síntese de nanopartículas de ferro zero para degradação de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS Síntese de nanopartículas de ferro zero para degradação de compostos orgânicos por Processos Oxidativos Avançados Dissertação de Mestrado Júlio Athanazio Caldara Orientadores: Fabiana Valéria da Fonseca Cristiano Piacsek Borges Rio de Janeiro/RJ Outubro de 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS

Síntese de nanopartículas de ferro

zero para degradação de compostos orgânicos por Processos Oxidativos

Avançados

Dissertação de Mestrado

Júlio Athanazio Caldara

Orientadores:

Fabiana Valéria da Fonseca

Cristiano Piacsek Borges

Rio de Janeiro/RJ – Outubro de 2015

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Júlio Athanazio Caldara

SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS DE FERRO ZERO PARA DEGRADAÇÃO

DE COMPOSTOS ORGÂNICOS POR PROCESSOS OXIDATIVOS

AVANÇADOS

Orientadores:

Fabiana V. da Fonseca, D. Sc.

Cristiano Piacsek Borges, D. Sc.

Rio de Janeiro/RJ – Outubro de 2015

Dissertação de mestrado submetida ao

Programa de Pós-Graduação em

Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos, Escola de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro

– UFRJ, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Mestre em Ciências.

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CALDARA, Júlio Athanazio.

Síntese de nanopartículas de ferro zero para degradação de compostos

orgânicos por Processos Oxidativos Avançados / Júlio Athanazio Caldara - Rio

de Janeiro: UFRJ/EQ, 2015.

xvi; 112 p.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, Escola de Química, Programa de Pós-graduação em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos, 2015.

Orientadores: Fabiana Valéria da Fonseca

Cristiano Piacsek Borges

1. Tratamento de águas residuárias. 2. Processos oxidativos avançados.

3. Nanopartículas de ferro.

I. FONSECA, Fabiana Valéria II. BORGES, Cristiano Piacsek III.

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Programa em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química. IV. Produção de

nanopartículas de ferro zero para degradação de compostos orgânicos por

Processos Oxidativos Avançados.

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Síntese de nanopartículas de ferro zero para degradação de

compostos orgânicos por Processos Oxidativos Avançados

Júlio Athanazio Caldara

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química, Universidade Federal

do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção

do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.).

Aprovado por:

_____________________________________________

Ana Mehl, D. Sc.

_____________________________________________

Luiz Alberto César Teixeira, PhD.

_____________________________________________

Robinson Luciano Manfro, D. Sc.

Orientadores:

_____________________________________________

Fabiana Valéria da Fonseca, D. Sc.

_____________________________________________

Cristiano Piacsek Borges, D. Sc.

Rio de Janeiro/RJ - Outubro de 2015.

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“Se não puder voar, corra.

Se não puder correr, ande.

Se não puder andar, rasteje,

mas continue em frente de qualquer jeito.”

(Martin Luther King)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Jonas Caldara e Georgina Athanazio Caldara, por

todo amor, dedicação, confiança e exemplo durante todo meu caminho.

Aos meus irmãos, André Athanazio Caldara e Paula Athanazio Caldara, por

estarem sempre presentes em todos os momentos da minha vida.

À toda minha família pelo carinho e alegrias compartilhadas.

Agradeço ao meu irmão canino, Lupi, por alegrar minha casa todos os dias.

Aos meus amigos, capixabas e cariocas, pelo companheirismo, incentivo e

bons momentos vividos.

Aos companheiros do Laboratório de Processos de Separação com

Membranas (PAM) pelo convívio e auxílio no desenvolvimento deste estudo.

Agradeço ao Carlos André de Castro Perez, pesquisador do NUCAT, pela

grande ajuda nas análises de DRX. Também aos laboratórios LabTecH e

EngePol pela disponibilidade e ajuda nas análises.

À CAPES pela concessão da bolsa de pesquisa.

Aos participantes da banca examinadora, Profª Dra. Ana Mehl, Profº PhD Luiz

Alberto César Teixeira e Profº Dr. Robinson Luciano Manfro, por aceitarem

participar deste momento importante avaliando meu trabalho.

E finalmente, aos meus orientadores, Fabiana Valéria da Fonseca e Cristiano

Piacsek Borges, pela disponibilidade, ensinamentos e paciência durante os

trabalhos.

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RESUMO

CALDARA, Júlio Athanazio. Síntese de nanopartículas de ferro zero para degradação de compostos orgânicos por Processos Oxidativos Avançados. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado) - Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos – Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

O uso das nanopartículas de ferro de valência zero (nZVI) surge como uma excelente

técnica alternativa para aplicações em processos oxidativos avançados. Vários

estudos demonstram a eficiência das nZVI na remoção de diversos tipos de

contaminantes em águas residuais. O presente trabalho discute diferentes métodos de

obtenção de nanopartículas de ferro de valência zero, caracterizando-as, testando sua

eficiência, estudando a cinética das reações e comparando os resultados da

degradação de compostos orgânicos presentes em águas residuais de indústrias

têxteis, com os obtidos aplicando nanopartículas comerciais. Foram testadas

mudanças em diversas variáveis da reação: concentração de nZVI, presença e

concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2), e pH. A metodologia que obteve ferro

de valência foi a redução de cloreto ferroso (FeCl2) com borohidreto de sódio (NaBH4)

na presença do polímero carboximetilcelulose (CMC) como agente surfactante. A

reação com 3 g/L de nZVI e 0,1 g/L de H2O2 em pH 3, em 20 minutos foi alcançada

remoção de 93 % do corante vermelho Drimaren X-6BN. Considerando uma reação de

pseudo primeira ordem, o valor da constante de velocidade aparente foi de 7,202 h-1.

Palavras-chave: Tratamento de águas residuais; Processos oxidativos

avançados; Nanopartículas; Ferro de valência zero.

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ABSTRACT

CALDARA, Júlio Athanazio. Síntese de nanopartículas de ferro zero para degradação de compostos orgânicos por Processos Oxidativos Avançados. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado) - Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos – Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

The use of zero valent iron nanoparticles (nZVI) emerges as a great alternative technic

for applications in advanced oxidation processes. Several studies have demonstrated

the effectiveness of nZVI in removing various kinds of contaminants in wastewater.

This study discusses different methods of obtaining zero valent iron nanoparticles,

characterizing them and testing their efficiency, studying the reaction's kinetics of and

comparing the results of the degradation of organic compounds in wastewater of textile

industries, with those obtained by applying commercial nanoparticles. Changes in

several reaction variables were tested: concentration of nZVI, presence and

concentration of hydrogen peroxide (H2O2), and pH. The method to obtain zero valent

iron nanoparticles was reduction of ferrous chloride (FeCl2) with sodium borohydride

(NaBH4) in the presence of carboxymethylcellulose polymer (CMC) as surfactant.

Reaction with 3 g/L of nZVI and 0.1 g/L H2O2 at pH 3, in 20 minutoes it was achieved

93 % removal of Drimaren red X-6BN dye. It was considered pseudo-first order

reaction and the apparent rate constant was 7,202 h-1.

Keywords: Wastewater treatment; Advanced oxidation processes;

Nanoparticles; Zero valent iron.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Distribuição da água na Terra; distribuição da água doce na

Terra....................................................................................................................1

Figura 2.1 – Sistemas geradores de radicais hidroxila em POA.........................9

Figura 2.2 – Orbitais moleculares de materiais condutores, semicondutores e

não condutores..................................................................................................13

Figura 2.3 – Mecanismo de fotoativação de um catalisador semicondutor.......15

Figura 2.4 – Nanopartículas magnéticas multifuncionais. Casca realiza a

adsorção de contaminantes enquanto o núcleo faz a separação através de seu

magnetismo.......................................................................................................22

Figura 2.5 – Esquema do modelo núcleo/casa de uma nZVI............................34

Figura 2.6 – Esquema tridimensional do modelo núcleo/casa de uma nZVI.....34

Figura 3.1 – Esquema da síntese das nZVI por FeCl3......................................45

Figura 3.2 – Esquema da síntese das nZVI por FeCl2......................................46

Figura 3.3 – Estrutura molecular do corante vermelho Drimaren X-6BN..........48

Figura 3.4 – Filtração com seringa (membrana 0,2 µm)....................................49

Figura 4.1 – Distribuição de tamanhos das nZVI sintetizadas...........................53

Figura 4.2 – Distribuição de tamanhos das nZVI sintetizadas (dois dias após a

síntese)..............................................................................................................54

Figura 4.3 – Distribuição de tamanhos na solução de CMC (5 g/L)..................55

Figura 4.4 – DRX das nZVI sintetizadas por redução de FeCl2.........................56

Figura 4.5 – Imagem de MEV das nZVI sintetizadas (aumento de 50 mil

vezes)................................................................................................................57

Figura 4.6 – Imagem de MEV das nZVI sintetizadas (aumento de 100 mil

vezes)................................................................................................................58

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Figura 4.7 – Potencial zeta das nZVI em suspensão aquosa............................59

Figura 4.8 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em diferentes

concentrações de nZVI, [H2O2] = 0,1 g/L e pH 5.........................................60

Figura 4.9 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de

nZVI, em pH 3 ou 5 e na presença ou ausência de H2O2 (0,1 g/L)...................62

Figura 4.10 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em diversos

intervalos de tempo. Presença de 3 g/L de nZVI, pH 5 e ausência de

H2O2...................................................................................................................64

Figura 4.11 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em diversos

intervalos de tempo. Presença de 3 g/L de nZVI, pH 5 e 0,1 g/L de H2O2........64

Figura 4.12 – Comparação entre soluções contendo 3 g/L de nZVI com

peróxido (0,1 g/L) em pH 5 (a) e pH 3 (b), após decomposição do corante......65

Figura 4.13 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de

nZVI, 0,1 g/L de H2O2 e em diferentes valores de pH.......................................66

Figura 4.14 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de

nZVI, pH 3 e diferentes concentrações de H2O2................................................68

Figura 4.15 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com

diferentes concentrações de nZVI em pH 3 e 0,01 g/L de H2O2........................69

Figura 4.16 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 1 g/L de

nZVI comercial e sintética, 0,1 g/L de H2O2 e pH 5...........................................70

Figura 4.17 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN e 3 g/L de

nZVI ou nZVIc com diferentes concentrações de H2O2: (a) 0,1 g/L e (b) 0,01

g/L......................................................................................................................72

Figura A.1 – Solução de nZVI resultante da redução de βzeo impregnada com

Fe(NO3)3............................................................................................................90

Figura A.2 – DRX das nZVI obtidas na redução de βzeo impregnada com

Fe(NO3)3............................................................................................................91

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Figura A.3 – Solução de nZVI resultante da redução de βzeo impregnada com

FeSO4................................................................................................................92

Figura A.4 – DRX das nZVI obtidas na redução de βzeo impregnada com

FeSO4................................................................................................................92

Figura A.5 – Solução de nZVI resultante da redução de FeCl3.........................93

Figura A.6 – DRX das nZVI obtidas na redução de FeCl3.................................94

Figura A.7 – Cálculo do λ ótimo para o corante vermelho Drimaren X-6BN.....95

Figura A.8 – Curva de calibração do corante vermelho Drimaren X-6BN.........96

Figura A.9 – Distribuição de tamanhos das nZVI..............................................97

Figura A.10 – DRX das nZVI recém-sintetizadas..............................................98

Figura A.11 – DRX das nZVI 20 dias após a síntese........................................98

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Principais contaminantes presentes na água.................................2

Tabela 2.1 – Potencial de oxidação para oxidantes em água.............................7

Tabela 2.2 – Aplicações da nanotecnologia no tratamento de águas

residuárias.........................................................................................................20

Tabela 2.3 – Otimização da atividade de fotocatalisadores..............................24

Tabela 2.4 – Ação antimicrobiana de nanomateriais.........................................26

Tabela 2.5 – Contaminantes comuns em águas residuárias que podem ser

degradados com nZVI........................................................................................38

Tabela 2.6 – Estudos de degradação de contaminantes utilizando nZVI, suas

técnicas de síntese e os resultados destes estudos encontrados na

literatura.............................................................................................................39

Tabela 4.1 – Constantes de velocidade aparente para reações com diferentes

concentrações de nZVI na presença de 0,1 g/L de H2O2 e pH 5.......................61

Tabela 4.2 – Constantes velocidade aparente para reações na presença ou

ausência de 0,1 g/L de H2O2, com 3 g/L de nZVI em pH 3 ou 5........................63

Tabela 4.3 – Constantes de velocidade aparente para reações com meio

reacional em diferentes valores de pH, na presença de 3 g/L de nZVI e 0,1 g/L

de H2O2..............................................................................................................67

Tabela 4.4 – Constantes de velocidade aparente para reações com diferentes

concentrações de H2O2 na presença de 3 g/L de nZVI e pH 3..........................68

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

POA – processos oxidativos avançados

ZVI – ferro de valência zero

nZVI – nanopartículas de ferro de valência zero

nZVIc – nanopartículas de ferro de valência zero comerciais

•OH – radicais hidroxila

Fe0 – ferro de valência zero

CMC – carboximetilcelulose

RMS – potência média continua (Root Mean Square)

C (t) – concentração de corante em um determinado instante de tempo

C0 – concentração inicial de corante

k – constante velocidade aparente de reação

t – intervalo de tempo

λ – comprimento de onda

Abs – absorvância

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ÍNDICE

1 – Introdução......................................................................................................1

1.1 – Objetivo geral.......................................................................................3

1.2 – Objetivos específicos............................................................................3

2 – Revisão Bibliográfica.....................................................................................5

2.1 – Técnicas de tratamento de águas........................................................5

2.2 – Processos oxidativos avançados (POA)..............................................6

2.2.1 – Sistemas homogêneos................................................................9

2.2.1.1 – Ozônio......................................................................................9

2.2.1.2 – Fotólise do H2O2.....................................................................10

2.2.1.3 – Reação de Fenton e foto-Fenton...........................................11

2.2.2 – Sistemas heterogêneos............................................................13

2.3 – Nanotecnologia...................................................................................16

2.4 – Nanotecnologia aplicada ao tratamento de águas residuárias...........18

2.4.1 – Nanoadsorventes......................................................................21

2.4.2 – Nanomateriais incorporados em membranas...........................22

2.4.3 – Nanofotocatalisadores..............................................................23

2.4.4 – Nanomateriais para desinfecção e controle microbiano...........25

2.4.5 – Nanomateriais de detecção e monitoramento..........................26

2.5 – Nanopartículas de ferro......................................................................28

2.5.1 – Técnicas de síntese..................................................................28

2.5.2 – Propriedades.............................................................................30

2.5.3 – Aplicações.................................................................................32

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xv

2.6 – Nanopartículas de ferro aplicadas ao tratamento de águas...............32

3 – Materiais e métodos.....................................................................................43

3.1 – Síntese das nanopartículas de ferro...................................................43

3.2 – Caracterização das nanopartículas de ferro obtidas..........................46

3.2.1 – Distribuição de tamanho das partículas....................................46

3.2.2 – Difração de Raios-X..................................................................47

3.2.3 – Microscopia eletrônica de varredura.........................................47

3.2.4 – Potencial zeta............................................................................47

3.3 – Ensaios de degradação com as nZVI sintetizadas.............................48

3.4 – Ensaios de degradação com as nZVI comerciais..............................50

3.5 – Determinação das constantes de velocidade aparente das reações de

degradação........................................................................................................50

4 – Resultados e discussões.............................................................................52

4.1 – Síntese e caracterização das nZVI.....................................................52

4.1.1 – Distribuição de tamanho das nZVI............................................52

4.1.2 – Difração de raios-X (DRX)........................................................55

4.1.3 – Microscopia de varredura eletrônica (MEV)..............................56

4.1.4 – Potencial zeta............................................................................58

4.2 – Degradação do corante por nZVI/H2O2..............................................59

4.2.1 – Reação de Fenton com nZVI sintetizadas................................59

4.2.1.1 – Efeito da concentração de nZVI.............................................59

4.2.1.2 – Efeito da presença de H2O2...................................................61

4.2.1.3 – Efeito do pH...........................................................................65

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xvi

4.2.1.4 – Efeito da concentração de H2O2............................................67

4.2.2 – Comparação com nZVI comerciais...........................................69

5 – Conclusões e sugestões..............................................................................73

6 – Referências Bibliográficas...........................................................................75

ANEXO I – Resultados das sínteses das nZVI a partir de zeólitas

impregnadas......................................................................................................90

ANEXO II – Resultados das sínteses das nZVI a partir da redução de

FeCl3..................................................................................................................93

ANEXO III – Curva de calibração do corante têxtil............................................95

ANEXO IV – Análises da distribuição de tamanhos das nZVI...........................97

ANEXO V – Análises das nZVI..........................................................................98

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1

1 – Introdução

A água é o recurso natural mais importante para sobrevivência de animais

e vegetais na Terra. Está presente em 70% da superfície do planeta, no

entanto, de toda a água existente, apenas 2,5% é doce (Figura 1). A água doce

é composta por águas congeladas (geleiras), águas de depósitos subterrâneos

e outras formas (rios, lagos, e outros).

O alto nível das atividades humanas atuais se deve, entre outros, ao

constante crescimento populacional e ao grande desenvolvimento que a

sociedade de hoje alcançou. Porém, essas atividades causam alterações

indesejadas no solo, ar e na água.

Uma destas alterações é a constante e ininterrupta contaminação das

águas, que se tornou uma das grandes preocupações deste século,

principalmente nos Estados Unidos e países da Europa. As cidades que

contaminam a água com mais intensidade são as de maior concentração

populacional e as cidades litorâneas. O Brasil é um país privilegiado por

possuir 12% de toda a água doce superficial da Terra, entretanto, também se

encontra em patamar preocupante quanto à contaminação.

Figura 1.1 – Distribuição da água na Terra; distribuição da água doce na Terra.

Fonte: EMBRAPA, 2015.

Água residuária é aquela utilizada na limpeza de quaisquer impurezas

provenientes de atividades domésticas, comerciais ou industriais, sua

composição e o nível de cada contaminante é bastante variado. O descarte

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2

dessas águas sem algum tratamento causa o acúmulo destas substâncias

nocivas, e isso acarreta em graves riscos para a sobrevivência dos seres vivos.

Na Tabela 1.1 estão descritas as principais substâncias que contaminam a

água de acordo com suas origens domésticas e industriais.

Tabela 1.1 – Principais contaminantes presentes na água.

Origem Principais contaminantes

Esgoto Sólidos suspensos, matéria orgânica, organismos patogênicos, nitrogênio, fósforo

Fertilizantes Nitratos e fosfatos

Energia Hidrocarbonetos, calor (poluição térmica)

Têxtil e Couro Cromo, tanino (polifenóis de origem vegetal), surfactantes, sulfetos, solventes orgânicos, corantes, ácidos acético e fórmico

Construção Sólidos suspensos, metais pesados, matéria orgânica e cianetos

Pesticidas Organoclorados, organossilícicos

Tintas Zinco, cromo, selênio, titânio, molibdênio, bário, cobalto, compostos organoestânicos

Química Orgânica e Inorgânica

Mercúrio, fósforo, fluoretos, cianetos, amônia, nitritos, H2S, flúor, manganês, molibdênio, chumbo, prata, organoclorados, organossilícicos

Naval Petróleo, produtos químicos, solventes, tintas

Papel e Celulose Sólidos suspensos

Automotiva Tintas, lubrificantes, águas residuais

Siderurgia Óleos, metais, emulsões, ácidos

Fonte: Standard methods for the examination of water and wastewater, 2015.

No momento em que a água está se tornando cada vez mais escassa é

necessário discutir e encontrar formas para tratar, descartar corretamente,

reduzir a emissão e reutilizar estes efluentes.

A busca por técnicas mais eficientes e menos custosas para tratamento de

águas residuárias é constante. No entanto, diversos parâmetros influenciam a

eficiência e a especificidade das técnicas de tratamento. Um dos motivos que

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3

mais dificulta a escolha da técnica é a imensa variedade de produtos químicos

e orgânicos presentes em um efluente.

Os processos oxidativos avançados (POA) têm tido grande importância

devido a sua eficiência nas aplicações para a descoloração de efluentes e

degradação de micropoluentes e contaminantes recalcitrantes. A utilização da

nanotecnologia associada aos processos oxidativos avançados vem sendo

recentemente estudada. Seus recentes avanços oferecem processos altamente

eficientes e multifuncionais, pois utilizam menor quantidade de matéria-prima

com elevadíssima reatividade.

Durante esta busca por novos e mais eficientes processos de tratamentos,

a aplicação das nanopartículas de ferro de valência zero (nZVI) surge como

uma técnica alternativa e promissora para o tratamento de águas residuárias.

Alguns estudos já existentes demonstram que há grandes perspectivas para a

destruição de contaminantes presentes na água. Porém, segundo Carvalho

(2009), ainda são necessários estudos mais aprofundados sobre suas

propriedades físicas e químicas, assim como, a influência destas propriedades

na reatividade das nZVI.

1.1 – Objetivo geral

Estudar a obtenção de nanopartículas de ferro de valência zero (nZVI) e

sua atividade catalítica para aplicação em processos oxidativos avançados

(POA).

1.2 – Objetivos específicos

Produzir nanopartículas de ferro de valência zero (nZVI) a partir do método

de redução com borohidreto de sódio;

Estudar diferentes procedimentos para manter o ferro na forma reduzida

Fe0;

Avaliar a redução de corante têxtil por reação com nZVI;

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4

Avaliar a degradação de corante têxtil pela reação do peróxido de

hidrogênio (H2O2) com as nZVI;

Estudar a cinética de degradação de corante têxtil pelo processo

nZVI/H2O2;

Comparar nZVI comerciais com as produzidas neste estudo, visando a

degradação de corante têxtil por POA.

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5

2 – Revisão bibliográfica

2.1 – Técnicas de tratamento de águas

Basicamente, as técnicas de tratamento envolvem a aplicação de processos

de concentração dos contaminantes (separação) e de destruição destes

(desinfecção). Na maioria dos casos, aplicam-se tratamentos combinados que

envolvem processos físicos, químicos e biológicos. Esta combinação de

técnicas se deve à grande variedade dos contaminantes e do nível de cada

poluente presente na composição do efluente (ALMEIDA, 2004).

A escolha da técnica de tratamento utilizado está intimamente ligado à

qualidade requerida para a aplicação da água tratada.

Os tratamentos de efluentes mais comumente utilizados são: decantação,

coagulação, floculação, tratamentos biológicos (lodos ativados, lagoas de

estabilização), adsorção em sólidos porosos (argilas, carvão ativado e outros),

filtração por membranas e os processos oxidativos avançados (POA)

(MAGALHÃES, 2008).

Esses processos de tratamentos estão organizados em graus de acordo

com sua complexidade e a porcentagem de remoção de contaminantes que se

deseja alcançar. Os graus destes tratamentos são: preliminar, primário,

secundário e terciário (METCALF e EDDY, 2003).

O tratamento preliminar é a primeira etapa de qualquer tratamento de

efluentes. Emprega métodos físicos objetivando, principalmente, remover os

sólidos em suspensão (sólidos grosseiros e areia), para que desta forma sejam

evitados danos aos equipamentos e tubulações. Os principais processos

aplicados nesta fase do tratamento são o peneiramento e a sedimentação (LIU

e LIPTÁK, 1999).

O tratamento primário é composto por métodos físico-químicos utilizados

para retirada de parte da matéria orgânica em suspensão e materiais flutuantes

(p. ex. óleos e graxas). As principais técnicas utilizadas nos processamentos

primários são coagulação/floculação, decantação e flotação (METCALF e

EDDY, 2003).

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6

No tratamento secundário o foco está na remoção dos contaminantes por

processos biológicos aeróbios (lodos ativados, filtros biológicos e lagoas de

estabilização) ou anaeróbios (reatores anaeróbios, filtros anaeróbios e outros).

O principal objetivo é remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão,

porém também há remoção parcial dos sólidos não sedimentáveis, nutrientes e

patógenos (MAIER et al, 2009).

O tratamento terciário é a etapa onde se encontra a maior gama de técnicas

de tratamento. É também conhecido como polimento, pois é uma forma de

alcançar remoções adicionais de contaminantes nas águas residuárias antes

de seu descarte ou reúso (MAIER et al, 2009).

São diversos processos que fazem parte do tratamento terciário, mas pode-

se citar alguns e suas finalidades: destruição de bactérias (cloração,

ozonização e radiação ultravioleta); redução de sólidos inorgânicos (filtração

em membranas e resinas de troca iônica); redução de nutrientes

(desnitrificação e precipitação de fósforo); descoloração e remoção de

compostos recalcitrantes (filtração em carvão ativado e processos oxidativos

avançados (POA)).

2.2 – Processos oxidativos avançados (POA)

Os processos oxidativos avançados (POA) se caracterizam por remover

contaminantes recalcitrantes mesmo em baixas concentrações (ppm) que não

são removidos nos processos biológicos e nem por técnicas convencionais,

como coagulação ou filtração (FONSECA, 2013).

O princípio da oxidação química está na transferência de elétrons entre as

espécies reagentes, convertendo, desta forma, espécies nocivas ao meio

ambiente em outras inócuas ou menos tóxicas que poderão ser biodegradas

mais rapidamente ou removidas com maior facilidade por outros processos de

tratamento.

Segundo Teixeira e Jardim (2004), são várias as vantagens de se utilizar

processos oxidativos avançados para tratar efluentes e águas residuárias,

dentre elas podemos citar:

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7

mineralizam o poluente ao invés de apenas transferi-lo de fase;

transformam contaminantes refratários em biodegradáveis;

elevadas cinéticas de reação;

quando otimizados, não geram subprodutos;

podem ser usados combinados com outros processos de tratamento.

Os POA consistem na geração de radicais livres hidroxila (•OH), que

atuarão como agentes oxidantes, reduzindo as espécies indesejadas. Os

produtos finais são moléculas menos tóxicas, CO2, H2O e íons inorgânicos.

(RAVIKUMAR e GUROL, 1994). Os potenciais de oxidação de vários agentes

oxidantes em água estão apresentados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Potencial de oxidação para oxidantes em água.

Agente oxidante Potencial de oxidação (eV)

•OH 2,80

O(1D) 2,42

O3 2,07

H2O2 1,77

Radical peridróxido 1,70

Íon permanganato 1,67

Dióxido de cloro 1,50

Cloro 1,36

O2 1,23

Fonte: CRC Handbook, 1985.

A reação dos radicais livres hidroxila (•OH) com os contaminantes se dá de

forma muito rápida através de diferentes rotas: abstração de átomo de

hidrogênio, adição de radical e transferência de elétrons.

Abstração de átomo de hidrogênio

Uma das possibilidades de reação é o radical hidroxila oxidar as moléculas

do contaminante através de abstração de átomo de hidrogênio (equação (1)).

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8

Esta via é geralmente usada para moléculas de hidrocarboneto alifático (BRITO

e SILVA, 2012).

RH + •OH R• + H2O (1)

Adição de radical

A adição radicalar ocorre em moléculas insaturadas (equação (2) e (3)). O

radical hidroxila quebra a ligação π dupla ligação presente nas moléculas.

Ocorre, geralmente em hidrocarbonetos aromáticos ou insaturados

(NOGUEIRA et al., 2007).

(2)

(3)

Transferência de elétrons

Quando as reações de abstração de hidrogênio ou adição de radical não

são favorecidas, ocorre a transferência de elétrons (equação (4)) (BRITO e

SILVA, 2012).

RX + •OH RX•+ + OH- (4)

Os processos oxidativos avançados são divididos em dois sistemas de

reações que geram os radicais hidroxila. Os sistemas homogêneos não utilizam

catalisadores sólidos e podem ter ou não radiação ultravioleta (UV). Já as

reações heterogêneas ocorrem com presença de catalisadores e também com

ou sem luz ultravioleta. Na Figura 2.1 estão apresentados alguns exemplos

típicos de cada sistema de reação.

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9

Figura 2.1 – Sistemas geradores de radicais hidroxila (•OH). Onde SC –

Semicondutores (p. ex. TiO2, ZnO e outros).

Fonte: Adaptado de Huang et al, 1993.

2.2.1 – Sistemas homogêneos

Alguns dos sistemas que não utilizam catalisadores sólidos para acelerar

as reações envolvidas são: ozonólise, fotólise e reações de Fenton.

2.2.1.1 – Ozônio

O ozônio (O3) é um gás incolor, tem odor muito forte e é altamente

oxidante. Em meio aquoso se decompõe rapidamente em oxigênio e radicais.

Suas melhores aplicações são em processos de descoloração, remoção de

metais, degradação de matéria orgânica a água natural e degradação de

herbicidas (LANGLAIS et al, 1991).

As vantagens do ozônio são principalmente seu alto poder de oxidação

(baixas concentrações de O3 são suficientes no processo) e o fato de sua

eficiência não ser muito afetada pelas mudanças na temperatura. Porém,

apesar de sua reatividade ser alta, sua seletividade é baixa e o processo

requer alto custo de investimento.

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10

A oxidação utilizando ozônio pode acontecer diretamente e/ou

indiretamente. A forma direta é a reação do ozônio molecular (O3) com as

moléculas orgânicas ou inorgânicas presentes nos contaminantes. A oxidação

indireta utiliza os radicais hidroxila (•OH) gerados na decomposição do ozônio.

Os radicais hidroxila são gerados a partir da ação conjunta do ozônio com

radiação UV, H2O2 ou OH- (FONSECA, 2013).

O3/UV

O uso de irradiação ultravioleta em água ozonizada gera H2O2, que se

ioniza e reage com o excesso de O3, produzindo radicais hidroxila segundo a

equação (5) (ANDREOZZI et al, 1999).

3 O3 + H2O + UV 2 •OH + 4 O2 (5)

O3/H2O2

Segundo Momenti (2006), adiciona-se peróxido de hidrogênio à água

ozonizada para produzir maior concentração de radicais hidroxila através da

equação (6).

H2O2 + 2 O3 3 O2 + 2 •OH (6)

O3/OH-

Em meio alcalino, o ozônio gera radicais hidroxila segundo a equação (7)

(TEIXEIRA e JARDIM, 2004).

2 O3 + H2O + OH- •OH + O2 + HO2 (7)

2.2.1.2 – Fotólise do H2O2 (H2O2/UV)

A radiação UV decompõe o peróxido de hidrogênio em radicais hidroxila

através da equação (8). Em tratamentos de efluentes, esta reação é mais

comumente aplicada para remover cor, degradar fenóis e também é utilizada

como pré-tratamento para aumentar a biodegradabilidade de surfactantes

(HUANG et al, 1993).

H2O2 + UV 2 •OH (8)

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Um parâmetro de controle desta reação é a concentração de H2O2

utilizada, pois grandes quantidades de peróxido de hidrogênio pode consumir

radicais hidroxila (equação (9)) e assim reduzindo a eficiência do processo

(ANDREOZZI et al, 1999).

H2O2 + •OH H2O + HO2• (9)

Esta limitação, juntamente com o alto custo, são desvantagens do

processo de fotólise do H2O2. No entanto, são várias suas vantagens: o

peróxido de hidrogênio é solúvel em água, não gera poluição adicional, a

temperatura não afeta o comportamento do H2O2, a operação é simples e

outros (FONSECA, 2013).

2.2.1.3 – Reação de Fenton e foto-Fenton

Reação de Fenton (Fe2+/H2O2)

Desenvolvida por Henry John Horstman Fenton, a reação de Fenton utiliza

íons ferrosos (Fe2+) para catalisar a degradação do H2O2 e gerar radicais

hidroxila (equação (10)) (NEYENS e BAEYENS, 2003). O Fenton tem sido

utilizado com eficiência na degradação de organoclorados, surfactantes,

corantes e em tratamentos de lixiviado (TEIXEIRA e JARDIM, 2004).

Fe2+ + H2O2 Fe3+ + OH- + •OH (10)

Os íons férricos (Fe3+) produzidos, reagem com o peróxido de hidrogênio

gerando novos íons Fe2+ segundo a equação (11) (NEYENS e BAEYENS,

2003).

Fe3+ + H2O2 Fe2+ + H+ + HO2• (11)

Esses novos íons Fe2+ irão decompor o H2O2 para formar novos radicais

hidroxila. Portanto, de um modo geral, o processo Fenton gera radicais

hidroxila através de um conjunto de reações cíclicas com íons ferrosos e

férricos (Fe2+ e Fe3+) como catalisadores.

Inicialmente, é feito um ajuste de pH, pois as reações apresentadas pelas

equações (10) e (11) ocorrem em pH ótimo na faixa de 3 a 4. A utilização de

pH ácido, além de favorecer a redução dos íons Fe3+ a Fe2+, também impede

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formação de precipitados de ferro, que irão formar uma casca nas partículas

reativas e, consequentemente, diminuirão sua atividade (ANDREOZZI et al

(1999); NEYENS e BAEYENS, 2003).

Quando a reação chega ao fim, é necessário realizar uma neutralização

(pH na faixa de 6 a 9), para que dessa forma haja formação de precipitado de

hidróxido de ferro (equação (12)). Esta neutralização apresenta a vantagem de,

possivelmente, também precipitar outros metais indesejáveis (FONSECA,

2013).

Fe3+ + 3 OH- Fe(OH)3(s) (12)

Esse ajuste de pH é uma limitação do Fenton, outro ponto negativo é a

formação de lodo e a necessidade de remoção deste precipitado. No entanto, o

ferro é um elemento abundante e o processo Fenton é simples, pois opera em

níveis de temperatura e pressão ambientes.

Foto-Fenton (Fe2+/H2O2/UV)

O processo foto-Fenton almeja maiores eficiências de degradação de

contaminantes. O foto-Fenton é a combinação da reação de Fenton com

radiação ultravioleta. Como já vimos, o objetivo é fazer a fotólise do H2O2 e

assim acelerar sua degradação em radicais hidroxila (TEIXEIRA e JARDIM,

2004).

Além disso, a utilização da radiação UV pode regenerar íons Fe2+ através

da reação (13) (POURAN et al, 2014).

Fe(OH)2 + UV Fe2+ + •OH (13)

Outra forma de regenerar íons ferrosos é através da aplicação do foto-

Fenton para quebrar complexos orgânicos de ferro (equação (14))

(NOGUEIRA, 2007).

Fe3+(RCO)2+ + UV Fe2+ + CO2 + R (14)

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13

2.2.2 – Sistemas heterogêneos

As reações que fazem parte dos sistemas heterogêneos ocorrem na

presença de catalisadores sólidos.

Tais catalisadores possuem orbitais moleculares onde os elétrons se

movimentam. O orbital com menor nível energético é a banda de valência (BV),

onde ocorre menor movimentação de elétrons, já a banda de condução (BC)

tem mais energia e, consequentemente, os elétrons se movem mais facilmente,

gerando condutividade elétrica semelhante a dos metais (TEIXEIRA e JARDIM,

2004).

Com relação à condutividade elétrica, os catalisadores são classificados

em: condutores, não condutores e semicondutores. O esquema ilustrado na

Figura 2.2 facilita a visualização.

Os condutores possuem a BV e a BC muito próximas, havendo

condutividade elétrica facilmente.

Já os materiais semicondutores possuem uma região denominada

“bandgap”, que separa a BV da BC, caracterizando-os como materiais de baixa

condutividade.

Por fim, os não condutores apresentam uma separação muito maior entre a

BV e a BC, sendo assim, apresentam baixíssima condutividade elétrica,

praticamente nula.

Figura 2.2 – Orbitais moleculares de materiais condutores, semicondutores e

não condutores.

Fonte: Davis et al, 1989.

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Os catalisadores mais comumente utilizados nos sistemas heterogêneos

de tratamento de efluentes são materiais semicondutores. E a fotocatálise

heterogênea é a técnica mais utilizada quando se trata de sistemas

heterogêneos. Esta técnica de tratamento consiste na geração de radicais

hidroxila através da ativação de catalisadores semicondutores pela energia

presente nos fótons (hѵ) de luz solar ou artificial (como por exemplo, a

ultravioleta).

A ativação dos fotocatalisadores semicondutores se dá devido à energia

presente na região de bandgap destes materiais. Quando os fótons excitam os

elétrons presentes na BV, e esta energia é superior à da bandgap, o elétron

supera a região de energia bandgap e assim deixa uma lacuna na BV. Esse

par elétron excitado/lacuna (e-/h+) gera sítios oxidantes e redutores capazes de

acelerar reações químicas. Esse mecanismo está esquematizado na Figura

2.3.

Segundo Hoffmann (1995), as reações que ocorrem na fotocatálise

heterogênea seguem os mecanismos das equações (15), (16), (17), (18), (19) e

(20) abaixo.

SC + hѵ e- + h+ (15)

e- + O2 O2-• (16)

SC + H2O2 + O2-• OH- (17)

h+ + OH- •OH (18)

h+ + H2O •OH + H+ (19)

2 O2-• + 2 H2O 2 •OH + 2 OH- + O2 (20)

Há também o processo de desativação do catalisador, que seria a volta do

elétron para a banda de valência, ou seja, a recombinação entre o elétron que

foi excitado para a banda de condução e a lacuna deixada na banda de

valência. Esta recombinação libera energia na forma de calor e pode ocorrer na

superfície da partícula do semicondutor ou em seu interior (HOFFMANN,

1995).

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Neppolian et al (2002) e Souza et al (2014), citam diversos catalisadores já

aplicados em sistemas heterogêneos como: TiO2, ZnO, CdS, ZnS, SrO2, Fe2O3,

caulim, SiO2 e Al2O3.

Figura 2.3 – Mecanismo de fotoativação de um catalisador semicondutor. Onde

hѵ: radiação; BC: banda de condução; BV: banda de valência; h+: lacuna; e-:

elétron; D: composto orgânico; D-: espécie reduzida; D•: espécie oxidada.

Fonte: Freire, 2000.

Dentre os fotocatalisadores semicondutores supracitados, o mais aplicado

é o dióxido de titânio (TiO2). Isto se deve ao fato de ser um composto de baixo

custo, não tóxico, possibilidade de ativação através da luz solar, estável em

ampla faixa de pH e insolúvel em água (FREIRE et al, 2000).

A fotocatálise heterogênea tem suas principais aplicações na degradação

de bactérias, pesticidas e herbicidas, corantes, surfactantes e redução de

metais.

Fenton heterogêneo

A diferença do Fenton heterogêneo para o Fenton convencional está no

aproveitamento da superfície de algum catalisador sólido à base de ferro para

gerar os radicais hidroxila (•OH) mais rapidamente (DEVI et al, 2009).

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Santos (2008) cita algumas vantagens do Fenton heterogêneo sobre o

homogêneo. São elas: a reação pode ocorrer em pH neutro, excluindo a

necessidade de etapas de ajustes de pH; menor geração de lodo, justamente

devido ao pH da reação; e os catalisadores aplicados podem ser reciclados.

Os principais catalisadores utilizados no processo Fenton heterogêneo são:

zeólitas, carvão ativado, argila, nanopartículas magnéticas e matrizes

poliméricas (FERREIRA, 2014).

Segundo Lin e Gurol (1998), nos sistemas Fenton heterogêneo os radicais

hidroxila (•OH) são gerados a partir das reações presentes nas equações (21),

(22), (23) e (24). (o símbolo = se refere às espécies adsorvidas na superfície do

metal).

= Fe3+ + H2O2 = Fe2+ + •HO2 + H2O (21)

= Fe2+ + H2O2 = Fe3+ + •OH (22)

•HO2 H+ + •O2- (23)

= Fe3+ + •HO2/•O2- = Fe2+ + H2O/OH- + O2 (24)

Os íons ferrosos adsorvidos à superfície (= Fe2+) são gerados a partir de

íons férricos também adsorvidos à superfície do catalisador (= Fe3+). São os

íons = Fe2+ que degradam o peróxido de hidrogênio (H2O2) formando radicais

hidroxila (•OH). Os íons = Fe3+ provenientes desta reação podem ser

convertidos em novos íons = Fe2+ quando reagem com os radicais formados na

reação (21) (•HO2).

No tópico 2.6 será realizada uma discussão mais detalhada sobre a reação

de Fenton heterogêneo com o ferro de valência zero atuando como catalisador.

2.3 – Nanotecnologia

A nanociência é o estudo das propriedades e comportamento de materiais

que apresentem ao menos uma de suas dimensões na escala da ordem de 0,1

a 100 nanômetros (1 nm = 10-9 m). O objetivo da nanociência é manipular e

organizar matérias nas escalas molecular e atômica (BATISTA et al, 2010). A

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17

nanotecnologia é a aplicação desta ciência para o desenvolvimento de

produtos e processos que possam ser aplicados em diversas áreas de

conhecimento para inovar tecnologias, melhorar a qualidade de vida das

pessoas e ajudar na preservação do meio ambiente.

Inicialmente a nanociência e a nanotecnologia eram vistas como ficção

científica, porém passou a ser uma tendência cada vez mais forte a partir do

ano de 1997. Segundo Roco (2001), Estados Unidos, União Europeia e Japão

apresentam o maior nível de desenvolvimento em nanociência e

nanotecnologia.

As propriedades físicas e químicas das partículas em escalas nanométricas

(nanopartículas) podem ser extremamente diferentes das mesmas partículas

em escalas macroscópicas. Esta é a essência da nanotecnologia, ou seja, o

aproveitamento e a habilidade de tratar as distintas e únicas propriedades das

nanopartículas.

Os nanomateriais são compostos por agregados destas nanopartículas.

Estes materiais apresentam particularidades muito interessantes para diversas

aplicações na química, física e biologia. Por exemplo, algumas nanopartículas

apresentam-se transparentes por terem dimensões inferiores ao comprimento

de onda crítico da luz, o que as tornam muito úteis para aplicações em

embalagens, revestimentos e cosméticos (MAMANI, 2009).

O intenso aumento na área superficial das nanopartículas que compõem os

nanomateriais, também resulta em propriedades extremamente desejadas no

desenvolvimento de produtos, como por exemplo, aumento da resistência

física, térmica e química (MAMANI, 2009).

Já com relação a velocidade das reações, os catalisadores nanométricos

são extremamente eficientes. Com o’ tamanho extremamente reduzido, há um

grande aumento na razão área superficial/volume, e com isso os átomos

presentes na superfície participam de todas as interações físicas e químicas do

material com o meio no qual está imerso (MAMANI, 2009).

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2.4 – Nanotecnologia aplicada ao tratamento de águas

residuárias

As aplicações da nanotecnologia são inúmeras em diversos ramos da

ciência, como medicina, biologia, informática, química e etc. Com relação ao

meio ambiente, as pesquisas sobre as influências do uso de materiais e

processos nanométricos ainda são recentes. Porém, esperam-se grandes

benefícios para a preservação do meio ambiente com a aplicação da

nanotecnologia, principalmente nas áreas de detecção e monitoramento,

prevenção e tratamento de ambientes poluídos (BATISTA et al, 2010). Os

recentes avanços na nanotecnologia oferecem oportunidades para desenvolver

processos de tratamento que atinjam altas eficiências, multifuncionais e de

menores investimentos (QU et al, 2013).

Detecção e monitoramento

Sensores estão sendo preparados em escalas nanométricas, permitindo

maior sensibilidade e especificidade para detectar e monitorar contaminantes

orgânicos e inorgânicos (RAMOS, 2009). Tais inovações em sensores

ambientais implicam em detecções de poluentes cada vez mais precoces e

precisas, acompanhamento em tempo real da eficiência de tratamentos e

remediações, maior eficiência no monitoramento do nível de poluentes

presentes em produtos de consumo humano e outros. Exemplos de materiais

detectores em escala nanométrica são citados na tabela 2.2.

Prevenção

Nanocatalisadores mais uma vez se destacam na prevenção de poluição

ao meio ambiente. Pois algumas das consequências de elevar a velocidade e

eficiência dos processos industriais são: maiores rendimentos das matérias-

primas, menores gastos de energia e produção de quantidades menores de

subprodutos e reduzido dispêndio de energia e menor produção de resíduos

indesejáveis (BATISTA et al, 2010). Na tabela 2.2, estão apresentados

exemplos de materiais nanométricos de alta eficiência.

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Tratamentos

A elevada razão área superficial/volume das nanopartículas, faz com que

estas sejam excelente alternativa para adsorver metais e compostos orgânicos.

Após este tratamento de adsorção, a coleta das nanopartículas com os

contaminantes adsorvidos pode ser facilitada por nanopartículas magnéticas

(YE et al, 2006). As propriedades redox e/ou de semicondutor das

nanopartículas traz outras importantes aplicações neste cenário. Isto as torna

potentes agentes de degradação química ou fotoquímica de contaminantes

orgânicos, sendo uma valiosa aplicação para tratar efluentes industriais, águas

residuárias e solos contaminados (QUINA, 2004). Com relação ao magnetismo,

as nanopartículas têm sido muito testadas na separação de metais em águas

residuárias. Já as nanopartículas superparamagnéticas lipofílicas podem

interagir com substâncias hidrofóbicas, devido às suas longas cadeias

carbônicas (NGOMSIK et al, 2005). Vários exemplos de nanomateriais usados

em tratamentos são citados na Tabela 2.2.

As técnicas de tratamento de águas residuárias baseadas na aplicação de

nanotecnologia, prometem enfrentar os desafios dos tratamentos existentes e

utilizar os recursos hídricos de forma mais econômica. Na escala nanométrica,

as aplicações se baseiam nas novas propriedades adquiridas pelas partículas,

tais como: dissolução rápida, altíssima taxa de reatividade, intensa capacidade

de adsorção, superparamagnetismo, confinamento quântico e a ressonância

plasmônica (gera mudanças na coloração) (XIAOLEI et al, 2013).

A seguir será feito um breve resumo dos principais materiais nanométricos

aplicados em tratamentos de águas residuárias. Na Tabela 2.2 estão dispostos

as aplicações que serão apresentadas a seguir.

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20

Tabela 2.2 – Aplicações da nanotecnologia no tratamento de águas residuárias.

Aplicação Materiais Propriedades Tecnologia ativa

Adsorção

Nanotubos de carbono Elevada área superficial; sítios ativos mais acessíveis; superfície química ajustável; fácil reúso.

Pré-concentração e detecção de contaminantes; adsorção de materiais recalcitrantes.

Nanopartículas de óxidos metálicos

Elevada área superficial; curta distância de difusão intrapartícula; mais sítios ativos; algumas superparamagnéticas; fácil reúso.

Reatores de lama; filtros de adsorção.

Nanopartículas núcleo/casca

Casca adaptada para adsorção; núcleo reativo para degradação; curta distância de difusão interna.

Nanoadsorventes reativos.

Membranas

Nanozeólitas Hidrofilicidade; peneira molecular. Membranas de filme fino nanocomposta altamente permeáveis.

NanoAg Alta atividade antimicrobiana; baixa toxicidade. Membranas com pouca incrustação biológica.

Nanotubos de carbono Atividade antimicrobiana; química ajustável; alta estabilidade química e mecânica.

Membranas com pouca incrustação biológica.

Aquaporin Alta permeabilidade e seletividade. Membranas de aquaporin (biológicas).

NanoTiO2 Atividade fotocatalítica; hidrofilicidade; estabilidade química.

Membranas reativas; membranas de filme fino nanocomposta de alta performance.

Nanomagnetita Superfície química ajustável; superparamagnética. Osmose reversa.

Fotocatálise

NanoTiO2 Atividade fotocatalítica em UV e possivelmente em luz visível; baixa toxicidade; alta estabilidade; baixo custo.

Reatores fotocatalíticos; sistema de desinfecção a base de luz solar.

Derivados de fulereno Atividade fotocatalítica em radiação solar; alta seletividade.

Reatores fotocatalíticos; sistema de desinfecção a base de luz solar.

Desinfecção e controle

microbiano

NanoAg Alta atividade antimicrobiana; baixa toxicidade. Desinfecção de águas; superfície impede incrustação biológica.

Nanotubos de carbono Atividade antimicrobiana; condutividade. Desinfecção de águas; superfície impede incrustação biológica.

NanoTiO2 Geração de radicais reativos; alta estabilidade química; baixa toxicidade; baixo custo.

Desinfecção e descontaminação em larga escala.

Detecção e monitoramento

Pontos quânticos Amplo espectro de absorção; emissão estreita, brilhante e estável que é dimensionada de acordo com o tamanho das partículas e o componente químico

Detecção óptica.

Nanopartículas de metais nobres

Alta condutividade; ressonância plasmônica superficial aprimorada.

Detecção óptica e eletroquímica.

Nanopartículas de sílica dopadas com corantes

Alta sensibilidade e estabilidade; propriedade química da sílica facilita a conjugação.

Detecção óptica.

Nanotubos de carbono Elevada área superficial; alta resistência mecânica; alta estabilidade química.

Detecção eletroquímica; pré-concentração da amostra.

Nanopatículas magnéticas Superfície química ajustável; superparamagnética. Pré-concentração e purificação da amostra.

Fonte: Xiaolei et al, 2013.

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2.4.1 – Nanoadsorventes

Os materiais adsorventes geralmente são aplicados como tratamento

terciário, almejando a remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos de

águas residuárias. A eficiência da adsorção dos materiais aplicados atualmente

é limitada pela área superficial e os sítios ativos associados, falta de

seletividade, e cinética de adsorção (MANSOORI, 2008).

Os nanoadsorventes à base de carbono, metal e poliméricos representam

uma evolução significativa, pois oferecem alternativas eficientes para superar

estas limitações. Tais materiais possuem elevada razão área superficial/volume

e seus sítios ativos associados, curta distância da difusão intrapartícula,

tamanho do poro ajustável e a química da superfície (TIWARI, 2008).

Segundo Pan & Xing (2008), os nanoadsorventes à base de carbono

apresentam maior eficiência que o carvão ativado quando se trata de remoção

de vários poluentes orgânicos e metálicos. Por exemplo, agregados de

nanotubos de carbono apresentam maior disponibilidade de sítios ativos

localizados em espaços intersticiais e sulcos, e com isso, sua capacidade de

adsorver moléculas orgânicas maiores é bastante elevada (PAN & XING,

2008). Já quando estão oxidados, os nanotubos de carbono apresentam

grupos funcionais em sua superfície (hidroxila, carboxila, fenol) que atuam

como os principais sítios ativos para a adsorção de íons metálicos (MACHADO,

2012).

Os nanoadsorventes à base de metais (óxidos de ferro, dióxido de titânio,

óxido de alumínio) são mais baratos e de grande eficiência na adsorção de

metais pesados como arsênio, chumbo, mercúrio, cobre, cádmio, cromo, níquel

e outros (SHARMA et al, 2009). Segundo Yean et al (2005), quando se

consegue diminuir nanomagnetitas de 300 para 11 nm, sua capacidade de

adsorver arsênio aumenta mais de 100 vezes. Isto se deve ao aumento da

razão área superficial/volume e também da mudança que ocorre na estrutura

da superfície destas partículas (criam-se novos sítios ativos de adsorção)

(AUFFAN et al, 2009). Além do aumento da área superficial, também se pode

utilizar o superparamagnetismo das nanomagnetitas e maghemitas para tratar

águas residuárias. À medida que diminuem de tamanho, as partículas

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magnéticas podem se tornar superparamagnéticas, perdendo os momentos

magnéticos permanentes enquanto estão sob efeito de um campo magnético.

O superparamagnetismo pode ser utilizado em nanopartículas com estrutura

núcleo/casca. Tais partículas possuem um núcleo de metal magnético e uma

casca oxidada, e assim realiza as funções de adsorção e separação magnética

ao mesmo tempo (Figura 2.4) (XIAOLEI et al, 2013).

As nanopartículas poliméricas são conhecidas como dendrímeros. Os

monômeros de sua estrutura formam ramificações que lembram a forma de

uma árvore. Esta estrutura permite a adsorção de contaminantes orgânicos e

metais pesados. Segundo Xiaolei et al (2013), sua parte interior pode ser

hidrofóbica para adsorver contaminantes orgânicos e suas ramificações podem

ser adaptadas com grupos funcionais (p. ex. hidroxila ou amina) para adsorver

metais pesados.

Figura 2.4 - Nanopartículas magnéticas multifuncionais. Casca realiza a

adsorção de contaminantes enquanto o núcleo faz a separação através de seu

magnetismo.

Fonte: Xiaolei et al, 2013.

2.4.2 – Nanomateriais incorporados em membranas

O tratamento por filtração com membranas é um processo físico que

separa contaminantes de acordo com seu tamanho e forma. Os desafios desta

técnica são a compensação entre seletividade e permeabilidade, incrustações

que impedem a passagem da alimentação, a pressão utilizada para transportar

o alimentado gera alto consumo de energia e a vida útil das membranas.

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A incorporação de nanomateriais em membranas de filtração é uma

alternativa que oferece melhorias na permeabilidade, resistência a incrustação,

estabilidade térmica e mecânica, e gera novas possibilidades de degradação

de contaminantes (MANSOORI, 2008).

Nanofibras são materiais com elevada área superficial e porosidade. Com

isso, membranas compostas por nanofibras têm sido utilizadas para remoção

de micropartículas contaminantes presentes em soluções aquosas a uma

elevada taxa sem significativas incrustações. Tais membranas podem ser

indicadas como pré-tratamento para processos mais intensos de filtração (p.

ex. ultrafiltração e osmose inversa). Outros nanomateriais podem ser

facilmente impregnados em nanofibras, para assim criar módulos

multifuncionais. Por exemplo, incorporando nanocerâmicos ou outros agentes

nas nanofibras, pode-se moldar membranas para remover metais pesados e

contaminantes orgânicos durante a filtração (LI & XIA, 2004).

As membranas poliméricas ou inorgânicas também são muito utilizadas

como módulos de filtração multifuncionais através da impregnação com

nanomateriais. As nanopartículas são muito utilizadas nesses casos. Por

exemplo, nanopartículas hidrofílicas de óxidos metálicos (p. ex. Al2O3, TiO2,

zeólitas) são utilizadas para aumentar a hidrofilicidade da membrana, e assim

reduz a possibilidade de incrustações durante a filtração e aumenta sua

resistência térmica e mecânica (MAXIMOUS et al, 2010). As nanopartículas

antimicrobianas (p. ex. Ag, nanotubos de carbono) são aplicadas para reduzir a

formação de bioincrustação, ou seja, tais partículas inibem a aderência de

bactérias (ou as inativam) e a formação de biofilme (MAUTNER et al, 2011). Já

as nanopartículas fotocatalíticas (p. ex. nanopartículas de ferro de valência

zero, nanopartículas bimetálicas, TiO2) são incorporadas em membranas para

degradar contaminantes durante a separação física. São chamadas

membranas reativas e é uma evolução significativa em tratamentos de águas

residuárias (WU et al, 2005).

2.4.3 – Nanofotocatalisadores

A fotocatálise pode ser aplicada como um processo oxidativo avançado

aplicado para remover contaminantes em baixas concentrações, tratar

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compostos orgânicos recalcitrantes e também atuar como pré-tratamento,

aumentando a biodegradabilidade de espécies contaminantes não

biodegradáveis.

A Tabela 2.3 traz algumas abordagens de como nanofotocatalisadores

podem ser mais eficientes que os fotocatalisadores em maiores escalas.

Tabela 2.3 – Otimização da atividade de fotocatalisadores.

Objetivos Abordagens Mecanismos Aplicações

Melhorar a cinética das

reações fotocatalíticas

Tamanho

Mais sítios ativos na superfície; maior adsorção dos reagentes; menor

recombinação do par elétron excitado/lacuna (e

-/h

+).

Reatores fotocatalíticos

de UV com alta performance.

Formato Caminhos de difusão mais curtos na

superfície; reatores com maior transferência de massa.

Dopagem com metal nobre

Melhor separação do par e-/h

+; menor

recombinação do par e-/h

+.

Faces cristalográficas reativas

Melhor separação do par e-/h

+; maior

adsorção dos reagentes; menor recombinação do par e

-/h

+.

Aumentar o alcance da

fotoatividade

Dopagem com impureza metálica

Níveis de energia das impurezas.

Reatores fotocatalíticos de luz solar ou visível; baixo

custo da energia da

fonte de luz.

Dopagem com ânion Bandgaps estreitas.

Dopagem com corante sensibilizador

Injeção de elétron.

Dopagem com

semicondutores de bandgap estreita

Injeção de elétron.

Fonte: Xiaolei et al, 2013.

A otimização no tamanho e formato das nanopartículas fotocatalisadoras

aprimora sua fotoatividade, pois reduz a recombinação indesejada do par é/h+

e desta forma gera mais espécies oxidativas. Esta otimização também

maximiza as facetas reativas dos nanofotocatalisadores.Segundo Freire et al

(2000), as nanopartículas de dióxido de titânio (NanoTiO2) são os

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semicondutores mais aplicados em processos fotocatalíticos, pois são menos

tóxicas, mais baratas e possui ampla estabilidade química.

Algumas pesquisas apontam que a dopagem com metais ou corantes

também melhoram a fotoatividade e a cinética das reações destes

nanofotocatalisadores (NI et al, 2007).

2.4.4 – Nanomateriais para desinfecção e controle microbiano

Os processos de desinfecção e controle microbiano podem gerar muitos

subprodutos tóxicos. Por exemplo, os tradicionais usos de desinfetantes à base

de cloro e ozônio geram compostos halogenados, nitrosaminas carcinogênicas,

bromatos e outros (CHOI e VALENTINE, 2002; GUNTEN, 2003; WANG et al,

2012). Portanto, o desafio é diminuir a formação de subprodutos, e desta forma

tornar estes tratamentos menos nocivos.

Muitos materiais nanométricos apresentam mecanismos que favorecem a

desinfecção e controle microbiano (Tabela 2.4). Estes mecanismos propiciam

oxidações de menor intensidade e, portanto, têm menor tendência a formar

subprodutos nocivos ao ambiente (XIAOLEI et al, 2013).

Dentre os materiais em escala nanométrica, a prata é a que apresenta

maiores vantagens (CABALA, 2013). Possui forte atividade antimicrobiana,

baixa toxicidade, baixo custo, amplo espectro antimicrobiano e é de fácil

aplicação. O mecanismo-chave para sua atuação está na liberação de íons

prata (Ag+). Estes íons causam danos à proteínas vitais e à membrana celular

de microrganismos, e ainda evitam replicações de DNA (LIAU et al, 1997 e

FENG et al, 2000).

Outros materiais que possuem grande potencial em desinfecção são os

nanotubos de carbono, nanomateriais à base de grafeno e à base de grafite.

Segundo Vecitis et al (2010), quando em contato direto, os nanotubos de

carbono eliminam as bactérias através de perturbação física na membrana

celular, de estresse oxidativo (excesso de radicais livres), ou de interrupção de

algum processo microbiano específico através de perturbação e/ou oxidação

de uma estrutura celular vital.

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Tabela 2.4 – Ação antimicrobiana de nanomateriais.

Nanomateriais Mecanismos antimicrobianos

NanoAg Libera de íons Ag

+; quebra de proteínas; impede a

replicação de DNA; quebra de membranas celulares.

NanoTiO2 Produz radicais oxidantes.

NanoZnO Libera íons Zn

2+; produz H2O2; quebra membranas

celulares.

NanoMgO Quebra membranas celulares.

NanoCe2O4 Quebra membranas celulares.

nC60 Oxidação independente de radicais oxidantes.

Fulerol e Aminofulereno Produz radicais oxidantes.

Nanotubos de carbono Quebra membranas celulares; estresse oxidativo.

Nanomateriais à base de grafeno

Quebra membranas celulares; estresse oxidativo.

Fonte: Xiaolei et al, 2013.

2.4.5 – Nanomateriais de detecção e monitoramento

Uma grande necessidade dos tratamentos de águas residuais é a de

otimizar técnicas de detecção e monitoramento da qualidade das águas. A

dificuldade em detectar alguns contaminantes que estão em concentração

extremamente pequenas e a ausência de detecção instantânea de

contaminantes patogênicos são as principais preocupações e necessidades de

inovação (XIAOLEI et al, 2013).

Os sistemas de detecção tradicionais envolvem indicadores lentos, tais

como os coliformes (bactérias). Estes indicadores não conseguem controlar a

presença de agentes patogênicos emergentes: vírus das hepatites A e E,

echovírus (infecções), adenovírus (doenças respiratórias), bactérias Legionella

(doença do legionário, febre de Pontiac) heliobacter (doenças estomacais), e

protozoários Cryptosporidium (gastroenterite) e Giardia (giardíase).

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Pesquisas estão em andamento para desenvolver sensores de agentes

patogênicos compostos por nanomateriais (VIKESLAND & WIGGINTON,

2010). Com suas propriedades eletroquímicas, ópticas e magnéticas, estes

nanosensores possuem maior sensibilidade, detectam com maiores

velocidades, e podem detectar mais de um tipo de patógeno (VIKESLAND &

WIGGINTON, 2010). Segundo Xiaolei et al (2013), os nanomateriais mais

usados em detecção e monitoramento são as nanopartículas magnéticas, os

pontos quânticos, metais nobres, nanopartículas dopadas com corante e

nanotubos de carbono.

Os pontos quânticos são nanocristais semicondutores com propriedades de

fluorescência com características eletrônicas dependentes de seu tamanho e

formato (ALIVISATOS, 1996). Os pontos quânticos são muito indicados para

detecção de múltiplos contaminantes, uma vez que sua emissão é na ordem de

10 a 20 vezes mais brilhante que os fluoróforos convencionais e até milhares

de vezes mais estáveis que os corantes usuais (YAN et al, 2007 e

SUKHANOVA et al, 2004).

Os nanomateriais de metais nobres também são bastante interessantes

para utilização como sensores. Segundo Petryayeva e Krull (2011), estas

nanopartículas possuem elevada ressonância plasmônica, o que está

intimamente ligada à diversas características das partículas, tais como:

tamanho, formato, composição, distância intrapartículas e o ambiente do meio

em que estão inseridas. A detecção por ressonância plasmônica se baseia na

ressonância presente entre um campo elétrico de um feixe luminoso e os

elétrons livres na superfície dos metais nobres (TUMOLO, 2008).

Outro exemplo é a utilização de nanopartículas de sílicas dopadas com

corantes luminescentes para obtenção de sensores de alta sensibilidade. A

possibilidade de aderir um grande número de partículas do corante em uma

nanopartículas é de extrema vantagem para a aplicação em detecção de

contaminantes (XIAOLEI et al, 2013).

Os nanotubos de carbono, mais uma vez, aparecem como um dos

materiais que podem ser utilizados para detecção e monitoramento de

contaminantes. Sua alta condutividade faz com que a detecção eletroquímica

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seja favorecida através da transferência de elétrons para a sua superfície

(MCCREERY, 2008). E além disso, segundo Collins et al (2000), a elevada

capacidade de adsorção que os nanotubos de carbono possuem os aprimoram

ainda mais sua sensibilidade na detecção.

2.5 – Nanopartículas de ferro

O ferro é um material extremamente utilizado desde os primórdios da

humanidade para fabricação de diversos produtos e, atualmente, é um dos

componentes mais importantes da infraestrutura. Apesar disso, apenas

recentemente as atenções se voltaram para o ferro em escalas nanométricas.

Inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas abordando as metodologias de

síntese e as aplicações potenciais das nanopartículas de ferro em vários ramos

da ciência.

2.5.1 – Métodos de síntese

A literatura traz diversas metodologias para sintetizar partículas de ferro em

escala nanométrica. Será feito um breve resumo das principais técnicas de

síntese abaixo.

Decomposição térmica da pentacarbonila de ferro

A pentacarbonila de ferro (Fe(CO)5) é um composto organometálico com

reação de degradação simples e sem a geração excessiva de subprodutos.

Fe(CO)5 vem sendo utilizada na síntese de nanopartículas de ferro desde os

anos 80 (SMITH e WYCHICK, 1980).

Basicamente, a síntese de nanopartículas de ferro de valência zero por

este método, ocorre com a pentacarbonila de ferro, uma mistura de solvente e

surfactante e uma fonte de calor (HUBER, 2005).

Shao et al (2006) sintetizaram nanopartículas de ferro monodispersas

através de degradação térmica da pentacarbonila de ferro. Ele utilizou

querosene como solvente e oleilamina como surfactante. A reação se passou

em temperatura entre 160 e 180 ºC. Shao et al (2006) obtiveram

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nanopartículas de ferro esféricas na ordem de 8,6 nm (à 180 ºC) e 11,2 nm (à

160 ºC).

Huuppola et al (2012) também testaram esta síntese em temperaturas na

ordem de 170 a 220 ºC. Utilizou surfactantes à base de amina (dodecilamina,

oleilamina e tridodecilamina), alcanos como solvente (dodecano e tetradecano)

e diferentes pressões através de purga com monóxido de carbono (CO). O

tamanho das partículas obtidas variaram de 3 a 12 nm de acordo com as

condições da reação, principalmente da pressão de CO.

Decomposição sonoquímica da pentacarbonila de ferro

A decomposição sonoquímica para síntese de nanopartículas de ferro é

uma abordagem mais recente, que pode ser vista como uma derivação da

decomposição térmica, já que a radiação ultrassônica aplicada atua como fonte

de energia térmica (SUSLICK et al, 1995). Este mecanismo envolve a técnica

conhecida como cavitação acústica, que consiste na formação de bolhas que

aumentam intensamente a temperatura em pontos específicos (CHITARRA,

2013). Segundo Huber (2005), a vantagem deste método sobre a

decomposição térmica é a possibilidade sintetizar nanopartículas de ferro na

presença ou ausência de um surfactante.

Liu et al (2014) aplicaram a decomposição sonoquímica para sintetizar

nanopartículas de ferro. Ele utilizou a pentacarbonila de ferro e solvente de

decano desidratado. Esta mistura reagiu por 2 horas na presença de radiação

ultrassônica de potência de 750 watts em atmosfera de argônio. O resultado

foram nanopartículas de ferro amorfas com tamanhos menores que 10 nm.

Redução de sais e óxidos de ferro

A síntese mais comum de nanopartículas de ferro é feita a partir da

redução de saís de ferro e óxidos de ferro.

A redução de sais de ferro geralmente ocorre por via úmida, ou seja, uma

mistura de duas soluções aquosas, uma de agente redutor e outra de sal de

ferro. Pode também haver a redução por via úmida com a presença de um

surfactante (p. ex. polímeros) que impede a formação de aglomerados muito

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grandes das nanopartículas sintetizadas (HUBER, 2005). Os agentes redutores

mais utilizados são a hidrazina, borohidreto de sódio e borohidreto de lítio.

De uma forma geral, as reduções dos íons férricos (Fe3+) e ferrosos (Fe2+)

ocorrem segundo a reação presente na equação (25) e (26). O ferro de

valência zero (Fe0) precipita de imediato com cor preta intensa, também é

possível notar a formação do gás hidrogênio (H2) durante toda a reação

(YUVAKKUMAR et al (2011); GUI et al (2011)).

2 Fe3+ + 6 BH4- + 18 H2O 2 Fe0 + 21 H2 + 6 B(OH)3 (25)

Fe2+ + 2 BH4- + 6 H2O Fe0 + 7 H2 + 2 B(OH)3 (26)

Chen et al (2011) utilizaram o método da redução de sais de ferro para

sintetizar nanopartículas de ferro modificadas com um polímero. Primeiramente

misturou-se sulfato ferroso (FeSO4) com polivinilpirrolidona e depois

borohidreto de potássio (KBH4) foi adicionado à mistura para reduzir o sal de

ferro. As nanopartículas obtidas foram da ordem de 10 a 40 nm. Yuvakkumar et

al (2011) também utilizaram o método supracitado. Gotejou-se uma solução de

borohidreto de sódio (NaBH4) em uma solução de cloreto de ferro (III) (FeCl3).

As nanopartículas resultantes tinham tamanhos entre 50 e 100 nm.

Há também a redução pelo método da microemulsão (duas fases), que é

muito aplicado para sintetizar metais nobres, entretanto não muito abordado

para a síntese de ferro nanométrico. Porém, há relatos deste método na

literatura. Por exemplo, Li et al (2003) sintetizaram nanopartículas de ferro

utilizando o método redução por microemulsão. Para isto, uma solução de

cloreto de ferro (III) foi adicionada a uma mistura de duas soluções imiscíveis:

uma fase de surfactante contendo brometo de cetil trimetil amônio com 1-

butanol e a outra fase de hidrocarboneto contendo octano. Após a mistura

completa, foi adicionado borohidreto de sódio como agente redutor. O resultado

foram nanopartículas de ferro com tamanhos menores que 10 nm.

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2.5.2 – Propriedades

Como já foi bastante citado, devido a seu tamanho muito reduzido, as

nanopartículas possuem propriedades magnéticas, ópticas e químicas únicas e

extremamente interessante em diversas aplicações.

Propriedades magnéticas

Em tamanhos menores que 20 nanômetros, as nanopartículas de ferro

podem abandonar as propriedades ferromagnéticas para apresentar uma

propriedade magnética única: o superparamagnetismo (KABLUNDE e

RICHARDS, 2009).

O superparamagnetismo é uma propriedade encontrada nas

nanopartículas que faz com que estas sejam atraídas fortemente por um

campo magnético externo, porém, assim que este campo é retirado, as

partículas não apresentam mais magnetização. Ou seja, as partículas

superparamagnéticas não apresentam magnetização residual, como ocorre em

materiais macroscópicos de ferro (KNOBEL, 2000).

Segundo Huber (2005), a propriedade superparamagnética está

intimamente ligada ao tamanho e formato das nanopartículas. Para melhor

aplicabilidade do superparamagnetismo, as nanopartículas devem se

apresentar o mais próximo possível da forma esférica, monodispersas e

uniformes.

Propriedades químicas

A principal propriedade química das nanopartículas de ferro está na sua

elevada reatividade quando em presença de um agente oxidante, o que as

torna bastante indicadas para uso como catalisadores. Além disso, Fu et al

(2014) também destacam seu poder redutor para aplicações ambientais.

Porém, esta alta reatividade também é prejudicial. Em contato direto com o

ar ou ambientes com oxigênio, as nanopartículas oxidam rapidamente. E por

isso há diversas pesquisas que objetivam mitigar estas reações de oxidação

indesejadas sem alterar as propriedades das nanopartículas. Tais como: pré-

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oxidação branda (forma casca protetora), manter as nanopartículas num

dispersante líquido ou sólido, ligas metálicas de ferro com outro metal e outros

(HUBER, 2005).

2.5.3 – Aplicações

As nanopartículas de ferro são aplicadas, principalmente, para finalidades

magnéticas, elétricas, químicas e biomédicas.

Nas aplicações magnéticas, destacam-se as mídias de gravação

magnética. As mídias de backup de computadores ou de gravação de vídeos

ganharam vários gigas de armazenamento devido a utilização de

nanopartículas de ferro. Já na parte elétrica, pode-se aplicar as nanopartículas

para produção de transformadores, indutores, cabeças magnéticas para leitura

e gravação de mídias, motores, eletroímãs e outros componentes elétricos

(KODAMA, 1999; HUBER, 2005).

Em aplicações químicas, catalisadores de ferro são muito utilizados na

síntese de Fischer-Tropsch (SANTOS, 1986). Marchetti et al (2002) testaram

esta síntese catalisada por nanopartículas de ferro. A eficiência obtida foi seis

vezes maior que a dos catalisadores convencionais.

Na área biomédica destacam-se as aplicações das nanopartículas de ferro

em marcações e separações magnéticas de material biológico, administração

dirigida de fármacos, melhoramento de contraste em exames de ressonância

magnética, tratamentos por hipertermia, liberação de fármacos e outros (DAVE

e GAO, 2009; JORDAN et al, 2006; PANKHURST et al, 2003).

2.6 – Nanopartículas de ferro aplicadas ao tratamento de águas

O poder degradador do ferro de valência zero (ZVI - zero valent iron) já é

conhecido há algum tempo. Em 1972, ferro de valência zero teve sua primeira

patente como agente degradante de pesticidas clorados. Na década de 80

houve vários relatos de degradação de organoclorados (p. ex. tricloroetileno,

tricloroetano) com ZVI (TAGHIZADEH et al, 2013).

Recentemente, quando se trata de tratamentos de águas residuárias por

ZVI, o foco está voltado para as nanopartículas de ferro de valência zero

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(nZVI). Elas trouxeram evoluções para o poder degradante do ferro. Devido a

sua elevada razão área superficial/volume, a cinética das reações de

degradação é muito mais elevada (TRATNYEK e JOHNSON, 2006). Além

disso, segundo (HENRY et al, 2003), as nZVI possuem maior densidade de

sítios ativos em sua superfície o que torna o poder de penetração dos

contaminantes em seus poros maior quando comparado as ZVI macroscópicas.

Segundo Tratnyek e Johnson (2006), estas novidades presentes nas nZVI

fazem com que sua atuação em tratamento de águas residuárias seja da

seguinte forma:

degradam contaminantes de forma mais rápida quando comparadas a

partículas macroscópicas de ZVI;

degradam contaminantes que não são degradados por partículas maiores

de ZVI (p. ex. bifenóis policlorados);

transformam contaminantes em compostos mais facilmente degradados

por partículas macroscópicas (p. ex. tetracloreto de carbono),

A reatividade das nZVI depende de alguns fatores, tais como as

características das nZVI (tamanho, formato, superfície), grupos funcionais dos

contaminantes, propriedades físicas dos contaminantes e condições do

ambiente a ser tratado (RYCHOUDHURY e SCHEYTT, 2013).

A Figura 2.5 traz o esquema de uma nZVI seguindo o modelo

núcleo/casca, ou seja, o núcleo é composto por ferro de valência zero (ZVI ou

Fe0) e a casca é formada por um misto de íons ferrosos (Fe2+) e íons férricos

(Fe3+). Ainda está ilustrado os mecanismos que ocorrem em cada região da

partícula. No núcleo ocorrem as reações de redução de contaminantes,

enquanto que a casca adsorve os contaminantes (Li et al, 2006).

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34

Figura 2.5 – Esquema do modelo núcleo/casca para uma nanopartícula de

ferro (nZVI). Núcleo de ferro metálico e casca de óxidos/hidróxidos de ferro. Há

como exemplos: redução de um organoclorado, redução e absorção de um

metal.

Fonte: Li et al (2006).

A Figura 2.6 apresenta a nZVI de forma tridimensional, destacando a

porosidade presente nestas nanopartículas. Usa como exemplo uma redução

de tricloroetileno (C2HCl3 C2H6 + 3 Cl-) e íons chumbo (Pb2+ Pb0)

ocorrendo no núcleo de Fe0, e absorção de íons de chumbo (Pb2+) na casca

(Geo nano environmental technology, 2015).

Figura 2.6 – Esquema tridimensional do modelo núcleo/casca para uma

nanopartícula de ferro (nZVI), evidenciando a porosidade existente (importante

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fator na reatividade). Ilustra a redução de tricloroetileno, redução de chumbo

(Pb2+ Pb0) e absorção de íons chumbo (Pb2+).

Fonte: Geo nano environmental technology (2015).

As nZVI produzem íons ferrosos, liberando elétrons, a partir da equação

(27). Esta oxidação pode ocorrer em contato com a água por exemplo.

Fe0 Fe2+ + 2 e- (27)

Esta reação possui potencial de redução padrão (E0) de +0,44 V (ATKINS,

1998). As reações de degradação ocorrem segundo a equação (28), ou seja,

ocorre redução dos íons contaminantes na presença dos elétrons livres.

RX + 2 e- + H+ RH + X- (28)

Estas reações, segundo Matheson e Tratnyek (1994), em pH 7, possuem

potenciais de redução variando de +0,5 e +1,5 V, dependendo do tipo de

contaminante presente na reação. Quando combinadas as reações das

equações (27) e (28) produzem uma reação termodinamicamente espontânea

apresentada na equação (29) (TAGHIZADEH et al, 2013).

Fe0 + RX + H+ Fe2+ + RH + X- (29)

O mecanismo apresentado acima corresponde a forma mais básica de

como o ZVI atua na degradação de compostos, tais como, organohalogenados

(MATHESON e TRATNYEK, 1994).

Matheson e Tratnyek (1994), também apresentam reações com possíveis

mecanismos de degradação de compostos por ZVI. A equação (30) constitui a

produção de íons férricos a partir de íons ferrosos. As equações (27), (31) e

(32) apresentam um terceiro modo de degradação, que é a formação de íons

ferrosos, hidrogênio gasoso e hidroxilas.

Fe2+ Fe3+ + e- (30)

Fe0 Fe2+ + 2 e- (27)

H2O + e- H2 + OH- (31)

Fe0 + 2 H2O Fe2+ + 2 H2 + 2 OH- (32)

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Na reação (32), o H2 gerado é o responsável por degradar os

contaminantes, porém, estas posteriores reações de degradação necessitam

de catalisadores específicos para ocorrer.

O pH da solução que contêm as nZVI é um fator importante. Segundo

Mcdowall (2005), a taxa da reação de degradação utilizando nZVI foi maior em

pH 4 que em pH 8. Quando em pH 8, a taxa de reação foi diminuindo até

estacionar.

As nZVI também estão sendo muito aplicadas nas reações de Fenton

heterogêneo, ou seja, funcionam como catalisador para geração de radicais

hidroxila (•OH) de forma mais rápida que no Fenton convencional (DEVI et al,

2009). Esta maior eficiência está intimamente ligada não somente à geração de

radicais hidroxila, como também à redução de íons férricos (Fe3+) pelo ferro

metálico (BREMNER et al, 2006).

Ferreira (2014) demonstra pelas equações (33), (34), (35), (36), (37), (38),

(39), (40), (41) e (42) os mecanismos das reações que ocorrem no Fenton

heterogêneo com nZVI. (o símbolo = se refere às espécies adsorvidas na

superfície do metal).

A redução dos íons Fe3+ a Fe2+ ocorrem na superfície das nZVI através da

equação (33).

2 Fe3+ + Fe0 3 Fe2+ (33)

O ferro metálico em meio ácido libera íons ferrosos (Fe2+) (equação (34)).

Fe0 H+ Fe2+ (34)

Íons ferrosos adsorvidos à superfície (= Fe2+) são gerados a partir da

reação do ferro metálico (Fe0) com o peróxido de hidrogênio (H2O2) (equação

(35)). (FERREIRA, 2014). Os radicais hidroxila (•OH) são gerados através da

reação entre esses íons ferrosos e o peróxido de hidrogênio (equação (36)).

Fe0 + H2O2 = Fe2+ (35)

= Fe2+ + H2O2 Fe3+ + •OH + OH- (36)

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O ferro metálico (Fe0) também reage com o peróxido de hidrogênio (H2O2)

para gerar íons ferrosos que se difundem ao seio da solução (equação (37)).

Estes íons Fe2+ são oxidados com H2O2 e geram radicais hidroxila (•OH)

(equação (38)).

Fe0 + H2O2 Fe2+ + 2 OH- (37)

Fe2+ + H2O2 Fe3+ + •OH + OH- (38)

Já os íons férricos reagem de duas formas diferentes neste ciclo de

reações. A primeira via funciona com a formação de um complexo de hidróxido

[Fe(OH)2+] que irá gerar radicais hidroxila (•OH) na presença de radiação UV

(equações (39) e (40)).

Fe3+ + H2O [Fe(OH)2+] + H+ (39)

[Fe(OH)2+] + hѵ Fe2+ + •OH (40)

A segunda forma é a reação do Fe3+ com o H2O2 gerando íons ferrosos

(Fe2+) e radicais hidroperóxidos (formam mais íons ferrosos) (equações (41) e

(42)).

Fe3+ + H2O2 Fe2+ + H+ + HO2• (41)

Fe3+ + HO2• Fe2+ + O2 + H+ (42)

Vários estudos de laboratório indicam que as nZVI atuam como agentes

redutoras, sendo muito eficazes para degradação de organohalogenados (p.

ex. metanos clorados e bromados, etenos clorados e benzenos clorados),

outros hidrocarbonetos policlorados, nitratos, pesticidas, corantes orgânicos e

metais pesados (GAVASKAR et al, 2005; HENRY, 2003; ZAWAIDEH et al,

1997). A Tabela 2.5 traz um resumo dos principais contaminantes degradados

pelas nZVI e a Tabela 2.6 traz alguns dos diversos estudos de degradação

encontrados na literatura.

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Tabela 2.5 – Contaminantes comuns em águas residuárias que podem ser

degradados com nZVI.

Grupo Componente Fórmula Fontes no meio

ambiente

Metanos clorados

Tetracloreto de carbono CCl4 Solvente.

Clorofórmio CHCl3 Solvente.

Diclorometano CH2Cl2 Solvente.

Clorometano CH3Cl Intermediário químico.

Trihalometanos

Tribromometano (bromofórmio)

CHBr3 Solvente.

Dibromoclorometano CHBr2Cl Produção de extintores, aerossóis e agrotóxicos.

Diclorobromometano CHBrCl2 Intermediário químico.

Benzeno clorados

Hexaclorobenzeno C6Cl6

Solventes, aditivos químicos e agrotóxicos.

Pentaclorobenzeno C6HCl5

Tetraclorobenzeno C6H2Cl4

Triclorobenzeno C6H3Cl3

Diclorobenzeno C6H4Cl2

Clorobenzeno C6H5Cl

Etenos Clorados

Tetracloroeteno C2Cl4 Usado em limpezas a seco e

como desengraxante.

Tricloroeteno C2HCl3 Solvente e desengraxante.

cis-dicloroeteno C2H2Cl2 Solvente.

trans-dicloroeteno C2H2Cl2 Subproduto do 1,1,1-

tricloroetano.

1,1-dicloroeteno C2H2Cl2 Intermediário químico.

Cloreto de vinila C2H3Cl Manufatura de plásticos

Pesticidas

DDT (diclorodifeniltricloretano)

C14H9Cl5

Inseticidas.

Lindano C6H6Cl6

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(Continuação da Tabela 2.5)

Grupo Componente Fórmula Fontes no meio

ambiente

Outros hidrocarbonetos

policlorados

PCBs (bifenóis policlorados) C12H(10-n)Cln

Fluidos de transformadores e capacitores, fluidos hidráulicos

de bombas, algumas tintas epoxi.

Pentaclorofenol C6HCl5O Indústrias de biocidas

(inseticidas, herbicidas, fungicidas, e outros).

1,1,1-tricloroetano C2H3Cl3 Solvente.

Corantes orgânicos

Alaranjado II C16H11N2NaO4S

Indústrias têxteis, papel, impressão, couro e alimentícias.

Crisoidina C13H15ClN4 ou C12H12N4.HCl

Tropaeolina O C12H9N2NaO5S

Outros contaminantes

orgânicos

Trinitrotolueno (TNT) C7H5N3O6 Explosivos.

n-nitrosodimetilamina (NDMA) C2H6N2O Conservante.

Metais pesados

Mercúrio Hg+ Garimpos, produção de cloro.

Níquel Ni2+

Galvanoplastia

Chumbo Pb2+

Gasolina, mineração e

manufatura.

Crômio Cr(IV) Chapeamento de metal.

Cádmio Cd2+

Mineração, chapeamento.

Íons inorgânicos

Perclorato ClO4-

Fogos de artifício, explosivos, combustível de foguete.

Nitrato NO3- Fertilizantes.

Fontes: Li et al, 2006; CETESB, 2015; Masters & Ela, 2008; Mueller, 2010.

Tabela 2.6 – Estudos de degradação de contaminantes utilizando nZVI, suas

técnicas de síntese e os resultados destes estudos encontrados na literatura.

*UPF: unidades formadoras de placa é a forma de quantificar partículas virais

capazes de infectar um determinado organismo.

Contaminante Técnica de síntese das

nZVI Condições Resultados Fonte

Decabromodifenil éter (PBDE)

Redução de um licor residual de decapagem de aço com NaBH4 e

PVP (polivinilpirrolidona) como surfactante.

[nZVI] = 6 g/L; [PBDE] = 2 mg/L;

pH 6; t = 24 h

Remoção de praticamente 100%

do PBDE.

Fang et al, 2011

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(Continuação da Tabela 2.6)

Contaminante Técnica de síntese das

nZVI Condições Resultados Fonte

Corante ácido preto 24 Redução de FeCl3 com

NaBH4

[nZVI] = 0,3348 g/L; [Corante] = 100 mg/L;

pH 7; t = 15 min

Remoção de praticamente 98% da

cor; remoção de 53,8% de COT

(carbono orgânico total)

Shu et al, 2007

Hexabromociclodecano (HBCD)

Redução de FeSO4 com NaBH4

[nZVI] = 5 g/L; [HBCD] = 20 mg/L;

t = 30 min

Remoção de praticamente 100%

do HBCD.

Tso & Shih, 2014

Arsênio (As) Redução de FeCl3 com

NaBH4

[nZVI] = 1,0; 2,0 e 4,5 g/L;

[As] = 1 mg/L; pH 7

Remoção de 100% do As (IV) para As

(0).

Kanel et al, 2005

Zinco (Zn) Redução de FeCl3 com

NaBH4

[nZVI] = 0,4 g/L; [Zn] = 25 mg/L;

pH 7; t = 1 h

Remoção de 100% das formas de Zn

testadas.

Kržišnik et al, 2014

Corante preto reativo 5 e vermelho reativo 198

Redução de FeCl3 com NaBH4

[nZVI] = 0,5 g/L; [Corante] = 100 mg/L;

pH 5 - 6; t = 3 h

Remoções próximas a 100% para ambos os corantes testados.

Satapanajaru et al, 2011

Antibióticos (Tetraciclina - TC)

Redução de FeSO4 com KBH4

[nZVI] = 0,2 g/L; [TC] = 500 mg/L;

pH 6; t = 10 d

Remoção de 100% da TC.

Fu et al, 2015

Águas residuais de refinaria de petróleo

Redução de FeSO4 com NaBH4

[nZVI] = 0,15 g/L; pH 5;

t = 30 min

Combinação de ultrassom com as nZVI causaram

redução de cerca de 90% da DQO

presente.

Rasheed et al, 2011

Trinitrotolueno (TNT)

nZVI comerciais (Shenzhen Junye

Nanomaterial Co. Ltd. (Shenzhen, China)

[nZVI] = 5 g/L; [TNT] = 80 mg/L;

pH 4; t = 3 h

Degradação acima de 99%.

Zhang et al, 2010

Bacteriófagos (f2) Redução de FeSO4 com

NaBH4

[nZVI] = 49 mg/L; [f2] = 3,5.10

6

UFP*/mL; pH 5

Testes cinéticos. As condições citadas

foram as com maiores taxas de degradação do bacteriófago.

Cheng et al, 2014

Crômio (Cr (VI)) e chumbo (Pb (II))

Redução de FeCl3 com NaBH4

[nZVI] = 1,6 g/L; pH 6;

t = < 10 min

nZVI suportada em sepiolita reduziu o Cr (VI) a Cr(III) e o Pb

(II) a Pb(0). Eficiências acima de

98%.

Fu et al, 2015

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(Continuação da Tabela 2.6)

Contaminante Técnica de síntese das

nZVI Condições Resultados Fonte

Cádmio (Cd (II)) Redução de FeCl3 com

NaBH4

[nZVI] = 1 g/L; [Cd] = 10 mg/L;

pH 6,5; t = 20 min

Remoção de 91% do Cd (II) presente.

Zhang et al, 2014

Para-cloronitrobenzeno (p-CINB)

Redução de FeSO4 com NaBH4

[nZVI] = 268,8 mg/L; [H2O2] = 4,9 mmol/L; [p-CINB] = 60 mg/L;

pH 3; t = 30 min

Remoção de 100% do p-CINB

Li & Zhu, 2014

Tricloroetileno (TCE) Redução de FeCl3 com

NaBH4

[nZVI] = 20 g/L; [TCE] = 20 mg/L;

t = 1,7 h

Remoção de 100% do TCE

Wang & Zhang (1997)

Além das diversidade de aplicações resumidas na Tabela 2.7 supracitada,

pode-se citar alguns outros trabalhos específicos em degradação de corantes

com a utilização das nZVI.

Luo et al (2013), sintetizaram nZVI suportadas em rectorita para degradar o

corante laranja II. Primeiramente foi preparada uma mistura de 0,2 M de cloreto

férrico (FeCl3) com a rectorita e por fim foi adicionada solução de 2,0 M de

borohidreto de sódio (NaBH4) em atmosfera de nitrogênio, para realizar a

redução dos íons Fe3+ para Fe0. As nZVI obtidas tiveram média de tamanho de

10,3 nm. Os testes mostraram degradação completa do corante laranja II em

10 minutos de reação. Foram utilizados 2 g/L de nZVI em 100 mL de solução

de corante (70 mg/L), o pH foi mantido como o da solução do corante (não foi

indicado pelo autor).

Yu et al (2014) fizeram a síntese de nZVI através da redução do FeCl3

(0,45 M) com NaBH4 (0,25 M). As partículas obtidas tinham tamanhos entre

100-120 nm, e foram aplicadas como catalisador em uma reação Fenton-

heterogêneo para degradar o corante preto reativo B e remover a DQO

(demanda química de oxigênio) presente. Para a remoção de cor, alcançou-se

eficiências de 90% em 1 hora de reação, quando a concentração de nZVI e

H2O2 foi entre 60-80 mg/L e 300-400 mg/L, respectivamente. Porém nessas

condições, a remoção da DQO foi de apenas 15%. Para alcançar remoções da

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DQO acima de 70%, Yu et al (2014) utilizaram concentração de nZVI na faixa

de 200-225 mg/L e aumentou a concentração de H2O2 para 1000-1125 mg/L.

Outro estudo envolvendo degradação de corantes por nZVI foi o de Fan et

al (2009). Também realizaram a síntese através da técnica de redução de um

sal de ferro. Utilizou 1,0 M de FeCl3 e 1,6 M de NaBH4. As nZVI obtidas tinham

tamanhos entre 20 e 80 nm. O corante escolhido para os testes foi o alaranjado

de metila. Com concentração inicial de corante de 100 mg/L, 0,6 g/L de nZVI e

pH 6, a degradação ocorreu rapidamente nos primeiros 10 minutos

(degradação de quase 100%) e depois diminuiu nos próximos minutos até

alcançar a completa degradação. Foi constatado que em valores de pH mais

baixos a reação ocorre de forma mais rápida. Os autores também constataram

que o aumento da temperatura favorece a degradação do alaranjado de metila.

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3 – Materiais e metodologias

3.1 – Síntese das nanopartículas de ferro de valência zero

As sínteses das nZVI foram realizadas nos laboratórios do PAM –

PEQ/COPPE, localizado na cidade universitária da Ilha do Fundão

(Universidade federal do Rio de Janeiro - UFRJ).

Baseadas na técnica de redução de sais de ferro, foram testadas três

metodologias para produzir as nanopartículas de ferro de valência zero. A

primeira metodologia utiliza impregnação de ferro em zeólitas para posterior

redução com borohidreto de sódio. As outras duas metodologias reduzem os

sais de ferro diretamente com o borohidreto de sódio.

Zeólitas impregnadas com Fe(NO3)3.

A zeólita utilizada nestes processos foi a zeólita Beta (βzeo) fornecida pela

empresa Zeolyts International. Inicialmente testou-se a metodologia de

produção de catalisadores proposta por Silva (2004), utilizando uma solução de

nitrato férrico (Fe(NO3)3) fornecido pela Sigma-Aldrich.

Foram adicionadas 0,5 grama de βzeo a 75 mL de água destilada e

posteriormente misturadas a 2,6 mL de solução de Fe(NO3)3 (1,16 M). Essa

mistura ficou em agitação constante por 30 minutos e passou por processo de

secagem de 24 horas à 60 ºC. Por fim, o sólido resultante foi calcinado a 450

ºC (rampa de 10 ºC/min) durante 4 horas.

Para a redução dos íons férricos do Fe(NO3)3, foi preparada 25 mL de

solução de borohidreto de sódio (NaBH4) (1 M), fornecido pela Vetec. A

solução de NaBH4 foi gotejada lentamente sobre 25 mL de solução contendo

0,5 gramas da βzeo impregnada com Fe(NO3)3. Este processo de redução foi

conduzido com injeção constante de nitrogênio gasoso (N2) para criar uma

atmosfera inerte evitando ao máximo a oxidação das nZVI.

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Zeólitas impregnadas com FeSO4

Outra metodologia de impregnação da βzeo, estudada por Wang et al

(2010) para produzir nZVI suportadas em zeólitas, utilizando sulfato ferro

(FeSO4), foi testada neste estudo.

Misturou-se 1 grama de FeSO4, 0,5 grama de βzeo e 250 mL de água

ultrapura (borbulhada com N2 por 10 minutos). Esta ficou em contanto com

ultrassom por 15 minutos e, posteriormente, por agitação de 30 minutos. O

sólido foi separado por filtração à vácuo com membranas de 0,45 µm e

dissolvido em 25 mL de H2O ultrapura.

A redução do ferro ocorria de forma semelhante a do processo

anteriormente descrito. Em atmosfera inerte de N2, 25 mL de solução de NaBH4

(1 M) foi gotejada lentamente sobre os 25 mL de solução de βzeo impregnada

com FeSO4.

Redução de FeCl3.

Seguindo a metodologia de Yuvakkumar et al (2011), foi preparada 30 mL

de solução com 0,1 M de FeCl3, fornecido pela empresa Sigma-Aldrich. Para o

preparo desta solução, o FeCl3 foi dissolvido em solução de água e etanol na

proporção 4/1 (24 mL de água ultrapura e 6 mL de etanol). A solução de NaBH4

foi preparada em 100 mL de água ultrapura, obtendo concentração final de 0,1

M.

Como no esquema da Figura 3.1, foi usado um balão de três bocas para

realizar a redução dos íons Fe2+ para precipitar Fe0. Em uma das bocas era

injetado N2, na segunda era colocado um agitador mecânico e na última a

bureta com os 100 mL de solução de NaBH4. O agente redutor foi gotejado

lentamente, já na primeira gota nota-se a formação de precipitado bastante

escuro.

As nZVI produzidas foram filtradas à vácuo com membranas de 0,45 µm e

lavadas três vezes com etanol.

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Figura 3.1 – Esquema da síntese das nZVI por redução de FeCl3.

Fonte: Yuvakkumar et al, 2011.

Redução de FeCl2 na presença de CMC como surfactante.

Para a síntese das nZVI foram utilizadas soluções de cloreto de ferro (II)

(FeCl2) fornecido pela Sigma-Aldrich, borohidreto de sódio (NaBH4) e

carboximetilcelulose (CMC), também fornecido pela Sigma-Aldrich.

A técnica utilizada para a síntese foi a da redução de um sal de ferro com

um agente redutor e um polímero agindo como surfactante.

Esta metodologia foi baseada no estudo de Gui et al (2012) (Figura 3.2). A

água ultrapura utilizada para o preparo das soluções foi borbulhada com N2 por

30 minutos antes do início da síntese. 0,50 gramas de CMC foi dissolvido em

100 mL de água e posteriormente misturado a 20 mL de solução de FeCl2 (0,2

M). Essa mistura foi levada ao ultrassom durante 30 min à uma frequência de

15 RMS. Com o auxílio de uma bureta, 50 mL de solução de NaBH4 (0,2 M) foi

gotejada na solução (duas gotas a cada segundo). Por fim, as nZVI em

suspensão ficaram por 2 horas no ultrassom (15 RMS). Todas as etapas foram

conduzidas em atmosfera inerte utilizando N2.

A reação envolvida nesse processo está apresentada na equação (43).

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FeCl2 + 2 NaBH4 + 6 H2O Fe0 + 2 NaCl + 2 B(OH)3 + 7 H2 (43)

As nZVI obtidas foram filtradas à vácuo em membranas de 0,45 µm e

lavadas com acetona durante e após a filtração. Segundo Gui et al (2012) e

diversos outros autores (SATAPANAJARU et al, 2011; FAN et al, 2009; LUO et

al, 2013), esta é uma etapa importante para evitar a rápida oxidação das nZVI.

Figura 3.2 – Esquema da síntese das nZVI por redução de FeCl2.

Fonte: Adaptado de Gui et al, 2012 e próprio autor.

3.2 – Caracterização das nanopartículas de ferro de valência

zero obtidas

3.2.1 – Distribuição de tamanho das partículas

A análise de distribuição de tamanho de partículas foi realizada no

Laboratório de Engenharia de Polimerização (EngePol), na cidade universitária

da Ilha do Fundão (UFRJ).

Foi utilizado o equipamento Zetasizer Nano S da empresa Malvern. O

princípio de análise deste equipamento é o espalhamento de luz dinâmico,

capaz de medir partículas com tamanhos entre 0,3 nm a 10 µm.

Foram realizadas análise de distribuição de tamanho das partículas

presentes em três amostras: nZVI recém preparadas, nZVI preparadas dois

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dias antes da análise e a solução de carboximetilcelulose (CMC) utilizada na

síntese das nZVI.

3.2.2 – Difração de Raios-X

A análise de difração de Raios-X foi realizada no Laboratório de

Tecnologias do Hidrogênio (LabTech), na Ilha do Fundão (UFRJ).

O equipamento utilizado foi o MiniFlex II da empresa Rigaku. Neste modelo

de difratômetro de raios-X, a radiação parte de um tubo fixo e a amostra sofre a

variação angular.

A análise é fundamentada na medição dos ângulos dos raios-X que

incidiram no material a ser analisado e sofreram difração. Estes ângulos são

característicos para cada material cristalino, análogo a uma impressão digital,

podendo, desta forma, identificar o estado de conservação/oxidação das

nanopartículas de ferro sintetizadas.

3.2.3 – Microscopia eletrônica de varredura

As análises de microscopia eletrônica de varredura foram realizadas no

Laboratório de Processos de Separação com Membranas (PAM), na Ilha do

Fundão (UFRJ).

As amostras passaram por processos de metalização com o metalizador da

marca Quorum technologies, modelo Q150R, para posteriormente serem

analisadas no MEV.

O microscópio eletrônico de varredura é um Quanta 200 da marca FEI. As

imagens são obtidas através de finos feixes de elétrons que incidem na

superfície do material de análise. É uma técnica muito aplicada para visualizar

a morfologia, estado de agregação e também para obter a faixa de tamanho

das partículas.

3.2.4 – Potencial zeta

As medidas de potencial zeta foram realizadas no laboratório GRIFIT da

COPPE, localizado na Ilha do Fundão (UFRJ).

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48

A análise do potencial zeta foi conduzida no aparelho Zeta Plus da

empresa BTC (BrookHaven Instruments Corporation), que utiliza a técnica de

espalhamento de luz eletroforético. A faixa de pH suportada pelo equipamento

é de 2,0 a 10,0.

3.3 – Ensaios de degradação com nZVI sintetizadas

O composto orgânico escolhido para testar a eficiência das nZVI

sintetizadas foi o corante reativo vermelho Drimaren X-6BN. Esta substância foi

escolhida por ser uma molécula orgânica complexa, contendo grupamentos

azo (-N=N-) e de difícil degradação. Este produto foi fornecido pela Clariant e

sua fórmula estrutural está apresentada na Figura 3.3.

Um espectrofotômetro de absorção molecular (UV-Visível) da marca

Jenway modelo 6405 foi utilizado para determinação do comprimento de onda

ótimo da solução do corante de vermelho Drimaren X-6BN e para leitura das

absorvâncias das amostras.

Figura 3.3 – Estrutura molecular do corante reativo vermelho Drimaren X-6BN.

Fonte: Fonseca, 2006.

As reações de degradação foram conduzidas em béckers de vidro

contendo 50 mL de solução de corante reativo vermelho Drimaren X-6BN (10

mg/L), quantidade pré-estabelecida de nZVI e a solução de peróxido de

hidrogênio (50 % em massa). Os volumes de H2O2 adicionados foram

estimados para se obter a concentração desejada na reação.

Amostras de corante foram retiradas em intervalos de tempo pré definidos

para leitura da absorvância da solução e monitoramento da descoloração

destas amostras. Um filtro de seringa com membrana de 0,2 µm foi utilizado

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49

para remover as nZVI da solução antes da leitura das absorvâncias. A Figura

3.4 mostra o procedimento da filtração com seringa.

Figura 3.4 – Filtração com seringa (membrana 0,2 µm).

Fonte: Próprio autor.

Os parâmetros analisados na reação foram: concentração de nZVI, pH,

ausência e presença de peróxido de hidrogênio (H2O2) e concentração de

H2O2.

Concentração de nZVI

Nos primeiros ensaios, foram testadas diferentes concentrações de nZVI

(0,1, 0,5, 1, 2, 3, 4 e 5 g/L) na presença de 0,1 g/L de peróxido de hidrogênio

(H2O2), 10 mg/L de corante e sem ajuste de pH. Esta proporção na

concentração de H2O2:corante foi utilizada com base nos estudos de Fonseca

(2008). O pH da solução final foi de 5.

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50

pH

O pH da reação foi variado em 3, 5, 7 e 9. Foram utilizadas soluções de

ácido clorídrico (HCl) e hidróxido de sódio (NaOH) para realizar os ajustes de

pH.

Nos ensaios com diferentes valores de pH, a reação foi avaliada com 3 g/L

de nZVI, 0,1 g/L de H2O2 e 10 mg/L do corante reativo vermelho Drimaren X-

6BN. Em pH 3 e 5, foi também testada a degradação na ausência de H2O2.

Concentração de H2O2

Foram conduzidas reações de degradação do vermelho Drimaren X-6BN

em diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio (H2O2). A concentração

das nZVI foi fixada em 3 g/L, 10 mg/L do corante reativo vermelho Drimaren X-

6BN, o pH foi ajustado para 3 e as concentrações de H2O2 aplicadas foram de

0,01, 0,05 e 0,1 g/L.

3.4 – Ensaios de degradação com nZVI comerciais

Como um método de comparação de cinética e eficiência de remoção da

cor do corante, foram feitas reações de degradação utilizando nanopartículas

de ferro de valência zero comerciais (nZVIc) fornecidas pela empresa Sigma-

Aldrich. A faixa de tamanho destas nanopartículas é de 60 a 80 nm.

As reações foram conduzidas em béckers de vidro de 100 mL, a

concentração do corante reativo vermelho Drimaren X-6BN (10 mg/L), as

soluções tinham volumes finais de 50 mL e agitação constante

Foram testadas as concentrações de nZVIc iguais à 1 e 3 g/L e a

concentração de H2O2 0,01 e 0,1 g/L. O pH da reação também foi avaliado.

3.5 – Determinação das constantes de velocidade aparente das

reações de degradação

Diversos estudos presentes na literatura utilizaram uma aproximação das

reações supracitadas para pseudo-primeira ordem. Portanto, o cálculo das

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51

constantes de velocidade aparente de reação (k) foi a partir da fórmula aplicada

no estudo de Shu et al (2007) presente na equação (44).

(44)

Onde C (t) representa a concentração do corante em determinado instante

t, C0 representa a concentração inicial de corante e k é a constante de

velocidade aparente de reação.

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52

4 – Resultados e discussões

4.1 – Síntese e caracterização das nZVI

As diferentes metodologias de síntese para obter nZVI foram:

Redução de zeólitas impregnadas com Fe(NO3)3;

Redução de zeólitas impregnadas com FeSO4;

Redução de íons férricos (Fe3+);

Redução de íons ferrosos (Fe2+) na presença de CMC como surfactante.

As três primeiras não mostraram presença de ferro de valência zero nas

caracterizações realizadas. Os resultados destas análises estão apresentados

nos ANEXOS I e II. Entretando, a redução de Fe2+ por borohidreto de potássio,

na presença de CMC como surfactante, permitiu a obtenção das nZVI. Os

resultados da caracterização destas nanopartículas são apresentados a seguir.

4.1.1 – Distribuição de tamanhos das nZVI

As análises de distribuição de tamanhos das nZVI sintetizadas neste

estudo estão apresentadas nas Figuras 4.1, 4.2 e 4.3.

A Figura 4.1 se refere à uma amostra de nZVI recém preparada, ou seja,

sintetizada alguns minutos antes do procedimento analítico. Verifica-se que a

distribuição bimodal, com máximos em torno de 76 nm e 418 nm e o valor

médio dos tamanhos das partículas é de 109 nm. Este comportamento indica

que a metodologia utilizada produziu nanopartículas, mas houve alguma

agregação, representada pelo máximo de 418 nm.

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53

Figura 4.1 – Distribuição de tamanhos das nZVI recém sintetizadas.

Fonte: Próprio autor.

Após a síntese, uma amostra de nZVI foi mantida em solução aquosa e

repouso por dois dias, sendo então, determinada a distribuição de tamanhos

das partículas nela presentes (Figura 4.2). Nesta figura pode-se ainda observar

a presença de duas regiões de tamanhos, relativas às nanopartículas e aos

aglomerados, mas com máximos em 101 nm e 470 nm. Pode ser também

visualizado uma região com a presença de partículas maiores (4900 nm). A

média dos tamanhos das nanopartículas desta amostra foi de 173 nm. O

aumento no tamanho indica que a aglomeração das nanopartículas continua

ocorrendo.

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54

Figura 4.2 – Distribuição de tamanhos das nZVI sintetizadas (dois dias após a

síntese).

Fonte: Próprio autor.

Como a média da distribuição de tamanhos das nZVI foi relativamente

elevada, para verificar a possibilidade de interferência nesta análise, a solução

com apenas CMC (5 g/L) foi igualmente analisada quanto à distribuição de

tamanhos. A Figura 4.3 apresenta o resultado obtido, observando-se uma

distribuição monomodal com máximo em 625 nm e tamanho médio das

partículas de 1067 nm. A presença do polímero CMC pode então, ser

responsável pelos tamanhos de partículas acima de 400 nm.

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55

Figura 4.3 – Distribuição de tamanhos na solução de CMC (5 g/L).

Fonte: Próprio autor.

Yuvakkumar et al (2011) também aplicaram a técnica de redução de um sal

de ferro para sintetizar nanopartículas de ferro de valência zero. O sal de ferro

utilizado foi o cloreto de ferro III (FeCl3), o agente redutor foi o borohidreto de

sódio (NaBH4) e não houve a presença de surfactante. A análise de distribuição

de tamanhos das nZVI obtidas mostrou que a maioria das nanopartículas

apresentaram tamanho de 80 nm. Entretanto, neste trabalho, não foi possível

obter ferro zero e reproduzir os resultados dos autores mencionados. A Figura

A.3 do Anexo I apresenta os resultados obtidos.

4.1.2 – Difração de Raios-X (DRX)

A análise por difração de Raios-X, apresentados na Figura 4.4, indica a

presença de ferro de valência zero (Fe0) e magnetita (Fe3O4). Os picos em

44,7º, 65,2º e 82,4º confirmam a presença de Fe0. Já os picos em 35,6º, 56,9º

e 62,3º são característicos de amostras de Fe3O4.

A presença de óxido de ferro na forma de magnetita pode ser explicada por

algum contato das nZVI recém sintetizadas com o oxigênio presente no ar. As

etapas de preparo da amostra para a análise de DRX são as mais críticas

nesse sentido, pois envolvem processos de maceramento.

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56

Figura 4.4 – DRX das nZVI sintetizadas por redução de FeCl2 na presença de

CMC como surfactante.

Fonte: Próprio autor.

Vieira et al (2014) realizaram a síntese de nZVI através da redução de

FeCl3 com NaBH4 seguindo a metodologia proposta por Yuvakkumar et al

(2011). Ao final da reação de redução, as nanopartículas foram filtradas à

vácuo e lavadas com acetona. Tais autores realizaram duas análises DRX: a

primeira com amostra de nZVI recém preparada, confirmando a presença de

ferro de valência zero pelos picos 44,8°, 65,32° e 82,6°; e a segunda com

amostra de nZVI 20 dias após a síntese e armazenada em acetona, mostrando

a presença de ferro de valência zero e o início da formação de impurezas

(óxidos de ferro). O ANEXO V apresenta os difratogramas, obtidos por Vieira et

al (2014), correspondetes (Figura A.10 e A.11).

4.1.3 – Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As fotomicrografias apresentadas nas Figuras 4.5 e 4.6, obtidas por

microscopia eletrônica de varredura, mostram as nanopartículas recobertas,

possivelmente por parte do CMC, formando um aglomerado.

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57

A imagem com magnitude de cinquenta mil vezes (Figura 4.5) não

possibilitou destacar partículas. Entretanto, a ampliação para a magnitude de

cem mil vezes, Figura 4.6, tornou mais clara a visualização de algumas

nanopartículas, possibilitando observar algumas delas com tamanhos de 56,18

nm e 63,74 nm. Este resultado confirma a obtenção de nanopartículas com a

metodologia selecionada.

Figura 4.5 – Imagem de MEV das nZVI sintetizadas (aumento de 50 mil vezes).

Fonte: Próprio autor.

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58

Figura 4.6 – Imagem de MEV das nZVI sintetizadas (aumento de 100 mil

vezes).

Fonte: Próprio autor.

4.1.4 – Potencial zeta

Para observar a presença de cargas iônicas na superfície das

nanopartículas, procedeu-se a análise do potencial eletrocinético por migração

eletroforética. A variação do potencial zeta das nZVI produzidas em função do

pH da solução está apresentada na Figura 4.7. De acordo com este resultado,

pode-se concluir que a partir de pH 3 a superfície do material nZVI-CMC está

carregada negativamente. Este resultado deve estar associado com a presença

de CMC, material utilizado como agente tensoativo, que apresenta pKa em

torno de 4,0. Acima deste valor o grupo carbonila (-COO-) está

majoritariamente dissociada.

Wang e Somasundaran (2005) estudaram técnicas de adsorção e

conformação do CMC em talco. Para tal, foram realizadas diversas análises

incluindo a medida do potencial zeta em função do pH para amostras de talco

puro e talco com CMC. Os resultados também mostraram a influência do CMC

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na superfície do sólido (talco), mudando o ponto isoelétrico para 3,2, similar ao

resultado da análise do sistema nZVI-CMC.

Figura 4.7 – Potencial zeta das nZVI em suspensão aquosa.

Fonte: Próprio autor.

4.2 – Degradação de corante por nZVI/H2O2

As nanopartículas de ferro de valência zero foram avaliadas como

catalisador em reações de oxidação para o tratamento de efluentes contendo

matéria orgânica. O composto modelo escolhido para os testes foi o corante

reativo vermelho Drimaren X-6BN em solução com 10 mg/L. No anexo I estão

apresentados o espectro de absorvância no UV-Visível e curva de calibração

para a determinação da concentração do corante utilizado neste estudo.

4.2.1 – Reação de Fenton com nZVI sintetizadas

4.2.1.1 – Efeito da concentração de nZVI

Para avaliar o efeito das nanopartículas de ferro de valência zero, alterou-

se sua concentração no meio reacional. A Figura 4.8 apresenta a variação da

absorvância relativa ao corante utilizado em função do tempo de reação, para

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

0 2 4 6 8 10 12

Zeta

Po

ten

tial

(mV

)

pH

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60

as diferentes concentrações de nZVI. Para estas reações, as amostras foram

retiradas e analisadas no espectrofotômetro em intervalos de 20 minutos.

Como pode ser observado na Figura 4.8, não ocorre redução da coloração

da amostra em 240 minutos de contato com o meio contendo apenas peróxido

de hidrogênio. A decomposição do corante somente ocorre na presença das

nZVI demonstrando sua efetividade na reação de Fenton.

Na Figura 4.8, observa-se claramente que o aumento da concentração de

nZVI na solução de corante favorece a redução da coloração da amostra.

Quando a concentração de nZVI é baixa (0,1 e 0,5 g/L), o decaimento da

absorvância é lenta, indicando pouca eficiência na degradação do corante

reativo vermelho Drimaren X-6BN. Entretanto, com concentração de 1 e 3 g/L

de nZVI, após 240 minutos de contato, a eficiência de descoloração alcançada

foi de 28% e 45%, respectivamente. Concentrações de nZVI superiores a este

valor não aumentaram a descoloração da amostra no intervalo de tempo

estudado.

Figura 4.8 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em diferentes

concentrações de nZVI. [H2O2] = 0,1 g/L e pH 5.

Fonte: Próprio autor.

0

2

4

6

8

10

0 50 100 150 200 250

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

0,0 g/L

0,1 g/L

0,5 g/L

1 g/L

2 g/L

3 g/L

4 g/L

5 g/L

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Considerando a reação como pseudo-primeira ordem, as constantes de

velocidade aparente de reação obtidas nestes testes estão apresentadas na

Tabela 4.1. Nota-se, como esperado, a proximidade das constantes de

velocidade aparente de reação de degradação com concentrações de nZVI

acima de 3 g/L. Diante disso, nos próximos ensaios a concentração de nZVI foi

mantida em 3 g/L.

Tabela 4.1 – Constantes de velocidade aparente para reações com diferentes

concentrações de nZVI na presença de 0,1 g/L de H2O2 e pH 5.

[nZVI] (g/L) k (h-1)

0,0 --

0,1 0,03

0,5 0,037

1 0,09

2 0,099

3 0,128

4 0,115

5 0,117

Fonte: Próprio autor.

4.2.1.2 – Efeito da presença de H2O2

A reação de Fenton baseia-se na reação de oxidação do

íon Fe2+ a Fe3+ com H2O2 e a subsequente geração de radicais hidroxila. Estes

radicais podem reagir com a matéria orgânica, oxidando-a até se atingir a sua

mineralização através da redução de Fe3+ a Fe2+. A Figura 4.9 mostra os

resultados obtidos utilizando 3 g/L de nZVI, com e sem a presença de peróxido

de hidrogênio em diferentes pHs. Em pH 3 as amostras foram analisadas em

intervalos de tempo de 5 minutos. Já para pH 5, o intervalo foi de 24 horas.

Os resultados apresentados na Figura 4.9 mostram que as nZVI, em pH 5,

mesmo sem a presença de H2O2, possibilitam a remoção de cor de soluções

contendo o corante reativo vermelho Drimaren X-6BN. Entretanto, nesta

condição, observa-se uma lenta redução do corante nas primeiras 50 horas de

reação. A adição de peróxido de hidrogênio aumenta significativamente a

velocidade inicial de descoloração da amostra, indicando a geração efetiva dos

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radicais hidroxila. Em pH 3, verifica-se elevada velocidade na reação de

degradação quando comparada à reação que ocorre em pH 5, ambas na

presença de 0,1 g/L de H2O2.

Figura 4.9 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de

nZVI, em pH 3 ou 5 e na presença ou ausência de H2O2 (0,1 g/L).

Fonte: Próprio autor.

Os íons ferrosos (Fe2+) gerados na dissolução do ferro de valência zero

(Fe0) (reação (27)) reagem com o peróxido de hidrogênio (reação (10)),

gerando radicais hidroxila que são os responsáveis pelas reações Fenton que

oxidarão as partículas de corante.

Fe0 Fe2+ + 2 e- (27)

Fe2+ + H2O2 Fe3+ + OH- + •OH (10)

Segundo Andreozzi et al (1999), em pH ácido as reações Fenton são

favorecidas, tanto para a geração dos radicais hidroxila, quanto na promoção

da redução de íons férricos (Fe3+) a íons ferrosos (Fe2+) (reação (11)).

0

2

4

6

8

10

0 50 100 150

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (h)

S/ H2O2 (pH 5)

C/ H2O2 (pH 5)

C/ H2O2 (pH 3)

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Fe3+ + H2O2 Fe2+ + H+ + HO2• (11)

Em pH 5, a reação das nZVI com o corante sem a presença de H2O2

apresentou comportamento dez vezes mais lento (k = 0,011 h-1) que a reação

das nZVI com o corante na presença de 0,1 g/L de H2O2 (k = 0,128 h-1). As

constantes de velocidade aparente de reação estão apresentadas na Tabela

4.2.

Tabela 4.2 – Constantes de velocidade aparente para reações na presença ou

ausência de 0,1 g/L de H2O2, com 3 g/L de nZVI em pH 3 ou 5.

k (h-1)

S/ H2O2 e pH 5 0,011

C/ H2O2 e pH 5 0,128

C/ H2O2 e pH 3 7,202

Fonte: Próprio autor.

Apesar de mais lenta, na ausência de H2O2, a reação de descoloração em

pH 5 ocorre pela geração de íons ferrosos e elétrons livres (equação (27)).

Segundo Yu et al (2014), tais elétrons livres são os responsáveis pela quebra

dos grupos azo e, consequentemente, pela descoloração das soluções de

corantes orgânicos (equação (45)).

Fe0 Fe2+ + 2 e- (27)

-N=N- + 2 e- + 2 H+ -NH + -NH (45)

As Figuras 4.10 e 4.11 mostram fotografias da solução com o corante em

diferentes tempos de reação, com e sem a presença do peróxido de

hidrogênio. A reação sem peróxido atingiu 85% de redução de cor em 168

horas, enquanto que a reação com o peróxido alcançou 80% e 92% de

degradação do corante em 48 e 72 horas, respectivamente.

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Figura 4.10 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em diversos

intervalos de tempo. Presença de 3 g/L de nZVI, pH 5 e ausência de H2O2.

Fonte: Próprio autor.

Figura 4.11 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em diversos

intervalos de tempo. Presença de 3 g/L de nZVI, pH 5 e 0,1 g/L de H2O2.

Fonte: Próprio autor.

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65

A Figura 4.12 apresenta fotografias para a comparação das soluções após

a degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de nZVI e 0,1

g/L de H2O2, em pH 5 e 3.

Na Figura 4.12, observa-se que após cessada a agitação, as nZVI

permaneceram suspensas/dispersas em pH 5, mesmo após repouso de três

dias. Entretanto, em pH 3, as nZVI formaram um precipitado em menos de 24

horas de repouso.

Este fato pode ser explicado considerando o comportamento potencial zeta

das nZVI sintetizadas em função do pH, apresentado na Figura 4.7. O ponto

isoelétrico encontrado foi em torno de pH 3, portanto, facilitando o fenômeno

de agregação e sedimentação das partículas de nZVI.

Figura 4.12 – Comparação entre soluções contendo 3 g/L de nZVI com

peróxido (0,1 g/L) em pH 5 (a) e 3 (b), após a decomposição do corante.

Fonte: Próprio autor.

4.2.1.3 – Efeito do pH

Para ampliar a compreensão sobre o efeito do pH na reação de

descoloração, realizou-se reações em pHs mais elevados. A Figura 4.13

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66

mostra os resultados da degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN na

presença de 3 g/L de nZVI, 0,1 g/L de H2O2 e diferentes valores de pH.

Na Figura 4.13 pode-se verificar novamente que as condições mais

propícias para a reação correm em pH 3, com praticamente toda a cor

removida (93%) após 20 minutos.

Em valores de pH acima de 5 verifica-se uma significativa redução na

velocidade inicial da reação de degradação do corante.

Figura 4.13 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de

nZVI, 0,1 g/L de H2O2 e em diferentes valores de pH.

Fonte: Próprio autor.

Na Tabela 4.3 estão apresentados os valores das constantes de velocidade

aparente para as reações em diferentes valores de pH. Em pH 3, a constante

de velocidade aparente de reação foi de 7,202 h-1, cinquenta e seis vezes

maior que a constante de velocidade aparente de reação em pH 5, que foi de

0,128 h-1.

0

2

4

6

8

10

0 50 100 150 200 250

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

pH - 9

pH - 7

pH - 5

pH - 3

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67

Tabela 4.3 – Constantes de velocidade aparente para reações com meio

reacional em diferentes valores de pH na presença de 3 g/L de nZVI e 0,1 g/L

de H2O2.

pH k (h-1)

3 7,202

5 0,128

7 0,080

9 0,082

Fonte: Próprio autor.

4.2.1.4 – Efeito da concentração de H2O2

Como discutido, as condições mais favoráveis para a reação de

degradação do corante ocorre em pH 3. Alterou-se a concentração de peróxido

de hidrogênico neste pH para avaliar seu efeito sobre a velocidade de reação.

A Figura 4.14 mostra os resultados obtidos para reações conduzidas com

diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio.

Para todas a concentrações utilizadas de H2O2 observa-se velocidade de

degradação elevada logo no início do contato do meio reacional com as

moléculas do corante vermelho Drimaren X-6BN . Para todas as concentrações

de peróxido de hidrogênio utilizadas, em apenas 5 minutos de reação, foram

alcançadas degradações acima de 70% e após 20 minutos de reação, as

degradações atingiram valores superiores a 90%.

As constantes de velocidade aparente são apresentadas na Tabela 4.4 e

também ilustram a semelhança entre as diferentes concentrações de H2O2.

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68

Figura 4.14 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 3 g/L de

nZVI, pH 3 e diferentes concentrações de H2O2.

Fonte: Próprio autor.

Tabela 4.4 – Constantes de velocidade aparente para reações com diferentes

concentrações de H2O2 na presença de 3 g/L de nZVI e pH 3.

[H2O2] (g/L) k (h-1)

0,01 6,629

0,05 6,923

0,1 7,202

Fonte: Próprio autor.

A Figura 4.15 apresenta a redução na concentração do corante quando a

reação de descoloração ocorreu em pH 3, com concentração de H2O2 de 0,01

g/L e em diferentes concentrações de nZVI. Nesta figura, observa-se que em 5

e 20 minutos, apesar da redução da concentração de nZVI para 2 g/L, a

degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN chegou a 66% e 82%,

respectivamente. As constantes de velocidade aparente de reação com 2 e 3

g/L de nZVI foram de, respectivamente, 4,512 h-1 e 6,629 h-1. Estes resultados

0

2

4

6

8

10

0 5 10 15 20 25

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

0,01 g/L

0,05 g/L

0,1 g/L

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69

reforçam a discussão, apresentada na revisão bibliográfica, sobre a forte

influência do pH nas reações com as nZVI.

Como discutido no item 2.6, pode-se concluir que os resultados observados

ocorrem devido a alta reatividade do ferro em escala nanométrica (elevada

razão área superficial/volume), gerando íons ferrosos (Fe2+), de forma

extremamente acelerada, a partir do contato entre o ferro metálico (Fe0) e a

solução aquosa. Consequentemente, em maior quantidade e em pH ácido,

maior será o efeito catalítico na decomposição do H2O2 em radicais hidroxila

(•OH).

Figura 4.15 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com

diferentes concentrações de nZVI em pH 3 e 0,01 g/L de H2O2.

Fonte: Próprio autor.

4.2.2 – Comparação com nZVI comerciais

O ensaios de degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com

nanopartículas de ferro de valência zero comerciais (nZVIc) objetivaram

comparar o desempenho com as nZVI sintetizadas neste estudo.

0

2

4

6

8

10

0 5 10 15 20 25

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

2 g/L

3 g/L

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70

As nanopartículas de ferro de velência zero, comerciais e sintetizadas, foram

comparadas em reações de degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN,

utilizando 1 g/L de nZVIc, 0,1 g/L de H2O2 e em pH 5. Os resultados obtidos

estão apresentados na Figura 4.16.

A comparação da reação de descoloração com as nZVI comercial e

sintética, apresentada na Figura 4.16, mostra desempenho equivalente,

ressaltando que a metodologia utilizada neste trabalho foi eficiente na geração

de nanocatalisadores para a reação de Fenton.

Figura 4.16 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN com 1 g/L de

nZVI comercial e sintética, com 0,1 g/L de H2O2 e pH 5.

Fonte: Próprio autor.

Em pH 3, foram realizadas reações com 3 g/L de nZVIc e com as

nanopartículas sintetizadas na presença de 0,1 ou 0,01 g/L de H2O2. A Figura

4.17 apresenta os resultados obtidos.

Como pode ser observado na Figura 4.17, o desempenho das

nanopartículas, comerciais e sintetizadas, em pH 3 e com 0,1 ou 0,01 g/L de

peróxido de hidrogênio, foram novamente comparáveis. Com 0,1 g/L de H2O2,

0

2

4

6

8

10

0 50 100 150 200 250

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

Sintética

Comercial

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71

para as nZVI comerciais houve degradação de 92% da concentração inicial de

corante vermelho Drimaren X-6BN nos primeiros 5 minutos de reação,

correspondendo a uma constante de velocidade aparente de reação de

9,516 h-1. Enquanto, para as nZVI sintetizadas, no mesmo tempo, observou-se

remoção de 75% e constante de velocidade aparente de reação de 7,202 h-1.

Ressalta-se que embora a velocidade de reação com as nanopartículas

produzidas tenha sido mais lenta, quando comparadas com as nanopartículas

comerciais, praticamente toda a cor da solução foi removida após 20 minutos

de reação. Uma hipótese para a diferença no desempenho entre as

nanopartículas comerciais e sintetizadas seria relacionada ao processo de

oxidação durante a síntese ou a um tamanho mais elevado para as partículas

sintetizadas.

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72

Figura 4.17 – Degradação do corante vermelho Drimaren X-6BN em pH 3 e 3

g/L de nZVIc ou nZVI com diferentes concentrações de H2O2: (a) 0,1 g/L, e (b)

0,01 g/L.

Fonte: Próprio autor.

0

2

4

6

8

10

0 5 10 15 20 25

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

Sintética

Comercial

0

2

4

6

8

10

0 5 10 15 20 25

Co

ncen

tração

(g

/L)

t (min)

Sintética

Comercial

(b)

(a)

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73

5 – Conclusões e sugestões

Diante dos resultados obtidos no presente estudo, pôde-se concluir que a

síntese de nanopartículas de ferro de valência zero (nZVI) pelo método da

redução com borohidreto de potássio, utilizando CMC como surfactante, foi

eficiente para a obtenção de nanopartículas ativas para a reação de Fenton.

As nZVI produzidas demonstraram grande potencial para degradação de

compostos orgânicos presentes em águas.

Comparando os testes na ausência ou presença de peróxido de hidrogênio,

maiores remoções do corante reativo vermelho de Drimaren X-6BN foram

alcançadas na presença do peróxido. Já com relação à influência do pH, foram

obtidas eficiências de degradação maiores quando em pH mais baixo (pH 3)

em apenas 20 minutos de contato com as nanopartículas de ferro de valência

zero, apresentando constantes de velocidade aparente maiores que as

constantes de velocidade das reações em pH 5.

O pH é um parâmetro importante para a velocidade destas reações de

degradação. Entretanto, mesmo sem ajuste de pH (o pH final da amostra foi de

5), a degradação atingida foi de 92 %, após um período mais longo de contato

com o composto orgânico (72 horas).

As reações na ausência de peróxido de hidrogênio, em pH 5, apesar de

serem mais lentas, promoveram a remoção de cor de 85 % em 168 horas.

A comparação da reatividade das nanopartículas de ferro de valência zero

produzidas neste estudo, com nZVI comerciais, confirmou o potencial uso

desta metodologia de produção de nZVI para tratamento de águas.

Sugestões para trabalhos futuros:

Reciclar e reutilizar as nZVI aplicadas;

Estudar a combinação da degradação de compostos orgânicos pela reação

de Fenton com nZVI e processos de separação por exclusão de tamanho;

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74

Estudar metodologias de impregnação das nZVI em membranas de micro e

ultrafiltração;

Estudar a produção simultânea da membrana e das nZVI;

Testar a atividade das nZVI na presença de radiação ultravioleta.

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90

ANEXOS

ANEXO I – Resultados das sínteses das nZVI a partir de zeólitas

impregnadas

A Figura A.1 mostra a solução resultante após utilizar a metodologia

proposta por SILVA (2004) e WANG et al (2010). A amostra não apresentou

uma coloração escura, diferentemente do que se observa quando há a

formação de nanopartículas de ferro de valência zero. O DRX correspondente

está apresentado na Figura A.2. Pôde-se confirmar que não foi produzido ferro

de valência zero.

Figura A.1 – Solução de nZVI resultante da redução de βzeo impregnada com

Fe(NO3)3.

Fonte: Próprio autor.

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91

Figura A.2 – DRX das nZVI obtidas na redução de βzeo impregnada com

Fe(NO3)3.

Fonte: Próprio autor.

De forma similar ao que ocorreu nos testes de impregnação das zeólitas

com Fe(NO3)3, não foi possível obter nanopartículas de ferro de valência zero

pelo método de impregnação com sulfato ferroso. A Figura A.3 mostra que a

solução com as nZVI ficou bastante parecida com as nZVI produzidas com

Fe(NO3)3. A Figura A.4 apresenta o DRX da amostra, também confirmando a

ausência de Fe0.

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92

Figura A.3 – Solução de nZVI resultante da redução de βzeo impregnada com

FeSO4.

Fonte: Próprio autor.

Figura A.4 – DRX das nZVI obtidas na redução de βzeo impregnada com

FeSO4.

Fonte: Próprio autor.

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93

ANEXO II – Resultados síntese nZVI a partir da redução de FeCl3

A solução após a redução de FeCl3 (YUVAKKUMAR et al 2011) está

apresentada na Figura A.5,sendo possível notar a presença de aglomerados

muito grandes das nZVI produzidas. O DRX, presente na Figura A.6, indica a

presença de uma mistura de óxidos de ferro: magnetita (FeFe2O4), goethita

(FeO(OH)) e maghemita (Fe2O3).

Figura A.5 – Solução de nZVI resultante da redução de FeCl3.

Fonte: Próprio autor.

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94

Figura A.6 – DRX das nZVI obtidas na redução de FeCl3.

Fonte: Próprio autor.

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95

ANEXO III – Curva de calibração do corante têxtil

Para encontrar o comprimento de onda (λ) ótimo do corante vermelho

Drimaren X-6BN , foi feita a leitura de uma solução com 10 mg/L deste corante

na região com comprimento de onda variando de 300 a 700 nm, com variação

de 10 nm. Entre 500 e 520 nm a variação foi diminuída para 1 nm e o

comprimento de onda que apresentou maior absorvância foi o de 511 nm. A

Figura A.7 apresenta os resultados do experimento descrito acima.

Figura A.7 – Cálculo do comprimento de onda ótimo para o corante vermelho

Drimaren X-6BN .

Fonte: Próprio autor.

Com o valor do comprimento de onda ótimo para o corante vermelho

Drimaren X-6BN, foi possível obter sua curva de calibração e estabelecer a

relação entre absorvância e concentração de corante.

A curva de calibração foi desenhada a partir de soluções do corante

vermelho Drimaren X-6BN com concentrações de 1 a 10 mg/L. Tais soluções

foram lidas no espectrofotômetro resultando no gráfico apresentado na Figura

A.8.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

290 390 490 590 690

Ab

so

rvân

cia

λ (nm)

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Figura A.8 – Curva de calibração do corante vermelho Drimaren X-6BN.

Fonte: Próprio autor.

A linha de tendência mostra um comportamento muito perto do linear (R² =

0,994) e sua da reta está descrita na equação (46).

(46)

R² = 0,994

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0 2 4 6 8 10

Ab

so

rvân

cia

[mg/L]

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97

ANEXO IV – Análises da distribuição de tamanhos das nZVI

Figura A.9 – Distribuição de tamanhos das nZVI.

Fonte: Yuvakkumar et al (2011).

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98

ANEXO V – Análises das nZVI

Figura A.10 – DRX das nZVI recém sintetizadas

Fonte: Vieira et al (2014).

Figura A.11 – DRX das nZVI 20 dias após a síntese

Fonte: Vieira et al (2014).