síntese do consílio dos deuses

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Português – 9º Ano VOC COMUNIC’ARTE Síntese do Episódio do Consílio dos Deuses Início da Viagem Seguindo o modelo clássico, a ação inicia-se in medias res, uma vez que as naus se encontram já no Canal de Mo- çambique, a meio da viagem marítima. A primeira parte da viagem, desde a partida de Lisboa, será relatada depois por Vasco da Gama, por meio de uma analepse (relato de acontecimentos ocorridos anteriormente). O Consílio dos Deuses (divide-se em 10 partes): 1ª parte: convocação do consílio Imediatamente após o início do plano da viagem, surge o plano mitológico, dando ao leitor a ideia de que estes dois planos funcionarão paralelamente ao longo de toda a obra, constituindo a ação central d'Os Lusíadas. O consílio é convocado por Júpiter, pai dos deuses, por intermédio de Mercúrio. Respondem a esta chamada deuses de todos os lados. Esta reunião tem como objetivo decidir «Sobre as cousas futuras do Oriente», ou seja, os deuses terão de decidir sobre o futuro dos portugueses, nomeadamente se estes chegarão à Índia, vencendo os mares «nunca de antes navegados». 2ª parte: descrição de Júpiter A reunião tem lugar no Olimpo. Os deuses sentam-se por ordem de importância, tendo Júpiter um lugar de destaque. O pai dos deuses é apresentado, através de um processo de caracterização direta, como um deus superior (o que é realçado pelos adjetivos «soberano» e «alto», que se encontra envolto numa áurea divina. O poder que se associa a essa figura é também marcado pelo facto de ser aquele que «vibra os feros raios de Vulcano» e pelos símbolos que a ele se associam: a coroa, o cetro e o próprio «assento de estrelas cristalino». Os deuses que se encontram na reunião sentam-se mais abaixo de Júpiter. A organização do espaço corresponde à hierarquia dos deuses: «(precedem os antigos, mais honrados, / Mais abaixo os menores se assentavam)». 3ª parte: discurso de Júpiter Júpiter faz um discurso de abertura do consílio. É importante verificar que esta intervenção é apresentada por meio de discurso direto, o que sinaliza a importância do que vai ser dito. O discurso de Júpiter divide-se em vários momentos, que se relacionam com o passado, o presente e o futuro dos portugueses, e tem como objetivo central convencer os deuses de que a decisão de ajudar os nautas (navegadores portugueses) é a única possível e a mais justa. Os mo- mentos do discurso de Júpiter são os seguintes: 1°momento: dirigindo-se aos deuses, Júpiter recorda-lhes que os Fados (o destino) já decidiram que os portugueses teriam êxito na sua missão. 2º momento: Júpiter recorda o passado glorioso dos portugueses, que venceram os mouros e castelhanos. Neste momento do seu discurso, o pai dos deuses prova sobretudo que os portugueses são um povo de heróis desde as suas origens. 3º momento: centrando-se no presente, Júpiter refere-se à viagem que os portugueses fazem no momento, repetindo a ideia da fragilidade do homem face aos elementos da natureza. Porém, esta fragilidade humana contrasta com a coragem que caracteriza o povo português, que não teme as adversidades dos ventos contrários, o que faz dele um herói capaz do que nunca foi feito. 4° momento: Júpiter apresenta a primeira profecia do poema, quando refere que o «Fado eterno» determinou que os portugueses tivessem o domínio do Oriente. Ora, como, segundo a crença, os Fados são mais poderosos do que os próprios deuses, era certo que os portugueses chegariam à Índia, onde exerceriam o seu domínio. 5º momento: atendendo a todos os aspetos gloriosos associados aos portugueses, Júpiter decide que os nautas deverão ser ajudados e reabastecidos para, de seguida, concluírem a viagem até à Índia.

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Page 1: Síntese do consílio dos deuses

Português – 9º Ano VOC COMUNIC’ARTE

Síntese do Episódio do Consílio dos Deuses

Início da Viagem

Seguindo o modelo clássico, a ação inicia-se in medias res, uma vez que as naus se encontram já no Canal de Mo-

çambique, a meio da viagem marítima.

A pr i mei ra parte da viagem, desde a partida de Lisboa, será relatada depois por Vasco da Gama, por meio de uma

analepse (relato de acontecimentos ocorridos anteriormente). O Consílio dos Deuses (divide-se em 10 partes):

1ª parte: convocação do consílio

Imediatamente após o início do plano da viagem, surge o plano mitológico, dando ao leitor a ideia de que estes

dois planos funcionarão paralelamente ao longo de toda a obra , constituindo a ação central d'Os Lusíadas.

O consíl io é convocado por Júpiter, pai dos deuses, por intermédio de Mercúrio. Respondem a esta chamada deuses

de todos os lados. Esta reunião tem como objetivo decidir «Sobre as cousas futuras do Oriente», ou seja, os deuses

terão de decidir sobre o futuro dos portugueses, nomeadamente se estes chegarão à Índia, vencendo os mares

«nunca de antes navegados».

2ª parte: descrição de Júpiter

A reunião tem lugar no Olimpo. Os deuses sentam-se por ordem de importância, tendo Júpiter um lugar de

destaque. O pai dos deuses é apresentado, através de um processo de caracterização direta, como um deus superior (o

que é realçado pelos adjetivos «soberano» e «alto», que se encontra envolto numa áurea divina. O poder que se

associa a essa figura é também marcado pelo facto de ser aquele que «vibra os feros raios de Vulcano» e pelos

símbolos que a ele se associam: a coroa, o cetro e o próprio «assento de estrelas cristalino». Os deuses que se

encontram na reunião sentam-se mais abaixo de Júpiter. A organização do espaço corresponde à hierarquia dos

deuses: «(precedem os antigos, mais honrados, / Mai s abaixo os menores se assentavam)».

3ª parte: discurso de Júpiter

Júpiter faz um discurso de abertura do consíl io. É importante verificar que esta intervenção é apresentada por meio de

discurso direto, o que sinaliza a importância do que vai ser dito. O discurso de Júpiter divide-se em vários momentos,

que se relacionam com o passado, o presente e o futuro dos portugueses, e tem como objetivo central convencer os

deuses de que a decisão de ajudar os nautas (navegadores portugueses) é a única possível e a mais justa. Os mo-

mentos do discurso de Júpiter são os seguintes:

1°momento: dirigindo-se aos deuses, Júpiter recorda-lhes que os Fados (o destino) já decidiram que os

portugueses teriam êxito na sua missão.

2º momento: Júpiter recorda o passado glorioso dos portugueses, que venceram os mouros e castelhanos .

Neste momento do seu discurso, o pai dos deuses prova sobretudo que os portugueses são um povo de heróis

desde as suas origens.

3º momento: centrando-se no presente, Júpiter refere-se à viagem que os portugueses fazem no momento,

repetindo a ideia da fragil idade do homem face aos elementos da natureza. Porém, esta fragil idade humana

contrasta com a coragem que caracteriza o povo português, que não teme as adversidades dos ventos

contrários, o que faz dele um herói capaz do que nunca foi feito.

4° momento: Júpiter apresenta a primeira profecia do poema, quando refere que o «Fado eterno»

determinou que os portugueses tivessem o domínio do Oriente. Ora, como, segundo a crença, os Fados são

mais poderosos do que os próprios deuses, era certo que os portugueses chegariam à Índia, onde exerceriam

o seu domínio.

5º momento: atendendo a todos os aspetos gloriosos associados aos portugueses, Júpiter decide que os

nautas deverão ser ajudados e reabastecidos para, de seguida, concluírem a viagem até à Índia.

Page 2: Síntese do consílio dos deuses

4ª parte: reações ao discurso de Júpiter

Apresenta-se uma introdução às diversas reações dos deuses às palavras de Júpiter. Estes vão dividir-se em dois

grandes grupos: aqueles que concordam com Júpiter e aqueles que discordam da decisão do pai dos deuses.

5ª parte: intervenção de Baco

O primeiro a reagir é Baco, deus do vinho, com grande importância na Índia, mostrando-se desfavorável à decisão

tomada. Baco, que dominava o Oriente, sabia que, se os portugueses lá chegassem, tomariam conta do seu território.

Pa ra além disso, temia deixar de ser adorado, pois face à glória dos portugueses, seria esquecido. No fundo, Baco

receava o esquecimento que o levaria a perder a sua condição de deus.

6ª parte: intervenção de Vénus

Vénus, por sua vez, coloca-se do lado de Júpiter, a favor dos portugueses. São três as razões que levam a deusa do

amor a adotar esta posição:

os portugueses têm qualidades semelhantes às do povo de Vénus, os romanos, em particular no espírito

guerreiro;

a língua que falam é semelhante ao latim, a l íngua dos romanos;

os portugueses celebrarão a deusa por onde passarem, pois são devotos do Amor.

7ª parte: consequências das intervenções de Baco e de Vénus

A exposição das ideias por parte de Vénus e de Baco provoca grande agitação entre os deuses, que começam a tomar

partido. A violência da discussão provoca grande confusão no Olimpo.

8ª parte: descrição de Marte

Marte, deus da guerra, interrompe a discussão que estava a ter lugar no Olimpo, to mando partido por Vénus, por

razões que não ficam totalmente esclarecidas: ele achava que os portugueses, por serem um povo guerreiro,

mereciam ajuda, mas havia, também, uma antiga paixão por Vénus que o fazia estar ao lado dela.

Esta figura é descrita fisicamente como um guerreiro, pois traz consigo um escudo e um bastão. A sua atitude impõe

respeito, pois o deus apresenta-se «medonho e irado», «armado, forte e duro».

O discurso do deus é antecedido de uma «pancada penetrante», dada com o seu bastão, que termina a confusão que

se vivia no Olimpo. Toda a descrição que é feita de Marte aponta para um deus associado à força, à coragem e à

determinação.

9ª parte: intervenção de Marte

Marte dirige-se a Júpiter, recorda-lhe o valor dos portugueses e pede-lhe que não tenha em atenção os argumentos

«de quem parece que é suspeito», referindo-se a Baco e às suas razões egoístas.

Refere ainda que, se Baco não fosse interesseiro, deveria proteger os portugueses, uma vez que estes são

descendentes de Luso, fundador mitológico da Lusitânia e suposto companheiro ou fi lho do próprio Baco. Todavia,

acrescenta que Baco não pode proteger os portugueses porque tem mau feitio e está cheio de inveja da glória e das

conquistas do povo português. Finalmente, Marte diz a Júpiter que este não pode voltar atrás na decisão de ajudar

os portugueses, pois palavra de Rei não volta atrás.

10ª parte: decisão final de Júpiter

Júpiter encerra o consíl io dos deuses. Aceitando os argumentos de Marte e mantém a sua decisão de proteger os

portugueses na costa africana. O episódio termina com um banquete, seguido da partida dos deuses para os seus

aposentos.

Page 3: Síntese do consílio dos deuses

Português – 9º Ano VOC COMUNIC’ARTE

Teste de compreensão da leitura – Consílio dos Deuses

Nome _________________________ nº ________ Avaliação _______________________ Prof. _________________

1. Explica o que significa a expressão in medias res. ________________________________________________

________________________________________________________________________________________

2. Quem foi chamar todos os deuses para o Consílio? ______________________________________________

______________________________________________________________________ __________________

3. Que deus presidiu ao Consílio? _______________________________________________________________

4. Qual era o objetivo do Consílio? ______________________________________________________________

____________________________________________ ____________________________________________

5. Qual a ordem pela qual se sentam os deuses no Olimpo? _________________________________________

________________________________________________________________________________________

6. Qual é a decisão que Júpiter já tinha tomado antes da reunião? ____________________________________

________________________________________________________________________________________

7. Diz qual é o motivo pelo qual Baco está contra a decisão de Júpiter. __________________ _______________

________________________________________________________________________________________

8. Apresenta três razões para Vénus estar a favor dos portugueses. ___________________________________

________________________________________________________________________________________

9. Após grande discussão, que deus põe ordem na reunião? _________________________________________

________________________________________________________________________________________

10. Transcreve os dois motivos pelos quais Marte está de acordo com Vénus. ____________________________

________________________________________________________________________________________

11. Que conselho dá Marte a Júpiter? ____________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

12. Como termina o Consílio? ___________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________