simulação de exame nacional de português 9º ano

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h SIMULAÇÃO DE EXAME NACIONAL DE PORTUGUÊS 9º ANO NOME DO (A) ALUNO (A) INSTRUÇÕES Duração da Prova: 90 minutos. Tolerância: 30 minutos. Utiliza apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta. Não é permitida a consulta de dicionário. Não é permitido o uso de corretor. Deves riscar aquilo que pretendes que não seja classificado. Para cada resposta, identifica o grupo e o item. Apresenta apenas uma resposta para cada item. A prova ou parte dela podem não ser cotadas se as respostas forem dadas com uma caligrafia ilegível. Cotações GRUPO I GRUPO III 1.1……………4 pontos 1...............3 pontos 1.2……………4 pontos 2 1.3……………4 pontos 2.1…………..3 pontos 1.4……………3 pontos 2.2…………..3 pontos 2………………3 pontos 3 3………………2 pontos 3.1…………..3 pontos Total - 20 pontos 3.2…………..3 pontos GRUPO II 4……………..5 pontos 1………………5 pontos 2………………7 pontos Total – 20 pontos 3 3.1……………6 pontos Grupo IV 4. Total - 30 pontos

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Page 1: Simulação de exame nacional de português 9º ano

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SIMULAÇÃO DE EXAME NACIONAL DE PORTUGUÊS 9º ANO

NOME DO (A) ALUNO (A)

INSTRUÇÕES

Duração da Prova: 90 minutos. Tolerância: 30 minutos.

Utiliza apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitida a consulta de dicionário. Não é permitido o uso de corretor. Deves riscar aquilo que pretendes que não seja classificado. Para cada resposta, identifica o grupo e o item. Apresenta apenas uma resposta para cada item. A prova ou parte dela podem não ser cotadas se as respostas forem dadas com uma caligrafia ilegível.

Cotações

GRUPO I GRUPO III

1.1……………4 pontos 1...............3 pontos1.2……………4 pontos 21.3……………4 pontos 2.1…………..3 pontos1.4……………3 pontos 2.2…………..3 pontos2………………3 pontos 33………………2 pontos 3.1…………..3 pontosTotal - 20 pontos 3.2…………..3 pontos

GRUPO II 4……………..5 pontos1………………5 pontos2………………7 pontos Total – 20 pontos33.1……………6 pontos Grupo IV4. Total - 30 pontos4.1……………12 pontosTotal - 30 pontos

Page 2: Simulação de exame nacional de português 9º ano

GRUPO I

Lê o texto.

O naufrágio à nossa frente

É a imagem lancinante que documenta estes dias. É uma fotografia que nos confronta com o naufrágio. Mostra-nos o casco inclinado da barcaça que se vira e vemos muitas dezenas de figuras minúsculas que tentam algum meio para sobreviver, ou atirando-se ao mar ou agarrando-se à madeira do barco que talvez ainda flutue algum tempo mais. Sabemos que são mulheres, homens e crianças que tentam salvar-se no mar imenso. No Mediterrâneo, a quem os antigos romanos chamavam mare nostrum. Podemos seguir como que anestesiados, sem reagir, perante a perturbadora imagem de um naufrágio assim diariamente replicado?

É uma fotografia que documenta a queda a pique de tantas, não sabemos quantas, vidas. Muitas escapam ao naufrágio, outras sucumbem e ficam para sempre em lugares de fossa comum, localizados de modo vago como “ao largo da costa líbia”. A história lembra o modo como Virgílio, há 20 séculos, descreveu o naufrágio da frota troiana de Eneias perante a fúria desencadeada pela poderosa e vingativa deusa Juno. No caso mostrado nesta imagem de agora, um bravo grupo da Guarda Costeira italiana conseguiu evitar a hecatombe e salvar a maior parte destas vidas. Também há gente valente de Portugal nestas operações de socorro. Mas não chega, os naufrágios fatais sucedem-se, todos os dias. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados reportou, a partir do testemunho de sobreviventes, cerca de 700 vidas perdidas só em três dos muitos naufrágios da última semana. Sabe-se que há muitos milhares de africanos que, frustrados na terra onde nasceram, dispostos a arriscar, estão nas margens da costa sul do Mediterrâneo na esperança de embarcar. Tendem a ser milhões. Muitos nem terão a noção das escassas perspetivas e dos perigos. São migrantes económicos, não preenchem as condições para serem considerados refugiados e assim obterem acolhimento. Mas são levados a ousar a sorte e estão à mercê da indústria contemporânea do tráfico de seres humanos.

No começo do outono, aquela fotografia do pequeno Aylan, vestido e calçado, mas inerte pela morte na beira-mar de uma praia na Turquia, conseguiu acender a opinião pública europeia para a tragédia dos refugiados e impôs o debate político. Houve então muitas palavras, comoção de circunstância, mas por pouco, demasiado pouco tempo. A crise dos refugiados segue por tratar.

Agora, esta imagem da barcaça que se afunda volta a pôr diante dos nossos olhos um drama que resulta de uma das questões essenciais do nosso tempo, a da emergência migratória: os milhões de pessoas que estão num continente com 30 milhões de quilómetros-quadrados e que aspiram chegar à Europa. É preciso saber reagir e encontrar soluções humanas. Quais? Não sei.

É uma tarefa para os políticos. Eles são eleitos com o encargo de encontrarem soluções para os problemas. Sendo que, continuando a desviar o olhar, continuando alheios ao sofrimento dos outros, continuando sem saber resolver com humanidade, continuando a silenciar este abandono, estamos todos a naufragar.

Santos, Francisco Sena, In SAPO 24, 31 maio 2016

1. Para responderes a cada item (1.1. a 1.4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. No primeiro parágrafo descreve-se:

(A) um naufrágio em concreto, no mar mediterrâneo, documentado por imagens.

(B) um exemplo de um dos muitos naufrágios que envolvem refugiados no mar mediterrâneo.

(C) as razões para a fuga dos refugiados.

(D) as consequências da fuga dos refugiados.

Page 3: Simulação de exame nacional de português 9º ano

1.2. Com a expressão “A história lembra o modo como Virgílio, há 20 séculos, descreveu o naufrágio da frota troiana de Eneias (…)” pretende-se estabelecer:

(A) uma alternativa.

(B) uma gradação.

(C) um contraste.

(D) uma comparação.

1.3. Segundo o autor a principal razão que leva os migrantes a deixar os seus países prende-se com razões:

(A) humanitárias.

(B) económicas.

(C) culturais.

(D) relacionadas com as condições de vida nos países de destino.

1.4. De acordo com o texto “(…) aquela fotografia do pequeno Aylan, vestido e calçado (…)”:

(A) teve impacto na opinião pública e resolveu a crise dos refugiados.

(B) teve impacto no setor politico e resolveu a crise dos refugiados.

(C) teve impacto na opinião pública, mas não resolveu a crise dos refugiados

(D) teve impacto no setor politico, mas não resolveu a crise dos refugiados.

2. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa.

Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

(A) a solução para o problema dos refugiados cabe aos políticos.

(B) a solução para o problema dos refugiados já está encontrada

(C) segundo o autor todos temos um papel ativo na solução do problema.

(D) a emergência migratória é um tema iminente na nossa sociedade.

3. Identifica o antecedente do pronome «que» em «que documenta» (linha 1).

Page 4: Simulação de exame nacional de português 9º ano

GRUPO II

TEXTO A

Lê o texto.

O comboio saiu do trepidante corredor de rochas vermelhas, penetrou nas plantações de bananeiras, simétricas e intermináveis, e o ar tornou-se húmido e não se voltou a sentir a brisa do mar. Uma fumarada sufocante entrou pela janela da carruagem. Viam-se carros de bois carregados de cachos verdes no estreito caminho paralelo à via férrea. Do outro lado, em inesperados espaços não semeados, havia escritórios com ventiladores elétricos, construções de tijolo vermelho e moradias com cadeiras e mesinhas brancas em terraços situadas entre palmeiras e roseiras cobertas de poeira. Eram onze da manhã e o calor ainda não tinha começado.

– É melhor levantares o vidro – disse a mulher. – Vais ficar com o cabelo todo sujo de carvão. A menina tentou fazê-lo, mas a janela estava emperrada devido à ferrugem. Eram os únicos passageiros da modesta carruagem de terceira classe. Como o fumo da locomotiva continuou

a entrar pela janela, a menina levantou-se do banco e colocou nele os únicos objetos que traz iam: um saco de plástico com algumas coisas para comer e um ramo de flores envolvido em papel de jornal. Sentou-se no banco fronteiro, afastada da janela, em frente da mãe. Ambas guardavam um luto rigoroso e pobre.

A menina tinha doze anos e viajava pela primeira vez. A mulher parecia velha de mais para ser mãe dela, por causa das veias azuis das pálpebras, e do corpo pequeno, franzino e sem formas, metido num vestido talhado como uma sotaina. (...)

Procurando sempre a sombra das amendoeiras, a mulher e a menina entraram na povoação sem perturbar a sesta. Dirigiram-se diretamente à sede paroquial. A mulher bateu levemente com a unha na rede metálica da porta, esperou um momento e tornou a bater. Lá dentro, zumbia uma ventoinha elétrica. Não se ouviram passos. Ouviu-se somente o ranger de uma porta e a seguir uma voz cautelosa, muito próxima da rede metálica: «Quem é?» A mulher tentou ver através da rede metálica. – Preciso de falar com o padre. – Agora está a dormir. – É urgente – insistiu a mulher.

A voz dela tinha uma tenacidade tranquila. (...) A porta entreabriu-se sem ruído e apareceu uma mulher madura e atarracada, de pele muito pálida e

cabelos cor de ferrugem. Os olhos pareciam demasiado pequenos por trás das grossas lentes dos óculos. – Entrem – disse, e acabou de abrir a porta. (...) – Que deseja? – perguntou. – As chaves do cemitério – disse a mulher.

A menina estava sentada com as flores no colo e os pés cruzados debaixo do banco. O sacerdote olhou para ela, depois olhou para a mulher, e depois, através da rede metálica da janela, para o céu brilhante e sem nuvens. – Com este calor – disse. – Era melhor esperarem que o sol baixasse.

A mulher abanou a cabeça em silêncio. O sacerdote passou para o outro lado da balaustrada, tirou do armário um caderno forrado de oleado, uma caixa de madeira com canetas e um tinteiro, e sentou-se à mesa. O cabelo que lhe faltava na cabeça sobrava-lhe nas mãos. – Que sepultura vão visitar? – perguntou. – A de Carlos Centeno – disse a mulher. – De quem? – De Carlos Centeno – repetiu a mulher. O padre continuou sem perceber. – É o ladrão que mataram aqui, na semana passada – disse a mulher sem alterar a voz. – Sou a mãe dele.

MÁRQUEZ, Gabriel García, Contos completos. 5.ª ed., Lisboa: Publicações D. Quixote, 2011

Page 5: Simulação de exame nacional de português 9º ano

1. Divide o texto em duas partes e sintetiza o assunto de cada uma delas.

2. Caracteriza psicologicamente a mãe, referindo e justificando o modo de caracterização utilizado.

3. “O cabelo que lhe faltava na cabeça sobrava-lhe nas mãos.”

3.1 identifica o recurso estilístico presente na frase acima transcrita e comenta a sua expressividade.

4. Lê as estrofes 21 e 22 do Canto IX de Os Lusíadas, de Luís de Camões, abaixo transcritas. Se necessário, consulta as notas:

Texto B

21Isto bem revolvido, determinaDe ter-lhe aparelhada (1), lá no meioDas águas, algũa ínsula (2) divina,Ornada d' esmaltado e verde arreio (3);Que muitas tem no reino que confinaDa primeira co terreno seio (4),Afora as que possui soberanasPera dentro das portas Herculanas (5).

22Ali quer que as aquáticas donzelas (6) Esperem os fortíssimos barões(Todas as que têm título de belas,Glória dos olhos, dor dos corações (7))Com danças e coreias (8), porque nelasInfluïrá secretas afeições (9),Pera com mais vontade trabalharemDe contentar a quem se afeiçoarem.

Notas:1) Preparada2) Ilha3) Com vegetação bela e abundante.4) Os mares que confinam com a terra.5) Estreito de Gibraltar6) As Nereidas7) Prazer para a vista, motivo de paixão para os corações8) Bailados 9) Vénus que inspirará grandes paixões no coração pelos portugueses no coração de ninfas.

4.1. Escreve um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicites o conteúdo das estrofes 21 e 22.

O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de conclusão.

Organiza a informação da forma que considerares mais pertinente, tratando os cinco tópicos apresentados a seguir. Se não mencionares ou se não tratares corretamente os dois primeiros tópicos, a tua resposta será classificada com zero pontos.

• Indicação do episódio a que pertencem as estrofes.

• Identificação da personagem referida através da expressão «fortíssimos barões» (verso 2, est.22).

• Indicação de uma das razões da recompensa dada aos portugueses, com base no teu conhecimento do episódio a que pertencem estas estrofes e da globalidade da obra.

Page 6: Simulação de exame nacional de português 9º ano

• Justificação da importância deste episódio na glorificação do herói de Os Lusíadas.

• Inserção, justificando, deste episódio num dos planos da obra Os Lusíadas.

Observações relativas ao item 4:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2013/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras –, há que atender ao seguinte:

– um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (um ponto);

– um texto com extensão inferior a 23 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

Grupo III

1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de modo a identificares a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada em cada frase.

2. Reescreve as frases seguintes, substituindo os complementos indicados nas alíneas pelas formas adequadas dos pronomes pessoais. Procede às alterações necessárias.

2.1. Complemento direto

As pessoas seguiam com o olhar aquela mãe e a filha.

2.2. Complemento direto e complemento indireto

A mãe nunca disse ao padre que era mãe do ladrão? 3. Classifica as orações sublinhadas nas seguintes frases:

3.1. Como o fumo da locomotiva continuou a entrar pela janela, a menina levantou-se do banco (…).3.2. O cabelo que lhe faltava na cabeça sobrava-lhe nas mãos.

Coluna A Coluna B

a) Todos consideravam o rapaz um ladrão.

b) A mãe pediu-lhe o livro.

c) A menina assistia à conversa.

d) Seguiam as duas em silêncio.

e) A menina permanecia constantemente em silêncio.

1) Sujeito

2) Predicado

3) Complemento direto

4) Complemento indireto

5) Complemento oblíquo

6) Predicativo do sujeito

7) Predicativo do complemento direto

8) Modificador

Page 7: Simulação de exame nacional de português 9º ano

4. Explicita a regra que torna obrigatório o uso da vírgula na frase seguinte, indicando a função sintática da expressão “Padre”.

- Padre, preciso da chave do cemitério!

GRUPO IV

Imagina que participas como voluntário num projeto de solidariedade e que és destacado para um campo de refugiados.

Escreve um texto narrativo em que relates essa aventura numa página de um diário ou numa carta a um(a) amigo(a). Deves incluir um momento de descrição do espaço no qual te encontras.

O texto deve ter entre 180 e 240 palavras.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo

quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,

independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2015/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – 180 e 240 palavras –, há que atender ao seguinte:

– um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (até dois pontos);

– um texto com extensão inferior a 60 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

FIM