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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 16, 17 e 18 de abril de 2013 SISTEMA INTEGRADO DE METAS E ACOMPANHAMENTO DE RESULTADOS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA DO RIO DE JANEIRO Antonio Roberto Cesário de Sá

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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013

SISTEMA INTEGRADO DE METAS E ACOMPANHAMENTO DE RESULTADOS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA

DO RIO DE JANEIRO

Antonio Roberto Cesário de Sá

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Painel 52/197 Segurança pública: o RJ em foco

SISTEMA INTEGRADO DE METAS E ACOMPANHAMENTO DE

RESULTADOS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA DO RIO DE JANEIRO

Antonio Roberto Cesário de Sá

RESUMO Em sintonia com ideais da moderna gestão pública, o Estado do Rio de Janeiro adotou inovações que levaram sua política de segurança a colher resultados positivos nos últimos anos. Em 2009, a Secretaria de Estado de Segurança implantou seu Sistema Integrado de Metas (SIM), que compreende a definição de metas para os Indicadores Estratégicos de Criminalidade, a sistemática de reuniões de monitoramento de resultados e o modelo de premiação das unidades operacionais das Polícias com desempenho consoante as metas estabelecidas. A integração operacional das policiais Civil e Militar também figura entre as principais finalidades do Sistema. À luz da variação de indicadores de outras Unidades da Federação e das tendências anteriores a 2009 no Rio de Janeiro, os indicadores estratégicos revelam resultados positivos tanto na capital quanto nas diferentes regiões do Estado, sugerindo que o SIM poderia ser um dos responsáveis pelo avanço obtido. Hoje, a consolidação do Sistema deve ser acompanhada pela análise qualificada de seus resultados e pelo debate mais amplo sobre a iniciativa, cujo legado já merece a atenção de todos gestores públicos.

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1 INTRODUÇÃO

O Estado do Rio de Janeiro colhe hoje resultados de uma experiência

ambiciosa alinhada aos ideais da moderna gestão pública. A consolidação

progressiva do Sistema de Metas implantado pela Secretaria de Estado de

Segurança (SESEG) em conjunto com as polícias Civil (PCERJ) e Militar (PMERJ)

conta hoje não apenas com o firme respaldo do Governo, mas também com o

amparo da melhoria dos Indicadores Estratégicos de Criminalidade do Estado.

O emprego de recursos em planejamento e gestão foi condição

necessária à complexa implantação de um sistema de metas capaz de prover

incentivos a um efetivo de dezenas de milhares de policiais ativos em todos os

Batalhões e Delegacias do Estado do Rio. À frente do processo, a Subsecretaria de

Planejamento e Integração Operacional (SSPIO/SESEG) conduziu o planejamento

estratégico da Segurança Pública em 2009 e orientou a arquitetura de um sistema

que compreende a definição de metas para os Indicadores Estratégicos de

Criminalidade, a sistemática de reuniões de monitoramento de resultados e o

modelo de premiação das unidades operacionais com desempenho consoante as

metas estabelecidas.

Nacionalmente, em que pese a crescente adesão de gestores públicos a

diretrizes propostas pela corrente da new public management, observa-se que a

busca por melhores resultados nas políticas públicas ainda carece de um esforço

sistemático para dotar seus programas de adequadas ferramentas de avaliação. Na

área de segurança pública, destaca-se a carência de pesquisas conduzidas por

agências independentes destinadas à avaliação de resultados baseados em

indicadores de criminalidade e insegurança (CANO, 2006; SAPORI, 2007).

A democracia brasileira consolida-se na alternância de poder e sob a

crescente pressão da sociedade pelo avanço dos mecanismos de accountability. A

prática das avaliações de resultados representa, nesse contexto, um suporte à

continuidade de programas exitosos ao legitimá-los perante as instituições que

advogam a transparência do Estado e ao fortalecê-los diante de tensões inerentes a

transições de governos.

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São objetivos específicos deste trabalho a exposição do desenho do

Sistema de Metas da Segurança Pública do Rio de Janeiro e a realização de uma

análise preliminar dos dados recentes de indicadores que ele busca melhorar. A

metodologia adotada é esclarecida nos itens que apresentam os resultados das

análises. A finalidade principal deste trabalho consiste em despertar a atenção de

profissionais da pesquisa para uma experiência ainda não estudada no Estado do

Rio. Consciente dos seus próprios limites, o artigo apresenta uma análise que

pretende, antes de tudo, reafirmar o valor das avaliações de resultados e promover a

continuidade das iniciativas positivas no âmbito da gestão pública fluminense.

2 PANORAMA DA PESQUISA RELACIONADA AO TEMA

Especialistas em temas atinentes à segurança pública no Brasil

asseveram que as políticas estaduais tradicionais para o setor são reativas e

destinadas a fornecer antes respostas de curto prazo a situações críticas do que

resultados planejados com base em diagnósticos bem elaborados (LEMGRUBER et

al., 2002; CANO, 2006; SOARES; 2006; SOARES, 2007a; SAPORI, 2007). A

qualificação do planejamento das organizações policiais dependeria da produção de

dados e dos referidos diagnósticos, segundo alguns desses mesmos especialistas.

O uso de estatísticas e indicadores é requisito de um planejamento

baseado em metas e adequado à entrega de resultados mensuráveis e alinhados

aos direitos fundamentais da população a que servem os órgãos do sistema de

segurança pública. O Sistema de Metas criado pela SESEG impulsiona hoje o uso

de estatísticas no planejamento da segurança do Estado, em que pesem as naturais

resistências a esse processo (AZEVEDO, 2012). A modernização da política de

segurança do Rio de Janeiro envolve hoje, portanto, o emprego intensivo de

estatísticas criminais. Em conjunto, o processo inclui o incentivo ao planejamento

dinâmico inspirado no célebre modelo de PDCA (Plan, Do, Check and Act), o

compromisso das unidades policiais com metas de redução da criminalidade e a

contratualização de tais resultados mediante o compromisso do Governo com a

remuneração variável.

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A remuneração variável no serviço público foi originalmente adotada em

países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

(OCDE) em fins da década de 1980, quando foi implantada no Canadá, Dinamarca,

Holanda, Nova Zelândia, Espanha, Suécia, Reino Unido e EUA (OCDE, 2005). A

novidade se disseminou nos anos seguintes, e ganhou expressão no Brasil nas

últimas duas décadas.

Um inventário básico dos desafios e riscos associados a essas

ferramentas de gestão incluiria dilemas de ação coletiva nas equipes comprometidas

com resultados, especialização adversa e diferentes males decorrentes da

assimetria de objetivos e informações entre agentes e principais, entre os quais a

chamada prática do gaming, equivalente à exploração deliberada de pontos cegos

existentes no monitoramento das atividades dos servidores. A credibilidade do

sistema e seus gestores representa igualmente condição sine qua non para o

sucesso da meritocracia baseada em gratificações (HOOD, 2006; ASSIS & REIS

NETO, 2012). Os contratos de gestão – que podem amparar esquemas de

remuneração variável – também enfrentam riscos, como os de adoção de metas

pouco ambiciosas, falha na supervisão de seu cumprimento, omissão de atividades

relevantes nos contratos e excessiva influência dos órgãos contratados na

elaboração dos acordos (PACHECO, 2004). Já as avaliações de desempenho

internamente realizadas em organizações podem apresentar vícios que incluem a

unilateralidade (falta de critérios impessoais), subjetivismo (i.e., falta de

objetividade), dependência de eventos mais recentes (falta de memória), força do

hábito (“excesso” de memória), subvalorização e supervalorização da avaliação,

entre outros (UCHOA et al., 2011).

Pesquisa realizada pela OCDE (2005), embora aponte restrições à eficácia

da remuneração variável na motivação de funcionários, afirma que medidas gerenciais

complementares e a prevenção de expectativas excessivas em relação aos efeitos da

meritocracia tornariam possíveis melhores resultados com a ferramenta.

Além disso, a introdução de premiações por desempenho criaria situações

favoráveis a melhorias gerenciais adicionais. Com ela, surgem oportunidades para

que administradores adotem métodos de planejamento amplamente baseados em

metas. Resultados positivos seriam observados também sob a forma de maior

cooperação entre servidores com atribuições comuns e metas conjuntas.

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Uma atenção crescente às tecnologias da informação – devido às necessidades de

mensuração e acompanhamento de resultados – estaria também entre os produtos

da mudança promovida pela remuneração por mérito (OCDE, 2005). A comunicação

interna das prioridades estratégicas dos órgãos centrais de planejamento – com o

melhor alinhamento das unidades operacionais àquelas prioridades – é outro

aspecto aperfeiçoado em organizações que desenvolvem sistemas de metas e

remuneração por desempenho.

A gestão orientada por metas e calcada no monitoramento de dados que

traduzam resultados aprofunda a accountability dos órgãos policiais. Regida por

contratos de gestão, ela se encontra sobretudo a serviço da accountability interna

(BERNARDO, 2011), isto é, da prestação de contas de unidades operacionais junto

aos órgãos estratégicos de segurança. Porém, com o progresso da transparência na

administração pública, é lícito esperar que o Sistema de Metas contribua cada vez

mais para a accountability externa e o controle social das atividades policiais.

Como veremos, o SIM contém dispositivos que asseguram um razoável

grau de objetividade e impessoalidade ao “avaliador”, visto que os resultados das

atividades policiais são definidos por dados de registros de ocorrência, e a

metodologia de avaliação, além de universal, é formalmente definida e publicada. A

definição da meta mensal de cada unidade é calcada em seu resultado no mês

correspondente do ano anterior e também no seu desempenho nos doze meses

precedentes, o que resgata a memória de resultados nem muito recentes, nem

demasiado antigos. Espera-se que a importância da função avaliativa do SIM,

medida pela relação entre os prêmios e os vencimentos-base dos policiais, não seja

exacerbada entre profissionais que, hoje aptos a receber bonificações de valores

consideráveis, tiveram também seus salários reajustados nos últimos anos.

Exibem-se agora os aspectos fundamentais do Sistema, inclusive os que

podem mitigar alguns dos efeitos não desejáveis de ferramentas de avaliação de

desempenho e remuneração variável.

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3 MARCOS LEGAIS E DESENHO ATUAL

O Sistema de Definição e Gerenciamento de Metas para os Indicadores

Estratégicos de Criminalidade no Estado do Rio de Janeiro – ou, simplesmente,

Sistema Integrado de Metas (SIM) – é produto de um esforço dinâmico de

construção institucional.

Com base nos indicadores estratégicos de criminalidade propostos pela

Câmara de Gestão da Segurança Pública e definidos pela SSPIO, nas metas

estaduais consolidadas no Plano Estratégico 2010-2014 elaborado pela SESEG e

pelas polícias Civil e Militar e na delimitação das unidades aptas a receber as

gratificações por resultados, o SIM foi dotado de mecanismos que entraram em

operação no segundo semestre de 2009 e outros acionados ou criados nos anos

seguintes.

O Sistema fundamenta-se em decretos e resoluções que estabeleceram

seus objetivos, requisitos básicos e demais dispositivos necessários ao seu

funcionamento. Apresenta-se abaixo o seu desenho atual, determinado pelo Decreto

Estadual 43.989, de dezembro de 2012, e outros atos normativos que permanecem

em vigor.

3.1 Objetivos e requisitos

Em 2009, o Decreto Estadual nº 41.931 instituiu o Sistema de Definição e

Gerenciamento de Metas para os Indicadores Estratégicos de Criminalidade no

Estado do Rio de Janeiro, regulamentado pela Resolução SESEG 305/2010. Na

origem da iniciativa estava a busca por resultados a serem atingidos em conjunto

pelas unidades operacionais das polícias Civil e Militar com base em ações

integradas. Em paralelo, buscava-se o reconhecimento do mérito daquelas unidades

cujas metas fossem atingidas.

A operação do SIM exigiu das polícias Civil e Militar a adoção de uma

única divisão territorial de responsabilidades pelos indicadores de criminalidade.

O papel da SESEG na construção desse alicerce do sistema consistiu no

fortalecimento das Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) – existentes

desde 1999 – e na criação das Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP) e

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das Circunscrições Integradas de Segurança Pública (CISP). Essas foram as

instâncias que permitiram a compatibilização territorial do planejamento das

organizações policiais fluminenses.

As sete RISPs e 39 AISPs do Estado – as primeiras formadas por

conjuntos de AISPs, e as últimas compostas por conjuntos de CISPs – passaram a

ser as unidades responsáveis pelas metas do SIM e aptas à percepção de

gratificações por desempenho. As gratificações constituem prêmios de produtividade

– definida a partir dos resultados atingidos pelas RISPs e AISPs a cada semestre.

As RISPs têm o objetivo de estabelecer estratégias de integração e

cooperação regionais, promover uma rotina de reuniões, acompanhamento e

avaliação das ações realizadas, monitorar o cumprimento das metas estratégicas de

suas unidades e operar como fórum de troca de informações e ações conjuntas.

Devem representar instâncias de integração e articulação regional da PMERJ e

PCERJ – ao nível tático – com os demais atores que possuam interface com a

segurança pública em suas respectivas áreas de atuação.

Assim, os objetivos do SIM compreendem não apenas a promoção da

meritocracia no Estado, mas também o incentivo à integração das polícias, em favor

do compartilhamento de informações e da sinergia entre os órgãos de prevenção e

repressão do crime.

À frente das RISPs encontram-se autoridades da gestão regional de

atividades policiais. São os Departamentos de Polícia de Área (DPA), da PCERJ, e

os Comandos de Policiamento de Área (CPA), da PMERJ, que hoje desempenham

funções táticas de crescente relevância no Estado. No âmbito da SSPIO, servidores

apoiam a articulação entre as unidades policiais de cada RISP e respondem por sua

orientação metodológica no que concerne ao sistema de acompanhamento de

resultados.

3.2 Reuniões de acompanhamento de resultados

A metodologia de gestão e acompanhamento de resultados corresponde

sobretudo à rotina de reuniões da SSPIO com policiais das AISPs e RISPs com

faróis vermelhos – i.e., com metas não cumpridas em um ou mais indicadores

estratégicos a cada trimestre. As reuniões são estruturadas e destinadas à

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elaboração de Planos de Ação Integrados e à exposição das análises criminais

realizadas pelas unidades operacionais das polícias Civil e Militar e das causas

identificadas para os fenômenos analisados.

A inexistência de AISPs com faróis vermelhos no trimestre dispensa a

realização das reuniões de acompanhamento. Identificados faróis vermelhos,

convocam-se obrigatoriamente as reuniões de Nível 3, 2 e 1 para que,

respectivamente, as AISPs produzam seus Planos de Ação Integrados, os Diretores

de DPAs e Comandantes de CPAs avaliem e revisem tais Planos e todos os

convocados apresentem ao titular da SSPIO os produtos de suas análises, seus

Planos de Ação Integrados e os resultados com eles atingidos desde a sua

execução. O sistema de acompanhamento é espelhado no diagrama abaixo.

Reuniões de Acompanhamento de Resultados

3.3 Indicadores e metas de redução de criminalidade

Os indicadores de criminalidade incluídos no Sistema foram três,

considerados estratégicos em razão de sua relevância e seu impacto na sensação

de segurança da população conforme a percepção dos responsáveis pela iniciativa.

O desenho atual do SIM estabelece os Indicadores Estratégicos (ver Quadro I) e

metas para cada um deles.

Os desafios do SIM podem ser medidos pelo tipo de indicadores para os

quais define metas: trata-se de indicadores de resultados (outcomes), de maior

relevância e interesse direto da sociedade. A recomendação oposta, em favor da

premiação baseada em produtos (outputs), apoia-se em argumentos de

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importância evidente, mas reduz drasticamente a ambição das metas e a

relevância das entregas, bem como a accountability externa dos órgãos e unidades

avaliadas pelo SIM.

Quadro I – Indicadores Estratégicos de Criminalidade do Estado

1. Letalidade Violenta = Homicídios dolosos + Latrocínios + Lesões

corporais seguidas de morte + Autos de resistência.

2. Roubo de Veículo

3. Roubo de Rua = Roubos a transeuntes + Roubos em Coletivos +

Roubos de celulares.

As metas de cada unidade operacional são fixadas com duas referências.

Uma delas corresponde às metas de redução dos indicadores estratégicos para o

conjunto do Estado – as quais refletem o desdobramento semestral de metas

definidas para o final do período contemplado no Plano Estratégico 2010-2014.1 A

segunda referência para a formulação das metas de uma AISP consiste na sua

posição no ranking do Estado em cada indicador. Ordenadas pelos números

absolutos de seus indicadores apurados nos 12 meses anteriores ao ciclo, as AISPs

do quartil formado pelas áreas com piores números recebem as metas mais

ousadas. O contrário ocorre com as AISPs do quartil formado pelas áreas em melhor

situação, que recebem as chamadas metas de manutenção. Exceção à regra ocorre

com o indicador de letalidade violenta, para o qual são adotadas metas de

manutenção para todas as AISPs com taxas equivalentes àquelas de homicídio

doloso consideradas não epidêmicas pela Organização Mundial de Saúde. Nesse

indicador, as demais AISPs são divididas em tercis e, novamente, desafiadas por

metas mais ousadas quando é maior a incidência do crime.

O princípio adotado nessa metodologia é o de que os piores indicadores

refletem realidades onde há mais oportunidades de ação visando à redução da

incidência criminal. Assim, as áreas com piores indicadores seriam as mais aptas a

1 A revisão do Plano, que estabeleceu metas para os três indicadores estratégicos a serem atingidas

em 2018, já serve de suporte para a definição das metas semestrais a partir do ano corrente.

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contribuir para a redução global dos indicadores de criminalidade do Estado. A

fixação de metas com base nos dados de cada área observados no ano anterior traz

consigo a referência à capacidade já demonstrada pela AISP de combater o crime.

Pode-se acrescentar que, no controle de problemas que não podem ser totalmente

eliminados, tais problemas tendem a ser mais resistentes à medida que são

reduzidos. Esta parece ser a natureza do fenômeno criminal.

A legitimidade das metas fixadas conta com um dos instrumentos de

grande aceitação na gestão por resultados. A cada ciclo, um contrato de gestão é

assinado pelas principais autoridades da Segurança Pública do Estado, que nele se

comprometem com as metas estabelecidas e os critérios e valores de premiação

legalmente previstos. O referido contrato recebe as assinaturas dos secretários de

Segurança, de Planejamento e Gestão e da Casa Civil, do Comandante-Geral da

PMERJ, da Chefe da PCERJ, do presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP)

e do próprio governador do Estado.

3.4 Prêmios e Critérios

A fórmula que hoje sintetiza os resultados alcançados pelas unidades

operacionais de polícia constitui o Índice de Desempenho de Metas (IDM), calculado

para cada RISP e cada AISP. O índice nada mais é do que a soma ponderada do

percentual de cumprimento das metas definidas para os três Indicadores

Estratégicos de cada área do Estado. Com base nele, as RISPs e AISPs concorrem

a diferentes prêmios a cada semestre.

Com o advento da última reforma do SIM, houve a redefinição do

resultado mínimo que habilita as áreas a receber o prêmio geral e a disputar os

prêmios especiais. Até 2012, as áreas incapazes de atingir plenamente uma de

suas três metas não eram premiadas. Atualmente, as áreas que atingem ao menos

90% de uma meta, satisfeita a condição de o Estado ter cumprido sua meta no

respectivo indicador, estarão aptas a receber o prêmio geral. Contudo, este prêmio

é inferior àquele concedido às áreas que atingem 95% de suas metas, que por sua

vez recebem prêmios inferiores aos das áreas que alcançam 100% ou mais de

suas metas. O esquema abaixo ilustra o cálculo de resultados para uma premiação

hipotética.

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Exemplo de Cálculo para Premiação

* À condição de que o Estado tenha atingido suas metas globais para os três indicadores.

** À condição de que o Estado tenha atingido sua meta global para Roubo de Veículos.

Assim, a partir de 2013, a remuneração por desempenho é mais variável

e sensível aos distintos resultados entregues pelas unidades operacionais de polícia.

A flexibilização do prêmio geral espera robustecer a motivação dos servidores. Ao

mesmo tempo, a visão estratégica do Governo para o Estado é reforçada pela

condição criada para que resultados entre 90% e 100% das metas justifiquem o

prêmio geral – a condição de que as metas globais estaduais sejam atingidas.

Quadro II – Prêmios do Sistema de Metas

1. Prêmio especial para a RISP com melhor IDM no Estado.*

2. Prêmio especial para as três AISPs com os melhores IDMs no Estado.*

3. Prêmio geral para todas as RISPs e AISPs que atingirem o resultado

mínimo esperado conforme a meta recebida.

4. Prêmio de boas práticas para duas unidades especializadas da PCERJ

e duas unidades especiais da PMERJ.

5. Prêmio Integração para a AISP que apresentar as melhores ações de

integração.

6. Prêmio de produtividade para o SARPM, da PCERJ, e o Nupesp, do ISP.

OBS: Os prêmios referidos nos itens 1, 2 e 3 não são formalmente designados como “especiais” e “geral” – termos empregados aqui apenas para melhor esclarecer o leitor. * Desde que cumpridas todas as respectivas metas.

* ** **

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O prêmio para boas práticas destina-se a unidades da PCERJ e da

PMERJ que, responsáveis por atividades especializadas conduzidas em todo o

território estadual, não participam do monitoramento pelos indicadores estratégicos.

Ele valoriza as duas melhores iniciativas – julgadas por comissões especiais da

PCERJ e da PMERJ – das polícias Civil e Militar no combate à criminalidade. O

Prêmio Integração, de caráter não pecuniário, valoriza os órgãos que tenham se

destacado em ações integradas no semestre concluído.

A entrega dos prêmios – que incluem placas e troféus, além das

gratificações – é realizada em solenidade organizada pela SSPIO para destacar as

unidades policiais agraciadas com os prêmios semestrais. A participação ativa do

governador no evento, juntamente com a de todas as principais autoridades da

Segurança Pública do Estado, assegura o reconhecimento dos resultados

alcançados pelos policiais presentes. A dimensão simbólica da valorização

meritocrática tem na ocasião uma função objetiva e central.

O prêmio de produtividade ao Serviço de Análise de Rotinas Policiais e

Monitoramento (SARPM), da Corregedoria Interna da PCERJ, e ao Núcleo de

Pesquisa em Justiça Criminal e Segurança Pública (Nupesp), do ISP, é pago sempre

que os dois órgãos cumprem suas atribuições relativas ao SIM – referentes ao

julgamento de recursos e à consolidação de dados – 24 horas antes do prazo final. As

funções desses órgãos constituem um dos alicerces institucionais do Sistema.

3.5 Fluxo de dados

A qualidade dos Registros de Ocorrência que formam os indicadores

estratégicos sustenta-se no fluxo de informações diariamente revisadas pelo

SARPM, da Corregedoria da PCERJ, com auxílio do Nupesp (ISP), vinculado à

SESEG e responsável pela publicação oficial mensal dos resultados.

Até sua publicação, os dados são submetidos à revisão sistemática a

cargo do SARPM, que analisa e defende a qualidade dos registros a fim de prevenir

a classificação incorreta de delitos. Uma segunda fase de retificações tem início no

período regulamentado para que RISPs e AISPs possam contestar os dados

mediantes recursos apreciados e julgados pelo SARPM. Encerrados os prazos de

contestação e revisão, elabora-se uma errata da publicação original.

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A legitimidade das retificações de dados é fortalecida pela disponibilidade

de três tipos de recurso. A revisão de metas pode ser solicitada mediante recurso

facultado aos DPAs e CPAs e julgada pela SSPIO. A já mencionada revisão de

Registros de Ocorrência, a cargo do SARPM, é solicitada mediante recurso

disponível aos Delegados de Polícia e DPAs para diferentes fins. Finalmente, o

chamado Recurso Inominado pode ser destinado à SESEG e interposto pelos DPAs

e CPAs em contestações não contempladas pelos recursos anteriores. Em todos os

casos, os recursos são julgados por pessoal especializado na matéria em discussão.

4 ANÁLISE PRELIMINAR DOS RESULTADOS DO SIM

O isolamento das causas de fenômenos sociais é uma das mais

desafiadoras tarefas da pesquisa científica. A avaliação de resultados de políticas

públicas pressupõe a observação do comportamento de fenômenos mensuráveis

que o Estado procura controlar e a eliminação confiável de explicações alternativas

para aquele comportamento. Encontrar e controlar variáveis alternativas com

impacto esperado na incidência criminal a fim de testar o efeito líquido das políticas

de segurança existentes requer o emprego de sofisticados modelos de análise

estatística. As análises desenvolvidas abaixo terão cumprido seu objetivo, contudo,

se puderem fomentar um debate mais amplo sobre os resultados do SIM.

Convém assinalar que as tentativas de explicar fenômenos sociais

baseiam-se todas em simplificações da realidade, e que a explicitação de supostos

e restrições dos modelos constitui uma das mais relevantes exigências nesse tipo

de trabalho. Nada disso permite sugerir que a qualidade dos modelos seja a

mesma. As limitações das análises subsequentes são, portanto, conhecidas e

apontadas no texto.

4.1 Análise de premiações nos seis primeiros ciclos do SIM

Um primeiro resultado do SIM consiste na distribuição dos prêmios até

hoje pagos às unidades encarregadas do policiamento das AISPs em todo o

território estadual. Essa distribuição aparece nos mapas do quadro subsequente.

Nele vemos que AISPs de quase todo o Estado e da capital fluminense têm sido

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contempladas pelos prêmios do Sistema. Inversamente, apenas quatro AISPs

jamais ganharam os referidos prêmios.

AISPs Premiadas entre 2009/2 e 2012/1

ESTADO CAPITAL CICLO

FONTE: SSPIO.

O que se depreende desse fato? Acima de tudo, que o método de

formulação de metas para todas as AISPs não tem gerado premiações enviesadas

em favor de algumas áreas do Estado e em detrimento da maioria delas. Os fatos

sugerem também que o ciclo do PDCA tem operado de modo a permitir que a

maioria das AISPs superem seus próprios desafios. Quase todas as áreas do

1º Ciclo (2º Semestre de 2009)

2º Ciclo (1º Semestre de 2010)

4º Ciclo (1º Semestre de 2011)

3º Ciclo (2º Semestre de 2010)

5º Ciclo (2º Semestre de 2011)

6º Ciclo (1º Semestre de 2012)

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Estado já foram premiadas e deixaram de sê-lo em algum ciclo. No caso das RISPs,

todas já foram contempladas e deixaram de sê-lo em ao menos um dos primeiros

seis ciclos.

Vale acrescentar que, dados os estímulos à integração das polícias Civil e

Militar no âmbito do SIM, é lícito conjecturar que o avanço desse processo esteja por

trás da conquista dos prêmios por parte das AISPs e RISPs indicadas nos mapas.

O avanço das UPPs nas Zonas Sul e Norte da capital fluminense tem

provável impacto no Sistema de Metas, como sugerem os prêmios especiais pagos

até hoje. Fora da cidade do Rio de Janeiro, esses prêmios têm favorecido quase

todas as regiões do Estado, como revelam os mapas abaixo. Na capital, porém, eles

têm se concentrado em áreas mais atendidas pela ocupação permanente de

comunidades pobres historicamente marcadas pelo domínio territorial de quadrilhas

armadas. Essas áreas estão majoritariamente situadas no bairro da Tijuca e

naqueles contíguos à Baía de Guanabara.

Tabela I – Prêmios e Servidores Premiados nos Seis Primeiros Ciclos do Sistema

Ciclo Prêmio Servidores Premiados

Valor total Valor médio PMERJ PCERJ Total

1º (2009/2) R$ 6.349.500,00 R$ 706,28 7.722 1.275 8.990

2º (2010/1) R$ 11.630.000,00 R$ 623,69 15.975 2.672 18.647

3º (2010/2) R$ 13.739.500,00 R$ 1.695,19 9.069 1.303 8.105

4º (2011/1) R$ 52.781.000,00 R$ 3.451,99 14.961 2.449 15.290

5º (2011/2) R$ 51.027.900,00 R$ 5.702,08 9.630 1.580 8.949

6º (2012/1) R$ 27.768.280,91 R$ 3.538,26 6.602 1.246 7.848

FONTE: SSPIO.

4.2 Resultados da primeira análise comparativa

A análise dos indicadores de criminalidade do Rio de Janeiro, quando

baseada na comparação do Estado com o Brasil e com a Região Sudeste, requer

uma série de controles que devem ser aplicados em avaliações futuras e

tecnicamente mais robustas. A análise aqui desenvolvida é altamente abstrata e

destina-se, como as demais, a suscitar novos estudos sobre o tema deste artigo.

Essencialmente, ela constitui um experimento mental de abstração muito pouco

complexo.

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Tabela II - Variação Percentual Acumulada das Taxas de Crimes Violentos Letais

Intencionais (por 100 mil habitantes) e de Roubo de Veículos

(por 10 mil veículos) nos Estados Brasileiros

FONTE: Dados brutos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Departamento

Nacional de Trânsito (DENATRAN).

A Tabela II apresenta a evolução recente dos indicadores de Crimes Violentos Letais

Intencionais (CVLI) e de Roubo de Veículos (RV) nos estados brasileiros. 2

A variação percentual acumulada do indicador de CVLI no Rio de Janeiro foi a

quarta melhor no Brasil de 2008 a 2011. Já a variação no indicador de RV do Rio de

Janeiro foi a terceira melhor entre os estados brasileiros no período. Sem dúvida, a

tendência preexistente no Estado era de queda nos dois indicadores. Porém, essa

2 O indicador de CVLI aproxima-se da definição de letalidade violenta do Rio de Janeiro, mas não

equivale exatamente ao indicador estratégico do Estado. Já o indicador de RV permite comparações interestaduais de maior interesse para o SIM. As taxas anuais de Roubo de Veículos têm como referência os meses de dezembro e consideram, no denominador, automóveis, caminhonetes, camionetas, motocicletas e motonetas em cada Estado.

CVLI Variação

UF 2006-2008 2008-2011 2006-2011

Amapá n.d. -97% n.d.

Goiás 5% -36% -33%

Mato Grosso do Sul -3% -28% -30%

Rio de Janeiro -9% -25% -32%

Pernambuco -5% -24% -28%

Rio Grande do Sul 15% -23% -11%

Rondônia -8% -13% -20%

Pará 26% -9% 15%

São Paulo -26% -6% -30%

Espírito Santo -2% -4% -6%

Santa Catarina 44% 1% 46%

Distrito Federal 12% 3% 16%

Bahia 32% 6% 40%

Tocantins 9% 7% 17%

Alagoas 25% 12% 40%

Paraná n.d. 14% n.d.

Mato Grosso -2% 16% 14%

Maranhão 5% 23% 30%

Sergipe -7% 26% 18%

Ceará 12% 33% 49%

Amazonas 12% 44% 61%

Minas Gerais -33% 75% 17%

Paraíba 6% 81% 93%

Piauí 14% n.d. n.d.

Roraima -43% n.d. n.d.

Acre 24% n.d. n.d.

Rio Grande do Norte 33% n.d. n.d.

Roubo de Veículos Variação

UF 2005-2008 2008-2011 2005-2011

Acre 523,9% -58,9% 156,2%

Mato Grosso do Sul 9,5% -58,7% -54,8%

Rio de Janeiro -31,8% -46,0% -63,2%

Rio Grande do Sul -0,1% -37,1% -37,2%

Maranhão 49,7% -30,6% 4,0%

Paraíba -12,7% -26,7% -36,0%

Paraná n.d. -26,2% n.d.

Bahia 29,4% -23,1% -0,4%

Pará 2,4% -21,7% -19,9%

Pernambuco 437,5% -20,0% 330,0%

Ceará -22,2% -9,1% -29,3%

Tocantins -53,0% 1,5% -52,3%

Distrito Federal 9,4% 2,8% 12,5%

São Paulo -36,0% 5,7% -32,4%

Rondônia -48,6% 11,6% -42,6%

Sergipe 14,0% 23,3% 40,6%

Mato Grosso -25,7% 27,1% -5,6%

Goiás -34,0% 45,7% -3,9%

Santa Catarina 113,8% 45,9% 211,8%

Espírito Santo 39,7% 51,8% 112,1%

Alagoas -34,6% 63,6% 7,0%

Amazonas -23,8% 93,3% 47,3%

Minas Gerais -95,7% 813,6% -61,1%

Amapá n.d. n.d. 2.398,3%

Piauí -36,8% n.d. n.d.

Rio Grande do Norte 25,0% n.d. n.d.

Roraima -53,0% n.d. n.d.

18

tendência aprofundou-se a partir de 2008, último ano antes do advento das UPPs e

do SIM.3

Gráfico I - Variação Percentual Acumulada (2008 = 100%) das Taxas de Crimes Violentos Letais Intencionais (por 100 mil habitantes) e de Roubo de Veículos (por 10 mil veículos): Brasil, Sudeste e Estado do RJ

FONTE: Dados brutos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Departamento

Nacional de Trânsito (DENATRAN). * Excluídos os Estados do CE, PI, RR, AC, RN (com séries

descontínuas) e o Estado do RJ. ** Excluído o Estado do RJ. *** Excluídos os Estados do PI, RR, AP,

RN (com séries descontínuas) e o Estado do RJ.

Suponha-se, agora, que a realidade do Rio de Janeiro fosse equivalente à

nacional sob todos os aspectos relevantes para a segurança pública, e que não

houvesse interações entre as políticas dos diferentes estados brasileiros, nem entre

os seus efeitos. Assim, a diferença entre a taxa de um crime no Rio de Janeiro e a

taxa deste crime no Brasil (excluído o RJ) refletiria a diferença entre o efeito das

políticas do Governo do Rio de Janeiro e o efeito médio das políticas de todos os

demais estados. A evolução dos indicadores nacionais, quando comparada à

evolução dos mesmos indicadores no Estado, apontaria a tendência particular neste

último e, para esse experimento, o desempenho das políticas estaduais.

Entre 2008 e 2009, a taxa de CVLI do Rio de Janeiro cresceu 1% (34,4

para 34,7), em vez de seguir a redução nacional de 5%, que significaria para o

Estado uma queda de 34,4 para 32,7. A diferença entre a taxa real de 34,7 e a taxa

hipotética de 32,7 significa que o Estado, nesta análise, teria deixado de prevenir

3 Não havia dados de Roubo de Rua disponíveis para outros estados.

2008 2009 2010 2011

Brasil *** 100% 102% 93% 99%

Sudeste ** 100% 110% 101% 110%

RJ 100% 84% 62% 54%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

Ro

ub

o d

e V

eícu

los

2008 2009 2010 2011

Brasil * 100% 95% 92% 103%

Sudeste ** 100% 89% 88% 115%

RJ 100% 101% 84% 75%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Cri

mes

Vio

len

tos

Le

tais

Inte

nci

on

ais

19

cerca de 322 ocorrências de CVLI em 2009. Em contrapartida, com o mesmo

cálculo, o Estado logrou evitar cerca de 472 ocorrências de CVLI em 2010 e outras

1.538 em 2011. Por sua vez, a taxa de RV do Estado, que caiu 16% entre 2008 e

2009 ao invés de acompanhar o aumento nacional de 2%, daria à política do Rio de

Janeiro o mérito de evitar cerca de 5.457 ocorrências em 2009. Em seguida, o

cálculo sugere que o Estado teria evitado 9.935 casos de RV em 2010 e outros

15.669 em 2011.

A maior abstração da análise reside na suposta realidade homogênea em

todo o país, visto serem muitas as disparidades entre o Estado do Rio e as demais

regiões brasileiras. Assim, conviria comparar o Rio de Janeiro somente com estados

mais semelhantes, como seus três vizinhos regionais (SP, MG e ES), cujos dados

foram agregados na próxima análise.

Suponha-se, então, que a incidência criminal seria resultado da ação das

políticas estaduais sobre uma realidade homogênea em seus aspectos relevantes

no Sudeste – mantidos os demais supostos do modelo. O exercício consiste em

supor, desta vez, a equivalência entre a realidade do Estado e a da Região Sudeste

do país.

A análise sugeriria agora que o Estado, cuja taxa de CVLI subiu de 34,4

para 34,7 de 2008 a 2009, poderia reduzi-la para 30,7 se seguisse a tendência

regional – o equivalente à prevenção de cerca de 646 ocorrências de CVLI em 2009.

Ao se afastar virtuosamente da tendência regional, o Estado teria, entretanto,

evitado 262 ocorrências de CVLI em 2010, e outras 2.239 em 2011 – portanto, com

1.855 casos prevenidos de 2009 a 2011. Ainda segundo esta análise, as políticas

estaduais do Rio de Janeiro teriam evitado 7.806 ocorrências de RV em 2009,

12.586 em 2010 e mais 19.348 em 2011 – um total de 39.740 roubos de veículos

prevenidos no triênio.

4.3 Resultados da segunda análise comparativa

Percepções preliminares dos resultados do SIM podem ser obtidas a

partir da distinção entre regiões do Estado do Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo,

entre o período anterior e posterior à implantação do Sistema. A tabela abaixo

sugere mudanças na tendência dos três indicadores estratégicos de criminalidade

após 2009. Resta saber em que medida essas mudanças seriam produzidas pelas

novas estratégicas da SESEG.

20

Tabela III - Variação Percentual Acumulada do Total de Ocorrências no Rio de Janeiro em 2003-2008 e 2008-2012: Capital, Entorno e Interior

Indicador Letalidade Violenta Roubo de Veículos Roubo de Rua

Região 2003-2008 2008-2012 2003-2008 2008-2012 2003-2008 2008-2012

Capital -18% -46% -26% -38% 130% -40%

Entorno -11% -32% 13% 8% 204% -17%

Interior 3% -20% -40% 31% 88% -37%

Ano-base 2003 2008 2003 2008 2003 2008

FONTE: Dados brutos do Instituto de Segurança Pública (ISP).

OBS: Células azuis mostram nítidas mudanças positivas de tendência após 2008.

Células amarelas destacam o inverso.

Gráfico II - Indicadores sociais em perspectiva comparada

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011

Pessoas pobres na população (%)

0,46

0,48

0,50

0,52

0,54

0,56

0,58

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011

Gini - Desigualdade de Renda

40,0%

45,0%

50,0%

55,0%

60,0%

2007 2008 2009 2011

População com menos de 30 anos de idade (%)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011

População com 15 anos e mais analfabeta (%)

21

FONTE: Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A próxima análise, também bastante abstrata, abandona a comparação

com outros estados brasileiros e considera os cinco indicadores sociais do Estado

do Rio de Janeiro ilustrados no Gráfico II. Na literatura dedicada a explicar o

fenômeno criminal, eles são amiúde relevantes entre as variáveis com impacto

esperado nas taxas de criminalidade – muito embora não haja consenso acerca

dessa relevância ou de efeitos esperados entre os estudiosos (BEATO & REIS,

2000; FAJNZYLBER et al., 2002; CERQUEIRA & LOBÃO, 2004; NEUMAYER, 2005;

SOARES, 2007b; PRIDEMORE, 2011; UNODC, 2011; OUIMET, 2012).

Os indicadores possuem três aspectos de grande interesse: quase todos

apresentam uma tendência clara, seguem aproximadamente a tendência dos

indicadores nacionais e regionais e, por hipótese, evoluem de modo a contribuir para

reduzir a criminalidade.

No próximo experimento, supõe-se que nada de relevante para a

segurança pública tenha alterado o cenário do Estado entre os períodos anterior e

posterior a 2009, exceto pelo advento das UPPs e do SIM. 4 Na suposição está

implícito que, na ausência das duas novas estratégias da SESEG, até mesmo as

tendências do cenário preexistente estariam mantidas, inclusive aquelas observadas

4 A primeira UPP, instalada no morro Santa Marta, foi inaugurada em dezembro de 2008, e não

exatamente em 2009, ano em que o programa instala quatro novas unidades e ganha impulso definitivo.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011

Taxa de desemprego da população de 15 anos e mais

22

nos indicadores sociais ilustrados e, da mesma maneira, nos indicadores

estratégicos de criminalidade. O impacto dos indicadores sociais na segurança, se

relevante, seria – para esse experimento – linear e independente.

A análise é simples: ela assume que, sem alteração nos fatores

relevantes para a segurança pública ou na sua tendência após 2008, e dada a

tendência dos indicadores estratégicos até aquele ano, estes indicadores manteriam

sua tendência anterior de 2009 em diante sem na ausência das UPPs e do SIM no

Estado. Portanto, as duas principais novidades da política de segurança introduzidas

em 2009 são tratadas, nesse experimento mental, como as variáveis responsáveis

pela mudança recente na trajetória nos indicadores de criminalidade do Rio.

O Gráfico III revela reduções percentuais nos três indicadores de três

regiões definidas para todo o Estado: Capital, Entorno e Interior.5 Eles demonstram

que as tendências de Letalidade Violenta e Roubo de Rua mudaram a partir de 2009

nas três regiões: a Letalidade Violenta, que declinava, acentuou claramente sua

queda, enquanto o Roubo de Rua inverteu sua tendência anterior. Já o Roubo de

Veículos distinguiu-se dos demais indicadores e entre as regiões: na Capital, ele

manteve a tendência anterior a 2009 depois deste ano; no Entorno e no Interior,

voltou a crescer após forte redução em 2010.

5 A capital compreende 17 AISPs. As AISPs do “Entorno” correspondem aproximadamente à Região

Metropolitana sem a capital – i.e., aos municípios de Itaguaí, Seropédica, Paracambi, Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, São Gonçalo, Niterói e Maricá. O “Interior” abrange todas as demais 14 AISPs do Estado.

23

Gráfico III - Variação Percentual Acumulada Real (2003 = 100%) e Projetada (Período-base 2003-2008) do Total de Ocorrências: Capital, Entorno e Interior

FONTE: Dados brutos do Instituto de Segurança Pública (ISP).

Como exercício de análise contrafactual, calculou-se a tendência linear da

variação percentual acumulada do total de ocorrências em cada indicador de 2003 a

2008. Em seguida, extrapolou-se essa tendência para se ter a projeção linear de

cada indicador para 2009-2012 na suposta ausência de UPPs e Sistema de Metas

(ver Gráfico III). Por fim, calculou-se a diferença entre os dados projetados e os

dados reais.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Leta

lidad

e V

iole

nta

Capital

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

Ro

ub

o d

e V

eícu

los

0%

100%

200%

300%

400%

500%

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Ro

ub

o d

e R

ua

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Entorno

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

0%

100%

200%

300%

400%

500%

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Interior

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

0%

100%

200%

300%

400%

500%

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

24

Na ausência de controle de variáveis relevantes, indicadores com

reduções modestas e até elevações a partir de 2009 não evidenciam per se um

fracasso das políticas de segurança. Exemplo disso poderia decorrer de uma

excepcional expansão da frota de veículos em determinada região, causando um

forte aumento relativo nas oportunidades locais para o roubo desses bens. Nesse

caso, a atenuação da tendência dos indicadores anterior a 2009 seria, no período

posterior, um sinal de relativo êxito das políticas implantadas a partir daquele ano.

A julgar pela tendência do indicador em 2003-2008, as ocorrências de

Letalidade Violenta deveriam ser, em 2012, equivalentes a 76%, 84% e 107% do

que eram em 2003 na Capital, no Entorno e no Interior, respectivamente. Porém, ao

contrário dos dados projetados, os indicadores registraram em 2012 ocorrências de

Letalidade Violenta equivalentes a 45%, 61% e 83% dos totais observados em 2003,

respectivamente. A comparação é refeita para os demais indicadores nas três

regiões. Note-se que, à luz da tendência de 2003-2008, até o aumento das

ocorrências totais de Roubo de Veículos entre 2009 e 2012 no Entorno configura um

resultado melhor do que o esperado. Chama atenção, no entanto, a tendência de

Roubo de Veículos no Interior – pior do que a tendência projetada.

Admitidos os supostos dessa análise, a introdução das UPPs e do SIM

teria resultado na prevenção de 5.539 casos de Letalidade Violenta em todo o

Estado de 2009 a 2012 – 2.775 na Capital, 1.738 no Entorno e 1.026 no Interior.

Juntas, as duas estratégias teriam prevenido 157.309 casos de Roubo de Rua no

mesmo período – 105.902 na Capital, 41.563 no Entorno e 9.844 no Interior. Por sua

vez, o número líquido de casos evitados de Roubo de Veículo teria sido de 26.903

no Estado – 21.994 casos na Capital somados a 6.160 casos no Entorno e

debitados os 1.250 casos líquidos do Interior que superaram a expectativa resultante

da projeção, para 2009-2012, da tendência plurianual precedente.

Mais do que especiais dificuldades, o Interior revela a necessidade do

controle de variáveis de importância crucial na avaliação de resultados das políticas

de segurança. A frota de veículos cresceu em diferentes ritmos nas regiões definidas

para o Estado ao longo dos últimos anos. Com base nela, as taxas de RV por 10 mil

veículos registrados em cada região mostram o maior crescimento da frota de

veículos fora da Capital e uma taxa de RV no Interior que, além de menor que a

observada no restante do Estado, foi a única em declínio entre 2011 e 2012.

25

Tabela IV - Variação Percentual Acumulada (2003 = 100%) da Taxa de Roubo de Veículos (por 10 mil veículos) no Rio de Janeiro

Taxa de RV

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

RJ 100,0% 92,7% 90,7% 89,6% 76,1% 61,8% 51,8% 38,4% 33,4% 36,4%

Capital 100,0% 96,6% 97,1% 94,1% 78,3% 61,3% 48,5% 36,5% 28,4% 30,0%

Entorno 100,0% 89,8% 85,0% 91,9% 84,1% 76,5% 68,4% 52,0% 49,8% 57,3%

Interior 100,0% 64,0% 54,9% 59,2% 54,9% 39,7% 48,3% 26,9% 39,4% 36,9%

FONTE: Dados brutos do Instituto de Segurança Pública (ISP) e do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN). Células azuis destacam reduções da taxa em relação ao ano anterior. Células amarelas destacam anos de aumento da taxa.

Repita-se que, idealmente, a quantidade de delitos prevenidos no grupo

dos indicadores estratégicos deve ser calculada com base em taxas (que

consideram as oportunidades de perpetração do ilícito) e em modelos que permitam

o controle do conjunto de variáveis pertinentes para a medição do impacto exclusivo

das políticas de segurança em curso.

Consideradas as taxas de RV, o conjunto do Entorno e do Interior realizou

taxas equivalentes a 65% (2009), 48% (2010), 48% (2011) e 54% (2012) da taxa

observada em 2003, em lugar de, respectivamente, taxas projetadas – a partir da

tendência 2003-2008 – equivalentes a 67%, 63%, 58% e 53% daquela observada no

ano-base. Assim, a análise sugere que teriam sido prevenidos cerca de 4.513 casos

de RV fora da Capital entre 2009 e 2012.

A separação dos efeitos das UPPs e do SIM desafia sobremaneira o

esforço para modelar a realidade em que operam essas duas estratégias. À custa de

maior abstração, o efeito do Sistema de Metas na Capital líquido dos efeitos das

UPPs e das tendências de 2003-2008 poderia ser esboçado pela análise anterior

com três hipóteses adicionais – de que realidade da Capital (exceto pelos fatores

que determinavam a tendência de seus indicadores de criminalidade antes de 2009)

seria equivalente à estadual no que importa para a segurança, de que fora dela os

efeitos das UPPs seriam inexistentes ou aproximadamente neutros6 e de que tais

6 A suposta ausência de efeitos relevantes das UPPs fora da capital baseia-se em duas noções.

Primeiro, é lícito esperar que o deslocamento do crime prevenido nas áreas controladas pelas UPPs seja incompleto e menor à medida que nos afastemos daquelas áreas. Segundo, pode-se imaginar que, ao solapar a organização de uma economia dependente de redes sociais locais e de um mercado consumidor concentrado em áreas específicas da cidade, o avanço das UPPs dissolveu grande parte da receita gerada pelo tráfico de drogas ilegais e desestruturou essa atividade – ainda que seus antigos participantes tenham grande mobilidade espacial no perímetro da conurbação

26

efeitos não teriam interações com os do SIM. Nesse caso, o efeito do Sistema seria

igual àquele observado no restante do Estado.

O exercício de calcular os efeitos do SIM na Capital líquidos dos efeitos

da tendência anterior a 2009 e das UPPs sugere, nesse experimento, que o Sistema

de Metas teria sozinho prevenido cerca de 2.032 (= 11.225 – 9.193) casos de

Letalidade Violenta na cidade entre 2009 e 2012. Os casos de Roubo de Veículo

prevenidos pelo SIM na Capital seriam 3.673 (= 68.660 - 64.987) ao todo no período,

e os Roubos de Rua seriam 92.907 (= 275.502 - 182.595) a menos em virtude do

Sistema.

Tabela V - Total de Ocorrências na Capital em 2009-2012: Projeção da Tendência Anterior x Aplicação da Tendência Exterior à Capital x Resultados Reais

Letalidade Violenta Roubo de Veículos Roubo de Rua

Proj SIM Real Proj SIM Real Proj SIM Real

11.225 9.193 8.450 68.660 64.987 47.257 275.502 182.595 169.600

Fonte: Dados brutos do Instituto de Segurança Pública (ISP).

5 CONCLUSÃO

O propósito deste trabalho não foi realizar uma avaliação stricto sensu

dos impactos do SIM nos indicadores estratégicos de criminalidade do Rio de

Janeiro, que dependeria de dados menos agregados e efetivos grupos de controle,

além de modelos estatísticos de análise de variáveis que, além dos indicadores

estratégicos, incluíssem outros igualmente sujeitos a impactos causados pelo

Sistema em interação com os mecanismos de registro de ocorrências. Convém

reiterar que a integração das polícias Civil e Militar constitui mais uma finalidade do

Sistema, e os indicadores desse processo devem ser apreciados, se possível

juntamente com os efeitos específicos desse esforço nos próprios indicadores de

criminalidade.

existente na Região Metropolitana. Vale dizer que, em recente avaliação do impacto das UPPs, verificou-se que as atividades criminosas (medidas por um grupo específico de indicadores) por elas deslocadas não geraram – ao menos por enquanto – aumento líquido daquelas mesmas atividades nas áreas da própria capital fora do perímetro das UPPs (Cano, 2012).

27

Não existem análises definitivas e tampouco imunes à controvérsia, em

particular no campo de políticas destinadas à garantia dos mais fundamentais

direitos da cidadania. Se puder estimular as avaliações a respeito do SIM, em

especial aquela conduzida por agências independentes, este trabalho já terá

realizado seu principal objetivo.

REFERÊNCIAS

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BEATO, Claudio & REIS, Ilka A. (2000) “Desigualdade, desenvolvimento socioeconômico e crime” in HENRIQUES, R. Desigualdade e Pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA.

BERNARDO, Renata A. (2011) “Instrumentos de Contratualização de Resultados na Administração Pública como Mecanismo de Promoção da Accountability” in IV Congresso CONSAD de Gestão Pública. Brasília.

CANO, Ignacio (2006) “Políticas de Segurança Pública no Brasil: Tentativas de Modernização e Democratização Versus a Guerra Contra o Crime” in SUR - Revista Internacional de Direitos Humanos, n.5, ano 3.

CANO, Ignacio (coord.) (2012) ‘Os Donos do Morro’: Uma Avaliação Exploratória do Impacto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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AUTORIA

Antonio Roberto Cesário de Sá – Subsecretário de Planejamento e Integração Operacional. Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.

Endereço eletrônico: [email protected]