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Sinais Para Confirmar a Graça e a Verdade Por Silvio Dutra Ago/2019

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Page 1: Sinais Para Confirmar a Graça e a Verdade · sinais que Jesus havia realizado: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste

Sinais Para Confirmar a Graça

e a Verdade

Por

Silvio Dutra

Ago/2019

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A474 Alves, Silvio Dutra Sinais para confirmar a graça e a verdade Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019. 29p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra. I. Título. CDD 252

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João Batista deu o testemunho de que “a lei foi

dada por intermédio de Moisés; a graça e a

verdade vieram por meio de Jesus Cristo.”, João

1.17, e este é o motivo “porque todos nós temos

recebido da sua plenitude e graça sobre graça.”

(verso 16).

Jesus veio para dar testemunho da verdade e

derramar graça sobre graça sobre aqueles que

nele acreditam, para que sejam salvos de seus

pecados.

Ele foi enviado pelo Pai a este mundo com a

missão de ser o Senhor e Salvador do mundo, e

não para condená-lo, na presente dispensação

da graça que começou com a Sua morte e

ressurreição e que tem durado ainda em nossos

dias, e que há de durar até que se feche o período

do Milênio.

O Único que foi designado por Deus Pai, e que

poderia realizar a obra da salvação de pecadores,

deveria ter o seu ministério marcado por sinais

que haviam sido anteriormente profetizados

que seriam cumpridos somente por Ele. Esta é

uma das principais razões de terem sido

registrados nos quatro evangelhos, a saber, para

marcar que o Senhor, o Salvador, o Messias, é

somente Jesus, que morreu na cruz, ressuscitou

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e ascendeu ao céu, até que volte em sua segunda

vinda como Juiz do mundo.

Quando tomamos os sinais e prodígios como um

fim em si mesmos, como se fossem o que

devemos buscar para agradar a Deus, erramos

completamente o alvo, pois não nos foram

dados para serem um fim para a nossa fé, mas

somente para apontar para Jesus como o nosso

único e suficiente salvador, e para confirmar

que a Palavra de Deus, em sua verdade e graça,

conforme nos é apresentada na Bíblia, é de

inteira aceitação, e deve ser integralmente

recebida e praticada pelos crentes.

Tanto é assim, que uma vez que a palavra do evangelho foi confirmada em todo o mundo

pelo ministério dos apóstolos, depois que eles começaram a evangelizar o mundo a partir do

dia de Pentecostes, os grandes sinais e maravilhas que eles faziam, foram desaparecendo paulatinamente, pois o grande

alvo deles já havia sido cumprido, e o que fora registrado era o suficiente para nos conduzir à

fé salvífica no Salvador.

Os sinais foram, por assim dizer, o andaime com o qual Deus elevou o edifício da Igreja, mas uma

vez concluída a obra, já não necessitamos mais do andaime, ainda que este tenha sido erigido

algumas vezes em dias de avivamento, e

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sobretudo no mundo pagão, nas áreas que não haviam sido ainda alcançadas pelo evangelho,

de modo a servir de testemunho para a confirmação da verdade da Palavra pregada e

ensinada, para ser crida, e assim devotarem suas vidas à santificação que decorre da prática

da mesma. (João 17.17)

Jesus continua salvando almas em todo o mundo, por meio da expiação e redenção que há

no sangue que derramou na cruz, e pela justificação pela fé nEle, assim como pela

regeneração e santificação do Espírito Santo. Todavia, não necessariamente com o

acompanhamento de sinais e prodígios como aqueles que marcaram o seu ministério e dos apóstolos nos dias primitivos.

Não necessitamos de sinais e prodígios para a

nossa santificação, e esta é a grande razão que

Jesus não os fazia aleatoriamente e nem para

satisfazer meramente a curiosidade e desejo de

muitos que lhos pediam, sem qualquer intenção

de se arrependerem e crerem nEle para serem

salvos.

Faremos bem em ser sóbrios, discretos,

reverentes em nossa aproximação de Deus, não

pondo-o à prova, pela exigência de sinais para

que possamos louvá-lo e servi-lo. Nisto, cabe

lembrarmos da repreensão do Senhor dirigida a

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Tomé: “Bem-aventurados os que não viram e

creram.” Palavras estas registradas por João na

parte conclusiva do seu evangelho, na qual

declara com que propósito havia registrado os

sinais que Jesus havia realizado: “Na verdade, fez

Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais

que não estão escritos neste livro. Estes, porém,

foram registrados para que creiais que Jesus é o

Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,

tenhais vida em seu nome.” (João 20.30,31)

Sabendo então, juntamente com os apóstolos

que Jesus veio para inaugurar uma nova

dispensação, a da graça e da paciência de Deus

para com os pecadores, em vários aspectos,

diferente da dispensação da Lei que foi

inaugurada com Moisés e durou no período do

Velho Testamento, apeguemo-nos antes de

tudo à Palavra do Evangelho, o qual nos foi

trazido pelo próprio Filho Unigênito de Deus, do

qual a própria Lei dá testemunho de que é

aquele que devemos ouvir e seguir,

caminhemos em inteira certeza de fé no Senhor

e em tudo o que Ele proferiu e ordenou que fosse

registrado para a nossa salvação.

Nosso presente propósito é o de discorrer sobre

os sinais que foram registrados por Lucas no

quinto capítulo do seu evangelho, de maneira a

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constatar que de fato eles confirmam a graça e a

verdade que temos mediante a fé em Jesus.

Lucas 5.1-11 – Paralelo em Mateus 4.18-22

1 Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para

ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago

de Genesaré;

2 e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os

pescadores, havendo desembarcado, lavavam

as redes.

3 Entrando em um dos barcos, que era o de

Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da

praia; e, assentando-se, ensinava do barco as

multidões.

4 Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te

ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.

5 Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo

trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas

sob a tua palavra lançarei as redes.

6 Isto fazendo, apanharam grande quantidade

de peixes; e rompiam-se-lhes as redes.

7 Então, fizeram sinais aos companheiros do

outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram

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e encheram ambos os barcos, a ponto de quase

irem a pique.

8 Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés

de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim,

porque sou pecador.

9 Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração

se apoderou dele e de todos os seus

companheiros,

10 bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu,

que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não

temas; doravante serás pescador de homens.

11 E, arrastando eles os barcos sobre a praia,

deixando tudo, o seguiram.

Se este milagre operado por Jesus fosse

realizado na presença de homens incrédulos e

interesseiros, eles não teriam a atitude de Pedro

de se prostrar diante do Senhor, e reconhecer a

Sua procedência santa e divina, temendo estar

em Sua companhia, por reconhecer-se pecador,

pois certamente eles pediriam a Jesus que

permanecesse com eles, para que

continuassem prosperando mais e mais no

negócio da pesca.

Mas Jesus conhecendo os que são Seus, havia

escolhido a Pedro bem como os demais

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apóstolos e discípulos, sabendo que se

converteriam a Ele, e seriam instrumentos, eles

mesmos, a serem usados por Ele para a salvação

de outras pessoas. Isto não mudou, e continua

por toda esta dispensação da graça, estando o

Senhor presente conosco em espírito, e

operando através do ministério do Espírito

Santo.

Os fariseus e escribas que eram reputados pelo

povo como homens santos, exatamente porque

eram criteriosos em viver separados dos

pecadores, jamais se juntariam a pescadores

para pescarem com eles, e muito menos, se

permitiriam ser seguidos por eles, para

ministrarem a Palavra de Deus juntamente com

eles.

Mas, Jesus, por amor aos pecadores, permitiu-se

estar junto deles, e até mesmo participar de

atividades que eram lícitas, por determinado

tempo, para poder alcançá-los para um novo

ministério, do que o de pescar peixes e

alimentar muitos estômagos com eles, pois faria

deles pescadores de homens para alimentarem

suas almas com a Palavra da verdade, e assim,

alcançarem a vida eterna.

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Lucas 5.12-16 – Paralelo em Mateus 8.1-4

12 Aconteceu que, estando ele numa das

cidades, veio à sua presença um homem coberto

de lepra; ao ver a Jesus, prostrando-se com o

rosto em terra, suplicou-lhe: Senhor, se

quiseres, podes purificar-me.

13 E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo:

Quero, fica limpo! E, no mesmo instante, lhe

desapareceu a lepra.

14 Ordenou-lhe Jesus que a ninguém o dissesse,

mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote e oferece,

pela tua purificação, o sacrifício que Moisés

determinou, para servir de testemunho ao povo.

15 Porém o que se dizia a seu respeito cada vez

mais se divulgava, e grandes multidões afluíam

para o ouvirem e serem curadas de suas

enfermidades.

16 Ele, porém, se retirava para lugares solitários

e orava.

Nosso Senhor não queria ser visto pelos homens

como um mero curandeiro, e operador de sinais

e prodígios, e por isso sempre pedia que os que

eram socorridos por ele, mantivessem em

segredo o bem que lhes fizera. Ele queria muito

mais do que curar o corpo, ou assistir

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necessidades materiais e livrar de perigos, pois

veio com a missão de salvar o espírito da

condenação eterna, e para isso é necessário

muito mais do que simples fé para ser curado de

enfermidades, pois demanda-se

arrependimento e conversão de coração a Deus,

pela renúncia ao pecado para se viver em

santidade de vida.

O primeiro versículo recorre ao fim do Sermão

do Monte, porque as pessoas que o ouviram

estavam maravilhadas da doutrina do Senhor, e

o efeito foi, que quando Ele desceu do monte,

grandes multidões o seguiram.

Nestes versos, temos o relato da cura de um

leproso por Cristo.

Sabemos, pelo evangelho de João, que o

primeiro milagre que Jesus fez foi a

transformação de água em vinho nas bodas de

Caná, e temos o registro em Mateus, antes de

Jesus ter proferido o Sermão do Monte, que Ele

havia curado a muitos, como se vê no final do

quarto capítulo.

Temos então, aqui, o registro do primeiro

milagre de cura que o Senhor fez depois de ter

pregado o Sermão do Monte.

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Nos dias de Jesus a lepra era uma doença

incurável. Portanto, através desta cura Ele

mostrou que era o único que poderia também

curar a enfermidade incurável do pecado, a qual

continua, até os dias de hoje, e para sempre,

sendo uma doença incurável.

Os leprosos eram considerados imundos pela

Lei, e deviam viver fora das cidades de Israel.

De igual modo o pecado torna o homem imundo

para viver no céu, e caso não seja purificado não

poderá jamais entrar no reino de Deus.

Com a cura do leproso Jesus demonstrou que

somente Ele é competente para salvar os que se

encontram banidos da presença de Deus, por

causa da enfermidade do pecado.

O leproso foi sábio em reconhecer que Jesus

tem todo o poder para curar qualquer

enfermidade incurável, mas isto está na esfera e

dependência da Sua vontade, e por isso lhe

disse: “Senhor, se quiseres, podes tornar-me

limpo.”

Ele se aproximou do Senhor e o adorou, mas

reconheceu que não poderia exigir nada de

Jesus, caso não fosse da Sua soberana vontade.

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O Senhor não somente teve misericórdia do

leproso, como tem de todos os que sofrem,

como também, no seu caso, disse que era da Sua

vontade purificá-lo, e o curou.

Pelos mais variados motivos, como por exemplo

o de provar a nossa paciência e fidelidade na

tribulação, Deus poderá não nos curar de nossas

enfermidades, mas nos assistirá com a Sua

graça, tal como fizera com o apóstolo Paulo

quanto ao seu espinho na carne.

É muito importante o fato de Jesus ter tocado o

leproso para curá-lo, porque isto demonstra que

Ele não tem nenhum receio relativo a qualquer

contágio do pecado, quando também nos toca

para nos salvar, fazendo habitar em nós o

Espírito Santo.

Segundo a lei, se alguém tocasse num leproso

seria considerado imundo cerimonialmente, e

impedido de participar do serviço de adoração

no templo, até que fossem cumpridos o tempo e

as exigências previstas na lei para a sua

purificação.

Ao tocar no leproso, curando-o, Jesus

demonstrou que não está sujeito, tal como nós,

a ser contaminado pelas impurezas de outros.

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Motivo porque não podia ser considerado que

havia violado a lei de Moisés, porque tal

prescrição da Lei tinha em vista ensinar sobre a

contaminação do pecado, que deveria ser

evitada, sob pena de ser castigada, em caso de

descumprimento da norma legal.

Quando um leproso era curado de sua lepra,

deveria se apresentar ao sacerdote com as

ofertas exigidas pela lei, para testemunho da sua

purificação.

Como a lepra era incurável, então toda cura que

havia no passado, era o resultado de um milagre

operado por Deus.

Jesus, comprovou então a Sua divindade, ao

curar o leproso quando o tocou.

E para que se cumprisse a lei, lhe ordenou que

se apresentasse ao sacerdote, mas que não

contasse o modo pelo qual foi curado, porque

não era ainda chegada a hora do Senhor ser

conduzido à morte pelos líderes religiosos de

Israel, portanto, a razão de seu pedido ao

leproso, para manter a origem do milagre em

segredo, tinha em vista não precipitar uma

perseguição antes da hora.

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Lucas 5.17-26 – Paralelo em Mateus 9.1-8

17 Ora, aconteceu que, num daqueles dias,

estava ele ensinando, e achavam-se ali

assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de

todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de

Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele

para curar.

18 Vieram, então, uns homens trazendo em um

leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e

pô-lo diante de Jesus.

19 E, não achando por onde introduzi-lo por

causa da multidão, subindo ao eirado, o

desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o

meio, diante de Jesus.

20 Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico:

Homem, estão perdoados os teus pecados.

21 E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo:

Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode

perdoar pecados, senão Deus?

22 Jesus, porém, conhecendo-lhes os

pensamentos, disse-lhes: Que arrazoais em

vosso coração?

23 Qual é mais fácil, dizer: Estão perdoados os

teus pecados ou: Levanta-te e anda?

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24 Mas, para que saibais que o Filho do Homem

tem sobre a terra autoridade para perdoar

pecados – disse ao paralítico: Eu te ordeno:

Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.

25 Imediatamente, se levantou diante deles e,

tomando o leito em que permanecera deitado,

voltou para casa, glorificando a Deus.

26 Todos ficaram atônitos, davam glória a Deus

e, possuídos de temor, diziam: Hoje, vimos

prodígios.

Jesus retornou de Gadara, que ficava no lado

oriental do Jordão, e retornou para a cidade

onde fora residir depois de ter sido batizado por

João, a saber, em Cafarnaum, onde Pedro

também residia.

As passagens paralelas a esta narrativa se

encontram em Marcos 2.1-12, e em Mateus 9.1-8.

Nestes textos paralelos é informado que o

paralítico foi introduzido através do telhado, na

casa em que Jesus se encontrava,

provavelmente a casa de Pedro, porque o

Senhor dissera que não tinha sequer onde

reclinar a cabeça, isto é, uma residência própria

e fixa.

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Todos os eventos narrados neste capítulo

aconteceram em Cafarnaum. E a primeira

ocorrência naquela cidade foi a salvação e a cura

de um paralítico.

Era de tal ordem a paralisia deste homem que

teve que ser carregado em sua cama por alguns

amigos até a presença de Jesus. E nosso Senhor

viu não somente a fé do paralítico como também

daqueles que lho haviam trazido até Ele, pois é

dito no verso 2: “Jesus, pois, vendo-lhes a fé...”

Deus opera de muitos modos para atrair as

pessoas a Cristo, para que sejam salvas.

A uns pela busca de cura do corpo, a outros pela

busca de cura da alma, e pelos mais variados

motivos – tudo usa, todas as circunstâncias,

conforme o conhecimento perfeito que possui

do interior de cada pessoa, para conduzi-las à

salvação.

Até mesmo aqueles que não podem tomar

qualquer iniciativa para virem a Cristo, como foi

por exemplo o caso dos dois endemoninhados

gadarenos, livrará dos laços do diabo, pelo Seu

próprio poder, àqueles que tem determinado

manifestar a Sua misericórdia, para que sejam

salvos.

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Não importa se podemos caminhar por nossos

próprios meios ou se outros têm que nos

conduzir ao Senhor, uma coisa é certa, Ele não

perderá a nenhum daqueles que Lhe foram

dados pelo Pai.

Como aquela paralisia, naquele caso, foi o meio

usado para que houvesse a busca de nosso

Senhor pelo paralítico, Ele não concentrou Sua

atenção na enfermidade, mas na transformação

do paralítico em filho de Deus, perdoando-lhe

todos os seus pecados.

Ele poderia até mesmo permanecer com a

paralisia, como tantos outros em toda a história

da humanidade, porque aquilo que é realmente

de importância, a única coisa que nos é

necessária, já havia sido feita em relação ao

destino eterno do seu espírito.

O que deu ocasião à cura da paralisia foi a

murmuração de alguns escribas, que disseram

consigo mesmos que Jesus estava blasfemando

ao dizer que os pecados do paralítico haviam

sido perdoados.

Ninguém ao redor ouviu o que eles diziam em

seus corações, com exceção do Senhor, que tem

o poder de conhecer os nossos pensamentos, e

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por isso lhes disse: “Por que pensais o mal em

vossos corações?”.

Ele não precisaria fazer nenhuma outra coisa

para provar-lhes a Sua divindade, quando lhes

demonstrou a Sua onisciência, e capacidade de

ler pensamentos.

Todavia, Deus não tem o dever de provar coisa

nenhuma a qualquer pessoa, e por isso nosso

Senhor curaria o paralítico, não por ter sido

provocado por aqueles escribas, mas para

manifestar a Sua misericórdia, que é a causa de

sermos perdoados por Ele, e não por qualquer

bondade própria ou mérito que haja em nós.

Quem pode mais pode menos.

É mais fácil curar um enfermidade física do que

justificar um pecador, perdoando todos os seus

pecados.

O trabalho de salvação de uma alma é muito

maior e de duração eterna, do que a cura do

corpo.

No entanto, para a percepção humana, limitada

e falha, incapaz de perceber os poderes que

operam salvando o espírito, justificando e dando

um novo nascimento espiritual ao salvo, e que

considera portanto, ser uma evidência de poder

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muito maior ver uma cura física sendo efetuada,

Jesus disse o seguinte:

“Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os

teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?”

Realmente, é mais fácil dizer perdoados são os

teus pecados, do que levanta-te e anda, segundo

a avaliação humana, à qual nos referimos

anteriormente.

Por isso nosso Senhor disse que levantaria o

paralítico, para que os circunstantes soubessem

que Ele tem autoridade sobre a terra para

perdoar pecados.

O efeito da cura foi que as multidões temeram e

glorificaram a Deus.

Quão cega é a natureza humana!

Tão incapaz de ver o mundo espiritual, e

necessitada de ver sinais para poder crer no

poder de Cristo, dando a devida honra à Sua

divindade.

Convém que seja diferente disso, ao menos

quanto aos que foram libertados da escravidão

ao pecado. Convém crescer na fé, e ter os olhos

espirituais cada vez mais abertos, para discernir

o mundo espiritual, dando honra e glória ao

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Senhor, em espírito, sem que haja necessidade

de qualquer manifestação visível da Sua glória e

poder, porque somos chamados a caminhar por

fé e não por vista.

Lucas 5.27-32 - Vide Mateus 9.9-13

27 Passadas estas coisas, saindo, viu um

publicano, chamado Levi, assentado na

coletoria, e disse-lhe: Segue-me!

28 Ele se levantou e, deixando tudo, o seguiu.

29 Então, lhe ofereceu Levi um grande banquete

em sua casa; e numerosos publicanos e outros

estavam com eles à mesa.

30 Os fariseus e seus escribas murmuravam

contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por

que comeis e bebeis com os publicanos e

pecadores?

31 Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam

de médico, e sim os doentes.

32 Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao

arrependimento.

Temos aqui o registro da chamada de Mateus

para o apostolado.

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Ele era até então um publicano, ou seja, um

coletor de impostos para Roma, sendo um

judeu.

As passagens paralelas de Marcos 2.15 e Mateus

9.9-13, registram que a casa em que Jesus se

encontrava, conforme relatado nesta passagem

era a casa do próprio Mateus, a quem Marcos e

Lucas chamam de Levi, nos seus respectivos

evangelhos.

Lucas afirma que Mateus ofereceu um grande

banquete em sua casa, e que numerosos

publicanos e outros estavam com eles à mesa.

Pode-se inferir portanto, que depois de ter sido

chamado por Jesus, Mateus pensou em dar este

grande banquete em honra ao Senhor.

É certo que muitos daqueles publicanos e

demais pecadores que se encontravam à mesa

com Jesus, não eram pessoas honestas e de boa

reputação, porque, de outra sorte os fariseus

não teriam protestado perguntando aos

discípulos do Senhor, por que o Mestre deles

comia em companhia de publicanos e

pecadores, diferentemente deles, fariseus, que

privavam apenas da companhia de pessoas

religiosas.

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Como o Senhor ouviu o que tinham falado,

respondeu com as seguintes palavras: “Não

necessitam de médico os sãos, mas sim os

enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa:

Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu

não vim chamar justos, mas pecadores.”

O espírito de julgamento, hipercrítico, que o

Senhor havia condenado no Sermão do Monte,

aparece de maneira muito clara na pessoa dos

fariseus, nesta passagem, e em muitas outras,

dos evangelhos.

O orgulho religioso e a justiça própria foram

manifestados na pergunta que os fariseus

fizeram aos discípulos de Jesus.

Corremos sempre o mesmo risco que eles, se

somos fermentados pela hipocrisia, que nos

cega, e não permite que enxerguemos, que aos

olhos de Deus não há um só justo, que possa se

apresentar diante dele sem pecado, pela sua

justiça própria.

Todos os homens justos terão sido

obrigatoriamente justificados pela graça de

Jesus.

Deste modo, neste mundo, nosso Senhor será

sempre achado trabalhando para chamar

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pecadores à salvação, até mesmo entre os piores

deles, porque, conforme a Bíblia afirma, não há

um justo sequer aos olhos de Deus, que não

necessite ser perdoado e lavado de seus

pecados.

É importante portanto, observar, que o que há

de mais condenável é a falta deste

reconhecimento da nossa condição pecaminosa

diante de Deus, como existia nos fariseus, do

que a condição reconhecida de pecadores,

como estava em Mateus e certamente, num

bom número daqueles publicanos e demais

pecadores, que estavam à mesa do banquete

juntamente com Jesus.

Devemos vigiar, e tomar cuidado para não

sermos tomados por este espírito de falta de

misericórdia, e que condena até mesmo o

próprio Cristo por se mostrar favorável aos

pecadores.

Jesus é o único e grande médico do espírito.

Nenhum outro pode curar a enfermidade do

pecado, e livrar da morte espiritual e eterna que

é ocasionada pelo pecado.

Ele tem prazer em exercer o Seu ofício, e criticá-

lo nesta Sua função, significa atribuir grande

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desonra ao Seu santo nome, Jesus, que significa

o Salvador.

Ele veio para nos salvar de nossos pecados, e

será portanto, honrado somente por aqueles

que se submetem ao remédio da graça que Ele

veio nos administrar para sermos curados.

Os fariseus argumentavam que somente

aqueles que conhecessem as Escrituras, tal

como eles, poderiam estar reunidos em nome

de Deus, então Jesus citou o texto das Escrituras

no qual o Senhor falou através do profeta Oseias:

“Pois misericórdia quero, e não sacrifícios; e o

conhecimento de Deus, mais do que os

holocaustos.” (Os 6.6).

Esta citação feita por Jesus mostra em que

consiste a verdadeira religião: não em

observâncias externas; não no cumprimento

dos ritos e cerimônias externas do Antigo

Testamento para a oferta de sacrifícios no

templo; não em disputas e debates teológicos,

mas em fazer o bem aos corpos, almas e

espíritos de outros, em justiça e paz, levando-

lhes a mensagem da salvação, em

demonstração de misericórdia.

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Lucas 5.33-39 - Vide Mateus 9.14-17

33 Disseram-lhe eles: Os discípulos de João e

bem assim os dos fariseus frequentemente

jejuam e fazem orações; os teus, entretanto,

comem e bebem.

34 Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os

convidados para o casamento, enquanto está

com eles o noivo?

35 Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o

noivo; naqueles dias, sim, jejuarão.

36 Também lhes disse uma parábola: Ninguém

tira um pedaço de veste nova e o põe em veste

velha; pois rasgará a nova, e o remendo da nova

não se ajustará à velha.

37 E ninguém põe vinho novo em odres velhos,

pois o vinho novo romperá os odres; entornar-

se-á o vinho, e os odres se estragarão.

38 Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em

odres novos [e ambos se conservam].

39 E ninguém, tendo bebido o vinho velho,

prefere o novo; porque diz: O velho é excelente.

Nós lemos no texto paralelo desta passagem, em

Marcos 2.18, o seguinte:

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“Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam

jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam

os discípulos de João e os dos fariseus, mas os

teus discípulos não jejuam?”

Este texto paralelo registra que os discípulos de

João e os fariseus estavam em acordo prático,

quanto à questão do jejum.

Nós já comentamos na parte relativa ao jejum,

no Sermão do Monte, que os fariseus haviam

acrescentado à prática religiosa, um jejum

obrigatório não previsto na Lei de Moisés.

É bem provável que João e seus discípulos

tenham sido influenciados por tal prática e se

submeteram à mesma, uma vez que era

generalizada em Israel.

Poderia, portanto, parecer aos discípulos de

João que era uma violação da lei, ou então algo

pecaminoso em si mesmo, não observar aquele

jejum prescrito pelos fariseus, para

determinados dias da semana.

Nós vemos que não foi sem razão que Jesus

advertiu os Seus discípulos quanto ao cuidado

que deveriam ter para não se contaminarem

com o fermento dos fariseus.

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É muito comum que pessoas piedosas se deixem

levar por práticas religiosas que lhes sejam

impostas como obrigatórias, sem que haja

qualquer base ou ordenação bíblica para as

mesmas.

E quão difícil é dissuadir aqueles que adotam

tais práticas quanto ao fato de não serem

exigidas por Deus, porque admiti-lo, geralmente

ofende suas consciências fracas e sensíveis.

Tanto que Jesus não condenou a prática dos

fariseus e dos discípulos de João, mas, como

jejuavam desfigurando o rosto, e como motivo

de tristeza, deu-lhes a resposta de que não havia

motivo para que os Seus discípulos fizessem um

jejum de tal tipo, enquanto tinham a Sua

companhia com eles, sendo a sua permanente

alegria.

Quando Ele lhes fosse tirado temporariamente,

em Sua morte na cruz, então teriam motivo de

tristeza, e poderiam jejuar tal como faziam os

discípulos de João.

No entanto, Cristo veio inaugurar uma Nova

Aliança, diferente em muitos aspectos da

Antiga, que regia os discípulos de João, que se

encontravam debaixo das disposições do Antigo

Testamento.

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Nosso Senhor não veio colocar um remendo de

pano novo no vestido da Antiga Aliança, que

vigorava no Velho Testamento, mas trazer a

veste nova da Sua justiça.

Muitos pensam que ao ter dito as palavras do

verso 16, que nosso Senhor veio colocar

remendo novo em vestido novo.

Todavia, não é o caso, porque este vestido novo

não necessita de remendo, porque a justiça com

a qual fomos justificados é perfeita e eterna.

Usando uma outra metáfora, nosso Senhor disse

que o vinho novo da Nova Aliança não é

colocado em odres velhos, mas em recipientes

novos, para que sejam conservados tanto o odre

quanto o vinho.

O cristão é uma nova criatura. Ninguém pode

fazer parte desta Nova Aliança se não for

justificado e se não nascer de novo do Espírito.

A obra de salvação não é uma obra de remendo

do pecador, mas a formação de uma nova

criação. Deus destrói o velho para erigir o novo.

Tudo o que herdamos de Adão será removido

pela mortificação do pecado, para que

permaneça somente aquilo que temos herdado

em Cristo e por Cristo.