sistematização das experiências de comercialização da afojo final

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SISTEMATIZAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DA AFOJO Este relatório tem omo o!"eti#o re$etir so!re as estra omeriali(a)*o 'a Assoia)*o 'os A&ri+ltores Familiares 'a Miro!aia 'o FOJO, Como -+est.es a serem res/o0'i'as1 temos2 34 O -+e a'a loal i0$+e0ia /ara o i0reme0to 'as /r5tias a&roeoló&ias e a+to0 'as 6am7lias 'o FOJO8 94 Em -+e as rela).es soiais esta!elei' o0tri!+em /ara a omeriali(a)*o 'os /ro'+tos a&roeoló&ios, A miro!aia 'o FOJO est5 loali(a'a 0o e0tor0o 'o Par-+e Naio 'a Serra 'os :r&*os, As +0i'a'es 6amiliares i0l+em em s+a &ra0 /arte 5reas 'e /reser#a)*o /erma0e0te1 se0'o ma0e"a'as ;5 '%a'as atra#%s 'e /r5tias tra'iio0ais1 em es/eial om es/% 0ati#as 6r+t76eras1 le0;osas e a6%, A/esar 'estas o0'i).es1 a 'a a&ri+lt+ra /elo a&ri+ltor 'o0o 'a maior /arte 'as terras - ;er'o+ 'e se+ /ai1 era o0#e0io0al om o +so 'e a&ro-+7mios, Dia0te 'a sit+a)*o 'e riso e em/o!reime0to 'e &ra0'e /arte 'a 6am7lias 0o e0tor0o 'e s+a /ro/rie'a'e1 a 'e&ra'a)*o 'os solos a6astame0to 'a a&ri+lt+ra /ela om+0i'a'e1 o0'e a maioria 'os om/o0e0tes 'esta re'e 'e /ro<imi'a'e tra!al;a#a em o+tras 6+0).es 6ora 'a i'a'e1 i0iia=se a /areria 0as terras /erte0e0tes a este a&ri+ltor, A mo!ili(a)*o 'as 6am7lias e o retor0o > a&ri+lt+ra /ermiti+ o a terra, Com as rela).es 'e /areria /ara o +so 'o solo1 esta!e +m aor'o 'e 9?@ /ara o a&ri+ltor /areiro e ?@ /ara o 'o0o ' terra1 em +ma rela)*o 'e #70+lo e o0Ba0)a1 o -+e le#aria a r 'a AFOJO em 3 i06ormalme0te1 e 6ormalme0te em 9?? ,

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Sistematização das experiências de comercialização de um grupo de agricultores familiares do município de Guapimirim, RJ

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SISTEMATIZAO DAS EXPERINCIAS DE COMERCIALIZAO DA AFOJO

Este relatrio tem como objetivo refletir sobre as estratgias de comercializao da Associao dos Agricultores Familiares da Microbacia do FOJO.Como questes a serem respondidas, temos: 1) O que cada local influencia para o incremento das prticas agroecolgicas e autonomia das famlias do FOJO; 2) Em que as relaes sociais estabelecidas contribuem para a comercializao dos produtos agroecolgicos.

A microbacia do FOJO est localizada no entorno do Parque Nacional da Serra dos rgos. As unidades familiares incluem em sua grande parte reas de preservao permanente, sendo manejadas h dcadas atravs de prticas tradicionais, em especial com espcies nativas frutferas, lenhosas e caf. Apesar destas condies, a prtica da agricultura pelo agricultor dono da maior parte das terras que herdou de seu pai, era convencional com o uso de agroqumicos. Diante da situao de risco e empobrecimento de grande parte das famlias no entorno de sua propriedade, a degradao dos solos e o afastamento da agricultura pela comunidade, onde a maioria dos componentes desta rede de proximidade trabalhava em outras funes fora da cidade, inicia-se a parceria nas terras do FOJO pertencentes a este agricultor. A mobilizao das famlias e o retorno agricultura permitiu o acesso a terra. Com as relaes de parceria para o uso do solo, estabelece-se um acordo de 20% para o agricultor parceiro e 80% para o dono da terra, em uma relao de vnculo e confiana, o que levaria a criao da AFOJO em 1996 informalmente, e formalmente em 2006.O acesso ao PAIS, unidades de Produo Integrada e Sustentvel, programa governamental articulado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guapimirim, por algumas famlias, o contato com a ABIO e a EMATER levam a transio agroecolgica das reas, tendo em vista que as prticas tradicionais de manejo dos pomares e do caf estavam presentes nas antigas reas que tornaram-se manejadas por parceria. Eram ento reas que mantinham um grande aporte de matria orgnica e preservao do solo, apesar das prticas convencionais. Isso de certa forma facilitou a transio agroecolgica.Com a criao da associao, as relaes familiares foram intensificadas e os conflitos ampliaram-se, porm estas relaes possibilitaram o empoderamento das famlias, o dilogo entre elas e delas com o poder pblico, incluindo prefeitura e governo do Estado, e desta forma o acesso a diferentes espaos de comercializao da produo.Uma grande variedade de produtos in natura passa a ser comercializada entre amigos, vizinhos, em uma barraca na beira da estrada Rio-Terespolis e pela entrega para atravessadores. O beneficiamento do excedente da produo iniciado a partir do incentivo da Secretaria de Agricultura de Guapimirim. Trs agricultoras so envolvidas em uma cozinha comunitria, que logo depois dissolvida e cada agricultora passa a processar em sua prpria casa. Mesmo que a forma coletiva de processamento tenha se dissolvido, continuam a existir relaes importantes que inclusive so intensificadas, como a troca e o aperfeioamento de receitas, compras coletivas de ingredientes, emprstimo de equipamentos e venda coletiva em espaos de comercializao.A necessidade de certificao dos produtos levou a criao do Sistema Participativo de Garantia de Guapimirim. Desta forma a certificao orgnica acontece e garante um aumento significativo da renda entre todas as famlias envolvidas. Em 2010 em comemorao ao Dia Mundial da Alimentao, a UFRJ no campus Ilha do Fundo, promove o I Encontro de Saberes e Sabores, onde acontece a Feira Agroecolgica. Ligada ao retorno do restaurante universitrio no campus, ao reaproveitamento dos resduos e o dilogo com a comunidade universitria, a Feira se constitui e passa a acontecer semanalmente. Para que ela se concretizasse, foi essencial o dilogo com instituies e coletivos comprometidos com a agroecologia no Estado do Rio de Janeiro, em especial a Articulao de Agroecologia do Rio de Janeiro, a ASPTA, o CONSEARio, a AFOJO, a Coopag, entre outros, envolvendo diversos agricultores e agricultoras de seis municpios, a citar: Mag, Guapimirim, Nova Igua, Seropdica, Tangu e Petrpolis. A administrao da feira se dava de forma participativa envolvendo agricultores, tcnicos e estudantes de graduao da UFRJ em reunies quinzenais. Em quatro anos, vrios coletivos que participavam da Feira sentem-se desmotivados em especial pela dificuldade no transporte dos produtos e deslocamento at o campus. Somente o grupo da AFOJO permanece na feira, principalmente por contar com o transporte cedido pelas Secretarias de Educao e de Agricultura de Guapimirim, que levava semanalmente os produtos e agricultores at a Ilha do Fundo. A certificao dos produtos pelo SPG Abio- Guapimirim tambm foi um facilitador para que o grupo permanecesse na Feira.Um ponto importante a no criao de um estatuto que organizasse a feira de forma a manter padres e evitar conflitos do coletivo. A falta de um estatuto garante a autonomia do grupo e o esforo de dilogo entre os participantes e a UFRJ. Sendo assim, estabelecem-se trs pontos de comercializao (Reitoria, Centro de Cincias da Sade e Centro de Tecnologia) com seis barracas da AFOJO, incluindo quatro famlias. Entre os produtos esto doces, geleias, compotas, conservas, legumes, verduras, frutas, palmito, caf, cana de acar e mel. A maior parte dos produtos tem origem nas unidades familiares do FOJO, sendo que uma pequena parte adquirida em Terespolis atravs da parceria da AFOJO com a Associao Agroecolgica de Terespolis (AAT) e uma parte mnima de produtos processados (pes e bolos) tem origem em um grupo de mulheres da Comunidade da Mar, prxima ao campus Ilha do Fundo. Em Terespolis as relaes com a AFOJO se estabelecem a partir da enchente e tragdia de janeiro de 2011, na Regio Serrana do Rio de Janeiro, onde as reas dos agricultores da Feira Agroecolgica de Terespolis foram bastante atingidas. Para atender as demandas dos consumidores, a AAT entra em contato com a AFOJO e solicita a presena dos agricultores com seus produtos orgnicos. Passada a urgncia, este grupo convidado a permanecer na Feira e a participar do SPG de Terespolis. Eles passam a frequentar a feira aos sbados e s quartas. A Feira Agroecolgica de Terespolis um espao importante para o estabelecimento de relaes no entorno da Microbacia do Fojo. Ocupa um local de fcil acesso em Terespolis, prximo de Guapimirim, de grande circulao de pessoas e conta com uma programao cultural ao longo do ms que dialoga com os consumidores de forma assdua, criativa e consistente. O grupo da AFOJO desta forma se beneficia desta troca de experinciasO grupo da AFOJO faz o planejamento de sua produo para todo ano e garante a comercializao assdua dos produtos certificados nestes trs circuitos de comercializao. Concluses:A presena da AFOJO na Feira da UFRJ proporciona o dilogo com o conhecimento e pblico acadmicos, facilitando a visibilidade do grupo de agricultores e da agricultura praticada na regio metropolitana do Rio de Janeiro. Alm disso, os consumidores tornam-se prximos e formam vnculos com cada um dos agricultores que representam o coletivo e regio do Fojo, tanto no que diz respeito diversidade de produtos representada em cada alimento vendido, como tambm da cultura de cada famlia. Desta forma, a valorizao do produto agroecolgico facilitada, assim como a compreenso das variaes sazonais dos produtos agroecolgicos e os riscos inerentes agricultura, em especial a de base ecolgica. Estar em um espao onde o consumidor compreende um sistema de produo agroecolgico e as relaes sociais envolvidas na produo de alimentos, garante a continuidade da comercializao e gerao de renda a partir da agricultura.A Feira Agroecolgica de Terespolis tem tido papel fundamental na troca de experincias dos sistemas produtivos de ambas as partes, assim como no contato com consumidores. As relaes de confiana que os consumidores de Terespolis j tinham estabelecido com a feira um ponto importante para o fortalecimento do grupo da AFOJO. Estar nesta feira e no SPG Teresoplis ser um agricultor que garante a origem saudvel do alimento que vende. A Feira Agroecolgica de Guapimirim refora o processo de autonomia que tem vivido o grupo da AFOJO nos ltimos 15 anos. Ser valorizado dentro de sua comunidade tem uma importncia singular para que o grupo esteja ainda mais fortalecido. Alm disso, este processo autnomo de organizao comunitria e gerao de renda tem proporcionado um dilogo mais justo com o poder pblico da regio e do entorno, entendendo que o protagonismo de aes como esta do agricultor e dos grupos nos quais esto inseridos.