síndromes geriátricas i incapacidade cognitiva e iatrogenia sumário · 2019. 2. 21. ·...

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1 Síndromes geriátricas I Incapacidade cognitiva e iatrogenia Sumário Incapacidade cognitiva no idoso ........................................................................ 2 Abordagem do idoso com incapacidade cognitiva ............................................. 6 Conceitos fundamentais sobre iatrogenia no idoso .......................................... 14 Problemas relacionados a medicamentos ........................................................ 14 Incapacidade cognitiva por medicamentos....................................................... 17 Prevenção da farmacoiatrogenia no idoso ....................................................... 18 Referências ...................................................................................................... 20 Estima-se que o Brasil seja, em breve, o quinto país do mundo com maior número de idosos. 1 A proporção de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos deve aumentar de 8,1% em 2000 para 22,7% em 2050. 2 Essa situação trará enorme impacto econômico e social para o país, sobretudo para os sistemas de atenção à saúde. Discutir as situações de saúde que ocorrem mais frequentemente na população idosa e as maneiras mais apropriadas de conduzi-las é primordial e urgente. O termo “síndrome geriátrica” é utilizado para identificar condições clínicas nos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, condições essas que não se encaixam facilmente em categorias da Classificação Internacional de Doenças (CID). Ainda que heterogêneas, apresentam características comuns: 3,4 são altamente prevalentes na população idosa; em geral, têm causas múltiplas; têm curso crônico e afetam sobremaneira a qualidade de vida dos indivíduos e de suas famílias. Muitas vezes, são erroneamente atribuídas ao processo do envelhecimento em si e, por isso, deixam de receber tratamento adequado. Identificar corretamente a presença de uma síndrome geriátrica permite uniformizar a comunicação, fazer comparações em pesquisas científicas,

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  • 1

    Síndromes geriátricas I – Incapacidade cognitiva e iatrogenia

    Sumário

    Incapacidade cognitiva no idoso ........................................................................ 2

    Abordagem do idoso com incapacidade cognitiva ............................................. 6

    Conceitos fundamentais sobre iatrogenia no idoso .......................................... 14

    Problemas relacionados a medicamentos ........................................................ 14

    Incapacidade cognitiva por medicamentos....................................................... 17

    Prevenção da farmacoiatrogenia no idoso ....................................................... 18

    Referências ...................................................................................................... 20

    Estima-se que o Brasil seja, em breve, o quinto país do mundo com

    maior número de idosos.1 A proporção de indivíduos com idade igual ou

    superior a 60 anos deve aumentar de 8,1% em 2000 para 22,7% em 2050.2

    Essa situação trará enorme impacto econômico e social para o país, sobretudo

    para os sistemas de atenção à saúde. Discutir as situações de saúde que

    ocorrem mais frequentemente na população idosa e as maneiras mais

    apropriadas de conduzi-las é primordial e urgente.

    O termo “síndrome geriátrica” é utilizado para identificar condições

    clínicas nos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, condições essas

    que não se encaixam facilmente em categorias da Classificação Internacional

    de Doenças (CID). Ainda que heterogêneas, apresentam características

    comuns:3,4 são altamente prevalentes na população idosa; em geral, têm

    causas múltiplas; têm curso crônico e afetam sobremaneira a qualidade de vida

    dos indivíduos e de suas famílias. Muitas vezes, são erroneamente atribuídas

    ao processo do envelhecimento em si e, por isso, deixam de receber

    tratamento adequado.

    Identificar corretamente a presença de uma síndrome geriátrica permite

    uniformizar a comunicação, fazer comparações em pesquisas científicas,

  • 2

    orientar políticas públicas e privadas de saúde, inclusive a alocação de

    recursos, além de ser fundamental na orientação terapêutica desses

    pacientes.5

    O objetivo desta sessão é apresentar duas das principais síndromes

    geriátricas, a incapacidade cognitiva e a iatrogenia.

    Incapacidade cognitiva no idoso

    O termo cognição refere-se ao conjunto das capacidades mentais

    superiores e seus principais domínios e estão detalhados na tabela 1. Todas as

    vezes em que há um comprometimento dessas funções, capaz de prejudicar

    ou, mesmo, impedir a pessoa de gerir a própria vida ou cuidar de si mesma, há

    incapacidade cognitiva.6 Termos como “confusão” e “lucidez” são muito

    amplos e imprecisos e têm pouca utilidade clínica.

    TABELA 1. Conceitos dos principais domínios cognitivos

    Domínio cognitivo Conceito

    Memória Aquisição, formação, conservação e evocação de

    informações

    Linguagem Capacidade de adquirir e utilizar sistemas complexos de

    comunicação

    Funções executivas Planejamento, formulação de estratégias para se alcançar

    determinado objetivo, iniciação de atividades,

    automonitoramento e flexibilidade para modificar o que foi

    previamente planejado

    Atenção Focalização da atividade mental sobre determinado objeto

    Praxias Programação voluntária de movimentos

    Habilidades

    visuoespaciais

    Percepção visuoespacial, associada à capacidade de

    orientação e realização de atividades em um determinado

    espaço

    As principais causas da incapacidade cognitiva são demência,

    depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia, oligofrenia e

    parafrenia.

  • 3

    A demência é uma síndrome que cursa com prejuízo de múltiplos

    domínios cognitivos, em geral, com preservação da consciência. O critério mais

    utilizado para o diagnóstico de demência encontra-se no Manual Estatístico e

    Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM-IV)7, definido pela Associação

    Americana de Psiquiatria, e pode ser visto na tabela 2.

    TABELA 2 – Critérios diagnósticos de demência, segundo o DSM IV7

    A. Desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos manifestados tanto por

    (1) quanto por (2):

    (1) comprometimento da memória (capacidade prejudicada de aprender

    novas informações ou recordar informações anteriormente aprendidas)

    (2) uma (ou mais) das seguintes perturbações cognitivas:

    (a) afasia (perturbação da linguagem);

    (b) apraxia (capacidade prejudicada de executar atividades motoras, apesar

    de um funcionamento motor intacto);

    (c) agnosia (incapacidade de reconhecer ou identificar objetos, apesar de

    um funcionamento sensorial intacto); e (d) perturbação do funcionamento

    executivo (isto é, planejamento, organização, sequenciamento, abstração).

    B. Os déficits cognitivos nos critérios A.1 e A.2 causam, cada qual, prejuízo

    significativo no funcionamento social ou ocupacional e representam um

    declínio significativo em relação a um nível anteriormente superior de

    funcionamento.

    C. Os déficits não ocorrem exclusivamente durante o curso de um delirium.

    D. Um ou vários fatores orgânicos julgados etiologicamente responsáveis

    pelos transtornos são evidenciados pela anamnese, exame psíquico ou

    exames complementares. Na ausência dessas evidências, pode-se presumir

    que um fator orgânico originou a síndrome se nenhum transtorno mental não

    orgânico explicar os sintomas, como, por exemplo, uma depressão maior.

    Demências têm, na maior parte das vezes, curso lentamente progressivo

    (de meses a anos), comprometimento da memória como principal

    manifestação, atenção preservada e perda gradual da linguagem.8 Também

  • 4

    são frequentes as alterações do ciclo sono-vigília e do comportamento. As

    causas mais frequentes de demência estão relacionadas na tabela 3.

    TABELA 3. Etiologias mais comuns de demência6

    Etiologia Prevalência

    Doença de Alzheimer 60 – 80%

    Demência

    frontotemporal

    12-25%

    Demência vascular 10-20%

    Etiologias mistas 10-30%

    Doença de corpos de

    Lewy

    5 -10%

    O delirium é uma síndrome caracterizada pelo comprometimento global

    da atividade cerebral, sempre secundário a uma causa orgânica9. Ao contrário

    das demências, tem início súbito e envolve a consciência e a atenção, com

    prejuízos variáveis em outros domínios cognitivos. Frequentemente, os

    sintomas flutuam ao longo do dia. Pode se manifestar com hiperatividade

    psicomotora (agitação, agressividade, atividades motoras aberrantes) ou

    hipoatividade psicomotora (prostração, sonolência, lentidão). A hipoatividade é

    mais frequente na população idosa e tem pior prognóstico.10 As causas mais

    frequentes de hipoatividade são infecções, distúrbios hidroeletrolíticos ou

    acidobásicos, insuficiências orgânicas (respiratória, hepática, renal e cardíaca),

    uso de medicamentos, dor e hospitalização prolongada. Os critérios para

    delirium, segundo o DSM IV7, estão descritos na tabela 4.

    TABELA 4 - Critérios DSM IV para diagnóstico de delirium7

    A. Perturbação da consciência, com redução da capacidade de focalizar,

    manter ou direcionar a atenção.

    B. Alteração na cognição ou desenvolvimento de perturbação da percepção,

    não é explicada por demência preexistente, estabelecida ou em evolução.

    C. Perturbação desenvolvida em curto período de tempo (geralmente em

    horas ou dias), com tendência a flutuações no decorrer do dia.

  • 5

    D. Evidências, a partir da história clínica, do exame físico ou de achados

    laboratoriais, de que a perturbação seja decorrente de condição médica

    geral.

    A depressão é um transtorno mental muito comum na população

    geriátrica.11 Seu diagnóstico se baseia em critérios do DSM IV e leva em conta

    a seguinte sintomatologia: humor deprimido; diminuição do interesse e do

    prazer na maioria das atividades (anedonia); insônia ou hipersonia; ganho ou

    perda de peso acima de 5%; redução da capacidade de concentração; agitação

    ou lentificação psicomotora; fadiga; ideia inapropriada de menos valia ou de

    culpa; pensamento recorrente de morte ou de ideação suicida. A sintomatologia

    deve persistir por mais de duas semanas, com perturbação ou alteração da

    capacidade funcional e não estar relacionada ao uso de medicamentos ou

    drogas, agravamento de condição médica ou luto.7

    O diagnóstico de depressão maior requer a presença de cinco desses

    sintomas, incluindo, obrigatoriamente, humor deprimido ou anedonia.

    Nos idosos, a depressão é uma doença com apresentação clínica atípica

    e inespecífica. As principais diferenças nas manisfestações da depressão na

    população idosa, em comparação com a população mais jovem, podem ser

    vistas na tabela 5.12

    TABELA 5 – Algumas características na apresentação da depressão na

    população idosa, menos frequentes do que na população mais jovem12

    1- Em geral, sintomas somáticos predominam, em relação aos sintomas

    psicológicos.

    2- Os pacientes em geral negam que têm humor disfórico.

    3- Apatia e retraimento social são comuns.

    4- Os sentimentos de culpa são menos comuns.

    5- A perda da autoestima é marcante.

    6- É comum haver incapacidade de concentração, ocasionando queixas

    de baixa de memória e de outras funções cognitivas.

  • 6

    Em muitos casos, a depressão pode se manifestar com sintomas físicos,

    como fadiga, fraqueza, dor, esquecimento ou estar associada a doenças

    endócrinas, cerebrovasculares, musculoesqueléticas e neurológicas. Além

    disso, as medidas terapêuticas para o tratamento de doenças coexistentes

    podem ocasionar o surgimento de sintomas de depressão.13

    As repercussões cognitivas da depressão são bem descritas, assim

    como a reversão de parte desses déficits com o tratamento adequado. As

    relações entre depressão e demência ainda não são bem compreendidas, com

    trabalhos apontando que a primeira possa ser fator de risco , pródromo ou

    agravamento da segunda.14

    O aumento de sobrevida da população com doenças psiquiátricas

    crônicas traz novos desafios terapêuticos. A incapacidade cognitiva, causada

    tanto por essas doenças quanto por seus tratamentos, é relevante nessa

    população específica. Pacientes com esquizofrenia e idosos têm menos

    sintomas positivos, mas sofrem com sintomas negativos, déficits cognitivos,

    depressão, efeitos colaterais dos antipsicóticos e comorbidades clínicas.15 Ao

    longo da vida, apresentam grave privação social e isolamento com

    comprometimento da qualidade de vida. A revisão dos medicamentos, bem

    como o reforço do suporte psicossocial, pode resultar em impactos positivos na

    melhoria da capacidade cognitiva.

    Abordagem do idoso com incapacidade cognitiva

    Os principais passos para a abordagem do indivíduo idoso com

    incapacidade cognitiva estão resumidos na tabela 6 e serão detalhados a

    seguir.

    Pacientes com suspeita de incapacidade cognitiva devem ser avaliados

    globalmente, uma vez que comorbidades frequentemente são causa ou fator

    de piora da cognição. A anamnese e o exame físico devem, portanto, ser

    abrangentes. O histórico de medicamentos, o uso de drogas lícitas ou ilícitas,

    trauma crânio-encefálico e doenças psiquiátricas devem ser investigados,

    assim como internações hospitalares e outras intervenções terapêuticas.

  • 7

    TABELA 6. Principais passos para a abordagem do idoso com incapacidade

    cognitiva

    1. A avaliação clínica deve ser abrangente, uma vez que doenças

    sistêmicas podem interferir na capacidade cognitiva.

    2. Avaliar o impacto da incapacidade cognitiva na vida diária do

    indivíduo.

    3. Investigar a presença de depressão.

    4. Avaliar objetivamente a capacidade cognitiva, através de testes

    apropriados.

    5. Realizar exames complementares adequados para afastar causas

    reversíveis de incapacidade.

    1. Como avaliar o impacto da incapacidade cognitiva na vida diária do

    indivíduo?

    A história deve incluir perguntas sobre arranjos da vida diária, rotinas,

    atividades que o indivíduo consegue realizar com independência,

    comportamentos estranhos ou ameaçadores, além de atividades avançadas,

    como o trabalho ou a habilidade para dirigir.

    Alguns instrumentos são úteis para tornar mais objetivo o diagnóstico da

    funcionalidade e estão relacionados nas tabelas 7 e 8.16,17

    TABELA 7. Índice de Katz de independência nas atividades básicas da vida

    diária.16

    ATIVIDADES

    INDEPENDÊNCIA

    (1 ponto)

    SEM supervisão, orientação ou

    assistência pessoal

    DEPENDÊNCIA

    (0 pontos)

    COM supervisão, orientação ou

    assistência pessoal ou

    cuidado integral

    Banhar-se

    Pontos: ____

    (1 ponto) Banha-se completamente ou

    necessita de auxílio somente para

    Necessita de ajuda para banhar-se em

    mais de uma parte do corpo, entrar e

  • 8

    lavar uma parte do corpo como as

    costas, genitais ou uma extremidade

    incapacitada.

    sair do chuveiro ou da banheira ou

    requer assistência total no banho.

    Vestir -se

    Pontos: ____

    (1 ponto) Pega as roupas do armário e

    veste as roupas íntimas, externas e

    cintos. Pode receber ajuda para

    amarrar os sapatos.

    Necessita de ajuda para vestir-se ou

    necessita ser completamente vestido.

    Ir ao banheiro

    Pontos: ____

    (1 ponto) Dirige-se ao banheiro, entra e

    sai do mesmo, arruma suas próprias

    roupas, limpa a área genital sem ajuda.

    Necessita de ajuda para ir ao

    banheiro, limpar-se ou usar urinol ou

    comadre.

    Transferência

    Pontos: ____

    (1 ponto) Senta-se/deita-se e levanta-

    se da cama ou da cadeira sem ajuda.

    Equipamentos mecânicos de ajuda são

    aceitáveis.

    Necessita de ajuda para sentar-

    se/deitar-se e levantar-se da cama ou

    da cadeira.

    Continência

    Pontos: ____

    (1 ponto) Tem completo controle sobre

    suas eliminações

    (urinar e evacuar).

    É parcial ou totalmente incontinente

    do intestino ou da bexiga.

    Alimentação

    Pontos: ____

    (1 ponto) Leva a comida do prato à

    boca sem ajuda.

    Preparação da comida pode ser feita

    por outra pessoa.

    Necessita de ajuda parcial ou total

    com a alimentação ou requer

    alimentação parenteral.

    Total de

    Pontos =

    6 = Independente 4 = Dependência

    moderada

    2 ou menos = Muito

    dependente

    TABELA 8 – Escala de Lawton/Brody de atividades instrumentais da vida

    diária17

    Ação

    Pontuação

    (máximo 1 ponto

    por ação)

  • 9

    1- Utilização do telefone

    Utiliza o telefone por iniciativa própria.

    É capaz de ligar facilmente para alguns números

    familiares.

    É capaz de pedir para telefonar, mas não é capaz de

    ligar.

    Não é capaz de usar o telefone.

    1

    1

    1

    0

    2- Fazer compras

    Realiza todas as compras necessárias

    independentemente.

    Realiza independentemente pequenas compras.

    Necessita ser acompanhado para fazer qualquer

    compra.

    É totalmente incapaz de comprar.

    1

    0

    0

    0

    3- Preparação das refeições

    Organiza, prepara e serve as refeições sozinho e

    adequadamente.

    Prepara adequadamente as refeições se os

    alimentos são fornecidos.

    Prepara, aquece e serve as refeições, mas não

    segue uma dieta adequada.

    Necessita que lhe preparem e sirvam as refeições.

    1

    0

    0

    0

    4- Cuidados da casa

    Mantém a casa sozinho ou com ajuda ocasional

    (trabalhos pesados).

    Realiza tarefas ligeiras, como lavar pratos ou fazer a

    cama.

    Realiza tarefas ligeiras, mas não pode manter um

    nível adequado de limpeza. Necessita de ajuda em

    todas as tarefas.

    Não participa em nenhuma tarefa doméstica.

    1

    1

    1

    0

    0

  • 10

    5- Lavagem da roupa

    Lava sozinho toda a sua roupa.

    Lava sozinho pequenas peças de roupa.

    A lavagem da roupa tem de ser feita por terceiros.

    1

    1

    0

    6- Utilização de meios de transporte

    Viaja sozinho em transporte público ou conduz o seu

    próprio carro.

    É capaz de apanhar um táxi, mas não usa outro

    transporte.

    Viaja em transportes públicos quando vai

    acompanhado.

    Só utiliza o táxi ou o automóvel com ajuda de

    terceiros.

    Não utiliza nenhum meio de transporte.

    1

    1

    1

    0

    0

    7- Manejo da medicação

    É capaz de tomar a medicação na hora e em doses

    corretas.

    Toma a medicação se a dose é preparada

    previamente.

    Não é capaz de administrar a sua medicação.

    1

    0

    0

    8- Capacidade para lidar com finanças

    Encarrega-se de assuntos financeiros sozinho.

    Realiza as compras diárias, mas necessita de ajuda

    em grandes compras e no banco.

    Incapaz de manusear o dinheiro.

    1

    1

    0

    Interpretação (Mulher)

    0-1 Dependência total

    2-3 Dependência grave

    4-5 Dependência moderada

    6-7 Dependência leve

    8 Independente

    Homem:

    0 Dependência total

    1 Dependência grave

    2-3 Dependência

    moderada

    4 Dependência leve

    5 Independente

    Total de

    pontos

  • 11

    2- Investigar a presença de depressão.

    Todos os pacientes idosos com incapacidade cognitiva devem ser

    avaliados quanto à presença de depressão, uma vez que ela pode ser causa

    ou associar-se a outras causas de deterioração da cognição. Instrumentos

    como a Escala de Depressão Geriátrica18 são úteis para rastreamento dessa

    condição (tabela 9).

    TABELA 9 – Escala de Depressão Geriátrica abreviada18

    Não Sim

    1. Você está satisfeito com sua vida? 1 0

    2. Você abandonou muitos de seus interesses e

    atividades? 0 1

    3. Você sente que sua vida está vazia? 0 1

    4. Você se aborrece com frequência? 0 1

    5. Você se sente de bom humor a maior parte do

    tempo? 1 0

    6. Você tem medo de que algum mal possa lhe

    acontecer? 0 1

    7. Você se sente feliz a maior parte do tempo? 1 0

    8. Você sente que sua situação não tem saída? 0 1

    9. Você prefere ficar em casa a sair e fazer

    coisas novas? 0 1

    10.Você se sente com mais problemas de memória

    do que a maioria? 0 1

    11. Você acha maravilhoso estar vivo? 1 0

    12.Você se sente um inútil nas atuais

    circunstâncias? 0 1

    13.Você se sente cheio de energia? 1 0

    14.Você acha que sua situação é sem

    esperanças? 0 1

    15.Você sente que a maioria das pessoas está 0 1

  • 12

    melhor que você?

    Uma pontuação acima de 4 sugere o diagnóstico de depressão

    maior

    3- Avaliar a capacidade cognitiva com testes apropriados.

    Com a avaliação das atividades da vida diária e o rastreamento de depressão,

    testes simples de avaliação da cognição podem ser realizados em qualquer

    contexto e fornecerem importantes parâmetros sobre o status cognitivo do

    idoso. A tabela 9 relaciona alguns dos testes mais empregados, seus

    componentes e a maneira de interpretá-los. Deve ser ressaltado que nenhum

    resultado dos testes de avaliação cognitiva comprova ou afasta definitivamente

    o diagnóstico de demência. Dessa forma, a avaliação global do quadro clínico,

    associada com o desempenho em atividades da vida diária são essenciais.

    4- Realizar exames complementares para afastar causas reversíveis

    da incapacidade cognitiva

    Cerca de 5% dos casos de síndromes demenciais são causados por doenças

    tratáveis. Por isso, são recomendados exames complementares com o objetivo

    de identificar essas causas. Devem ser realizados hemograma, dosagem de

    hormônio tireoestimulante (TSH), dosagem sérica da vitamina B12 e de ácido

    fólico, análise da função renal, provas de função hepática, sorologia para o

    vírus da imunodeficiência humana (HIV), bem como a realização de exame de

    imagem do crânio (tomografia ou ressonância nuclear magnética) para se

    afastar hematoma subdural, tumores ou hidrocefalia de pressão normal.6,8

    O tratamento do delirium depende do seu diagnóstico clínico imediato e

    de possíveis causas orgânicas que podem ser ameaçadoras à vida. Além dos

    exames acima descritos, são indicados dosagem de sódio e cálcio, gasometria

    arterial e/ou venosa, exame de urina rotina e culturas de urina e sangue, na

    suspeita de infecção subjacente9,10.

    TABELA 9 – Principais testes de rastreamento de incapacidade cognitiva do

    idoso, com suas características de aplicação e de diagnóstico19

  • 13

    Teste Funções que

    avalia

    Tempo

    aproximado de

    aplicação (em

    minutos)

    S* E* VPP

    *

    VPN

    *

    Referências

    sobre o

    teste

    Miniex

    ame

    do

    estado

    mental

    Atenção,

    função

    executiva

    memória,

    linguagem,

    gnosia,

    praxia,

    função

    visuoespacial

    5-10 88 83 0,63 0,92 20,21,25

    Teste

    do

    relógio

    Atenção,

    função

    executiva

    memória,

    praxia,

    função

    visuoespacial

    2 67-

    98

    69

    -

    94

    0,24 0,98 22,23,25

    Fluênc

    ia

    verbal

    Atenção,

    memória

    semântica,

    linguagem,

    função

    executiva

    3 37-

    88

    43

    -

    97

    ND ND 25

    Mini-

    Cog

    (combi

    nação

    de

    repetiç

    Atenção,

    função

    executiva

    memória,

    praxia,

    função

    2-4 76-

    10

    0

    54

    -

    85

    0,34 0,98 24,25

  • 14

    ão e

    evoca

    ção de

    três

    palavr

    as,

    interca

    lado

    pelo

    teste

    do

    relógio

    )

    visuoespacial

    S – Sensibilidade; E – Especificidade; VPP – Valor preditivo positivo; VPN: Valor preditivo

    negativo; ND – Não disponível

    Conceitos fundamentais sobre iatrogenia no idoso

    Iatrogenia é toda doença ou dano físico, psicológico ou funcional

    decorrente de tratamentos indicados pelos profissionais de saúde.26 Doenças

    iatrogênicas podem ser causadas pela relação médico-paciente ou por

    métodos diagnósticos, medicamentos, instrumentos ou procedimentos. Essas

    doenças têm grande impacto social e ocasionam alta morbidade e mortalidade.

    Os idosos são mais vulneráveis à iatrogenia decorrente da maior

    exposição aos sistemas de saúde (número elevado de consultas com diversos

    médicos, uso de vários medicamentos, maior frequência e número de exames

    etc.). Além disso, somam-se presença de múltiplas comorbidades, alterações

    no metabolismo de drogas e maior prevalência de déficits sensoriais e

    cognitivos.11,12 Na assistência ao paciente idoso, a possibilidade de iatrogenia

    deve ser sempre lembrada e prevenida.

    Problemas relacionados a medicamentos

    Entre as intervenções em saúde, o uso de medicamentos é a principal forma

    de iatrogenia no idoso27, caracterizada por reações adversas (RA), reações

  • 15

    adversas devido à suspensão de medicamentos (RASM) e à falha terapêutica

    (FT).

    As consequências das RA são frequentes e potencialmente graves:

    cerca de 6 a 15% das hospitalizações de idosos são devidas a

    medicamentos;28 uma vez internados, até 40% dos pacientes com mais de 60

    anos sofrem RA.29 Um terço dos pacientes que usam cinco ou mais

    medicamentos simultaneamente sofrerão RA, e cerca de 10% desses vão

    necessitar de uma internação hospitalar para tratamento.30 Até 44% das RA

    podem ser fatais ou ameaçadoras à vida, e mais de 70% desses eventos são

    potencialmente preveníveis.31

    As RASM podem ocorrer como manifestação fisiológica diante da

    retirada ou como exacerbação da doença subjacente. Eventos

    cardiovasculares e relacionados ao sistema nervoso central são os mais

    frequentes. Um terço desses eventos pode ocasionar atendimentos em pronto-

    atendimento e/ou hospitalização.32 As RASM são especialmente frequentes

    após procedimentos cirúrgicos, diagnósticos e após internações. As principais

    classes de medicamentos envolvidas são os anti-hipertensivos,

    antiparkinsonianos, benzodiazepínicos e antidepressivos.27

    As FTs também têm desfechos deletérios, e seu principal risco é a

    subutilização de medicamentos, sobretudo devido a doses inadequadas ou à

    má aderência aos tratamentos. Estima-se que até 11% das internações

    hospitalares de idosos se devam à não adesão ao tratamento prescrito.33

    Outro ponto relevante, ligado às FTs em idosos, é o subtratamento,

    definido como omissão de medidas preventivas, terapêuticas ou paliativas,

    mesmo havendo indicação médica precisa. Situações como tratamento da

    hipertensão arterial, da osteoporose, do diabetes, da angina estável, da dor

    crônica são as mais prevalentes em subtratamento em idosos, podendo chegar

    a 50-60% nos Estados Unidos.34 O subtratamento está relacionado a pior

    prognóstico das doenças de base, piora da qualidade de vida e aumento da

    mortalidade.35

    Existem medicações potencialmente inapropriadas (MPI) para o idoso36.

    As MPI devem, sempre que possível, ser evitadas em decorrência de seu

  • 16

    potencial nocivo para o idoso. A tabela 11 lista algumas das principais MPI, de

    acordo com a Sociedade Americana de Geriatria.36

    TABELA 11- Algumas medicações potencialmente inapropriadas para o idoso e

    as alternativas mais seguras36

    Medicação

    potencialmente

    inapropriada no idoso

    Racional Opções

    Prometazina Altamente

    anticolinérgico;

    clearance reduzido no

    idoso; tolerância

    quando utilizado como

    hipnótico; risco

    aumentado de delirium,

    boca seca, constipação,

    retenção urinária,

    declínio cognitivo.

    Anti-histamínicos de

    segunda e terceira

    geração (loratadina,

    desloratadina, cetirizina,

    levocetirizina, ebastina,

    fexofenadina). Obs.:

    Podem requerer

    redução de dose na

    insuficiência renal ou

    hepática.

    Nifedipina de ação

    rápida

    (sublingual)

    Risco de hipotensão

    grave, levando à

    isquemia miocárdica ou

    cerebral.

    Inibidores da enzima

    conversora da

    angiotensina,

    bloqueadores de

    receptor da

    angiotensina II,

    diuréticos.

    Antidepressivos

    tricíclicos terciários:

    amitriptilina,

    clomipramina,

    imipramina

    Altamente

    anticolinérgicos;

    potencial de hipotensão

    ortostática, sedação,

    delirium, boca seca,

    constipação, retenção

    urinária, declínio

    cognitivo.

    Antidepressivos

    inibidores da receptação

    de serotonina

    (citalopram, sertralina),

    ou de serotonina e

    noradrenalina

    (venlafaxina,

    duloxetina); quando

  • 17

    necessário o uso de

    tricíclicos, optar pelas

    aminas secundárias

    (nortriptilina,

    desipramina).

    Fenobarbital Alto risco de

    dependência física;

    sedação excessiva;

    risco de RA mesmo em

    doses baixas.

    Carbamazepina, ácido

    valproico, fenitoína,

    anticonvulsivantes de

    nova geração

    (lamotrigina,

    oxcarbazepina,

    gabapentina,

    topiramato).

    Benzodiazepínicos de

    longa ação:

    clordiazepóxido,

    diazepam, clonazepam,

    flurazepam

    Aumentam o risco de

    piora da cognição,

    quedas, fraturas,

    acidentes de carro,

    incontinência urinária.

    Podem ser apropriados

    na abstinência do

    álcool, ansiedade

    generalizada, em

    procedimentos

    anestésicos ou em

    cuidados paliativos.

    Meperidina Neurotoxicidade em

    doses cumulativas;

    efeito anticolinérgico

    pronunciado.

    Morfina

    Sulfonilureias de ação

    longa: clorpropramida;

    glibenclamida

    Risco aumentado de

    hipoglicemia

    prolongada.

    Glicazida; glimepirida.

    Incapacidade cognitiva por medicamentos

    Os idosos desenvolvem incapacidade cognitiva secundária a

    medicamentos, associada ao próprio envelhecimento e comorbidades, além de

    alterações da farmacodinâmica das drogas, mais frequentemente do que

    pacientes mais jovens.37 Os fármacos são provavelmente a principal causa de

  • 18

    delirium – 11 a 30% dos casos -, e sua incidência é diretamente proporcional à

    quantidade de medicamentos em uso.9,10,37 Quadros demenciais típicos

    também podem estar relacionados ao uso de determinados medicamentos,

    seja por efeito direto no sistema nervoso central, ou por efeitos metabólicos e

    de disfunção em órgãos ou sistemas.

    Qualquer medicamento pode causar incapacidade cognitiva, mas sabe-

    se que os medicamentos com efeito anticolinérgico são os principais

    responsáveis por essa síndrome, seja aguda ou crônica.37 Dentre esses

    medicamentos, devem ser destacados aqueles usados para bexiga hiperativa

    (oxibutinina), antiespasmódicos gastrintestinais (beladona, hioscina), relaxantes

    musculares (ciclobenzaprina, carisoprodol), anti-histamínicos (prometazina,

    difenidramina) e antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, clomipramina).

    Devem ser evitados também os depressores do sistema nervoso central

    como os benzodiazepínicos de ação longa (clordiazepóxido, diazepam),

    anticonvulsivantes (especialmente barbitúricos) e antipsicóticos de baixa

    potência (tioridazina, clorpromazina).

    Algumas drogas podem estar associadas a comprometimento cognitivo

    prolongado no idoso como narcóticos (meperidina, propoxifeno), anti-

    inflamatórios não esteroidais, corticoides em altas doses, atropina, cimetidina,

    metildopa e clonidina. Sempre que possível, essas drogas devem ser

    descontinuadas.

    Prevenção da farmacoiatrogenia no idoso

    Toda avaliação do paciente idoso deve ser sempre considerada uma

    oportunidade para a revisão de seu tratamento medicamentoso. A ideia é

    maximizar benefícios e minimizar problemas relacionados a medicamentos.

    Quanto mais frágil é o idoso, maior a importância de se verificarem

    regularmente os riscos e os benefícios de seus tratamentos em curso.

    Um guia, com os princípios mais apropriados de prescrição para o idoso, pode

    ser conferido na tabela 10. Esse guia é aplicável, não só para os casos de

    incapacidade cognitiva, potencialmente, associados à medicação, mas para

    outras síndromes geriátricas, como as quedas e a imobilidade.

  • 19

    TABELA 10 – Princípios de farmacoterapia para o idoso(adaptado)27

    1- Avalie se o medicamento é realmente necessário e se trará benefícios.

    2- Conheça a farmacologia da droga, seus efeitos, assim como suas

    interações com outros medicamentos e doenças.

    3- Escolha a dose inicial (em geral, menores do que no adulto jovem) e

    faça os ajustes cuidadosamente.

    4- Selecione medicamentos mais baratos.

    5- Estabeleça metas terapêuticas claras e factíveis.

    6- Monitore regularmente efeitos colaterais.

    7- Reduza cuidadosamente doses de medicamentos.

    8- Avalie subutilização ou má aderência a tratamentos prescritos.

    9- Racionalize o esquema terapêutico, com número menor de

    medicamentos e menos doses diárias.

  • 20

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