enigma dos deuses

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ENIGMA DOS DEUSES 9º ANO A - 2013

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Livro realizado pelos alunos do 9º A - Colégio POLIEDRO - São José dos Campos - SP. Tal obra foi criada nas Oficinas de Texto criadas pelo Professor Sérgio R. L. Fascina - 2013.

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ENIGMA DOS DEUSES

9º ANO A - 2013

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© Todos os direitos reservados. Proibida a cópia total ou parcial desta obra.

Projeto desenvolvido na disciplina de Língua Portuguesa, pelos professores Sérgio Ricardo Lopes Fascina e Darci de Souza Baptista durante o primeiro semestre letivo do ano de 2013.

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Feira do Livro 2013Oficina de Textos - Projeto Livro da Turma

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Dedicamos esta obra aos escritores de todos os tempos,

os quais nos trouxeram seus mundos,

suas inspirações,

seus medos,

suas verdades e suas mentiras,

suas certezas e suas incertezas,

a fim de que pudéssemos, nas incertezas da vida,

ter a certeza de que

podemos criar!

Podemos mais!

DEDICATÓRIA 9º ANO A

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Para Regina Mendonça, Mônica Kühne e Paula Lopes, que me inspiraram a escrever

Mariana Lopes

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O F I C I N A D E T E X T O S - F E I R A D O L I V R O 2 013 - P O L I E D R O - S J C

Escritos nas areias do tempo

Ilustração - homenagem

à imagem de

Padre José de Anchieta

Pegadas, desenhos, areia... Um escritor. Um ser humano que es-creve, que cria. O mar que apaga. O tempo que nunca se esgota... o tempo que perpetua... Escrevemos nossas histórias em areias de praias diferentes, apagadas pelo mar de novas vivências, mas nunca esquecidas pelas areias que se movimentam na ampulheta do tem-po. Tempo no qual vivemos e no qual escrevemos nossos dias no pa-pel que nos cabe no mundo. Areias que acolhem nossas ideias, nos-sas escritas e que formam, mesmo que em minúsculas partes, uma vastidão de uma praia sem fim. Pequenos grãos, pequenas ideias, união. Imensidão. Realização. (...)

Desde que iniciei meu primeiro projeto de Oficina de Pensamen-tos, em 2001, ainda na cidade de Curitiba-PR, com uma turma de pequenos alunos que, hoje, são grandes homens e grandes mulhe-res e os quais são motivo de orgulho, nunca imaginei que tomasse tal tamanho e tal forma. Atualmente, com a Oficina de Textos, doze anos depois, aqui está a prova física a qual é a união de grãos de ideias de 242 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental - Colégio

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POLIEDRO - São José dos Campos - SP, formando 7 livros de pró-pria autoria e mostrando que é possível ir além do horizonte além mar.

Nos capítulos, palavras apagadas e reescritas com as borrachas das ondas das vontades de melhorar... Nas ilustrações, pérolas mol-dadas pelos ventos da criatividade, acompanhadas pelas asas inquie-tantes dos novos pássaros que me visitam, convivem e alçam voos para novos continentes, para suas próprias vidas.

Vagas de pensamentos que vêm de longe e que vão ao longe, le-vando o aroma de um oceano de escritas, de leituras e de momentos. Oceano de possibilidades, de conquistas. Imensidão de agradecimen-to a todos vocês, pássaros.

Voem! Subam! Levem consigo cada grão que lhes pertenceu, for-mando, nas areias do tempo, marcas de quem foram, de quem são e de quem sempre serão. Criadores de si mesmos!

Prof. Sérgio Ricardo Lopes Fascina

Língua Portuguesa - 9º ano - POLIEDRO 2013.

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Da criação e outros fascínios

Posso contar-lhes uma pequena história? Aconteceu alguns anos atrás, quando eu lecionava Produção de Texto para uma turma da an-tiga “5ª série” (sentimos que estamos, de fato, envelhecendo, quando palavras e expressões com as quais nos acostumamos a vida inteira co-meçam, de repente, a provocar espanto nos mais jovens: “Nossa, ele ainda fala em 5ª série!” Nem vou começar a falar da vez em que um aluno do ensino médio comemorava, entre os colegas, o fato de ter ga-nhado uma moto dos pais como presente por seus dezoito anos re-cém-completados e cometi a sandice de perguntar-lhe: “Mas é moto mesmo ou é uma vespa?” Trinta e poucos rostos olharam para mim, mudos, à espera que eu confessasse, afinal, se provinha de Marte ou Saturno).

Mas são digressões e eu volto à pequena história. Eram meninos e meninas em torno dos onze anos de idade, habituados ao universo macio e aconchegante do chamado curso primário, ou ciclo básico do ensino fundamental, ou seja lá como queiram chamá-lo. E viam-se abruptamente perdidos numa floresta de mais de dez professores de diferentes disciplinas, que iam sucedendo-se no horário das aulas na velocidade da porta giratória de um hotel. Tinham dúvidas sobre

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tudo, naturalmente: desde a cor da caneta com a qual escreveriam o título de suas redações até se poderiam usar o mesmo nome do seu ca-chorrinho para dar nome ao cachorrinho do menino muito triste e muito sozinho que ia todo dia à escola e não sabia fazer redação e por isso ficava de recuperação todo ano, pobrezinho. Apesar das dúvidas, contudo, escreviam.

Menos um aluno. Que se recusava a escrever uma linha que fosse. Ou até o fazia, porém não ia muito mais longe do que isso. Ou, se fos-se mais longe, nunca chegava a lugares muito agradáveis. Odiava a ati-vidade da escrita como um condenado à prisão perpétua deve odiar o calendário. Tentei as abordagens mais diversas: permiti que ele come-çasse desenhando, antes de rascunhar o texto, pois talvez o apelo à imagem acionasse dentro dele a vontade de contar uma história. Mas ele desenhou coisas impublicáveis. Decidi, então, que ele poderia cri-ar seu texto oralmente, narrando para mim e os colegas as aventuras de suas personagens. Mas ele jogava os braços para trás do corpo, en-quanto permanecia lá em pé, diante da turma, e olhava para o chão, o teto, a parede do fundo, não necessariamente nessa ordem, até final-mente dizer que “lhe tinha dado um branco daqueles”.

Acuado por minha própria inexperiência ao lidar com uma situa-ção até então inédita para mim, comecei a angustiar-me com a falta de perspectivas para o caso. Eu estava diante não só da iminência de um fracasso escolar, como também de uma novidade, pois era absolu-tamente novo para mim que um aluno não só acumulasse seguidas no-tas zero, mas sobretudo que fosse indiferente por completo ao próprio desempenho. Faço questão de destacar, por outro lado, que seu fracas-so era relativo, já que obtinha resultados satisfatórios com outros pro-fessores. Reavaliei meu trabalho várias vezes naquele período, já dis-posto a admitir que a falha maior era minha. A verdade que se esboça-

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va, cada vez mais nítida, é que eu simplesmente não fora capaz de dar significado, na vida daquela criança, à tarefa de produzir um texto.

Foi então que algo inesperado aconteceu. Certo dia, uma das coor-denadoras do colégio onde trabalhava me chamou para conversar, an-tes da primeira aula. Contou-me sobre o drama que se iniciara recen-temente na família do garoto. O avô materno, a quem era muito liga-do, encontrava-se hospitalizado, em estado crítico. Não me ocorre ago-ra qual era a moléstia, mas certamente havia uma ameaça de contami-nação e a ordem da equipe médica foi proibir com veemência a visita de menores, cujo sistema imunológico ainda é vulnerável. O resulta-do, portanto, é que o meu aluno problemático estava impedido de aproximar-se de seu familiar mais querido. Foi fácil constatar que esse era o sentimento que os unia, pois ele só comparecera à escola por insistência dos pais e, uma vez obrigado a entrar na sala de aula, instalou-se na última carteira, meio que escondido atrás de um armá-rio. A cabeça mergulhada nos braços cruzados.

Enquanto os colegas trabalhavam em pequenos grupos com a ati-vidade do dia, fui até ele. Conversamos o mais discretamente possível. Ele contou-me que implorara a seus pais que o deixassem faltar à aula para poder acompanhá-los até o hospital, mas eles haviam sido irredu-tíveis e argumentaram que, na escola, pelo menos teria com o que se distrair. Mas ele era, naquele momento, todo feito de sofrimento. Es-crever seria a última coisa no mundo que estaria inclinado a fazer, e ainda assim foi o que lhe pedi que fizesse. Foi uma intuição. Se ele não podia entrar no quarto de hospital onde estava seu avô, o que ele escrevesse, sim, poderia.

Então ele começou com um bilhete, não mais extenso do que cin-co linhas. Usou palavras previsíveis, como “saudade”, “esperando” e “de volta”. Sugeri-lhe pedir a sua mãe que fosse a portadora da mensa-gem. No dia seguinte, narrou-me, visivelmente mais animado, que ela

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conseguira ficar com o avô por alguns minutos, tempo suficiente para ler as palavras do neto. Apesar de inconsciente sobre a cama, de algu-ma forma o garoto acreditava que seu avô as ouvira. Então, como quem não quer nada, perguntei-lhe como seria se, em vez de um mero bilhete, sua mãe levasse uma carta. Seus olhos iluminaram-se com a fagulha de uma ideia: queria contar ao velho amigo que fora seleciona-do para a equipe de futebol do colégio, e até competiriam com outras escolas. O pai não gostava de jogar bola; o avô é que lhe ensinara as re-gras do esporte, a história dos grandes times e, acima de tudo, ensina-ra a amar aquelas linhas brancas pintadas sobre o gramado.

Com o passar dos anos, fomos perdendo contato, o que é um pou-co o resumo da vida de todos nós. Lembro-me, entretanto, de que mui-tas cartas foram redigidas naquele ano e endereçadas àquele quarto hospitalar. E aumentaram em extensão e qualidade depois que o avô do menino recuperou a consciência e pôde ele próprio ler cada uma delas. Seu neto, aliás, estava convencido de que nelas estava o segredo da cura. Não sei se essa cura foi definitiva ou apenas uma ilusão à qual nos agarramos quando desejamos desesperadamente que um ser amado sobreviva. Como disse, perdemos contato. Todavia, meu cora-ção aquieta-se quando me lembro do essencial, em toda essa história – e o essencial é que as palavras escritas, para aquele meu aluno que se tornou tão especial, passaram a ter peso, sabor, cheiro, brilho, ca-lor, saudade. Passaram a significar.

Quando meu colega de área, Professor Sérgio Fascina, me propôs o trabalho de criação coletiva de uma obra de ficção, integrada ao nos-so projeto anual de Língua Portuguesa para o 9º ano, aceitei imediata-mente porque reconheci nessa ideia o objetivo maior da Produção de Texto no contexto escolar. O objetivo que transcende a aquisição de re-gras e exceções gramaticais, o domínio das técnicas de cada modalida-de redacional e a ampliação do vocabulário, embora todos esses ele-

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mentos contribuam para a competência linguística de nossos alunos. Nada se compara, no entanto, ao fascínio da criação: essa maravilho-sa possibilidade de gerar outros mundos e viver outras vidas, uma via-gem que se inicia no olhar com que contemplamos nosso próprio mun-do e nossas vidas mesmas.

Prof. Darci de Souza Baptista Língua Portuguesa - 9º ano - POLIEDRO 2013.

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CAPÍTULOS

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CAPÍTULO 1 - A JORNADA

CAPÍTULO 2 - O PRIMEIRO DESAFIO

CAPÍTULO 3 - PROTEGENDO O ENIGMA

CAPÍTULO 4 - O ENCONTRO

CAPÍTULO 5 - A CHAVE

CAPÍTULO 6 - PEDRAS, PEIXES, SANGUE

CAPÍTULO 7 - SOB OS OLHOS DE ZEUS

CAPÍTULO 8 - MORTE E FÚRIA

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AUTORESCAPÍTULO 1 - Felipe Faveret, Filipe Padilha, Marcelo de Moura, Rafael Pacheco, Suyong Ahn

CAPÍTULO 2 - Laís Guedes, Larissa Santos, Letícia Ferreira

CAPÍTULO 3 - André Garcia, Eduardo Factori, Pedro Oliveira

CAPÍTULO 4 - Ana Beatriz Truran, Clara de Freitas, Eduarda de Oliveira, Hee Jang, Kaua-ni Martins

CAPÍTULO 5 - Filipe Pereira, Gabriel de Aquino, João Marcelo Torquato, Lucas de Mello, Pedro Rodrigues

CAPÍTULO 6 - Gabriela Barone, Juliana Andrade e Silva, Matheus Parodi, Otto Queiroga, Paula Boura

CAPÍTULO 7 - Eduardo Santos, Isabela Ceccarelli, Laura Abrahão, Letícia Mello, Mariana Tavares, Marina Lopes

CAPÍTULO 8 - Enzo Amaral, João Pedro de Oliveira, Pedro de Souza

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Enfim, era mais um dia! Os pássaros planavam seguindo a bri-sa do mar Mediterrâneo, enquanto Agman, uma atraente mulher, de forte personalidade, bom temperamento e incrível beleza estava se le-vantando de seu leito ao som de pássaros. A linda figura vivia em uma pequena cidade, que mais parecia um vilarejo, com não mais do que 12 casas. Apesar de pequeno, era um lugar movimentado... o tempo

A JORNADA

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todo entravam e saíam vários comerciantes, já que era a principal pas-sagem para a capital, Atenas.

Todos os dias, ao se levantar, fazia uma caminhada pela vila e, quando voltava, preparava o almoço para ela e para seu pai, Yuan, he-rói de guerra e trabalhador, que trabalhava no campo. Adorava-o! A relação deles sempre foi boa, mesmo depois de a mãe ter morrido, uma senhora muito forte, entretanto seu coração não resistiu. Era um homem forte e alto, muito tranquilo e paciente, nunca se esquecia de seus deveres e sempre cumpria suas promessas. Como era costume da família, no fim da tarde, a filha do trabalhador ficava em casa, lendo, o que adorava fazer para depois contar estórias divertidas para seus amigos, que a admiravam.

Quando a noite chegou, ela deitou-se, olhando para o céu, cheio de estrelas brilhantes, ao mesmo tempo em que seus olhos pare-ciam diamantes, quando se lembrava das estórias sobre os astros, que sua carinhosa mãe contara quando era criança. No meio da madruga-da, teve um estranho sonho com seu pai sendo transformado em pás-saro e sendo amaldiçoado para nunca mais pousar. Depois de dormir um pouco, acordou na alvorada, suando frio e tremendo... logo deci-diu dar uma caminhada para tentar esquecer. Sabia que o pai estava comercializando produtos em uma cidadela, do outro lado de Atenas, mas, mesmo assim, tinha um mau pressentimento. Decidiu, então, voltar de sua caminhada para deitar-se e dormir novamente.

Ao despertar, preocupada com seu provedor, decidiu ler uma obra sobre deuses e sobre seus poderes. O texto dizia que era possível transformarem alguém em animal, contudo havia um motivo para tal ato, mas ela não conseguia se recordar de uma única vez que o pai fize-ra isso. Ele, muito religioso, sempre fazia as oferendas diárias e visita-va os templos. Ia ao santuário de Zeus, pois não queria que aconteces-se nada com sua família, visitava os de Deméter, para que sua colheita

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prosperasse, e ao de Hermes, com intuito de que seus negócios expan-dissem.

Talvez fosse apenas um sonho, todavia seus próprios sonhos mostrariam o contrário.

Naquele dia, sabia que estaria sozinha... o que a preocupava cada vez mais em relação a Yuan. Então, decidiu seguir sua rotina, ar-rumar a casa e depois sair em direção ao porto, lugar que amava por ser silencioso. Saindo de casa, viu uma gaivota no telhado de sua mo-rada, a qual era um pássaro comum de sua região, no entanto este fi-cou encarando-a até a dama grega seguir a rota em direção ao seu agradável refúgio. Ela tinha traumas de pássaros desde criança... Mes-mo assim, continuou... Aparentemente tranquila... O que não podia es-conder, talvez de si mesma, era, claro, uma expressão de temor em seu rosto, no entanto não deu tanta importância ao fato de a gaivota de seu sonho estar à sua frente. Estava aparentemente confiante... Ag-man, porém, ainda carregava uma amarga dúvida, de que seu sonho, agora, era realidade.

Ao entardecer, a formosa senhorita deitou-se em seu leito e fi-cou pensando naquele que a criou. Achava um pouco estranho o pai ainda não ter voltado, não obstante ela sabia que ele normalmente passava na casa de alguns amigos e, por essa razão, demorava um pou-co mais. Quando finalmente conseguiu relaxar, teve um sonho no qual conversava com Zeus, o grande deus do Olimpo, o qual dizia:

- Transformei seu pai naquilo que você, garota, mais teme. Tornei-o num pássaro!

Espantou-se com isso, porque seu antigo sonho era verdade e via o sorriso no rosto do deus do Olimpo.

- Por quê? Ele nunca desrespeitou as tradições e sempre fez oferendas ao senhor. Matava nossos melhores cordeiros, dentre os poucos que temos, somente para agradá-lo.

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- Ele não, mas você, sim. Pense... não disfarce... sei que conse-guiu muita coisa injustamente.

Ao dizer isso, ela lembrou-se de que havia persuadido vários homens para conseguir o que queria, entretanto estava tomada pela raiva e não queria pensar em nada além de em seu pai.

- Deuses estúpidos! Tragam-no de volta! Tiraram a minha mãe, agora meu pai; não aceitarei isso.

- Trarei seu pai de volta, se conseguir cumprir nossos desafi-os.

A filha do mercador estava brava e, ao mesmo tempo, soltan-do rios de lágrimas. Seu pai era tudo para ela. Sentia uma certa culpa, pois persuadia os homens, não só a favor dela, mas para ajudá-lo a ter dinheiro para os impostos a serem pagos. Sem pensar direito no fato nem nas consequências a ela, nem nas relacionadas a seu progenitor, respondeu, gritando:

- Aceito todos os seus desafios, se você jurar que vai trazer meu pai de volta.

- Dou minha palavra de que o trarei de volta. Esteja pronta amanhã, ao meio- dia, e mandarei um dos meus servos para buscá-la.

- Espere. Como irei saber quem ele é? - Você já sabe quem é ele.

(...)Desta vez, acordou normalmente, contudo estava muito atordoa-

da. Precisava estar pronta até o meio-dia; estava com medo do que iria acontecer. O problema é que teria que sonhar novamente para en-trar no mundo dos sonhos, em que seu pai estava preso... Não havia se preparado e não tinha nada, todavia, em um surto, lembrou-se de que seu amado, antes de ser comerciante, serviu ao exército grego. Foi um exímio soldado que causava inveja até nos generais, mas que não assumiu outros postos, pois escolheu ficar com sua bela esposa a

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qual, na época, estava grávida daquela que seria a nova heroína grega. Rapidamente, correu para o quarto do ex-soldado e pegou uma antiga e empoeirada armadura de ferro e de couro junto com uma espada pe-sada de ferro com detalhes em prata. Ao se deitar para tentar seguir ao outro mundo, a espada brilhou, como um reflexo do Sol na água, mostrando uma gaivota branca, bico e patas dourados, ao mesmo tem-po em que , na sua cabeça, estava a imagem de seu pai. Nesse momen-to, gritou:

-Irei salvá-lo, sentirá orgulho de mim.Como por mágica, caiu em sono profundo e, no horário estabeleci-

do por Zeus, apareceu um homem de aparência notável, o qual lem-brava muito Yuan. Ao se aproximar da guerreira, esta percebeu quem era. Seu tio, Jelme, homem de aparência semelhante à de Yuan, po-rém não era forte, mas extremamente inteligente.

Sem saber o que fazer, sentiu as imagens rodopiarem ao seu re-dor, perdendo a noção de onde estava e do que estava acontecendo...

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Ainda durante o adormecer, sonhou novamente com seu pai, que dizia:

- Procure-me, venha me salvar, mas cuidado para não ficar presa como eu. Procure... – antes de seu pai terminar a frase, ela acordou as-sustada. Andando pelo seu lar, Agman teve a impressão de alguém a

O PRIMEIRO DESAFIO

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estar chamando, no entanto ignorou e continuou suas tarefas, como de costume.

Mais tarde, enquanto penteava os cabelos em frente ao espelho, viu uma imagem masculina refletin-do-se. Um homem o qual usava capa-cete e tinha um par de asas tanto nos pés quanto no próprio, pele branca como a neve... usava ainda uma túni-ca de cor clara. Sim, era Hermes, filho de Zeus e Maia, o deus mensageiro.

Então, ela contou para ele, obser-vando-a de dentro do espelho, sua vontade de reencontrar o pai. Falou com o coração, com a esperança de que o deus pudesse realizar seu sonho . Hermes disse apenas que a enviaria para Hades, pois talvez fosse possível que ele realizasse seu desejo. A única diferença é que, a partir de agora, ela teria que tomar uma poção mágica que a colocaria em um estado diferen-ciado: entre os sonhos e a realidade. Ela aceitou, tomou e seguiu o cami-nho indicado.

Chegando aos aposentos de Ha-des, a menina falou que faria de tudo para que esse deus pudesse aju-dá-la Após pensar na situação, o deus do inferno e dos mortos fez uma proposta:

-Posso lhe ajudar, mas isso custará alguma coisa.-Fale, eu aceito!

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-Você apenas terá que ser minha esposa durante uma semana. - Agman pensou e, sim, aceitou a proposta.

Ele a levou para um de seus quartos, mal iluminado, com man-chas de sangue em suas paredes, aparentemente desgastadas com o tempo e lhe entregou um pequeno envelope que continha um bilhete, no qual estava escrito:

“Como minha mulher, ordeno que você limpe meus aposentos, dê co-

mida em minha boca, que minhas túnicas estejam sempre brancas, la-

vadas e passadas da melhor maneira.”

Ao terminar de ler, sentiu sensações estranhas, as quais nunca ti-nha sentido antes. Sentindo uma dor horrível, viu um par de asas nas-cendo em suas costas, sua roupa começa a mudar! Parecidas com ou-tras que Zeus lhe tinha dado em um outro sonho muito anterior. (...) Roupas pretas agora a vestiam. Hades voltou e falou:

-Você aceitou, agora terá que cumprir! Tome essas roupas! Já deve começar! -terminou a frase e, imediatamente, jogou-as sobre a moça. Quando percebeu que estava presa, entrou em desespero, pen-sou em fugir, desistir. Assim, resolveu falar com o deus.

-Eu não quero mais, eu desisto!-Agora você não pode desistir mais.-Eu quero ir embora! - falou já furiosa.Mandou que ela se retirasse e a trancou num quarto escuro, com

um odor não muito agradável, com ratos mortos, com muita umidade e com cheiro de bolor pelas paredes. Lá também ouvia sussurros que sempre começavam e paravam. Vozes de sofrimento e de dor... O som da desolação na ausência de cor, de luz. Em desespero, começou a es-pernear, abaixou a cabeça e chorou por longas horas. Quando levan-

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tou a cabeça, avistou uma janela de vidros. Agman começou a lem-brar, olhando fixamente ao horizonte, sua vida: lembrou-se de sua fa-mília, de sua mãe, de seu pai e “acordou”. Quando se foi deitar no chão para chorar novamente, sentiu um objeto em suas costas: um pe-daço de madeira. Sem pensar muito, pegou-o e, com todas as suas for-ças, estourou uma janela pequena e empoeirada, por onde mal passa-vam raios tímidos de uma claridade sombria.

Quando saiu, deu de cara com Hades, sentado em sua poltrona.-O que você está tentando fazer?-Fugir, pois eu quero sair daqui – gritando, responde-lhe.-Você não sairá tão cedo! Agora suma daqui! – já a retirando do

local e atrancando num lugar ainda pior.Nessa saleta precária, deitou-se no chão e dormiu, pois era sua

única fuga... seu único caminho possível naquele momento... Sonhou com sua família num momento feliz, em que todos estavam sorrindo. Quando acordou, fez tudo que Hades lhe pedia. Porém estava com o pensamento bem longe, nas alturas, junto de seu pai.

Nas horas seguintes, sonhou novamente com sua família, porém era algo meio confuso onde todos estavam lhe dando um arame com farpas ensanguentadas...

Sem entender, acordou no meio da noite e ficou pensando por que todos lhe davam um arame. Por que havia sangue? Não sabia o que fazer, pois, àquelas horas, seu sono até já tinha ido embora.

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Levantou-se e foi fazer suas tarefas diárias. Quando foi lavar as roupas, encontrou um arame ensanguentado, mas sem farpas, no meio das vestimentas. Para não dar alerta colocou-o dentro de um de seus sapatos. Lavou tudo normalmente e fez todas as suas atividades. No momento em que Hermes trancou-a novamente, à noite, no quar-to sombrio e escuro, com um pouco de dificuldade, destrancou a por-ta em silêncio, usando aquele pedaço de arame. Reparou que o san-gue brilhava intensamente, facilitando enxergar o que fazia... Como uma luminária de cor avermelhada, mas suficiente para clarear seus

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atos... Saiu nos aposentos de seu algoz, o qual já dormia, saindo, aos poucos na ponta dos pés.

(...)A cada passo, um pingo de suor... A cada respiração contida, um

avanço e uma vitória merecida!(...)Saiu, sentiu-se livre de tudo, menos da ideia de reencontrar seu

pai, que se mantinha viva em seu coração.Não demorou muito e, no horizonte do Olimpo, avistou, de longe,

um vulto que parecia um outro deus. Ciclope... Caso fosse ele, o que estaria ele fazendo naquelas paragens? Seria algum aviso?

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No horizonte, um vulto de um deus... No chão, uma mensa-gem em um pergaminho que chamou sua atenção ao ser iluminada pela luz avermelhada do sangue que ainda brilhava... Era só um peda-ço de algum texto antigo, muito antigo, em que uma menina havia per-dido seu pai para os deuses e teria que voar para libertá-lo nos céus...

PROTEGENDO O ENIGMA

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Para isso, teria que encontrar uma chave para um enigma, a fim de que pudesse voar... Entusiasmada com o possibilidade de voar, a heroína sabia que o único que sabia como resolver esse enigma era Ciclope. Precisa-va, agora, encontrá-lo. Uma vez, seu pai contou uma história em que tal criatura vivia numa caverna na Ilha de Korkes, no Mar Azul. Era verão, o clima estava insuportável e, além disso, a bela mu-lher tinha vários desafios para conseguir o que queria. Pelo que se lembrava da história, precisava atravessar uma região árida a camelo até chegar ao litoral do país, depois disso, pegaria uma canoa acompa-nhada por uma calopsita guiadora.

Para tal tarefa, ela passou por dois exaustivos meses de sofri-mento, lutando contra o calor, cobras e tempestades de areia. Final-mente, ao avistar a canoa, ela pensou ´´Minhas preocupações acaba-ram! Agora é só tranquilidade!’’.

Ao chegar à Ilha de Korkes e andar muito tempo, viu uma ca-verna grande, escura e com um odor horrível. Certa de ser o lugar onde morava o Ciclope, entrou rapidamente na tentativa de vê-lo. Mas, ao conhecer aquele horroroso lugar, descobriu que o local per-tencia a um grupo de animais estranhos... criaturas horrendas e defor-madas. Nisso, a aventureira saiu de lá com muito medo de ser ataca-da, continuou andando e descobriu outra caverna maior do que a ante-rior. Percebe que ali, sim, estava a criatura procurada.

Ao entrar, depara-se com um ser alto, gordo e cheio de feridas purulentas, o tão procurado Ciclope, que, sem seu único olho tenta de-fender seu território, dando vários gritos! Sem saber como reagir, per-cebeu que o sangue luminoso começou a emitir raios que iam ao en-contro daquele ser, o que conseguiu acalmá-lo.

Enquanto ele se recuperava de uma raiva incontida, a garota explicou a situação para o monstro cego, o qual oferece ajuda para

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que ela consiga continuar a sua jornada para poder voar. A criatura conta-lhe que, para salvaguardar o enigma que guarda há séculos, ti-rou o próprio olho para que não olhasse para a Medusa quando inva-diu seu mundo para roubar seus segredos. Ele explicou que, caso olhasse aquela figura bestial com cobras na cabeça, acabaria sendo pe-trificado, tornando-se uma estátua. Sem enxergar onde aquela repre-sentação do mal estava, teve seu olho roubado por ela e, desde então, vive sem a visão.

Sem ter como sair dali para recuperar o que era seu, sentindo-se perdido na escuridão da sua solidão e do seu sofrimento, o Ciclope co-meçou a colaborar com Agman, mas, para isso, precisaria recuperar seu olho que se encontrava nas mãos da estranha e ladra Medusa, a qual levou o olho retirado para outra ilha, onde se escondia e onde co-lecionava seres petrificados para servirem.

A partir de então, ela partiu para um novo desafio, enfrentar a deusa e resgatar a visão do monstro para, finalmente, receber a chave do enigma e realizar seu sonho de voar.

Agman partiu em uma canoa e foi para a ilha onde se encontrava a Medusa. Após um dia de viagem, enfrentando tempestades, enfren-tando seus medos, enfrentando um mar sombrio e cinzento, ela conse-guiu localizar e chegar à ilha. Após aportar à beira mar, começou a andar e a tentar encontrar o esconderijo da deusa.

Mais uma vez, ela foi ajudada pelo sangue luminoso que ia soltan-do raios que indicavam a direção a seguir... Depois de muitas passa-gens, entradas, bifurcações, encruzilhadas, sinais estranhos e seres pe-trificados, ela descobriu um pequeno portão coberto de plantas no fun-do de um local que parecia um altar de sacrifícios... O portão estava trancado e muito enferrujado e, assim, pensou em como passaria por ali, pois os raios avermelhados e luminosos indicavam que era por onde deveria seguir.

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Sem saber como reagir, sentou-se em desolação e percebeu que os raios começaram a indicar uma coluna próxima a uma mesa com marcas que pareciam sangue recém-coagulado... Ao tentar ler uns es-critos que estavam entalhados na base da mesa, ouviu um barulho for-te e percebeu que o portão começou a se mover... Imediatamente, o sangue luminoso absorveu o líquido viscoso que estava sobre aquele objeto e se iluminou ainda mais, indicando novamente o local de pas-sagem.

Lugar sombrio, com muito musgo e lodo... Restos de carcaças de cobras para todos os lados... Restos de animais mortos, mas não petri-ficados... Barulhos de guizos constantes que indicavam que ela estava perto daquela entidade diabólica, da Medusa. Já dentro do ambiente, aprofundando-se ainda mais em seus medos e apoiando-se em sua bravura, ela descobriu que o tal ser peçonhento tinha duas criaturas que protegiam uma caixa de vidro onde estava o olho.

Com pouco tempo para pensar, apenas suspirou fundo e pediu aos deuses que a ajudassem a saber o que fazer naquele momento de muita aflição... Enquanto isso, percebeu que os ruídos de guizos come-çaram a ficar cada vez mais fortes, assim como também voltou a ouvir aquelas vozes de sofrimento e de dor que já a atormentaram antes...

Escondida, para não entrar em desespero, levantou as mãos e tampou seus ouvidos rapidamente. No mesmo instante, o sangue, que a ajudara até ali, reluziu intensamente em direção ao lado oposto dos guardiões, despistando a atenção dos bichos. Ela joga uma pedra para longe e os animais saem correndo para ver o que se passava.

Como num impulso, Agman correu para pegar o olho e tentou voltar para a saída, mas as criaturas a cercaram e não a deixaram sair.

Foi quando a heroína percebeu um voo de uma ave... de um pássaro... do mesmo que aparecera em seu sonho há muito tempo e o mesmo que a observou há tempos... Em um rasante, toma o olho de

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suas mãos e segue em direção aos céus... Seria seu fim? Seria o fim do olho do Ciclope? Seria uma ave do bem ou do mal?

Não havia respostas... só perguntas... só desespero... só amargu-ra...

Estava presa... estava capturada...

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Em uma noite sombria de inverno, depois de sentir dores hor-ríveis durante sua tentativa de sono, Agman se viu presa em uma flo-resta densa e silenciosa. De repente, ela sentiu uma respiração perto de seu rosto, por trás. Quem estava atrás dela? A personagem pressen-tia que não era ser humano. Todavia não escutava nenhum som de guizo... Mas o odor era característico das cobras que ela matava em

O ENCONTRO

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sua pequena aldeia... Amedrontada, decidiu não se virar. Aquela flo-resta, pelo que todos diziam, era lar de um monstro com cobras na ca-beça. Medusa.

Sem querer perder sua própria vida, ela ficou paralisada, escutan-do, não guizos, mas os sussurros das serpentes. Em um movimento rá-pido, a criatura vai para sua frente, com o objetivo de transformá-la em pedra. Mas Agman consegue fechar seus olhos a tempo. Aproxi-mou-se tão perto que ela conseguiu escutar as serpentes sibilarem. E, então, ouviu :

- Abra seus olhos, será melhor. Estátuas não sentem fome nem sede. Não teremos solidão e poderemos desfrutar da companhia uma da outra. Para sempre.

- Eu não quero ser uma estátua. – a personagem sussurrou com a aflição crescendo em seu peito. Sua vida estava por um fio, e ela sabia disso – Muito menos a sua companhia.

Medusa inspirou forte em uma mistura de raiva e de mágoa com a sua resposta. Era uma criatura solitária, com a companhia de suas estátuas apenas.

- De um jeito ou de outro, você morrerá. Duvido muito que conseguirá ficar tanto tempo de olhos fechados. Alguma hora, você precisará abri-los. – ela chegou mais perto e sussurrou – Eu tenho todo o tempo do mundo. - gargalhando logo em seguida.

- Não me mate, por favor. – a garota suplicou, sentindo lágri-mas de desespero brotarem em seus olhos – Eu faço o que você qui-ser.

Um silêncio profundo se instalou em seus lábios bestiais por um tempo. A ideia era tentadora, pois sabia que os seres humanos po-deriam fazer qualquer coisa para não morrerem. E se havia algo que odiava mais do que a sua solidão, era ela, uma outra deusa, a razão dos seus pesadelos.

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- Bom, há algo que você pode fazer por mim. – riu baixo – E, talvez, eu poupe sua vida.

- Eu faço o que você quiser. Só, por favor, não me mate. – as lágrimas deslizaram por suas bochechas. O que mais queria era livrar o pai da maldição, e reencontrá-lo. Desesperara-se com a ideia de fi-car ali, cercada por cobras, vigiada por criaturas doentias... tentando fazê-la abrir os olhos e entregar a vida como uma estátua de jardim.

- Conhece a deusa Athena? – a menina balançou a cabeça len-tamente, tentando controlar o choro. Ela precisava parecer forte para Medusa ou aquela aberração acharia que a heroína seria muito mais útil como estátua. – Foi ela quem me transformou nisso. Quero que você a destrua e traga seu coração como prova de que cumpriu seu tra-balho. Caso contrário, não hesitarei em transformá-la em mais uma peça da minha coleção. Estamos entendidas?

- Sim. – era tudo que Agman conseguiu falar. Destruir uma deusa? Aquilo era uma missão impossível. Ela era uma mera humana, provavelmente seria morta por Athena facilmente, assim que ela des-cobrisse suas intenções.

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A floresta ficara silenciosa novamente, dando-se para ouvir ape-nas o barulho do vento, sem os antigos sibilares das cobras e sem seus sussurros peçonhentos. Medusa havia desaparecido entre as árvores.

Como num piscar de olhos, viu-se livre! Tudo que fez foi sen-tar num tronco velho e chorar. Mesmo que ela conseguisse destruir Athena, os deuses não permitiriam que ela voasse, para finalmente en-contrar seu pai, pois ainda não ajudara o Ciclope, o único detentor do enigma para que ela voasse. De qualquer maneira, estava perdida.

Repentinamente, uma voz cortou o ar. Era uma voz doce, sua-ve, cantando uma melodia que ela não conseguia identificar. Por pura curiosidade, levantou-se e se colocou a seguir o som, caminhando ra-pidamente, até chegar a um lago. Olhou para o sangue luminoso e ele não reluzia como antes...

O lago era cristalino de tal forma que se podia facilmente acre-ditar que era um espelho, se a água não se movesse preguiçosamente. Perto do lago, sentada em uma pedra, estava uma jovem, de cabelos longos e loiros. Sua beleza era extrema, com os olhos arregalados e azuis, os lábios vermelhos e finos. Era Afrodite.

Distraída, mexia na água, encarando o seu reflexo com um sor-riso e cantarolando baixinho. Atrás de si, perto da água, estava um es-pelho de ouro, com detalhes florais e delicados. 

E, então, teve um plano que talvez salvaria a sua pele. Para isso, a destemida Agnam precisaria do tal objeto.

A deusa estava tão preocupada com o seu reflexo que mal per-cebeu quando a personagem roubou o áureo artefato. Subitamente, saiu correndo à floresta, onde sabia que Medusa estaria.

Tentou seguir os mesmos passos da ida, mas tudo parecia ser igual. Olhou para o sangue só que ele ainda não reluzia... Estava perdi-da no meio daquela grande floresta e, sem saber para onde ir, come-çou a chamar pela criatura, pensando que, talvez, ela viesse ao seu

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chamado. E, assim, aconteceu , aquele ser horrível apareceu a sua frente, mas de costas. Agman se aproximou, ficando a alguns centíme-tros de distância...

- Você é rápida. Trouxe o coração de Athena?- Claro que sim.- Entregue-me.- Não acha melhor vê-lo ao vivo? Imagino que deve ser muito

mais satisfatório. – ela sugeriu, colocando o espelho à sua frente. Tentada por ver o coração da deusa que condenara a sua vida,

Medusa se virou. Ao ver seu reflexo, ela gritou e, rapidamente, virou pedra.

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Bonita história até aqui... Não acham? Agora quem vai contar sou eu... Seguindo orientação que Medusa havia me deixado, fui, nova-mente, ao Templo de Athena, onde ela me passou uma tarefa. Quando estava chegando perto, vi uma luz e, nessa luz, vi uma imagem de uma belíssima mulher com cabelos longos... com um escudo em uma mão e uma espada na outra. Ao chegar ao local, ela me disse:

A CHAVE

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-Você é a mortal que vem fazendo tarefas para deuses?Respondo com firmeza:-Sim, sou eu!Ela olhou nos meus olhos e começou a falar:-Vou lhe pedir que vá até uma localidade no mar Mediterrâneo,

onde há uma prisão, e nela só há uma cela e um prisioneiro, Chronos. A prisão é protegida por três monstros, e um deles tem a chave dessa prisão. Peço a você que me traga essa chave! Em troca, darei a sabedo-ria que você precisa para ajudar seu pai! Meu melhor guerreiro já está à sua espera no píer.

Fiquei muito assustada, pois ela me conhecia e sabia do meu pai... Sem dar muita importância, ao sair do templo, fui em direção ao oceano, onde Athena me disse que seu melhor guerreiro me esperava com um barco a velas que poderia me levar até a ilha. Cheguei e vi o veleiro com um homem de pele escura e de olhos azuis. Ele me disse que ia ser uma viagem longa e perigosa, e que não iria ser fácil pegar a chave. Perguntei seu nome, disse que era Italan, e que podia chamá-lo de Ita. Ao sair, após 30 minutos, vi uma ilha vulcânica com o formato circular. Aquela aparência não era normal, uma vez que tinha algo di-ferente, algo que me deixava com medo. Com mais medo!

Parei a embarcação na areia para que eu e Italan começássemos a adentrar na mata que víamos logo à frente. Vegetação fechada, den-sa... Escura em certas partes... Ruídos e sons naturais diversos que se-riam comuns se não houvesse um clima de suspense e de medo... Já havíamos andado 15 minutos, o caminho era como um pântano cober-to inteiro de lama. De repente, ouvimos um grito agudo... Corremos em direção ao som e, então, avistamos uma clareira... abaixamo-nos entre as árvores. Nesse momento, vimos três sentinelas em volta de uma fogueira em frente a uma caverna, pensei que era essa caverna em que Chronos estava preso.

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Começamos a rodear bem lentamente os três sem que nos perce-bessem, procurando um jeito de nos aproximar sem sermos notados por algum deles. Vimos que existe um ângulo onde nenhum deles con-segue nos enxergar. Aproximei-me do mais alto sem deixar que ele me visse e comecei a procurar a chave na parte de trás do seu cinto. Nisso, percebi que o sangue reluzente começou a brilhar novamente! Distraída com tal acontecimento, fui tirada de tal alegria quando o sentinela se levantou e foi em direção à caverna; como ele era um ser enorme, escondi-me no tronco de árvore em que ele estava sentado e torci para que os outros dois não percebessem a minha presença. Ao mesmo tempo, o sangue reluziu um raio de luz até a floresta.

Sem demora, voltei para aquele ambiente cheio de lama e percebi que a chave da prisão estava com o ser que tinha ido para a escuridão da caverna, então comecei a pensar em algum jeito de entrar lá. Falei para o Italan distrair os outros. Ele saiu de perto e atirou uma flecha em direção a uma árvore alta, fazendo o guardião sair correndo para ver o que estava acontecendo... Lembrei-me de que eu tinha entrado em apuros quando distraí os dois que cuidavam do olho do Ciclope... Mesmo com um desespero me cortando a alma, saí correndo atrás dele, e vi os outros ficarem de guarda numa outra prisão.

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Corri, como pude, pelo solo de lodo e mal cheiroso... minha difi-culdade era grande, pois minhas pernas eram muito menores do que as daqueles pesados e enormes soldados do mal. Já dentro daquele in-ferno de pedras, avistei Chronos imobilizado com correntes e um cade-

ado de prata forjado por Hefesto que era o deus dos ferreiros e filho de Hera e de Zeus. Também vi cor-rentes forjadas pelos sentinelas que defendiam a caverna. Elas ti-nham um brilho incomum e um material que não consegui desven-dar... Percebi que o sangue, que sempre me ajudara, reluziu ao che-gar perto de tais correntes... Apro-ximei-me um pouco mais, mas me lembrei do meu objetivo e voltei a me esconder e, dessa vez, atrás de uma pedra. Enquanto pensava no que eu iria fazer, ouvi os guardas conversando em uma língua estra-nha. O que estariam falando? (...)

Olhei para a floresta e vi que Italan estava de volta e escondido no meio das árvores. Sinalizei a ele que se preparasse para correr.

Enquanto pensava em sair para correr, algo incrível aconteceu: o mesmo pássaro que pegou o olho do Ciclope entrou voando rapida-mente, arrancou a chave do cinto do guardião e voou em direção à flo-resta, soltando nas mãos de Ita, ao passar por cima dele. Foi aí que percebi que a ave não era do mal e que deveria saber onde estava o olho que capturou na outra ocasião.

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Distraída com a cena e maravilhada com a ajuda dos céus, não percebi que os sentinelas saíram correndo atrás de mim, tentando me acertar com pedaços de madeira, enquanto isso olho para os lados e vejo que Italan está correndo ao meu lado, já com a chave. Ele gritou:

- Olhe para frente!Eu obedeci e avistei um penhasco com vista para o mar, olhei

mais uma vez para Ita e ele continuava gritando:- Você sabe nadar?Eu respondo:- Sim! Gritou novamente:- Nós vamos pular! Perguntei:-O quê? Respondeu:- Pule! Agora!Pulamos e caímos no mar. Nadei até a superfície, olhei ao meu re-

dor, vi Italan ao meu lado. Olhei para cima e avistei os dois gigantes na beira do penhasco. Ao mesmo tempo, o pássaro nos rodeava e fazia muito barulho, o que distraiu os seres que, talvez por esse motivo, não pularam atrás de nós. Ita se certificou que a chave ainda estava no seu bolso e continuamos nadando até a margem, para voltar rapidamente à embarcação que nos levaria de volta.

Diferentemente da viagem de vinda, a volta pareceu muito rápi-da! Acho que foi porque tínhamos cumprido uma importante missão!

Chegando ao templo de Athena, vi que a Deusa estava na mesma posição, mas virada para o mar, agora. Fui a caminho dela e, enquan-to eu subia as escadas, ela se virou até ficar de frente para mim, e dis-se:

- Terminou a tarefa que eu lhe pedi?

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Respondi com firmeza:- Sim, e agora você me deve o conhecimento de que eu preciso

para voar.Ela me olhou e deu um sorriso sarcástico e começou a falar:- É claro, já que eu sou uma mulher de honra, aqui está seu conhe-

cimento.Ela tocou em minha testa, luzes começaram a sair da minha cabe-

ça, o sangue que eu carregava se iluminou novamente e com ainda mais força e, de repente, comecei a saber de tudo sobre voo. Será que o Ciclope estava mentindo e me estava utilizando apenas para conse-guir o olho dele novamente? Naquele momento, nada mais me impor-tava e imagens passavam pela minha cabeça, sendo que a sensação era a de que eu sabia tudo e a de que todas as minhas dúvidas haviam sido esclarecidas. Isso era um alívio.

Quando estava prestes a ir embora, Athena disse:- Vá até Poseidon, e ele terá uma tarefa para você! Boa sorte em

sua viagem.Olhei para ela e disse:-Sim, senhora, vou procurar Poseidon, e obrigada pelo conheci-

mento.Saí do templo e fui em direção ao navio, em busca do novo ser

desconhecido. Em busca do desconhecido.Em busca do caminho que me levaria ao meu pai!

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Isso é por uma boa causa, isso é por uma boa causa! Meu pai, mi-nhas asas, meu pai, minhas asas! O engraçado é que elas já haviam surgido em minhas costas, mas nunca funcionaram... Calma, Agman, eu pensava alto...

PEDRAS, PEIXES, SANGUE

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Estava a caminho, novamente, do Mar Mediterrâneo, para encon-trar o templo de Poseidon, deus dos terremotos, dos cavalos e dos sete mares.

- O que ele irá me pedir? O que terei que fazer? Ao longe, já tinho visão do mar. Era normal, como todos os ou-

tros que já vi, mas esse possuía alguma coisinha diferente... não sei se era a movimentação, se era a cor, mas ele tinha algo diferente, parecia controlado. Olhava para o céu... tentando achar o pássaro que me aju-dara, mas... nada. Olhei para o sangue... e ele estava parado, não relu-zia...

A areia era branquinha, já tirara meu sapato, agora as meias, o casaco, a camiseta, a calça rasgada e gasta de ter feito tanta coisa. Com poucos passos, já quase encostava os pés na água, o solo, sob mim, era molhado e frio, mas era uma sensação boa. O que sobrou da onda que vinha em minha direção alcançava a ponta dos meus dedos, por Poseidon eu seguiria, mas a água estava muito, muito fria. Aos poucos, ia entrando mais e mais, primeiro os tornozelos, agora, com o pouco de água, molhava os pulsos para baixar temperatura do meu corpo, agora os joelhos, a barriga, sim, estava gelada, entrei até os om-bros, a cabeça...

- Ah!...Alguma coisa está puxando meu calcanhar...agora estou completamente submersa. - tentei dar um grito, soltei bolhas de ar, olhei para baixo. Estava mais fundo e não conseguia respirar! Com muito esforço, enxerguei um esboço de mão; não era exatamente uma mão, mas, não era somente água. Com um golpe, consegui me livrar e voltei à superfície.

- Como respirar é bom. Minha visão ainda está um pouco turva e há duas mulheres se aproximando. Seus cabelos e membros termi-nam em água, unindo-se ao mar. São bonitas como sereias, contudo

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seus rostos são mais humanos. Partes do corpo são cobertas por esca-mas azuis

Elas se dirigiram a mim, e, num tom quase rude, disseram:- Como ousa querer ingressar no Templo de Poseidon?! Mortal!?

- essa última parte soou mais como um xingamento do que como um elogio!

Respondendo a essa pergunta:- Eu sou Agman e a deusa Athena me enviou aqui. Ela disse que

Poseidon me ajudaria, pois preciso encontrar um modo de fazer mi-nhas asas funcionarem... Voando, poderei encontrar meu pai e tirá-lo da maldição dos deuses.

- Um cavalo marinho poderá levá-la à Poseidon, porém, antes, terá que nos obedecer.

- Sim, farei o que quiserem.- Sou Leah. - disse a ninfa de cabelos cacheados, cor de canela e

olhos cinza como o oceano em dia de tempestade. E eu sou Lena. - disse a de cabelos ondulados cor de mel, e de

pele branca como nuvem... seus olhos eram verdes da cor do mar cal-mo - Primeiramente, você deve prender a respiração por três minu-tos.

- Por quê? E se eu não resistir?- Você morrerá, mas esse é um dos desafios - disse Leah.Com isso, puxei a maior quantidade de ar que pude. E esperei, es-

perei. Quanto mesmo eu tinha que ficar ali em baixo? Não sabia quan-to, mas tinho que permanecer lá. Meu oxigênio estava acabando, não ia aguentar muito. A água está gelada. Minha pele estava doendo. Frio. Dor. Medo. Vazio. Meus pulmões estavam queimando. Olhei para as náiades acima de mim, que estavam conversando sobre mi-nha performance.

- O que você acha? - perguntou Lena à Leah, que responde:

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- Não sei se a mortal aguentará! Passei por tudo aquilo para chegar ao fim do desafio e não conse-

guir nada? Pensando bem, achei melhor pedir ajuda a Jano, o deus das escolhas. Chega! Não aguentava mais, decidi emergir, pois achava que havia conseguido os três minutos.

Quando cheguei à superfície, recebi a decisão, elas me deixariam prosseguir.

- Você pode passar, vá logo! - com um chamado especial, surge, das águas, um cavalo marinho com uma forma muito estranha, meio cavalo, meio peixe.

Uma delas diz:- Sua carona chegou!- respondi com um sorriso, montei no ani-

mal marinho, e seguimos ao encontro do deus Poseidon.Quando cheguei ao templo de Poseidon, fiquei surpresa com sua

aparência: ele parecia um pouco velho, sua figura era como a de Ha-des, mas seus olhos eram de um azul profundo, como a parte mais fun-da do oceano. Suas vestes eram de um azul muito claro, e ele segura-va, na mão direita, o grande e imponente Tridente.

Olhando para mim, perguntou:- O que você quer, mortal? – com um poderoso tom de voz, fez a

água vibrar.- Vim até aqui para realizar meu desejo de voar, e sei que só você

e Zeus é que concederão esse pedido. Quero voar! É por isto que vim até as profundezas do Mediterrâneo! O que tenho que fazer para con-seguir isso?

- Em primeiro lugar, não sou eu quem decido isso - responde o deus do Mar - Zeus decide! Você deve ir até ele, contudo, só poderá partir depois de eliminar o monstro que vem destruindo o grande exército de peixes que pertencem a Nereu, o deus dos Cardumes.

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Acabara de perceber que ainda tinha mais um desafio antes de re-alizar meu desejo, logo eu que nem sabia onde encontrar este mons-tro que teria que matar.

- O Senhor pode me levar até Nereu? Não sei onde encontrá-lo.

- Eu não, no entanto, as ninfas sim, elas a levarão para o Egeu, onde Nereu está agora. – usando o Tridente, ele faz a água, em sua frente, ficar turva até aparecer a imagem das ninfas. Neste instan-te, o sangue que eu sempre carregava as iluminou, transformando-as em seres de ainda mais luz.

- O que o Senhor deseja? - uma delas pergunta. - Levem a mortal para Nereu agora - com mais um movimen-

to do Tridente cortando a imagem das duas, elas desaparecem. Em poucos segundos, já estavam do meu lado. Informando-

me: - Segure em nossos braços - obediente, fiz o que elas manda-

vam, segurando um braço de cada. Demorou muito tempo para chegarmos; cerca de 3 horas. Ele

estava bem ocupado pelo que percebi, nadando de um lado para o ou-tro, tentando acalmar os peixes; vindo em minha direção, disse:

- Desculpem-me pela bagunça! Acabei de sofrer mais um ata-que do Drago; esse tubarão branco está exterminando meus exérci-tos! Seu apetite voraz o torna cada vez maior.

- Poseidon me enviou para matar esse tubarão... - ele e as náia-des riem alto e ficam se perguntando como eu ia fazê-lo. Isso nem mesmo eu sabia.

- Esse deve saber o que está fazendo... vamos deixá-la aqui. Reze para Athena ajudar. Se bem que, para derrotar Drago, eu rezaria para todos os deuses que conseguisse - os três viraram as costas para mim e desapareceram no oceano.

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Passado um tempo, enquanto eu pensava no que fazer, apareceu uma fruta roxa e laranja na minha frente com um bilhete pequeno. Quando olho para o céu, novamente aquele pássaro que me ajudou a roubar a chave dos guardiões. Abro-o e leio o que está escrito:

Comendo essa fruta, você poderá nadar mais rapidamente, ganhará uma barbatana, Ela poderá ajudar a vencer Drago.

Ass. DEMÉTER.

Peguei a fruta, dei uma mordida, outra e outra... Era deliciosa! Comi até ela quase sumir... Quando percebi, o sangue que sem-pre me ajudava, o líquido mais precioso que já co-nheci, transformou-a em um pó dourado, com um aroma que misturava o de frutas vermelhas e de pei-xe. Pensei mais e mais, quando tive uma ideia que podia não dar certo, mas era a única. Comecei a recolher as carcaças de peixes que estavam pelo local, que era cheio de pe-dras enormes, buracos, al-

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gas, e plantas marinhas. Juntei tudo em um monte. Girando em volta, rapidamente fiz um redemoinho de restos, espalhando o cheiro de car-ne e de sangue de peixes. Fiz isso durante um tempo e, quando perce-bi que fiz uma bagunça nojenta, esperei a hora do meu encontro com o monstro.

Ao fundo havia um coral esverdeado à minha frente. Vindo dele, comecei a ver uma sombra rápida se aproximando. Quando pis-quei os olhos, saí nadando o mais rápido que podia. Ele era realmente rápido! Consegui me manter a uma certa distância dele, peguei um ritmo e tentei olhar suas características ou um ponto fraco; se aquilo tivesse um!

Ele era realmente um tubarão branco, mas tinha cerca de dez metros de comprimento, uma boca enorme, gigantesca, dentes propor-cionais ao resto de seu corpo, pontiagudos. Drago era brilhante, tinha um brilho metálico parecido com o daquela corrente cujo material não identifiquei... Aquela da caverna... Quando a luz do sol tocava di-retamente em seu corpo, ele era todo de prata. O corpo inteiro impe-netrável pelo metal que o protegia. Como iria destruí-lo?

Já estava ficando cansada, e ele não parecia estar se cansan-do. Fui procurar uma esconderijo no fundo do oceano. Olhei para a di-reita, esquerda, direita de novo; sim! Achei uma caverna estreita e pro-funda, imaginando que ele não passaria! Virei com tudo!

-AI! AI! Que dor! Entrei na caverna! O sangue que me ajudava começou a reluzir e

a soltar raios para fora dali, os quais fizeram com que a carcaça daque-le animal se modificasse, fazendo-o perder a noção de direção e bater com a cabeça na fenda. Pedaços das estalactites caíram aos montes no fundo. Quando pararam de cair, consegui me apoiar para ver. O que havia acontecido? NÃO! MALDIÇÃO! Ele mordeu a minha cauda e...

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ela começou a voltar à forma de perna, mas assim não iria sair com vida daquela caverna!

Pensei no que podia fazer e pensei rápido, pois a minha cauda está sumindo. O que ele queria? Comida? Eu não tinha saída dali. Se ao menos tentasse, eu morreria, já que ele era rápido demais. Olhei ao redor e, no chão, vi um pedaço de pedra que, ao quebrar, ficou com-prido. Devia ter uns dois metros! Olhei para cima, na direção do tuba-rão, e vi seus olhos encontrem os meus... Seu olhar era penetrante... Ele abriu a boca e soltou um barulho estrondoso que fez todas as ro-chas tremerem... Continuei olhando fixamente para aquele monstro , percebendo uma coisa: por fora, ele pode até não se machucar, mas, por dentro, ele pode. A prata é somente como uma armadura e é afeta-da pelos raios do sangue mágico que carrego. Era essa minha única chance.

Voltei para trás, peguei a lança de pedra e fui para a fenda que existia no coral próximo. Pertinho de Draco, dei um grito, o mais alto e forte que eu conseguia dar, soando como uma ameaça, exata-mente como eu queria. O monstro me respondeu com outro barulho estrondoso, abrindo muito sua mandíbula. Com o pouco de poder da cauda que me restou, atirei-me para a boca dele e entrei na garganta. Girando o mais rápido que conseguia, segurei a “arma” de uma manei-ra que o cortou por dentro inteiro. Quando percebi sua carne fina, en-fiei a vara no coração a qual o atravessou, passando também por sua armadura de prata. Em segundos, o Drago explodiu em dor, virando uma poeira prata que as águas rapidamente espalharam pelo mar. Essa poeira era a essência dele que foi para o Tártaro, onde todos os monstros ficam até se recuperarem e voltarem para a Terra. Com tan-ta essência espalhada tão bem assim, achei que iria demorar um pou-co até Drago voltasse para a superfície.

Dei um berro:

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- Nereu! Nereu! No mesmo instante, ele saiu de seu esconderijo e disse: - Uau! U-A-U! - repetiu pausadamente, depois continuou -

Nossa! Aquilo foi incrível! Obrigado, pois ele vai demorar a passar das Portas da Morte de novo. Chega de conversa! Vou levá-la para Posei-don e, com certeza, ele vai deixá-la passar; vamos! - ele estendeu o braço e, muito rapidamente, chegamos à frente do deus dos mares.

De volta ao templo: - Rei, ela foi muito boa em seu desempenho contra o monstro; as-

sisti toda a morte dele de camarote no meu esconderijo. – então, Ne-reu segurou a minha mão e deu um beijo delicado, dizendo - Obriga-do, novamente! Tchau. - e vai embora.

- Fiquei impressionado com sua performance, e aquele velho não sai elogiando qualquer um - diz Poseidon.

- Posso ir agora? - pergunto, esperando uma resposta positiva. - Pode, sim, criança - as duas ninfas saíram de trás dele, mas,

dessa vez, elas que seguraram em meus braços e me conduziram à su-perfície. No caminho, elogiaram-me, falando como nem mesmo elas conseguiriam fazer aquilo.

Chegando à superfície, despedi-me delas, perguntando como chegaria ao Olimpo. Elas me explicaram e me disseram que, se eu ti-vesse alguma dúvida, bastaria olhar para uma poça de água, chaman-do-as pelos nomes que elas apareceriam.

Depois de descobrir tantos segredos e de vencer tantos obstácu-los, eu só não sabia como faria minhas asas realmente funcionarem.

Eram tão estáticas que eu até as esquecia...Só não me esquecia do meu pai... Do meu amado pai...

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  Como Agnan já contou um pouco da sua história, é hora de eu me apresentar. Eu sou Zeus, pai dos deuses e dos homens, deus dos céus  e  do  trovão,  exerço  a autoridade sobre os  deuses do Olimpo como um pai sobre sua família, e irei contar a minha versão do ocorri-do com a tal mulher que sonha em voar.  

SOB OS OLHOS DE ZEUS

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     Essa mulher me apareceu nos aposentos, no topo do Olimpo, vinda através do mundo dos sonhos, dizendo que precisava de um par de  asas que realmente funcionasse para voar e reencontrar seu pai que havia recebido uma maldição minha e que tinha sido transforma-do em um pássaro. Pensei, pensei... Lembrei-me... Por que não lhe dar? Porém, uma ideia surgiu em minha cabeça : que tal um pouco de diversão?      Bolei uma missão suicida: a mulher, para conseguir seu par de

asas realmente funcionando e a fazendo decolar, teria de encontrar meu raio, arma da qual são feitas as minhas maiores tempestades, o qual contei que foi roubado há algumas eras. O que não era realidade.     A questão é: onde se encontraria meu item? Como ela chega-

r ia  até e le? Com quem se encontrar ia? Pensar n isso

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foi divertido... Senti-me glorioso, pois, além de me divertir e de ter transformado seu pai em um pássaro, havia criado o plano perfeito para conseguir a minha arma de volta, e, se a jovem e bela não conse-guisse, ainda poderia rir um pouco de o quanto os mortais são inocen-tes, e burros.    Agnan mal sabia o que esperava por ela. Minha arma perdida se

encontrava em um limbo, com um centauro que matava qualquer ser que tentasse se aproximar dele. Difícil, não? Talvez a decisão mais in-teligente que já fiz.     Assim que propus a missão suicida, ela me pareceu nem pensar

muito e já aceitou no mesmo momento.  Se a missão  ao  limbo fos-se cumprida, daria movimento ao seu par de asas.   Guiada por um tal de raio de um tal de sangue mágico... não de-

morou muito para ela chegar a seu destino. Para manter o controle da situação, disse para alguns mensageiros que me mantivessem informa-do de tudo o que estava acontecendo.      Era um lugar escuro, com muitas armadilhas e criaturas, mas,

mesmo assim, silencioso. Fiquei sabendo que, escondendo-se, mesmo na penumbra, ouviu o choro do  centauro, o qual  tinha a função de guardar meu raio. Castigo? Sim, pois ele só pensava em adestrar pás-saros que poderiam ajudar os pobres seres humanos... Guiada por seus soluços, com seu bom coração, ao reparar em sua tristeza, ela re-solveu falar com ele, não sabendo que  possuía o que tanto procurava...       Maldita seja essa criatura solitária e benevolente demais! Ele

não reagiu como de costume! Ao conversarem, ele contou tudo para ela: sentia-se inseguro por estar envolvido em uma missão como essa, pois guardar o raio de Zeus era uma tarefa de muita responsabilidade e também era um castigo. Ela lhe contou sobre o sofrimento que pas-sava pelo sumiço do pai e sobre não saber mais se ela vivia em um

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mundo real ou em um de desespero e de sonhos perdidos e inexplicá-veis. O centauro disse que ter sido castigado para guardar o raio não foi encarado de uma forma tão simples... Como ele treinara pássaros para ajudar os seres humanos, tinha ligação direta com a visão deles... Contou também que viu tudo o que aconteceu a ela, que o pássaro rou-bou o olho do Ciclope, mas que fora de propósito, pois o monstro a iria devorar assim que ela o fizesse ver. Ele estava há muito tempo sem refeição. Ainda, disse que viu a ajuda do pássaro para recupera-rem a chave... Por fim, relatou que atraiu a heroína para aquele lu-gar... Onde ele se encontrava como guardião de um raio, como um cas-tigo por querer ajudar. Sem Zeus saber, ele aprendeu muitos truques enquanto era servo direto dele e, por esse motivo, conseguiu atraí-la para ajudá-lo a sair dali. Ela ficou muito surpresa! Ele não. Nada era novidade. Não para ele. Sem luta ou resistência, ele lhe entregou o raio e se sentou no mesmo lugar. Cabisbaixo. Triste. Em silêncio, ain-da sem ação. Foram eras de confinamento.   A jovem, por ter dó da solitária criatura, trouxe-o junto. Ao chegar ao Olimpo, protegida pelo meu centauro guardião,

logo veio entregar o raio a mim.    Senti-me traído e, logo de cara, matei aquele ser depressivo com

o raio. Era a vez da mulher, porém foi mais esperta e, na hora, pulan-do para o lado, fez com que a ação da arma refletisse em meus aposen-tos de ouro e de prata, refletindo contra mim. Caí no chão, pensativo e assustado com tamanha inteligência.     Achei estranho... como pensara em usar meus raios, e contra

mim? Onde estaria aquela ingenuidade típica de um ser humano de-sesperado? Bem, por isso, Agnan não devia ser qualquer uma, não he-sitei e deixei-a ir, mas , na pressa, ela se esqueceu de que queria asas reais... A partir daí, passei a observá-la mais, assim como a seu pai, mesmo afastados...  

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Após derrotar Zeus, nossa heroína notou que o curso das coi-sas mudou. Os mares passaram a ficar mais agitados, o céu passou a trovejar fortemente e a terra passou a tremer sem parar, como um ter-remoto contínuo.

Todo poderoso, envergonhado por sua derrota, diz:

MORTE E FÚRIA

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-Mortal, tua bravura põe um fim na moral do Olimpo. Dize-me logo o que tu queres!

Nossa heroína, sem mais delongas, diz que o que mais deseja-va era que seu pai recuperasse sua liberdade, voltando para a Terra, são e salvo, sem que, sobre ele, pesasse qualquer maldição.

-Não posso realizar este desejo.-Por que não pode realizar o meu desejo?-Há uma lei no Olimpo e essa lei impede um deus olimpiano de

quebrar uma maldição colocada por ele mesmo.-Então, não há como quebrar o feitiço?-Há sim, a única forma de quebrar o feitiço é outra pessoa rece-

ber a maldição no lugar dela.A personagem entrou em dúvida... se tirasse a maldição, seu pai

estaria livre, entretanto ela estaria amaldiçoada. Queria muito salvar o seu pai e viver normalmente e logo teve uma ideia.

-Zeus, eu aceito receber, do meu pai, a maldição!-Portanto, vamos começar o feitiço.O olimpiano começou a murmurar uma língua diferente que a he-

roína não entendia. Quando o murmúrio acabou, um feixe de luz veio na direção da personagem que rapidamente levantou o espelho da Afrodite e repeliu a maldição para baixo, para o mundo mortal. Um lindo pássaro, o mesmo que a ajudou várias vezes, pousou e ela viu as asas dele se transformarem em dois braços humanos; o corpo foi fi-cando maior e mais musculoso até formar um tronco de um saudável homem. As pernas estavam mais longas e a face mudava para um ros-to familiar. Era o seu pai!

Após esse feito, rei do deuses, apesar de furioso e envergonhado, foi obrigado a assistir a protagonista e seu pai se encontrarem e feste-jarem o fim da desgraça. Os olhos de nossa heroína se encheram de lá-grimas e ela abraçou o velho de forma carinhosa.

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Zeus desaparece dali, afugentando-se nos céus, pois sua derrota tinha manchado o nome do Olimpo e ele não queria ser visto perto dos humanos novamente. Aproveitando tal situação, a personagem e seu pai tentaram fugir o mais rápido possível, mas não foi o bastante, pois o deus se arrependeu de ter perdoado aos dois e soltou um raio

que acertou, mesmo longe, a protagonista e o velho homem. No meio da fumaça branca causada pelo relâmpago, aparece o todo poderoso com a armadura completa e com o raio na sua mão. A cor da armadu-ra era a cor do raio, saindo faísca também. O raio-mestre dele tinha um comprimento igual ao seu braço, irradiava mais calor do que o Apolo, mas era muito mais poderoso. Nos olhos do olimpiano, dava para ver a fúria de um deus indignado, pareciam raios explodindo, com punhos fechados. Encarou a heroína, que, enfrentando-o, disse:

-Não poderás fazer mais nada, Zeus! Esqueceu que temos um acordo?

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O ascendente da heroína, temendo por suas vidas, sentiu que o destino mais esperado por eles era a morte, mas, em um ato de cora-gem, agarrou sua filha e se afastou do rei dos deuses, imediatamente.

Por sua vez, o ser enfurecido pegou a miniatura de re-lâmpago e lançou novamente a maldição sobre os humanos. Um raio saiu da ponta da arma e foi na direção dos dois. A protagonista foi atingida pelo relâmpago, mas conseguiu desviar o raio com o espelho da deusa da beleza, como já havia realizado antes. Contudo o objeto não suportou o poder e quebrou... em seqüência, o deus lançou o se-gundo raio que atingiu as costas da personagem. A armadura vestida, aquela do seu pai, protegeu-a um pouco, entretanto o cheiro que saía do local de impacto era horrível, deixando os dois mortais tontos, pois nunca sentiram aquele cheiro. Parecia que nada afetaria Zeus.

-Pai, vá sem mim, já que não tenho chance de sobreviver.-Não posso... se deixar você aqui, esse deus irá me perseguir de

qualquer jeito.Vamos para o oceano, lá daremos um jeito!Os dois levantaram-se e foram até a beira da montanha. Iriam pu-

lar de lá, entretanto ouviram uma explosão e viram o olimpiano, que entendeu o plano do velho, preparando o último tiro, mirando para sua amada.

Zeus lançou um raio com toda sua força e poder e atingiu a heroí-na que , ferida mais uma vez, cai, levando o seu pai para o fundo do oceano.

Ao atingirem o mar, escuro e fundo, por um milagre, o velho, en-roscado em algumas algas, não morreu, mas a protagonista não teve a mesma sorte. Ela estava muito longe... ele não conseguiu perceber que a personagem não respirava, pois o golpe lhe foi mortal. O pai pre-senciou a terrível morte de sua filha.

No meio da tentativa de desespero, o pai tentou chegar o mais rá-pido possível ao corpo de sua filha. Quando lá chegou, estava tudo em

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silêncio. Como percebera que ela não respirava, olhou para os olhos sem emoção de sua querida, para o corpo frio e viu, naquele momen-to, que tinha perdido a única coisa por que lutara na vida e que havia perdido.

O velho saiu do mar com a filha, carregou-a nas costas até uma al-deia litorânea mais próxima, encontrou pescadores e pediu ajuda, mas sua filha já estava morta.

Com a ajuda dos habitantes daquele local, conseguiu chegar à ci-dade onde morava. Na viagem, nada parecia alegre e coisas alegres pa-reciam tristes; passaram por fazendas, florestas e pequenas aldeias, e só tristeza havia no rosto do homem.

A heroína teve um enterro pequeno, feito por seu pai , mas, para ele, foi um choque tão grande perder sua única filha que a loucura o atingiu. Guardou consigo um único artefato de recordação: um peda-ço de arame sem função e com algumas marcas de sangue... Ele nunca parou de repetir:

“Voar não é uma bênção para os seres humanos, mas, sim, um so-nho atingível por aqueles que se atrevem a tentar!”

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Esse trabalho foi muito im-portante para que a sala pudesse se conhecer melhor e se ajudar a fazer um trabalho juntos. O proje-to ajudou a melhorar a escrita e a criação de textos de todos os alu-nos.

PEDRO RODRIGUES

Concluindo, devo dizer que esse trabalho foi muito importan-te para minha vida, pois foi, du-rante o projeto, que aprendi a pes-quisar, a colocar minhas ideias no papel e a respeitar a maneira de pensar de outros colegas.

ANDRÉ GARCIA

Por fim, acho que foi bom aprender a fazer uma mapa de ideias para desenvolver um texto e isso me ajudou em todas as ma-térias.

EDUARDA OLIVEIRA

Penso que, apesar das dificul-dades de um grande projeto como esse, foi um bom trabalho, com muitos detalhes a serem pla-nejados e organizados. O que foi ótimo, pois me tornou mais paci-ente e até mais independente. Também gostei muito de poder desenvolver ideias para fazer a es-trutura dos capítulos e do livro. Foram desafios que me agrada-ram.

ISABELA CECCARELLI

Leio muitos livros sobre mito-logia e estar “do outro lado”, es-crevendo o livro foi uma experiên-cia bem diferente, pois, como lei-tura, eu só me dou ao trabalho de entender e de analisar a história. Escrevendo, noto que há muito mais complexidade e é preciso pensar toda hora no leitor... se ele vai entender... se ele vai gos-tar...

PAULA DE PAIVA BOURA

DEPOIMENTOS

PRÓLOGO

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Objetivo compartilhado com os alunos (produto final)Um livro (romance) por sala de aula, onde os alunos, em grupo,

produzissem um capítulo que comporia uma obra única por turma, se-guindo um enredo criado por eles.

JustificativaAo se trabalhar com produção de textos em todos os anos do ensi-

no fundamental, médio, superior e até em níveis mais avançados, nota-se a necessidade imprescindível de uma atividade que contem-ple um produto final e que seja para um público real, dentro de uma demanda real. Tal fato é muito presente em diversas referências bi-bliográficas da área, o que leva docentes a criarem projetos educacio-nais que incitem o despertar da escrita no meio discente, num traba-lho paralelo ao de formação teórica sobre gêneros discursivos e teorias adjacentes, além de sobre o uso da Língua Portuguesa.

Para tal, aproveitando o ensejo da Feira do Livro 2013, o que se apresenta, através desta obra finalizada, é a proposta de produção de um livro (romance) por sala de aula dos alunos 242 do 9º ano.

Além de uma prática de produção de texto, houve o imprescindí-vel objetivo de a atividade proporcionar interações entre os pares e en-tre as áreas, como aconteceu durante todas as etapas, como preconiza-do nos PCNs. Nesse contexto, houve a parceria da gramática, explo-rando as estruturas linguísticas e textuais, com a área de artes, quan-do da confecção da capa e das ilustrações da obra; com a área de litera-tura, estudando gêneros, nuances, estilos e possibilidades literárias; e com a área de desenho geométrico a qual possibilitou instalações reali-

PROJETO LIVRO DA TURMA 2013

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zadas com poliedros, também sobre o tema central proposto para este ano letivo. Ademais, tal atividade reforçou a prática da interação en-tre alunos atuantes, centro das ações, num compartilhamento cons-tante de ideias dentro de cada grupo e entre grupos, assim como entre os grupos e seus professores.

Além de todo o contexto de produção já descrito, apresentou-se a manipulação de ferramentas digitais no processo, uma vez que existiu produção tanto manualmente como digitalmente, inclusive com a con-fecção de mapas mentais e conceituais, fato que alinha o projeto com as mais utilizadas técnicas de escrita no mundo acadêmico e profissio-nal. Outrossim, houve grande pesquisa sobre o tema de 2013 “PALA-VRAS NO AR: O HOMEM, A LITERATURA E O SONHO DE VOAR” e a necessidade da versão definitiva em formato digital, utilizando a tecnologia a favor do maior engajamento estudantil. Finalizando, to-dos fizeram um texto manuscrito com relatos onde os alunos pude-ram expor etapas, angústias e conquistas neste ano letivo, e durante a confecção do livro.

O resultado está nas suas mãos, prezado leitor.Deleite-se com palavras escolhidas para você.

A todos, meu sincero agradecimento,

Prof. Sérgio Ricardo Lopes Fascina 25 de maio de 2013

“Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.” - Thomas Edison

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Grécia Antiga: um vilarejo próximo a Atenas, iluminado pelo sol do Mar Mediterrâneo. Uma jovem inteligente e corajosa vive ao lado de seu pai, Yuan, um ex-guerreiro e hoje humilde agricultor e comerciante: ela é Agman, heroína que é surpreendida, certo dia, ao constatar o desaparecimento dele.

Em um de seus sonhos, descobre que seu pai fora transformado por Zeus, deus dos raios e líder supremo do Olimpo, em um pássaro, o animal mais temido por Agman, cujo trauma de voar ela mesma jamais compreendeu. Mas agora terá de mergulhar no mundo dos sonhos, onde Yuan foi aprisionado, para tentar resgatá-lo desse castigo divino, uma punição por um erro do passado.

Os alunos do 9º A convidam o leitor a acompanhar Agman nessa trajetória pela mitologia grega, deparando-se com deuses como Hermes, Hades, Athena, Afrodite, Chronos, Poseidon, Nereu e o próprio Zeus, além de criaturas como o Ciclope, a Medusa e o Centauro.

CONTRACAPA

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