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SOLO POBRE X FLORESTA LUXURIANTE Defronta-se o fenômeno da exuberante floresta amazônica erguendo-se sobre um dos solos mais pobres e lixiviados da Terra. Como pode ser explicado este fato aparentemente paradoxal ? CLAGEM DE NUTRIENTES NOS TRÓPIC

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Page 1: SOLO POBRE X FLORESTA LUXURIANTE Defronta-se o fenômeno da exuberante floresta amazônica erguendo-se sobre um dos solos mais pobres e lixiviados da Terra

SOLO POBRE X FLORESTA LUXURIANTE

Defronta-se o fenômeno da exuberante floresta amazônica erguendo-se sobre um dos solos mais

pobres e lixiviados da Terra.

Como pode ser explicado este fato aparentemente paradoxal ?

CICLAGEM DE NUTRIENTES NOS TRÓPICOS

Page 2: SOLO POBRE X FLORESTA LUXURIANTE Defronta-se o fenômeno da exuberante floresta amazônica erguendo-se sobre um dos solos mais pobres e lixiviados da Terra

Uma conclusão que se impõe é que a floresta cresce, de fato, apenas sobre o solo, e não do solo, utilizando-se deste apenas para sua fixação mecânica e não como

fonte de nutrientes; em vez disso, ela vive numa

circulação fechada de nutrientes.

“Na Amazônia a floresta não vive do solo, massobre o solo. Realmente, ela quase vive de simesma...”.

CICLAGEM DE NUTRIENTES

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A floresta tropical se protege das possíveis perdas de nutrientes por meio de verdadeiros estratagemas, que possibilitam ao seu ecossistema,

extremamente diversificado em espécies e, por isso multiestratificado, uma utilização ótima e máxima das quantidades limitadas de nutrientes em

circulação através da cadeia de organismos que compõe este ecossistema florestal.

CICLAGEM DE NUTRIENTES

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CICLAGEM DE NUTRIENTES

A matéria orgânica em decomposição no

ambiente, provindaem sua maior parte da

serrapilheira da floresta é um dos principais “inputs”

denutrientes para toda a teia alimentar da floresta e das águas amazônicas, o que

poderesultar numa elevada produtividade destes

ambientes.

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Entre os mecanismos (conservadores de nutrientes) que são particularmente bem desenvolvidos nos ecossistemas de floresta pluvial, Jordan & Herrera (1981) apud ODUM (1988) listam os seguintes:

-Emaranhado denso de raízes, que consistem em muitas raízes finas absorventes (agindo como um filtro perfeito), penetrando na serrapilheira superficial, recuperam rapidamente os nutrientes das folhas caídas e da chuva antes que possam ser lixiviados. Estes emaranhados de raízes aparentemente inibem, também, as atividades das bactérias desnitrificantes, dessa forma impedindo a perda de nitrogênio para o ar.

-Micorrizas que são associações simbióticas entre fungos edáficos e raízes, elas agem aprisionando nutrientes, facilitando em muito a recuperação (recondução) de nutrientes e a sua retenção na biomassa.

-Folhas perenes com cutícula grossa e cerosa retardam a perda de água e de nutrientes pelas árvores e também resistem a herbívoros e parasitas.

-Pontas foliares longas e pontudas drenam a água da chuva, dessa forma reduzindo a lixiviação dos nutrientes foliares.

-As algas e os liquens que cobrem a superfície de muitas folhas utilizam nutrientes da chuva, alguns dos quais se tornam imediatamente disponíveis para a absorção pelas folhas; os liquens também podem fixar o nitrogênio.

- A cortiça grossa inibe a difusão de nutrientes do floema para a superfície e a sua perda subseqüente por fluxo caulinar (pela chuva escoando pelos troncos).

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Efeito de diferentes formas de uso da terra na ciclagem de nutrientes

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O padrão de ciclagem de nutrientes nos trópicos úmidos é

diferente do padrão da zona temperada.

Nas regiões frias, uma grande parcela da

matéria orgânica e dos nutrientes disponíveis permanece o tempo todo no solo ou no

sedimento; nos trópicos, uma percentagem

muito maior está na biomassa, sendo

reciclada dentro da estrutura orgânica do sistema, com o auxílio das várias adaptações

biológicas que conservam nutrientes

CICLAGEM DE NUTRIENTES

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Ao se remover uma floresta na zona temperada, o solo retém os nutrientes e sua estrutura e pode ser lavrado durante muitos anos da maneira “convencional”, o que

significa arar uma ou mais vezes por ano, plantar espécies anuais e aplicar fertilizantes inorgânicos. Durante o inverno, as temperaturas abaixo de zero

ajudam a segurar os nutrientes e a controlar as pragas e os parasitas.

Nos trópicos úmidos, porém, a retirada da floresta (estrutura biótica evoluída e auto-sustentável) remove

a capacidade da terra de segurar e reciclar os nutrientes (e de combater as pragas), na presença de

temperaturas altas o ano todo e de períodos de chuvas lixiviantes. É muito freqüente que a produtividade das

culturas diminua rapidamente e a terra seja abandonada, criando o padrão da “agricultura

itinerante”. Ao se derrubar as florestas tropicais para a agricultura os mecanismos conservadores de

nutrientes são destruídos e a produtividade diminui muito rapidamente, da mesma forma que as colheitas.

Por esta razão, as estratégias agrícolas da zona temperada, que envolvem a monocultura de plantas anuais de vida curta, são totalmente inapropriadas

para as regiões tropicais e precisam ser reavaliadas.

CICLAGEM DE NUTRIENTES

Remoção da Floresta: Zona Temperada x Zona Tropical

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Resumo: Dadas as condições de farta irradiação solar por todo o ano, as florestas tropicais

possuem produtividade bastante elevada. Além disso, devido à alta umidade e às elevadas

temperaturas, a decomposição e a reciclagem de nutrientes acontecem com grande rapidez. Isso

explica o porquê do desenvolvimento de uma vida tão intensa e diversificada sobre um solo pobre e

raso, como o dessas florestas. O grande reservatório de minerais concentra-se na matéria orgânica morta e viva da floresta, sendo ínfima a

quantidade armazenada no solo. A pobreza do solo pode em parte ser explicada pela lixiviação

oriunda das águas das chuvas constantes que caem sobre este ecossistema. Esta é a razão de ser difícil o desenvolvimento de agricultura em

áreas antes dominada pela floresta, e mesmo sua restituição após qualquer devastação.

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