sÍntese e caracterizaÇÃo de novos compostos de …

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE QUÍMICA LABORATÓRIO DE SÍNTESE INORGÂNICA E BIOINORGÂNICA BRASÍLIA, DF 2019 DEFESA DE MESTRADO SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO DE ÍONS LANTANÍDEOS COM AGENTES COMPLEXANTES CROMÓFOROS PARA INVESTIGAÇÃO DE POTENCIAIS APLICAÇÕES BIOLÓGICAS, CATALÍTICAS E COMO SONDAS DANIEL SILVA CARVALHO DA CUNHA ORIENTADORA: Profª. Dr a . MARYENE ALVES CAMARGO

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Page 1: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INSTITUTO DE QUÍMICA

LABORATÓRIO DE SÍNTESE INORGÂNICA E BIOINORGÂNICA

BRASÍLIA, DF

2019

DEFESA DE MESTRADO

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE

COORDENAÇÃO DE ÍONS LANTANÍDEOS COM AGENTES

COMPLEXANTES CROMÓFOROS PARA INVESTIGAÇÃO DE

POTENCIAIS APLICAÇÕES BIOLÓGICAS, CATALÍTICAS E COMO

SONDAS

DANIEL SILVA CARVALHO DA CUNHA

ORIENTADORA: Profª. Dra. MARYENE ALVES CAMARGO

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DANIEL SILVA CARVALHO DA CUNHA

BRASÍLIA, DF

2019

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE

COORDENAÇÃO DE ÍONS LANTANÍDEOS COM AGENTES

COMPLEXANTES CROMÓFOROS PARA INVESTIGAÇÃO DE

POTENCIAIS APLICAÇÕES BIOLÓGICAS, CATALÍTICAS E COMO

SONDAS

ORIENTADORA: Profª. Dra. MARYENE ALVES CAMARGO

Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Química da Universidade de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Química.

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ii

Page 4: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

iii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por tudo que ele me proporcionou. Em seguida, agradeço a

toda minha família, que sempre vai ser minha base para tudo que eu for fazer nessa vida. Agradeço a

minha querida mãe Maria José (Lia) e ao meu querido pai José Maria (Zé Maria), que me deram

educação, valores, amor e todas essas coisas construíram meu caráter.

Ao meu filho Gustavo, que veio para me dar mais alegria e principalmente, mais força para

conquistar as coisas e ainda abrilhantar minha vida. A Stéfany, minha esposa e mãe do Gustavo que

me ajudou bastante a conseguir meus objetivos na vida. Sei muito bem o que tudo isso representa na

minha vida e que ainda me deu um filho lindo.

À professora Dr. Maryene Alves Camargo, pela excelente orientação no decorrer do

mestrado, pelo grande incentivo e conhecimento adquirido nas conversas sobre os resultados da

pesquisa e pela paciência em todo esse processo de construção desse trabalho.

Á doutoranda Fernanda Sodré, por ter me ajudado bastante com seus conselhos e

contribuições, pelos seus ensinamentos de bancada e de escrita.

Ao Augustto Alves, nosso colega do Laboratório Lasib que me ajudou bastante produzindo os

sais de lantanídeos (castigo), preparando amostras para análises, montando reações e etc.

Ao Dr. Luis Ramírez, por todo apoio nas análises de FT-IR e grande ajuda na questão dos

espectros da dissertação e na configuração dos arquivos.

Ao mestre Michael Lima, por todo apoio na parte da dissertação (gráficos, espectros, imagens

etc) e pela grande consideração que temos um ao outro há mais de cinco anos.

Ao mestrando Victor Marques, por todo apoio na pesquisa, tanto na bancada como nas

análises dos resultados e também pelos momentos hilários.

Ao dourotando Carlos Martins, pelos ensinamentos de bancada e também nas análises dos

resultados.

À Graziella Segóvia (in memoriam), por ter me ajudado na pesquisa e também por vários

momentos divertidos.

Aos técnicos da CAIQ-UnB (Lenine e Allan) e do laboratório de ensino de físico-química da

UnB.

Á professora Dr. Claudia Cristina Gatto, por ter aceitado prontamente o convite para participar

da comissão examinadora e pelas inúmeras contribuições sugeridas a este trabalho.

Ao professor Dr. Júlio Lemos de Macedo, por ter aceitado prontamente o convite para

participar da comissão examinadora e pelas inúmeras contribuições sugeridas a este trabalho, pela

realização em conjunto dos testes em catálise e pela paciência e contribuição na discussão de

dúvidas e resultados da pesquisa.

À Dra. Jaqueline, por ter se disponibilizado a realizar todos os testes biológicos dos

complexos 1-3 e ter sanado todas as dúvidas em questão da parte biológica.

Page 5: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

iv

Ao Dr. Adaílton João Bortoluzzi, pela realização das análises de DRX de monocristais dos

complexos.

À Profa. Dra. Juliana Angeiras Batista da Silva, pela realização dos estudos de modelagem

computacional dos complexos 1-3.

Ao professor Dr. Marcelo Moreira Santos, por ter aceitado prontamente o convite para

participar da comissão examinadora e pelas inúmeras contribuições sugeridas a este trabalho.

Aos meus amigos do Laboratório LASIB e de todos colegas do IQ pelo acolhimento e ajuda.

Aos meus amigos, com os quais tenho a felicidade e o privilégio de conviver juntos em

Planaltina: Emanuel, Esli e Pedro, pela consideração e parceria, assim como suas famílias.

À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

À FAPDF pelo auxílio financeiro para o desenvolvimento desse trabalho.

Page 6: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................ 2

2.1 LANTANÍDEOS ................................................................................................................................ 2

2.1.1 Principais Características .................................................................................................... 2

2.1.2 Agentes complexantes cromóforos ...................................................................................... 4

2.2 PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS ÍONS LN ..................................................................................... 9

2.2.1 Estudos dos Lantanídeos em catálise ............................................................................... 10

2.2.2 Sondas Luminescentes com íons Ln ................................................................................. 12

2.2.3 Agentes de contraste ......................................................................................................... 15

2.2.4 Atividades antitumorais dos íons Ln .................................................................................. 16

3 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 17

3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................................... 17

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................... 17

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................................................................. 18

4.1 REAGENTES E SOLVENTES ........................................................................................................ 18

4.2 SÍNTESE DOS SAIS DOS LANTANÍDEOS ................................................................................... 18

4.3 SÍNTESE DE COMPLEXOS DE LN3+

COM OS AGENTES COMPLEXANTES CROMÓFOROS 19

4.3.1 Tentativa de síntese de Gd3+

com 2-hidroxi-1,4-naftoquinona .......................................... 19

4.3.2 Tentativa de síntese de Gd3+

com 1,2-dimetil-3-hidroxi-4-piridinona ................................ 19

4.3.3 Síntese dos complexos de Gd3+

com naftaleno -2,3-diol (Complexos 1 e 2) .................. 19

4.3.4 Síntese do complexo de Gd3+

com tropolona (Complexo 3) ........................................... 20

4.3.5 Síntese dos complexos de Ln3+

com os agentes complexantes maltol e 2,2-bipiridina onde

Ln = Gd (Complexo 4), Tb (Complexo 5) ou Eu (Complexo 6) ............................................... 20

4. 4 CATÁLISE NA ESTERIFICAÇÃO ................................................................................................. 21

4.3.1 Teste catalítico dos complexos 1, 2 e 3 ............................................................................. 21

4.3.1 Teste catalítico do complexo 6 .......................................................................................... 21

4. 5 ESTUDOS DE MODELAGEM COMPUTACIONAL DOS COMPLEXOS 4-6 ............................... 22

4. 6 ENSAIOS DE AVALIAÇÃO CITOTÓTIXA DOS COMPLEXOS 4-6............................................. 22

4.7 METODOLOGIA DE CARACTERIZAÇÃO .................................................................................... 22

4.7.1 Ponto de Fusão – PF ......................................................................................................... 23

4.7.2 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho – IV ............................................. 23

4.7.3 Espectroscopia de absorção eletrônica na região do ultravioleta - visível – UV-Vis ......... 23

4.7.4 Estudos de Luminescência ................................................................................................ 23

Page 7: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

vi

4.7.5 Condutividade Molar .......................................................................................................... 23

4.7.6 Difração de Raios-X de monocristal (DRX) ....................................................................... 23

4.7.6 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ............................................. 24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................... 25

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS COMPLEXOS ..................................................................................... 25

5.1.1 Ponto de fusão ................................................................................................................... 25

5.1.2 Espectroscopia no IV ......................................................................................................... 26

5.1.2.1 Espectroscopia no IV dos complexos 1, 2 e 3 e tentativas de sínteses...................26

5.1.2.2 Espectroscopia no IV dos complexos 4-6 com os agentes complexantes maltol e

bipy........................................................................................................................................28

5.1.3 Espectroscopia eletrônica – UV-Vis ................................................................................... 30

5.1.4 Difração de Raios X de monocristal (DRX)........................................................................ 32

5.1.4.1 Estruturas cristalinas dos complexos [Ln(maH)(ma)(bipy)(NO3)2] onde Ln = Gd

(Complexo 4); Tb (Complexo 5) ou Eu (Complexo 6) ........................................................ 34

5.1.5 Condutividade Molar dos complexos 4-6 ........................................................................... 39

5.1.6 Modelagem computacional dos complexos 4-6 ................................................................. 40

5.2 APLICAÇÃO DOS COMPLEXOS .................................................................................................. 43

5.2.1 Estudo de catálise .............................................................................................................. 43

5.2.1.1 Estudos de catálise dos complexos 1, 2 e 3 na esterificação....................................43

5.2.2.2 Estudos de catálise do complexo 6 na esterificação.................................................44

5.2.2 Estudos preliminares de Luminescência ........................................................................... 46

5.2.2.1 Estudos de Luminescência do complexo com íon Tb3+

(Complexo 5)..................... 46

5.2.2.2 Estudos de Luminescência do complexo com íon Eu3+

(Complexo 6) ..................... 48

5.2.3 Ensaio de viabilidade celular dos complexos 4-6 .............................................................. 51

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................................. 56

7 PERSPECTIVAS ................................................................................................................................ 57

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 58

9 ANEXOS ............................................................................................................................................ 63

9.1 Dados de espectroscopia no IV e difração de raios-X .......................................................... 63

Page 8: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação do efeito antena: o estado excitado triplete do ligante (3T) após

absorção de luz ultravioleta, a transferência de energia para o íon Ln e sua emissão de

energia do visível.6 .................................................................................................................. 4.

Figura 2. Estrutura da 2-hidroxi-1,4-naftoquinona (HNQ) ..................................................................... 5.

Figura 3. Estrutura do complexo [Ln(Trop)3]. ........................................................................................ 5.

Figura 4. Estruta do Naftaleno – 2,3-diol (NFL) .................................................................................... 6.

Figura 5. Estrutura do complexo [Ln(HPD)3] ......................................................................................... 6.

Figura 6. Estrutura da fenantrolina (phen). ........................................................................................... 7.

Figura 7. Estrutura do complexo [Tb(sal)3phen]. ................................................................................... 7.

Figura 8. Estrutura da 2,2-bipiridina ...................................................................................................... 8.

Figura 9. Poliedro de coordenação que representa os complexos de fórmula molecular

[Ln(bipy)(dmb)3]2bipy .............................................................................................................. 8.

Figura 10. Estrutura da 3-hidrixi-2-metil-4-pirona (maltol) .................................................................... 9.

Figura 11. Estrutura do complexo [Gd(dota)] (à esquerda) e estrutura do complexo do

[Gd(dtpa)(H2O)]2-

(à direita). .................................................................................................. 10.

Figura 12. Equação de química genérica de uma reação de esterificação ....................................... 11.

Figura 13. Diagrama de Energia do íon Tb3+

(à esquerda) e espectro luminescente do íon Tb3+

direita).50,51

............................................................................................................................ 13.

Figura 14. Diagrama de Energia do íon Eu3+

(à esquerda) e o espectro luminescente do íon

európio (à direita).14, 52

.......................................................................................................... 13.

Figura 15. Espectros de fluorescência da sonda de Tb3+

e Cu2+

na ausência e presença de

sarcosina.53

........................................................................................................................... 14.

Figura 16. Imagens RMN em in vivo do fígado (marcado "L") em um camundongo antes e depois

da injeção intravenosa de uma suspensão de amostra do composto de Gd3+

e Dy3+

.55

...... 15

Figura 17. Estruturas dos agentes complexantes utilizados no trabalho ............................................ 25.

Figura 18. Comparação dos espectros no IV dos complexos (4-6) com a 2,2-bipirina (bipy) e do

maltol ..................................................................................................................................... 29.

Figura 19. Comparação dos espectros de absorção no UV-Vis dos complexos (4-6) com os

agentes complexantes maltol e bipy ..................................................................................... 32.

Figura 20. ORTEP do complexo [Gd(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2].(4) ....................................................... 34.

Figura 21. ORTEP do complexo [Tb(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2]. (5) ...................................................... 35.

Figura 22. ORTEP do complexo [Eu(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2].(6) ....................................................... 36.

Figura 23. Estrutura do poliedro de coordenação para os complexos 4-6 ......................................... 39.

Figura 24. Imagem das sobreposições que minimizam as distâncias entre os átomos

correspondentes para o cálculo do RMSD entre as estruturas do complexo

[Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2] ................................................................................................... 41.

Page 9: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

viii

Figura 25. Gráfico da energia relativa (kJ/mol) (a) e da energia de Gibbs relativa (b) ao longo da

coordenada de reação que leva à dissociação do ligante NO3- no complexo

[Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2] ................................................................................................... 42.

Figura 26. Equação química de esterificação a partir do ácido acético e do álcool benzílico ........... 43..

Figura 27. Equação química de esterificação a partir do ácido oleico e do metanol .......................... 44.

Figura 28. Espectro de RMN 1H (600 MHz, CDCl3) do produtos da esterficação do teste realizado

com o complexo 6 ................................................................................................................. 45.

Figura 29. Espectro de excitação do complexo de Tb (5) à temperatura ambiente, monitorado

com λem=544nm. ................................................................................................................................... 46.

Figura 30. Espectro de emissão do complexo de Tb (5) à temperatura ambiente, monitorado com

λex=314nm ............................................................................................................................. 47.

Figura 31. Espectro de excitação do complexode Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado

com λem =617nm ................................................................................................................... 48.

Figura 32. Espectro de emissão do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com

λex=310nm. ............................................................................................................................ 49.

Figura 33. Espectro de emissão do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com

λex=344nm. ............................................................................................................................ 49.

Figura 34. Espectro de emissão do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com

λex=396nm. ............................................................................................................................ 50.

Figura 35. Esquema representacional da redutase mitocondrial que envolve as espécies MTT e

formazan.94

............................................................................................................................ 51.

Figura 36. Avaliação da citotoxicidade dos complexos 4-6 dissolvidos em água e diluídos em

meio de cultura em células NIH-3T3 e MCF7, pelo método de MTT, após 24h de

exposição. ............................................................................................................................. 52.

Figura 37. Avaliação da citotoxicidade do complexo 3 dissolvido em DSMO e diluído em meio de

cultura em células FIBROH, MDA-MB231 e MCF7 pelo método de MTT, após 24h de

exposição .............................................................................................................................. 53.

Figura 38. Avaliação da citotoxicidade do complexo 6 dissolvido em DSMO e diluído em meio de

cultura em células FIBROH, MDA-MB231 e MCF7 pelo método de MTT, após 72h de

exposição .............................................................................................................................. 54.

Figura 39. Comparação entre as três linhagens celulares com os resultados representando a

média da triplicata de cada concentração testada; tendo como 100% as células

expostas apenas ao meio de cultura suplementado ............................................................ 55.

Page 10: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Configurações eletrônicas dos lantanídeos e seus respectivos valores de número

atômico. ................................................................................................................................... 2.

Tabela 2. Marca e pureza dos reagentes e solventes. ........................................................................ 19.

Tabela 3. Valores de ponto de fusão (°C) dos agentes complexantes maltol e 2,2-bipiridina e dos

complexos 4-6. ...................................................................................................................... 26.

Tabela 4. Bandas selecionadas dos espectros no infravermelho para os complexos de 4 a 6

comparadas aos agentes complexantes livres maltol e bipy. (cm-1

, dispersos em KBr).. ... 28.

Tabela 5. Máximo das principais bandas de absorção eletrônica dos complexos de 4 a 6

comparada aos agentes complexantes livres, em comprimento de onda (nm). .................. 31.

Tabela 6. Dados cristalográficos dos complexos 4, 5 e 6. .................................................................. 33.

Tabela 7. Comprimentos (Å) selecionados para o complexo [Gd(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (4). .......... 35.

Tabela 8. Comprimentos (Å) selecionados para o complexo [Tb(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (5). ........... 36.

Tabela 9. Comprimentos (Å) selecionados para o complexo [Eu(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (6). .......... 37.

Tabela 10. Comprimentos (Å) de ligação selecionados para Ln-O(24) e Ln-O(34). ........................... 37.

Tabela 11. Comprimentos (Å) e ângulos de ligação (º) de Hidrogênio para os complexos 4, 5 e 6. .. 38.

Tabela 12. Comprimentos (Å) de ligação selecionados para Ln-N(24) e Ln-N(34). ........................... 38.

Tabela 13. Condutividades molares (ΛM) obtidas para soluções dos complexos 1,0x10-3

mol.L-1

em metanol a temperatura de 25°C. ..................................................................................... 39.

Tabela 14. Desvio médio quadrático (Å) com relação à estrutura obtida por cristalografia de

raios-X do complexo 3 calculado para as estruturas obtidas com diferentes níveis de

teoria. .................................................................................................................................... 41.

Tabela 15. Estruturas enumeradas: ácido oleico e metil oleato .......................................................... 45.

Tabela 16. Posicionamento dos máximos (nm) observados no espectro de emissão do complexo

de Tb3+

(5) à temperatura ambiente. ..................................................................................... 47.

Tabela 17. Posicionamento dos máximos (nm) observados nos espectros de emissão do

complexo de Eu3+

(6) à temperatura ambiente ..................................................................... 50.

Tabela 18. Linhagens celulares nos testes de viabilidade celular (MTT) para os complexos 4-6 ...... 51.

Page 11: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

x

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

SIGLA Significado

Δ Deformação angular (IV)

Vibração de estiramento

AO Ácido oleico

BE Brometo de etídio

Bipy 2,2-bipiridina

Complexo 1 Complexo de Bipy e NFD com Gd3+

Complexo 2 Complexo de Bipy e NFD com Gd3+

Complexo 3 Complexo de Trop e Fen com Gd3+

Complexo 4 [Gd(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]

Complexo 5 [Tb(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]

Complexo 6 [Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]

CAIQ Central analítica do Instituto de Química

CDCl3 Clofórmio deuterado

CHN Análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio

DS Dodecilsulfato

DMCL Dispositivos moleculares conversores de luz

DMSO Dimetilsufóxido

DOTA Ácido 1,4,7,10 – tetrazaciclododecano – 1,4,7,10 – tetracético

DRX Difração de raios X

DTPA 2- [Bis [2-[bis(carboximetil)amino] etil] amino] acético

Éster 1 Acetato de benzila

Éster 2 Metil oleato

Et3N Trietilamina

FDA U. S. Food and Drug Administration

FIBROH Fibroblastos humano

FT-IR Espectroscopia vibracional na região do Infravermelho

HNQ 2-hidroxi-1,4- naftoquinona

Page 12: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

xi

HPD 1,2-dimetil -3-hidroxipiridin-4-ona

Ma Maltol desprotonado

MaH Maltol protonado

IC50 Concentração inibitória mínima necessária para matar 50% das células

ICP-MS Espectroscopia de massa com plasma indutivamente acoplado

IQ-UnB Instituto de Química da Universidade de Brasília

IV Infravermelho

KBr Brometo de potássio

LMCT Transferência de carga Ligante-Metal

Ln Lantanídeo

LMCT Transferência de carga ligante metal

Ma Maltol despronado

MaH Maltol protonado

MCF7 Carcinoma mamário humano

MDA-MB231 Carcinoma mamário humano

MO Metil Oleato

MOF Redes metalorgânicas

MRI Imagem por ressonância magnética

MTT 3- (4,5-dimetiltiazol-2-il) -2,5-brometo de difeniltetrazólio

NC Número de coordenação

NFD Naftanelo -2,3-diol

NIH-3T3 Fibroblastos murino

OEP Agente complexante derivado da porfirina

Phen Fenantrolina

PF Ponto de Fusão

RMN Ressonância Magnética Nuclear

RMN 13

C Ressonância Magnética Nuclear com núcleo de carbono

RMN 1H Ressonância Magnética Nuclear com núcleo de hidrogênio

RMSD Desvio padrão médio quadrático

Page 13: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

xii

TA Temperatura ambiente

Tb Térbio

TG Termogravimetria

TR Terras raras

Trop Tropolona

UV Ultravioleta

UV-Vis Ultravioleta visível

Page 14: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

xiii

RESUMO

Os íons lantanídeos (Ln3+

) possuem propriedades físicas, químicas, espectroscópicas e

magnéticas particulares, as quais lhes proporcionam um amplo potencial de aplicação, como por

exemplo: agentes de contraste, agentes antitumorais, catálise, sondas luminescentes, entre outras.

Nas sondas luminescentes, os íons Ln3+

quando coordenados a agentes complexantes cromóforos

podem intensificar suas propriedades luminescentes pelo efeito antena. A etapa inicial desse trabalho

consistiu na síntese e caracterização de novos compostos de coordenação de íons Ln3+

obtidos a

partir de agentes complexantes cromóforos (2-hidroxi-1,4-naftoquinona; tropolona; naftaleno – 2,3-

diol; 1,2-dimetil -3-hidroxi-4-piridinona; fenatrolina; 2,2-bipiridina e maltol) com potenciais aplicações

em catálise e em sistemas biológicos. Primeiramente, foram sintetizados três novos complexos de

Gd3+

(1, 2 e 3), os quais foram testados como catalisadores heterogêneos numa reação de

esterificação, obtendo baixos valores de conversão dos reagentes (ácido acétito e álcool benzílico) no

produto desejado (acetato de benzila). Foram sintetizados ainda nesse trabalho três complexos

inéditos, constituídos dos ligantes maltol (maH) e 2,2-bipiridina (bipy) com os íons: Gd3+

(4), Tb3+

(5) e

Eu3+

(6). Os complexos foram caracterizados por PF, espectroscopias no IV e UV-Vis e DRX de

monocristal. Diante dessas análises foi possível obter as estruturas moleculares dos complexos 4-6,

referindo-se a três complexos mononucleares isoestruturais, constituídos por um ligante 2,2-bipiridina

(coordenado de maneira bidentada) e duas espécies do ligante maltol (fenol e fenolato) coordenadas

de maneira diferentes ao centro metálico (monodentada e bidentada, respectivamente), além de dois

nitratos coordenados de maneira bidentada ao centro metálico, gerando a fórmula molecular

[Ln(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]. Estudos preliminares de modelagem computacional dos complexos

isolados e no vácuo mostraram uma barreira de ativação relativamente alta para a provável

descoordenação de um ligante nitrato no complexo. O complexo 6 foi testado como catalisador numa

reação de esterificação a partir do ácido oleico e metanol, visando o produto final metil oleato. Tal

reação obteve uma taxa de conversão relativamente alta de 75%. Os estudos preliminares de

luminescência dos complexos 5 e 6, realizados por meio da espectroscopia de excitação e emissão

em solução, demonstraram o efeito antena dos ligantes e revelou o potencial uso desses complexos

como sondas luminescentes. Os ensaios de viabilidade celular dos complexos 4-6, mais

especificamente do complexo 6, foram realizados e a partir desse estudo de citotoxidade, observou-

se que o complexo 6 se demonstrou citotóxico com especificidade à linhagem celular tumoral MDA-

MB231, dissolvido em DMSO com um período de incubação de 72 horas.

Page 15: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

xiv

ABSTRACT

Lanthanide ions (Ln3+

) have particular physical, chemical, spectroscopic and magnetic

properties, which provide them a wide application potential, such as: contrast agents, antitumor

agents, catalysis, luminescent sensors and others. In the luminescent probes, the Ln3+

ions, when

coordinated to chromophores complexing agents, can intensify their luminescent properties by the

antenna effect. The initial step of this work consisted in the synthesis and characterization of new

coordination compounds of Ln3+

ions obtained from chromophores complexing agents (2-hydroxy-1,4-

naphthoquinone, tropolone, naphthalene-2,3-diol, 1,2-dimethyl -3-hydroxy-4-pyridinone, phenatroline,

2,2-bipyridine and maltol) with potential applications in catalysis and in biological systems. First, three

new Gd3+

complexes (1, 2 and 3) were synthetized and tested as heterogeneous catalysts in an

esterification reaction, obtaining low conversion values of the reactants (acetic acid and benzyl

alcohol) into the desirable product (benzyl acetate). Additionally, three novel complexes consisting of

maltol (maH) and 2,2-bipyridine (bipy) ligands with Gd3+

(4), Tb3+

(5) and Eu3+

(6) ions were

synthesized in this work. The complexes where characterized by MP, IR and UV-Vis spectroscopies

and monocrystal XRD. Considering the analyzes of the complexes 4-6, it was possible to obtain the

molecular structures of the those complexes, which are mononuclear isostructural complexes

consisting of a bidentate ligand (2,2-bipyridine) and two maltol ligand species (phenol and phenolate)

coordinated differently to the metal center (monodentate and bidentate, respectively). Also, two

nitrates coordinated in a bidentate form to the metallic center, generating the molecular formula:

[Ln(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]. Preliminary computational modeling studies of the isolated complexes and

in vacuum have shown a relatively high activation barrier for the probable incoordination of a nitrate

ligand in the complex. Complex 6 was tested as a catalyst in an esterification reaction from oleic acid

and methanol, targeting the methyl oleate final product. Such reaction achieved a relatively high

conversion rate of 75%. Preliminary luminescence studies of complexes 5 and 6, performed by

excitation and emission spectroscopy in solution, demonstrated the antenna effect of the ligands and

revealed the potential use of these complexes as luminescent probes. Cell viability assays of

complexes 4-6, with more emphasis in complex 6, were performed and showed complex 6 to be

cytotoxic with specificity to the MDA-MB231 tumor cell line, when dissolved in DMSO with an

incubation period of 72 hours.

Page 16: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

1

1 INTRODUÇÃO

Os íons lantanídeos (Ln3+

) possuem propriedades físicas, químicas, espectroscópicas e

magnéticas particulares, as quais lhes proporcionam um amplo potencial de aplicação, como por

exemplo: agentes antitumorais1, agentes de contraste

2, catálise

3, sondas luminescentes

4 etc.

Os

lantanídeos (Ln) são frequentemente usados juntamente com moléculas orgânicas para produção de

complexos luminescentes, atuando como componentes emissores de luz. Mesmo com o termo

associado Terras Raras (TR), isto devido à dificuldade de separação dos seus óxidos. Os complexos

luminescentes de lantanídeos têm diversas aplicações, uma delas em diagnóstico médico, onde eles

detectam pequenas porções de biomoléculas. 5

Os íons lantanídeos conduzem substituições isomórficas com os íons de Ca2+

. A capacidade

dos íons Ln3+

em substituir os íons Ca2+

de uma maneira particular acaba resultando em similaridades

químicas e isto aumenta a aplicabilidade dos íons Ln3+

em sistemas biológicos.5,6

Como os lantanídeos possuem baixos valores de coeficiente de absorção molar, os métodos

de produção de compostos de coordenação com grupos cromóforos são aplicados a fim de superar

essa característica, sendo que esses agentes complexantes cromóforos absorvem facilmente a

energia e acabam auxiliando a luminescência dos complexos de lantanídeos através da transferência

de energia do estado triplete do ligante para os estados emissores dos íons lantanídeos. Esse

processo é denominado efeito antena.5,7

Entre vários materiais, os complexos de coordenação de lantanídeos desempenham uma

função importante no diagnóstico e na terapia do câncer. As propriedades paramagnéticas dos

lantanídeos e de seus complexos oferecem a estes metais uma aplicação como agentes de contraste

em imagem por ressonância magnética, e sequencialmente, os estudos e as aplicações dos íons Ln3+

cresceram muito no âmbito biológico. Existem muitos agentes complexantes que formam complexos

de coordenação com os íons Ln3+

a fim de investigar estudos biológicos, físicos e químicos dos íons

Ln3+

.8

O agente complexante 3-hidroxi-2-metil-4-pirona é um tipo de composto que se enquandra

nas características de ligantes que possam se coordenar com os Ln3+

. Esse agente complexante

também é conhecido pelo nome maltol, e na sua na forma desprotonada (fenolato) possui sítios de

coordenação com átomos de oxigênio, ou seja, átomos duros como átomos doadores, podendo

propiciar a estabilização aos seus compostos de coordenação, como os íons lantanídeos.9

Diante do exposto esse trabalho tem como intuito o estudo da síntese e caracterização de

novos compostos de coordenação de íons lantanídeos com agentes complexantes cromóforos para

investigação de potenciais aplicações biológicas.

Page 17: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 LANTANÍDEOS

2.1.1 Principais Características

Os lantanídeos são metais de transição interna da tabela periódica situados no bloco f e seus

valores de número atômico vão de 57 até 70. Devido à dificuldade em separá-los de seus respectivos

óxidos entre si, também são conhecidos como terras raras (TR). Em geral, as terras raras estão

realmente longe de serem raras, mesmo o mais escasso, o Túlio (Tm) é um elemento mais comum

do que Bismudo (Bi), Cádmio (Cd), Mercúrio (Hg) ou Selênio (Se), por exemplo.10

Ao total, os

lantanídeos (Ln) são formados por 14 elementos (La-Lu) e se assemelham tanto às suas

propriedades químicas e físicas, particularmente aos seus estados de oxidação.6

A semelhança em seus estados de oxidação é explicada pela configuração eletrônica dos

átomos e seus íons respectivos (Tabela 1), que geralmente ocorrem em seu estado trivalente Ln3+

([Xe] 4fn, n= 0-14) em soluções aquosas.

Tabela 1. Configurações eletrônicas dos lantanídeos e seus respectivos valores de número atômico.

Elemento Número

Atômico

Configuração

eletrônica de Ln

Configuração

eletrônica de Ln3+

Lantânio (La) 57 [Xe] 5d1 6s

2 [Xe] 4f

0

Cério (Ce) 58 [Xe] 4f15d

16s

2 [Xe] 4f

1

Praseodímio (Pr) 59 [Xe] 4f3 6s

2 [Xe] 4f

2

Neodímio (Nd) 60 [Xe] 4f46s

2 [Xe] 4f

3

Promécio (Pm) 61 [Xe] 4f5 6s

2 [Xe] 4f

4

Samário (Sm) 62 [Xe] 4f6 6s

2 [Xe] 4f

5

Európio (Eu) 63 [Xe] 4f7 6s

2 [Xe] 4f

6

Gadolínio (Gd) 64 [Xe] 4f7

5d1 6s

2 [Xe] 4f

7

Térbio (Tb) 65 [Xe] 4f9 6s

2 [Xe] 4f

8

Disprósio (Dy) 66 [Xe] 4f10

6s2 [Xe] 4f

9

Hólmio (Ho) 67 [Xe] 4f11

6s2 [Xe] 4f

10

Érbio (Er) 68 [Xe] 4f12

6s2 [Xe] 4f

11

Túlio (Tm) 69 [Xe] 4f13

6s2 [Xe] 4f

12

Itérbio (Yb) 70 [Xe] 4f14

6s2 [Xe] 4f

13

Lutécio (Lu) 71 [Xe] 4f14

6s2

5d1 [Xe] 4f

14

Page 18: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

3

Os elétrons de valência dos íons Ln3+

estão situados nos orbitais f, porém devido ao alto

efeito de penetração dos orbitais f, seus elétrons são blindados pelos elétrons dos orbitais

preenchidos mais internos 5p e 5s, resultando em propriedades espectroscópicas especiais.5,11

Dessa

maneira, os íons Ln3+

apresentam linhas de emissão estreita, principalmente no visível e faixas

infravermelhas próximas. Vale salientar também que os lantanídeos apresentam acoplamento spin-

orbita. Este acoplamento é relacionado aos momentos angulares orbital e de spin, quando a repulsão

coulombiana é de mesma magnitude da interação spin-órbita.6,12,13

Em termos de ligação química, os elétrons 4f dos íons Ln3+

pouco contribuem para formar as

ligações com os agentes complexantes, resultando em características ligações iônicas. Esta ausência

de uma interação significativa entre os orbitais 4f e orbitais do ligante minimiza os efeitos de energia

de estabilização do campo ligante.13

Logo, os compostos de coordenação com os íons Ln3+

apresentam caráter predominamente iônico. Os lantanídeos são considerados ácidos duros e, a partir

da Teoria de Pearson, apresentam sua preferência em ligação com bases duras que contêm

nitrogênio e oxigênio nos sítios de coordenação. Essa característica resulta no alto poderio dos

lantanídeos em coordenar com a água, carboxilatos, dicetonatos, sulfóxidos, aminas aromáticas

bidentadas e derivados N-óxido, por exemplo. Os baixos níveis de energia de estabilização do campo

ligante promovem a alta flexibilidade na geometria de seus compostos e números de coordenação

(NC) altos que variam de 3 a 12 no estado sólido e geralmente são determinados pelo raio iônico do

metal e também pelos requisitos estéricos dos agentes complexantes. Os números de coordenação

mais comum para espécies com íons lantanídeos são 8 e 9.14,15

Algumas similaridades químicas entre os íons lantanídeos e os íons Ca2+

conduzem

substituições isomórficas entre esses íons. Essa característica dos Ln3+

é importante, pois em

sistemas biológicos, há uma elevada presença de íons Ca2+

. Por exemplo, a densidade óssea é

composta pela hidroxiapatita, componete formado por íons Ca2+

, e a degradação óssea é um

processo em que há perda de minerais, inclusive perda efetiva de hidroxiapatita. Diante dessa

situação, os Ln3+

podem apresentar efeito inibitório contra a degradação óssea alterando o ciclo

ósseo.16

Porém, não se deve assumir que cada sítio de ligação do Ln3+

é necessariamente um local

de ligação para Ca2+

, ou qualquer outro íon metálico, em condições fisiológicas. 6

Certos íons Ln3+

apresentam importantes propriedades luminescentes, porém como o

coeficiente de absorção molar dos íons Ln3+

é baixo, na região do ultravioleta (UV) e visível, a

luminescência dos íons lantanídeos livres é relativamente baixa.17

Mesmo quando os compostos de

íons lantanídeos apresentam bom rendimento quântico, a excitação direta dos Ln3+

raramente produz

materiais altamente luminescentes.6

Para superar essa característica dos lantanídeos, utiliza-se o

mecanismo de transferência de energia por meio de compostos de coordenação com agentes

complexantes cromóforos. Neste caso, os agentes complexantes cromóforos, com seus altos

coeficientes de absorvitividade molar, absorvem energia e depois transferem para o Ln3+

, que assim

pode emitir eficientemente a sua luminescencia. Este mecanismo de transferência de energia é

denominado de efeito antena.6, 14

Page 19: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

4

O efeito antena (figura 1) é explicado, primeiramente, pela absorção de energia pelo ligante

cromóforo. Com isso, o ligante passa para seus estados excitados: simpleto e tripleto. Desta forma,

geralmente o estado excitado tripleto do ligante transfere energia para um ou vários estados

excitados do íon metálico e, finalmente, o íon metálico emite luz. Para garantir uma transferência de

energia eficiente, é desejável uma curta distância entre o sensibilizador e o íon lantanídeo.18

Os

grupos de sensibilibilzadores são constituídos de agentes complexantes cromóforos que possuem

coeficientes de absortividade molar elevados e são formados por ligações conjugadas.6,15

Figura 1. Representação do efeito antena: o estado excitado tripletedo ligante (3T) após absorção de luz

ultravioleta, a transferência de energia para o íon Ln3+

e sua emissão de energia na região do visível. 6

2.1.2 Agentes complexantes cromóforos

Neste tópico são abordados especificamenteos agentes complexantes cromóforos utilizados

nopresente trabalho, os quais foram: 2-hidroxi-1,4-naftoquinona (hnq), naftaleno-2,3-diol (ndf), 1,2-

dimetil-3-hidroxipiridin-4-ona (hpd), 3-hidrixi-2-metil-4-pirona (maltol), fenantrolina (phen), 2,2-

bipiridina (bipy) e Tropolona.

Esses agentes complexantes foram escolhidos para a pesquisa com base na teoria de

Pearson, em que a maioria desses agentes complexantes selecionados são bases duras, sendo

assim adequados para a coordenação com os ácidos duros de Lewis como é o caso dos íons Ln3+.

Além disso, todos os agentes complexantes usados apresentam altos coeficientes de absorção

Page 20: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

5

molar, devido à presença de grupos com ligações duplas conjugadas em suas estruturas (transições

π-π*), caracterizando-os como agentes complexantes cromóforos.

O ligante 2-hidroxi-1,4-naftoquinona (Figura 2) é conhecido de maneira geral por formar

complexos estáveis com metais de transição. Salvatore Genovese e colaboradores19

desenvolveram

complexos com este ligante e três íons lantanídeos (Lantânio, Gadolínio e Itérbio). Os complexos

obtidos pelos pesquisadores foram submetidos a testes de citotoxicidade, porém nenhum deles

apresentou uma atividade citotóxica superior à referência lawsone (agente complexante 2-hidroxi-1,4-

naftoquinona).

OH

O

O

Figura 2. Estrutura da 2-hidroxi-1,4-naftoquinona (HNQ).

Santos e colaboradores20

desenvolveram complexos de lantanídeos com o agente

complexante tropolona (Trop) os quais foram caracterizados por espectroscopia vibracional no

infravermelho e Raman, análise elementar de CHN e análise de difração de raios X de pó. Diante dos

resultados, concluíram que os complexos desenvolvidos eram isoestruturais e apresentavam a

fórmula molecular [Ln(Trop)3] cuja estrutura é representada na Figura 3. Os íons lantanídeos usados

foram Európio, Gadolínio e Térbio. A luminescência característica dos íons Eu3+

e Tb3+

não foi

observada em seus respectivos complexos. A partir do complexo de Gd3+

, observaram que os níveis

de energia dos estados tripleto do ligante tropolona estavam abaixo dos níveis de energia dos

estados emissores dos íons lantanídeos, o que auxilia na explicação da ausência de luminescência

nos complexos isoestruturais com os íons Eu3+

e Tb3+

estudados. Entretanto, tal agente complexante

demonstrou eficiencia na coordenação a esses ions Ln3+

.

Figura 3. Estrutura do complexo [Ln(Trop)3].

Page 21: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

6

Alexandropoulos e colaboradores21

produziram compostos de lantanídeos com os agentes

complexantes naftaleno – 2,3-diol (Figura 4) e tetraetilamônio. Este trabalho tinha como objetivo

investigar as características magnéticas de complexos de Ln mono ou binucleares, bem como, suas

propriedades luminescentes. Os íons lantanídeos utilizados foram: Európio, Gadolínio, Térbio e

Disprósio. Os compostos obtidos seapresentaram na forma de clusters com a fórmula molecular (Et-

4N)4[Ln8O-(nfd)8(NO3)10(H2O)2]. Diante dos resultados de análise dos complexos, concluíram que o

ligante naftaleno – 2,3-diol estava na forma de ligante em ponte no cluster. Concluíram também que

esse ligante é capaz de formar materiais opticamente ativos quando coordenados a íons Ln3+

.

OH

OH

Figura 4. Estrutura do naftaleno – 2,3-diol (nfd).

Mawani e colaboradores16

utilizaram complexos de lantanídeos com o agente complexante

1,2-dimetil -3-hidroxi-4-piridinona (hpd) previamente desenvolvidos 22

. O objetivo era desenvolver um

fármaco de lantanídeo oralmente ativo no tratamento da osteoporose. Os pesquisadores sintetizaram

complexos com vários agentes complexantes, inclusive o 1,2-dimetil -3-hidroxi-4-piridinona (hpd),

usando os íons lantanídeos La3+

, Eu3+

, Gd3+

e Lu3+

e verificaram que o hpd auxiliou a absorção dos

lantanídeos nos tipos de células testadas: MG-63 (Osteossarcoma ósseo humano). O complexo de

fórmula molecular [Ln(hpd)3], cuja estrutura está representada na Figura 5, demonstrou baixa

toxicidade in vitro, porém, os testes de citotoxicidade demonstraram que este composto tem

solubilidade limitada, o que dificulta a sua administração nos testes in vitro e in vivo.

Figura 5. Estrutura do complexo [Ln(hpd)3].

A fenantrolina (Figura 6) é um composto heterocíclico contendo em sua estrutura a α,α-

diamina (-N=C-C=N-), sendo assim um ligante nitrogenado. Os agentes complexantes que contêm

nitrogênio em sua estrutura têm amplas aplicações na formação decomplexos estáveis com íons

Page 22: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

7

metálicos, e até por isso, a fenantrolina também é conhecida como ligante do grupo funcional

ferroína, isto devido à alta estalibidade em complexos com íons Fe2+

.23

Segundo a teoria de Pearson,

a fenantrolina é uma base de fronteira com nitrogênios em seus sítios de coordenação, e os Ln3+

como ácidos duros se coordenam com esse ligante, formando complexos.24

Vários complexos de Ln3+

já foram sintetizados com fenantrolina.25, 26,27

NN

Figura 6. Estrutura da fenantrolina (phen).

Por exemplo, Gagandeep Kaur e colaboradores28

desenvolveram complexos de Térbio com

os agentes complexantes cromóforos fenantrolina e ácido salicílico (sal), com intuito de estudar a

luminescência desses compostos. Diante dos estudos de caracterização por espectroscopia no IV e

difração de raios X de pó, propuseram a fórmula molecular do complexo: [Tb(sal)3phen] (Figura 7).

Os estudos de luminescência demonstraram um aumento na intensidade da luminescência do íon

Tb3+

no complexo em comparação com íon Tb3+

no sal TbCl3. Este fato advém da eficiência do

processo de transferência de energia dos estados excitados dos agentes complexantes para o íon

Tb3+

no complexo.

Figura 7. Estrutura do complexo [Tb(sal)3phen].

Bin Yue e colaboradores29

sintetizaram doze complexos de Ln com fenantrolina e ácido

salicílico (variando os metais) com intuito de investigar as interações entre fitas de DNA e os

complexos obtidos. Os complexos foram caracterizados por espectroscopia no IV, espectroscopia no

UV e termogravimetria, apresentando a fórmula molecular [Ln(sal)3phen]. Estudos de fluorescência

com DNA demonstraram que os complexos de lantanídeos com menor raio (complexos de Tm3+

, Yb3+

e Lu3+

) interagiram melhor com as fitas de DNA subistituindo a sonda luminescente BE previamente

Page 23: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

8

ligada ao DNA.Todos os complexos exibiram efeito inibitório mais forte sobre Escherichia coli quando

comparado aos agentes complexantes.

He-Rui Wen e colaboradores30

produziram 10 complexos de lantanídeos com dois agentes

complexantes cromóforos: fenantrolina e um derivado de um carboxilato quiral. Os complexos foram

caracterizados por DRX de monocristal, análise elementar e espectroscopia de IV, onde

demonstraram ser isoestrururais. Somente os complexos de Eu3+

, Tb3+

e Dy3+

apresentaram intensas

emissões de fluorescência e altos rendimentos quânticos.

Assim como a fenantrolina, a 2,2-bipiridina (Figura 8) também é um composto heterocíclico

contendo em sua estrutura a α,α-diamina (-N=C-C=N-) representando um ligante bidentado.24

Vários

complexos de Ln3+

com 2,2-bipiridina já foram sintetizados e descritos na literatura.31,32,33

N N

Figura 8. Estrutura da 2,2-Bipiridina (bipy).

Jin Cheng-Wei e colaboradores34

desenvolveram complexos binucleares de íons Ln3+

com

os agentes complexantes 2,2-bipiridina e ácido 3,4-dimetil benzóico (DMB) tendo como finalidade os

estudos de suas propriedades termodinâmicas. Os lantanídeos utilizados foram o térbio e o disprósio,

cujos complexos foram analisados por espectroscopia no IV e DRX de pó, obtendo a fórmula

molecular [Ln(bipy)(dmb)3]2bipy. A Figura 9 representa o poliedro de coordenação dos complexos

obtidos neste trabalho. Nos estudos de luminescência, os complexos demostraram emissões

características de Tb3+

e Dy3+

. Outra característica que os pesquisadores observaram foi que os

complexos produzidos tiveram alta estabilidade térmica a partir de análises de TG em atmosfera de

N2 gasoso.

Figura 9. Poliedro de coordenação que representa os complexos de fórmula molecular [Ln(bipy)(dmb)3]2bipy,

sendo bolas verdes representam os íons Tb3+

e Dy3+

, as bolas vermelhas representam os átomos de oxigênio do

ligante DMB e as bolas azuis representam os átomos de nitrogênio da Bipy .

Page 24: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

9

Dutt e colaboradores35

realizaram sínteses e estudos de complexos de íons Ln3+

com o

ligante 3-hidrixi-2-metil-4-pirona (Figura 10), também conhecido como maltol, com o objetivo de

relatar as constantes de formação dos complexos de lantanídeos com esse ligante em meio aquoso.

Foram utilizados 10 íons Ln3+

diferentes para os estudos e os complexos de Ln3+

com maltol exibiram

valores de constantes de formação similares encontrados para complexos de terras raras com

agentes complexantes derivados de acetil acetona.

O

OH

O

Figura 10. Estrutura da 3-hidrixi-2-metil-4-pirona (maltol).

Barta e colaboradores 36

desenvolveram complexos de Ln3+

(La3+

, Eu3+

, Tb3+

, Gd3+

e Yb3+

)

com o ligante maltol e seus derivados. O intuito dos pesquisadores foi produzir complexos de Ln3+

com potenciais aplicações biológicas, mais especificadamente nos estudos de citotoxicidade e

captação celular em células caco-2 e em hidroxiapatita in vitro. Os complexos foram caracterizados

por análise elementar CHN, ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN 1H) e espectroscopia

no IV. Nos estudos biológicos, os complexos apresentaram valores de IC50 pelo menos seis vezes

maiores do que o composto de referência cis-platina, além de apresentarem resultados similares em

estudos de interação com a hidroxiapatita e valores de coeficiente de permeabilidade quando

comparados ao composto de referência [La2(CO3)3], também conhecido como fosrenol.

Naseri e colaboradores37

desenvolveram um complexo de Sm3+

com o ligante maltol com

objetivo de estudar a biodistribuição e o tempo de meia-vida desse composto. O complexo de Sm3+

com maltol foi testado em órgãos de ratos, tais como: fígado, intestino e coração; e demonstrou uma

biodistribuição maior do que o composto SmCl3. Realizaram também testes de tempo de meia-vida

desses dois compostos nesses órgãos específicos de ratos e, concluíram que o complexo de Sm3+

com maltol apresentou tempo de meia-vida maior do que o do SmCl3 em alguns órgãos testados.

2.2 Principais aplicações dos complexos de íons lantanídeos

Os lantanídeos apresentam diversas aplicações, tais como: agentes de contraste, agentes

antitumorais, catálise, ímas permanentes, sensores luminescentes, polimentos, entre outras. Por

exemplo, os agentes de contraste são compostos químicos que promovem mudanças marcantes nas

taxas de relaxamento dos prótons de tecido e são classificados como: positivos e negativos. Os íons

de Gadolínio (Gd3+

) são muito utilizados como agentes de contraste positivos, os quais formam

Page 25: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

10

complexos paramagnéticos. Estes afetam a taxa de relaxamento do átomo de H da molécula de água

através da troca de moléculas de água em sua esfera de coordenação. Os complexos mais usados

clinicamente como agentes de contraste são [Gd(dota)] e [Gd(dtpa)(H2O)]2-

, representandos na

Figura 11.38

Figura 11. Estrutura do complexo [Gd(dota)] (à esquerda) e estrutura do complexo do [Gd(dtpa)(H2O)]2-

direita).

As atividades biológicas dos complexos de íons lantanídeos podem ser exploradas levando

em conta as características desses íons Ln3+

, como por exemplo: alta flexibilidade de esfera de

coordenação, configuração eletrônica particular e propriedades físico-químicas específicas. A

estabilidade redox dos lantanídeos é um dos fatores quetornam estes elementos adequados para

diversas aplicações celulares.8,39

Os íons Ln apresentam importantes aplicações na área da catálise euma das aplicações está

no processo de craqueameto catalítico. As zeólitas são componentes deste processo, e nestas, os

lantanídeos são introduzidos via troca iônica ocasionando nas zeólitas o aumentoda estabilidade e da

atividade do catalisador.40

Dentre as várias aplicações dos lantanídeos, esse trabalho foca nas seguintes aplicações:

catálise, sondas luminescentes, agentes de contraste e agentes antitumorais.

2.2.1 ESTUDOS DOS LANTANÍDEOS EM CATÁLISE

O grande número de aplicações dos lantanídeos eleva sua demanda e se aplicam em

sistemas complexos de engenharia, tais como: conversores catalíticos automotivos e catalisadores de

refinamento de petróleo. 41

Na área de catálise bioinorgânica, os lantanídeos também têm suas contribuições. Os

lantanídeos (La-Gd) apresentam utilidade às bactérias que precisam de ácidos de Lewis como co-

fatores em suas enzimas de desidrogenase alcoólica. Lumpe e colaboradores42

investigaram o

impacto dos íons lantanídeos nos parâmetros catalíticos (taxa de reação, constante catalítica) de uma

metanol desidrogenase (MDH) isolada da bactéria Methylacidiphilum fumariolicum SolV. Os

Page 26: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

11

experimentos cinéticos demonstraram que alta atividade catalítica dos lantanídeos de menor raio (La-

Gd) sob a MDH.

Os lantanídeos também são usados como catalisadores em reações específicas, como é o

caso da reação de esterificação (Figura 12), reação que forma éster a partir de um álcool e um ácido

orgânico. Segundo Reid43

, a esterificação é caracterizada como a melhor reação com qual se pode

estudar a atividade catalítica de ácidos pela facilidade e a precisão com que as velocidades das

reações de esterificação podem ser medidas. A produção dos ésteres é a partir da condensação de

ácidos carboxílicos com alcoóis, e geralmente, os métodos mais aplicados ocorrem inicialmente pela

ativação do grupo carboxila (COOH) do ácido seguido pela reação com álcool adequado.44

Como a

reação de esterificação é uma reação reversível, a formação de água favorece o sentido inverso, que

é a hidrólise do éster, diminuindo o rendimento da reação.45

O

OHR1

R2

OH+

O

OR1

R2

+ H2OÁcido

Catalisador

Figura 12. Equação de química genérica de uma reação de esterificação.

Ghesti e colaboradores46

sintetizaram um composto de Cério com o ligante dodecilsulfato

(DS) que foi caracterizado por espectroscopia no IV, análise elementar, DRX de pó e TG; obtendo o

composto de fórmula molecular [Ce(DS)3].3H2O. Esse complexo de Ce

3+ teve as funções de

catalisador de ácido de Lewis/surfactante para a produção de ésteres alquílicos por reações de

transesterificação e esterificação isentas de solventes. Os resultados demonstraram que o catalisador

converteu as matérias primas (triacilglicerídeos e ácidos graxos) em ésteres em menos de 4 h, com

rendimentos superiores a 95%.

Mattos e colaboradores47

sintetizaram materiais de La3+

, Ce3+

, Sm3+

e Gd3+

com agente

complexante DS com objetivo de produção de catalisadores ácidos de Lewis/surfactantes para a

produção de biodiesel. Os compostos produzidos foram caracterizados por espectroscopia no IV,

análise elementar CHN, DRX e RMN de 1H, apresentando a fórmula molecular [Ln(DS)3]

.3H2O. Os

catalisadores foram aplicados para reações de transterificação e esterificação, eesses complexos

apresentaram bons resultados de conversão nas reações, destacando o complexo de Gd3+

que

proporcionou a maior taxa de conversão nas reações de esterificação.

Page 27: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

12

2.2.2 Sondas Luminescentes com íons Ln

A partir de seus estados emissores de luz, estas sondas de lantanídeos podem fornecer uma

variedade de sinais de leitura através da luminescência de Eu3+

, Tb3+

, Yb3+

, Sm3+

, Dy3+

, sinais que

indicam informações sobre ambiente de coordenação, simetria e centro de inversão dos compostos

de Ln, por exemplo.

É desafiadora a pesquisa sobre os complexos de Ln como sondas luminescentes,

principalmente, em sistemas in vivo, uma vez que exige uma detecção múltipla e dinâmica dos

analitos que estão interagindo com as células.48

Dentre todos os íons Ln3+

, os íons Tb3+

e Eu3+

se destacam como sondas luminescentes. A

partir dos desdobramentos e intensidades observadas nas transições dos íons Eu3+

, por exemplo, é

possível obter informações sobre ambiente de coordenação do íon, constante de estabilidade dos

respectivos complexos, simetria no sito de coordenação, entre outras.49

Os compostos luminescentes de Tb3+

apresentam luminescência na luz verde, e essa

luminecência é devida às transições 5D4→

7FJ (J = 2-6). A transição

5D4→

7F5 (535-555 nm), que tem

maior intensidade dentre as demais, caracteriza o composto de Tb3+

como uma excelente sonda

luminescente.

As intensidades relativas das emissões 5D4 →

7FJ apresentam alta sensibilidade, porém, não

tão hipersensitivas com a capacidade de detalhar a natureza do ambiente ligante. A Figura 13

representa o diagrama de energia do íon Tb3+

e um típico espectro luminescente desse íon.

Page 28: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

13

Figura 13. Diagrama de energia do íon Tb3+

(à esquerda) e espectro luminescente do íon Tb3+

(à direita). 50,51

Os compostos luminescentes contendo íons Eu3+

estão entre os mais estudados devido à

intensa emissão vermelha desse íon.52

A alta intensidade de luminescência dos compostos de Eu3+

advém das transições 5D0→

7FJ (J = 0-6) (Figura 14). As transições para os níveis

7F5 e

7F6 não são

observadas, pois são de baixa energia e com altos valores de comprimento de onda, não se

enquadrando na faixa de comprimento de onda dos detectores de espectrofluorímetro.

Figura 14. Diagrama de energia do íon Eu

3+ (à esquerda) e o espectro luminescente do íon európio (à

direita).14, 52

A transição 5D0→

7F0 (570-585 nm) é regida por dipolo elétrico e proibida pela regra de

Laporte. Esta transição é considerada a melhor sonda estrutural para a coordenação do íon Eu3+

. A

presençada transição 5D0→

7F0 no espectro de emissão dos compostos de coordenação de Európio

indica que o metal está em um ambiente de baixa simetria e não possui centro de inversão.

Page 29: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

14

Dependendo da quantidade de picos presentes nesta transição, é possível quantificar os possíveis

sítios de coordenação presentes.49

A transição 5D0→

7F1 (585-600 nm) é controlada por dipolo magnético e é permitida por

Laporte. Esta transição aparece no espectro de emissão de compostos de Eu3+

independentemente

do campo cristalino. Tal transição é considerada uma espécie de referência interna, pois apresenta

insensibilidade ao campo do ligante e ao ambiente químico.49

A transição 5D0→

7F2 (610-630 nm) é conhecida como transição hipersensitiva, pois esta

transição é geralmente a mais intensa e sensível ao ambiente químico. Esta transição pode ser

considerada uma sonda estrutural, pois ocorrem variações na intensidade dessa transição devido às

mudanças do ambiente químico do Eu3+

.49

A otimização na estrutura dessas sondas luminescentes é necessária para a melhoria no

desempenho em sistemas biológico baseia-se em fatores como: seletividade, dinamismo, alta

solubilidade em água, fotoestabilidade e baixa toxicidade. Além disso, em termos de propriedades

fotofísicas, as sondas luminescentes precisam apresentar rendimento quântico relativamente alto,

pois estão sujeitas a caminhos supressores de luminescência. As estruturas dessas sondas também

representam um fator relevante, pois devem ser bastante aptas para a interação com as células alvo

e capazes de detectar o analito específico.48

Na-Sun e colaboradores53

sintetizaram uma sonda luminescente (Tb3+

/Cu2+

/ Ga3+

- MOF) com

intuito de obter informações sobre a progressão de câncer de próstata por meio da detecção da

sarcosina (metabolito gerado na progessão da metástase). A sonda foi caracterizada pelas técnicas

espectroscopia no IV, no UV-vis, de fluorescência e termogravimetria. Testes de fluorescência in vitro

utilizando componentes presentes na urina (creatinina, creatina, uréia, NaCl, sarcosina etc) foram

realizados demonstrando um aumento na luminescência da sonda em resposta à sarcosina, mesmo

com a presença dos outros componetes, e isto pode ser observado na Figura 15. Como resultado, a

luminescência verde pode ser facilmente observada quando o nível de sarcosina excede na amostra

testada e, além disso, o composto-sonda apresentou alta seletividade para a sarcosina.

Figura 15. Espectros de fluorescênciada sonda de Tb3+

e Cu2+

na ausência e presença de sarcosina.53

Page 30: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

15

2.2.3 Agentes de contrastes

Os lantanídeos têm sido estudados como agentes de bioimagem em diagnóstico e tratamento

de câncer. Os agentes de contraste para RMN fazem parte dos exemplos de agentes de biomagem e

são amplamente utilizados com a finalidade de aumentar a diferença de contraste entre tecidos

normais e anormais. Com a inserção da RMN, o primeiro estudo com ressonância magnética humana

com contraste foi relatado em 1981 usando cloreto férrico como agente de contraste no trato

gastrointestinal. Geralmente, os agentes de contraste são complexos de íons paramagnéticos ou

partículas de magnetita super paramagnéticas.54

Os íons Gadolínio (Gd3+

) e Manganês (Mn2+

) estão geralmente presentes nas estruturas

desses agentes de contraste. Os agentes de contraste podem ser administrados oralmente ou

intravenosamente, dependendo de suas biodistribuições e aplicações. Os complexos mais utilizados

como agentes de contraste são [Gd(DTPA)(H2O)]2-

e [Gd(DOTA)].54

Em termos de imagem de RMN, o íon Gd3+

é o mais apropriado para desempenhar a função

de agente de contraste. Isto se deve ao seu paramagnetismo, pois há sete elétrons desemperelhados

no orbital 4f e para tal aplicação, este íon é usado na forma de complexo. Os íons Eu3+

, Dy3+

e Er3+

também são investigados, só que em pequena proporção, pois estes apresentam certas

desvantagens, como por exemplo; o tempo de relaxação curto, quando comparadas aos

complexosde Gd3+

.39

Tegafaw e colaboradores55

sintetizaram um novo agente de contraste baseado em

nanopartículas de óxido de lantanídeo misto (Gd3+

e Dy3+

) revestido pelo ácido D-glucurônico. O

composto foi caracterizado pelas técnicas de espectroscopia no IV, TG e análise elementar CHN, e

apresentou uma razão molar Gd3+

/Dy3+

de 48:52. Os testes de RMN do composto foram realizados

em sistemas in vivo, mais especificamente em fígado (Figura 16) e aorta coronais de camundongos.

Figura 16. Imagens de RMN em in vivo do fígado (marcado "L") em um camundongo antes e depois da injeção

intravenosa de uma suspensão de amostra do composto de Gd3+

e Dy3+

.55

Os contrastes positivo e negativo foram observados nas imagens de RMN. Esses resultados

mostram que ocomposto sintetizado tem potencial para ser usado como agente de contraste em

imagem de RMN.55

Page 31: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

16

2.2.4 ATIVIDADES ANTITUMORAIS DOS LANTANÍDEOS

Nas últimas décadas, a pesquisa biomédica teve uma evolução no âmbito de

desenvolvimento de novos sistemas de moléculas nanoestruturadas para entrega direcionada de

diversas drogas.56

As moléculas pequenas coordenadas aos lantanídeos e nanomaterias têm sido

estudados como agentes citotóxicos e inibidores, e esses estudos abrangem diversas áreas, como,

por exemplo: radioterapia, terapia fotodinâmica, administração de drogas, biossensibilizaçao,

bioimagem, etc. 39

Os compostos de íons lantanídeos têm importância, por exemplo, em terapia de doenças

neoplásicas (tumores). Anghileri e colaboradores57

enfatizaram a importância das interações da

membrana celular mediante a citotoxicidade de complexos de Ln. Esse estudo impulsionou novos

agentes anticancerígenos à base de lantanídeos.8

Kwong e colaboradores58

sintetizaram um composto previamente desenvolvido59

sendo esse

composto de Yb3+

com agente complexante derivado da porfirina (OEP), com a finalidade de estudar

as potenciais atividades anticancerígenas em células de DNA humano, tais como: carcinoma epitelial

cervical (HeLa), carcinoma hepatocelular (HepG2) e carcinoma de mama (MCF-7). O composto de

Yb3+

foi caracterizados por espectroscopia no UV-Vis, análise elementar de CHN e DRX, obtendo a

fórmula molecular [Yb(OEP)(OH)]. Esse complexo apresentou resultados promissores nesse tipo de

aplicação biológica desencadeando a disfunção mitocondrial seguida por morte celular apoptótica

nesses tipos de células com câncer.

Caporale e colaboradores60

sintetizaram complexos de íons lantanídeos e entre outros metais

com a finalidade de promover a atividade antiproliferativa em duas linhagens específicas de células

humanas cancerígenas: MDA-MB-231 e DU145. Foram preparados complexos com os íons de Y3+

,

Nd3+

e Sc3+

os quais foram caracterizados por RMN 1H e demonstraram bons resultadosno combate à

proliferação de células cancerígenas. A partir dos testes de citotoxicidade nesses tipos de células, os

complexos de Y3+

apresentaram melhores resultados em concentrações altas.

Diante desses exemplos, é possível evidenciar a potencial aplicação de complexos de íons

Ln em sistemas biológicos, mais especificamente, a potencial ação antitumoral.

Page 32: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

17

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo geral a síntese e caracterização de novos compostos de

coordenação com íons lantanídeos, obtidos a partir de agentes complexantes cromóforos, com intuito

de explorar suas propriedades luminescentes e biológicas.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Síntese de novos complexos com íons lantanídeos (Eu3+

, Tb3+

, Gd3+

e La3+

) obtidos

a partir de agentes complexantes cromóforos (2-hidroxi-1,4-naftoquinona; tropolona;

naftaleno – 2,3-diol; 1,2-dimetil -3-hidroxi-4-piridinona; fenatrolina; 2,2-bipiridina e 3-

hidrixi-2-metil-4-pirona);

Caracterização de complexos inéditos desenvolvidos por meio da espectroscopia

vibracional na região do infravermelho (FT-IR), absorção eletrônica na região do

Ultravioleta-Visível (UV-Vis), ponto de fusão (PF), DRX de monocristal e

condutividade;

Estudos de luminescência dos novos complexos sintetizados (espectros de

excitação e emissão, tempos de vida do estado excitado, eficiência quântica, entre

outros);

Estudo da atividade catalítica dos compostos em reações de esterificação partindo

do HAc com BzOH e do ácido oleico com metanol;

Estudo de viabilidade celular dos complexos, pelo ensaio de citotoxicidade in vitro

com metiltiazol tetrazólio (MTT) contra diferentes tipos de linhagens celulares.

Page 33: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

18

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1 REAGENTES E SOLVENTES

Os reagentes e solventes (Tabela 2) foram utilizados na sua forma comercial, sem

nenhuma purificação prévia.

Tabela 2. Marca e pureza dos reagentes e solventes.

Reagente/Solvente Marca Pureza Reagente/Solvente Marca Pureza

Óxido de Térbio(III) Sigma-Aldrich 99,99 % 3-Hidroxi-2-metil-4-pirona Sigma-Aldrich 99,99%

Óxido de Európio(III) Sigma-Aldrich 99,99 % Tropolona Sigma-Aldrich 99,99%

Óxido de Gadolínio(III)

Sigma-Aldrich 99,99 % 2-Hidroxi-1,4- naftoquinona Sigma-Aldrich 99,99%

Óxido de Lantânio (III) Sigma-Aldrich 99,99 % Naftaleno – 2,3-diol Sigma-Aldrich 99,99%

Ácido Acético Dinâmica 99,99% 1,2-Dimetil -3-hidroxipiridin-4-ona Sigma-Aldrich 99,99%

Ácido Nítrico Vetec 65 % 2,2-Bipiridina Sigma-Aldrich 99,99%

Álcool Benzílico Dinâmica 99,99% Fenantrolina Sigma-Aldrich 99,99%

Àcido Oleico Dinâmica 90% Metanol J.T. Beker 99,95%

4.2 SÍNTESE DOS SAIS DE LANTANÍDEOS

Os sais de Ln (Ln(NO3)3.xH2O) e de (Ln(Cl)3.xH2O) utilizados nas sínteses foram

preparados por meio do ataque ácido dos óxidos de Ln de interesse.Pesou-se aproximadamente 400

mg do óxido de lantanídeo (Ln2O3) e adicionou-se 2 mL de água deionizada em um béquer de

100 mL. Em seguida, foi adicionado sob agitação, o ácido correspondente ao sal (HNO3 ou HCl) gota

a gota, até a dissolução do óxido de lantanídeo. Tal sistema foi mantido sob agitação e aquecimento

de aproximadamente 80 ºC até quase evaporação completa do solvente. Em seguida, adicionou-se 5

mL de água deionizada, e novamente o sistema foi submetido a agitação e aquecimento até a

evaporação e quase secagem. Este procedimento de diluição e secagem com água deionizada foi

reproduzida várias vezes até a obtenção do pH em torno de 5. Em seguida, foi adicionado 5 mL de

etanol e, em constante agitação, até a evaporação total (com aquecimento), secagem e consequente

obtenção do sal de lantanídeo de interesse (Ln(NO3)3.xH2O) ou (Ln(Cl3)3.xH2O).

Page 34: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

19

4.3 SÍNTESE DE COMPLEXOS DE Ln3+ COM OS AGENTES COMPLEXANTES

CROMÓFOROS

4.3.1 Tentativa de síntese de Gd3+com os agentes complexantes 2-hidroxi-1,4-

naftoquinona e fenantrolina

Em um balão de 100 mL, contendo uma solução metanólica (10 mL) de 2-hidroxi-1,4-

naftoquinona (1,2 mmol; 208 mg), foi adicionada sob agitação uma solução metanólica (10 mL) de

fenantrolina (0,4mmol; 7,12 mg). Logo em seguida, foi realizada a correção do pH para 7 utilizando

solução aquosa de NaOH 1 mol.L-1

. Após isso, adicionou-se lentamente uma solução metanólica (10

mL) de cloreto de gadolínio hidratado (0,4 mmol; 180 mg). O sistema foi mantido em refluxo a 60 °C

por 8 horas. Após o término da reação, realizou-se a filtração da solução final, e o filtrado foi posto ao

ar para evaporação lenta do solvente, resultando em pó vermelho que foram analisados por

espectroscopia no IV.

4.3.2 Tentativa de síntese de Gd3+ com os agentes complexantes 1,2-dimetil-3-

hidroxi-4-piridinona e fenantrolina

Em um balão de 100 mL, contendo uma solução metanólica (10 mL) do ligante 1,2-dimetil -

3-hidroxi-4-piridinona (1,8 mmol; 250 mg), foi adicionada sob agitação uma solução metanólica

(10 mL) de fenantrolina (0,6 mmol;118 mg). Logo em seguida, foi realizada a correção do pH para 7

utilizando solução aquosa de NaOH 1 mol.L-1

. Após isso, adicionou-se lentamente uma solução

metanólica (10 mL) de nitrato de gadolínio hidratado (0,6 mmol; 270 mg). A reação foi conduzida por

sistema de refluxo a 60°C por 4 horas. Após o término da reação, realizou-se a filtração da solução

final, e o filtrado foi posto ao ar para evaporação lenta do solvente. Logo depois, formou-se pó dentro

do béquer e o produto foi caracterizado por espectroscopia no IV.

4.3.3 Síntese do complexo de Gd3+com os agentes complexantes naftaleno-2,3-

diol e 2,2-bipiridina (complexos 1 e 2)

Em um balão de 100 mL, contendo uma 10 mL solução metanólica naftaleno – 2,3-diol

(1,5 mmol; 248 mg), foi adicionada sob agitação uma solução metanólica (10 mL) de 2,2-bipiridina

(0,5 mmol; 80,5 mg). Logo em seguida, foi realizada a correção do pH para 7 utilizando solução

aquosa NaOH 1 mol.L-1

. Após isso, adicionou-se lentamente uma solução metanólica (10 mL) de

nitrato de gadolínio hidratado (0,5 mmol; 226 mg).O sistema foi mantido em refluxo a 60 °C por 24

horas. Após o término da reação, realizou-se a filtração da solução final, e o filtrado foi posto ao ar

livre para evaporação lenta do solvente, resultando em duas frações diferentes. No começo da

evaporação observou-se a formação de um precipitado verde (Composto A) o qual foi separado da

solução. Após maior tempo de evaporação, observou-se a formação de um precipitado cinza

(Composto B) o qual também foi separado por filtração. Composto A: IV (pastilha de KBr), em cm-

1: (OH) 3423; (C=N) 1596; (C=C)1569;(C=C)1508;(CAr-O) fenol 1265; (Ln-O) 420. Composto

Page 35: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

20

B: IV (pastilha de KBr), em cm-1

: (OH) 3430; (C=N) 1596; (C=C) 1510, (CAr-O) fenol 1265;

(Ln-O) 426.

4.3.4 Síntese do complexo de Gd3+com os agentes complexantes tropolona e

fenatrolina (complexo 3)

Em um balão de 100 mL, contendo uma de 10 mL solução metanólica de tropolona

(1,2 mmol;148 mg), foi adicionada sob agitação uma solução metanólica (10 mL) de fenantrolina

(0,4 mmol; 7,12 mg). Logo em seguida, foi realizada a correção do pH para 7 utilizando solução

aquosa de NaOH 1 mol.L-1

. Após isso, adicionou-se lentamente 10 mL de uma solução metanólica de

cloreto de gadolínio hidratado (0,4 mmol; 150 mg). A reação foi conduzida por agitação simples a

60 °C por 3 horas. Após o término da reação, realizou-se a filtração da solução final, e filtrado foi

posto ao ar para evaporação lenta do solvente, resultando em um sólido amarelo (Composto C).IV

(pastilha de KBr), em cm-1

: (OH) 3409; (C=O) 1594; (C=N) 1508;(CAr-O) fenol 1334; (Ln-O)

408.

4.3.5 Síntese dos complexos de Ln3+ com os agentes complexantes maltol e

2,2-bipiridina onde Ln = Gd (complexo 4), Tb (complexo 5) ou Eu (complexo 6)

Em um balão de 100 mL, contendo uma solução metanólica (10 mL) de maltol (1,8 mmol;

227 mg), foi adicionada sob agitação de 5 mL uma solução metanólica de 2,2-bipiridina (0,6 mmol;

93,7 mg). Logo em seguida, foi realizada a correção do pH para 7utilizando solução aquosa de

NaOH 1 mol.L-1

. Após isso, adicionou-se lentamente uma solução metanólica (5 mL) de nitrato de

Gd3+

hidratado (0,6 mmol; 270 mg), nitrato de Tb3+

hidratado (0,6 mmol; 272 mg), nitrato de Eu3+

hidratado (0,6 mmol; 268 mg), cada sal foi utilizado para sua respectiva reação. O sistema foi mantido

em refluxo a 60 °C por 8 horas. Após o término da reação, realizou-se a filtração da solução final e o

filtrado foi posto ao ar livre para evaporação lenta do solvente, resultando em cristais incolores PF: IV

(pastilha de KBr), em cm-1

: (Complexo 1) (OH) 3260; (C=C) 1633, 1535 e 1514; (C=O)

1596; (C=N) 1581; (CAr-O) fenol 1265; (Ln-O) 412. [Gd(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]; Rendimento: 39,5

%. (Complexo 2) (OH) 3260; (C=C) 1632, 1537 e 1515; (C=O) 1599; (C=N) 1583; (CAr-O)

fenol 1265; (Ln-O) 414. [Tb(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]; Rendimento: 48,9%. (Complexo 3) (OH)

3260; (C=C) 1632, 1530 e 1510; (C=O) 1594; (C=N) 1581; (CAr-O) fenol 1265; (Ln-O) 422.

[Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]; Rendimento: 22,7%.

Page 36: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

21

4.4 CATÁLISE NA ESTERIFICAÇÃO

4.4.1 Teste catalítico dos complexos 1, 2 e 3 na esterifição

Os catalisadores foram avaliados na reação de esterificação do ácido acético (HAc) com

álcool benzílico (BzOH). Os testes catalíticos foram realizados com razão molar HAc:BzOH (1:1),

massa de catalisador de 5% (em relação à massa de HAc) e sob agitação durante 1 hora com

temperatura igual a 60 ºC. As reações foram realizadas em fase líquida em tubos de ensaio fechados

em um banho seco de alumínio. O método de centrigufação foi aplicado somente para o ensaio

catalítico do complexo 3, que se demonstrou parcialemnte insolúvel ao meio reacional. Os tubos dos

ensaios catalíticos dos complexos 1, 2 e 3 foram armazenados em geladeira para análise posterior

por RMN de 1H.

Para determinação da conversão em acetato de benzila (éster 1), a %Céster 1 foi determinada

de acordo com a equação 1 abaixo:

4.4.2 Teste catalítico do complexo 6 na esterifição

O complexo 6 foi avaliado na reação de esterificação do ácido oleico com metanol. O teste

catalítico teve como razão molar ácido oleico:metanol (1:9). Foi mantida constante a massa de

catalisador (5% em relação à massa de ácido oléico) sob agitação durante 6h com a temperatura

igual a 60 ºC. O ensaio catalítico foi realizado em fase líquida em tubo de ensaio fechado com banho

seco e, após a reação, a solução resultante foi colocada em um funil de separação e foi lavada três

vezes com 1 mL de água destilada para captação da fase orgânica em um eppendorff. Depois, no

eppendorff que continha a fase orgânica, foi adiciona a peneira molecular. Depois de três dias, essa

fase orgânica foi armazenada em geladeira para análise posterior por RMN de 1H.

Para determinação da conversão em metil oleato (éster 2), a %Céster 2 foi determinada de

acordo com a equação 2 abaixo:

Page 37: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

22

4.5 Estudos de modelagem computacional dos complexos 4-6

Os complexos do tipo [Ln(maH)(ma)(bipy)(NO3)2], com maH = maltol (C6H6O3), bipy =

2,2’-bipiridyl, e Ln = Eu3+

, Gd3+

and Tb3+

, foram modelados a partir das estruturas cristalográficas

obtidas no trabalho experimental, utilizadas como estruturas de partida para os procedimentos de

otimização de geometria. Todos os cálculos que utilizaram o método de teoria do functional da

densidade (Density Functional Theory – DFT) foram realizados com o programa Gaussian 09 61

,

versões C e D, e os cálculos realizados com o método semi-empírico, foi utilizado o programa

MOPAC 62

. Os pontos estacionários foram caracterizados por suas constantes de força. As estruturas

foram calculadas em fase gás (espécies isoladas) usando o funcional DFT B3LYP. Em particular para

o complexo com Ln = Eu3+

, os funcionais DFT B3LYP (BECKE, 1988; LEE; YANG e PARR, 1988),

PBE0 (ADAMO e BARONE, 1999; ERNZERHOF e SCUSERIA, 1999) e WB97XD (CHAI e M. HEAD-

GORDON, 2008), bem como o método semi-empírico AM1/Sparkle (ROCHA et al., 2004), para o

estabelecimento de uma metodologia adequada para o estudo das propriedades estruturais. Todos

os cálculos DFT empregaram os conjuntos de base 6-31G para átomos de C e H, 6-31+G para O e

N, e os íons trivalentes de lantanídeo, foram descritos pelo potencial efetivo de caroço relativístico

(Effective Core Potencial – ECP) MWB46+n, que inclui os elétrons 4fn no caroço (DOLG et al., 1989).

Para a modelagem da cinética de dissociação para os casos de processos dissociativos sem barreira,

a teoria do estado de transição variacional foi utilizada (Variational Transition State Theory - VTST)

(OLIVEIRA e BAUERFELDT, 2012; BAO e THRULAR, 2017).63

4.6 Ensaios de avaliação citotótica dos complexos 4-6

A citotoxicidade dos complexos 4-6 foi determinada pelo ensaio colorimétrico MTT (Brometo

de 3-(4,5-dimetiletiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio), onde as células viáveis, com o metabolismo ativo

convertem o MTT em cristais de formazan. As células foram plaqueadas em placas de 96 poços,

mantidas em estufa a 37 ºC por 24 horas antes da adição das amostras testes em meio de cultura

suplementado. Após a incubação com as amostras testes, removeu-se o meio de cultura e foi

adicionada uma solução de MTT (5 mg/mL em PBS) a 10% em meio de cultivo por 2 horas e trinta

minutos a 37 ºC em estufa (Thermo scientific, modelo 3130); em seguida, a solução de MTT foi

descartada e os cristais de formazan foram dissolvidos pela adição de 100 µL de DMSO em cada

poço. As placas foram analisadas em espectrofotômetro e a absorbância foi medida no comprimento

de onda de 595 nm. Como 100% de células viáveis foram usadas, as células foram tratadas apenas

com meio de cultivo suplementado.

Page 38: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

23

4.7 METODOLOGIA DE CARACTERIZAÇÃO

4.7.1 Ponto de Fusão – PF

Os pontos de fusão foram determinados em um aparelho MELT-TEMP II usando capilares de

vidro, no Laboratório de Síntese Inorgânica e Bioinorgânica.

4.7.2 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho – IV

Os espectros de absorção na região do infravermelho foram obtidos em pastilha de KBr no

espectrômetro Vertex 70 da Bruker Corporation a CAIQ – UnB. Foram utilizadas 128 varreduras com

resolução espectral de 4 cm-1

na região do infravermelho médio (4000 a 400 cm-1).

4.7.3 Espectroscopia de absorção eletrônica na região do ultravioleta – visível – (UV-VIS)

Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta e do visível foram obtidos em um

espectrofotômetro Agilent 8453 (Região 800 - 200 nm), no Laboratório de Análise Instrumental do

Instituto de Química – UnB. Os agentes complexantes e seus complexos foram analisados em

solução de metanol, utilizando-se cubetas de quartzo com capacidade para 3 mL e 1 cm de caminho

óptico.

4.7.4 Estudos de Luminescência

Os espectros de excitação e emissão foram obtidos à temperatura ambiente por meio de um

espectrofotômetro HORIBA Scientific modelo Fluorolog®-3 FL3C- 2iHR na CAIQ – UnB. Como fonte

de excitação, utilizou-se a lâmpada de Xe de 450 W.

As amostras foram analisadas em solução de metanol, utilizando-se cubetas de quartzo. Para

a obtenção de espectros com melhor relação sinal/ruído, otimizou-se vários parâmetros (incremento,

filtro, fendas de entrada e saída, tempo de integração e passo do monocromador).

4.7.5 Condutividade Molar

As medidas de condutividade molar dos compostos foram obtidas à temperatura ambiente

(25 °C), utilizando-se um condutivímetro Tec-4MP. As soluções dos complexos foram preparadas em

metanol e em DMSO com concentração de 1,0x10-3

mol.L-1

. A análise de condutividade molar foi

realizada no Laboratório de Química Analítica e Ambiental – LQAA do IQ - UnB.

4.7.6 Difração de Raios X de monocristal – DRX

As análises cristalográficas foram realizadas na Central de Análises, no Departamento de

Química – UFSC pelo Prof Dr. Adaílton Bortoluzzi. Os dados foram coletados em um difratômetro

automático KAPPA APEX-II DUO equipado com um tubo de molibdenio (MoKα λ = 0,71073 A) e

monocromador de grafite. Os dados foram corrigidos por absorção usando o método semi-

emprírico multiscan64

. As estruturas cristalinas foram resolvidas através dos métodos diretos e

refinadas pelo método dos mínimos quadrados com matriz completa utilizando-se os programas

Page 39: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

24

SHELXS e SHELXL65

, respectivamente. As representações gráficas das estruturas moleculares foram

geradas utilizando o programa PLANTOL66

.

4.7.7 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

Os espectros de ressonância magnética nuclear de 1H foram obtidos em um espectrômetro

Bruker, modelo Console Avance III HD e Magneto Ascend 600 MHz. Os espectros de RMN 1H foram

realizados em solução de metanol-D4 e referenciados ao TMS. Os deslocamentos químicos

expressos em δ(ppm), e os padrões de acoplamentos definidos por: s (singleto), d (dupleto), t

(tripleto), m (multipleto), dd (duplo dupleto), td (triplo dupleto), dt (duplo tripleto) e bl (banda larga). As

análises foram realizadas na Central de Análise do Instituto de Química da Universidade de Brasília.

Page 40: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS COMPLEXOS

Foram sintetizados três complexos inéditos contendo os íons Gd3+

(4), Tb3+

(5), Eu3+

(6) com

os agentes complexantes cromóforos maltol e 2,2-bipiridina. Outros três novos complexos de Gd3+

,

dois deles com os agentes complexantes cromóforos naftanelo – 2,3-diol e 2,2-bipiridina (Complexos

1 e 2), e um com tropolona e fenantrolina. Foram realizadas inúmeras tentativas de recristalizações,

com o uso de variados solventes e misturas de solventes para a separação dos complexos das

respectivas misturas. A maioria dos complexos formados foi solúvel em água, etanol, metanol,

acetona, DMF e DMSO. Os complexos inéditos de Gd3+

(4), Tb3+

(5), Eu3+

(6) sintetizados foram

obtidos na forma cristalina obtendo monocristais suscetíveis para análise de difração de raios X. Os

complexos são estáveis ao ar à temperatura ambiente, e não são higroscópicos.

Os complexos 4-6 foram caracterizados através das técnicas de espectroscopia no IV e no

UV-Vis, espectroscopia de emissão, PF, condutimetria e DRX. E os demais complexos obtidos foram

caracterizados por espectroscopia no IV.

Para melhor entendimento, são apresentadas novamente na Figura 17 as estruturas dos

agentes complexantes utilizados no trabalho.

Figura 17. Estruturas dos agentes complexantes utilizados no trabalho.

5.1.1 Ponto de fusão

Os compostos 4-6 foram submetidos aos testes de pontos de fusão, obtendo os seguintes

valores de temperatura de fusão.

Page 41: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

26

Tabela 3. Valores de ponto de fusão (°C) dos agentes complexantes maltol e 2,2-bipiridina e dos complexos 4-6.

Complexos/agentes complexantes Ponto de Fusão (°C)

Complexo 4 (Gd3+

) 155 -158

Complexo 5 (Tb3+

) 164

Complexo 6 (Eu3+

) 187-193

Agente complexante maltol 163

Agente complexante bipy 70

Os valores de ponto de fusão dos complexos 4-6 se diferenciaram entre si, pois são

complexos formados pelos mesmos agentes complexantes, porém com Ln3+

diferentes. É possível

observar ainda uma diferença de valores de temperatura de fusão dos complexos quando

comparados aos agentes complexantes, sugerindo a formação de novos compostos, no caso de

coordenação.

5.1.2 Espectroscopia no IV

A espectroscopia de absorção por IV é utilizada para a identificação dos grupos funcionais

pertencentes a uma molécula. Esta técnica é fundamentada na absorção de radiação IV na qual a

molécula sofre um aumento de sua energia vibracional.67

Tal técnica é uma ferramenta muito

importante e de grande utilidade para a análise das estruturas dos compostos. Neste trabalho, a

utilização desta técnica possibilitou a caracterização inicial dos complexos, pois ao correlacionar os

espectros destes com o de seus respectivos agentes complexantes, pôde-se observar a formação

dos novos compostos de coordenação (deslocamentos dos seus estiramentos em relação aos

agentes complexantes).

5.1.2.1 Espectroscopia no IV dos complexos 1, 2 e 3 e tentativas de sínteses.

Assim como os produtos das tentativas de sínteses, os complexos 1, 2 e 3 foram

caracterizados por espectroscopia no IV e seus espectros estão nas figuras em anexo.

A rota sintética da tentativa de síntese de Gd3+

com os agentes complexantes HNQ e phen

(seção 4.3.1) foi otimizada com base na rota sintética de três trabalhos da literatura. Trabrizi e

colaboradores68

descreveram a síntese de um complexo de Cd2+

com HNQ e phen sob agitação

simples utilizando adição de base (KOH) em quantidade estequiométrica (1:1) ao ligante HNQ.

Oliveira e Colaboradores69

descreveram a síntese de um complexo de Ru2+

com HNQ sob sistema de

refluxo utilizando adição de base (Et3N) em quantidade estequiométrica (3:1) ao ligante HNQ. Já

Genovese e colaboradores19

descreveram sínteses de complexos de Ln3+

com HNQ sob sistema de

refluxo sem ajuste de pH. Na rota sintética da seção 4.3.1 foi utilizada a correção de pH com

pequena quantidade de base para pH 7, diferentemente das rotas sintéticas que utilizaram adição de

Page 42: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

27

de base em grande quantidade. Optou-se ainda pela aplicação de refluxo ao sistema reacional.

Porém, mesmo com a otimização embasada nesses três artigos, pelos espectros de IV (Figura A1)

observou-se a recuperação dos agentes de partida na síntese da seção 4.3.1.

Já a rota sintética da tentativa de síntese de Gd3+

com os agentes complexantes HPD e

phen (seção 4.3.2) foi proposta com base no estudo de Mawani e colaboradores16

que sintetizaram

complexos de Ln3+

com HPD, utilizando correção de pH para 9-10 e agitação simples por uma hora.

Na rota sintética da seção 4.3.2 foi utilizada a correção de pH para 7, pois hidróxidos de Ln tendem a

se formar em pH superior a 8, e optou-se, em contrapartida, pela aplicação do sistema de refluxo,

uma vez que o pKa do HPD é relativamente alto. Entretanto, a partir dos espectros de IV (Figura A2),

tal reação resultou na recuperação dos reagentes de partida, não ocasionando a formação de um

novo complexo.

A comparação dos espectros de IV do ligante naftaleno – 2,3-diol (NFD), do ligante 2,2-

bipiridina e do composto de Gd3+

com esses dois agentes complexantes encontra-se em anexo

(Figura A3). Pelos espectros de IV, infere-se que houve coordenação dos agentes complexantes ao

Gd3+

. No espectro IV do ligante NFD, a banda referente ao OH aparece em 3423 cm-1

. Os

estiramentos de C=C e C-O de fenol aparecem em 1525 e 1278 cm-1

. O ligante bipy exibe os

estiramentos C=C e C=N com os valores: 1577 e 1558 cm-1

, respectivamente. No espectro de IV dos

complexos, percebem-se os deslocamentos dos estiramentos característicos dos agentes

complexantes, como por exemplo: 1596 cm-1

para C=N na bipy, 1508 cm-1

para C=C, 1465 cm-1

para

C=C e 1265 cm-1

para C-O de fenol do ligante NFD. Os valores de deslocamento dos estiramentos

para C-O de fenol encontrados são similares ao deslocamento encontrado em complexo de Sn com

NFD por Soto e colaboradores.70

Já os valores de deslocamento dos estiramentos C=N da bipy são

similares a compostos de Ln desenvolvidos por Shu-Mei He e colaboradores71

. Os complexos 1 e 2

se diferenciam minimamente pelos espectros de IV, com o aparecimento de uma banda em 1650 cm-1

no espectro de IV do composto B, evidenciando serem complexos diferentes. Entretanto, outras

técnicas de caracterização se fazem necessárias para confirmar a formação desses dois novos

complexos. Ambos compostos não apresentaram solubilidade nos seguintes solventes: etanol,

metanol, clorofórmio, acetona, acetroniltrila e acetato de etila.

A comparação dos espectros de IV do ligante tropolona, do ligante fenantrolina e do

composto de Gd3+

com esses dois agentes complexantes encontra-se na Figura A4 em anexo. Por

esses espectros de IV, infere-se que há coordenação do ligante tropolona e da fenantrolina ao íon

Gd3+

, valores de estiramentos similares encontrados por Esse composto não teve solubilidade em

vários solventes, tais como:etanol, metanol, clorofórmio, acetona, acetroniltrila e acetato de etila.

Pelo espectro de IV da Figura A4 (vide anexo), observam-se os deslocamentos das bandas

caracterísicas do tropolona e da fenantrolina. No espectro do agente complexante tropolona, a banda

OH- aparece em 3203 cm

-1, e os estiramentos C=O, C=Car, C-O do fenol e dobramento C-H fora do

plano aparecem em 1602, 1544,1268 e 711 cm-1

, respectivamente.72

No espectro de IV da

fenantrolina, os estiramentos característicos de C=N, C=C e C-N aparecem em 1587, 1560 e 1344

cm-1

, respectivamente. No espectro de IV do composto de Gd3+

(complexo 3), há os deslocamentos

dessas dos estiramentos de νC=O, νC-O de fenol do tropolona foram para 1594 e 1334 cm-1

,

Page 43: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

28

respectivamente. Zhang e colaboradores73

observaram comportamento similar em complexos de La

com tropolona. Já Zordok e colaboradores74

observaram em complexos de Ln com fenantrolina o

deslocamento da banda νC=N para a região similar ao observado no complexo 3 (em torno de 1519

cm-1

).

5.1.2.2 Espectroscopia no IV dos complexos 4-6 com os agentes

complexantes maltol e bipy.

Os espectros vibracionais na região do IV ofereceram informações importantes a respeito dos

principais grupos funcionais presentes nos agentes complexantes maltol e 2,2-bipiridina. O ligante

2,2-bipiridina possui as principais bandas de absorção no IV que são provenientes aos estiramentos

das ligações (C=N) e (C=C) de anel aromático. Já o ligante maltol apresenta como principais bandas,

as referentes a OH de fenol, νC=O de cetona e νC-O de fenol. Os espectros no IV dos complexos 4-6

apresentaram todas essas bandas referentes aos agentes complexantes, porém com deslocamento

dos estiramentos para menores números de onda, excetuando os estiramentos de C-O de fenol do

maltol, de C=N da bipy que foram para maiores número de onda e da banda O-H do maltol que

permaneceu inalterada.

Na Tabela 4 estão apresentados os principais estiramentos e atribuições selecionadas para

os complexos 4-6, e dos agentes complexantes livres maltol e 2,2-bipiridina (bipy).

Tabela 4. Bandas selecionadasdos espectros no IV para os complexos de 4 a 6 comparadas aos agentes

complexantes livres maltol e bipy. (cm-1

, dispersos em KBr).

A Figura 18 mostra os espectros no IV dos complexos 4-6 em comparação com os

espectros no IV dos agentes complexantes maltol e bipy, onde podem ser observadas as principais

semelhanças e diferenças entre agentes complexantes e complexos. Observando os espectros no IV

dos três complexos, nota-se que os perfis das curvas são muito semelhantes, indicando que estes

complexos são isoestruturais.

ν(OH)

ν(C=O)cetona ν(C=C) ν(C=N)

ν(C-O)fenol ν(NO3

-)

bidentado ν(Ln-O)

Maltol 3260 1654 1627 e 1560 - 1255 - -

Bipy - - 1577 1558 - - -

Gd (4) 3260 1596 1633, 1535 e 1514 1581 1265 1468 e 1303 412

Tb (5) 3260 1599 1632, 1537 e 1515 1583 1265 1468 e 1303 414

Eu (6) 3090 1594 1632, 1530 e 1510 1581 1265 1470 e 1294 422

Page 44: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

29

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tra

nsm

itância

(u.a

.)

Número de Onda (cm-1)

Maltol Bipy Complexo 4 Complexo 5 Complexo 6

Figura 18. Comparação dos espectros no IV dos complexos (4-6) com a 2,2-bipirina (bipy) e do maltol.

No espectro no IV do ligante maltol, é possível destacar as seguintes bandas: uma banda

larga 3260 cm-1

que pode ser atribuída ao estiramento da ligação O-H, uma banda de absorção forte

em torno de 1654 cm-1

, atribuída ao grupo carbonila, uma banda em 1627 cm-1

e outra banda em

1560 cm-1

referentes aos estiramentos das ligações C=C. Além de uma banda em 1265 cm-1

atribuída

ao estiramento da ligação C-O do fenol.

Ao se comparar os espectros no IV dos complexos 4-6 com os espectros no IV do ligante

maltol, levando-se em conta essas bandas características citadas acima, nota-se um perfil diferente

nos espectros dos complexos. Há um deslocamento para menores números de onda do sinal

referente à carbonila nos complexos 4-6, variando para 1596 cm -1

no complexo 4, 1599 cm-1

para o

complexo 5 e 1594 cm-1

para o complexo 6. A banda referente ao grupo OH do ligante maltol se

manteve nos espectros no IV dos complexos. Já o sinal referente ao νC-O de fenol alterou para

maiores número de onda nos espectros dos complexos, variando de 1255 cm-1

no ligante para 1265

cm-1

nos complexos, evidenciando a coordenação nesse grupo funcional. Morita e colaboradores75

sintetizaram complexos de íons cobalto, cobre e níquel utilizando o ligante maltol e observaram pelos

espectros de IV que ocorreram deslocamentos dos grupos C=O e C=C para menores números de

onda quando aos espectros de IV do ligante maltol livre, demonstrando comportamento similar ao

presente trabalho.

No espectro no IV do agente complexante bipy, pode se destacar uma banda intensa em

1577 cm-1

que é atribuída ao estiramento da ligação C=C. E outra banda em 1558 cm-1

corresponde

ao estiramento da ligação C=N. Comparando os espectros no IV dos complexos 4-6 com o espectro

no IV da bipy livre, percebem-se os descolamentos das bandas características da Bipy. Nos

complexos de Gd3+

, Tb3+

, Eu3+

a banda atribuída ao estiramento de ligação C=N deslocaram para

Page 45: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

30

1581, 1583 e 1581 cm-1

, respectivamente, evidenciando a coordenação desse grupo funcional. Há

também um deslocamento na banda de C=C da bipy nos espectros no IV dos complexos 4-6,

variando para 1633, 1632 e 1633 cm-1

, respectivamente. Shu-Mei He e colaboradores71

desenvolveram complexos de íons Ln3+

(Sm3+

, Tb3+

, Dy3+

e Eu3+

) com os agentes complexantes 2,2-

bipiridina e ácido 2,3-diclorobenzóico. Pelos espectros de IV, Shu-Mei He e colaboradores71

observaram deslocamentos dos grupos C=C e C=N para maiores números de onda quando aos

espectros de IV do agente complexante bipy, demonstrando comportamento similar ao presente

trabalho.

Diante das observações obtidas por meio dos espectros no IV do complexos 4-6 e dos

agentes complexantes, pode-se inferir que os íons Ln3+

estão coordenados aos agentes

complexantes maltol e bipy. No ligante maltol, a coordenação ocorre pelos átomos de oxigênio; um do

grupo carbonila e outro átomo de oxigênio do grupo fenol. Já o ligante bipycoordena-se aos íons Ln3+

pelos seus átomos de nitrogênio.

É possível observar nos espectros no IV dos complexos 4-6 estiramentos em 1468 e

1303 cm-1

para Gd3+

(4), 1468 e 1303 cm-1

para Tb3+

(5) e 1470 e 1294 cm-1

para Eu3+

(6) os quais se

referem as bandas características de íon nitrato coordenado de forma bidentada. Setyawati e

colaboradores76

sintetizaram complexos de íons Ln3+

(Pr3+

, Sm3+

,Gd3+

e Yb3+

) a partir de nitratos dos

lantanídeos respectivos, e pelo espectro IV observaram estiramentos de nitratos coordenados de

forma bidentada similares ao presente trabalho.

5.1.3 Espectroscopia eletrônica – UV-Vis

A espectroscopia na região do UV-Vis é a observação da absorção da radiação

eletromagnética nas regiões do visível e do ultravioleta do espectro.77

Neste trabalho foram realizados estudos de espectroscopia no UV-Vis para os agentes

complexantes e para os complexos 4-6.

No ligante maltol as transições eletrônicas ocorrem por meio da excitação de elétrons

localizado no orbital molecular ocupado, geralmente elétron ligante ou elétron n (não ligante) ao

primeiro orbital de energia mais elevada, nesse caso, antiligante designado por * ou σ*.77

No ligante

2,2-bipiridina ocorrem as mesmas transições (* e n*).

Os espectros de absorção no ultravioleta dos agentes complexantes maltol, bipy e dos

complexos (4-6) foram obtidos à temperatura ambiente em solução metanólica em concetração de

10-3

mol.L-1

. A partir dos dados de espectroscopia eletrônica de absorção, foi possível analisar a

formação dos complexos por meio dos deslocamentos dos seus máximos de absorção quando

comparados às bandas dos agentes complexantes (Tabela 5 e Figura 19).

Page 46: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

31

Tabela 5. Máximo das principais bandas de absorção eletrônica dos complexos 4-6 comparados aos dos

agentes complexantes, em comprimento de onda (nm).

Agentes complexantes /Complexos λmáx (nm)

Maltol 213 e 278

bipy 235 e 280

Complexo 4 219, 282 e 319

Complexo 5 200, 280 e 319

Complexo 6 200 e 280 e 319

Os espectros de absorção no UV-Vis dos agentes complexantes (Figura 21) são

caracterizados por bandas de absorção, compreendidas na região entre 200-500 nm. O ligante maltol

apresenta duas bandas de absorção na região em torno de 213 e 278 nm, podendo ser atribuídas às

transições →* e n→

*dos grupos COH fenólico e da carbonila C=O, respectivamente. Já o ligante

bipy apresentam duas bandas com máximo de absorção na região em torno de 235 e 280 nm,

podendo ser atribuídas às transições →*e n→

*da ligação C=C aromática e da ligação C=N,

respectivamente. 77,78

Os espectros correspondentes aos complexos 4-6 apresentam bandas características dos

agentes complexantes. Uma vez que, os íons Ln3+

não contribuem significativamente para os

espectros de absorção no UV de seus complexos, pois suas transições f-f são proibidas por Laporte e

são de natureza muito fraca.79

Na Figura 19 nota-se que, os espectros de UV-Vis dos complexos 4-6 são diferentes dos

espectros dos agentes complexantes, evidenciando coordenação destes com os íons Ln3+

correspondentes.

Page 47: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

32

250 300 350 400 450 500 550 600

Ab

so

rbân

cia

(u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

Maltol

Bipy

Complexo 4

Complexo 5

Complexo 6

Figura 19. Comparação dos espectros de absorção no UV-Vis dos complexos (4-6) com os agentes

complexantes maltol e bipy.

5.1.4 Difração de raios X de monocristal (DRX)

A difração de raios X é um dos métodos mais proeminentes usados para investigar a

estrutura molecular. O método permite a determinação das posições dos átomos e íons que

constituem um composto iônico ou molecular. Dessa formas, a técnica de DRX promove a descrição

das estruturas de uma forma mais detalhada na qual se incluem ângulos e comprimentos de ligação,

geometria de coordenação e posições relativas de íons ou átomos numa célula unitária. Porém, para

a utilização desse método é necessário que a amostra seja cristalina e na forma de um

monocristal. 24,80, 81

Os complexos 4, 5 e 6 foram submetidos às análises de DRX de monocristal, sendo

possível determinar suas estruturas moleculares. Em seguida, se encontram os dados cristalográficos

de cada complexo.

Page 48: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

33

Tabela 6. Dados cristalográficos dos complexos 1, 2 e 3.

Complexo 4 Complexo 5 Complexo 6

Fórmula C22 H19 Gd N4 O12 C22 H19 Tb N4 O12 C22 H19 Eu N4 O12

Massa (g.mol-1

) 688,66 690,33 683,37

Temperatura (K) 150 200(2) 200(2)

Comp. Onda (Å) 0,71073 0,71073 0,71073

Sistema cristalino Monoclínico Monoclínico Monoclínico

Grupo espacial P 21/c P 21/c P 21/n

a(Å) 8,6094(6) 8,6343(5) 13,5810(7)

b(Å) 33,367(2) 33,331(2) 13,7543(7)

c(Å) 9,5783(6) 9,5786(6) 14,0423(7)

α(º) 90 90 90

Volume (Å3) 2539,6(3) 2546,9(3) 2454,7(2)

Z 4 4 4

Dcalc (mg.m-3

) 1,801 1,800 1,849

Coeficiente de absorção

(mm-1) 2,683 2,848 2,629

F(000) 1356 1360 1352

Tamanho do cristal (nm) 0,200 x 0,180 x 0,060 0,220 x 0,160 x 0,040 0,380 x 0,180 x 0,080

Intervalo de θ (coleta) (º) 2,383 a 29,998 2,381 a 28,999 1,794 a 33,243

Intervalo de coleta hkl -11<=h<=12, -

46<=k<=45, -13<=l<=13

-11<=h<=11, -

40<=k<=45, -13<=l<=13

-20<=h<=20, -

13<=k<=21, -21<=l<=21

Reflexões coletadas 32369 31166 29470

Reflexões únicas 7400 [R(int) = 0,0145] 6759 [R(int) = 0,0145] 9409 [R(int) = 0,0227]

Completude para theta =

25.242°(%) 99,9 99,9 100,0

Fatores de transmi. máx.

e

mín.

0,7465 e 0,6393 0,7462 a 0,6388 0,7465 a 0,5931

Método de refinamento

Mínimosquadrados/

Matriz

completa em F2

Mínimosquadrados/

Matriz

completa em F2

Mínimosquadrados/

Matriz

completa em F2

Data / restraints /

parameters 7400 / 0 / 354 6759 / 0 / 354 9409 / 0 / 354

Goodness-of-fit em F2 1,444 1,385 1,062

Índices finais R[I > 2σ(I)] R1 = 0,0289, wR2 =

0,0552

R1 = 0,0274, wR2 =

0,0533

R1 = 0,0242, wR2 =

0,0478

Índices R (todos os

dados)

R1 = 0,0300, wR2 =

0,0554

R1 = 0,0290, wR2 =

0,0537

R1 = 0,0375, wR2 =

0,0530

Pico máx. e mín. (e.Å3) 1,054 e -1,646 0,910 and -1,600 2,048 and -0,837

Page 49: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

34

5.1.4.1 Estruturas Cristalinas dos Complexos [Ln(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] onde

Ln = Gd (complexo 4), Tb (complexo 5) ou Eu (complexo 6)

As representações gráficas das estruturas cristalinas dos complexos

[Gd(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (4), [Tb(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (5) e [Eu(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (6) estão

representadas nas Figuras 20, 21 e 22, respectivamente. Os principais comprimentos e ângulos de

ligações das estruturas cristalinas estão apresentados nas Tabelas 7, 8 e 9.

As estruturas de raios X dos complexos foram identificadas a partir dos seus monocristais.

Os complexos 4 e 5 são monocristais incolores e o complexo 6 é um monocristal amarelo, e todos

esses cristais se enquadram ao sistema cristalino monoclínico e grupo espacial P21/c para os

complexos 4 e 5, e P21/n para o complexo 6. Os dados obtidos da resolução das estruturas por raios

X desses complexos revelam a mesma fórmula molecular para os três complexos:

[Ln(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2], ou seja, os três complexos são isoestruturais.

O ligante maltol apresenta dois potenciais sítios decoordenação com átomos de oxigênio,

os quais promoveram ao complexo um tipo de coordenação monodentada e bidentada.78

O ligante

bipy apresenta dois sítios de coordenação através de dois átomos de nitrogênio os quais promoveram

uma coordenação bidentada. Os compostos 4-6 são mononucleares, onde cada íon metálico

lantanídeo apresenta número de coordenão igual a 9.

Figura 20. ORTEP do complexo [Gd(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] com nível de probabilidade de 30%. (4)

Page 50: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

35

Tabela 7. Comprimentos (Å) selecionados para o complexo [Gd(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (4). Desvio Padrão entre

parênteses.

Ligação Comprimentos (Å) de ligação

Gd(1)-O(23) 2,3176(17)

Gd(1)-O(34) 2,3274(18)

Gd(1)-O(24) 2,3818(18)

Gd(1)-O(51) 2,465(2)

Gd(1)-O(42) 2,494(2)

Gd(1)-O(41) 2,505(2)

Gd(1)-O(52) 2,5271(19)

Gd(1)-N(12) 2,552(2)

Gd(1)-N(2) 2,581(2)

C(23)-O(23) 1.326(3)

C(24)-O(24) 1.266(3)

C(34)-O(34) 1.260(3)

Obs: Os ângulos de ligação se encontram descritos na Tabela A1 no anexo.

Figura 21. ORTEP do complexo [Tb(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] com nível de probabilidade de 30% .(5)

Page 51: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

36

Tabela 8. Comprimentos (Å) selecionados para o complexo [Tb(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (5). Desvio Padrão entre

parênteses.

Ligação Comprimentos (Å) de ligação

Tb(1)-O(23) 2,3011(18)

Tb(1)-O(34) 2,3167(18)

Tb(1)-O(24) 2,3699(18)

Tb(1)-O(52) 2,450(2)

Tb(1)-O(42) 2,484(2)

Tb(1)-O(41) 2,488(2)

Tb(1)-O(51) 2,5245(19)

Tb(1)-N(12) 2,537(2)

Tb(1)-N(2) 2,568(2)

C(23)-O(23) 1.327(3)

C(24)-O(24) 1.268(3)

C(34)-O(34) 1.261(3)

Obs: Os ângulos de ligação se encontram descritos na Tabela A2 no anexo.

Figura 22. ORTEP do complexo [Eu(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] com nível de probabilidade de 30% .(6)

Page 52: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

37

Tabela 9. Comprimentos (Å) selecionados para o complexo [Eu(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (6). Desvio Padrão entre

parênteses.

Obs: Os ângulos de ligação se encontram descritos na Tabela A3 no anexo.

Os dois ligantes maltol presentes na estrutura de cada complexo apresentam-se

coordenados de formas diferentes, um na forma monodentada protonada (fenol) e outra na forma

bidentada desprotonada (fenolato), sendo a espécie coordenada de maneira bidentada está ligada ao

Ln3+

pelos átomos de oxigênio O(23) e O(24) e a espécie coordenada de maneira monodentada está

ligada ao Ln3+

pelo átomo de oxigênio O(34). Os átomos de oxigênio O(24) e O(34) são provenientes

das carbonilas das espécies de maltol fenolato e fenol, respectivamente, como pode ser observado

na tabela 10. Há diferença nos valores de comprimento de ligação entre as ligações Ln-O(24) e Ln-

O(34), o que evidencia formas diferentes de coordenação do Ln3+

aos dois ligantes maltol.

Nota-se que para todas as estruturas dos complexos 4, 5 e 6, o correspondente átomo de

oxigênio de maltol O(33), se encontra na forma de fenol. Tal forma protonada pôde ser evidenciada

pelas ligações de hidrogênio intramoleculares O(33)-H(33)...O(23) (Tabela 11) e pelos comprimentos

de ligações Tb-O(23), Gd-O(23)e Eu-O(23), típicos de ligações Ln-fenolato.82, 83

Tabela 10. Comprimentos (Å) de ligação selecionados para Ln-O(24) e Ln-O(34). Desvio Padrão entre

parênteses.

Ligação Comprimentos (Å) de ligação

Eu(1)-O(23) 2,3370(13)

Eu(1)-O(34) 2,3654(14)

Eu(1)-O(24) 2,3858(14)

Eu(1)-O(52) 2,4998(15)

Eu(1)-O(41) 2,5025(15)

Eu(1)-O(51) 2,5439(16)

Eu(1)-O(42) 2,5447(15)

Eu(1)-N(12) 2,5892(16)

Eu(1)-N(2) 2,6013(16)

C(23)-O(23) 1.326(2)

C(24)-O(24) 1.269(2)

C(34)-O(34) 1.263(2)

Ln(1)-O(24) Ln(1)-O(34)

Complexo 4 2,3818(18) 2,3274(18)

Complexo 5 2,3699(18) 2,3167(18)

Complexo 6 2,3858(14) 2,3654(14)

Page 53: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

38

Os valores dos comprimentos de ligação entre os átomos N(2) e N(12) provinientes do ligante

2,2-bipiridina com os respectivos íons metálicos, na formação dos complexos 4-6, se encontram na

Tabela 12.

Tabela 11. Comprimentos (Å) e ângulos de ligação (º) de Hidrogênio para os complexos 4, 5 e 6. Desvio Padrão

entre parênteses.

Tabela 12. Comprimentos (Å) de ligação selecionados para Ln-N(2) e Ln-N(12). Desvio Padrão entre parênteses.

De uma forma geral, as distâncias Ln-O e Ln-N observadas nos complexos 4-6 estão e

concordância com os comprimentos de ligação encontrados em outros complexos de Gd3+

, Tb3+

ou

Eu3+

com ligantes bipiridina e derivados de maltol. 84,85,86

Além disso, nos três complexos, cada íon

Ln3+

encontra-se coordenado a dois íons nitrato de maneira bidentada através dos átomos de

oxigênio, sendo representados por O(41), O(42), O(51) e O(52).

Apesar da pequena variação nos valores de comprimento das ligações Ln-O e Ln-N nos três

complexos, é possível observar um aumento do comprimento dessas ligações, sendo que no

complexo 5 apresenta os valores mais baixos e o complexo 6 apresenta os valores mais altos, o que

está de acordo com o aumento no raio iônico dos correspondentes metais (rEu > rGd > rTb). Já com

relação aos seus ângulos de ligação, os três complexos não apresentam diferenças significativas,

indicando que os ligantes não sofrem uma deformação importante em sua estrutura ao coordenar-se

aos íons metálicos Tb3+

, Gd3+

ou Eu3+

. 80

Por exemplo, os valores dos ângulos de ligação O(23)-Ln-O(34) e O(23)-Ln-O(24) para os

complexos de Gd3+

, Tb3+

e Eu3+

são muito próximos, somente uma pequena diferença para o

complexo de Eu3+

(vide Tabelas A1, A2 e A3). Já outros valores de ângulos de ligação, como, os

ângulos O(34)-Ln-O(24), O(42)-Ln-O(41),O(51)-Ln-O(52) e N(12)-Ln-N(2) são muito similares para os

três complexos 4-6. Tais constatações demonstram que os complexos são isoestruturais, e algumas

pequenas diferenças encontradas no complexo de Eu3+

podem evidenciar um grupo espacial distinto

dos complexos de Gd3+

e Tb3+

.

O(33)-H(33)...O(23)

d[O(33)-H(33)] d[H(33)...O(23)] d[O(33)...O(23)] <(O(33)-H(33)...O(23)

Complexo 4 0,89 1,73 2,599(3) 163

Complexo 5 0,86 1,76 2,598(3) 167

Complexo 6 0,74 1,82 2,554(2) 166

Ln(1)-N(2) Ln(1)-N(12)

Complexo 4 2,581(2) 2,552(2)

Complexo 5 2,568(2) 2,537(2)

Complexo 5 2,6013(16) 2,5892(16)

Page 54: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

39

Portanto, os complexos 4, 5 e 6 são isoestruturais, uma vez que apresentam o mesmo ambiente

de coordenação, sistema cristalino monoclínico e grupo espacial P21/c ou P21/n para os complexos

de Gd3+

(4) e Tb3+

(5), e P21/n para o complexo de Eu3+

(6).

Os poliedros de coordenação dos íons Ln3+

nos complexos 4-6 possuem geometria do tipo

anti-prisma quadrado distorcido mono-encapuzado, apresentando os átomos O(23), O(24), O(51) e

O(52) posicionados na base quadrada. Como os complexos são isoestruturais, a figura 23 abaixo

representa esses complexos analisados por DRX de monocristal, sendo LnIII codificando os íons

Gd3+

, Tb3+

e Eu3+

.

Figura 23. Estrutura do poliedro de coordenação para os complexos 4-6 com nível de probalidade de 30%.

5.1.5 Condutividade molar

Os dados de condutividade molar de compostos em solução exibem informações

importantes, pois são utilizados para estudar a estrutura conformacional desses compostos

fornecendo valores de grau de ionização (íons liberados em solução).87

Foram realizados testes de condutividade molar dos complexos 4-6 em soluções de

metanol e DMSO.

Tabela 13. Condutividades molares (ΛM) obtidas para soluções dos complexos 4-6 e KCl (1,0x10-3

mol.L-1

) em

metanol e DMSO temperatura de 25°C.

Complexos ΛM(Ω

-1.cm

2.mol

-1)

Metanol DMSO

Complexo 4 96,7 69,7

Complexo 5 93,9 68,7

Complexo 6 97,6 71,5

KCl 81,2 62,8

Page 55: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

40

As soluções dos complexos apresentaram valores de condutividade molar na faixa de 80-

115 ΛM (Ω-1

.cm2.mol

-1) em metanol e de 50-70 ΛM (Ω

-1.cm

2.mol

-1) em DMSO. Segundo Geary

88 e diante

dos dados de condutividade molar, os complexos 4-6 apresentam comportamento eletrolítico 1:1,

tanto em metanol quanto em DMSO. A partir desse resultado observou-se que os complexos 4-6,

apesar de serem neutros no estado sólido, em solução (metanol e DMSO) apresentam-se na forma

iônica 1:1.

Duas possibilidades de ionização são sugeridas: 1) a dissociação de uma molécula de

nitrato e consequentemente a formação do composto iônico [Ln(ma)(maH)bipy]+ e NO3

-, ou 2) a

dissociação do H do fenol do ligante maltol e consequentemente a formação do composto iônico

[Ln(ma)2(bipy)(NO3)2]- e H

+.

Estudos de química teórica estão sendo realizados para sugerir a espécie iônica mais

provável em soluções.

5.1.6 Modelagem Computacional dos complexos 4-6

Os estudos preliminares de modelagem computacional dos complexos 4-6 foram realizados

pela Profa. Dr

a. Juliana Angeiras Batista da Silva no Núcleo Interdisciplinar de Ciências Exatas e da

Natureza (NICEN), Centro Acadêmico do Agreste (UFRPE), cuja medologia utilizada se encontra no

anexo 9.2.

A partir dos dados obtidos experimentalmente de condutividade dos complexos 4-6 em

metanol e DMSO, os quais evidenciaram a provável espécie em solução apresentar uma proporção

1:1, estudos de modelagem computacional estão sendo realizados para elucidar qual espécie 1:1

mais estável em solução.

De posse dos dados cristalográficos dos complexos 4-6, obtidos a partir das respectivas

estruturas de raios X de monocristal resolvidas, foram testados seis métodos computacionais: DFT

B3LYP89

, PBE090

, WB97XD91

e AM1/Sparkle92

; a fim de modelar as estruturas desses complexos.

A Figura 24 apresenta as sobreposições das estruturas do complexo 6 a partir dos

métodos computacionais testados, e essas sobreposições também foram realizados com os

complexos 4 e 5.

Page 56: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

41

Figura 24. Imagem das sobreposições que minimizam as distâncias entre os átomos correspondentes para o

cálculo do RMSD entre as estruturas do complexo [Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2] cristalográfica e calculada,

respectivamente,com B3LYP, PBE1PBE, WB97XD e AM1/Sparkle. Nesta imagem, as cores das esferas são: as

esferas em vermelho representam átomos de oxigênio, em azul os átomos de nitrogênio, em branco os átomos

de európio e em azul claro os átomos de carbono.

A obtenção da estrutura para o complexo com Eu3+

foi realizada utilizando diferentes

métodos (DFT e o semi-empírico AM1/Sparkle). Os resultados dos desvios médios quadráticos (root

mean square deviation – RMSD) estão mostrados na Tabela 14.

Tabela 14. Desvio médio quadrático (Å) com relação à estrutura obtida por cristalografia de raios-X do complexo

6 calculado para as estruturas obtidas com diferentes níveis de teoria.

Método/Funcional RSMD (Å) RSMD (Å) – Poliedro de coordenação

B3LYP 1,131 0,303

PBE1PBE 1,180 0,326

WB97XD 0,844 0,319

AM1/Sparkle 1,368 0,574

Os valores obtidos de RMSD evidenciam que todos os níveis de cálculo foram adequados

para a obtenção das propriedades estruturais. Em particular, para a descrição do poliedro de

coordenação, o funcional DFT B3LYP apresentou o menor RMSD. Os resultados de RMSD

apresentaram ótima concordância com as estruturas obtidas por cristalografia de raios X.

De posse dessa otimização estrutural dos complexos modelados, foram realizados

estudos de investigação das possíveis causas da formação de espécie 1:1 (observada

experimentalmente em solução). A primeira possibilidade investigada, foi a de um dos ligantes

nitratos se descoordenar do íon metálico no complexo [Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]. Assim, um cálculo

Page 57: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

42

de varredura estrutural foi realizado, no qual a distância de um dos ligantes nitratos foi sendo

continuamente variada, na tentativa de obtenção da barreira para a dissociação desse nitrato.

A Figura 25 apresenta os gráficos com as coordenadas de variação de comprimento de

ligação entre o íon Eu3+

e o oxigênio do ligante nitrato com perfil de energia relativa e com energia

livre de Gibbs, respectivamente.

Figura 25. Gráfico da energia relativa (kJ.mol-1

) (a) e da energia de Gibbs relativa (b) ao longo da coordenada de

reação que leva à dissociação do ligante NO3- no complexo [Eu(maH)(ma)(bipy)(NO3)2]. Passo: 0,5 Å.

Diante desse estudo, foi possível obter a barreira de ativação de 86 kJ.mol-1

para a

descoordenação do ligante nitrato. A partir desse valor, pode-se inferir que o nitrato, a temperatura

ambiente, não deve ser lábil. Entretanto, tal resultado foi obtido para os estudos teóricos da espécie

isolada no vácuo e, portanto, as espécies carregadas resultantes do processo de dissociação devem

estar mais instáveis do que em solução, como poderia ser no caso de um solvente polar.

Tais barreiras de ativação podem ser influenciadas pelo íon lantanídeo, efeito que será

avaliado para os outros dois complexos (com Ln = Tb3+

e Gd3+

). Ainda será analisado o efeito do

solvente, uma vez que ele pode ser importante para estabilização de espécies carregadas que

possam dissociar (NO3- e ma), o que pode baixar as barreiras de ativação. Outra possibilidade de

espécie 1:1 a ser investigada é o ligante maltol que está monocoordenado e protonado (fenol), o seu

hidrogênio ácido descoordenaria e o ligante ficaria na forma fenolato (e talvez se coordenando de

forma bidentada ao metal agora). Todas essas possibilidades serão simuladas e estudadas via

modelagem computacional.

Page 58: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

43

5.2 APLICAÇÃO DOS COMPLEXOS

5.2.1 Estudos de catálise

Os novos complexos de Gd3+

sintetizados 1, 2 e 3, como também o novo complexo de Eu

(6), foram testados como potencias catalisadores em reações de esterificação, tais estudos foram

realizados em colaboração com o Prof. Dr. Júlio Lemos de Macedo no laboratório (LASIB-IQ).

A atividade catalítica dos compostos testados foi medida a partir das análises de RMN de

1H em clorofórmio deuterado, onde foram observados sinais alargados para os prótons estudados

cuja largura dos sinais de RMN de 1H advém do paramagnetismo dos íons metálicos dos compostos.

Segundo Steudel e colaboradores 93

o paramagnetismo intrínseco do íon lantanídeo central pode

causar o alargamento dos sinais de RMN de 1H.

5.2.1.1 Estudos de catálise dos complexos 1, 2 e 3 na esterificação

Os três complexos de Gd3+

sintetizados (1, 2 e 3) apresentaram baixa solubilidade em

diferentes solventes, tais como etanol, metanol, clorofórmio, acetona, acetroniltrila e acetato de etila.

Dessa maneira, tais complexos foram testados como catalisadores heterogêneos em uma reação de

esterificação apresentada na Figura 26.

O

OHOH O

O

OH2+ +

Figura 26. Equação química de esterificação a partir do ácido acético e do álcool benzílico.

Como a reação de esterificação é uma reação reversível45

, a taxa de conversão dos

reagentes em produtos foi medida a partir de análises de RMN de 1H em solução de clorofórmio

deuterado do respectivo produto das reações.

Os complexos 1, 2 e 3 apresentaram valores de taxa de conversão catalítica de 6,4; 3,7 e

2,6%, respectivamente, sob agitação após 1 h de reação. Mattos e colaboradores 47

realiazaram

testes catalíticos em esterificação usando complexos de lantanídeos como catalisadores em sistema

homogêneo, obtendo valores de taxa de conversão em um intervalo de 79,6 a 85,1% após 1h de

reação. Diante disso, é possível constatar uma atividade catalítica relativamente baixa dos complexos

1, 2 e 3, para esse tipo de reação nas condições usadas.

Page 59: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

44

5.2.1.2 Estudos de catálise dos complexos 6 na esterificação

O complexo 6 sintetizado apresentou solubilidade em diferentes solventes, tais como

etanol, metanol e água. Dessa maneira, esse complexo de Eu3+

foi testado como catalisador

homogêneo na reação de esterificação apresentada na Figura 27. Para esse tipo de reação, foram

utilizados como reagentes o ácido oleico (AO) e metanol (1:9), utilizando 5% do catalisador,

submetidos à agitação por 6h.

Figura 27. Equação química de esterificação a partir do ácido oleico (R1=C17H33) e do metanol.

.

A taxa de conversão dos reagentes em produtos também foi medida por parâmetros das

integrais dos sinais de espectros de RMN de 1H obtidos na análise da reação em solução de

clorofórmio deuterado.

A tabela 15 contém a numeração dos átomos de carbono para o reagente ácido oleico e

para o produto desejado, metil oleato (éster), com o objetivo de auxilar na análisedos resultados

obtidos por espectroscopia de RMN 1H.

Diante de todos os sinais de H observados no espectro de RMN de 1H do teste catalítico,

três sinais foram monitorados, um sinal referente aos hidrogênios dos metilenos (2 e 2a) do ácido

oleico e metil oleato, respectivamente, que apresentam deslocamentos químicos em 2,33 e 2,28 ppm.

Outro sinal monitorado foi o característico do produto éster, que é o sinal dos hidrogênios referentes à

metila do carbono 19a que apresenta deslocamento químico em 3,66 ppm.77

Na figura 31 encontra-

se o espectro de RMN 1H do teste de catálise realizado.

Page 60: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

45

Tabela 15. Estruturas enumeradas: álcool benzílico (BzOH) e acetato de benzila (éster).

Estruturas enumeradas

Ácido oleico - reagente

Metil oleato - produto

3,70 3,65 3,60 2,35 2,30 2,25

8 7 6 5 4 3 2 1 0

2,304

3,667 2,304

3,667

ppm ppm

ppm

Figura 28. Espectros de RMN de 1H (600 MHz, CDCl3) dos produtos da esterificação do teste realizado com o

complexo 6 contendo a amplicação dos sinais em 3,66 e 2,30 pm.

Na Figura 28, o espectro de RMN de 1H obtido para o produto do teste de esterificação

catalisado pelo complexo 6 apresenta vários sinais, dentre eles se destacando dois sinais: o sinal

tripleto em 2,30 ppm referente aos hidrogênios do carbono 2 do ácido oleico e o sinal simpleto em

3,66 ppm correspondendo ao produto éster referindo-se aos hidrogênios do carbono 19a.

Page 61: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

46

Dessa maneira, no teste de catálise com o composto 6, foi possível observar a formação do

produto desejado (metil oleato) com taxa de conversão catalítica de 75% após 6h de reação.

Resultado este satisfatório quando comparado ao trabalho de Mattos e colaboradores 47

, os quais

obteram valores de taxa de conversão em um intervalo de 79,6 a 85,1% após 1h de reação. Com

isso, nota-se o relativo boa atividade catalítica do complexo 6 para esse tipo de reação nas condições

usadas.

5.2.1 ESTUDOS PRELIMINARES DE LUMINESCÊNCIA

Íons Ln3+

quando coordenados a agentes complexantes cromóforos, que são capazes de

absorver a radiação UV, podem apresentar propriedades luminescentes importantes.48

Portanto,

estudos luminescentes preliminares dos complexos isoestruturais (complexos 5 e 6) foram realizados

para investigar a capacidade antena dos ligantes e, consequentemente, o potencial luminescente dos

complexos 5 e 6 sintetizados.

5.2.2.1 Estudos de Luminescência do complexo de íon Tb3+ (complexo 5)

Os estudos preliminares de luminescência do complexo 5 foram realizados em solução

metanólica. Os espectros de excitação e emissão deste complexo foram realizados à temperatura

ambiente. O espectro de excitação do complexo 5 encontra-se na Figura 29, onde o máximo é

observado em 314nm.

Figura 29. Espectro de excitação do complexo de Tb (5) à temperatura ambiente, monitorado com λem=544 nm.

O espectro de emissão do complexo 5 foi obtido na região de 450 - 700 nm, com excitação

fixa em 314 nm (máximo de excitação).

250 300 350 400 450 500

-2.0x105

0.0

2.0x105

4.0x105

6.0x105

8.0x105

1.0x106

1.2x106

1.4x106

Inte

nsid

ade (

u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

Page 62: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

47

A Figura 30 exibe o espectro de emissão do complexo 5, com máximo de emissão em

544 nm.

Figura 30. Espectro de emissão do complexo de Tb (5) à temperatura ambiente, monitorado com λex=314 nm.

Tal espectro exibe as bandas finas características do íon Tb3+

(referentes às transições 4f-

4f), sendo elas: 5D4 →

7FJ (J=0-6), localizadas entre 480 e 640 nm, com a mais intensa em 544nm

referentes a 5D4 →

7F5. As emissões menos intensas são

5D4 →

7F0 e

5D4 →

7F1, e as intensidades

relativas das demais transições seguem a ordem 5D4 →

7F6>

7F4>

7F3>

7F2.

1

A Tabela 16 apresenta as posições dos máximos observados nesses espectros.

Tabela 16. Posicionamento dos máximos (nm) observados no espectro de emissão do complexo de Tb3+

à

temperatura ambiente.

Transições λmax de emissão (nm)

5D4 →

7F6 489

5D4 →

7F5 544

5D4 →

7F4 584

5D4 →

7F3 620

As intensidades relativas das emissões 5D4 →

7FJ apresentam alta sensibilidade, porém, não

tão hipersensitivas ao detalhamento da natureza do ambiente ligante. As transições 5D4 →

7F5 e

7F3

apresentam forte natureza de dipolo magnético.5

O espectro de emissão do complexo 5 (Figura 30), foi obtido em λexc= 314nm, o qual

corresponde ao máximo de excitação dos ligantes, exibindo bandas característica do íon térbio.

Assim, é possível observar à transferência de energia do ligante para o centro metálico, evidenciando

o efeito antena.

450 500 550 600 650 700

0.0

2.0x105

4.0x105

6.0x105

8.0x105

1.0x106

1.2x106

1.4x106

Inte

nsid

ade (

u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

Page 63: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

48

5.2.2.2 Estudos de Luminescência do complexo de íon Eu3+ (complexo 6)

A medida de excitação para o complexo do íon Eu3+

(6) foi realizada na região entre 200 -

500 nm, com o monitoramento em 617 nm (5D0 →

7F2) (máximo de emissão). O espectro de excitação

do complexo 6, é apresentado abaixo na Figura 31.

.

Figura 31. Espectro de excitação do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com λem =617 nm.

É possível observar três máximos de excitação, com o de maior intensidade em 310 nm,

seguido de um pico em 346 nm e 396 nm.

Os espectros de emissão do complexo de Eu3+

(3) foram realizados na região de 450 – 700

nm. As Figuras 32, 33 e 34 apresentam os espectros de emissão do complexo 6, monitorados em

310 nm, 344 nm e 396 nm, respectivamente. Todos os espectros foram monitorados com o máximo

de emissão em 617 nm.

200 250 300 350 400 450 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

Inte

nsid

ade (

u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

Page 64: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

49

Figura 32. Espectro de emissão do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com λex=310 nm.

Figura 33. Espectro de emissão do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com λex=344 nm.

500 550 600 650 700

0.0

5.0x104

1.0x105

1.5x105

2.0x105

2.5x105

Inte

nsid

ade (

u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

500 550 600 650 700

2.0x104

4.0x104

6.0x104

8.0x104

1.0x105

1.2x105

1.4x105

Inte

nsid

ade (

u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

Page 65: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

50

Figura 34. Espectro de emissão do complexo de Eu (6) à temperatura ambiente, monitorado com λex=396 nm.

Observa-se nos três espectros de emissão do complexo 6 apresentados a presença das

transições referentes ao íon Eu3+

, sugerindo a coordenação desse metal aos ligantes maltol e 2,2-

bipiridina. È possível observar ainda, que a emissão foi mais eficiente quando foi monitorada a

excitação em 310 nm (Figura 32) quando comparada aos demais espectros de emissão

apresentados nas Figuras 33 e 34.

A Tabela 17 apresenta as posições dos máximos observados nesses espectros.

Tabela 17. Posicionamento dos máximos (nm) observados nos espectros de emissão do complexo de Eu3+

(3).

Transições λmax de emissão (nm)

5D0→

7F1 590

5D0→

7F2 617

5D0→

7F3 686

5D0→

7F4 694

As intensidades relativas das emissões 5D0→

7FJ apresentam alta sensibilidade, sendo uma

delas hipersensitiva (5D0→

7F2). Essas transições dos complexos de íon Eu

3+ promovem o

detalhamento da natureza do ambiente ligante.

A comparação entre as intensidadesdas transições 5D0 →

7F1 e

5D0 →

7F2 do espectro de

emissão monitorado em λex=310 nm sugerem um ambiente de baixa simetria ao redor do íon Eu3+

.49

A presença da transição 5D0 →

7F1 indica um sítio de simetria sem centro de inversão. A emissão da

cor vermelha, característica do íon Eu3+

, advém da transição 5D0 →

7F2. Nota-se também a

predominância de um processo indireto de excitação do metal (efeito antena), transferência de

energia ligante → metal, evidenciando o efeito antena.

500 550 600 650 700

0

1x104

2x104

3x104

4x104

5x104

Inte

nsid

ade (

u.a

)

Comprimento de Onda (nm)

Page 66: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

51

5.2.3 ENSAIO DE VIABILIDADE CELULAR DOS COMPLEXOS 4-6

O objetivo dos ensaios de viabilidade celular é avaliar a atividade citotóxica de diferentes

compostos, soluções e materiais quando aplicados em diferentes tipos de linhagens celulares. Um

dos ensaios colorimétrico mais aplicado é o que utiliza o sal de tetrazólio (MTT).94

O mecanismo do ensaio do MTT ocorre a partir das enzimas mitocondriais que clivam o

anel de tetrazólio, composto de coloração amarela, transformando-o em um composto de coloração

azul escuro, chamado de formazan (3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-brometo de difenilformazan). O

formazan é um cristal insolúvel em soluções aquosas (Figura 35), e desse modo, a produção desse

composto reflete o estado funcional da cadeia respiratória, ou seja, permite quantificar a porcentagem

de células viáveis.94

Figura 35. Esquema representacional da redutase mitocondrial que envolve as espécies MTT e formazan.94

Os complexos 4-6 foram submetidos a avalição de citotoxicidade, sendo o complexo 3 o

mais estudado até o momento.Esses estudos foram realizados pela Dra. Jaqueline Rodrigues da

Silva no laboratório de nanobiotecnologia (IB – UnB) cuja metodologia utilizada nesse estudo se

encontra em anexo 9.3.

Neste trabalho, foram utilizadas quatro linhagens de células apresentadas na Tabela 18.

Tabela 18. Linhagem celulares usadas nos testes de viabilidade celular (MTT) para os complexos 4- 6.

Linhagem celular Descrição

NIH-3T3 Fibroblasto murino

MCF7 Carcinoma mamário humano

MDA-MB231 Carcinoma mamário humano

FIBROH Fibroblastos humano

Page 67: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

52

Primeiramente, os complexos 4-6 foram dissolvidos em água e seguidamente diluídos em

meio de cultura suplementado, nas concentrações que variavam de 3,9 a 1000 ug/mL por 24h de

incubação em estufa de CO2 a 37 °C. O solvente (água) também foi submetido nas mesmas

proporções dos complexos 4-6 com o objetivo de ter um padrão para o solvente.As linhagens

celulares utilizadas no primeiro teste foram NIH-3T3 e MCF7 e na Figura 36 encontram-se os

resultados dos ensaios de viabilidade celular MTT para células.

Figura 36. Avaliação da citotoxicidade dos complexos 4-6 dissolvidos em água e diluídos em meio de cultura em

células NIH-3T3 e MCF7, pelo método de MTT, após 24h de exposição. Os resultados representam a média da

triplicata de cada concentração testada em dois experimentos independentes; tendo como 100% as células

expostas apenas ao meio de cultura suplementado. O solvente (água) foi avaliado nas mesmas proporções

presentes nas amostras testes de acordo com as diluições em meio de cultura.

Pela Figura 36, observa-se que os complexos 4-6 praticamente não promoveram

toxicidade nas células NIH-3T3 e MCF7, apenas o complexo 4 gerou a morte de cerca 40% das

células NIH-3T3, porém somente na maior concentraçao usada (1000 µg/mL). É possível verificar

pelos gráficos dos ensaios citotótixicos realizados que o solvente água não ocasionou alterações nas

células.

Com esse resultado, decidiu-se a realizar um novo estudo modificando o solvente para

DMSO, utilizando agora somente do complexo 6 em concentrações similares ao teste anterior, como

também o período de incubação (24h). Para esse segundo teste utilizou-se linhagens de humano:

fibroblasto FIBROH (célula não tumoral) e duas linhagens tumorais (MCF7 e MDA-MB231),que se

diferenciam por apresentarem receptor de estrógeno (MCF7), fatores de crescimento epidermal e

Page 68: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

53

transformante alfa (MDA-MB231). Na Figura 37 encontram-se os resultados de viabilidade celular

MTT para esse estudo.

Figura 37. Avaliação da citotoxicidade do complexo 6 dissolvido em DSMO e diluído em meio de cultura em

células FIBROH, MDA-MB231 e MCF7 pelo método de MTT, após 24h de exposição. Os resultados representam

a média da triplicata de cada concentração testada; tendo como 100% as células expostas apenas ao meio de

cultura suplementado. O solvente (DMSO) foi avaliado nas mesmas proporções presentes nas amostras testes

de acordo com as diluições em meio de cultura.

Pela Figura 37, observa-se que o complexo 6 praticamente não promoveu toxicidade nas

células FIBROH, MDA-MB231 e MCF7 sob as condiçoes de concentração, tempo e solvente

testados. Destaca-se que mesmo modificando o solvente e as células estudadas, o complexo 6 não

apresentou citotoxicidade consideravel no experimento.

Diante disso, um terceiro estudo foi proposto, utilizando-se metodologia semelhante a

anterior, porem com um tempo de incubacao de 72 h. A Figura 38 apresenta os resultados dos

ensaios de viabilidade MTT desse terceiro estudo.

Page 69: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

54

Figura 38. Avaliação da citotoxicidade do complexo 6 dissolvido em DSMO e diluído em meio de cultura em

células FIBROH, MDA-MB231 e MCF7 pelo método de MTT, após 72h de exposição. Comparação entre as três

linhagens celulares. Os resultados representam a média da triplicata de cada concentração testada; tendo como

100% as células expostas apenas ao meio de cultura suplementado.

Nesse ultimo estudo, com a exposição de 72h, o complexo de európio (complexo 6) se

mostrou citotóxico nas concentrações testadas. As linhagens celulares de fibroblastos e MCF7

apresentaram um perfil de respostas parecido nas concentrações usadas, mas o complexo 6 não

conseguiu causar a morte de 50% das células usadas.

Já a linhagem celular MDA-MB231 apresentou alta sensibilidade ao complexo 6, gerando

cerca de 70% de morte celular na concentração de 50µg/mL. Observa-se que apenas a menor

concentração do complexo (30µg/mL) causou baixa toxicidade (cerca de 30% de morte). Na figura 39

Page 70: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

55

é possível observar nitidamente o comportamento citotóxico maior do complexo 6 na célula MDA-

MB231 quando comparado as outras linhagens celulares testadas.

Figura 39. Comparação entre as três linhagens celulares comos resultados representando a média da triplicata

de cada concentração testada; tendo como 100% as células expostas apenas ao meio de cultura suplementado.

A partir desse estudo de citotocidade,conclui-se que o complexo 6 se demonstrou

citotóxico com especificidade à linhagem celular tumoral MDA-MB231, dissolvido em DMSO com um

período de incubação de 72h.

Page 71: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

56

6 CONCLUSÕES

As tentativas de sínteses de íon Gd3+

com os agentes complexantes 2,2-bipiridina e 1,2-

dimetil-3-hidroxi-4-piridinona, e de Gd3+

com os agentes complexantes fenantrolina e 2-

hidroxi-1,4-naftoquinona não obtiveram sucesso. Os espectros de IV do produto dessas duas

sínteses não demonstraram coordenação dos agentes complexantes aos íons Gd3+

.

A síntese de Gd3+

com os agentes complexantes naftaleno -2,3-diol e 2,2-bipiridina gerou

dois produtos denominados complexos 1 e 2. Já a síntese de Gd3+

com os agentes

complexantes tropolona e fenantrolina gerou um produto denominado complexo 3. Tais

compostos foram caracterizados por espectroscopia no IV, revelando a coordenação dos

seus respectivos ligantes ao íon gadolínio. Esses três novos complexos 1, 2 e 3 foram

testados como catalisadores numa reação de esterificação, obtendo baixa conversão dos

reagentes no produto éster desejado, demonstrando a relativa baixa atividade catalítica

desses compostos nesse tipo de reação.

Foram sintetizados três novos complexos, os quais foram caracterizados por

espectroscopia no IV e UV-vis, e suas estruturas moleculares resolvidas por DRX de

monocristal. Tais caracterizações demonstraram a formação de três complexos isoestruturais

inéditos com os íons Gd3+

(4), Tb3+

(5), Eu3+

(6), coordenados aos ligantes maltol e 2,2-

bipiridina, apresentando as fórmulas moleculares [Ln(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2].

Resultados de condutividade molar dos complexos 4-6 evidenciaram um comportamento

eletrolítico 1:1 em solução dos compostos, tanto em metanol quanto em DMSO.

Estudos preliminares de modelagem computacional isolado e no vácuo demonstraram uma

barreira de ativação de 86 kJ.mol-1

para a possibilidade de descoordenação de um ligante

nitrato no composto [Ln(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2].

Estudos preliminares de catalise do complexo 6 numa reação de esterificação, demonstraram

resultado promissor, gerando uma relativa alta atividade catalítica desse complexo nesse

tipo de reação.

Estudos preliminares de espectroscopia de luminescência dos complexos de térbio e európio

(5 e 6) indicaram o efeito antena dos ligantes, promovendo a luminescência desses

complexos, revelando seus potenciais usos como sondas luminescentes;

Os testes biológicos in vitro demonstraram que o complexo 6 dissolvido em água ou DMSO

praticamente não apresentou citotoxidade nas linhagens celulares tumorais e sadias testadas

no período de incubação de 24 h. Porém o complexo 6 se demonstrou citotóxico com

especificidade à linhagem celular tumoral MDA-MB231, quando dissolvido em DMSO num

período de incubação de 72h.

Page 72: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

57

7 PERSPECTIVAS

Realizar mais caracterizações dos complexos 4-6 em estado sólido (DRX de pó, análise

elementar CHN, termogravimetria) e em solução (RMN de1H);

Aprofundar os estudos de previsão da estrutura dos complexos 4-6 em solução por meio

da modelagem computacional.

Um estudo detalhado das propriedades luminescentes dos complexos 4-6 no estado

solido e em solução por meio da espectroflourimetria (medidas de tempo de vida do

estado excitado, eficiência quântica, determinação do estado tripleto dos ligantes etc),

explorando o potencial uso dos complexos 5 e 6 como sondas luminescentes.

Explorar a potencial ação biológica dos complexos 4 e 5, como agentes antitumorais,

seguindo o mesmo ensaio biológico otimizado para o complexo 6.

Um estudo detalhado da ação catalítica do complexo 6 na esterificação do ácido oléico,

buscando a otimização nos parâmetros (quantidade dos reagentes e catalisador, tempo

de reação, temperatura etc). Após isso, realizar o mesmo método catalítico otimizado

para os complexos 4 e 5, afim de avaliar a ação catalítica dos complexos entre si, ou seja

a ação do íon metálico (Tb3+

, Gd3+

e Eu3+

) na catalise.

Page 73: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

58

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9 ANEXOS

9.1 Dados de espectroscopia no IV e difração de raios-X

Figura A1. Espectros de IV dos agentes complexantes (HNQ e Phen) e do produtoda reação da seção 4.3.1.

Figura A2. Espectros de IV dos agentes complexantes (HPD e Phen) e do produto da reação da seção 4.3.2

Page 79: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

64

Figura A3. Espectros de IV dos agentes complexantes (NFD e Bipy) e dos produtos (complexos 1 e 2) da reação

da seção 4.3.3

Figura A4. Espectros de IV dos agentes complexantes (Trop e Phen) e do complexo 3 da reação da

seção 4.3.4

Page 80: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

65

Tabela A1. Ângulos de ligação (º) selecionados para o complexo [Gd(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (4)

O(23)-Gd(1)-O(34) 78,26(6)

O(23)-Gd(1)-O(24) 68,63(6)

O(34)-Gd(1)-O(24) 139,08(7)

O(23)-Gd(1)-O(51) 80,89(7)

O(34)-Gd(1)-O(51) 124,07(7)

O(24)-Gd(1)-O(51) 74,38(7)

O(23)-Gd(1)-O(42) 130,52(7)

O(34)-Gd(1)-O(42) 79,00(7)

O(24)-Gd(1)-O(42) 104,58(8)

O(51)-Gd(1)-O(42) 146,82(7)

O(23)-Gd(1)-O(41) 82,05(8)

O(34)-Gd(1)-O(41) 78,24(8)

O(24)-Gd(1)-O(41) 74,07(8)

O(51)-Gd(1)-O(41) 147,85(7)

O(42)-Gd(1)-O(41) 50,47(7)

O(23)-Gd(1)-O(52) 73,38(7)

O(34)-Gd(1)-O(52) 73,18(6)

O(24)-Gd(1)-O(52) 117,03(7)

O(51)-Gd(1)-O(52) 51,17(6)

O(42)-Gd(1)-O(52) 138,07(7)

O(41)-Gd(1)-O(52) 145,35(8)

O(23)-Gd(1)-N(12) 143,54(7)

O(34)-Gd(1)-N(12) 84,57(7)

O(24)-Gd(1)-N(12) 136,23(7)

O(51)-Gd(1)-N(12) 82,61(7)

O(42)-Gd(1)-N(12) 75,83(7)

O(41)-Gd(1)-N(12) 125,63(7)

O(52)-Gd(1)-N(12) 70,92(6)

O(23)-Gd(1)-N(2) 141,82(7)

O(34)-Gd(1)-N(2) 139,77(7)

O(24)-Gd(1)-N(2) 75,31(7)

O(51)-Gd(1)-N(2) 77,71(7)

O(42)-Gd(1)-N(2) 70,21(7)

O(41)-Gd(1)-N(2) 100,07(9)

O(52)-Gd(1)-N(2) 114,38(7)

N(12)-Gd(1)-N(2) 63,56(7)

Page 81: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

66

Tabela A2. Ângulos de ligação (º) selecionados para o complexo [Tb(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (5)

O(23)-Tb(1)-O(34) 78,08(6)

O(23)-Tb(1)-O(24) 68,86(7)

O(34)-Tb(1)-O(24) 139,09(7)

O(23)-Tb(1)-O(52) 81,38(8)

O(34)-Tb(1)-O(52) 124,45(7)

O(24)-Tb(1)-O(52) 74,32(8)

O(23)-Tb(1)-O(42) 130,65(7)

O(34)-Tb(1)-O(42) 77,86(8)

O(24)-Tb(1)-O(42) 105,90(8)

O(52)-Tb(1)-O(42) 146,66(7)

O(23)-Tb(1)-O(41) 82,76(8)

O(34)-Tb(1)-O(41) 78,89(9)

O(24)-Tb(1)-O(41) 73,78(8)

O(52)-Tb(1)-O(41) 147,73(8)

O(42)-Tb(1)-O(41) 50,62(8)

O(23)-Tb(1)-O(51) 73,37(7)

O(34)-Tb(1)-O(51) 73,48(7)

O(24)-Tb(1)-O(51) 116,88(7)

O(52)-Tb(1)-O(51) 51,22(7)

O(42)-Tb(1)-O(51) 136,90(7)

O(41)-Tb(1)-O(51) 146,48(9)

O(23)-Tb(1)-N(12) 143,34(7)

O(34)-Tb(1)-N(12) 84,44(7)

O(24)-Tb(1)-N(12) 136,34(7)

O(52)-Tb(1)-N(12) 82,46(8)

O(42)-Tb(1)-N(12) 74,99(7)

O(41)-Tb(1)-N(12) 125,21(8)

O(51)-Tb(1)-N(12) 70,84(7)

O(23)-Tb(1)-N(2) 142,19(7)

O(34)-Tb(1)-N(2) 139,52(7)

O(24)-Tb(1)-N(2) 75,27(7)

O(52)-Tb(1)-N(2) 77,79(7)

O(42)-Tb(1)-N(2) 70,36(7)

O(41)-Tb(1)-N(2) 98,65(9)

O(51)-Tb(1)-N(2) 114,66(7)

N(12)-Tb(1)-N(2) 63,84(7)

Page 82: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NOVOS COMPOSTOS DE …

67

Tabela A3. Ângulos de ligação (º) selecionados para o complexo [Eu(maH)(ma)(Bipy)(NO3)2] (6)

O(23)-Eu(1)-O(34) 74,68(5)

O(23)-Eu(1)-O(24) 67,77(5)

O(34)-Eu(1)-O(24) 142,43(5)

O(23)-Eu(1)-O(52) 80,95(5)

O(34)-Eu(1)-O(52) 69,55(5)

O(24)-Eu(1)-O(52) 102,44(5)

O(23)-Eu(1)-O(41) 74,36(5)

O(34)-Eu(1)-O(41) 96,72(6)

O(24)-Eu(1)-O(41) 74,83(5)

O(52)-Eu(1)-O(41) 154,31(6)

O(23)-Eu(1)-O(51) 106,57(6)

O(34)-Eu(1)-O(51) 117,73(5)

O(24)-Eu(1)-O(51) 73,41(6)

O(52)-Eu(1)-O(51) 50,34(5)

O(41)-Eu(1)-O(51) 144,83(6)

O(23)-Eu(1)-O(42) 110,53(5)

O(34)-Eu(1)-O(42) 74,26(5)

O(24)-Eu(1)-O(42) 120,04(5)

O(52)-Eu(1)-O(42) 137,37(5)

O(41)-Eu(1)-O(42) 50,20(5)

O(51)-Eu(1)-O(42) 142,89(6)

O(23)-Eu(1)-N(12) 157,43(5)

O(34)-Eu(1)-N(12) 84,26(5)

O(24)-Eu(1)-N(12) 132,55(5)

O(52)-Eu(1)-N(12) 84,19(5)

O(41)-Eu(1)-N(12) 116,89(5)

O(51)-Eu(1)-N(12) 75,97(6)

O(42)-Eu(1)-N(12) 70,32(5)

O(23)-Eu(1)-N(2) 139,03(5)

O(34)-Eu(1)-N(2) 141,21(5)

O(24)-Eu(1)-N(2) 74,63(5)

O(52)-Eu(1)-N(2) 123,71(5)

O(41)-Eu(1)-N(2) 80,77(6)

O(51)-Eu(1)-N(2) 76,63(5)

O(42)-Eu(1)-N(2) 74,81(5)

N(12)-Eu(1)-N(2) 63,54(5)