síndrome do climatério: inquéritopopulacional domiciliar em campinas, sp

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735 735 735 735 735 Rev Saœde Pœblica 2003;37(6):735-42 www.fsp.usp.br/rsp Síndrome do climatério: inquérito populacional domiciliar em Campinas, SP Climacteric syndrome: a population-based study in Brazil Adriana Orcesi Pedro a , Aarão Mendes Pinto-Neto a , Lúcia Helena Simões Costa-Paiva a , Maria José Duarte Osis b e Ellen Elizabeth Hardy a a Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, Brasil. b Centro Materno Infantil de Campinas (CEMICAMP). Campinas, SP, Brasil Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp – Processo n. 96/10341-2) e pelo Fundo de Apoio ao Ensino e Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FAEP – Processo n. 008/98). Recebido em 26/3/2002. Reapresentado em 25/7/2003. Aprovado em 30/7/2003. Descritores Climatério. Menopausa. Estudos transversais. Correspondência para/ Correspondence to: Aarão Mendes Pinto-Neto Rua Alexander Fleming, 101 Cidade Universitá- ria “Zeferino Vaz” 13083-970 Campinas, SP, Brasil E-mail: [email protected] Keywords Climacteric. Menopause. Cross- sectional studies. Resumo Objetivo Estudar a prevalência de sintomas climatéricos, urogeniatais e sexuais em população de mulheres do Brasil. Métodos Estudo descritivo de corte transversal, de base populacional. Selecionaram-se, por meio de processo de amostragem, 456 mulheres, residentes no município de Campinas, SP, na faixa etária de 45-60 anos de idade, em 1997, segundo informações da agência local do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os dados foram coletados por meio de entrevistas domiciliares, com questionários estruturados e pré-testados. A análise dos dados foi realizada pelo teste do qui-quadrado, teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, com nível de significância estatística menor que 0,05. A intensidade dos sintomas climatéricos foi analisada pelos índices circulatório e psicológico. A análise de componentes principais foi utilizada para determinar a inter-relação dos sintomas climatéricos. Resultados Os sintomas climatéricos mais prevalentes foram: nervosismo (82%), fogachos (70%), cefaléia (68%), irritabilidade (67%) e sudorese (59%). Os fogachos, a sudorese e a insônia foram significativamente mais prevalentes na peri e pós-menopausa. A freqüência (intensidade) dos sintomas vasomotores e psicológicos não variou segundo o estado menopausal. A prevalência de incontinência urinária foi de 27,4%. A queixa de dispareunia e secura vaginal foi pouco freqüente. Em relação às queixas sexuais, a diminuição do interesse sexual foi a mais freqüente. Constatou-se que algumas queixas climatéricas são inter-relacionadas. O primeiro aglomerado incluiu as ondas de calor e a sudorese (aglomerado vasomotor). O segundo, depressão, nervosismo e irritabilidade (aglomerado psicológico) e o terceiro, tontura e palpitação (aglomerado atípico). Conclusões A prevalência de sintomas climatéricos na população estudada foi elevada e semelhante à descrita em países ocidentais desenvolvidos. Abstract Objectives To study the prevalence of climacteric, urogenital and sexual symptoms in a population of Brazilian women.

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Síndrome do climatério: inquéritopopulacional domiciliar em Campinas, SP

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  • 735735735735735Rev Sade Pblica 2003;37(6):735-42www.fsp.usp.br/rsp

    Sndrome do climatrio: inquritopopulacional domiciliar em Campinas, SPClimacteric syndrome: a population-basedstudy in Brazil

    Adriana Orcesi Pedroa, Aaro Mendes Pinto-Netoa, Lcia Helena Simes Costa-Paivaa,Maria Jos Duarte Osisb e Ellen Elizabeth Hardya

    aDepartamento de Tocoginecologia da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade Estadual deCampinas. Campinas, SP, Brasil. bCentro Materno Infantil de Campinas (CEMICAMP). Campinas, SP,Brasil

    Financiado pela Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (Fapesp Processo n. 96/10341-2) e peloFundo de Apoio ao Ensino e Pesquisa da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade Estadual de Campinas (FAEP Processo n. 008/98).Recebido em 26/3/2002. Reapresentado em 25/7/2003. Aprovado em 30/7/2003.

    DescritoresClimatrio. Menopausa. Estudostransversais.

    Correspondncia para/ Correspondence to:Aaro Mendes Pinto-NetoRua Alexander Fleming, 101 Cidade Universit-ria Zeferino Vaz13083-970 Campinas, SP, BrasilE-mail: [email protected]

    KeywordsClimacteric. Menopause. Cross-sectional studies.

    Resumo

    ObjetivoEstudar a prevalncia de sintomas climatricos, urogeniatais e sexuais em populaode mulheres do Brasil.MtodosEstudo descritivo de corte transversal, de base populacional. Selecionaram-se, pormeio de processo de amostragem, 456 mulheres, residentes no municpio de Campinas,SP, na faixa etria de 45-60 anos de idade, em 1997, segundo informaes da agncialocal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Os dados foram coletados pormeio de entrevistas domiciliares, com questionrios estruturados e pr-testados. Aanlise dos dados foi realizada pelo teste do qui-quadrado, teste no paramtrico deKruskal-Wallis, com nvel de significncia estatstica menor que 0,05. A intensidadedos sintomas climatricos foi analisada pelos ndices circulatrio e psicolgico. Aanlise de componentes principais foi utilizada para determinar a inter-relao dossintomas climatricos.ResultadosOs sintomas climatricos mais prevalentes foram: nervosismo (82%), fogachos (70%),cefalia (68%), irritabilidade (67%) e sudorese (59%). Os fogachos, a sudorese e ainsnia foram significativamente mais prevalentes na peri e ps-menopausa. A freqncia(intensidade) dos sintomas vasomotores e psicolgicos no variou segundo o estadomenopausal. A prevalncia de incontinncia urinria foi de 27,4%. A queixa de dispareuniae secura vaginal foi pouco freqente. Em relao s queixas sexuais, a diminuio dointeresse sexual foi a mais freqente. Constatou-se que algumas queixas climatricasso inter-relacionadas. O primeiro aglomerado incluiu as ondas de calor e a sudorese(aglomerado vasomotor). O segundo, depresso, nervosismo e irritabilidade (aglomeradopsicolgico) e o terceiro, tontura e palpitao (aglomerado atpico).ConclusesA prevalncia de sintomas climatricos na populao estudada foi elevada e semelhante descrita em pases ocidentais desenvolvidos.

    Abstract

    ObjectivesTo study the prevalence of climacteric, urogenital and sexual symptoms in a populationof Brazilian women.

  • 736736736736736 Rev Sade Pblica 2003;37(6):735-42www.fsp.usp.br/rsp

    Sndrome do climatrioPedro AO et al

    INTRODUO

    A menopausa definida como a ltima menstrua-o e o climatrio como o perodo de transio entrea fase reprodutiva para a no reprodutiva. O climatrio caracterizado por mudanas endcrinas devido aodeclnio da atividade ovariana; mudanas biolgi-cas em funo da diminuio da fertilidade; e mu-danas clnicas conseqentes das alteraes do ciclomenstrual e de uma variedade de sintomas.25

    Os sintomas associados ao perodo de climatrio jesto bem documentados em outros pases e atingemcerca de 60 a 80% das mulheres, sendo que estes po-dem ocorrer mesmo antes da parada fisiolgica dosciclos menstruais.19 A associao da menopausa comsintomas j foi descrita h mais de 200 anos.23 A ex-plicao associava a parada do fluxo menstrual amecanismos fsicos e relatava sua associao comatrofia vaginal e sintomas urinrios. Um dos primei-ros livros sobre a menopausa reportou que a mulherdurante a mudana de vida freqentemente aco-metida com cncer, reumatismo e em alguns casospor uma afeco nervosa bem localizada.

    Porm, somente nas ltimas dcadas h refernciasda universalidade dos sintomas climatricos, apesardeles sofrerem influncias de caractersticas sociode-mogrficas, como por exemplo, a raa. A transioclimatrica um fenmeno cultural extremamente

    MethodsA cross-sectional descriptive population-based study was conducted. The selection of456 women aged 45-60 years, living in Campinas, SP, in 1997, was done througharea cluster sampling, according to data from the Brazilian Institute of Geographyand Statistics. Data were collected via home interviews, using structured pretestedquestionnaires. Data were analyzed using the chi-squared test and the nonparametricKruskal-Wallis test; a probability of

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    Sndrome do climatrioPedro AO et al

    845 de Campinas. Em cada um dos setores selecio-nou-se no mnimo uma e no mximo seis mulheres.As que participaram do estudo foram identificadaspor meio de entrevistas domiciliares. Para fazer umaseleo aleatria das mulheres, adotou-se um inter-valo de seis endereos entre as casas em que asentrevistadoras deveriam obter informaes sobre asmulheres residentes. Para as mulheres selecionadas,que aceitassem participar, a entrevistadora lia o Ter-mo de Consentimento Livre e Esclarecido, redigidoconforme a Resoluo 196/96, do Conselho Nacio-nal de Sade.

    A coleta de dados foi iniciada em 14 de outubro de1997 e encerrada em 15 de janeiro de 1998,totalizando 73 dias de trabalho de campo. No total,foram listados 12.238 endereos, dos quais 2.805 fo-ram sorteados e abordados, sendo que destes 1.771eram residenciais e 1.034 no residenciais. Em 57%(1.008/1.771) dos endereos residenciais tinha-seconhecimento de que no moravam mulheres na fai-xa etria a ser estudada. Em 11% (192/1.771) dosendereos residenciais sorteados, as entrevistadorasno puderam saber se havia moradoras elegveis parao estudo ou porque os moradores se recusavam a in-formar ou porque nunca encontravam algum quepudesse inform-las. Das 571 mulheres elegveis, em51 (9%) a entrevista no foi realizada pela dificulda-de de se conseguir uma ocasio mais apropriada, e 64mulheres (11,2%) recusaram-se a participar do estu-do. De modo geral, a receptividade das mulheres abor-dadas foi boa, tendo a maioria manifestado interesseem responder s perguntas. Para cada mulher entre-vistada, foram visitados 3,8 domiclios residenciais(456/1.771), sendo que na maior parte deles as mu-lheres residentes estavam fora da faixa etria fixadapara o estudo.

    Foi utilizado um questionrio estruturado e pr-testado para obter as informaes relatadas pelasmulheres, elaborado a partir de dois outros e adapta-dos pelos autores. O primeiro questionrio foi forne-cido pela Sociedade Internacional de Menopausa eFundao Internacional de Sade aps ter sido apli-cado em sete pases do Sudeste Asitico em 1993.3 Osegundo foi fornecido pela Sociedade Norte Ameri-cana de Menopausa e foi aplicado nos Estados Uni-dos em 1993.22

    O estado menopausal foi definido por Jaszmann,10

    1973: pr-menopausa - mulheres com ciclos menstru-ais regulares ou com padro menstrual similar ao queelas tiveram durante a vida reprodutiva; peri-meno-pausa - mulheres com ciclos menstruais nos ltimos12 meses, mas com mudana do padro menstrual quan-do comparado aos padres anteriores; ps-menopausa

    -mulheres em que o ltimo perodo menstrual ocorreupelo menos h 12 meses antes da entrevista.

    As mulheres foram questionadas a respeito da exis-tncia e da freqncia de sintomas como ondas decalor, sudorese, palpitao e tontura (sintomasvasomotores), nas quatro ltimas semanas anterioresao estudo. As respostas pr-codificadas foram nun-ca; menos que trs vezes no dia; de trs a 10vezes ao dia; e 11 ou mais vezes ao dia. As mulhe-res tambm foram questionadas a respeito da existn-cia de sintomas como nervosismo, irritabilidade,cefalia, depresso e insnia (sintomas psicolgicos)nas ltimas quatro semanas anteriores ao estudo. Asrespostas pr-codificadas foram nunca; menos quetrs dias ao ms; de quatro a 10 dias ao ms e 11ou mais dias ao ms. Utilizou-se a pontuao pro-posta pela Sociedade Internacional de Menopausa.3

    Para os sintomas urolgicos avaliou-se a questosobre incontinncia urinria. Incluram-se perguntassobre perda da urina quando tossia, ria ou carregavapeso e se aquele sintoma apareceu no perodo de trsanos anteriores ao estudo. Casos de incontinnciaurinria que iniciaram h mais de trs anos antes doestudo ou aps parto ou cirurgia ginecolgica noforam considerados por serem irrelevantes ao objeti-vos do estudo. Em relaes s queixas genitais, reali-zaram-se perguntas somente a respeito de dispareuniae secura vaginal, considerando apenas a presenadesses sintomas nos 12 meses anteriores ao estudo.Outros casos, como incio precoce e existncia pr-via, no foram considerados. Para a avaliao dasqueixas sexuais, realizaram-se perguntas a respeitoda diminuio do interesse sexual, aumento ou dimi-nuio da freqncia sexual, sentimento de no sesentir atraente e outras queixas sexuais (perguntaaberta) ocorridas h menos de um ano da entrevista.

    As seguintes atividades e estratgias foram realiza-das para assegurar a qualidade dos dados: treinamen-to das entrevistadoras e supervisora; preparao e usodo manual de instruo para as entrevistadoras; su-perviso e monitorizao da coleta de dados pelosupervisor e pesquisador principal; verificao du-rante as entrevistas em campo pela supervisora e pes-quisador principal; verificao do preenchimentocompleto e fidedignidade da entrevista; repetio daaplicao de sees do questionrio pela supervisora.As entrevistadoras receberam treinamento especfi-co para a aplicao do Termo de consentimento econceitos ticos para pesquisas com seres humanos.

    Para a anlise dos dados, utilizou-se o pacoteStatitical Package For Social Sciences para PersonalComputer (SPSS-PC). Para anlise dos dados, em ta-

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    Sndrome do climatrioPedro AO et al

    belas de contingncia, foi utilizado teste do Qui-qua-drado. O nvel de significncia estatstica considera-do foi de 0,05. Como o objetivo deste estudo foi ana-lisar o climatrio natural, mulheres usando contra-ceptivo hormonal ou terapia de reposio hormonalforam excludas da anlise dos sinais vasomotores epsicolgicos, porque estas medicaes poderiammascarar os sintomas climatricos.

    Para analisar a prevalncia dos sintomasclimatricos, estes foram inicialmente classificadosem existente ou no existentes. Para obter mais enfo-que na intensidade dos sintomas, foi adotado o ndi-ce circulatrio que expressa valores mdios para afreqncia de cada um dos sintomas vasomotores (on-das de calor, sudorese, palpitao, tontura) sofridospelas mulheres da amostra. Este ndice obtido porsimples adio dos escores das freqncias indicadaspelas mulheres (cada sintomas varia de um, nuncaa quatro, 11 vezes ou mais por dia). O ndice psico-lgico foi utilizado de forma similar com base nasqueixas psicolgicas (nervosismo, irritabilidade,cefalia, depresso e insnia) tambm com escorevariando de um a quatro. Estes ndices so padroni-zados e utilizados pela Sociedade Internacional deMenopausa/ Fundao Internacional de Sade.3 Asdiferenas entre as mdias deste ndice para os trsgrupos de estado menopausal foram avaliados pelaanlise de varincia de Kruskall-Wallis.

    A anlise estatstica de componentes principaisfoi utilizada para avaliar a extenso em que os sin-tomas climatricos experimentados esto inter-re-lacionados. Um conjunto de variveis foi transfor-mado em um novo conjunto de variveis compostasou componentes principais que no so corre-lacionados entre si, usando a informao contida namatriz de correlao. Esta anlise das correlaesfoi feita em apresentao grfica. Elas foram apre-sentadas de modo que a distncia entre as variveisno grfico representem sua inter-relao. Isto , quan-to maior a distncia entre as variveis, menor a inter-relao entre elas, e vice-versa.

    O protocolo do presente estudo foi avaliado e apro-vado pela Comisso de Pesquisa do Departamento deTocoginecologia e Comit de tica em Pesquisa daFaculdade de Cincias Mdicas da Universidade Es-tadual de Campinas.

    RESULTADOS

    A sintomatologia associada sndrome doclimatrio foi altamente prevalente, sendo que cercade 96,9% das mulheres experimentaram pelo menosum dos sintomas. Para essa anlise de prevalncia,excluram-se 88 mulheres em uso corrente de terapiade reposio hormonal (19,3%) e uma mulher em usode anticoncepcional hormonal oral. A comparaoestatstica foi realizada de acordo com o estadomenopausal. Dentre os sintomas vasomotores, os maisprevalentes foram os fogachos, a tontura e a sudorese.Os fogachos e a sudorese foram significativamentemais freqentes em mulheres na peri e ps-menopau-sa (Tabela 1).

    Dentre os sintomas psicolgicos, os mais freqen-tes foram o nervosismo, a cefalia e irritabilidade. Aprevalncia desses sintomas foi alta e semelhante nostrs grupos, independente do estado menopausal, comexceo da insnia, significativamente mais freqen-te nas mulheres peri e ps-menopausadas (Tabela 2).

    O ndice circulatrio poderia variar entre 4 a 16. ATabela 3 mostra que a intensidade dos sintomasvasomotores foi baixa. O escore mais alto observadofoi de 6,85 em mulheres na peri-menopausa. A inten-sidade das queixas psicolgicas foi igualmente bai-xa, uma vez que o ndice psicolgico poderia variarde 5 a 20. O ndice psicolgico mais alto foi observa-do em mulheres na peri-menopausa, sendo de 10,99.A intensidade dos sintomas vasomotores e psicol-gicos, calculada pelo ndice circulatrio e psicolgi-co, no evidenciou diferena significativa de acordocom o estado menopausal, ou seja, uma vez presenteo sintoma, a sua intensidade no se modificou deacordo com o estado menopausal (Tabela 3).

    *Excludas 89 mulheres, sendo 88 em uso de terapia dereposio hormonal e uma em uso de anticoncepcionalhormonal oral.**Qui-quadrado.

    Tabela 1 - Distribuio percentual da prevalncia dossintomas vasomotores segundo estado menopausal.(N=367)*Sintoma Estado menopausal

    Pr Peri Ps p** Total

    Fogachos 50,5 77,9 77,8

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    Sndrome do climatrioPedro AO et al

    Procurou-se avaliar apenas os sintomas urogenitaisassociados ao climatrio. Portanto, incontinnciaurinria de incio h mais de trs anos e/ou decorren-te de parto ou cirurgia ginecolgica no foi conside-rada. A freqncia de incontinncia urinria relacio-nada ao perodo do climatrio foi de aproximada-mente 27,4%, sendo mais prevalente em mulheres napr e peri menopausa. A queixa da dispareunia e se-cura vaginal foi pouco freqente, porm maisprevalente no perodo de ps-menopausa (Tabela 4).

    Em relao s queixas sexuais, a diminuio dointeresse sexual foi a mais freqente, e predominouna peri e ps-menopausa sendo que 66,4% das mu-lheres estavam com vida sexual ativa. Das que noestavam em atividade sexual, a principal causa foi afalta de parceiro (63,4%) ou doena no parceiro(11,7%). A dispareunia ou o medo de engravidar noconstituram causa de abstinncia sexual e a freqn-cia sexual mdia foi de seis relaes sexuais por ms.Das mulheres com vida sexual ativa, cerca de 86,2%referiam ter relaes sexuais orgsmicas.

    Pela anlise de componentes principais, conside-rando-se nove variveis indicadoras de sintoma-tologia do climatrio e incontinncia urinria, extra-ram-se trs fatores. A correlao entre os vrios sin-tomas da sndrome do climatrio est representadagraficamente na Figura.

    Os trs fatores identificados na anlise de compo-nentes principais explicam um total de 54,5% davarincia observada. Constatou-se que algumas quei-xas climatricas so inter-relacionadas. O primeirofator incluiu as ondas de calor, sudorese (aglomeradovasomotor); o segundo incluiu depresso, nervosis-mo e irritabilidade (aglomerado psicolgico); o ter-ceiro, tontura e palpitao (aglomerado atpico). Osdemais sintomas esto a uma distncia relativamente

    grande no grfico, parecendo ser relativamente pou-co inter-relacionados com os outros sintomas, comose verificou em relao cefalia e incontinnciaurinria. A insnia inter-relacionou-se mais ao aglo-merado dos sintomas vasomotores do que ao dos sin-tomas psicolgicos.

    DISCUSSO

    A prevalncia de sintomas climatricos comofogachos, sudorese, palpitao, tontura, ansiedade,irritabilidade, cefalia, depresso e insnia foi muitoelevada na populao estudada, confirmando-se quea transio climatrica tem um grande impacto navida dessas mulheres. semelhante ao relato de mu-lheres de pases desenvolvidos do ocidente onde, porexemplo, foi de 85% em mulheres holandesas;17 55%em mulheres inglesas.8 Na Austrlia estas queixas fo-ram de 77%1 e nos Estados Unidos em 74%.15

    Em pases do sudeste asitico, a prevalncia dossintomas vasomotores variaram de 8,3% a 48,9%;3

    na Tanznia, 82%14 e no Paquisto estas queixas vari-

    Tabela 3 - Valores mdios dos ndice circulatrio e ndice psicolgico, segundo estado menopausal.* (N=367)

    ndices Estado menopausalPr Peri Ps p**

    ndice circulatrio 6,26 (2,15) 6,85 (2,09) 6,54 (2,41) 0,22ndice psicolgico 10,35 (3,75) 10,99 (4,02) 10,36 (4,06) 0,52Nmero total (N) 101 68 198

    *Excludas 89 mulheres, sendo 88 em uso de terapia de reposio hormonal e uma em uso de anticoncepcional hormonal oral.**Teste no paramtrico de Kruskal-Wallis.

    Tabela 4 - Distribuio percentual da prevalncia dos sintomas urogenitais segundo estado menopausal. (N=456)

    Sintomas urogenitais Estado menopausalPr Peri Ps Total (%) p*

    Incontinncia urinria 28,2 41,3 22,8 27,4 0,02Dispareunia 0,8 1,2 2,3 1,8 NASecura vaginal - 1,2 1,5 1,1 NANmero total 117 80 259 456*Teste de Qui-quadrado.NA -Teste estatstico no aplicvel.

    Componente 1

    1,0 ,5 0,0 -,5 -1,0

    Com

    pone

    nte

    2

    1,0

    ,5

    0,0

    -,5

    -1,0

    inc. urin.

    insniadepresso

    cefalia

    irritabil. ansiedade

    tonturapalpitao

    sudorese

    ondas calor

    Figura - Anlise de componentes principais da inter-relaodos sintomas climatricos.

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    Sndrome do climatrioPedro AO et al

    aram de 7% a 57%, dependendo da classe econmi-ca.24 Nos Emirados rabes esta prevalncia foi de45%.18 No Japo, apenas 9,7% das mulheres referi-ram ondas de calor no climatrio.13

    Na literatura mdica indexada, no foram identi-ficados estudos de base populacional que estudas-sem a prevalncia de sintomas climatricos em po-pulao latino-americana. Verif icaram-se apenasestudos em populaes hospitalares, onde a preva-lncia desses sintomas foi alta, na faixa entre 74,6 a97%.6 Leidy,12 (1998) comparando dois grupos depopulaes, uma hospitalar e outra de base popula-cional, no encontrou diferenas na prevalncia desintomas, sendo que as nicas diferenas observa-das foram relativas ao uso de terapia de reposiohormonal (52% vs 20%) e ao nmero de histerec-tomias, que como era de se supor, predomiaram napopulao hospitalar.

    No presente estudo, os fogachos ocorreram em cer-ca de 50,5% das mulheres na pr- menopausa. Obser-vou-se que estudos prvios, tanto de corte transver-sal como longitudinal, tambm evidenciaram a pre-sena de ondas de calor em 15 a 25% das mulheresque ainda menstruavam regularmente.8,9 Oldenhaveet al,17 (1993) encontraram uma prevalncia defogachos em mulheres na pr-menopausa acima dos39 anos de idade em torno de 41,1%. A explicaopara este fato no clara. Possivelmente, a definiodo estado menopausal, baseado apenas no padromenstrual, pode no caracterizar adequadamente asmulheres que esto na peri menopausa e que aindamenstruam regularmente.

    Pode ser que mulheres que menstruam regularmen-te e referem ondas de calor tm nvel do hormniofolculo estimulante maior do que mulheres que nosentem fogachos, enquanto que o nvel de estradiolpermanece inalterado. O critrio menstrual adotadono presente estudo foi o que comumente se usa, mash alguns problemas considerveis com esta defini-o de estado menopausal. Outra explicao para estefato que algumas mulheres tm o sistema termo-regulador menos estvel ou so mais sensveis a es-sas mudanas e, portanto, so mais susceptveis aexperimentar sintomas no climatrio.20 As mulheresestudadas pertenciam faixa etria igual ou superiora 45 anos e sabe-se que os sintomas climatricos po-dem ser percebidos j a partir dos 40 anos, ou seja,alguns anos antes da parada da menstruao.

    As mulheres que tm tenso pr-menstrual podemdesenvolver algumas reaes e so mais sensveis aoprocesso menstrual, portanto, antecipam alguns sinto-mas quando h mudana no seu padro menstrual. H

    alguma vulnerabilidade hormonal nessas mulheres quepode causar tanto os sintomas pr-menstruais, comoos sintomas vasomotores. Tambm possvel que ossintomas vasomotores sejam mais comuns em mulhe-res que so depressivas antes da menopausa.4 No pre-sente estudo, encontrou-se uma prevalncia de depres-so na pr-menopausa em torno de 55,4%.

    A inter-relao dos sintomas mostrou que osvasomotores como os fogachos e sudorese, esto in-timamente interligados, associam-se tambm ins-nia e foram significativamente mais prevalentes naperi e ps menopausa. Os demais sintomas climatricosforam relatados independentemente do estadomenopausal. Esses dados coincidem com estudos pr-vios que mostram que os sintomas esto intimamenterelacionados ao hipoestrogenismo e, portanto, maiscomuns na peri e ps menopausa so os fogachos, asudorese e a insnia.8

    De acordo com o consenso sobre a Sndrome doClimatrio,21 as ondas de calor, sudorese e vaginiteatrfica so os nicos sintomas caracterizados comodecorrentes do hipoestrogenismo. Uma explicaodiferente deveria ser dada aos outros sintomas que sousualmente atribudos deficincia estrognica oulistados como parte da sndrome do climatrio. Se, porum lado, os sintomas vasomotores esto associados aodesenvolvimento da menopausa, por outro, os sinto-mas psicolgicos no esto ligados ao estadomenopausal. Nos presentes achados, observou-se umaalta prevalncia de sintomas psicolgicos na popula-o estudada, mas nem a sua prevalncia, nem a suaintensidade, correlacionaram-se ao estado menopausal.

    A observao de que os sintomas psicolgicos e osvasomotores so aglomerados separadamente sugereque eles tm um mecanismo etiolgico diferente. Hfortes evidncias de que os sintomas vasomotoresrefletem mudanas hormonais, enquanto que algunssintomas psicolgicos podem ser atribudos a altera-es hormonais ou a fatores sociais que coincidemcom a menopausa. Os resultados deste estudo coinci-dem com estudos prvios, onde a prevalncia dossintomas psicolgicos depende mais do processopsicossocial ou do envelhecimento, simultneos aoprocesso endcrino.7

    Atualmente h estudos que evidenciam que a de-presso, ansiedade, irritabilidade e cefalia no somais freqentes na peri e ps menopausa do que emqualquer outro perodo da vida da mulher. Um dosfatores que prediz a ocorrncia desses sintomas psi-colgicos no climatrio o antecedente de tensopr-menstrual. Novaes et al16 (1998) destacaram queum dos fatores que podem predizer a ocorrncia dos

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    Sndrome do climatrioPedro AO et al

    sintomas psicolgicos no climatrio o antecedentede tenso pr-menstrual.

    A insnia freqentemente atribuda s ondas decalor, mas tambm pode estar associada aos sinto-mas psicolgicos, o que refletiria a sua associaocom depresso. No presente estudo, a insnia rela-cionou-se tanto com os sintomas vasomotores comocom os psicolgicos, embora tenha sido observadauma associao mais ntima com os sintomasvasomotores, provavelmente decorrente da cascataclssica de sintomas: fogachos e sudorese noturnosgerando a insnia e, em conseqncia, irritabilidadee fadiga no dia posterior.

    Verif icou-se neste estudo que a incontinnciaurinria uma queixa freqente em mulheres no per-odo do climatrio. Este sintoma ocorre precocemen-te, visto que um tero das mulheres na pr-menopau-sa e aproximadamente metade na peri-menopausa oreferiram, ao contrrio das mulheres na ps-meno-pausa, onde somente um quarto delas referiram in-continncia urinria. Este achado concorda com es-tudo realizado no sudeste asitico, onde este tipo dequeixa foi mais freqente em mulheres na peri-meno-pausa.3 Ao contrrio, observa-se que, em pases oci-dentais, ela aparece mais tardiamente, isto , na ps-menopausa. Por outro lado, pode no se observar di-ferenas nas taxas de prevalncia de incontinnciaurinria entre as mulheres pr e ps-menopausadas.De modo geral, observou-se que 27,4% das mulheresna faixa etria estudada apresentavam incontinnciaurinria de esforo.

    As queixas de secura vaginal e dispareunia forampouco freqentes no presente estudo. A explicaopara este fato pode estar na forma em que foi realiza-da a coleta de dados, que envolveu entrevista domi-ciliar com pessoal no mdico, o que faz supor que asmulheres podem ter se sentido constrangidas ao se-rem abordadas sobre esta queixa e respondido nega-tivamente. Se a coleta tivesse sido feita atravs de umquestionrio auto-aplicvel, talvez esses sintomaspudessem ter sido mais freqentes. Era de se esperarmaior freqncia desses sintomas, pois o tempo m-

    dio decorrido da menopausa foi de sete anos, temposuficiente para o desenvolvimento de atrofia genital.Segundo Larson et al11 (1997), a secura vaginal ocor-re mais freqentemente de quatro a seis anos aps amenopausa e est diretamente relacionada ao estadode hipoestrogenismo.

    Sabe-se que mulheres que convivem com parceiroapresentam maior prevalncia de queixas genitaisdo que as que no convivem. Este fato poderia serexplicado pela melhor percepo do trato genitalbaixo pelas mulheres que, tendo parceiro, conse-qentemente, teriam maior atividade sexual. Porm,com o avano da idade, pode existir tambm umaperda gradual da libido resultando na diminuiode atividade sexual, o que reduziria a percepo daatrofia do epitlio vaginal.5

    Aproximadamente 30% das mulheres estudadas re-feriram alterao na sua vida sexual nos ltimos 12meses. Destas, cerca de 22% relataram diminuio dointeresse sexual, independentemente do estadomenopausal. Apesar da diminuio do interesse sexu-al, a freqncia das relaes no se modificou. Utian& Schiff22 (1994) tambm referiram uma taxa de 31%de mudana na vida sexual de mulheres climatricasnos Estados Unidos. A queixa principal foi a diminui-o do interesse sexual (62%), secura vaginal (55%) edispareunia (32%). Apesar disso, apenas 30% das mu-lheres referiram diminuio da freqncia sexual. Osfatores que afetam a expresso sexual so mltiplos e acontribuio relativa da interao entre osdeterminantes hormonais, psicossociais e do prprioenvelhecimento no esto claramente delineados.2

    Acredita-se que as informaes oriundas do presen-te estudo podero servir como motivao aos prove-dores de sade para dirigir recursos na rea de informa-o s mulheres e de formao de servios para assis-tncia ao climatrico dirigido para a realidade da mu-lher brasileira na tentativa de corresponder s suas ex-pectativas e necessidades. Registre-se que no foi en-contrado na literatura nacional e internacional nenhumestudo similar, o que sugere a necessidade de haveroutras pesquisas sobre esse tema.

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