasão e suas habilidades de lidar com indiferença, desconfiança, argumentos infundados e objeções sinceras.Instrumentos de monitoramento são definidos para avaliação dos resultados obtidos e da eficácia do plano de ação, bem como para identificação de eventuais medidas corretivas.Nota: no e-book Criatividade Aplicada você encontará um tutorial detalhado do SCP com orientações práticas para cada passo.No próximo artigo abordarmos o PIS – Pensamento Inventivo Sistematizado.

O Pensamento Inventivo Sistematizado

Desde os meados do século passado, se desenvolveu uma corrente de pensamento criativo que se fundamenta na identificação e sistematização de princípios inventivos que estão presentes, de forma isolada ou combinada, em todas as invenções ou inovações. O processo criativo consiste em identificar os princípios inventivos que podem ser aplicados a um problema

específico, gerar uma solução genérica e adaptá-la ao problema real. Os princípios inventivos funcionam como direcionadores do processo de geração de idéias.O Pensamento Inventivo Sistematizado começou a ser desenvolvido durante os anos 50, pelo engenheiro e inventor Genrich S. Altshuller , na extinta União Soviética. Altshuller estudou patentes de diferentes áreas, com o objetivo de buscar alternativas mais eficazes aos métodos de solução criativa de problemas tradicionais, especialmente os métodos intuitivos, como Brainstorming e  ferramentas de criatividade similaresNas suas pesquisas, Altshuller procurou na literatura existente alguma espécie de método para inventar, que ele acreditava existir. Para sua decepção, ele não encontrou nenhuma pista sobre tal método e concluiu que ele mesmo teria que desenvolvê-lo. Após o estudo de mais de 200.000 mil invenções, ele chegou à sua mais importante conclusão: Uma invenção é a remoção de uma contradição técnica com a ajuda de certos princípios. Para desenvolver um método de invenção, ele concluiu, deve-se analisar um grande número de invenções, identificar as contradições presentes e formular os princípios que os inventores usaram para remoção das contradições.Um bom exemplo de contradição técnica pode ser encontrado na informática: quanto mais fácil o acesso a um sistema, menor a sua segurança. A criatividade está em conseguir a facilidade de acesso com uma maior segurança. O telefone celular é um bom exemplo de remoção de contradições técnicas: suas dimensões têm diminuído apesar da agregação de novas funções, como fotografia, GPS, MP3, etc.Princípios InventivosAltshuller identificou 40 Princípios Inventivos, listados no quadro a seguir, e também concluiu que os princípios de um ramo de atividades, como mecânica ou transporte, podem ser aplicados em outros setores distintos como hotelaria, construção, etc. Destas conclusões, Altshuller desenvolveu a metodologia TRIZ (do russo Teoryia Reshenyia Izobretatelskikh Zadach), que podemos traduzir por Teoria de Solução Inventiva de Problemas.

Alguns exemplos para ilustrar o significado e aplicação dos Princípios Inventivos: O princípio da Segmentação (1) significa dividir um

objeto em partes independentes; tornar um objeto facilmente desmontável; aumentar o grau de fragmentação ou segmentação. Exemplos: substituição de um grande computador central (mainframe) por computadores pessoais, móveis modulados, divisão de grandes cargas em containeres.

O princípio da Universalização (6) significa fazer com que uma parte ou objeto desempenhe múltiplas funções; eliminar a necessidade de outras partes. Exemplo: celular com funções de telefone, fotografia, tocador de MP3, conexão com a Internet, GPS e rádio comunicador.

O princípio da Ação Periódica (19) significa substituir uma ação contínua por uma ação periódica ou intermitente. Exemplo: irrigar um jardim com um fluxo contínuo de água pode erodir o solo. Um sprinkler elimina o problema.

A descrição destes princípios pode ser encontrada na internet a partir da pesquisa pelo termo TRIZ. Uma boa fonte de informações é o TRIZ Journal ( http://www.triz-journal.com/ ).

TRIZ – Teoria de Solução Inventiva de ProblemasTRIZ é uma metodologia, um conjunto de ferramentas e uma base de conhecimentos para gerar idéias inovadoras e para a solução criativa de problemas. Desde sua formulação em meados do século 20, a TRIZ evoluiu incorporando vários conceitos e ferramentas usadas para apoiar os inventores e solucionadores de problemas. Suas ferramentas têm sido usadas tanto na engenharia, como em outros campos técnicos e não técnicos. Não é propósito deste artigo abordar todas estas ferramentas. Limitar-nos-emos ao Método dos Princípios Inventivos.Método dos Princípios Inventivos (MPI)O MPI foi idealizado por Altshuller e é o mais difundido dos métodos da TRIZ. Os Princípios Inventivos são heurísticas, ou sugestões de possíveis soluções para um determinado problema. A forma mais simples de utilização dos Princípios Inventivos é o uso direto, que consiste em simples análise de cada um dos princípios e a tentativa de aplicá-los para a melhoria do sistema estudado.A abordagem do MPI tem por base que muitos dos problemas que encontramos já foram resolvidos num sentido genérico. Considera que há um número limitado de princípios inventivos e, conseqüentemente, o foco da solução do problema é formular corretamente o problema e usar um mais dos princípios inventivos já catalogados para resolvê-lo. A figura a seguir ilustra este processo.

Um problema específico é expresso de forma genérica. Em seguida, procura-se uma solução genérica a partir da aplicação de um mais dos 40  Princípios Inventivos . A solução genérica escolhida é trabalhada para se obter uma solução específica para o problema real. Exemplo:

Problema específico: dificuldade em obter o fluxo e a temperatura ideais da áqua na torneira. Controlar a temperatura envolve aumentar ou reduzir o fluxo de água, e vice-versa.

Problema genérico: controle independente de fluxo e temperatura.

Solução genérica: combinar os princípios de Consolidação e Segmentação

Solução específica: consolidar os dois registros (água quente e água fria) num único. Separar o controle de fluxo da água (movimento vertical) do controle de temperatura (movimento circular).

No e-book Criatividade Aplicada você encontra um tutorial detalhado sobre o Pensamento Inventivo Sistematizado, com exemplos e orientações práticas sobre suas aplicações.

Mesmo que sejamos muito criativos e brilhantes em encontrar soluções, se estivermos trabalhando no problema errado, estamos perdendo tempo e dinheiro. Quando recebemos um problema para solucionar, é muito provável que ele venha definido de uma forma vaga e enganosa. Assim, o primeiro e o mais importante passo é obter uma definição correta e em que você possa trabalhar objetivamente. Ao definir mal um problema, você estará tomando um caminho que o afasta do problema real e de qualquer possibilidade de solução.Depois de mais de 30 anos trabalhando em empresas de diversos setores, aprendi algumas regras que podem facilitar a identificação, compreensão, solução e verificação de problemas.Espero que elas lhe sejam úteis.Regra 1: Não suponha que você compreende o

problema.  Este é um dos erros mais comuns na solução de

problemas: pensar que você sabe o que está acontecendo sem olhar com profundidade ou sem obter informação bastante para entender a situação. Antes de começar a solucionar qualquer problema, dedique algum tempo para estar

absolutamente certo de você entende o que está acontecendo. Lembre-se de que as aparências enganam. Muitas vezes um problema aparentemente técnico, tem suas raízes em falhas nas comunicações, desmotivação, liderança fraca, ou outras causas de natureza organizacional e gerencial.

   Regra 2: Não suponha que a pessoa que relata o

problema também o compreende  As pessoas descrevem os problemas de muitas

formas diferentes, algumas chegam a serem bizarras. Muitas vezes elas apresentam percepções superficiais ou distorcidas que nada têm a ver com o problema real. Outras vezes elas apresentam informações desconexas, baseadas no que ouviram ou no que elas pensam que sabem.

   Regra 3: Não suponha que alguém mais entende o

problema  Se você necessita delegar o problema, ou se você

está recebendo instruções de outras pessoas para solucionar o problema, não suponha que elas sabem do que estão falando. Ao delegar o problema, certifique-se de que suas instruções foram bem entendidas.

   Regra 4: Não suponha que você tem um único

problema  Às vezes, as coisas são mais complicadas do que

parecem. Não é uma boa idéia supor que há um único problema a ser resolvido. Durante todo o processo de solução do problema, mantenha seus olhos abertos para identificar problemas adicionais.

   Regra 5: Não suponha que você tem mais de um

problema  Do mesmo modo, não suponha que há mais de um

problema. Como conciliar as regras 4 e 5? Baseie suas conclusões somente no que existe, e não em suas suposições ou em suposições de terceiros.

   Regra 6: Não suponha que o problema seja igual a

outro anterior  Nenhum problema é igual a outro. Supor que o

problema atual é semelhante a outro anterior pode levar a replicação de uma solução inadequada.

   Regra 7: Não suponha que se trata de um problema

simples ou complexo  Um problema é o que ele é, nada mais. Alguns são

simples, outros complexos. Não assuma nada até concluir suas análises.

   Regra 8: Não confie no que está nos papéis  Não tire conclusões com base somente em

relatórios, memorandos e estatísticas. Saia da sua sala e vá ao campo para ver o problema real, converse com as pessoas que vivenciam e são afetadas pelo problema.

   Regra 9: Não suponha má intenção  Se encontrar um erro humano, não assuma que se

trata de uma ação mal intencionada. Geralmente, os erros humanos resultam de despreparo ou desinformação. Se for o caso, corrija os erros pela melhor informação e treinamento dos operários.

   Regra 10:

Investigue as causas do problema

  Faça uma exaustiva investigação para identificar as verdadeiras causas do problema. Aja sobre as causas e não sobre os sintomas. Para isto, pergunte “por que” várias vezes até chegar à causa raiz do problema.

   Regra 11:

Não aceite o argumento que sua idéia já foi tentada e não funcionou

  Muitas idéias boas são destruídas por implementação mal planejada ou por desistência na primeira dificuldade encontrada. Procure saber com detalhes como foi planejada e executada sua implementação. Se o Inferno está cheio de boas intenções, a estrada de acesso está pavimentada por boas ideias mal implementadas.

MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) – parte 1 MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) é um processo de melhoria que apresenta 8 etapas, sendo que cada uma delas contribui para a identificação dos problemas e a elaboração de ações corretivas e preventivas para eliminá-los ou minimizá-los.

Este método auxilia os gerentes na solução de problemas, fornecendo subsídios para analisá-los e priorizá-los, identificando situações  que não foram bem definidas e exigem atenção. Estabelece rápido controle das situações e planeja o trabalho que será realizado, apresentando respostas que ajudam na priorização de problemas que exijam atenção, dividindo-o em partes para ser analisado.

SEQUÊNCIA DO MASP1. Problema: identificar o problema;2. Observação: apreciar as características do problema;3. Análise: determinar as causas principais;4. Plano de ação: conceber um plano para eliminar as causas;5. Ação: agir para eliminar as causas;6. Verificação: confirmar a eficácia da ação;7. Padronização: eliminar definitivamente as causas;8. Conclusão: recapturar as atividades desenvolvidas e planejar para o

futuro.Vamos analisar um exemplo do MASP em uma tabela orientativa que apresenta as etapas e uma descrição do seu funcionamento: