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Francisco José Cunha Fachada Sistema de Controlo Interno na Administração Central do Estado: o caso dos organismos do Ministério das Finanças Dissertação de Mestrado em Gestão, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Mestre Orientadores: Professora Doutora Susana Margarida Faustino Jorge e Professor Doutor Ilídio Tomás Lopes Coimbra, 2014

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  • Francisco Jos Cunha Fachada

    Sistema de Controlo Interno na

    Administrao Central do Estado:

    o caso dos organismos do

    Ministrio das Finanas

    Dissertao de Mestrado em Gesto, apresentada Faculdade de Economia da

    Universidade de Coimbra para obteno do grau de Mestre

    Orientadores:

    Professora Doutora Susana Margarida Faustino Jorge

    e

    Professor Doutor Ildio Toms Lopes

    Coimbra, 2014

  • ii

  • iii

    Dedicatria

    A todos aqueles que nos momentos mais difceis da minha vida tiveram a coragem

    e hombridade de me continuar a dizer a verdade, revelando-se os meus verdadeiros amigos.

    Obrigado.

  • iv

  • v

    Agradecimentos

    Na caminhada efetuada para a elaborao da presente dissertao, vrias foram as

    pessoas que, direta ou indiretamente, contriburam para que eu pudesse concretizar os meus

    objetivos. Agradecendo a todos de uma forma generalizada, no posso deixar de agradecer

    de forma particular a alguns.

    minha famlia e amigos, em especial Lusa e ao Diogo, que durante largos dias

    e muitas horas se viu privado do pai.

    Aos meus colegas na Direo-Geral do Oramento (DGO), em especial aos da

    Diviso de Servios de Gesto de Recursos Financeiros, ao Lus, Helena, ao Simes,

    Carla, ao Joaquim, Andresa, ao Ricardo, Vanda, Aurora e ao Jaime; com todos vs

    aprendi a compreender melhor a contabilidade pblica e as suas exigncias, bem como o

    funcionamento da Administrao Pblica (AP).

    Ao meu colega Joaquim Muxagata pela preciosa colaborao na utilizao das

    ferramentas informticas e, Carla, que teve a pacincia e disponibilidade de rever a

    formatao desta dissertao.

    Por fim, mas obviamente no em ltimo, aos meus orientadores: Professora

    Doutora Susana Margarida Faustino Jorge e ao Professor Doutor Ildio Toms Lopes, que

    me orientaram, auxiliaram e transmitiram o seu saber.

  • vi

  • vii

    NDICE

    DEDICATRIA ........................................................................................ III

    AGRADECIMENTOS ................................................................................ V

    RESUMO .................................................................................................... IX

    ABSTRACT ................................................................................................ XI

    LISTA DE SIGLAS ................................................................................. XIII

    LISTA DE QUADROS E FIGURAS ....................................................... XV

    LISTA DE QUADROS.......................................................................................................... XV

    LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... XV

    INTRODUO ............................................................................................ 1

    1 CONTROLO INTERNO ...................................................................... 5

    1.1 OBJETIVOS E IMPORTNCIA DO CONTROLO INTERNO ................................................... 7

    1.2 TIPOS E REAS DE CONTROLO ..................................................................................... 8

    1.3 COMPONENTES DO CONTROLO .................................................................................. 10 1.3.1 Ambiente de controlo ............................................................................................................11 1.3.2 Avaliao de riscos ...............................................................................................................13 1.3.3 Atividades de controlo ...........................................................................................................14 1.3.4 Sistemas de informao.........................................................................................................18 1.3.5 Monitorizao .......................................................................................................................20

    1.4 CONTROLO INTERNO VS AUDITORIA INTERNA.......................................................... 20

    2 SISTEMA DE CONTROLO INTERNO ............................................ 23

    2.1 CARACTERSTICAS E REQUISITOS DE UM SISTEMA DE CONTROLO INTERNO .............. 24

    2.2 CONCEO DE UM SISTEMA DE CONTROLO INTERNO ............................................... 26

    2.3 LIMITAES DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO ................................................... 28

    2.4 AVALIAO DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO .................................................... 29

    2.5 ELABORAO DO RELATRIO DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO ......................... 30

    3 ENQUADRAMENTO LEGAL DO SISTEMA DE CONTROLO

    INTERNO ................................................................................................... 35

    3.1 O SISTEMA DE CONTROLO INTERNO NAS LEIS INTERNACIONAIS ............................... 35

    3.2 O SISTEMA DE CONTROLO INTERNO NA ADMINISTRAO PBLICA EM PORTUGAL .. 36

  • viii

    4 A GESTO FINANCEIRA PBLICA ENQUANTO AMBIENTE

    DO SISTEMA DE CONTROLO INTERNO E DO CONTROLO

    INTERNO ................................................................................................... 43

    4.1 FINANAS PBLICAS E PRINCPIOS ORAMENTAIS ................................................... 43 4.1.1 Finanas Pblicas.................................................................................................................43 4.1.2 Princpios oramentais .........................................................................................................47

    4.2 CONTABILIDADE PBLICA......................................................................................... 54 4.2.1 Contabilidade oramental .....................................................................................................56 4.2.2 Contabilidade patrimonial ....................................................................................................59 4.2.3 Contabilidade analtica .........................................................................................................60

    4.3 ANLISE DO ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO .......................................................... 61

    5 BASES PARA O ESTUDO EMPRICO ............................................ 79

    5.1 79

    5.1 METODOLOGIAS ........................................................................................................ 79

    5.2 OBJETIVOS E QUESTES DE INVESTIGAO ............................................................... 80

    5.3 RECOLHA DE DADOS ................................................................................................. 81 5.3.1 Mtodos ................................................................................................................................81 5.3.2 Estrutura do questionrio .....................................................................................................82

    5.4 TRATAMENTO DE DADOS ........................................................................................... 84

    5.5 CARACTERIZAO DA POPULAO AJUSTADA .......................................................... 85

    6 APRESENTAO DE RESULTADOS ............................................. 87

    6.1 CARACTERIZAO DOS RESPONDENTES .................................................................... 87

    6.2 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS .................................................................. 89

    7 CONSIDERAES FINAIS ............................................................ 107

    7.1 CONCLUSES .......................................................................................................... 107

    7.2 LIMITAES ............................................................................................................ 109

    7.3 PROPOSTAS FUTURAS .............................................................................................. 110

    BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 112

    LEGISLAO ................................................................................................................... 114

    ANEXOS ................................................................................................... 116

  • ix

    Resumo

    Portugal, em virtude de acontecimentos internacionais, viu agravados os seus

    desequilbrios financeiros, necessitando o pas de recorrer ao Programa de Assistncia

    Econmica e Financeira (PAEF), que imps um conjunto de constrangimentos na gesto dos

    dinheiros pblicos, tendo-se justificado que a maioria desses desequilbrios era provocada

    pelo Setor Pblico Administrativo (SPA). Neste mbito, dado que o Sistema de Controlo

    Interno (SCI) uma ferramenta obrigatria no enquadramento legislativo portugus, que

    exerce aes de controlo sobre a execuo oramental dos organismos que compem o SPA,

    interessa portanto analisar e avaliar a sua implementao e utilizao.

    Com o presente trabalho de investigao pretendeu-se estudar e avaliar o SCI dos

    organismos do Ministrio das Finanas, os seus possveis contributos para a execuo

    oramental de cada organismo per si, bem como o contributo que poderia ser transposto para

    a execuo do oramento do prprio Ministrio das Finanas.

    Pela anlise s respostas obtidas num inqurito por questionrio, verificou-se que

    apesar de obrigatria a implementao de um SCI (autocontrolo), 47% dos organismos

    referiu no possuir SCI.

    No obstante, foi reconhecido por todos os respondentes as mais-valias que podem

    advir da implementao de um SCI, a saber: o controlo sobre a execuo oramental, a

    melhoria da qualidade de informao, a aplicao de recursos de forma mais eficaz, eficiente

    e econmica, e o garante do cumprimento da legalidade e conformidade legal.

    Estes benefcios reconhecidos por parte dos respondentes so tambm os que

    poderiam ser estendidos ao oramento do Ministrio das Finanas, caso todos os organismos

    que o compem tivessem implementado um SCI.

    Pode-se tambm constatar o frenesim legiferante (oito alteraes Lei de

    Enquadramento Oramental em treze anos) e o elevado nmero de diplomas legais que

    impendem sobre a rea financeira do SPA, situao que aumenta o risco de erro na

    interpretao e conjuno de diplomas, refletindo-se posteriormente numa m execuo dos

    processos e procedimentos adstritos contabilidade pblica.

    Desta forma, o presente trabalho de investigao demonstra que o SCI ainda no

    implementado por todos os organismos respondentes, apesar de todos lhe reconhecerem

    vantagens e mritos.

    Palavras-Chave: Sistema de Controlo Interno, Controlo Interno, Contabilidade

    Pblica, Oramento, Ministrio das Finanas.

  • x

  • xi

    Abstract

    Portugal, affected by international events, saw its their financial imbalances

    aggravated, leading the country to resort to an external bail out (Economic and Financial

    Assistant Program), which imposed a set of constraints in the management of the public

    funds. It was additionally explained that most of these imbalances was cause by the Public

    Sector Administration (PSA). In this context, given that the Internal Control System (ICS)

    is an obligatory tool in Portuguese law, which practises actions of controlling over the

    budgetary execution of the agencies that compose the PA, there is interest to analyse and

    evaluate its implementation and utilisation.

    The present research intended to study and evaluate the ICS of the agencies that

    compose the Ministry of Finance and its possible contributions to the budgetary execution

    of each agency per se, as well as the contribution that might be transfer to the budget of

    Ministry of Finance itself.

    From the analysis to the answers obtained in a survey using a questionnaire, it was

    observed that in spite of the implementation of an ICS is compulsory, 47% of agencies

    reported not having an ICS.

    Nevertheless, all respondents recognized the benefits that can result from the

    implementation of an ICS, namely: control over the budgetary execution, the improvement

    of the quality of information, applying resources more effectively, efficiently and

    economically, and ensuring the legal and regulatory compliance.

    These benefits acknowledged by the respondents are also the benefits that could be

    extended to the budget of the Ministry of Finance, if all organisms that compose it, had

    implemented an ICS.

    One can also see the legislating fever (eight amendments to the Budgetary

    Framework Law in thirteen years) and the large number of legal instruments binding upon

    the financial area of the PA, situation that increasing the risk of mistakes in the interpretation

    and combination of the several laws and decrees. This situations, subsequently reflects in a

    bad execution of processes and procedures assigned to public sector accounting.

    In this way, the present investigation shows that the ICS is still not implemented by

    all respondents agencies, in spite of they all recognize advantages and merits to it.

  • xii

    Keywords: Internal Control System, Internal Control, Public Sector Accounting,

    Budget, Ministry of Finance.

  • xiii

    Lista de siglas

    AC Administrao Central

    AICPA American Institute of Certified Publics Accounts

    AP Administrao Pblica

    AR Assembleia da Repblica

    CFP Conselho de Finanas Pblicas

    CGE Conta Geral do Estado

    CI Controlo Interno

    COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission

    CRP Constituio da Repblica Portuguesa

    DGO Direo-Geral do Oramento

    GOP Grandes Opes do Plano

    LCPA Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso

    LEO Lei de Enquadramento Oramental

    OE Oramento do Estado

    PAEF Programa de Assistncia Econmica e Financeira

    POCAL Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais

    POCE Plano Oficial de Contabilidade para o setor da Educao

    POCP Plano Oficial de Contabilidade Pblica

    POCMS Plano Oficial de Contabilidade Ministrio da Sade

    RH Recursos Humanos

    SCI Sistema de Controlo Interno

    SFA Servio e Fundo Autnomo

    SPA Setor Pblico Administrativo

    STF Solicitao de Transferncia de Fundos

    TdC Tribunal de Contas

  • xiv

  • xv

    Lista de Quadros e Figuras

    Lista de Quadros

    Quadro 1 - Tipos de Controlo ..........................................................................................................................9 Quadro 2 - Avaliao do Sistema de Controlo Interno ...................................................................................30 Quadro 3 - Exemplo de uma matriz de relatrio para o SCI ...........................................................................31 Quadro 4 - Operaes do ciclo da despesa e aes de controlo interno.........................................................57 Quadro 5 - Operaes do ciclo da receita e aes de controlo interno ..........................................................59 Quadro 6 - Respondentes pr-teste ..............................................................................................................83

    Lista de Figuras

    Figura 1 - Nveis de controlo do SCI da AP .....................................................................................................36 Figura 2 - Questo 1.1 Idade ........................................................................................................................87 Figura 3 - Questo 1.2 Gnero ......................................................................................................................87 Figura 4 - Questo 1.3 Cargo ........................................................................................................................87 Figura 5 - Questo 1.4 Habilitaes acadmicas ...........................................................................................88 Figura 6 - Questo 1.5 Anos de servio na instituio ...................................................................................88 Figura 7 - Questo 3.1 Qual o nmero de elementos que compem a equipa financeira? .............................89 Figura 8 - Questes 3.2.1/2/3 N. de Colaboradores Tcnicos Superiores, Assistentes Tcnicos e Assistentes

    Operacionais ................................................................................................................................................89 Figura 9 - Questo 35 A entidade possui um SCI? .........................................................................................90 Figura 10 - Questo 35.2 A entidade no possui um SCI por?........................................................................90 Figura 11 - Questo 35.1 Qual a regularidade com que so efetuadas as aes de controlo? .......................91 Figura 12- Questo 31.1 No seu entender, quais os argumentos para a no implementao de um SCI? ......91 Figura 13 - Questo 31.2 Qual a importncia que atribui a cada fator para a no implementao de um SCI?

    ....................................................................................................................................................................92 Figura 14 - Questo 28 A entidade efetua auditorias internas ......................................................................92 Figura 15 - Questo 34 No seu entender, o Sistema de Controlo Interno uma mais valia para a execuo

    oramental? .................................................................................................................................................93 Figura 16 - Questo 34.1 Valorize a contribuio do SCI para a execuo oramental anual da entidade? ....93 Figura 17 - Questo 30.1 - No seu entender, quais as razes que justificam a implementao de um SCI? ....94 Figura 18 - Questo 30.2 Qual o grau de importncia que lhes atribui..........................................................94 Figura 19 - Questo 29.1 Quais as reas em que a entidade efetua CI? ........................................................95 Figura 20 - Questo 29.2 Qual a importncia que atribui a cada uma das reas? .........................................95 Figura 21 -Questo 32 elaborado relatrio dos resultados verificados nos procedimentos do SCI realizados?

    ....................................................................................................................................................................96 Figura 22 - Questo 33.2Qual a relevncia que atribui ao envio do relato do CI para:..................................96 Figura 23 - Questo 7 As normas de controlo interno so divulgadas a: .......................................................97 Figura 24 - Questo 5 A entidade possui norma de procedimentos de CI?.....................................................98 Figura 25 - Questo 6 Para quais das seguintes reas a entidade possui uma norma de CI especfica? .........98 Figura 26 - Questo 15 A entidade possui fundo de maneio .........................................................................98 Figura 27 - Questo 8 Existe na entidade um manual de procedimentos com referncia e descrio dos

    processos e fluxogramas do gabinete financeiro? .........................................................................................99 Figura 28 - Questo 10 O organismo tem implementado um SCI? ................................................................99 Figura 29 - Questo 10.1 Existe segregao de funes entre o(s) controladore(s) e o restante gabinete

    financeiro? ................................................................................................................................................. 100

  • xvi

    Figura 30 - Questo 14 Existe segregao de funes entre os colaboradores que operam a receita e os

    colaboradores que operam a despesa? ...................................................................................................... 100 Figura 31 - Questo 11 Est estabelecido um princpio de rotatividade de funes para os colaboradores do

    gabinete financeiro? .................................................................................................................................. 101 Figura 32 - Questo 19 A entidade efetua reconciliao bancria? ............................................................. 101 Figura 33 - Questo 19.1 Qual a periodicidade com que realiza as reconciliaes bancrias? ..................... 101 Figura 34 - Questo 20 As reconciliaes bancrias so verificadas por outro elemento distinto sua

    realizao? ................................................................................................................................................. 102 Figura 35 - Questo 20.1 Quem verifica as reconciliaes bancrias? ......................................................... 102 Figura 36 - Questo 24 efetuada a circularizao de saldos de clientes e fornecedores? .......................... 102 Figura 37 - Questo 27 Os registos de inventrio so verificados mediante: ............................................... 102 Figura 38 - Questo 25 Os ficheiros dos bens imobilizados so conferidos com os saldos das correspondentes

    contas do plano contabilstico (aquisies da 41 a 45 e amortizaes acumuladas 48) relativamente aos

    custos e amortizaes acumuladas? ........................................................................................................... 103 Figura 39 - Questo 26 O saldo das contas contabilsticas 2745 (Subsdios para Investimentos) e 7983

    (Transferncias de Capital Obtidas) confrontado com o valor adstrito s despesas de capital e com o valor

    das amortizaes do ano? .......................................................................................................................... 103 Figura 40 - Questo 18 No ciclo da despesa, quais as operaes processadas de forma independente por

    cada colaborador: ...................................................................................................................................... 104 Figura 41 - Questo 21 As compras so autorizadas por rgo diretivo aps a verificao da legalidade da

    despesa? .................................................................................................................................................... 104 Figura 42 - Questo 4 Qual (quais) o (s) ano (s) de reporte (s) de conta (s) de gerncia............................... 104 Figura 43 - Questo 9 A entidade possui contabilidade analtica ................................................................ 104 Figura 44 - Questo 13 O gabinete financeiro elabora planos de atividade ................................................. 105 Figura 45 - Questo 16 Efetuam-se verificaes aleatrias ao fundo de maneio ......................................... 105 Figura 46 - Questo 17 Existe limite ao valor de despesa a pagar por fundo de maneio.............................. 105 Figura 47 - Questo 17.1 Valor do Fundo de Maneio .................................................................................. 105 Figura 48 - Questo 22 A contabilizao do compromisso efetuada por pessoa distinta da que autoriza a

    compra....................................................................................................................................................... 106 Figura 49 - Questo 23 O pagamento das faturas efetuado por pessoa diferente da que efetua o seu

    processamento ........................................................................................................................................... 106 Figura 50 - Questo 3.2 Composio das equipas financeiras por categorias profissionais ......................... 106

  • 1

    Introduo

    Segundo Caupers (2009: 48), a conformidade da atividade administrativa

    pblica com o princpio da legalidade e com outros princpios que deve respeitar,

    impe a existncia de instrumentos adequados de controlo.

    Um Sistema de Controlo Interno (SCI) revela-se uma ferramenta de gesto

    essencial para qualquer organizao, assegurando o respeito pela legalidade, o

    cumprimento de critrios de economia, eficcia e eficincia, e permitindo aos diversos

    patamares hierrquicos da organizao ter confiana nos procedimentos e processos

    desenvolvidos pelos seus colaboradores, possibilitando, sempre que necessrio, a

    implementao de medidas corretivas e de ajuste nos diversos estgios da ao,

    garantindo assim a qualidade, a fiabilidade e a accountability da informao produzida.

    O SCI constitudo de forma agregada e estruturada por diversos procedimentos

    de CI, que obedecem a aes individuais de controlo sobre os processos e aes realizadas

    nas organizaes.

    Internacionalmente, o National Commission on Fraudulent Financial Reporting

    organizao privada criada nos Estados Unidos da Amrica com o objetivo de prevenir e

    evitar fraudes nos relatos financeiros, posteriormente convertida no Committee of

    Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO), cujo primeiro objeto de

    estudo foi o CI das empresas, elaborando diversos documentos sobre esta temtica.

    Outros organismos tm demonstrado preocupao relativamente a esta temtica,

    produzindo tambm diversos documentos, abordando o tema do SCI como uma parte

    integrante da auditoria interna (que, por sua vez, constitui um aspeto comum entre as

    vrias publicaes do assunto). Esta situao espelha-se tambm na literatura

    internacional, onde o CI e o SCI so abordados num captulo ou tpico sobre o tema

    Auditoria Interna.

    O domnio do SCI uma matria pouco debatida, quer nas esferas da literatura

    (nacional e internacional), quer nos raros trabalhos de investigao j realizados em

    Portugal. Da literatura internacional utilizada no presente trabalho de investigao,

    Emmanuel, et al. (1990) e Whittington e Pany (2001) referem o CI como um captulo

    integrante dos seus livros de Auditoria Interna, abordando o tema do CI como uma

    ferramenta da auditoria. Por seu lado, o COSO (1994) apresenta um framework

    exclusivamente dedicado ao tema do CI, ficando conhecido como o modelo COSO.

  • 2

    Em Portugal, existem alguns diplomas legais que impem a implementao de

    um SCI no SPA, apresentando este uma estrutura piramidal, partindo da base com os

    prprios organismos (autocontrolo), de seguida os controladores dos programas

    oramentais, depois os controladores com poderes inspetivos e de CI (Inspeo-Geral de

    Finanas e Direo-Geral do Oramento) e terminando nos rgos de controlo

    jurisdicional e poltico (Tribunal de Contas e Assembleia da Repblica).

    Na literatura portuguesa da especialidade, Morais e Martins (2013) e Baptista da

    Costa (2010), seguem a linha internacional e dedicam tambm um captulo dos seus livros

    de auditoria questo do CI, utilizando uma abordagem em que o mesmo uma parte

    integrante da auditoria interna e utilizado por esta como uma ferramenta para atingir os

    seus objetivos.

    J Maral e Marques (2011), no contexto portugus, apresentam um Manual de

    Auditoria e Controlo Interno no Sector Pblico, sendo grande parte deste manual

    dedicado implementao de um CI, em especial para as autarquias locais.

    No tocante a trabalhos de investigao sobre o assunto no contexto portugus,

    os elaborados por Silva (2009) e por dos Reis (2005) abordam a implementao de um

    SCI no mbito de organizaes do setor pblico, respetivamente nas juntas de freguesia

    e num estabelecimento do ensino superior, enquanto Rocha (2009) e Neves (2009)

    abordam a implementao de um SCI no mbito de empresas do setor privado. Por seu

    lado, Costa (2012) tenta abordar o SCI numa perspetiva de contributo modernizao

    administrativa em Portugal.

    Para Franco (1997: 402) No h gasto sem controlo. Que controlo deve ento

    existir para verificar os gastos efetuados pelos organismos que compem o Estado? Quais

    as finalidades desse controlo e a utilizao que se efetua dos dados por ele obtidos? Ser

    o SCI utilizado como uma ferramenta para a gesto, ou um simples alimentador de

    dados para a auditoria interna, sendo que a maioria dos organismos no esto obrigados

    a efetuar a implementao de mtodos de auditoria interna? Estas so algumas questes

    que justificam a investigao aqui desenvolvida.

    O presente trabalho visa, assim, estudar o SCI nos organismos do Ministrio das

    Finanas em Portugal, avaliando os contributos que o mesmo poder proporcionar aos

    organismos individualmente e ao Ministrio no seu todo, no cumprimento dos objetivos

    estabelecidos para essas organizaes, particularmente objetivos de natureza oramental.

    Esta investigao pretende contribuir para a discusso do tema SCI, a sua

    utilizao e, sobretudo, investigar os benefcios que possam advir para um organismo por

  • 3

    ter implementado um SCI e a sua contribuio para a gesto oramental numa perspetiva

    mais macro, ou seja, o enquadramento da gesto da unidade oramental (organismos) no

    contributo da gesto do oramento do Ministrio das Finanas.

    O presente trabalho inicia-se com a introduo e estrutura-se em 7 captulos. No

    Captulo 1, refletem-se os objetivos, a importncia da implementao, quais as tipologias

    empregues e as reas abrangidas pelo CI. Posteriormente, definem-se as componentes do

    controlo e apresentam-se as grandes linhas que diferenciam o Controlo Interno (CI) e a

    Auditoria Interna.

    De seguida, apresenta-se o Sistema de Controlo Interno, definindo as suas

    principais caractersticas e requisitos, peas essenciais para a conceo de um SCI. Ainda

    no Captulo 2, sero analisadas as limitaes do SCI, os seus mtodos de avaliao e por

    fim os relatrios que este sistema dever produzir.

    No Captulo 3 alude-se ao enquadramento legislativo do SCI, abordando o SCI

    nas leis internacionais, mas sobretudo a legislao existente sobre o SCI para o SPA em

    Portugal.

    Por sua vez, no Captulo 4 explanada uma viso sobre o contexto onde se insere

    o SCI em Portugal, ou seja, apresenta-se a rea financeira pblica enquanto ambiente de

    atuao do SCI, nomeadamente onde so implementadas as aes de CI, como forma de

    garantir, em especial, a conformidade e regularidade dos procedimentos perante a

    legislao vigente.

    Posteriormente, no Captulo 5 apresentam-se as bases empricas utilizadas para

    este trabalho de investigao, expondo-se as metodologias utilizadas, os objetivos e as

    questes de investigao abordadas, a forma como foi preconizada e efetuada a recolha

    de dados, bem como os mtodos utilizados para o tratamento dos dados e, finalmente, a

    caracterizao da populao.

    O Captulo 6 apresenta os resultados do questionrio e a sua discusso, e no

    Captulo 7 colocam-se as consideraes finais, com especial enfoque para as concluses

    e as limitaes sentidas para a elaborao e apresentao deste trabalho.

  • 4

  • 5

    1 Controlo Interno

    Epistemologicamente, Emmanuel, et. al (1990) atribuem ao termo controlo a

    ideia de domnio, ou seja, utilizado com o significado da pessoa que exerce aes de

    controlo sobre outrem (verifica as aes de outrem), mas tambm da utilizao do

    controlo como um meio de verificao em que o controlo deteta as diferenas entre o que

    se pretendia realizar e o que efetivamente foi realizado.

    Segundo Morais e Martins (2013: 28), a primeira definio de controlo interno

    surge em 1934, pela American Institute of Certified Publics Accounts (AICPA) e, tambm

    usada pela SEC1 e SAS2 n 1 que define que o CI

    compreende um plano de organizao e coordenao de todos os mtodos e

    medidas adotadas num negcio a fim de garantir a salvaguarda de ativos,

    verificar a adequao e confiabilidade dos dados contabilsticos, promover a

    eficincia operacional e encorajar a adeso s polticas estabelecidas pela

    gesto.

    Posteriormente, COSO3 (1994: 13) define que CI

    um processo levado a cabo pelo Conselho de Administrao, Direo ou

    outros membros da entidade com o objetivo de proporcionar um grau de

    confiana razovel na realizao dos seguintes objetivos: eficcia e eficincia

    dos recursos; fiabilidade da informao; cumprimento das leis e normas

    estabelecidas.4

    Em Portugal, o Tribunal de Contas como organizao com competncia e

    jurisprudncia sobre as finanas e contas pblicas, define CI como o

    conjunto dos processos e meios que permitem respeitar o oramento e os

    regulamentos em vigor, salvaguardar os ativos, assegurar a validade e

    autenticidade dos registos contabilsticos e facilitar as decises de gesto,

    especialmente atravs da colocao disposio, no momento oportuno, da

    1 SEC Security and Exchange Commission Bolsa de Nova York

    2 SAS n 1 Statement on Auditing Standards

    3 COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission. Grupo de trabalho

    constitudo com representantes de vrias organizaes internacionais.

    4 Traduo livre do autor is broadly defined as a process, effected by an entitys board of directors, management and other personnel, designed to provide reasonable assurance regarding the achievement of

    objectives in the following categories:

    Effectiveness and efficiency of operations.

    Reliability of financial reporting.

    Compliance with applicable laws and regulations (COSO, 1994: 3)

  • 6

    informao financeira. (Tribunal de Contas, 1999: Anexo I

    pargrafo 50)

    A Institute of Internal Auditors Research Foundation (2012: 19 apud Morais e

    Martins 2013: 27), define que

    Controlo qualquer ao empreendida pela gesto, pelo conselho e outros

    membros da entidade para aperfeioar a gesto do risco e melhorar a

    possibilidade do alcance dos objetivos e metas da organizao. A gesto

    planeia, organiza e dirige o desempenho de aes suficientes para assegurar

    com razoabilidade que os objetivo e metas sero alcanados.

    Na legislao portuguesa, o n. 2 do artigo 2. do Decreto-Lei n. 166/98, de 25

    de junho, define que

    O controlo interno consiste na verificao, acompanhamento, avaliao e

    informao sobre a legalidade, regularidade e boa gesto, relativamente a

    atividades, programas, projetos, ou operaes de entidades de direito pblico

    ou privado, com interesse no mbito da gesto ou tutela governamental em

    matria de finanas pblicas, nacionais e comunitrias, bem como de outros

    interesses financeiros pblicos nos termos da lei.

    Neste artigo, est definido o objetivo de aplicao e a incidncia do CI

    pretendido para o SPA, utilizando-se para o enquadramento desta investigao esta

    definio de CI para o Estado portugus.

    Conforme percetvel na definio constante na letra de lei supramencionada, o

    legislador portugus inclui-o os conceitos de controlo administrativo e controlo

    contabilstico, conforme o preconizado internacionalmente pela AICPA.

    Costa (2010: 224) refere-se Norma de Procedimentos de Auditoria 54 da

    AICPA, que caracteriza o CI em duas grandes vertentes:

    Controlo interno administrativo, o qual inclui, embora

    no se limite, o plano da organizao e os procedimentos e

    registos que se relacionam com os processos de deciso e que

    conduzem autorizao das transaes pelo rgo de gesto. Tal

    autorizao uma funo de tal rgo diretamente associada

    com a capacidade de alcanar os objetivos da organizao sendo

    o ponto de partida para um controlo interno contabilstico sobre

    as transaes

    Controlo interno contabilstico, o qual compreende o

    plano da organizao e os registos e procedimentos que se

  • 7

    relacionam com a salvaguarda dos ativos e com a confiana que

    inspiram os registos contabilsticos de modo a que,

    consequentemente, proporcionem uma razovel certeza de que:

    a) As transaes so executadas de acordo com uma

    autorizao geral ou especfica do rgo de gesto;

    b) As transaes so registadas de modo a:

    Permitirem a preparao de demonstraes financeiras em

    conformidade com princpios de contabilidade geralmente

    aceites ou com qualquer outro critrio aplicvel a tais

    demonstraes;

    Manterem um controlo sobre os ativos;

    c) O acesso aos ativos apenas permitido de acordo com

    autorizao do rgo de gesto;

    d) Os registos contabilsticos dos ativos so periodicamente

    comparados com esses mesmos ativos sendo tomadas aes

    apropriadas sempre que se encontrem quaisquer diferenas.

    1.1 Objetivos e importncia do controlo interno

    Aps a apresentao de um conjunto de definies preconizadas por autores e

    organismos nacionais e internacionais, interessa agora abordar os objetivos e a

    importncia do CI para os organismos que o implementam.

    De acordo com o Tribunal de Contas (1999: 48) os objetivos do controlo interno

    so:

    A salvaguarda dos ativos;

    A legalidade e a regularidade das operaes;

    A integralidade e exatido dos registos contabilsticos;

    A execuo dos planos e polticas superiormente definidos;

    A eficcia da gesto e a qualidade da informao.

    A adoo de medidas de CI so obrigatrias por lei e, impem a necessidade dos

    organismos conceberem e possurem um SCI, no por opes de gesto, no por garantias

    de qualidade na prestao de informao aos Stakeholders, no pela preocupao da

    utilizao com economia, eficcia e eficincia dos dinheiros pblicos, mas, somente pela

    imposio legal, esta no uma opo dos organismos.

  • 8

    O CI tambm tem como objetivo o garantir que as aes apropriadas sejam

    tomadas para implementar os planos globais da organizao, controlando e monitorando

    tais aes e verificando se as mesmas esto a ser cumpridas de acordo com os planos. De

    acordo com Morais e Martins (2013) o CI pode funcionar como uma ferramenta de ajuda

    organizao para a concretizao dos seus objetivos.

    Outro dos objetivos que o CI visa satisfazer o de garantir que o desempenho

    dos colaboradores se processe de acordo com os planos e objetivos da organizao e

    dentro da regularidade e legalidade vigente. Segundo Emmanuel, et al. (1990), so

    identificadas trs razes para existirem falhas por parte dos colaboradores:

    Incompreenso dos objetivos ou tarefas solicitadas esta situao pode

    resultar, por exemplo, da no divulgao da organizao do plano e objetivos, ou m

    definio de processos e procedimentos;

    Fatores motivacionais, inseridos na esfera pessoal do individuo;

    Habilitaes e capacidades que os colaboradores tm para realizar as

    atividades e tarefas que lhes so destinadas por exemplo: a constante mutao da

    legislao na rea financeira do SPA, exige um elevado grau de habilitaes e

    compreenso aos colaboradores desta rea.

    De forma simples, Costa (2010: 225) apresenta os objetivos do CI por referncia

    ao Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO),

    so trs os objetivos chave do controlo interno: a eficcia e a eficincia das operaes,

    a credibilidade do relato financeiro; e o cumprimento das leis e dos regulamentos

    aplicveis.

    1.2 Tipos e reas de controlo

    Morais e Martins (2013: 32) identificam cinco tipos de controlo:

    Preventivos servem para impedir que factos indesejveis ocorram. So

    considerados controlos priori, que entram imediatamente em funcionamento,

    impedindo que determinados factos indesejveis se processem;

    Detetivos servem para detetar ou corrigir factos indesejveis que j

    tenham ocorrido. So considerados controlos posteriori;

    Diretivos ou Orientativos servem para provocar ou encorajar a

    ocorrncia de um facto desejvel, isto , para produzir efeitos positivos, porque boas

    orientaes previnem que as ms aconteam;

    Corretivos servem para retificar problemas identificados;

  • 9

    Compensatrios servem para compensar eventuais fraquezas de

    controlo noutras reas da entidade.

    O Quadro 1 apresenta exemplos relativos s tipologias de controlo preconizadas

    no mbito dos organismos do SPA:

    Quadro 1 - Tipos de Controlo

    Preventivos Detetivos Corretivos Orientativos Compensatrios

    Obrigar a duas assinaturas em todos

    os documentos;

    Verificar a conformidade legal

    das despesas e

    receitas;

    Confrontar as faturas com as guias

    de receo antes de

    autorizar o

    pagamento;

    Verificar o processo de autorizaes para

    a autorizao e

    validao das

    despesas e receitas;

    Verificar a exatido matemtica das

    faturas antes do

    pagamento;

    Adotar um sistema de vigilncia de

    controlo de entradas

    em fbrica.

    Elaborar reconciliaes

    bancrias;

    Efetuar conciliaes de extratos de

    contas com

    terceiros;

    Efetuar contagens fsicas;

    Observar a distribuio de

    salrios numa base

    de amostragem;

    Solicitar certides de no dvida da

    Segurana Social e

    Autoridade

    Tributria no

    cumprimento da

    legislao em vigor;

    Verificar os processos de

    aquisio ao abrigo

    do Cdigo dos

    Contratos Pblicos.

    Relatrios de artigos obsoletos;

    Relatrios de atrasos de cobrana

    de dvidas;

    Relatrios de atrasos de

    pagamento a

    fornecedores e

    outros credores;

    Lista de reclamaes de

    utentes e clientes.

    Estabelecer determinados

    requisitos para o

    recrutamento de

    pessoal;

    Criar regulamentos internos da

    entidade;

    Criar instrues para os

    documentos em

    circulao na

    entidade;

    Criar manuais de procedimentos e

    fluxogramas das

    tarefas.

    O total dos salrios processados pelo

    departamento de

    pessoal pode ser

    cruzado com o total

    dos crditos feitos

    Segurana Social e

    Autoridade

    Tributria pela

    contabilidade;

    O valor das entradas registadas pelo

    armazm pode ser

    cruzado com a

    contabilidade atravs

    da conciliao da

    conta de compras;

    O valor das entradas de dinheiro na conta

    13 pode ser cruzada

    com os valores

    pedidos em

    PLC/STF .

    Fonte: Adaptado de Morais e Martins (2013: 33)

    Morais e Martins (2013: 34) preconizam cinco reas5 de atuao do CI

    definindo-os e descrevendo-os nos seguintes termos:

    1) Controlo administrativo exerccio de autoridade, estrutura orgnica,

    poder de deciso e descrio de tarefas;

    2) Controlos operacionais planeamento, oramento, contabilizao e

    sistemas de informao, documentao, autorizao, polticas e procedimentos, e

    mtodos;

    3) Controlos para a gesto dos recursos humanos recrutamento e seleo,

    orientao, formao e desenvolvimento, e superviso;

    4) Controlos de reviso e anlise avaliao do desempenho, anlise interna

    das operaes e programas, revises externas e outros;

    5) Controlo das instalaes e equipamentos inspeo das instalaes e

    equipamentos.

    5 As autoras referem no manual mtodos, mas tendo em conta a descrio apresentada, a interpretao

    dada pelo presente trabalho de investigao refere-as como reas.

  • 10

    De referir que, tendo em conta que estas reas so apresentados para o CI do

    setor privado, no se encontra preconizado em nenhum deles a verificao da

    conformidade legal, tarefa indispensvel a um CI na AP. No decorrer do presente trabalho,

    considera-se que a situao supramencionada deve ser includa no mtodo de controlo

    administrativo e/ou operacional, porquanto se entende que se est a verificar a

    competncia para a autorizao do ato, controlo administrativo, ou na verificao do

    enquadramento do ato, controlo operacional.

    Por sua vez, Maral e Marques (2011) preconizam somente a existncia de trs

    reas 6, sendo que o controlo da organizao e o controlo dos procedimentos est

    devidamente enquadrado com as reas de controlo administrativo e operacional das

    autoras ora citadas.

    A terceira rea que os autores estabelecem o controlo dos sistemas de

    informao que consubstanciam-se nos dispositivos pelo quais a informao

    produzida e fornecida aos responsveis pela gesto, de forma que possa ser controlada,

    revista e usada (Maral e Marques, 2011: 18).

    1.3 Componentes do controlo

    Na perspetiva do COSO7, so apresentadas cinco grandes componentes do

    controlo, a saber: ambiente de controlo; avaliao de risco; atividades de controlo;

    informao e comunicao; e monitorizao.

    Estas componentes so definidas da seguinte forma: Ambiente de Controle o

    alicerce de todos os outros elementos dos controles internos, que inclui os valores ticos

    e a competncia dos funcionrios da companhia; a Avaliao de Riscos a identificao

    e a anlise de riscos pertinentes que podem impedir o alcance dos objetivos do negcio;

    as Atividades de Controle tarefas especficas para atenuar cada um dos riscos

    identificados anteriormente; a Informao e Comunicao vias de informao que

    partem da administrao para os funcionrios e vice-versa; e o Monitoramento a

    avaliao e a apreciao dos controles internos (Deloitte, 2003: 4).

    6 Relativamente s reas de controlo interno, Maral e Marques (2011) identificam-nos como tipologias,

    mas de acordo com a descrio apresentada pelos autores, eles esto de acordo com os mtodos

    identificados por Morais e Martins (2013), e definidos na presente investigao como reas.

    7 De acordo com (Costa, 2010), a ISA 315 utilizou a Estrutura Conceptual Integrada de Controlo Interno

    aprovada pelo COSO.

  • 11

    As componentes do CI definidas pelo COSO so geralmente aceites e aplicadas

    por outras organizaes internacionais e nacionais, registando-se a descrio dos temas

    efetuada por vezes de forma diferenciada, mas demonstrando uma concordncia quanto

    aos princpios, formas e objetivos dos mesmos.

    1.3.1 Ambiente de controlo

    Para Costa (2010: 226), o ambiente de controlo

    inclui as funes de governao e de gesto e as atitudes, a conscincia e

    as aes responsveis pelas referidas funes em relao ao controlo interno

    da entidade e sua importncia para a mesma. O ambiente de controlo

    estabelece o tom de uma organizao, influenciando a conscincia de controlo

    dos seus membros..

    A ISA 315 apresenta sete elementos para o ambiente de controlo, sendo

    caraterizados da seguinte forma por Whittington e Pany (2001: 243 e 244):

    - Valores ticos e de integridade

    A efetividade do controlo interno depende diretamente da integridade e dos

    valores ticos das pessoas que so responsveis por criar, administrar e

    monitorar essa estrutura. A gesto deve estabelecer padres de

    comportamento tico que desestimulem os funcionrios de se envolverem em

    atos que seriam considerados desonestos, antiticos ou ilegais. Para serem

    eficazes, essas Normas devem ser comunicadas de forma eficaz atravs de

    meios adequados, incluindo polticas oficiais, cdigos de conduta, e pelo

    exemplo 8.

    - Compromisso com a competncia

    Os funcionrios devem possuir as habilidades e conhecimentos essenciais

    para o desempenho do seu trabalho. Se os funcionrios so carentes de

    habilidades ou conhecimentos, eles podem ser ineficazes no exerccio de suas

    funes. Isto especialmente crtico quando os funcionrios esto envolvidos

    na prestao do controlo 9.

    8 Traduo livre do autor: The effectiveness of the internal control depends directly upon the integrity and

    ethical values of the personnel who are responsible for creating, administrating, and monitoring that

    structure. Management should establish behavioral and ethical standards that discourage employees from

    engaging in acts that would be considered dishonest, unethical, or illegal. To be effective, these standards

    must be effectively communicated by appropriate means, including official policies, codes of conduct, and

    by example.

    9 Traduo livre do autor: Employees should possess the skills and knowledge essential to the performance

    of their job. If employees are lacking in skills or knowledge, they may be ineffective in performing their

    assigned duties. This is especially critical when the employees are involved in performing controls.

  • 12

    - Participao dos responsveis pela governao

    O ambiente de controle de uma organizao significativamente

    influenciado pela eficcia do seu conselho de administrao ou

    da comisso de auditoria 10.

    - Filosofia de gesto e estilo operacional

    A filosofia de gesto e estilo operacional tambm se reflete na

    forma como a organizao administrada. Os controlos internos

    de uma organizao informal so muitas vezes implementados

    pelo contato cara-a-cara entre os funcionrios e a

    administrao. Numa organizao mais formal estabelecem-se

    polticas escritas, relatrios de desempenho e relatrios de

    exceo para controlar as suas diversas atividades 11.

    - Estrutura organizacional

    Uma estrutura organizacional bem concebida fornece uma base

    para o planeamento, direo e controle de operaes. Ela divide

    a autoridade, responsabilidades e deveres entre os membros de

    uma organizao, lidando com questes como centralizao Vs

    descentralizao, tomada de deciso e devida segregao de

    funes entre os vrios departamentos... A estrutura orgnica de

    uma entidade deve separar a responsabilidade da autorizao de

    transaes, dos registos das operaes e da custdia de ativos

    12.

    - Polticas e procedimentos de recursos humanos

    ... polticas de gesto e prticas de contratao, formao,

    avaliao, promoo e compensao de funcionrios tm um

    10 Traduo livre do autor: The control environment of an organization is significantly influenced by the

    effectiveness of its board of directors or the audit committee.

    11 Traduo livre do autor: Management's philosophy and operating style also is reflected in the way the

    organization is managed. Internal controls in an informal organization are often implemented by face-to-

    face contact between employees and management. A more formal organization will establish written

    policies, performance reports, and exception reports to control its various activities.

    12 Traduo livre do autor: A well-designed organizational structure provides a basis for planning,

    directing, and controlling operations. It divides authority, responsibilities, and duties among members of an

    organization by dealing with such issues as centralized versus decentralized decision making and

    appropriate segregation of duties among the various departments...The organizational structure of an entity

    should separate responsibilities for authorization of transaction, recordkeeping for transactions, and custody

    of assets.

  • 13

    efeito significativo sobre a eficcia do ambiente de controlo...

    Polticas eficazes de recursos humanos, muitas vezes podem

    atenuar outras deficincias no ambiente de controlo 13.

    - Definio de autoridade e responsabilidades

    Dentro de uma organizao, o pessoal precisa de ter uma

    compreenso clara das suas responsabilidades e das regras e

    regulamentos que regem as suas aes. Portanto, para melhorar

    o ambiente de controlo, a gesto desenvolve as descries do

    trabalho do empregado e define com clareza a autoridade e

    responsabilidade dentro da organizao. As polticas tambm

    podem ser estabelecidas descrevendo as prticas negociais, o

    conhecimento e experincia do pessoal-chave, bem como a

    utilizao de recursos 14.

    1.3.2 Avaliao de riscos

    O segundo componente do CI a avaliao do risco, entendendo-se que esta

    avaliao se refere ao risco do negcio, ou seja, ao risco do exerccio da atividade da

    organizao.

    A administrao deve identificar e analisar cuidadosamente os

    fatores que afetam o risco e que podem colocar os objetivos da

    organizao inatingveis, e de seguida tentar gerir esses riscos

    Contudo, o mbito da avaliao do risco da administrao mais

    abrangente na medida em que envolve a considerao dos fatores

    que afetam todos os objetivos da organizao 15 (Whittington e

    Pany, 2001: 247).

    13 Traduo livre do autor: ... management's policies and practices for hiring, training, evaluating,

    promoting, and compensating employees have a significant effect on the effectiveness of the control

    environment Effective human resource policies often can mitigate other weaknesses in the control

    environment.

    14 Traduo livre do autor: Personnel within an organization need to have a clear understanding of their

    responsibilities and the rules and regulations that govern their actions. Therefore, to enhance the control

    environment, management develops employee job descriptions and clearly defines authority and

    responsibility within the organization. Policies also may be established describing appropriate business

    practices, knowledge and experience of key personnel and the use of resources.

    15 Traduo livre do autor: Management should carefully identify and analyze the factors that affect the

    risk that the organization's objectives will not be achieved, and then attempt to manage those

    risksHowever, the scope of managements risk assessment is more comprehensive in that it involves

    consideration of factor that affect all of the organizations objectives.

  • 14

    Ainda segundo os mesmos autores, complementado com o referido por (Costa,

    2010), so apresentados os seguintes exemplos de riscos:

    Alteraes na estrutura organizacional e nos seus procedimentos;

    Alteraes no mapa de pessoal;

    Alterao ou implementao de um novo sistema de informao;

    Rpido crescimento da organizao;

    Alteraes tecnolgicas com impacto nos processos de produo;

    Introduo de novos produtos, negcios ou processos;

    Reestruturaes da entidade;

    Internacionalizao;

    Novos mtodos contabilsticos.

    1.3.3 Atividades de controlo

    A utilizao de mltiplas atividades de controlo, conforme o preconizado por

    (Emmanuel et al., 1990), refora a fiabilidade do CI, podendo assim interagir com o

    modelo organizacional existente na entidade, control-lo em diversas perspetivas e extrair

    desse controlo informao que contribua para a melhoria do processo organizacional

    existente.

    Breve descrio

    As atividades de controlo para (Emmanuel et al., 1990) situam-se em quatro

    nveis, a saber: anulao dos problemas de controlo, resultados do controlo, aes de

    controlo e o controlo pessoal. Devem ser entendidas como uma ferramenta que permite

    moldar e ajustar comportamentos s performances e objetivos delineados pela

    organizao.

    Para estes autores, um dos problemas das atividades de controlo a falta de

    automatizao dos sistemas, ou seja, a no substituio das tarefas e funes realizadas

    por colaboradores por sistemas informticos, mquinas ou outras solues equiparadas,

    reduzindo ou eliminando assim o risco associado ao comportamento humano. Tendo em

    conta que estamos a analisar o SPA, que se caracteriza sobretudo por organismos

    prestadores de servios, esta soluo apresenta limitaes.

    No entanto, em Portugal, tem que se destacar a introduo de medidas de

    eGovernment como o caso das plataformas on-line de contratao pblica Vortal e

    GATEWIT (entre outras), constituindo uma alternativa de futuro, reduzindo a forte

  • 15

    componente de recursos humanos (RH) inerente atividade de servios e, espera-se que

    contribua para a reduo dos riscos associados aos procedimentos.

    Outra das limitaes das atividades do CI pode advir da diversidade de

    atividades exercidas por uma entidade. Segundo os autores referidos, a entidade deve

    centrar o seu focos de ao nas atividades que ela domina e que esteja confiante na sua

    realizao e controlo. Esta referncia entronca na limitao referida pelo (Tribunal de

    Contas, 1999), que refere que o CI no est preparado para as transaes pouco usuais.

    Quanto ao nvel controlo de resultados, esta uma atividade mensurvel, sendo

    o seu controlo dependente das aes que possam ser mensurveis, tais como,

    contabilidade oramental, contabilidade patrimonial, processos solucionados, tempos de

    execuo. O perigo do controlo por resultados o excessivo foco que, por vezes,

    colocado nesta anlise, descurando outros fatores tambm importantes para a anlise,

    como o caso da qualidade e satisfao com o servio, situaes de difcil mensurao.

    O nvel aes de controlo, pode ser subdividido em constrangimentos

    comportamentais, pr-reviso das aes e controlo das aes contabilsticas(Emmanuel

    et al., 1990). Por constrangimentos comportamentais entendem os autores as aes que

    limitam o comportamento humano, tal como, o depsito do dinheiro do fundo de maneio

    em cofre fechado.

    Relativamente pr-reviso das aes, entendem os autores como a observao

    do trabalho dos outros e a correo, caso necessrio, das aes que esto a ser

    desenvolvidas, de preferncia antes do seu trminus. O controlo das aes contabilsticas

    preconiza o controlo dos movimentos de registo efetuados pelos colaboradores da rea

    financeira.

    Por fim, entendem os autores que o controlo pessoal tem duas vertentes: o

    primeiro, o autocontrolo individual de cada colaborador perante as funes, aes e

    responsabilidades que lhe esto atribudas; e o segundo, o controlo social, derivado da

    presso exercida por grupos sociais e expectativas de determinados comportamentos que

    tais grupos esperam e que os colaboradores se sentem obrigados a cumprir.

    Uma das medidas de gesto normalmente utilizada na gesto dos RH a

    rotatividade de funes entre os colaboradores. Esta rotatividade no deixa criar hbitos

    e vcios de forma na ao dos seus colaboradores, mas tambm tem o perigo de no

    permitir uma especializao das funes dos mesmos.

    As atividades de controlo exercidas no mbito do CI no devem ser um fim em

    si mesmas; elas devem ser entendidas como uma forma evolutiva do sistema de controlo

  • 16

    que, com a experincia granjeada e o decorrer do tempo da sua operacionalizao, deve

    preconizar uma constante evoluo e adaptao das atividades de controlo s tarefas e

    aes da organizao, bem como aos objetivos pretendidos pela sua direo.

    Esta capacidade de adaptao das atividades do CI permite segundo Emmanuel

    et al., (1990), coordenar e adaptar o foco e a enfase que dada a cada atividade com os

    objetivos superiores da organizao, permitindo a modelagem comportamental dos atores

    no desempenho das suas tarefas aos intuitos pretendidos pela organizao.

    Por seu lado, Costa (2010: 225 e ss.) considera cinco os procedimentos

    intervenientes nas atividades de controlo, a saber: autorizao; reviso da execuo;

    processamento da informao; controlos fsicos e segregao de funes.

    Para o autor, alguns destes procedimentos fazem parte do chamado controlo

    das operaes, o qual tem fundamentalmente a ver com a sequncia das mesmas, ou seja

    o ciclo de autorizao/aprovao/execuo/registo/custdia, de acordo com os critrios

    estabelecidos.

    Na presente investigao, considerou-se a segregao de funes como uma das

    caractersticas do CI, conforme o tambm preconizado pelo TdC, ao contrrio do

    preconizado por (Costa, 2010) que considera a segregao de funes como uma

    atividade do controlo.

    Para se desenhar, avaliar ou implementar atividades de controlo, necessrio ter

    conhecimento das vantagens e desvantagens inerentes atividade que se pode utilizar,

    pelo que abordar-se- estes preceitos que podero influenciar o modelo final.

    Uma das quatro vantagens reconhecidas por (Emmanuel et al., 1990) o

    estabelecimento de uma ligao direta entre o controlo e o objeto do controlo, isto , o

    sistema de controlo exerce a sua ao diretamente sobre o objeto que est a ser controlado

    de forma objetiva e direta, atravs das tcnicas de controlo. O controlo no exercido de

    forma abstrata.

    Outra das vantagens reconhecidas pelos autores o desenvolvimento das

    atividades de controlo como uma excelente fonte de informao relativamente ao nvel

    organizacional que cada entidade possui, podendo esta informao contribuir para a

    melhoria da organizao e dar tambm um contributo para a circulao de informao

    dentro do organismo, bem como uma ideia clara dos fluxogramas processuais existentes.

    O controlo da ao, quer seja efetuada de forma preventiva, quer seja efetuada

    posteriori, permite melhorar os procedimentos, atravs da correo da ao. Assim, o

    controlo da ao pode revelar-se como uma preciosa ajuda para a elaborao dos planos

  • 17

    de formao e, assim, suprir as carncias tcnicas ou de habilitaes que possam existir

    na organizao.

    Por sua vez, o controlo das operaes contabilsticas permite aprofundar o

    conhecimento sobre a organizao, tendo em conta que a maioria das tarefas e funes de

    uma organizao tem reflexo nesta rea, quer seja direto (e.g. aquisio de um

    equipamento), quer seja indireto (e.g. os custos com pessoal associados ao

    desenvolvimento de um projeto).

    Em (Emmanuel et al., 1990), apresentam-se tambm vantagens relativamente ao

    controlo por objetivos, sendo que a primeira vantagem enumerada a influncia sobre o

    comportamento dos colaboradores. A tentativa de atingir objetivos, melhora a

    performance dos colaboradores, aumenta os nveis motivacionais e foca a sua ateno nos

    objetivos a atingir.

    Outra das vantagens enumeradas o controlo por objetivos permitir

    complementar e valorizar o controlo da ao, isto , as aes podem ser desempenhadas

    dentro do que est previamente descrito e estabelecido, mas podem no atingir os

    objetivos a que a organizao se props. Nesta temtica, o controlo de resultados permite

    aferir da concretizao dos resultados pretendidos.

    Por fim, o CI efetuado pelo controlo de resultados normalmente pouco

    dispendioso e pode reverter em ganhos organizacionais e financeiros para o organismo.

    Para (Emmanuel et al., 1990) tambm existem desvantagens nas atividades dos

    sistemas de controlo, concretizando-se nas desvantagens das atividades de controlo e

    desvantagens nos controlos por resultados.

    Deste modo, devido disparidade de atividades existentes numa organizao,

    por vezes as aes do CI no centram a sua ao nas atividades principais da entidade, ou

    por outro lado, ao querer abarcar todas, acaba por dispersar a sua ao sem o retorno

    devido. No obstante esta posio dos autores, a definio de prioridades na ao pode

    minorar esta situao, estabelecendo para as atividades principais aes de CI

    permanentes, e para as atividades secundrias aes de controlo aleatrias e espaadas no

    tempo.

    A segunda desvantagem apontada pelos autores que o controlo das atividades

    desencoraja a criatividade. Nestes casos, os colaboradores adotam muito uma postura by

    the book, segundo as regras, reduzindo-lhes a capacidade de resposta e a facilidade e

    autonomia com que poderiam ultrapassar certos obstculos no normal exerccio das suas

    funes.

  • 18

    Como terceira desvantagem apresentado o custo inerente ao sistema de

    controlo das atividades, ou seja, enquanto este alvo do controlo, aquela atividade

    aumenta o seu custo de realizao (relao custo/benefcio).

    Por fim os autores apresentam-nos a desmotivao que o ato do controlo provoca

    em alguns colaboradores - perante a situao de um controlo permanente, muitos

    colaboradores sentem-se intimidados nos seus comportamentos e reduzidos nas suas

    autonomias e criatividade.

    Relativamente s desvantagens relacionadas com as atividades de controlo de

    resultados, se os indicadores forem pobres ou os resultados pretendidos forem pobres, a

    ao pode ser posta em causa. Aos indicadores, exigido que sejam congruentes,

    precisos, fiveis, objetivos e compreensveis e, ainda, que versem sobre o controlo e

    influncia que os colaboradores exercem sobre a ao; caso contrrio o objetivo da sua

    utilizao no atinge os fins a que se destina.

    Na ltima desvantagem apresentada por (Emmanuel et al., 1990), apresentam o

    estabelecimento dos resultados-alvo como um possvel motivo da desmotivao dos

    colaboradores, entendendo que os resultados-alvo devem ser desafiadores, mas

    considerando que tm uma probabilidade inferior a 50% de serem atingidos.

    Ainda no que diz respeito a esta desvantagem, de referir, que muitas das

    organizaes utilizam estes resultados alvo a atingir como uma poltica de comunicao

    e divulgao dos objetivos da empresa, sendo que no que diz respeito ao controlo dos

    mesmos, este fator deve ser tido em conta.

    1.3.4 Sistemas de informao

    Para o COSO (1994: 59)16 As informaes pertinentes devem ser identificadas,

    capturadas e comunicadas dentro dos prazos e de forma que capacite as pessoas a

    assumir as suas responsabilidades. Os sistemas de informao produzem relatrios,

    contendo informaes operacionais, financeiras e relacionadas conformidade (legal),

    que tornam possvel executar e controlar a atividade.

    Nesta perspetiva, em qualquer organizao os sistemas de informao so uma

    pea chave. Este sistema processa, compila e fornece dados de toda a organizao, sendo

    16 Traduo livre do autor Pertinent information must be identified, captured and communicated in a form and timeframe that enables people to carry out their responsibilities. Information systems produce

    reports, containing operational, financial and compliance-related information, that make it possible to

    run and control the business.

  • 19

    necessrio tambm avali-lo para aferir da sua prpria fiabilidade, permitindo apurar

    responsabilidades se for o caso.

    Como principal fornecedor de informao encontra-se o sistema contabilstico,

    que segundo Whittington e Pany (2001: 248) deve17:

    1) Identificar e registar todas as transaes vlidas;

    2) Descrever tempestivamente as transaes com detalhe suficiente para

    permitir a sua classificao adequada para as demonstraes financeiras;

    3) Mensurar o valor das operaes de forma a permitir o registo do seu valor

    monetrio adequado nas demonstraes financeiras;

    4) Determinar o perodo de ocorrncia das transaes para permitir o

    registo das mesmas no perodo contabilstico apropriado.

    5) Apresentar adequadamente as transaes e informaes relacionadas nas

    demonstraes financeiras.

    Alguns dos pressupostos aqui enumerados pelos autores tm extenso na adoo

    dos princpios contabilsticos geralmente aceites por parte das organizaes. Deste modo,

    destaca-se que o cumprimento por parte das organizaes do preconizado pelos princpios

    contabilsticos um garante da fiabilidade do sistema de informao contabilstica.

    Neste particular, e tendo em conta o mbito do presente trabalho de investigao

    destaca-se os princpios da materialidade, da especializao e da continuidade, vertidos

    no ponto 3 do Plano Oficial de Contabilidade Pblica (POCP).

    Acresce referir, que os autores supramencionados consideram ainda que o

    sistema de informao contabilstico deve incluir um plano de contas, informaes sobre

    as polticas contabilsticas adotadas e sobre os procedimentos. Em Portugal, em virtude

    da adoo e regulao legislativa efetuada, esta informao obrigatria pelo POCP

    (pontos 2.4 e 2.5) ou, no caso do plano de contas, o mesmo o fornece, sendo somente

    possvel efetuar o desdobramento de contas.

    As organizaes no podem descurar a qualidade da informao de outras

    componentes, nomeadamente a comunicao interna e a comunicao externa. A

    17 Traduo livre do autor: 1. Identify and record all valid transactions. 2. Describe on a timely basis the

    transactions in sufficient detail to permit proper classification of transactions for financial reporting. 3.

    Measure the value of transactions in a manner that permits recording their proper monetary value in the

    financial statements. 4. Determine the time period in which transactions occurred to permit recording of

    transactions in the proper accounting period. 5. Present properly the transactions and related disclosures in

    the financial statements.

  • 20

    qualidade da comunicao um fator importante para reduzir interpretaes errneas dos

    objetivos e atividades a desenvolver pela organizao e colaboradores.

    1.3.5 Monitorizao

    Para Whittington e Pany (2001: 251)18

    Monitorizao, o ltimo componente do controlo interno, um processo que

    avalia a qualidade do controlo interno ao longo do tempo. importante

    monitorizar o controlo interno para determinar se ele est a funcionar

    conforme o esperado e se so necessrias modificaes. A monitorizao pode

    ser alcanada atravs da realizao de atividades permanentes ou por

    avaliaes aleatrias. Atividades de monitorizao permanentes incluem

    atividades de superviso e gesto realizadas regularmente, como contnuo

    acompanhamento de reclamaes de clientes, ou rever a razoabilidade de

    relatrios de gesto. As avaliaes aleatrias monitorizam as atividades que

    so realizadas numa base no rotineira, tais como auditorias peridicas por

    parte dos auditores internos.

    Costa (2010: 232) apresenta trs exemplos de monitorizao referidos na ISA

    315:

    1) Verificar se as reconciliaes bancrias esto a ser feitas

    tempestivamente;

    2) Verificar se as vendas esto a ser feitas de acordo com as polticas

    aprovadas; e

    3) Verificar se o departamento jurdico supervisiona o cumprimento das

    polticas relativas a prticas ticas ou negociais.

    1.4 Controlo Interno Vs Auditoria Interna

    Segundo Stamp e Moonitz (1978 apud Costa 2010: 50), apresentam a seguinte

    definio de auditoria

    um exame independente, objetivo e competente de um conjunto de

    demonstraes financeiras de uma entidade, juntamente com toda a prova de

    suporte necessria, sendo conduzida com a inteno de expressar uma opinio

    informada e fidedigna, atravs de um relatrio escrito, sobre se as

    18 Traduo livre do autor: Monitoring, the last component of internal control, is a process that assesses

    the quality of the internal control over time. It is important to monitor internal control to determine whether

    it is operating as intended and whether any modifications are necessary. Monitoring can be achieved by

    performing ongoing activities or by separate evaluations. Ongoing monitoring activities include regularly

    performed supervisory and management activities, such as continuous monitoring of customer complaints,

    or reviewing the reasonableness of management reports. Separate evaluations are monitoring activities that

    are performed on a nonroutine basis, such as periodic audits by the internal auditors.

  • 21

    demonstraes financeiras apresentam apropriadamente a posio financeira

    e o progresso da entidade, de acordo com normas de contabilidade geralmente

    aceites. O objetivo da opinio do perito independente, a qual deve ser expressa

    em termos positivos ou negativos, emprestar credibilidade s demonstraes

    financeiras (cuja responsabilidade pela sua preparao cabe ao rgo de

    gesto).

    Para IFAC, (2009 apud Costa 2010: 51) o objetivo de uma auditoria

    aumentar o grau de confiana dos utilizadores interessados nas demonstraes

    financeiras.

    Outra forma de expor a auditoria interna apresentada por Maral e Marques

    (2011: 69) como A atividade de auditoria interna, consiste em fornecer anlises, apreciaes,

    recomendaes, sugestes e informaes, relativas s atividades examinadas, incluindo a promoo de um

    controlo eficaz a custo razovel.

    Whittington e Pany (2001: 776) descrevem as funes desempenhadas pelos

    auditores internos de uma organizao como

    O objetivo dos auditores internos o de assistir os membros de uma

    organizao no cumprimento eficaz das suas responsabilidades, fornecendo-

    lhes anlises, avaliaes, recomendaes e conselhos. No exerccio das suas

    funes, os auditores internos podem pensar que fazem parte da organizao

    do controlo interno. Eles pertencem a um nvel superior de controlo, que

    funciona atravs da medio e avaliao da eficcia de outros controles.19.

    Por seu turno, Maral e Marques (2011) consideram que os auditores internos

    tm por misso revelar as fraquezas das organizaes, determinar as causas que provocam

    essas debilidades e avaliar as consequncias que possam advir dessa falta de solidez.

    Outro dos aspetos referidos o de oferecer solues para as fragilidades detetadas, de

    modo a que os responsveis possam tomar a deciso mais adequada.

    Deste modo, Morais e Martins (2013) consideram que a auditoria interna um

    processo efetuado pelos quadros internos de uma organizao, organizados sob a gide

    da autoridade mxima da organizao e reportando diretamente a este rgo.

    19 Traduo livre efetuada pelo autor The objective of the internal auditor is to assist members of an

    organization in the effective discharge of their responsibilities by furnishing them analyses, appraisals,

    recommendations, and counsel. In performing these functions, internal auditors can be thought of as a part

    of the organizations internal control. They represent a high-level control that functions by measuring and

    evaluating the effectiveness of other controls.

  • 22

    Conforme pode ser verificado pelas definies apresentadas para o CI, existe um

    conjunto de crculos comuns entre o CI e a auditoria interna, destacando-se

    essencialmente as seguintes diferenas:

    A auditoria interna uma atividade de consultadoria enquanto o CI verifica

    os procedimentos;

    A auditoria interna interpreta, avalia e efetua recomendaes sobre o

    objeto da sua ao, enquanto o CI se limita a verificar e validar dados, processos, planos,

    procedimentos, leis e regulamentos;

    A auditoria interna utiliza como fonte de informao os dados provenientes

    do CI e avalia e controla os processos e procedimentos do CI.

    Deste modo, podemos inferir que o processo de auditoria interna um processo

    mais lato que o CI, introduzindo fatores como a avaliao, interpretao e recomendao

    de aes ao rgo mximo da organizao.

  • 23

    2 Sistema de Controlo Interno

    Relativamente ao termo Sistema de Controlo Interno tem que se comear por

    referir, que na literatura, os termos CI e SCI so usados de forma indiscriminada, sendo a

    diferenciao do seu uso efetuada pelo contexto da utilizao, ou seja, quando se fala em

    aes concretas o termo e significado utilizado o CI, e quando se refere a um conjunto

    de aes concebidas como um todo, o termo e significado o SCI.

    De referir ainda sobre este tema, que o IFAC para um melhor esclarecimento da

    utilizao destes termos, estabelece em (IFAC, 2012: Appendix A) que o temo CI pode

    ter vrios significados, tais como, SCI.

    O Tribunal de Contas define um Sistema de forma geral como:

    Conjunto dos elementos da entidade, ligados entre si, para alcanar um

    objetivo. Um sistema inclui as informaes recebidas, as operaes

    realizadas, os recursos utilizados para a execuo dessas operaes, os

    resultados, bem como os seus efeitos sobre o exterior. Por outro lado, inclui a

    organizao que orienta todos os elementos para garantir os resultados

    previstos. (Tribunal de Contas, 1999: Anexo I ponto 125)

    Por sua vez, o Banco de Portugal atravs do seu Aviso n. 5/2008, de 25 de junho,

    define no seu artigo 2. o SCI como o conjunto das estratgias, sistemas, processos,

    polticas e procedimentos definidos pelo rgo de administrao, bem como das aes

    empreendidas por este rgo e pelos restantes colaboradores da instituio.

    No regime jurdico portugus, o SCI enquadrado pelo Decreto-Lei n. 166/98,

    de 25 de junho, que define no seu prembulo o SCI como: um modelo articulado,

    integrado e coerente, estruturado em trs nveis, com definio das entidades

    responsveis e dos princpios fundamentais de atuao, que habilitem a uma melhor

    coordenao e utilizao dos recursos afetos funo controlo, ou seja, este diploma

    no s define o SCI como estabelece a sua estrutura para o Estado portugus.

    Face ao exposto, no presente trabalho de investigao, entende-se como SCI o

    conjunto de aes do CI realizadas de forma agregada e estruturada entre si, sobre os

    processos, procedimentos e polticas de uma organizao, realizadas nas organizaes

    pelos seus dirigentes e colaboradores, por forma a garantirem uma maior fiabilidade,

    adequabilidade e conformidade das aes, melhorando e garantindo a informao e a sua

    prestao.

  • 24

    2.1 Caractersticas e requisitos de um Sistema de Controlo Interno

    O SCI caracterizado por um conjunto de aspetos que lhe do corpo e de acordo

    com (Tribunal de Contas, 1999) e (Maral e Marques, 2011), so cinco as principais

    caractersticas de um SCI, a saber: a segregao de funes; definio de autoridade e

    responsabilidade; controlo das operaes; competncia do pessoal; e registo dos factos.

    A segregao de funes enquanto medida de controlo

    baseia-se na separao de funes incompatveis entre si. Tendo assim

    como finalidade, evitar que sejam atribudas mesma pessoa duas ou mais

    funes concomitantes com o objetivo de impedir ou pelo menos dificultar a

    prtica de erros, irregularidades ou a sua simulao (Maral e Marques,

    2011: 15).

    A segregao de funes cruza-se com outra das caractersticas do SCI tambm

    mencionadas, a definio de responsabilidades, ou seja, com a segregao de funes

    pretende-se que uma pessoa seja responsvel pela execuo de uma operao, operao

    essa que dever estar identificada nos fluxogramas de atividades da organizao e no

    manual de procedimentos, no se correndo assim o risco de mais de uma pessoa intervir

    na mesma fase do processo, impossibilitando, caso seja necessrio, o apurar de

    responsabilidades.

    Como exemplo, no procedimento do ciclo de despesa, a pessoa que efetua os

    registos do processo da despesa, cabimento e compromisso, no deve ser a mesma que

    autoriza a despesa.

    A definio de autoridade e delegao de responsabilidades dentro de uma

    empresa tem como objetivo fixar e limitar dentro do possvel, as funes de todo o

    pessoal (Costa, 2010: 226), sendo que a definio de autoridade e responsabilidade

    deve estar gizada num plano, identificando a autoridade funcional de cada elemento e

    atribuindo a responsabilidade inerente a cada funo, (Maral e Marques, 2011). Com

    efeito, para um SCI no basta somente identificar a autoridade e responsabilidade, a

    mesma deve estar vertida num plano para que possa ser conhecida por todos, e verificada

    e controlada por quem possuir essa responsabilidade.

    (Maral e Marques, 2011: 15) definem o controlo das operaes como

    consistindo na verificao ou conferncia das operaes, a qual por obedincia ao

    princpio da segregao de funes (), deve ser efetuado por pessoa diferente das que

    intervieram na sua realizao ou registo.

  • 25

    Outra das caractersticas referidas em (Maral e Marques, 2011) diz respeito s

    habilitaes e competncias tcnicas necessrias para o desempenho da das aes do CI,

    acrescentando-se que para o desempenho das referidas funes necessrio tambm um

    profissional que tenha qualificaes, experincia e um determinado perfil.

    O desempenho das aes do CI normalmente no bem aceite pelos colegas,

    gerando por vezes momentos de tenso e conflito. Para obstar a esta situao necessrio

    um profissional que desempenhe a funo com rigor, honestidade, integridade, pouco

    influencivel e com personalidade forte, revelando tambm um esprito didata na proposta

    de correo das anomalias detetadas e no um percursor de qualquer tentativa de ao

    incriminatria.

    Todas as caractersticas enumeradas at ao momento so essenciais ao SCI mas

    no se pode deixar de referir que em todos os momentos necessrio verificar o registo

    dos factos. A aplicao deste princpio relaciona-se com a forma como as operaes

    so relevadas na contabilidade que deve ter em conta a observncia das regras

    contabilsticas aplicveis e os comprovantes ou documentos justificativos (Tribunal de

    Contas, 1999: 50).

    Acrescenta-se ainda Tambm se destina a assegurar uma conveniente verificao da

    ligao entre os diferentes servios, a acelerar o processo de registo das operaes e a fornecer com

    rapidez, preciso e clareza aos responsveis os elementos informativos de que carecem no exerccio da

    sua atividade gestora. (Tribunal de Contas, 1999: 50).

    Consubstanciando estas caractersticas, (Maral e Marques, 2011) consideram

    essencial que o SCI possua requisitos para dar corpo ao sistema. (Morais e Martins, 2013:

    31) apresentam nove requisitos que influenciam o SCI, que so:

    1) Objetivos e planos bem definidos, seguindo a filosofia de gesto;

    2) Estrutura organizativa slida (existindo adequada segregao de fun-

    es), facilitando o fluxo da informao, com estrutura orgnica adequada para um

    controlo efetivo;

    3) Procedimentos efetivos e documentados: controlo das operaes dirias e

    forma de assumir riscos, bem como, reao a falhas de controlo ou fraudes;

    4) Sistemas de autorizao e registo, definindo os limites de autoridade e

    responsabilidades associadas ao controlo e estabelecendo nveis de relatrios;

    5) Compromisso de qualidade e competncia, efetuando recrutamento com

    base na competncia e honestidade, definindo adequadamente as tarefas, formao e

    superviso;

  • 26

    6) rgo de superviso e vigilncias que oriente e questione os responsveis

    pelos planos e performance;

    7) Integridade e divulgao de valores ticos, penalizando comportamentos

    indevidos, aps a adequada divulgao do cdigo de conduta, e reao a

    comportamentos antiticos;

    8) Incentivos e tentaes, incluindo metas realsticas e incentivadoras, bem

    como presses para atuaes menos corretas ou comportamentos desonestos;

    9) Polticas e prticas do pessoal, incluindo planos de sucesso, avaliaes

    formais e poltica de remuneraes associada ao processo de avaliao.

    Perante os requisitos supramencionados para dar corpo ao SCI, refere-se ainda

    alguns dos preconizados em Maral e Marques (2011: 16):

    Uma boa segregao de funes, implica separao de funes

    incompatveis entre si;

    Rotao de funcionrios, reduz a oportunidade de fraudes, eros de forma,

    e ainda possibilita o surgimento de novas ideias de trabalho, eliminando a rotina;

    Registo metdico dos factos, o registo das operaes deve observar as

    regras aplicveis e basear-se em documentao adequada e fidedigna.

    Em (Tribunal de Contas, 1999) acrescenta-se ainda que deve ser proporcionada

    formao permanente aos colaboradores, podendo este requisito ser diretamente

    relacionado com o Princpio da Definio de Autoridade e Responsabilidade, visto que,

    se um funcionrio no tem a formao adequada com as funes e responsabilidades que

    lhe esto investidas, dificilmente pode ser responsabilizado pelos atos praticados com a

    autoridade que lhe foi conferida.

    2.2 Conceo de um Sistema de Controlo Interno

    Para a conceo de um sistema de controlo devem ser tidas em conta as diversas

    possibilidades de combinaes das atividades de controlo apresentadas anteriormente que

    possam atingir da melhor forma os objetivos do SCI. Para esse efeito, no necessrio

    utilizar obrigatoriamente todas as combinaes possveis, devendo sempre ter-se em

    perspetiva a relao custo/benefcio do controlo que se est a efetuar.

    Por vezes, a execuo de determinada verificao implica custos de tal ordem

    elevados em relao ao aumento do controlo obtido, que para a organizao prefervel

    no o efetuar. Este limite, entre o que aceitvel e desejvel e o que se torna excessivo,

    deve ser definido pelos rgos de diretivos das organizaes

  • 27

    Na conceo de um SCI o conhecimento da atividade da organizao essencial,

    bem como a capacidade de adaptao das atividades de controlo s aes especficas

    desempenhadas dentro das organizaes, quer pelos seus colaboradores, quer

    possivelmente pelo recurso prestao de servios externos que a entidade possa recorrer,

    e que devem tambm ser controlados.

    Um dos objetivos a ter em conta a abrangncia da implementao a toda a

    organizao do SCI, pretendendo-se que o mesmo envolva todas as atividades e tarefas

    de uma organizao e no se restrinja somente s atividades contabilsticas ou s

    atividades administrativas, mas tambm verificao da boa gesto.

    Outro dos fatores importantes para delinear a conceo do SCI que se quer

    implementar, o conhecimento dos fatores crticos de sucesso para a organizao segundo

    (Emmanuel et al., 1990). Ao conhecer estes fatores, o modelo pode delinear um sistema

    de controlo assente em diversas prioridades e aes, tendo em conta a importncia que

    cada atividade a ser controlada representa na orgnica da organizao.

    Deste modo, pretende-se que o sistema de controlo se debruce de uma maneira

    especial sobre os fatores crticos de sucesso da organizao, para poder garantir assim

    com maior preciso a concretizao dos objetivos a que a organizao se prope.

    Para (Emmanuel et al., 1990), o primeiro passo da conceo de um sistema de

    controlo a identificao de que existe um problema, ou seja, para o CI necessrio a

    identificao dos riscos de insucesso das aes para posteriormente delinear a estratgia

    de controlo.

    A mensurao deve ser um dos fatores a incluir na conceo do sistema, tendo

    em conta a maior facilidade com que se pode mensurar os resultados da contabilidade

    oramental ou patrimonial, devem ser criados indicadores de mensurao pela

    organizao noutras reas, tais como medio dos tempos de execuo, mensurao do

    nmero de processos executados, etc..

    Neste aspeto, o modelo preconizado deve, segundo (Emmanuel et al., 1990)

    definir a dimenso dos resultados e