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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CTTMar SHIRLY GUS ZBINDEN ANÁLISE DO GRAU DE ARTIFICIALIZAÇÃO DA ORLA NO SETOR NOROESTE/OESTE DA ILHA DE FLORIANÓPOLIS SC, BRASIL Itajaí 2012

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar

SHIRLY GUS ZBINDEN

ANÁLISE DO GRAU DE ARTIFICIALIZAÇÃO DA ORLA NO SETOR

NOROESTE/OESTE DA ILHA DE FLORIANÓPOLIS – SC, BRASIL

Itajaí

2012

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SHIRLY GUS ZBINDEN

ANÁLISE DO GRAU DE ARTIFICIALIZAÇÃO DA ORLA NO SETOR

NOROESTE/OESTE DA ILHA DE FLORIANÓPOLIS – SC, BRASIL

Monografia apresentada à banca

examinadora do Trabalho de Conclusão de

Curso como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Oceanógrafo.

Orientador: Prof. Dr. Marcus Polette

Itajaí

2012

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i

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai (in

memoriam), pois sei que este era seu sonho

também; e à minha mãe, por ser meu exemplo

de índole e garra na busca dos nossos objetivos

e por despertar em mim a sede de um futuro

melhor.

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ii

AGRACEDIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer ao meu professor, mestre e orientador Marcus

Polette, pela paciência, pelo aprendizado, pelo auxílio e por me mostrar através de seu

exemplo que um futuro promissor é possível, só basta buscá-lo.

Gostaria de agradecer à Professora Rosemeri Marenzi, pelo convívio, pelo auxílio

prestado no desenvolvimento deste trabalho e pelas risadas no laboratório.

Agradeço imensamente à todo o pessoal do Laboratório de Gerenciamento Costeiro,

ao qual tive o prazer da companhia durante todo esse processo, com certeza sentirei muita

falta de lá e de todas as pessoas que tornavam as manhãs e tardes divertidas.

Gostaria de agradecer especialmente à todas aquelas pessoas que conheci nessa

fase maravilhosa da minha vida, que se tornaram muito mais que amigos para mim:

Guilherme, Japa, Zé Pequeno e Bruna (o meu quarteto fantástico), Rafa, Aninha, Bruninha

Machado, Carolzinha e por ai vai...

Agradeço imensamente por todas as pessoas que passaram na minha vida ao longo

desses quatro anos e meio, não vou citar todas pra não cometer a injustiça de esquecer

alguém... mas vocês todas foram muito importantes pra mim e não as esquecerei jamais!

Não posso deixar de agradecer ao meu trio que, mesmo longe, nunca me

abandonou: Bruno, Nay e Ju. Amo vocês e o fato de participarem da minha vitória.

Agradeço também à minha família argentina que, mesmo do outro lado da fronteira,

sempre se preocupou comigo e me ajudou no que eu precisei.

Não posso deixar de agradecer à uma pessoa que não está mais aqui, mas que com

certeza veria um sonho realizado com o cumprimento desta etapa: meu pai. Pai, eu sei que

você está orgulhoso e, assim como você sempre soube, eu consegui. E mesmo não estando

aqui para participar disso, saiba que indiretamente você foi o responsável por isso.

Agora, talvez o mais importante, gostaria de agradecer infinitamente à mulher da

minha vida, meu exemplo mais vivo e bonito de força, garra, gentileza, amor, fé, luta e

anseio por um futuro brilhante: minha mãe. Mãezinha eu te amo e com certeza não teria

conseguido sem a tua luta, sem aqueles momentos em que tu abriu mão das tuas

necessidades visando as minhas; essa vitória é mais tua do que minha, saiba disso.

E, por fim, gostaria de agradecer ao Governo Federal, através do Programa

Universidade Para Todos (ProUni), por tornar possível a minha formação universitária e,

dessa forma, dar-me uma chance de um futuro melhor.

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iii

RESUMO

As áreas costeiras têm sido, desde sempre, as localizações preferidas para os assentamentos humanos, devido às facilidades para alimentação, logística, abrigo natural e atrativo paisagístico. Esta é também referência para a forte ligação das cidades costeiras com o mundo através de rotas marinhas, assim como pela busca da aparente qualidade de vida proposta por esses ecossistemas ainda conservados. Dentro desse contexto, surge um conceito contemporâneo no âmbito da urbanização: o processo de artificialização. Esse consiste na transformação da paisagem natural em artificial, de acordo com as necessidades do homem e dos recursos disponíveis. A orla catarinense também está centrada neste conceito, visto que as constantes mudanças decorrentes da dinâmica populacional, do uso do solo, bem como da própria dinâmica setorial alavancada especialmente pelos setores: portuário, mercado imobiliário, turismo, e construção civil acarretaram mudanças no uso e ocupação do solo e do mar. O município de Florianópolis, um dos principais destinos turísticos do Mercosul, tem verificado um intenso processo de mudança da sua paisagem nas ultimas duas décadas especialmente na sua porção da orla, área valorizada e com grande potencial imobiliário. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo analisar o grau de artificialização da orla no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis de acordo com seus respectivos níveis de mudanças da paisagem, contribuindo, assim, para uma série de análises possíveis no entendimento do processo de artificialização do litoral. Para isso foi gerada uma série de mapas de uso e cobertura do solo e do mar através de técnicas de geoprocessamento, para posterior análise em escala local e setorial. Os setores de análise foram divididos de acordo com a predominância de unidades de paisagem e, posteriormente, foram subdivididos em trechos para melhor entendimento da realidade local. A metodologia aplicada para a análise terrestre permitiu a classificação dos setores e trechos em quatro diferentes graus de artificialização: Natural, Semi-Natural, Semi-Artificial e Artificial, sendo encontrados todos os tipos na área estudada. A orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis apresentou, de modo geral, 50,31% de sua área composta por Espaços Naturais, seguida por uma grande incidência de Áreas Residenciais (31,67%), porém esta realidade mostra-se diferente a medida que a análise foca-se nos Trechos propostos. A análise marítima mostrou maior incidência de Ancoradouros e maior porcentagem de cobertura por classes de Maricultura.

Palavras chave: Artificialização. Orla. Zona Costeira. Gestão Costeira.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................1

2. OBJETIVOS..................................................................................................................3

2.1 Objetivo Geral.........................................................................................................3

2.2 Objetivos Específicos..............................................................................................3

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................4

3.1 Zona Costeira..........................................................................................................4

3.1.1 Orla Marítima...............................................................................................5

3.2 Gerenciamento Costeiro.........................................................................................5

3.2.1 Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro...............................................8

3.2.2 Projeto Orla.................................................................................................8

3.3 Urbanização..........................................................................................................11

3.3.1 Plano Diretor.............................................................................................13

3.4 Artificialização.......................................................................................................15

3.4.1 Ecologia da Paisagem...............................................................................16

3.5 Estudos de Caso de Artificialização......................................................................18

3.5.1 CORINE Land Cover.................................................................................18

3.5.2 Lacasa (2009)...........................................................................................19

3.5.3 Piatto (2009).............................................................................................19

3.5.4 Mascarello (2011).....................................................................................19

4. METODOLOGIA........................................................................................................20

4.1 Área de Estudo....................................................................................................20

4.1.1 Localização..............................................................................................20

4.1.2 Caracterização da área de estudo...........................................................22

4.2 Materiais e Métodos.............................................................................................35

4.2.1 Aquisição de Imagens..............................................................................36

4.2.2 Determinação das Especificações Técnicas............................................37

4.2.3 Classes de Cobertura do Solo..................................................................41

4.2.4 Classes do Uso do Mar.............................................................................42

4.2.5 Interpretação de imagens e geração dos mapas de

artificialização............................................................................................43

4.2.6 Determinação dos trechos........................................................................44

4.2.7 Verificação de dados.................................................................................45

4.2.8 Determinação do grau de artificialização da orla terrestre.......................45

4.2.9 Elaboração de cenários futuros para o Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis..............................................................................................48

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................50

5.1 Grau de Artificialização da Orla Terrestre por Tipo de Classe no Setor

Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis..............................................................50

5.1.1 Espaços Naturais......................................................................................51

5.1.2 Áreas Residenciais....................................................................................53

5.1.3 Infra Estrutura, Equipamentos e Unidades Comerciais............................55

5.1.4 Espaços Semi Naturais.............................................................................57

5.1.5 Minas, Depósitos de Lixo e Áreas em Construção...................................58

5.2 Grau de Artificialização por Bairro........................................................................61

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5.2.1 Bairro Centro............................................................................................61

5.2.2 Bairro Agronômica.....................................................................................64

5.2.3 Bairro Itacorubi..........................................................................................65

5.2.4 Bairro João Paulo......................................................................................66

5.2.5 Bairro Saco Grande...................................................................................68

5.2.6 Bairro Cacupé...........................................................................................69

5.2.7 Bairro Santo Antônio de Lisboa.................................................................70

5.2.8 Bairro Sambaqui........................................................................................71

5.3 Cobertura e Usos do Mar na Orla Marítima do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis..........................................................................................................77

5.3.1 Cobertura e Usos do Mar por Setor..........................................................80

5.4 Artificialização por Setores do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis..........................................................................................................81

5.4.1 Setor 1.......................................................................................................82

5.4.2 Setor 2.......................................................................................................92

5.5 Grau de Artificialização nas três escalas estabelecidas (Trecho, Setor,

Município)............................................................................................................100

5.6 Comparação entre resultados da aplicação da metodologia na orla de Santa

Catarina...............................................................................................................104

5.7 Cenários Futuros na Orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis........................................................................................................106

5.8 Considerações quanto à aplicação do método...................................................117

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................120

7. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................123

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................124

9. ANEXOS...................................................................................................................129

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1. INTRODUÇÃO

As áreas costeiras vêm sofrendo ao longo dos anos um processo de adensamento

populacional que acarreta um rápido crescimento urbanístico, dado o atrativo paisagístico e

de qualidade de vida oferecido por esses ecossistemas ainda conservados. Estima-se que,

atualmente, 60% da população mundial encontra-se assentada nos primeiros 200 km de

linha de costa (Piatto, 2009). Dentro desse contexto, surge o termo artificialização, que se

refere à transformação realizada pelo homem na paisagem natural ao longo do tempo, de

acordo com suas necessidades e recursos disponíveis (Ferreira et al, 2009). O processo de

artificialização sofre acentuada aceleração com o crescimento populacional, principalmente

em zonas costeiras, onde o crescimento e as estimativas futuras deste são bem

significativos.

A zona costeira catarinense constitui em um estudo de caso conveniente para

análise do processo de artificialização, já que vem apresentando um expressivo incremento

populacional e uma significativa mudança na paisagem, especialmente em função de uma

economia em expansão liderada pelos setores portuário, imobiliário e turístico. A zona

costeira catarinense é atrativa e é considerada um dos principais destinos turísticos do país,

o que contribui para atrair empreendimentos de grande porte, principalmente na porção da

orla, onde a valorização turística e imobiliária são caracteristicamente elevadas pela

atratividade da paisagem e a possibilidade da vista contínua para o mar.

Dentro deste contexto, encontra-se o setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis.

Este se desenvolve de forma acelerada alimentado pela especulação imobiliária associada

ao valor paisagístico da região, dada sua característica insular, que lhe confere uma

biodiversidade abundante e praias paradisíacas como oferta aos turistas. Portanto, torna-se

cada vez mais necessário a busca pelo planejamento e gerenciamento do processo de

crescimento a fim de alcançar uma solução promissora para o processo de artificialização,

visto que possui um ritmo próprio, ocorre ao redor de todo o mundo, e é de difícil

impedimento.

Diante disso, os estudos de avaliação de uso e ocupação do solo na orla tornam-se

uma ferramenta importante na gestão das zonas costeiras, já que geram subsídios para a

futura tomada de decisão dos atores governamentais quanto aos limites para uma

urbanização condizente com a conservação dos espaços naturais mais frágeis, aliada ao

desenvolvimento social e econômico do local.

Mais recentemente, a importância da análise e ordenamento dos usos nos espaços

náuticos vem apresentando-se mais relevante. O aumento do turismo náutico é uma

realidade bem presente na área estudada, acarretando na construção de equipamentos de

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apoio náutico, como píeres, marinas, trapiches, atracadouros, entre outros, para atender a

demanda desse tipo de atividade. Desse modo, a atividade turística e de lazer não se

restringe somente à porção de terra das zonas costeiras, mas acabou migrando também

para os espaços marítimos, gerando, assim, não só a necessidade de gerenciamento da

costa, como também a necessidade de manejo dentro das zonas marítimas, a fim de evitar

o conflito entre os diferentes tipos de uso.

Com isso, foi desenvolvida junto ao Laboratório de Gerenciamento Costeiro

Integrado da UNIVALI a metodologia aplicada por Lacasa (2009), Piatto (2009) e Partalla

(2011) para a análise do uso e ocupação do solo na orla, da mesma forma que foi utilizada a

metodologia desenvolvida por Mascarello (2011) para a análise de usos do mar. Com o

mapeamento dos usos e cobertura terrestre e marinha da orla, foi possível, então, dividir a

área de estudo em setores, conforme a predominância de unidades de paisagem, e,

posteriormente, subdividi-la em trechos para uma análise mais detalhada do processo de

artificialização. A metodologia permitiu a classificação de tais setores e trechos de análise

em quatro tipos diferentes de grau de artificialização: Natural, Seminatural, Semiartificial e

Artificial. A análise no diferentes setores permitiu, inclusive, um estudo de caso peculiar ao

final do estudo, além da análise dos diferentes tipos de ocupação presentes em cada um

desses trechos, através da delimitação de perfis seccionais dentro de um trecho de cada

tipo de grau de artificialização (Natural, Seminatural, Semiartificial e Artificial), sugerindo,

também, possíveis cenários de tendências futuras para esses locais. Além da análise do

grau de artificialização por setores e trechos, foram inseridos nessa avaliação os bairros

constituintes da área, tendo em vista a importância destes dentro das análises de ocupação.

Nestes 20 anos do curso de Oceanografia da UNIVALI, a presente monografia busca

contribuir com uma série de estudos temporais realizados no território catarinense a fim de

compreender o complexo processo de artificialização do litoral sendo o mesmo uma nova

referência para entender os desafios atuais e futuros para a gestão da zona costeira.

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2. OBJETIVOS

2.1Objetivo Geral

Analisar o grau de artificialização da orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis – Santa Catarina

2.2 Objetivos Específicos

Avaliar qualitativamente e quantitativamente o grau de artificialização da orla

Noroeste/Oeste da Ilha de Santa Catarina;

Identificar os graus de artificialização da orla em setores e trechos e qualificá-los de

acordo com seus respectivos níveis de alteração do ambiente proposto por Lacasa

(2009) e Piatto (2009);

Comparar os resultados da aplicação da mesma metodologia para a orla de Santa

Catarina;

Propor possíveis cenários de ocupação (atual, futuro e ideal) para a Orla

Noroste/Oeste da Ilha de Florianópolis, representando um trecho de cada tipo de

grau de artificialização (Natural, Seminatural, Semi-artificial e Artificial).

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Zona Costeira

A Zona Costeira constitui um importante elemento associado à problemática central

num estudo desta natureza, tendo em vista que o próprio Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro vem sendo executado a partir da definição desta, que é considerada pela

Constituição como patrimônio nacional e representada como o espaço geográfico de

interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo

uma faixa marítima, que se estende mar afora, especificamente até 12 milhas marítimas

(aproximadamente 22,2 Km) das Linhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção

das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, assim compreendendo a totalidade do Mar

Territorial, em conjunto com uma faixa terrestre, formada pelos municípios que sofrem

influência direta dos fenômenos ocorrentes na Costa (MMA, 2008).

Para Suguio (1992, p.118), a Zona Costeira, sob aspecto biofísico/natural, é “relativo

às águas costeiras e terras emersas adjacentes, em constante interação”. Essa interação é

dominada por processos originados nas bacias de drenagem dos rios afluentes, processos

oceanográficos e atmosféricos, que, juntos, fazem desta uma zona dinâmica e exclusiva.

Atualmente, representam uma importante zona de análise e avaliação, visto que estas

regiões englobam menos de 20% da superfície do planeta, porém habitam nela mais de

45% da população humana, hospedando 75% das megalópoles com mais de 10 milhões de

habitantes e produz cerca de 90% da pesca global (PROJETO INSTITUTO MILÊNIO

ESTUÁRIOS, 2012).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2008), a Zona Costeira brasileira possui

uma área de aproximadamente 514 mil km², sendo desta 324 mil km² correspondentes ao

território dos 395 municípios distribuídos em 17 estados costeiros e o restante

compreendendo o Mar Territorial (Figura 1). Aproximadamente 18% da população brasileira

reside na Zona Costeira e 16 das 28 regiões metropolitanas brasileiras encontram-se no

litoral. Além disso, é constituída por uma significativa diversidade de ambientes, como

praias, mangues, recifes de corais, marismas, campos de dunas, falésias, baías, estuários e

planícies de marés, alguns deles extremamente frágeis e com acentuado processo de

degradação gerado pela crescente ocupação deste espaço.

Ressalta Polette (1997) que a Zona Costeira de Santa Catarina vem sofrendo uma

delicada fase de intensa urbanização, especialmente nas suas áreas mais frágeis,

resultando em prejuízos socioambientais e na economia futura. Dessa forma, torna-se clara

a necessidade de planejamento deste território.

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Figura 1: Zona Costeira do Brasil, abrangendo 17 municípios e 395 cidades costeiras.

Fonte: MMA, 2005

3.1.1 Orla Marítima

Conforme cita o PNGC II, a Orla Marítima compreende uma faixa inserida na Zona

Costeira, delimitada pela interface entre a terra e o mar e compreendendo uma parte

terrestre, correspondente a 50 metros em áreas urbanizadas ou duzentos metros em áreas

não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do

limite final de ecossistemas, e outra marítima, correspondente à isóbata de dez metros,

onde a ação das ondas passa a sofrer influência do fundo marinho e, com isso, promove o

transporte de sedimentos (BRASIL, 1997).

O Projeto Orla (2002) conceitua esse ambiente como um sistema em equilíbrio

morfodinâmico, com interação de fenômenos marinhos e terrestres que sofrem influência de

processos geológicos, oceanográficos e condicionantes geográficas (clima, orografia ou

hidrografia). Esta, apesar de representar uma pequena parte da Zona Costeira, possui

particularidades especiais, pois representa o elo entre a vida marinha e a terrestre, o que

atrai não somente a rica biodiversidade que a compõe, como também o homem. Com isso,

as orlas exigem prioritariamente a ordenação e regulamentação, garantindo, dessa forma,

um desenvolvimento sustentável da Zona Costeira e evitando o esgotamento de sua

capacidade de carga.

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3.2 Gerenciamento Costeiro

No contexto global, a preocupação com a degradação das zonas costeiras suscitou

uma crescente conscientização, patrocinada pela atuação de organizações internacionais

que se voltaram para o tema. Com isso, surge, em 1972, nos Estados Unidos, o “Coastal

Zone Management Act”, considerado como o primeiro marco institucional no âmbito da

gestão costeira mundial. Dezesseis anos mais tarde, no Brasil, surge um grande marco para

o país no que se refere ao gerenciamento costeiro - a Lei nº7661/1988, que institui o Plano

Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), como forma integrada da Política Nacional do

Meio Ambiente – PNMA e da Política Nacional para os Recursos do Mar – PNRM,

incorporando os princípios gerais fixados nessas políticas (MMA, 2008).

Conforme definido pelo PNGC, o gerenciamento costeiro compreende o conjunto de

atividades e procedimentos que, através de instrumentos específicos, permite a gestão dos

recursos naturais da Zona Costeira, de forma integrada e participativa, objetivando a

melhoria da qualidade de vida das populações locais, a preservação dos habitats

específicos indispensáveis à conservação da fauna e flora, adequando as atividades

humanas à capacidade de suporte dos ecossistemas (BRASIL, 1988). Para Polette (2008a),

tal atividade se refere a qualquer programa governamental com propósito de utilizar ou

conservar um recurso costeiro ou um ambiente ali localizado.

O Gerenciamento Costeiro Integrado (GCI), na definição de Cicin-Sain e Knecht é

“um processo dinâmico e contínuo, no qual são tomadas decisões para um uso racional e

sustentável para o desenvolvimento e proteção de áreas e recursos marinhos e costeiros”

(CICIN-SAIN; KNECHT, 1998, p. 39). Este deve ser entendido enquanto processo, isto é,

algo que requer constante retroalimentação e revisão, sendo, portanto, adaptativo, de tal

forma que as instituições utilizem as próprias experiências para melhorar a prática de gestão

(POLETTE E SILVA, 2003; MARRONI E ASMUS, 2005; TAGLIANI, 2003).

Primeiramente, a Gestão Integrada da Zona Costeira requer, conforme o seu próprio

nome aponta, uma necessária articulação entre diferentes setores e níveis de atuação. Tal

processo de articulação estende-se desde a participação da sociedade na formulação do

diagnóstico, a definição de prioridades e a implementação de programas, à organização de

uma base político-institucional para a gestão costeira, que envolva, necessariamente, uma

articulação mais harmônica e eficiente entre os três níveis de governo (VOIVODIC, 2007).

Conforme destaca Tagliani (2003), o gerenciamento integrado da Zona Costeira leva

em consideração a característica diferenciada do espaço ao qual atua, em termos de

recursos, processos e feições naturais, o que torna a região litorânea de grande atratividade

para as atividades humanas. Esses atrativos, responsáveis pelo adensamento populacional

crescente desta região, são também as origens de inúmeros conflitos, devido ao espaço

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finito e múltiplos usos. O autor reconhece, também, a complexidade de manejo integrado

nos dois “lados” da Zona Costeira – continente e mar, devido à característica pública da

área oceânica (onde as autoridades governamentais têm propósitos simples), e geralmente

pública e privada das áreas emersas (propósitos múltiplos).

De acordo com Gesamp (1996), para proporcionar condições para uma visão a curto,

médio e a longo prazo de uso apropriado da zona costeira, o processo de gerenciamento

costeiro integrado deve ser desenvolvido buscando um balanço das atividades potenciais de

forma a planejar os espaços costeiros e oceânicos. Dessa forma, o planejamento deve ser

contínuo, ficando imprescindível na gestão destes espaços a adoção das cinco etapas de

forma cíclica (Figura 2):

1) Identificação de problemas e análise

2) Planejamento

3) Adoção formal

4) Implementação

5) Avaliação

Figura 2: Etapas de desenvolvimento no processo de Gestão Integrada

Fonte: Polette, 2005

Piatto (2009) conclui que esse ciclo nem sempre ocorre de forma ordenada, uma vez

que o processo do gerenciamento costeiro integrado está sujeito a mudanças constantes,

considerando a dinâmica inerente à zona costeira.

Por fim, pode-se afirmar, quase por definição, que a gestão das zonas costeiras é

uma gestão de conflitos. Efetivamente, as múltiplas atividades que decorrem nessa zona

(relacionadas com diferentes tipos de turismo, com a exploração de recursos vivos, com

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indústrias variadas, com o transporte, com a produção de energia, com a exploração de

recursos geológicos, etc., etc.) são, em geral, conflitais entre si, e conflitam com o correto

funcionamento ambiental. As zonas costeiras são, também, zonas de risco, designadamente

porque correspondem a zonas tampão quanto a eventos marinhos altamente energéticos,

como os grandes temporais, havendo necessidade de proteger corretamente populações e

atividades econômicas. A Gestão Integrada das Zonas Costeiras, então, tem como ideia

base a compatibilização de todos esses fatores, efetuada de forma sustentável.

Consequentemente, para ser efetivada, deve, obrigatoriamente, contemplar, entre muitos

outros, os múltiplos fatores ambientais (físicos, geológicos, biológicos, químicos),

econômicos, sociais, culturais, históricos e políticos. É, por excelência, uma atividade

profundamente multidisciplinar e interdisciplinar (DIAS, 2003).

3.2.1 Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro

Segundo Perez et al (2009), a gestão costeira no Brasil é instituída em 1988, através

da lei nº7661/88, que marca a instituição do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro

(PNGC) no país, com apoio político e jurídico da Comissão Interministerial de Recursos do

Mar (CIRM) e do CONAMA, regulamentado através do Decreto nº 5300, de 07 de dezembro

de 2004. Este decreto, além de regulamentar a lei 7.661/88, dispõe ainda sobre as regras de

uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá

outras providências.

O PNGC é considerado por Voivodic (2007) como principal instrumento definidor da

política nacional de gerenciamento Costeiro, expressando um importante compromisso com

o desenvolvimento sustentável da Zona Costeira, considerada pela Constituição Federal

como um patrimônio nacional. Sua finalidade primordial está vinculada à promoção do

ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupação dos espaços costeiros, utilizando,

como estratégia para tal, a identificação das potencialidades, vulnerabilidades e tendências

existentes na Zona Costeira. Para que este possa ser implantado na sua totalidade, torna-se

imprescindível a participação da sociedade de forma responsável e compromissada nas

tomadas de decisões, especialmente em nível municipal, contribuindo assim, para elevar a

qualidade de vida da população do litoral, bem como a proteção de seu patrimônio natural,

histórico, étnico e cultural (POLETTE E SILVA, 2003).

Em 1997, houve uma revisão da metodologia e do modelo institucional do PNGC,

procurando adequar o mesmo à prática atual e às demandas da sociedade. Dessa forma, é

aprovado pela CIRM a segunda versão do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, o

PNGC II. O PNGC II mostrou-se mais esclarecedor que o primeiro, apontando

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principalmente as diferentes competências entre os níveis de governo - federal,

estadual e municipal (EGLER ET AL,2006; ASMUS ET AL, 2004; VOIVODIC, 2007).

A operacionalização do PNGC acontece no âmbito do Programa de Gerenciamento

Costeiro (GERCO), tendo como coordenador e executor federal o Ministério do Meio

Ambiente (MMA) e como executores estaduais os órgãos de meio ambiente dos 17 estados

costeiros do país, os quais buscam integrar suas ações com os municípios (PIATTO, 2009).

Ainda segundo o PNGC II, este tem como finalidade primordial o estabelecimento de

normais gerais visando a gestão ambiental da Zona Costeira do país, lançando bases para a

formulação de políticas, planos e programas estaduais e municipais. Para isso, busca os

seguintes objetivos:

1. A promoção do ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupação dos espaços

costeiros, subsidiando e otimizando a aplicação dos instrumentos de controle e de gestão

pró-ativa da Zona Costeira;

2. O estabelecimento do processo de gestão, de forma integrada, descentralizada e

participativa, das atividades sócio-econômicas na Zona Costeira, de modo a contribuir para

elevar a qualidade de vida de sua população, e a proteção de seu patrimônio natural,

histórico, étnico e cultural;

3. O desenvolvimento sistemático do diagnóstico da qualidade ambiental da Zona Costeira,

identificando suas potencialidades, vulnerabilidades e tendências predominantes, como

elemento essencial para o processo de gestão;

4. A incorporação da dimensão ambiental nas políticas setoriais voltadas à gestão integrada

dos ambientes costeiros e marinhos, compatibilizando-as com o PNGC;

5. O efetivo controle sobre os agentes causadores de poluição ou degradação ambiental sob

todas as formas, que ameacem a qualidade de vida na Zona Costeira;

6. A produção e difusão do conhecimento necessário ao desenvolvimento e aprimoramento

das ações de Gerenciamento Costeiro.

Esta metodologia favorece o engajamento e o comprometimento da comunidade no

processo de desenvolvimento regional, resultando no desenvolvimento da própria sociedade

e preservando os recursos da zona costeira (op cit).

3.2.2 Projeto Orla

O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima – Projeto Orla é um incentivo do

Governo Federal, desenvolvido a partir de uma preposição do Grupo de Integração do

Gerenciamento Costeiro (GIGERCO) através do Ministério do Meio Ambiente, da Secretaria

de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, Secretaria do Patrimônio da União e

do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, visando contribuir para a aplicação de

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diretrizes gerais de escala nacional para o disciplinamento de uso e ocupação da Orla

Marítima brasileira (PROJETO ORLA, 2002). O projeto vem sendo implantado desde 2001,

primeiramente em caráter experimental e, até o momento, está presente em 58 municípios

pertencentes à 14 Estados brasileiros.

Este foi criado para responder às demandas de ordenamento do uso e ocupação das

bordas litorâneas do território nacional, evidentes ao longo da prática de gestão ambiental e

patrimonial, tendo em vista a fragilidade dos ecossistemas, além da falta de planejamento e

consequente crescimento desordenado das cidades, aumento dos processos erosivos e das

fontes contaminantes na orla marítima (PROJETO ORLA, 2005)

Segundo Egler et al (2006), seu arranjo institucional é orientado visando a

descentralização de ações de planejamento e gestão do espaço em questão, da esfera

federal para a do município. Dessa forma, tende a articular órgãos estaduais de meio

ambiente, Gerências Regionais do Patrimônio da União - GRPU, administrações municipais

e organizações não governamentais locais, além de outras entidades e instituições

relacionadas ao patrimônio histórico, artístico e cultural, a questões fundiárias ou a

atividades econômicas.

Dentro de seu desígnio, apresenta como principal objetivo a busca por compatibilizar

as políticas ambiental e patrimonial do Governo Federal no âmbito dos espaços litorâneos

sob propriedade ou guarda da União. Para isso, propõe, inicialmente, a estabelecer uma

nova normalização no uso e gestão dos terrenos e acrescidos de marinha, que consolide

uma orientação cooperativa e harmônica entre as ações e políticas de governo praticadas

na orla marítima (VOIVODIC, 2007).

Ainda segundo o PROJETO ORLA (2002), são os objetivos estratégicos do mesmo:

Fortalecer a capacidade de atuação e a articulação de diferentes atores do setor

público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para

o ordenamento de uso e ocupação desse espaço;

Desenvolver mecanismos institucionais de mobilização social para sua gestão

integrada;

Estimular atividades socioeconômicas compatíveis com o desenvolvimento

sustentável da orla.

Para Voivodic (op cit), a lógica que rege esses objetivos é a espera de uma eficiência

e controle da gestão da orla, o que ocorreria a partir da descentralização dos procedimentos

de destinação de usos de bens da União para os municípios. Com isso, espera-se a

viabilização de um controle mais efetivo das atividades de fiscalização, licenciamento,

regulamentação de usos e da ocupação a partir do momento em que tais ações passem a

ser geridas em escala local, como uma nova competência dos governos municipais e, dessa

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forma, que o poder municipal promova alternativas econômicas sustentáveis para o uso

desses espaços.

Conclui Asmus et al (2006) que, a partir do Projeto, percebem-se nitidamente as

lacunas de implementação existentes entre as distintas escalas de concepção e

planejamento das ações, expondo, assim, os conflitos de interesses entre os órgãos

estaduais e federais e entre os órgãos municipais e as organizações da sociedade civil,

além das dificuldades e possibilidades para a construção de ações integradas.

A abrangência do Projeto considera a orla marítima dentro dos seguintes limites

(Figura 3) (PROJETO ORLA, 2002):

Na área marinha: isóbata de 10 metros, a qual representa a profundidade na qual a

ação das ondas é influenciada pela variabilidade topográfica do fundo marinho,

promovendo o transporte de sedimentos, ressaltando que, essa profundidade

poderá ser alterada caso haja um estudo comprobatório da localização do limite de

fechamento do perfil em profundidades inferiores;

Na área terrestre: limite de 50 metros em áreas urbanizadas ou 200 metros em

áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de

preamar ou do limite final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições

de praias, dunas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos, restingas,

manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar, quando

existente, onde estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos.

Figura 3: Limites estabelecidos para a orla marítima segundo o Projeto Orla.

Fonte: PROJETO ORLA, 2002

Há exceções nos limites estabelecidos para orlas com erosão acentuada, onde tais

limites podem sofrer um aumento, e para casos comprobatórios de tendência de

alargamento da linha de costa, onde esses limites podem sofrer uma diminuição (op cit).

Os Planos de Intervenção na Orla Marítima representaram os produtos finais do

processo de fortalecimento institucional proposto pelo Projeto Orla. A elaboração desses

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documentos propiciou, ou pelo menos deveria, não só um aumento da capacidade técnica

municipal, mas também a criação de um canal de articulação entre agentes públicos e

comunitários para a gestão da orla. Dentro desses Planos, a orla marítima foi tomada como

objeto de ações de planejamento e intervenção pelo município. Essas ações são definidas a

partir de um diagnóstico simples e rápido, baseado na análise da paisagem, que fornece a

síntese da qualificação dos atributos naturais e das tendências de uso e ocupação da orla

(VOIVODIC, 2007).

3.3 Urbanização

A urbanização, segundo Strohaecker (2007), pode ser definida como um processo

que se refere tanto ao crescimento físico dos artefatos geográficos em suas diferentes

configurações, dentro de uma abordagem físico-espacial, bem como às mudanças nas

relações comportamentais e sociais desenvolvidas no interior das cidades e das

aglomerações urbanas, considerando uma abordagem sócio-cultural.

O processo de urbanização da sociedade atual é notório e crescente. De acordo com

dados do IBGE (2010), desde o primeiro censo realizado no Brasil em 1872, houve um

crescimento da população de quase 20 vezes sendo que destes, 84,3% vive em áreas

urbanas (Figura 4), fato que demonstra claramente a magnitude de tal fenômeno.

Figura 4: Taxa de urbanização brasileira, nos anos 1940 até 2010.

Fonte: IBGE, adaptado pela autora

O crescimento populacional e, consequentemente, ocupação urbana desordenada

têm contribuído para o agravamento da degradação ambiental das cidades. Com uma

legislação urbana ineficaz, tornou-se comum nas cidades a ocupação de áreas de fácil

31,2 36,2

44,7

55,9

67,6

75,6 81,2 84,3

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

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degradação ambiental, além da especulação imobiliária. Nesse contexto, o adequado e

eficiente uso do espaço natural, aliado ao planejamento urbano coerente pode compatibilizar

a utilização sustentada dos recursos disponíveis no ambiente, evitando, assim, o

desordenamento urbano nos grandes centros (Campos, 2004).

Segundo Agenda 21 Global:

“Na virada do século a maior parte da população mundial estará vivendo em cidades. Embora os assentamentos humanos, especialmente nos países em desenvolvimento, apresentem muitos dos sintomas da crise mundial do meio ambiente e do desenvolvimento, isso não os impede de gerar 60 por cento do produto nacional bruto; caso gerenciados adequadamente, eles podem desenvolver a capacidade de sustentar sua produtividade, melhorar as condições de vida de seus habitantes e obter recursos naturais de forma sustentável.” (AGENDA 21 GLOBAL, 1992, p.53)

Segundo Un-habitat (2009), áreas costeiras têm sempre sido as localizações

preferidas para assentamentos humanos. Cidades localizadas perto do mar têm uma

vantagem óbvia, a de propiciar o acesso a rotas marinhas e, dessa forma, ligar-se com o

mundo. As zonas costeiras são os ecossistemas mais urbanizados, com 65% dos habitantes

vivendo em áreas urbanas. Europa, América do Norte, Oceania e América do Sul têm as

maiores áreas costeiras urbanizadas, com 80% da população vivendo em cidades ao longo

da linha de costa.

Para Bastos e Santos (2010), as principais causas explicativas sobre o vertiginoso

crescimento urbano dos municípios da orla catarinense estariam inseridas no dinamismo

econômico brasileiro e catarinense verificado nas últimas cinco décadas, assim como a

expansão da atividade turística para o litoral catarinense, cuja orla muito recortada com

baías, enseadas, ilhas, praias e falésias, próprios das áreas de transgressão marinha,

formando belíssimas paisagens e áreas protegidas para embarcações e para o banho de

mar. Outros fatores estariam ligados às possibilidades de reserva de valor na aquisição de

imóveis em áreas com grande potencial turístico e de valorização imobiliária, porém

desvalorizadas devido à crise que o país viveu desde o início dos anos 80, onde

investimentos produtivos mantiveram em taxas muito baixas.

Em Florianópolis, a atividade turística, apesar de recente se comparada a outras

cidades litorâneas brasileiras, sofreu um forte incremento nos últimos tempos e, assim,

surgiram as primeiras infra-estruturas turísticas na cidade, que deram início ao processo de

urbanização dessas áreas (FERREIRA, 1998).

Piatto (2009) coloca que fatores como crescimento populacional, localização

geográfica, êxodo rural, políticas nacionais e outras políticas sociais e econômicas

provocam o aumento da urbanização e construção de infraestruturas. Através do

crescimento econômico, indústrias, complexos turísticos e a especulação imobiliária começa

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a transformação do modelo urbanístico de ocupação do litoral, investindo na verticalização

de edificações e no incremento de superfícies artificializadas.

Discorre Silva (2007) que a urbanização é um dos processos de artificialização mais

intensos e com impactos mais significativos sobre o território e recursos litorais. Para o

autor, o incremento do processo de urbanização no litoral catarinense foi impulsionado,

principalmente, pelo turismo, construção civil e pelo setor imobiliário que resultou num

elevado grau de artificialização com impactos negativos e significativos no equilíbrio dos

ecossistemas costeiros.

Apresentando diferentes graus de intensidade, toda a faixa costeira catarinense tem

experimentado intensas transformações a partir do crescimento urbano e da exploração

turística, na maioria das vezes comprometendo o meio ambiente, a paisagem e as

estruturas urbanas preexistentes. Diante dessa implicação, torna-se fundamental a criação

de mecanismos para minimizar os impactos do processo de urbanização à sociedade e à

natureza. Os impactos ambientais causados por esse processo envolvem muitos aspectos,

dificultando uma exata classificação e identificação dos mesmos, pois cada município

apresenta características únicas, impossibilitando a elaboração de um levantamento que

não deixasse de fora algum item peculiar da região (REIS, 2010).

A questão urbana somente passou a tomar forma legal definida a partir de 1988. Até

então, essas áreas eram pouco sistemáticas e estavam envoltas por controvérsias de várias

ordens, especialmente quanto à competência dos municípios para agir em matérias

urbanísticas e ambientais (FERNANDES, 2000). Contudo, a Constituição Federal de 1988,

veio para garantir maior autonomia dos municípios, que obtiveram maior liberdade para a

gestão local, passando a assegurar um novo direito coletivo: o direto ao planejamento

urbano. Essa prática significava a busca por melhorar ou revitalizar aspectos da qualidade

de vida da sociedade dentro do meio urbano, diante do quadro recente e incontrolável do

crescimento das cidades.

A política urbana teve um capítulo especial na Constituição de 1988, onde se

destaca um novo conceito no âmbito de planejamento urbano: a necessidade de um Plano

Diretor para cidades com mais de 20 mil habitantes. Além disso, foram criados diversos

instrumentos importantes para a matéria urbanística municipal, como edificação

compulsória, tributação progressiva e usucapião (CAMPOS, 2004).

3.3.1 Plano Diretor

Prevista no artigo 182 e 183 da Constituição Federal e regulamentada nos artigos 39

à 42 do Estatuto da Cidade (Lei nº10.257/2001), a lei do Plano Diretor representa um

fundamental instrumento para o planejamento urbano por definir a política de

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desenvolvimento e expansão urbana, estabelecendo um modelo compatível com a proteção

dos recursos naturais, em defesa do bem-estar da população (SILVA, 2007).

Segundo Campos (2004), para satisfazer e conciliar as necessidades básicas da

população de um município, que englobam desde qualidade de vida e qualidade ambiental

até necessidades básicas como moradia, trabalho, educação, saúde etc., elabora-se um

Plano Diretor, que determina áreas específicas para cada atividade, permitindo aos

cidadãos um crescimento e desenvolvimento econômico e social e, ao mesmo tempo, não

sofrerem consequências negativas pertinentes do desenvolvimento industrial.

O Plano Diretor constitui-se, então, de acordo com Carvalho (2001), como um

instrumento que define diretrizes de planejamento e gestão territorial urbana, como controle

do uso, ocupação, parcelamento e expansão do solo urbano. Além de tal conteúdo, é

comum a inclusão de diretrizes sobre habitação, saneamento, sistema viário e transportes

urbanos.

Florianópolis encontra-se hoje na gestão de seu terceiro Plano Diretor, que foi

elaborado pelo Instituto de Planejamento Urbano do município (IPUF) e está dividido em

duas partes: Lei Complementar 001/1997, que dispõe do zoneamento, uso e ocupação do

solo no distrito Sede de Florianópolis, e Lei Complementar 2.193/1985, que dispõe do

zoneamento, uso e ocupação do solo nos balneários da Ilha (LOCH et al, 2008). Considera-

se o Plano Diretor Participativo, garantindo à comunidade debates e audiências, no

momento de elaboração e implementação do mesmo, dando publicidade a todos os

documentos e acesso às informações, como dispõe o Estatuto da Cidade em seu artigo 40 §

4º:

§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão: I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade; II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

O Plano Diretor que vigora hoje na cidade é basicamente uma planta de

zoneamento, que, desde que entrou em vigor em 1997 até o ano de 2007, segundo

Fagundes (2008), apresentou 96 novas leis de alteração do zoneamento original. Dentro

destas leis, podem ser encontrados três padrões diferentes de alteração em relação ao uso

permitido para construção: leis menos restritivas, leis mais restritivas e leis mistas. As leis

menos restritivas representam 73% das 96 leis existentes (70 leis), sendo que estas

estabelecem limites de ocupação maiores e mais possibilidades de uso do solo. Já as leis

menos restritivas somam um total de 15% das leis existentes (14 leis) e referem-se às leis

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que impõem maiores restrições às áreas, diminuindo os limites de ocupação e restringindo

os tipos de uso. Por fim, as leis mistas constituem 12% do total de leis existentes (11 leis) e

são aquelas leis que ao mesmo tempo em que criaram áreas de menor restrição criaram

também áreas mais restritivas.

3.4 Artificialização

De acordo com Santos (1988), no início dos tempos modernos, as cidades ainda

contavam com jardins, porém, isso vai tornando-se cada vez mais raro e o meio urbano é

cada vez mais um meio artificial, impulsionado pelos progressos científicos e tecnológicos,

da química e da genética, que asseguram novas possibilidades na mecanização e diminuem

a necessidade da mão-de-obra no campo, gerando um grande impulso ao processo de

urbanização das cidades, que tornam-se um espaço mais instrumentalizado, culturizado,

tecnificado e cada vez mais caracterizado pelos ditames da ciência e da modernização.

Ressaltam Ferreira et al (2009), o processo de artificialização do território e,

consequentemente, da paisagem, ocorre sempre que o homem altera e modifica o espaço

de acordo com as suas necessidades e disponibilidade de recursos, onde a dimensão e a

intensidade do processo estão condicionadas pela matriz sócio-cultural e pela capacidade

econômica e tecnológica da sociedade em que se insere, determinando assim, a

capacidade de mudança do espaço e de uso de recursos de acordo com o grau de

exigência e de satisfação das suas necessidades.

A artificialização é uma prática que vem se espalhando ao longo de todo o mundo e

de forma acelerada, podendo-se dizer, inclusive, que não existe hoje em dia lugar que não

tenha sofrido ação direta ou indireta da sociedade humana. Nesse contexto, enquadram-se

principalmente as zonas costeiras, vítimas do auge imobiliário e aumento do turismo, que

provocou um dinamismo econômico para o litoral. Tendo em vista a valorização imobiliária

das zonas mais próximas à praia, pode-se dizer que a transformação da terra em superfície

artificial é mais intensa no primeiro quilômetro da costa. (MACEDO,1993; HERRERO e

CANTERGIANI,2007; PIATTO,2009).

Para Silva (2007), a artificialização territorial no litoral pode ser entendida como um

processo, pois o litoral possui uma dinâmica própria, evoluindo ao longo do tempo e do

espaço, impulsionado pelas mudanças setoriais e institucionais, sendo imposto, desta

forma, um movimento contínuo de transformação da realidade de acordo com as

necessidades da sociedade. Além disso, a mesma pode ser entendida como um estado, de

modo que a artificialização caracteriza-se por um processo de satisfação das necessidades

dos seus habitantes num determinado momento, ou seja, por motivos sociais, econômicos,

institucionais, tecnológicos, culturais e ambientais.

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Piatto (2009) coloca que para qualquer ocupação exploradora, há uma supressão do

ecossistema natural ali existente, e na maioria dos casos, a ocupação não é de forma

planejada, tendo como prejuízo o desgaste de um patrimônio natural que sustentaria

gerações, para dar lugar a uma herança incerta de recursos. A falta de planejamento para a

artificialização ou ocupação dos territórios pode causar impactos negativos ao meio

ambiente, como, por exemplo, a perda da biodiversidade, a contaminação e esgotamento

dos recursos hídricos e o empobrecimento do solo e sua produtividade.

A alteração provocada pelo processo de artificialização da costa, segundo Tejada et

al (2009), induz um aumento da vulnerabilidade do meio e um desafio na hora de planejar

uma gestão sustentável dos recursos terrestres em questão, já que para conseguir essa

gestão sustentável, muitas vezes é necessário recuperar o funcionamento natural do

sistema.

As dimensões territorial, ambiental e sócioeconômica devem ser consideradas de

forma conjunta nos processos de análise de sustentabilidade. Nesse contexto, a evolução

temporal e as formas de utilização do solo são elementos importantes para estabelecer os

efeitos das interações entre diversas atividades humanas e a dinâmica natural dos

ecossistemas, e por isso, constituem variáveis chave na avaliação da dimensão ambiental-

territorial para o desenvolvimento (HERRERO E CANTERGIANI, 2007).

A zona costeira Catarinense é considerada um excelente caso de análise do

processo de artificialização devido às mudanças constantes decorrentes da dinâmica

populacional, do uso do solo, bem como da própria dinâmica setorial imposta principalmente

por três fatores: a especulação imobiliária, o acentuado turismo, e o desenvolvimento da

construção civil, entre outros (SILVA, 2007).

3.4.1 Ecologia da Paisagem

A ecologia da paisagem, que considera o homem como parte constituinte dos

ecossistemas que formam a biosfera, tem grande mérito de colaborar com a integração das

ciências naturais e sociais. Essa nova aproximação, desenvolvida sobre uma espécie

invasora, a espécie humana, que é capaz de se adaptar a todos os meios, destruindo,

modificando, transformando e inclusive criando ecossistemas inteiros leva a reconsiderar

totalmente a forma em que a ecologia dos anos 1950 abordava a estrutura, a organização, o

funcionamento e a evolução dos ecossistemas. Desde sua origem, a ecologia da paisagem

esteve ligada aos problemas de planejamento e gestão do espaço. A posição central que

ocupa o espaço na ecologia da paisagem a converte em um campo privilegiado para a

definição dos princípios do planejamento territorial (BUREL E BAUDRY, 2002)

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Uma das ameaças mais significativas, em relação à perda de biodiversidade, ligadas

à ocupação humana e ao aumento de superfícies artificiais em espaços originalmente

naturais, é a fragmentação e destruição de habitats. Além de estarem sendo destruídos

rapidamente, os habitats que anteriormente ocupavam grandes áreas, são frequentemente

divididos em pequenos pedaços pelas estradas, campos, cidades e em grande número de

outras atividades humanas. A fragmentação do habitat é o processo pelo qual uma grande e

contínua área de habitat é tanto reduzida em sua área, quanto dividida em dois ou mais

fragmentos (WILCOVE ET AL, 1986; SHAFER, 1990).

Quando o habitat é destruído, fragmentos de habitat geralmente são deixados para

trás. Estes fragmentos são frequentementes isolados uns dos outros, por uma paisagem

altamente modificada ou degradada. Dessa forma, a fragmentação de habitat ameaça as

espécies de modos mais sutis, como por limitar o potencial de uma espécie para dispersão e

colonização, aumentar a exposição de espécies à predadores, perda de colonização, reduzir

a capacidade de alimentação dos animais nativos até mesmo endogamia e mudança

genética das espécies causada pelo tamanho reduzido de população (PRIMACK E

RODRIGUES, 2001).

3.7 Estudos de Caso de Artificialização

3.7.1 CORINE Land Cover

Projeto do programa CORINE – Coordination of Information on the Environment, o

CORINE Land Cover foi iniciado em 1985 com o intuito de produzir cartografia de uso e

ocupação do solo em países da Comunidade Européia. A primeira base de dados levou o

nome de CORINE Land Cover 1990 – CLC90 e, mais tarde, a Agência Europeia do

Ambiente (EEA) em conjunto com o Centro Comum de Investigação – JRC lançaram uma

versão mais atualizada do projeto, o CLC2000. Atualmente, sua versão mais atualizada é o

CLC2006 (PIATTO, 2009).

O Sistema de Classificação Land Cover (Land Cover Classification System – LCCS)

usa combinação de imagens de satélites e outros dados para revelar todos os tipos de

informação sobre os recursos da terra. Quantificando os diferentes usos do solo de natureza

antrópica, assim como as áreas ainda naturais. As informações geradas tem uma ampla

gama de aplicações de conservação, gestão de recursos e planejamento territorial

(MASCARELLO, 2011)

A classificação original do CLC está dividido em 44 classes de cobertura do solo,

deixando a critério dos países a criação de categorias mais detalhadas considerando as

peculiaridades de cada região. Os mapas de uso e ocupação do solo são feitos na escala

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19

1:100 000, por dados vetorial, podendo ser também dados raster e fotografias aéreas (EEA,

1999).

3.7.2 Lacasa (2009)

O estudo de Lacasa (2009) teve como objetivo principal avaliar o processo de

artificialização na orla marítima na Península de Porto Belo, em Santa Catarina, Brasil. Para

isso, o autor utilizou imagens de satélite de alta resolução, por meio do software ArcGIS,

para categorização da cobertura do solo, de acordo com as nomenclaturas do CORINE

Land Cover, adaptando as legendas às peculiaridades da sua região de estudo. Lacasa

adotou 5 categorias de cobertura do solo e as detalhou em 32 categorias compreendendo

os espaços naturais e artificializados. A adoção desta metodologia foi desenvolvida no

Laboratório de Gerenciamento Costeiro da UNIVALI e tem sido adotada desde então, com

intuito de obter uma padronização dos estudos e atingir a cobertura total da orla dos setores

litorâneos centro-norte e centro de Santa Catarina, para fins de comparações entre

resultados.

O autor também realizou uma comparação da sua metodologia com o Projeto Orla

vigente em Porto Belo, obtendo resultados de cobertura do solo e níveis de artificialização

coerentes com a situação real do município, comprovando a eficácia da metodologia

empregada.

3.7.3 Piatto (2009)

O trabalho desenvolvido por Piatto foi baseado quase que inteiramente na

metodologia desenvolvida por Lacasa (2009), porém sua área de estudo concentrou-se nos

municípios de Itapema e Balneário Camboriú, Santa Catarina, Brasil. Dentro das 32

categorias utilizadas por Lacasa, a autora utilizou somente 23 destas, já que as regiões

estudadas não apresentavam todas as categorias existentes, além de problemas com a

identificação de certas categorias, decorrentes das dificuldades de assimilação dos objetos

características de análises com imagens de satélite. A autora também fez uma comparação

do modelo proposto com o Projeto Orla, a fim de auxiliar nas tomadas de decisões nos

respectivos municípios estudados.

3.7.4 Mascarello (2011)

O trabalho de Mascarello (2011) seguiu a mesma linha dos trabalhos desenvolvidos

por Lacasa (2009) e Piatto (2009), desenvolvendo-o no município de Governador Celso

Ramos, diferenciando-se pela análise de uso e ocupação dos espaços marítimos. Neste

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20

trabalho, a autora, além de analisar os graus de artificialização nos 300 metros de orla

continental, também analisou 300 metros de mar para categorização de uso e ocupação

desses espaços.

Na classificação de uso e cobertura do solo, a autora utilizou-se de 22 categorias,

das 32 desenvolvidas por Lacasa (2009), que compreendem aquelas existentes dentro da

sua área de estudo. Na classificação de uso e cobertura do mar, a autora desenvolveu, junto

ao Laboratório de Gerenciamento Costeiro Integrado da UNIVALI, 4 categorias de

classificação, sendo elas Oceanos, Atracadouros, Maricultura e Piers.

Finalmente, Mascarello (2011) comparou seus resultados com os resultados

atingidos em outras localidades do litoral Centro-Norte e Centro de Santa Catarina, por

autores aqui já citados, a fim de fazer uma análise geral do processo de artificialização ao

longo da costa catarinense.

4. METODOLOGIA

4.1 Área de Estudo

4.1.1 Localização

O município de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, está localizado

entre os paralelos 27°22'45" e 27°50'10" sul e entre os meridianos 48°21'37" e 48°34'49"

oeste. Divide-se em uma parte insular, que representa 97% de seu território, denominada

Ilha de Santa Catarina e outra em área continental. O município delimita-se à oeste com a

cidade de São José e a Leste com o Oceano Atlântico. A parte insular mede 54 Km no

sentido Norte-Sul e 18 Km no sentido Leste-Oeste. Segundo censo IBGE (2010) apresenta

como área da unidade territorial 671,578 Km².

O presente estudo será desenvolvido no Setor Noroeste/Oeste da Ilha, desde a

Ponte Hercílio Luz até a Ponta do Sambaqui (Figura 5).

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Figura 5: Área de estudo do presente trabalho, com destaque ao Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

Fonte: da autora

A tabela 1 mostra a ocorrência dos bairros que estão inseridos dentro da área de

análise, já considerando os setores e seus trechos.

Setor

Noroeste/Oeste

Da Ilha

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Tabela 1: Bairros inseridos na área de estudo e suas respectivas Bacias Hidrográficas, dentro dos Setores e Trechos de análise

Fonte: da autora

4.1.2 Caracterização da área de estudo

4.1.2.1 Caracterização da vegetação

A natureza insular de Florianópolis, assim como os variados ambientes ali presentes,

conferem-lhe características biogeográficas próprias e abundantes, formadas ao longo do

tempo, decorrentes de embates da água com a terra.

Segundo Caruso (1990), a área original ocupada por cada formação e subformação

vegetal estava, aproximadamente, assim distribuída: 380,7 Km², ou seja, 90% da Ilha

ocupada por vegetação original, sendo 313 Km² (74%) ocupada por Floresta Pluvial da

Encosta Atlântica e da Planície Quaternária, 38,1Km² (9%) por mangues e 29,6 Km² (7%)

ocupadas por vegetação de praias, dunas e restingas. Os 10% restantes da superfície da

Ilha eram ocupados por dunas desnudas (4%) e lagoas (6%).

A vegetação original que cobria a Ilha na época de sua colonização foi altamente

suprimida, tendo como principais agentes de degradação aqueles impostos pela atividade

humana (agricultura, pastagem e extração de madeira), porém ainda existem algumas

manchas da cobertura original em áreas de proteção ambiental, como restingas e

manguezais, e em trechos de difícil acesso, onde a atividade humana torna-se limitada,

como em topos e encostas dos morros.

A Floresta Ombrófila Densa, desenvolveu-se predominantemente nos morros, onde

as condições para seu crescimento eram mais favoráveis. Esta caracteriza-se pela elevada

diversidade e heterogeneidade de espécies, estratos de árvores, arvoretas, arbustos, ervas

e elevado número de epífitas, que contribuem para o abrigo e produção de alimentos a um

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grande número de espécies faunísticas, além de constituir um rico patrimônio genético.

Porém, devido à chegada dos colonos açorianos à Ilha, deu-se início ao processo de

desmatamento em grande escala, para obtenção de madeira a ser utilizada na construção

naval, civil e mobiliária, além da produção agrícola e de lenha para abastecimento

doméstico e industrial (CAMPOS, 2004).

A diversidade de habitats para flora e fauna encontrados na Ilha é talvez a maior

encontrada por unidade de área em todo o Estado de Santa Catarina (CECCA, 1997), já que

dificilmente encontram-se ambientes tão diversificados de forma tão concentrada, dentre

eles florestas de encostas, de planície e restinga, manguezais, estuários, banhados, campos

de dunas, lagoas e lagunas.

De acordo com IPUF (1984), três tipos básicos de formações compõe a cobertura

vegetal da Ilha de Santa Catarina: vegetação de Mata Atlântica, vegetação Litorânea e

Reflorestamento. Na área de estudo correspondente ao presente trabalho, são encontradas

as vegetações Mata Atlântica e Litorânea. Ainda segundo IPUF (1998), a ocorrência de

capoeirões – penúltimo estágio de regeneração da Mata Atlântica - chega a

aproximadamente 50% da cobertura vegetal atual, enquanto que a floresta primária deve

compor 2 a 3% desta área, sendo encontrada somente em pequenas áreas. A vegetação

Litorânea cobre toda a planície costeira e é composta por formações vegetais como:

vegetação de dunas - plantas rasteiras e arbustos; vegetação de praia - apresentando-se

predominantemente na forma de gramíneas adaptadas a altas taxas de salinidade; e

vegetação de restinga - constituída de espécies variadas, desde herbáceas até arbustos. A

vegetação de restinga, encontrada nas praias e dunas, ocupou a maior parte das áreas

planas nos solos arenosos da região.

4.1.2.2 Ocupação Territorial

O início da ocupação do litoral catarinense está diretamente vinculada à navegação

no Atlântico Sul e ao plano de expansão territorial português no Brasil meridional. As

disputas quanto à localização da linha divisória entre o território português e o espanhol,

definida no Tratado de Tordesilhas, em 1494, conferem importância estratégica à Ilha de

Santa Catarina para portugueses e espanhóis (FLORIANÓPOLIS, 2009).

Conforme relata Virgilio Várzea (1985), a Ilha foi descoberta em 1515 por João Dias

de Solis, navegante espanhol, em viagem pelo sul do Brasil. Visto que não havia uma

economia local considerável, o interesse econômico na ocupação da Ilha era inexistente.

Com isso, o interesse na ocupação justificava-se pela questão estratégica (SILVA, 1999).

Foram, então, fundadas as povoações da Nossa Senhora do Desterro, atual

Florianópolis, em 1653, e São Francisco do Sul, em 1656, com o intuito de desbravar e

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tomar posse do limite sul do território português. A elevação a vila veio em 23 de março de

1726, quando ocorreu a emancipação da Câmara da Vila da Laguna. Desterro foi, então,

sede da capitania a partir do ano de 1738. (FLORIANÓPOLIS, 2009).

A vila Nossa Senhora do Desterro foi promovida à categoria de cidade em 1823,

após a independência do Brasil, que ocorreu no ano de 1822. Neste período, iniciava-se a

construção de várias obras importantes ao desenvolvimento, utilizando-se recursos federais

e intensificava-se a exportação e a burguesia comercial, modificando a paisagem com seus

sobrados e chácaras, surgindo, dessa forma, sinais de uma nascente vida urbana (Vaz,

1991; Santos e Bastos, 2010; Campos, 2004). Em 1894, a cidade passa a chamar-se

Florianópolis, em homenagem ao seu algoz Marechal Floriano Peixoto.

Segundo Veiga (1993), as primeiras transformações no ambiente da Ilha,

decorrentes da ocupação, datam da utilização de madeiras da mata nativa para produção de

energia e para utilização na construção e reparo dos navios. Os primeiros atos de

degradação da fauna e flora nativa da Ilha viriam a ser as plantações das pequenas

lavouras e a criação de animais domésticos de origem externa. Posteriormente, a abertura

das primeiras vias de acesso à vila e os aterros à beira mar e a abertura e a canalização dos

córregos causaram a alteração ainda maior da paisagem.

No século XX, as construções dão suporte ao desenvolvimento da cidade, como, por

exemplo, a construção da Ponte Hercílio Luz, em 1926, alterando toda a dinâmica urbana,

não apenas no setor de transportes, mas também na comunicação com a parte continental,

garantindo, dessa forma, a expansão da cidade em direção ao continente, fomentando e

agilizando também o comércio local (Figura 6). A área de influência da cidade foi

visivelmente aumentada com a construção dessa ponte, pois a integração foi facilitada pela

melhoria das estradas, que se tornaram eixo de expansão urbana e pela criação de linhas

de ônibus, que interligavam as sedes municipais e localidades dos municípios da região da

Grande Florianópolis (PEREIRA, 1974; CAMPOS, 2004). A construção da Ponte Hercílio

Luz e a abertura da Avenida Hercílio Luz foram investimentos públicos de grande relevância

na estruturação da área urbana de Florianópolis. Valorizaram-se as áreas centrais com fácil

acessibilidade à ponte, e concentrou-se a área comercial na Baía Sul (MARCON, 2000).

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Figura 6: Ponte Hercílio Luz, em seus primeiros anos de funcionamento

Fonte: CLIC RBS (2012)

A partir da década de 1960, ocorreu o forte adensamento da Ilha e verticalização das

áreas centrais urbanizadas da cidade, com substituição de residências unifamiliares por

multifamiliares. Com isso, iniciou-se a ocupação de encostas de morros e manguezais por

parte das populações de baixa renda, já que as áreas centrais e a orla estavam altamente

valorizadas, impedindo a permanência dessas classes nesses locais.

A partir de 1980, a cidade passou a tornar-se um importante pólo turístico do Brasil e

do Mercosul, atraindo um elevado número de migrantes e turistas, além de empresas do

ramo da construção civil, incentivadas pelas leis municipais de apoio ao turismo. Com isso,

a ocupação urbana da cidade passou a ser turística, com adensamento das áreas centrais,

balneários e interior da Ilha, consolidando-se como centro pólo turístico no final do século

XX, promovendo uma expansão urbana cada vez mais desvinculada da área central (Distrito

Sede) e tornou-se um fenômeno polinucleado e descentralizado, onde diversos balneários

exercem funções de subcentros (FLORIANÓPOLIS, 2009).

4.1.2.3 Aspectos demográficos

Os primeiros censos demográficos realizados em Florianópolis pelo IBGE constam a

partir de 1872, porém somente em 1940 os efetivos de sua população foram conhecidos,

visto que, a partir desse momento, os censos demográficos começaram a ser realizados

dentro dos perímetros urbanos e suburbanos das cidades. O gráfico abaixo mostra o

crescimento populacional da cidade entre os anos de 1940 e 2010, com base nos dados de

todos os censos demográficos realizados até o presente pelo IBGE (Figura 7).

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Figura 7: Crescimento populacional no município de Florianópolis: 1940-2010

Fonte: IBGE, adaptado pela autora

De acordo com o censo do IBGE (2010), a cidade apresenta um total de 421.240

habitantes, distribuídos ao longo de 671,578 Km², totalizando 627,4 hab/km². O crescimento

da cidade nos últimos anos foi propiciado pelo aumento da atividade turística e valorização

imobiliária, sendo, inclusive, considerada pela ONU, em 1998, como a melhor capital do país

em qualidade de vida (CAMPOS, 2004).

De acordo com estudo feito pela Prefeitura Municipal de Florianópolis (2009), o

Distrito Sede sempre foi o de maior adensamento, apresentando, já no ano 2000, 4.503,52

hab/km² (CENSO, 2000) como resultado da verticalização e ocupação quase total do

distrito. Os demais distritos, exceto Ratones, obtiveram um adensamento considerável entre

os anos de 1960 e 2000. O gráfico apresentado abaixo mostra as densidades brutas nos

distintos Distritos da cidade, nos anos 2006, 2010 e uma projeção realizada pelo IPUF para

2050. De acordo com o gráfico, o Distrito Sede, parte integrante da área de estudo do

presente trabalho, apresenta-se como mais populoso, inclusive na projeção realizada para o

ano de 2050 (Figura 8), o que mostra a importância da análise e avaliação do processo de

ocupação do mesmo, aliada à busca pelo crescimento sustentável desta área de elevada

importância para o município.

25014 48264 72889 115547

153547

255390

342315

421240

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

de

hab

itan

tes

Ano

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Figura 8: Densidade bruta por Distrito de Florianópolis.

Fonte: Prefeitura Municipal de Florianópolis (2009)

Por fim, tabela a seguir apresenta o número de habitantes residentes em cada bairro,

considerando os bairros inseridos na área de estudo.

Tabela 2: População residente nos bairros situados na área de estudo

Bairro Nº de habitantes

Centro 44315

Agronômica 15588

Itacorubi 15665

João Paulo 4774

Saco Grande 7607

Cacupé 601

Sto Antônio de Lisboa

5367

Sambaqui 1408 Fonte: Censo IBGE (2010), adaptado pela autora

4.1.2.4 Aspectos Socioeconômicos

Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina e responsável pelo crescimento de

sua microrregião, é muito bem conceituada tanto a nível nacional como internacional, já que

apresenta índices superiores de qualidade de vida, atrativos turísticos e por constituir um

dos maiores pólos de tecnologia do país. No ano de 2000, apresentava o IDH mais elevado

no Estado e dentre todas as capitais do Brasil, no valor de 0,875, considerado como um

nível de eficiência alto (PNUD, 2005).

Segundo o IBGE, no ano de 2006, o PIB catarinense atingiu o montante de 93,2

bilhões, assegurando ao Estado a 7ª posição relativa no ranking nacional, sendo que, no

mesmo ano, Florianópolis aparece na 7ª posição no ranking estadual, respondendo por

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7,07% da composição do PIB catarinense, com um crescimento de 63,6% no PIB entre os

anos de 2002 a 2006.

Atualmente, Florianópolis se consolidou como pólo turístico do Estado, devido às

atrações cênicas e qualidade de vida elevada oferecida pela cidade. Sua economia está

baseada principalmente no setor terciário, como a prestação de serviços, o turismo, o

comércio e na construção civil (Campos, 2004).

Ainda segundo Campos (op cit), a cidade categoriza-se, nos dias atuais, como

cosmopolita, apresentando diferentes conteúdos sócio-econômicos e culturais, já que, por

um lado, apresenta-se a tradicional pesca artesanal e a pesca industrial, que subsistem

conjuntamente com atividades do setor primário na economia, contribuindo, modestamente,

com a economia local. Por outro lado, tem-se o setor terciário, bem mais representativo,

compreendendo a indústria da construção civil, o turismo, a representação comercial, o

comércio e a prestação de serviços, que aliados a peculiar condição de capital do Estado,

conduzem e impulsionam a economia do município. Vale ressaltar, também, a diversificação

da economia local nos últimos anos, com o surgimento de uma nova prática, que a cada dia

se torna mais expressiva para a economia e para a população ativa ligada ao setor marinho,

a aquicultura. Despontou, além desta, o setor de informática e tecnologia, que, de certa

forma, tem tido uma evolução considerável nos últimos anos. Ambas atividades estão sendo

impulsionadas pelo grande número de instituições de ensino superior instaladas no

município, sendo essa uma outra área que tem contribuído, sensivelmente, com a economia

local.

4.1.2.5 APP’s e Unidades de Conservação

Atualmente, 42% do município de Florianópolis são constituídos por Unidades de

Conservação e Áreas Protegidas, instituídas por legislação federal, estadual e municipal e

20% como Área de Proteção Limitada (BOPPRÉ, 2003; FLORAM, 2012) (Tabela 3).

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Tabela 3: Unidades de Conservação e Áreas Legalmente Protegidas no Município de Florianópolis

Fonte: FLORAM (2012), adaptado pela autora

A Figura 9 destaca as áreas protegidas no município dentro da área de estudo do

presente trabalho, que se encontra focada no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis.

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Figura 9: Áreas Protegidas do Município de Florianópolis, com destaque na área de estudo, a Baía Norte de Ilha de Santa Catarina

Fonte: Coletivo UC da Ilha, 2012

Dentro da orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Santa Catarina, onde encontra-se

a área de análise do presente trabalho, estão inseridas a Estação Ecológica de Carijós

(ESEC Carijós), o Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi e a Área de Tombamento

Ponta do Sambaqui.

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4.1.2.5.1 Estação Ecológica Carijós

A Estação Ecológica de Carijós (ESEC Carijós) foi criada pelo Decreto Federal nº

94.656 de 20/07/1987 e localiza-se no noroeste da Ilha de Santa Catarina, no município de

Florianópolis à margem da Baía Norte. Com uma área total de cerca de 7,15 Km², engloba

os manguezais de Saco Grande e de Ratones, que distam entre si aproximadamente 5 Km.

Além do ecossistema manguezal, a ESEC Carijós também abriga algumas áreas de

restinga, com sua vegetação típica, em alguns locais da porção de terra pertencente à

Ratones.

Segundo os dados levantados para a elaboração do Plano de Manejo da ESEC

Carijós, a extinta Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, subordinada à Presidência

da República, demandou ao Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis - IPUF, em

1977, a identificação de áreas de manguezais para a criação de uma Estação Ecológica

que, em 1987, viria a compreender a atual ESEC Carijós.

Atualmente, as atividades desenvolvidas na Estação são de pesquisa,

monitoramento, educação ambiental e fiscalização. Já as atividades e usos conflitantes da

área englobam a pesca artesanal, pesca esportiva, coleta de caranguejos, turismo,

edificações comerciais e residenciais, ocorrência de estradas e pastoreio. As ocorrências

mais constantes na Estação são os aterros de manguezais e restingas, obras civis e

poluição.

A unidade de conservação recebe o apoio institucional da Companhia de Polícia

Ambiental de Santa Catarina para as ações de fiscalização. A Divisão de Controle e

Fiscalização do IBAMA/SC pouco age na Estação Ecológica, mesmo estando na mesma

cidade, pois seus fiscais atuam no Estado todo (MMA/IBAMA, 2002; DEBETIR, 2006).

Segundo o Plano de Manejo da ESEC Carijós, as glebas que compõe a Estação são

compostas pelas seguintes áreas:

a) Manguezal de Saco Grande: apresenta uma área de 0,93Km², a qual apresenta

como limite à leste a rodovia SC 401. O principal rio do manguezal é o Pau do Barco,

cujas águas desembocam na Baía Norte. Esta gleba da ESEC Carijós é, em grande

parte, englobada dentro da área de estudo (Figura 10).

b) Manguezal do Rio Ratones: apresenta uma área aproximada de 6,25 Km², tendo

como rio principal o Ratones, seguido pelos seus principais afluentes, os rios

Veríssimo e Papaquara. O rio Ratones deságua em um pequeno estuário da Baía

Norte da Ilha. Apesar de bem próxima, a área de estudo não alcança esta gleba da

ESEC Carijós.

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Figura 10: Mapa do Limite Legal da Estação Ecológica de Carijós - Saco Grande (em verde)

Fonte: Debetir, 2006

No Manguezal de Saco Grande, o aspecto sanitário é mais preocupante do que em

Ratones, já que a área urbana do entorno é mais adensada, desordenada e não possui

nenhum sistema de tratamento de esgoto, que é lançado in natura nas águas do Rio Pau de

Barco, principal rio deste Manguezal.

Apresenta, ainda, cercas, residências e vias públicas dentro dos limites de sua área,

possui Plano de Manejo, e abriga espécies da fauna em risco de extinção: Lontra (Lutra

longicaudis) e Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostres), contudo as atividades de

monitoramento de fauna e de ações antrópicas impactantes no entorno da ESEC não

estariam sendo realizadas devido à falta de recursos humanos (Debetir, 2006).

4.1.2.5.2 Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi

O manguezal do Itacorubi (Figura 11) foi criado em 2002, sob decreto municipal

nº1529 e possui uma área de cerca de 150 ha, menos de 60% do que seria sua área

original. Situa-se na Bacia Hidrográfica do Rio Itacorubi, na Baía Norte da Ilha de Santa

Catarina e caracteriza-se como um manguezal do tipo bosque misto de bacia. Está

circundado por bairros e é cortado por uma rodovia e nove canais artificiais de drenagem.

Desde o fim da década de 1960, pesquisas têm caracterizado esse ambiente,

estudando o espaço funcional do ecossistema, as comunidades vegetais, animais e

microbiológicas, os processos físicos, químicos e biológicos, além do manejo e impactos

sobre o ecossistema. O Manguezal do Itacorubi é, desde 1969, fiscalizado e gerido pela

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que o utilizava apenas como área de

campo para pesquisas científicas e para despejo de seus efluentes, embora essa última

prática esteja hoje em desuso (SOVERNIGO, 2009; DEBETIR, 2006; VIEIRA, 2007).

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Atualmente, é o manguezal que mais sofre com a emissão de efluentes não tratados,

já que recebe os esgotos sanitários de toda a região da bacia do rio Itacorubi, que drena

grandes bairros da cidade de Florianópolis, como Santa Mônica, Trindade, Jardim Anchieta,

Córrego Grande e do Campus Universitário da UFSC e, portanto, apresenta elevada

densidade populacional. O manguezal também sofreu com a abertura de canais de

drenagem que cortaram os meandros de seus canais naturais, alterando seus padrões de

circulação, além da criação do sistema viário de acesso ao norte da Ilha, o que bloqueou a

livre circulação das águas, fato que contribuiu, inclusive, para agravar os problemas das

enchentes na bacia do Itacorubi (CECCA,1997).

Figura 11: Vista do Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi

Fonte: Coletivo UC da Ilha, 2011

O Manguezal do Itacorubi, assim como os demais manguezais da Ilha de Santa

Catarina, apresenta um grande potencial ecoturístico, com elevado valor paisagístico e

ecológico-econômico. Contudo, devido aos usos incorretos este ecossistema tem sido

degradado e reduzido em área. Entre os manguezais da Ilha, o do Itacorubi é o que

apresenta a maior redução, atualmente possui aproximadamente 1,37km², talvez por estar

localizado na porção central da cidade, região de grande valor imobiliário (DEBETIR, 2006).

Em relação à caracterização da flora do manguezal, temos: mangue branco

(Laguncularia racemosa); mangue preto (Avicennia schaureniana); mangue vermelho

(Rhizophora mangle) e a gramínea de marisma denominada Spartina alterniflora. A espécie

dominante é a Avicennia schaureniana, com copas mais frondosas e maiores alturas médias

(5,15m), esta ocupa as baixadas lamacentas constantemente alagadas pelas marés

(SORIANO-SIERRA et al., 1986).

A fauna do manguezal é composta por crustáceos decápodos, que representam uma

parte expressiva dos animais que habitam este ecossistema, tanto na cadeia alimentar

como nos processos de aeração e sedimentação do solo. Algumas espécies são exploradas

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por pescadores artesanais, como os camarões branco Penaeus schimitti, e rosa P.

paulensis e P. brasiliensis, os siris Callinectes sapidus e C. danae, ambos de interesse

comercial, além do caranguejo uçá Ucides cordatus e o caranguejo arborícola Aratus

pisonii. Embora bastante alterado, ainda é um local adequado ao desenvolvimento dos

crustáceos decápodos, o que demonstra a necessidade de preservação e manejo deste

ecossistema (BRANCO, 1998).

4.1.2.5.3 Área de Tombamento Ponta do Sambaqui

A Ponta do Sambaqui está localizada na região Noroeste da Ilha de Santa Catarina,

foi tombada pelo Decreto Municipal n.º 216, em 1985, possui ecossistema de restinga com

característica arbórea (Figura 12) e está situada em um pequeno promontório rochoso

(SEPHAN, 1985). Possui uma área de 1,3 ha e originou-se através do processo de

sedimentação de uma antiga ilha (FLORAM, 2012).

Discorre a coordenadora do Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural

(SEPHAN) de Florianópolis sobre a justificativa para a o tombamento da Ponta do

Sambaqui:

“(...) Suas condições naturais existentes a elegem como um ponto

da linha da costa dos mais aprazíveis que se localizam nas águas das baías norte e sul. A beleza do sistema natural, com pequenas praias entre grande quantidade de rochas que afloram no contato com a água, e seu próprio relevo cheio de matacões compõe o que de mais agradável existe para uma área de recreação e lazer. É uma bela área coberta de vegetação, cuja maior comunidade arbórea está apresentado pelas pitangueiras, abrangendo 80% de toda a massa vegetal, em seguida as arroeiras com 10%, e o restante está composta por coqueiros maria-mole, capororoca, espinheiro amarelo, figueiras, jambo, ingazeiros e branquilhos. Desse levantamento se percebe que a maior porção da vegetação é de árvores frutíferas, o que proporciona a convivência de muitas aves no local, justificando seu valor ecológico.”

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Figura 12: Restinga da Ponta do Sambaqui - vista geral.

Fonte: Debetir (2006)

4.2 Materiais e métodos

O presente estudo analisou o grau de artificialização da orla marítima no Setor

Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis. Para isso, foram utilizadas as metodologias

desenvolvidas por Lacasa (2009), Piatto (2009) e Partalla (2011) para classificação de uso e

ocupação do solo na orla, além da metodologia desenvolvida por Mascarello (2011) para

categorização das classes de uso e ocupação do mar, ambas realizadas junto ao

Laboratório de Gerenciamento Costeiro da UNIVALI.

Cabe ressaltar que todas as metodologias citadas anteriormente, juntamente com a

metodologia aqui desenvolvida, seguiram um mesmo padrão, porém, como cada área de

estudo apresenta suas peculiaridades, foi necessário realizar a adaptação de tais

metodologias para a área em questão, da mesma forma como foi adaptado nas

metodologias de cada um dos autores acima.

Para melhor visualização da metodologia desenvolvida no presente estudo foi

confeccionado um fluxograma, que mostra cada etapa do trabalho e onde estas se

enquadram dentro dos objetivos propostos (Figura 13).

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Figura 13: Fluxograma correspondente às etapas realizadas para desenvolvimento do presente estudo.

Fonte: da autora

4.2.1 Aquisição de Imagens

A aquisição de imagens foi realizada por meio do SIG ArcGIS 10, e do Arc Map 10.

Este software apresenta uma fonte de dados online, chamada de ArcGIS Online, onde é

possível utilizar imagens de satélite contidas no próprio SIG, provenientes do sistema Bing

Maps, sendo que essas imagens já encontram-se georreferenciadas. Dessa forma, as

imagens de satélite utilizadas no presente estudo consistiam em imagens online, originárias

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do satélite QUICKBIRD, datadas de 2006 e disponibilizadas pelo próprio SIG. Cabe ressaltar

que as imagens provenientes do Bing Maps no ArcGIS 10 apresentam a vantagem de já

estarem georreferenciadas, fato pelo qual foi escolhida essa fonte de dados no presente

estudo. Foram coletadas, também, imagens de satélite do software Google Earth Pro,

provindas do mesmo satélite e datadas de 2007, a fim de fazer comparações com as

imagens do Bing Maps e, em caso de dificuldade de identificação de algum objeto, utilizar

tais imagens, de resolução muito mais elevada (resolução Prime 4800x4191).

4.2.2 Determinação das especificações técnicas

As especificações técnicas foram determinadas no Laboratório de Gerenciamento

Costeiro da UNIVALI, no ano de 2009, quando estavam sendo desenvolvidos os trabalhos

de Lacasa (2009) e Piatto (2009). Algumas adaptações foram realizadas no presente

estudo, já que a área analisada apresentou suas peculiaridades, principalmente nas

categorias de uso e ocupação, tanto terrestre quanto marinha.

4.2.2.1 Orla Marítima

A Orla Marítima foi definida como sendo os 300 metros de distância, tanto em

direção ao continente quanto ao mar, a partir da linha de costa. Essa definição foi assim

determinada para englobar tanto a resolução CONAMA nº303/2002, que define o início da

área de preservação permanente a partir do maior espraiamento até 300 metros do

continente adentro, incluindo nessas áreas zonas de restinga, dunas e outros ambientes

naturais protegidos por lei; quanto ao conceito de orla marítima do Projeto Orla (2002), que

pondera a orla marítima como sendo uma faixa de 50 metros em áreas urbanizadas e 200

metros em áreas não urbanizadas, definidos na direção continental a partir do limite final de

ecossistemas presentes nos terrenos de Marinha e seus acrescidos.

Dessa forma, utilizando o ArcGIS 10, foi traçada a linha de costa, definida

visualmente pela máxima linha d’água observada na imagem, e, através do shape gerado

da Linha de Costa, foi utilizada a ferramenta buffer do ArcMap 10, ficando delimitado, dessa

forma, uma distância de 300 metros de continente e de mar (Figura 14).

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Figura 14: Buffer (em amarelo) de 300 metros terrestres e marítimos, delimitado a partir da linha de costa (em vermelho).

Fonte: da autora

4.2.2.2 Escala

Três tipos de escalas foram adotadas, de acordo com a metodologia seguida por

Piatto (2009) e Mascarello (2011), dentro de cada etapa do projeto:

1:2500: Escala de Classificação dos objetos: a partir desta escala foram feitas as

interpretações visuais e classificações da área de estudo, por meio das categorias

criadas para definir o tipo de ocupação (Figura 15)

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Figura 15: Classificação da área de estudo por meio das categorias de uso e ocupação do solo e do mar, em escala 1:2500

Fonte: da autora

1: 40.000: Escala de Tomada de Decisão: Nessa escala é possível analisar os

segmentos das unidades de paisagem com detalhamento suficiente para delinear

futuras ações (Figura 16).

Figura 16: Representação do Setor 1 da área de estudo, em escala 1:40.000.

Fonte: da autora

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1: 60.000: Escala de Compreensão (Geral): esta escala facilita o entendimento

geral de todo o território e ilustra o grau de artificialização (Figura 17)

Figura 17: Níveis de artificialização da área de estudo, em uma escala de compreensão geral (1:60.000)

Fonte: da autora

Cabe ressaltar que as escalas de tomada de decisão e de compreensão geral

tiveram que ser adaptadas à área de análise do estudo. No caso da escala de tomada de

decisão, a escala foi adaptada para atender à demanda do Setor 2, que, por apresentar-se

com uma extensa área, exigia uma escala menor. Já a escala de compreensão geral foi

mudada em virtude da homogeneização dos níveis e classes que ocorria em escala

1:80.000, utilizada por Piatto (2009) e Mascarello (2011). Para resolver tal impasse, foi

utilizada a escala 1:60.000, já que a área total enquadra-se perfeitamente nesse tamanho,

tornando mais distinguível o grau de artificialização em todo o território.

4.2.2.3 Nomenclaturas utilizadas

As nomenclaturas utilizadas foram retiradas do programa europeu CORINE Land

Cover, as quais vêm sendo empregadas em diversos países em estudos de identificação de

uso e ocupação do solo, sendo utilizadas também por Lacasa (2009) e Piatto (2009), que

realizaram as devidas alterações de suas respectivas áreas de estudo no litoral catarinense.

As categorias apresentadas no CORINE Land Cover estão divididas em 6 grandes grupos

(Quadro 1), subdividindo-se em 44 categorias (ANEXO 1). Lacasa (2009) adaptou em seu

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estudo essas 44 categorias, reduzindo-as para 32, como pode ser observado

detalhadamente no ANEXO 2.

Quadro 1: Seis grandes grupos referentes às categorias de uso e ocupação do solo

Fonte: Mascarello (2011)

4.2.3 Classes de cobertura do solo

As classes utilizadas para a cobertura terrestre foram baseadas no CORINE Land

Cover, como descrito anteriormente, dentro dos seis grandes grupos de categorização.

Lacasa (2009) selecionou 32 classes de cobertura do solo (Figura 18).

Figura 18: Classes de cobertura do solo, segundo Lacasa (2009).

Fonte: Piatto (2009)

Porém, para a categorização da área do presente estudo, foi necessário fazer

algumas adaptações, além disso, nem todas as classes definidas por Lacasa (2009) foram

encontradas no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis. As alterações realizadas

constam basicamente no grupo de Áreas Residenciais, onde foram utilizadas somente as

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classes Tecido Urbano Contínuo e Tecido Urbano descontínuo. Essas alterações foram

feitas pela dificuldade em diferenciar visualmente nas imagens de satélite as quatro

categorias. Sendo assim, aquele tipo de ocupação que entrava no conceito de Área

Residencial Multi-Familiar foi inserida na categoria Tecido Urbano Contínuo, e a ocupação

que se encaixava no conceito de Área Residencial Uni-Familiar foi inserida na categoria

Tecido Urbano Descontínuo. Cabe ressaltar que o peso da artificialização (baixo, médio e

alto) não foi influenciado, já que tanto o Tecido Urbano Contínuo como Área Residencial

Multi-Familiar apresentam um peso alto de artificialização, enquanto que Tecido Urbano

Descontínuo e Área Residencial Uni-Familiar apresentam um peso médio de artificialização.

Segue abaixo a figura contendo todas as classes encontradas na área de estudo (Figura 19)

e suas definições encontram-se junto ao ANEXO 3.

Figura 19: Classes de cobertura do solo utilizadas no presente estudo.

Fonte: da autora

4.2.4 Classes de uso do mar

As classes de cobertura marítima foram desenvolvidas no estudo feito por Mascarello

(2011), a qual fez um levantamento dos potenciais e conflitantes usos incidentes no mar,

podendo ser verificados nas imagens de satélite. Dessa forma, a autora criou 4 categorias

de classificação por meio das imagens: Oceano, Píeres, Atracadouros e Maricultura. No

presente estudo foram realizadas algumas alterações nessas categorias, tendo em vista que

o trabalho desenvolvido por Mascarello (2011) foi o pioneiro na parte de cobertura do mar e,

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assim, eram necessárias algumas adaptações para corrigir certos quesitos que dificultavam

a distinção das categorias propostas pela mesma. Com isso, as categorias utilizadas no

estudo presente passaram a se chamar: Oceano, Píer-Atracadouro, Ancoradouro e

Maricultura (Figura 20), sendo definidas a seguir:

Oceano: compreende toda a área marinha sem uso ou ocupação;

Píer-Atracadouro: vinculados à pesca ou ao turismo, podem ser privados ou

públicos;

Ancoradouro: aqui considerado como a cobertura marinha com incidência de barcos

de pesca, de lazer e de manutenção de áreas de maricultura. Foram considerados

nessa categoria, também, os píers com função de atracação de tais embarcações,

verificados pela presença de barcos já atracados nos locais;

Maricultura: atividade de cultivo de mexilhão e ostra, onde é possível verificar na

imagem as manchas de áreas de cultivo pelos long-lines e bóias aparentes.

Figura 20: Classes de cobertura do mar utilizadas no presente estudo.

Fonte: da autora

4.2.5 Interpretação de imagens e geração dos mapas de artificialização

Após a determinação das especificações técnicas e a demarcação da área a ser

analisada, o Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis foi dividido em dois Setores (1 e

2), baseados nos subsídios cedidos pelo Projeto Orla vigente no município, de acordo com a

predominância de unidades de paisagem. Com isso, foi possível iniciar a elaboração dos

mapas de artificialização dentro de cada setor, em escala 1:2.500 (Figura 21).

Nesta etapa, os tipos de uso eram identificados visualmente nas imagens de satélite

do próprio SIG, sempre comparando tais imagens com as imagens cedidas pelo Google

Earth Pró e, em caso de ocorrência de alguma mudança significativa no local analisado, o

polígono criado correspondia à situação observada na imagem do Google Earth Pró, uma

vez que esta era mais recente.

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Figura 21: Delimitação dos polígonos de cada classe de uso e ocupação do solo e mar, em escala 1:2500.

Fonte: da autora

4.2.6 Determinação dos trechos

Posteriormente à categorização do uso e ocupação do solo e do mar dentro dos

setores já estabelecidos 1 e 2, os mesmos foram subdivididos em seis trechos, sendo dois

pertencentes ao Setor 1, e os outros quatro ao Setor 2, escolhidos de acordo com fatores

como: orientação da linha de costa, erosão, desmatamentos, retirada de cobertura vegetal,

deposição de resíduos sólidos e ocupação de áreas, buscando uma predominância de

unidade de paisagem, ou seja, uma região que possui uma homogeneidade de

configuração, caracterizada pela disposição e dimensão similares dos quatro elementos

definidores da paisagem: suporte físico, padrão de drenagem, cobertura vegetal e mancha

urbana (MMA, 2004).

Dessa forma, a análise da artificialização pode ser realizada tanto na área total como

nos trechos, de forma que esta setorização facilitou a compreensão local de conflitos, tendo

em vista que, dentro de toda a área analisada, há locais com características bem distintas.

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4.2.7 Verificação de dados em campo

Nos dias 14 de fevereiro e 26 de maio de 2012, foram realizadas saídas de campo ao

município de Florianópolis, com objetivo de verificação in loco da ocupação do solo na área

estudada. Estas saídas tornaram-se necessárias já que a interpretação visual de imagens

de satélite às vezes torna-se ineficiente em estudos de análise de uso e ocupação do solo,

devido à dificuldade de interpretar certos objetos nas imagens. As saídas, então realizadas,

vieram como solução para este ponto, tornando possível a validação da ocupação no local,

já verificada nas imagens de satélite e auxiliando nos locais onde houveram problemas de

identificação nas imagens. Nestas saídas foi feito, também, um registro fotográfico da área,

dentro das diferentes peculiaridades da região, como lugares com alta verticalização e

lugares com pouca ocupação, obras costeiras na praia, comércio local, sinalização do

trânsito, vias de acesso à Ilha, etc. para posterior discussão dos resultados e melhor

visualização da realidade eminente ao local de estudo.

4.2.8 Determinação do grau de artificialização da orla terrestre

Nesta fase do trabalho foram utilizadas duas etapas para definir o grau de

artificialização da orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis:

Determinação do nível de artificialização por tipo de classe

Determinação do Grau de artificialização por unidade de paisagem

4.2.8.1 Determinação do nível de artificialização da orla por tipo de classe

Para reduzir dúvidas e subjetividades decorrentes de análises qualitativas, foi

aplicado, nesta fase, o método Delphi, reconhecido como um dos melhores instrumentos de

previsão qualitativa. O método consiste em estimativas de um grupo de especialistas,

cuidadosamente selecionados de acordo com suas áreas de atuação, pertinentes ao estudo,

e experiência, que respondem a um questionário em um ou mais ciclos, até alcançarem um

consenso. Neste estudo, serão utilizados os valores definidos pelo método Delphi

desenvolvido no trabalho de Lacasa (2009), que contou com a ajuda de cinco especialistas

(apresentados no ANEXO 4), que responderam individualmente a um questionário

baseando-se nos seus conhecimentos do assunto, ajudando, dessa forma, no

desenvolvimento da classificação. Cada especialista atribuiu pesos de 0 (menor) à 4 (maior)

para as 21 classes da legenda conforme os níveis crescentes de artificialização (Quadro 2).

Cabe ressaltar que como os Espaços Naturais não contém traços artificiais, as classes

contidas nesse grupo não foram incluídas na atribuição de pesos.

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Quadro 2: Valores dos Níveis de Artificialização

Fonte: Lacasa (2009)

O peso final de cada parâmetro consistiu na média dos valores apresentados pelos

profissionais consultados. No Quadro 3 é possível verificar o valor médio (peso) de cada

classe de uso considerada com alguma intervenção antrópica, e, dessa forma, quantificar o

nível de artificialização (baixo, médio, alto) por tipo de classe.

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Quadro 3: Valores dos pesos determinados pelos especialistas para cada tipo de classe, segundo

Método Delphi

Fonte: Piatto (2009) apud Lacasa (2009)

4.2.8.2 Determinação do nível de artificialização da orla por unidade de paisagem

O Grau de Artificialização de cada unidade de paisagem deu-se mediante dois

valores:

Porcentagem de Áreas Naturais

Porcentagem de Ocupação com Alto Grau de Artificialização

Nesta classificação, propõe-se quatro diferentes categorias de Grau de

Artificialização para cada unidade de paisagem:

Natural

Semi-natural

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Semi-artificial

Artificial

O painel de especialistas decorrente do Método Delphi foi novamente utilizado a fim

de atribuir os limites máximo e mínimo para tais categorias. Mais uma vez, chegou-se a um

consenso entre os valores estabelecidos por cada especialista e, através da média de tais

valores, delimitaram-se os limites dos quatro Graus de Artificialização. O Quadro 4

demonstra os limites estabelecidos para cada categoria.

Quadro 4: Limite das porcentagens de espaços naturais e ocupação de alta artificialização para cada

categoria

Fonte: Piatto (2009) apud Lacasa (2009)

Para classificar um trecho e posteriormente uma unidade, foi necessário calcular a

porcentagem de ocupação Natural, por meio da somatória das porcentagens de todas as

categorias que se enquadravam no grupo “Espaços Naturais”, em conjunto com a

porcentagem de ocupação com Alto Grau de Artificialização, através da somatória das

porcentagens de todas as categorias que apresentavam um nível de artificialização alto.

Cada porcentagem encontrada foi, então, comparada ao quadro 4.

Para aqueles casos onde os intervalos encontrados não estivessem dentro dos

definidos pelos especialistas, Lacasa (2009) define que o fator de decisão para esta

classificação é o alto nível de artificialização, já que por mais que o ambiente seja coberto

por áreas naturais, se o nível de alta artificialização for maior ou igual a 5%, o trecho

enquadra-se como Semi-natural.

Desta forma foi possível confeccionar os mapas de artificialização por unidade de

paisagem no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis.

4.2.9 Proposta de cenários futuros para o Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis

Nesta etapa, foram selecionados 8 perfis, partindo da orla continente adentro (Figura

22), com cenários de ocupação diferentes entre si, com o intuito de caracterizar as

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diferenças no modelo de ocupação dentro de cada categoria de Grau de Artificialização

(Artificial, Semi-Artificial, Semi-Natural e Natural). Para isso, foi selecionado um trecho

correspondente a cada tipo de grau de artificialização e traçados dois perfis em cada um

desses trechos, que correspondem aos trechos 1, 3, 5 e 6 (Figura 22).

Figura 22: Perfis selecionados para confecção dos cenários.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora

Para cada perfil, foram elaborados três tipos de cenários: o cenário atual, o ideal e a

tendência futura (10 anos). Esses cenários foram elaborados utilizando os elementos

gráficos (Figura 23) cedidos pelo Projeto Orla (2002). Tal proposta possibilita a

representação dos tipos de ocupação presentes dentro de cada grau de artificialização

(Artificial, Semi Artificial, Semi-Natural e Natural) e suas tendências futuras, para melhor

caracterização dos diferentes tipos de artificialização.

TRECHO 1

TRECHO 3

TRECHO 5

TRECHO 6

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Figura 23: Exemplos de elementos gráficos utilizados para confecção dos cenários.

Fonte: Projeto Orla (2002)

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta etapa do trabalho são apresentados os resultados obtidos, mediante as

análises realizadas e discussão dos dados apresentados.

5.1 Grau de Artificialização da Orla Terrestre por Tipo de Classe no Setor

Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

Neste item serão apresentados os resultados obtidos para as análises em escala

municipal, onde consta a ocorrência dos tipos de classe ao longo de toda a área de estudo.

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O quadro 6 apresenta a ocorrência de cada uma das classes propostas por Lacasa

(2009), encontradas dentro da área de estudo do presente trabalho.

Quadro 6: Porcentagem das Classes de Uso e Ocupação do Solo em toda a extensão da orla no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

Cobertura do Solo na Orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

CLASSES Área (m²) Porcentagem (%) Grau de Artificialização

Espaços Naturais 4520064 50,310%

Praia 255746 2,853% INEXISTENTE

Formação Pioneira de Influência Marinha 967275 10,682% INEXISTENTE

Floresta Ombrófila Densa 1983075 22,119% INEXISTENTE Formação Pioneira de Influência Flúvio-Marinha 1245331 13,890% INEXISTENTE

Costão Rochoso 16676 0,187% INEXISTENTE

Cursos D'água 51961 0,580% INEXISTENTE

Espaços Semi Naturais 462338 5,172%

Espaços Naturais Alterados 336800 3,757% BAIXO

Espaços Naturais Muito Alterados 125538 1,400% ALTO

Áreas Residenciais 2831472 31,674%

Tecido Urbano Contínuo 1389722 15,501% ALTO

Tecido Urbano Descontínuo 1441750 16,081% MÉDIO

Infra-estrutura, equipamentos e unidades comerciais 1139293 12,708%

Estradas Asfaltadas e terrenos associados 801686 8,942% MÉDIO

Caminho ou Estrada sem Asfaltar 53388 0,595% MÉDIO

Unidade Comercial ou Industrial 126224 1,408% ALTO

Instalações Públicas 10938 0,122% ALTO

Áreas Urbanas Verdes 147057 1,640% MÉDIO

Minas, Depósitos de Lixo e Áreas em Construção 12214 0,136%

Áreas em construção 12214 0,136% ALTO Fonte: da autora

5.1.1 Espaços Naturais

Dentro do contexto geral, o Setor Noroeste/Oeste apresentou-se essencialmente

natural, tendo em vista que os Espaços Naturais somaram 50, 31% da área total. Nota-se

que a maior parte dos Espaços Naturais é composta por Floresta Ombrófila Densa (com

22,119%). De acordo com o Fundação SOS Mata Atlântica, o município apresenta um total

de 16784 hectares de Mata Atlântica (INPE, 2011), o que representa 24,99% de todo o

território do município. Sendo assim, o resultado encontrado para a Floresta Ombrófila

Densa na presente análise torna-se cabível, tendo em vista que o mesmo considerou

somente os primeiros 300 metros de orla terrestre em apenas um setor da Ilha, e atingiu um

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valor de 198,3 hectares nesta porção do território. Nota-se, ainda, que grande parte da

Floresta Ombrófila Densa encontra-se na porção norte da área de estudo, principalmente na

área próxima à ESEC Carijós, na Ponta do Sambaqui, que apresenta por ora baixos níveis

de ocupação, enquanto que as outras áreas apresentam manchas de Floresta Ombrófila

Densa bastante fragmentadas devido à ocupação humana. Na área central da Ilha, percebe-

se claramente os baixos níveis de remanescentes de Mata Atlântica devido à intensa

ocupação verticalizada nos primeiros metros de orla, além da ocupação irregular das

próprias áreas de morro (Figura 24) suprimindo quase que totalmente a Floresta Ombrófila

Densa nessa área.

Figura 24: Ocupação irregular intensa nas áreas de morro

Fonte: da autora

O Setor Noroeste/Oeste da Ilha apresenta uma peculiaridade, no que diz respeito

aos Espaços Naturais, em relação à outros setores da Ilha já analisados: a presença de

grandes áreas de manguezais. A Formação Pioneira de Influência Flúvio-Marinha ocupou o

segundo lugar em porcentagem dentro do grupo de Espaços Naturais, com 13,89%. Dentro

dessa classe, destacam-se os manguezais do Itacorubi e Saco Grande, com áreas de 150 e

93 ha (DEBETIR, 2006), respectivamente, somando 243 ha. Com isso, novamente os

resultados obtidos no presente estudo, que indicam uma área total de Formação Pioneira de

Influência Flúvio-Marinha de 124,53 ha, são cabíveis a esse valor, considerando que os 300

metros de orla analisados não englobam a área total desses manguezais. Cabe ressaltar

que os manguezais representam importantes áreas de preservação permanente, sendo o

manguezal do Saco Grande parte integrante da ESEC Carijós e o manguezal do Itacorubi

uma Área Protegida municipal. Apesar disso, a forte pressão antrópica exercida sobre o

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manguezal do Itacorubi é facilmente percebida quando são analisadas as áreas de entorno

deste ecossistema (Figura 25), que se localiza próximo à região central da Ilha, região esta

que apresenta um dos mais altos índices de ocupação do município.

Figura 25: Manguezal do Itacorubi, com destaque à pressão antrópica ocasionada pela intensa ocupação em sua área de entorno

Fonte: Parque Cultural das 3 Pontas, adaptado pela autora

O manguezal do Saco Grande, apesar de ser parte integrante da Estação Ecológica

Carijós, também sofre a pressão antrópica ocasionada pela ocupação, inclusive com

construções em áreas mangue adentro (Figura 26)

Manguezal do Itacorubi

Pressão Antrópica

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Figura 26: Manguezal do Saco Grande, com destaque às áreas internas do mangue onde há ocupação

Fonte: Google Earth (2011), adaptado pela autora.

Ocupando o terceiro lugar com porcentagem mais significativa está a Formação

Pioneira de Influência Marinha, com 10, 68%. Destaca-se nesse total a restinga presente na

Ponta do Sambaqui, que representa aproximadamente 47% da restinga total da área de

estudo e constitui uma área municipal protegida inserida no Parque Municipal da Ponta do

Sambaqui. A parte restante da restinga contida na área encontra-se bastante dispersa,

concentrando-se mais em costões rochosos, além de suprimida, já que as restingas

constituem uma vegetação mais próxima à orla, geralmente em lugares de alto interesse

econômico pelo setor imobiliário, apontando, assim, a problemática associada à falta de

manejo destas APP’s.

As demais classes (Praias, Costão Rochoso e Cursos D’água) não tiveram uma

ocorrência muito significativa na área, somando apenas 3,62% dos Espaços Naturais.

5.1.2 Áreas Residenciais

As áreas residenciais ocupam o segundo lugar em porcentagem de ocorrência, com

31,67%. Tal porcentagem encontra-se dividida entre o Tecido Urbano Contínuo (15,5%) e

Tecido Urbano Descontínuo (16,08%), com pouca diferença entre essas duas classes. O

fato desta classe representar o segundo lugar em grau de porcentagem destaca que o

Setor Noroeste/Oeste da Ilha apresenta um alto índice de ocupação residencial.

Manguezal do Saco Grande

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O Tecido Urbano Descontínuo foi aqui considerado, essencialmente, como o tipo de

ocupação característica dos bairros residenciais que apresentam áreas verdes (pátios,

jardins e calçadas verdes), que proporcionam uma porcentagem de permeabilidade ao solo

de até 60% do terreno (Figura 27), e engloba também as ocupações isoladas de residências

unifamiliares. Dentro da análise da classe de Áreas Residenciais é imprescindível considerar

o papel de cada bairro dentro dessa porcentagem, porém, a análise de ocupação por bairro

será discutida em tópicos posteriores. Por ora, pode-se concluir que o bairro que mais

ressalta uma ocupação do tipo Tecido Urbano Descontínuo, contribuindo fortemente para a

porcentagem total desta classe, é o bairro Cacupé. Vale ressaltar também que as áreas

compostas por Tecido Urbano Descontínuo estão quase sempre associadas a manchas de

Floresta Ombrófila Densa altamente fragmentadas por tal tipo de ocupação.

Figura 27: Tecido Urbano Descontínuo presente no bairro Cacupé, Florianópolis, SC

Fonte: da autora

O Tecido Urbano Contínuo engloba aquele tipo de ocupação característico de

grandes centros urbanos, com complexos residenciais multi-familiares e elevada

impermeabilização do solo (de 60 a 100% do terreno), podendo considerar também áreas

de ocupação residencial contínua, não necessariamente formada por prédios multi-

familiares, mas levando em conta a impermeabilização do solo, já que não apresentam

áreas verdes. Destaca-se nessa classe o Distrito Sede, onde o tipo de ocupação é

basicamente de Tecido Urbano Contínuo, com uma larga faixa de prédios residenciais na

orla (Figura 28) formando um grande centro urbano interrompido por algumas áreas urbanas

verdes que constituem as praças municipais. Cabe ressaltar, ainda, que este tipo de

ocupação estende-se às áreas de entorno do mangue do Itacorubi, estabelecendo forte

pressão neste ecossistema.

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Figura 28: Tecido Urbano Contínuo na Avenida Beira Mar Norte, Florianópolis, SC

Fonte: da autora

5.1.3 Infra Estrutura, Equipamentos e Unidades Comerciais

O grupo da área analisada Infra Estrutura, Equipamentos e Unidades Comerciais

somou um total de 12,7%. Dentro desse grupo, a categoria mais evidente é a das Estradas

Asfaltadas e Terrenos Associados (8,94%). Tal categoria torna-se a mais ocorrente como

consequência do alto nível de ocupação residencial presente no Setor Noroeste/Oeste da

Ilha. Tendo em vista que, a partir do momento em que certo espaço começa a ser ocupado

por áreas residenciais, a necessidade de vias de acesso ao local torna-se cada vez mais

evidente. Com isso, percebe-se que a categoria de Estradas Asfaltadas vem sempre

acompanhada das categorias presentes nas Áreas Residenciais. Destaca-se dentro desse

grande grupo a Avenida Beira Mar Norte (Figura 29), que se caracteriza como uma grande

transformação urbana da Ilha, trazendo maior desenvolvimento aos bairros Centro e

Agronômica e passando a ser considerada um atrativo turístico da Ilha. Uma análise mais

detalhada desta Avenida será realizada posteriormente, quando consideradas as Unidades

de Paisagem.

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Figura 29: Avenida Beira Mar Norte, uma importante transformação urbana da cidade.

Fonte: IPUF (2010)

Outra importante rodovia presente nesta região, apesar de ocupar um pequeno

espaço dentro do buffer de 300 metros de orla terrestre é a Rodovia SC 401, que liga o

Centro ao Norte da Ilha, no entanto esta é uma importante via de acesso para o município.

As Áreas Urbanas Verdes representaram 1,64% da área total do município e

encontram-se mais concentradas no Distrito Sede da cidade, sendo representadas

principalmente por praças municipais e canteiros arborizados (Figura 30)

Figura 30: Áreas urbanas verdes na região central da cidade de Florianópolis, SC

Fonte: da autora

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Em seguida, com 1,4%, vêm as Unidades Comerciais ou Industriais. Tal categoria é

provavelmente a mais subestimada, já que mediante análise visual de imagens de satélite

torna-se extremamente difícil distinguir uma unidade comercial ou industrial de uma unidade

residencial, porém há aquelas unidades comerciais mais expressivas, como shoppings

centers, principalmente caracterizadas pela presença de extensos estacionamentos,

possibilitando a diferenciação. São inúmeros os tipos de unidades comerciais da cidade,

ainda mais quando considera-se que o setor terciário é o mais significativo do município,

além disso, dentro da área analisada, as Unidades Comerciais ou Industriais novamente se

concentraram no Distrito Sede, por este ser o mais desenvolvido em termos de urbanização.

Por último encontram-se as Instalações Públicas e os Caminhos ou Estradas sem

Asfaltar, com 0,12% e 0,59%, respectivamente, sendo, dessa forma, pouco representativos

no local.

5.1.4 Espaços Semi Naturais

Os Espaços Semi Naturais constituem 5,17% da área de estudo. Dentro desse grupo

encontram-se os Espaços Naturais Alterados representando 3,75% e os Espaços Naturais

Fortemente Alterados, com um total de 1,4%.

A alteração de espaços naturais dentro da área de estudo é pouco expressiva já que

todas as áreas naturais que obtiveram algum tipo de alteração inicial para um determinado

fim já estabeleceram-se dentro de alguma categoria. Com isso, existem poucas áreas que

ainda não tenham chegado ao seu estágio final de alteração, e as existentes encontram-se

dentro do grupo de Espaços Naturais. Ainda assim, os Espaços Naturais Alterados são os

mais significativos, apresentando uma maior porcentagem dentro da área de estudo. Esses

espaços enquadram aqueles locais que encontram-se em estágios iniciais de alteração,

onde ainda há presença de vegetação, principalmente vegetação rasteira, indicando, desse

modo, que o ambiente possui uma capacidade própria de regeneração ao longo do tempo.

Os Espaços Fortemente Alterados englobam espaços que encontram-se em

processo avançado de alteração, como aterros para construção de unidades residenciais ou

comerciais, com presença de solo exposto (Figura 31). Apesar de menos significantes na

presente análise, cabe ressaltar que esses espaços englobam áreas inicialmente naturais,

principalmente de Floresta Ombrófila Densa, e tais alterações podem ser prejudiciais às

comunidades ali existentes, tendo como principal ameaça a fragmentação de habitats. Além

disso, este tipo de categoria constitui ambientes que não apresentam capacidade de

regeneração, a não ser que haja intervenção humana.

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Figura 31: Exemplo de Espaço Natural Fortemente Alterado, com presença de solo exposto próximo ao manguezal do Saco Grande, Florianópolis, SC

Fonte: da autora

5.1.5 Minas, Depósitos de Lixo e Áreas em Construção

Este foi o grupo de menor significância para a área de estudo, apresentando um total

de 0,13%. Dentro desse grupo encontraram-se somente Áreas em Construção. Como foi

explicado anteriormente, a mancha urbana do Setor em questão já encontra-se bem

estabelecida, o que explica as poucas Áreas em Construção presentes no local.

Os mapas a seguir são produtos das análises realizadas através da

fotointerpretação, e ilustram as classes mencionadas dentro da área de estudo (Figura 32),

além do nível de artificialização que cada uma delas exerce (Figura 33)

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Figura 32: Artificialização por Tipo de Classe na Orla terrestre do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis.

Fonte: da autor

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Figura 33: Grau de Artificialização da Orla terrestre no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis, de acordo com as classes apresentadas.

Fonte: da autora

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5.2 Grau de Artificialização por Bairro

A área de estudo apresenta uma característica bastante peculiar em relação a outros

setores da Ilha de Florianópolis. Nesta área os bairros delimitam o território, enquanto que

na Costa Leste da Ilha o papel desempenhado pelos bairros é associado a nomenclatura

das praias. Diante disso, a análise do grau de artificialização não focou somente às

unidades de paisagem, mas também aos bairros: Centro, Agronômica, Itacorubi, João

Paulo, Saco Grande, Cacupe, Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui. Assim, é possível

visualizar a porcentagem de ocorrência de cada um dos seis grandes grupos em cada bairro

analisado (Quadro 7).

Quadro 7: Distribuição dos Grupos de Artificialização por Bairro

BAIRRO

Espaços Naturais

Espaços SemiNaturais

Áreas Residencias

Infra Estrut, Equip e Unid Comerciais

Áreas em Construção

CENTRO 5,55% 16,95% 38,61% 38,88% 0%

AGRONÔMICA 19,60% 9,93% 30,91% 38,34% 1,30%

ITACORUBI 89,94% 0,20% 7,57% 2,28% 0%

JOÃO PAULO 37,91% 6,02% 49,02% 7,06% 0%

SACO GRANDE 97,00% 0% 3,00% 0% 0%

CACUPE 38,31% 2,75% 52,10% 6,84% 0%

STO ANTONIO DE LISBOA 51,65% 6,67% 32,45% 9,22% 0%

SAMBAQUI 75,79% 0,68% 18,77% 4,76% 0% Fonte: da autora

5.2.1 Bairro Centro

O bairro Centro é o que apresenta o maior gabarito de edificações e o maior

adensamento populacional, visto que sua ocupação data da época da colonização. Com

isso, as características urbanas hoje presentes compõe um reflexo imediato de sua

ocupação histórica, caracterizado não só pelo patrimônio cultural ali instalado, mas também

pela manutenção da antiga malha viária da cidade desenhada pelo traçado das ruas do

período colonial, o modelo de ocupação polinuclear de seu sítio, não alterado e intensificado

com o passar do tempo (SÁ, 2005).

É possível visualizar, através dos dados obtidos nas análises de artificialização, que

os 927.522 m² de orla do Centro da cidade de Florianópolis encontram-se ocupados

intensamente por Infra Estrutura, Equipamentos e Unidades Comerciais (38,88%) e Áreas

Residenciais (38,61%), uma vez que a região central representa o pólo administrativo da

cidade. Em seguida, vem os Espaços Semi Naturais, com 16,95%, seguido da baixa

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incidência de Espaços Naturais (5,55%), representados por áreas alteradas em função da

demanda estética dos espaços públicos.

Dentro do contexto geral, a área central apresenta um tipo de ocupação bem

estabelecida, com grandes taxas de evolução da verticalização e desenvolvimento em

termos de estruturas turísticas não naturais e adensamento populacional desde os tempos

de colonização (Figura 34).

Segundo Bortuluzzi (2004), esta área concentra uma diversidade de funções urbanas

que alcançam uma complexidade funcional elevada, exercendo uma ação polarizadora em

relação ao corpo total da cidade. Destes usos as funções residenciais, comerciais e

institucionais predominam.

Figura 34: Evolução da verticalização e desenvolvimento da área central de Florianópolis, entre os anos 1950 e os dias atuais.

Fonte: Jornal O Carona (década de 50) e Prefeitura Municipal de Florianópolis (2009)

A orla do bairro Centro, constituída pela Avenida Beira Mar Norte, caracteriza-se por

ser uma orla completamente artificial, já que, na década de setenta, iniciou-se um aterro

mecânico para a construção de uma Avenida composta inicialmente por duas pistas, sendo

aterradas, para tal, a Praia de Fora, Mendes e do Leça (Figura 35) (DUARTE, 2010).

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Figura 35: Imagem da região central da cidade antes do aterro da Avenida Beira Mar Norte.

Fonte: Duarte (2010)

Na década de oitenta, o número de pistas da Avenida passa para seis (Figura 36),

finalizando a ampliação, no ano de 2010, para oito pistas mais ciclovia (Figura 37), por meio

de obras de revitalização que incluem alargamento da calçada para caminhadas e

exercícios (Duarte, Op Cit).

Figura 36: Aterro da Avenida Beira Mar Norte na década de 80.

Fonte: Duarte (2010)

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Figura 37: Aterro da Baia Norte completo com as oito pistas mais ciclovia

Duarte (2010)

Com isso, a orla do bairro Centro consiste em um exemplo de orla completamente

artificial, porém, conclui Duarte (Op Cit) que o aterro da Avenida Beira Mar Norte conduziu

ao desenvolvimento da região, com uma valorização imobiliária vertiginosa e aumento

imediato da densidade, mudando completamente a paisagem para um perfil tipológico

internacional de grandes cidades. A Avenida se torna, então, símbolo de status e de “bem

morar”, com diversos equipamentos urbanos destinados ao lazer. Dessa forma, percebe-se

que uma orla completamente artificializada não pode ser vista unicamente como indicador

de áreas impactadas negativamente, visto que este processo pode acarretar no

desenvolvimento positivo da região em que encontra-se inserido.

5.2.2 Bairro Agronômica

O bairro Agronômica está situado ao lado do bairro Centro e apresenta

características bem próximas às encontradas no mesmo (Figura 38). Seus 994.552 m² de

orla apresentam maior ocorrência de Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades Comerciais

(38,34%), seguido de Áreas Residenciais (30,91%). Tais ocorrências em muito

assemelham-se às do bairro Centro, tendo em vista que o bairro Agronômica encontra-se

situado como uma “extensão” do Centro, ocupando uma porção considerável da Avenida

Beira Mar Norte e finalizando no manguezal do Itacorubi. Essas características conferem-lhe

um tipo de ocupação bem semelhante à do Centro, diferenciando-se deste pela ocorrência

maior de Espaços Naturais (19,6%) em relação aos Semi Naturais (9,93%). Além disso, é

único bairro que apresentou Áreas em Construção (1,30%), ainda que em valores pouco

significativos.

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Quanto ao processo mais recente de urbanização, coloca Ferreira (2007) a

importância de destacar o fenômeno de verticalização do Distrito Sede, englobando

principalmente os bairros Agronômica e Trindade, o que compõe um dos fatores mais

preocupantes por parte da comunidade, em função da falta de estimativa da densidade

populacional e da projeção do crescimento urbano para a região, o que insere novos riscos

de agravamento do uso e da ocupação do solo atualmente em vigor.

Figura 38: Vista do bairro Agronômica, junto à Avenida Beira Mar Norte.

Fonte: FLORIANÓPOLIS MAIS PERTO, 2012

5.2.3 Bairro Itacorubi

Os 607.052 m² de orla do bairro Itacorubi analisados são caracterizados

principalmente pela grande presença de Espaços Naturais (89,94%), destacando-se aqui o

Manguezal do Itacorubi, que ocupa uma parte considerável do bairro. Este é considerado

um dos maiores manguezais urbanos do mundo, sofrendo grande influência antrópica das

suas áreas adjacentes, principalmente pela emissão de esgotos sem tratamento e redução

de área para a criação de infra-estruturas urbanas (aterro sanitário, estrada, depósitos de

lixo, loteamentos, entre outros), como a construção do Shopping Iguatemi, limítrofe ao

Parque Manguezal do Itacorubi (Figura 39) e causadora de grande protesto por parte da

comunidade (DEBETIR, 2006).

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Figura 39: Localização do Shopping Iguatemi, limítrofe ao Parque Manguezal do Itacorubi

Fonte: Debetir (2006)

As Áreas Residenciais ocupam 7,57% da área total da orla do bairro, o que apesar

de parecer um nível baixo, contribui para os impactos no manguezal do Itacorubi. Cabe

ressaltar que na orla do Itacorubi são encontradas ocupações residenciais em áreas bem

próximas ao mangue, sendo inclusive encontradas ocupações dentro das áreas do

manguezal.

Há, ainda, presença de Infra-Estruturas, Equipamentos e Unidades Comerciais no

local, representando 2,28% da área, seguido de uma parcela bem pouco significativa de

Espaços Semi Naturais (0,2%).

5.2.4 Bairro João Paulo

A orla do bairro João Paulo, em seus 922.804 m², caracteriza-se por aliar a ocupação

residencial à presença de espaços naturais. Isso pode ser verificado já que o mesmo

apresentou 49,02% de Áreas Residenciais e 37,91% de Espaços Naturais. A presente

análise ainda constatou a presença de Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades

Comerciais, com 7,06%, e Espaços Semi Naturais, com 6,02%.

O bairro, que era predominantemente residencial de baixa densidade, passou pelo

processo de verticalização a partir da explosão de especulação imobiliária que ocorreu na

cidade no ano 2000, sendo, então, tomado por muitas construções de altos prédios

residenciais de luxo, trazendo asfaltamento e uma boa quantidade de estabelecimentos

comerciais (Figura 40) (FLORIANÓPOLIS, 2009). Em João Paulo, ainda é possível

Manguezal do Itacorubi

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encontrar terrenos em condomínios fechados ou até mesmo loteamentos à venda, que vão

desde médio até altíssimo padrão.

Figura 40: Verticalização do bairro João Paulo.

Fonte: Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2009

Destaca-se que as ocupações residenciais deste bairro chegam bem próximas à

orla, existindo, inclusive, manchas extensas de ocupação residencial sob a areia da praia e

no entorno do costão rochoso presente na área (Figura 41), suprimindo a vegetação de

restinga.

Figura 41: Ocupação no entorno do costão rochoso e sob a areia no bairro João Paulo.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora

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5.2.5 Bairro Saco Grande

A faixa de 657.869 m² analisada na orla do bairro Saco Grande mostrou-se

essencialmente natural, com 97% da área total de orla ocupada por Espaços Naturais,

destacando-se nesse grupo o manguezal do Saco Grande, que ocupa uma extensa área de

orla nesse local. Os demais 3% cabem às Áreas Residenciais. Segundo Barnetche e Moretti

(2004), próximo à linha de costa desse bairro, observa-se o avanço da ocupação por sobre

áreas de manguezal. Como a vegetação de manguezal se desenvolve em áreas que estão

sujeitas às oscilações de maré, a decorrente invasão destas áreas expõe a população à

inundações, principalmente por ocasião de marés de sizígia. Tais autores realizaram uma

análise de susceptibilidade a deslizamentos e enchentes da Bacia do Rio Vadik, que

engloba o bairro em questão. Tal análise constou na geração de um mapa de

susceptibilidade a deslizamentos e enchentes na área, que apresentou locais próximos à

orla no bairro Saco Grande com alta susceptibilidade. A figura 42 mostra o mapa de

susceptibilidade a deslizamentos e enchentes construído no trabalho de Barnetche e Moretti

(2004), com destaque à área que encontra-se inserida no presente estudo.

Figura 42: Destaque à área em torno do manguezal do Saco Grande (pertencente à área de estudo) que apresenta susceptibilidade alta e moderada à deslizamentos.

Fonte: Barnetche e Moretti (2004), adaptado pela autora.

Para obter uma melhor visualização da área destacada, que constitui uma porção da

orla no bairro Saco Grande, a Figura 43 apresenta essa área em uma imagem de satélite

proveniente do Google Earth.

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Figura 43: Porção da orla do bairro Saco Grande com susceptibilidade alta a moderada à deslizamentos, destacada em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2012), adaptado pela autora

5.2.6 Bairro Cacupé

A orla deste bairro, que se constitui de 1.207.469 m², apresenta-se como a de maior

número de residências, quando comparado com os outros bairros constituintes da área de

estudo, com 52,10% da área total composta por Áreas Residenciais. Estas áreas dividem

espaço com os Espaços Naturais (38,31%), incluindo principalmente grandes manchas de

Floresta Ombrófila Densa. As Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades Comerciais

ocuparam somente 6,84% da área, o que caracteriza o modelo de ocupação mais voltado às

residências desse local. Os Espaços Semi Naturais tiveram uma baixa significância, com

apenas 2,75% da área.

De acordo com a Prefeitura Municipal de Florianópolis (2009), o ritmo acelerado de

evolução da ocupação no bairro, ocorrido principalmente na década de 1990, demonstrou

que o uso do solo sofreu alterações em função do crescimento populacional em toda a Ilha e

especialmente naquela área, devido à proximidade com o centro da cidade, o visual

paisagístico e, assim sendo, os terrenos liberados pela população nativa foram dando lugar

a uma ocupação de condomínios horizontais e residência de média a alta classe. Nos

últimos anos, a ocupação dessa área se deu principalmente sob forma de condomínios

fechados, que inclusive ocupam áreas de morro, com vistas mais privilegiadas do mar

(Figura 44).

O processo de ocupação vem ocorrendo de forma mais acelerada, sobretudo depois

da duplicação da Rodovia SC 401, que facilitou a ligação da área com as áreas centrais de

Florianópolis.

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O mercado imobiliário do bairro baseia-se na venda de imóveis residenciais, que

predominam na área. É considerado por esse setor como um bairro nobre, com belas vistas

da Grande Florianópolis, o que determinou a ocupação de áreas próximas às praias, sob

forma de condomínios de alto padrão. Ressalta-se a restrição à construções de edifícios

nessas áreas, de acordo com o Plano Diretor do munícipio, já que esta é uma área

residencial estritamente horizontal, o que valoriza ainda mais os imóveis locais, já que isto

lhes garante vistas ininterruptas para o mar, gerando grande demanda no mercado

imobiliário da cidade (QUEIROZ, 2003).

Figura 44: Condomínio de luxo localizado na orla do bairro Cacupé

Fonte: Saint Barth Residence, 2012

5.2.7 Bairro Santo Antônio de Lisboa

O bairro Santo Antônio de Lisboa, localizado no distrito de mesmo nome, é um dos

tradicionais da Ilha, caracterizado pelo seu patrimônio histórico e cultural. A área de orla

analisada, que possui 1.626.643 m², apresentou 51,65% de Espaços Naturais, dominados

principalmente pelas manchas de Floresta Ombrófila Densa, seguidos de 32,45% de Áreas

Residenciais, muitas destas residências constituídas de casas antigas que ainda preservam

a arquitetura açoriana. As Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades Comerciais ocupam

9,22% da área e são representados por uma gama diversa de pousadas, restaurantes

especializados em frutos do mar e também o comércio de artesanato. Por fim, com 6,67%,

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estão os Espaços Semi Naturais, formados por áreas de Floresta Ombrófila Densa alteradas

para formar loteamentos.

Segundo o site do bairro, os elementos dominantes da paisagem desta região são o

mar e as construções antigas, algumas datadas do século XVIII. A vista privilegiada do mar

compõe um importante fator de valorização da área (Figura 45). A demanda turística dessa

região está sob os restaurantes de comida típica e a arquitetura histórica preservada

(SANTO ANTONIO DE LISBOA, 2012). Apesar de inserida em uma cidade caracterizada

pelo crescimento econômico e tecnológico, a localidade de Santo Antônio de Lisboa

apresenta-se como um bairro estritamente cultural e histórico, fazendo desta a principal

diferença desse local com os outros já mencionados no presente estudo.

Figura 45: Localidade de Santo Antônio de Lisboa, paisagem marcada pelas características histórico-culturais.

Fonte: da autora

5.2.8 Bairro Sambaqui

A porção da orla analisada do bairro Sambaqui, com 1.889.883 m², apresentou a

maior parte de sua área ocupada por Espaços Naturais (75,79%), destacando-se

basicamente a vegetação de restinga, que compõe Área de Proteção Permanente,

juntamente com extensas manchas de Floresta Ombrófila Densa pouco ocupadas. As Áreas

Residenciais ocuparam 18,77% da área total do bairro, caracterizando-se como uma

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ocupação dispersa e descontínua. As Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades

Comerciais somaram 4,76% da área e os Espaços Semi Naturais, pouco significantes,

0,68%.

Essa região, assim como a localidade de Santo Antônio de Lisboa é caracterizada

pelo tradicionalismo, também composta de arquitetura açoriana típica da época de

colonização. A diferenciação desse bairro está na presença de comunidades de pescadores

artesanais, destacando também a atividade de cultivo de ostras. A procura turística dessa

região está voltada à demanda de locais tranquilos. Encontra-se próximo à ESEC Carijós,

na gleba composta pelo manguezal do Rio Ratones, o que contribui para que a área ainda

preserve as suas características naturais, sendo pouco ocupada (Figura 46).

Figura 46: Vista da praia no bairro Sambaqui, caracterizado pela preservação dos espaços naturais e pouca ocupação.

Fonte: Floripamanhã, 2012

5.2.9 Uso e cobertura do solo por Bairro

A figura 46 representa a distribuição dos grupos de artificialização em cada bairro,

possibilitando a visualização geral do tipo de ocupação dos bairros aqui citados (Figura 47).

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Figura 47: Gráfico da Distribuição das Categorias nos Bairros que compõe o Setor Noroeste/Oeste de Florianópolis.

Fonte: da autora

Além disso, foram analisados os níveis de artificialização dentro de cada bairro,

conforme mostra o Quadro 8, obtendo a porcentagem de cada nível (Natural, Baixo, Médio,

Alto) nos mesmos.

Quadro 8: Nível de Artificialização por bairro.

Fonte: da autora

Através do Quadro 8 é possível também observar que o bairro com maior percentual

de artificialização alta é o bairro Centro, seguido dos bairros Agronômica e João Paulo,

respectivamente. Quando comparados a estes, os outros bairros não obtiveram

porcentagens significativas de alto grau de artificialização.

Dentro do nível médio de artificialização, encontra-se com maior porcentagem o

bairro Cacupé, com mais de 50% de seu território ocupado por este tipo de nível,

principalmente devido à ocupação residencial horizontal, que apresenta um nível médio de

artificialização. Os bairros Centro, Agronômica e Santo Antônio de Lisboa apresentaram

uma margem em torno dos 35%, seguidos de João Paulo e Sambaqui, respectivamente, e,

em porcentagem menos significativa, os bairros Itacorubi e Saco Grande, que têm suas

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áreas ocupadas em maior parte pelos manguezais, que constituem outro tipo de nível de

artificialização.

O nível baixo de artificialização foi pouco significativo em todos os bairros,

destacando-se no bairro Centro, com 12, 78%. Tal nível é composto somente da classe de

Espaços Naturais Alterados, por isso apresenta essa baixa incidência de maneira geral.

Finalmente, a orla que se apresentou mais natural foi a de Saco Grande, com 97%

de sua área total ocupada por este nível de artificialização, explicado pela presença do

manguezal do Saco Grande, que ocupa quase que toda a área de orla nesse local. Em

seguida, também representado por uma extensa área de mangue, vem o bairro Itacorubi,

com quase 90% de sua área total composta por um nível natural. Logo após, está o bairro

Sambaqui, com 75,80%, que caracteriza-se por ser um local com suas áreas naturais

bastante preservadas devido à proximidade com a área protegida da ESEC Carijós e pela

presença da APP Restinga da Ponta do Sambaqui. O bairro Santo Antônio de Lisboa

apresenta mais de 50% de seu território de orla com nível natural, e, assim como o bairro

Sambaqui, este é um bairro tradicional que preserva seus espaços naturais. As orlas dos

bairros Cacupé e João Paulo, mais residenciais, apresentam uma porcentagem em torno

dos 38% de nível natural, sendo estes bairros bem divididos entre os níveis de ocupação

residencial aliado às classes de nível natural. E, por fim, as orlas dos bairros que menos

apresentaram níveis naturais foram Agronômica e Centro, de modo que o Centro é o de

menor porcentagem, com apenas 5,55% de sua área composta por classes de nível natural.

Como já foi apresentado anteriormente, estes são os bairros mais desenvolvidos e, com

isso, o fato de apresentarem baixa porcentagem de classes naturais torna-se cabível à

realidade.

Diante disso, foi gerado um mapa de uso e cobertura do solo e do mar nos bairros

acima descritos, conforme Figura 48.

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Figura 48: Mapa do uso e cobertura do solo e do mar nos bairros constituintes do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Santa Catarina.

Fonte: da autora

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5.3 Cobertura e Usos do Mar na Orla Marítima do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis

A presente análise apresentou também, a classificação dos usos do ambiente

marítimo do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis. Tal ambiente é de vital

importância para o setor turístico da área, caracterizando-se pela presença de embarcações

de lazer, píeres turísticos, trapiches e algumas áreas onde a atividade de maricultura está

presente. O quadro abaixo mostra a ocorrência das classes encontradas dentro da área

analisada (Quadro 9).

Quadro 9: Ocorrência das Classes de Uso e Ocupação do Mar no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis.

Cobertura e Usos do Mar no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

CLASSES Área (m²) Porcentagem (%) Nº

Oceano 9476252 98,9126% -

Maricultura 55660 0,5810% 8

Ancoradouros 45667 0,4767% 16

Píeres-Atracadouros 2852 0,0298% 13 Fonte: da autora

Nota-se que, em termos de porcentagem de cobertura, as áreas de maricultura são

as mais expressivas, tendo em vista que, apesar de serem menores em número de

ocorrência quando comparadas às outras classes, uma área de cultivo engloba grandes

extensões. Essas áreas encontram-se concentradas na parte noroeste da Ilha, gerando uma

incompatibilidade desses locais com atividades náuticas, devido à ameaça que as estruturas

físicas dos cultivos têm sobre as embarcações, podendo causar danos sobre as mesmas,

além de prejudicar a navegação e manobras que exijam altas profundidades, uma vez que

os cultivos provocam uma sedimentação na área (FLORIPAMANHÃ, 2012). Ainda assim, é

possível observar classes de Ancoradouros, representadas principalmente por

embarcações, próximas a essas áreas, colocando em risco a integridade dos cultivos e das

próprias embarcações. Os Píeres-Atracadouros apresentam função turística (Figura 48),

geralmente acompanhados de boa infra estrutura para esse fim.

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Figura 48: Píer turístico localizado no centro da cidade.

Fonte: da autora

Tendo em vista tais conflitos do uso do mar, surgiu no município de Florianópolis o

Plano de Ordenamento Náutico (PON), que constitui um instrumento de gestão do Plano

Municipal de Gerenciamento Costeiro de Florianópolis, disposto na Lei municipal n° 7.975,

de 2 de Outubro de 2009. A organização não governamental FLORIPAMANHÃ vem

realizando estudos complementares do PON e apresentou, em março de 2012, em parceria

com a Magnitude Mare Consultoria e Projetos em Meio Ambiente Ltda., um relatório de

Diagnóstico Ambiental para dar subsídio à implementação de tal Plano. Este relatório

contém dados da caracterização descritiva e analítica dos ambientes potenciais e

vulneráveis ao desenvolvimento de atividades náuticas, bem como das estruturas de apoio

náutico e os principais conflitos de uso do espaço existentes no município de Florianópolis.

De acordo com o levantamento de Estruturas de Apoio Náutico (EAN’s) realizado no

Relatório de Diagnóstico Ambiental do PON, foram encontradas em todo o município de

Florianópolis 312 estruturas, caracterizadas como rampas de acesso, trapiches e

plataformas de embarque/desembarque e pontos de acesso tradicionais em praias,

distribuindo-se de forma distinta ao longo do litoral insular e continental do município (Figura

49).

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Figura 49: Distribuição das Estruturas de Apoio Náutico (EAN’s) no município de Florianópolis (SC), com destaque ao setor que compreende a área de estudo do presente trabalho.

Fonte: FLORIPAMANHÃ (2012) adaptado pela autora

É possível visualizar na figura que o setor Noroeste da Ilha de Florianópolis, que

compreende grande parte da área de estudo presente, apresenta 27 estruturas de apoio

náutico, ao modo que a presente análise encontrou 16 Ancoradouros e 13 Píeres-

Atracadouros, totalizando 29 estruturas ligadas ao uso do mar, que, apesar de estarem

caracterizadas com nomes diferentes em relação ao estudo feito pela organização

FLORIPAMANHÃ, apresentam o mesmo fim, tornando a análise aqui realizada condizente

com a realidade, já que as 2 estruturas a mais encontradas no presente estudo podem estar

relacionadas às áreas que o setor noroeste não englobou, principalmente nas áreas

adjacentes à Avenida Beira Mar Norte.

É apresentado, assim, o mapa dos usos e cobertura do mar, confeccionado a partir

da análise das imagens de satélite, caracterizando, dessa forma, o Setor Noroeste/Oeste da

Ilha de Florianópolis quanto ao grau de artificialização presente nas áreas marítimas (Figura

50).

Área de Estudo

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Figura 50: Grau de Artificialização do Mar no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

Fonte: da autora

SETOR 1

SETOR 2

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5.3.1 Cobertura e Usos do Mar por Setor

Para melhor visualização dos diferentes usos do mar foi realizada a análise da

ocorrência de cada classe de cobertura e uso do mar dentro dos setores propostos na área

de estudo (Quadro 10).

Quadro 10: Comparação entre os setores contidos na área de estudo quanto aos usos do mar.

Setor 1 Área % Nº

Oceano 3298103 99,70%

Maricultura 0 0,00% 0

Ancoradouros 9143 0,28% 7

Pier-Atracadouro 935 0,03% 1

Setor 2 Área % Nº

Oceano 6170414 98,50% -

Maricultura 55660 0,89% 8

Ancoradouros 36524 0,58% 9

Pier-Atracadouro 1917 0,03% 12 Fonte: da autora

Apesar de representarem porcentagens baixas quanto à cobertura, é importante

salientar algumas peculiaridades quanto aos usos do mar dos dois setores propostos dentro

do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis.

Primeiramente, a atividade de Maricultura foi encontrada somente no Setor 2,

localizada principalmente nos bairros Sambaqui e Santo Antônio de Lisboa, que apresentam

comunidades de pescadores que realizam tal atividade (Figura 51).

Figura 51: Cultivos presentes no bairro Santo Antônio de Lisboa.

Fonte: da autora

Os Ancoradouros obtiveram maior porcentagem de cobertura no Setor 2. Porém,

cabe ressaltar que este Setor apresenta uma área bem mais extensa quando comparado ao

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Setor 1. Sendo assim, pode-se dizer que a densidade de Ancoradouros no Setor 1 é maior

do que no Setor 2, já que em uma área menor há 7 Ancoradouros, de modo que no Setor 2,

com uma área bem mais extensa, há 9 Ancoradouros. Isso se deve essencialmente à

potencialidade alta para atividades náuticas encontrada por FLORIPAMANHÃ (2012) nas

áreas adjacentes à Avenida Beira Mar Norte, situada no Setor 1. Tal potencialidade, devido

às condições geomorfológicas e hidrodinâmicas favoráveis dessa área, contribui para a

ocorrência de embarcações, principalmente embarcações de turismo e lazer. Já as

embarcações encontradas no Setor 2 são mais voltadas ao transporte aquaviário e estão

em menor número já que as áreas de cultivo ali presentes dificultam a passagem livre de

embarcações nesses locais, que devem se locomover a uma distância considerável dos

cultivos. Mesmo assim, ainda podem ser encontradas embarcações trafegando a distâncias

mínimas dos cultivos, indicando neste Setor maiores potenciais de conflito entre essas duas

atividades.

Os Píeres-Atracadouros apresentaram a mesma porcentagem de cobertura nos dois

Setores. Porém, desta vez a densidade destes foi maior no Setor 2, com 12 Píeres-

Atracadouros, ao passo que o Setor 1 apresenta somente 1 Píer-Atracadouro. Mais uma

vez, a área maior do Setor 2 permite uma ocorrência maior de píeres, sendo em ambos os

setores utilizados para fins turísticos.

5.4 Artificialização por Setores do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

A área de estudo foi dividida em dois Setores, 1 e 2, de acordo com a predominância

de Unidades de Paisagem e considerando a setorização realizada pelo Projeto Orla vigente

no município (ANEXO 5). Esses setores foram subdivididos em Trechos, ficando assim

divididos: no Setor 1 encontram-se os Trechos 1 e 2 e no Setor 2 encontram-se os Trechos

3, 4, 5 e 6.

Nesta etapa serão discutidos os resultados encontrados para o Grau de

Artificialização da orla dentro dos Setores estabelecidos. Neste item também serão

apresentados os resultados de artificialização nos Trechos instituídos dentro de cada Setor,

analisando os resultados obtidos de acordo com os tipos de ocupação presentes em cada

Trecho. Além disso, serão apresentados os perfis traçados para construção dos cenários da

área dentro dos Trechos 1, 3, 5 e 6 e um estudo de caso referente a um projeto de grande

repercussão vigente na área que compreende o Setor 1.

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5.4.1 Setor 1

O Setor 1 inicia no bairro Centro, mais precisamente na Ponte Hercílio Luz, seguindo

pelos bairros Agronômica, Itacorubi e termina no bairro João Paulo, apesar de não englobar

inteiramente a área deste bairro.

Este setor caracteriza-se por estar inserido em uma área com intensa ocupação e

desenvolvimento. Ressaltam-se duas áreas importantes no âmbito da análise: a Avenida

Beira Mar Norte e o manguezal do Itacorubi. A Avenida Beira Mar Norte, que percorre os

bairros Centro e Agronômica, é uma área da orla com um tipo de ocupação regida pelo

Tecido Urbano Contínuo, característico de grande centros urbanos, o que torna esse local

bastante desenvolvido em termos de urbanização. Tal característica se dá devido ao fato de

que este local representa o início da estruturação da área urbana da Ilha de Florianópolis,

alavancada pela construção da Ponte Pênsil Hercílio Luz, que permitiu a ligação do

continente com a Ilha. Nos dias atuais, esta área pertence ao Distrito Sede, considerada

Centro Urbano de Florianópolis. Por outro lado, o manguezal do Itacorubi constitui uma

unidade de conservação municipal (Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi). Estima-se

que sua área atual representa menos de 60% do que seria sua área original (Debetir, 2006)

principalmente devido à fatores antrópicos ligados à ocupação, impulsionados pela sua

localização próxima à região central.

A figura 52 representa o mapa de uso e cobertura do solo para este setor, que

apresenta duas subdivisões, denominados Trecho 1 e Trecho 2, estabelecidos de acordo

com a predominância de unidades de paisagem.

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Figura 52: Mapa de Uso e Cobertura do Solo no Setor 1 da área de estudo, com os trechos correspondentes.

Fonte: da autora

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Através da digitalização dos shapes de uso e cobertura do solo, foi possível estimar

a porcentagem de distribuição das categorias (Figura 53) e do Grau de Artificialização

(Figura 54) dentro dos trechos delimitados no Setor 1.

Figura 53: Gráfico de distribuição das categorias dentro dos Trechos 1 e 2, inseridos no Setor 1.

Fonte: da autora

Figura 54: Gráfico de porcentagem dos níveis de artificialização dentro dos Trechos 1 e 2, inseridos no Setor 1.

Fonte: da autora

5.4.1.1 Trecho 1

O Trecho 1 está localizado nas extremidades que compreendem a Ponte Hercílio Luz

e a Ponta do Coral. Este trecho é caracterizado por estar inserido na parte mais próxima à

ligação da Ilha com o continente, sendo esta área da orla demarcada pela Avenida Beira

Mar Norte, que apresenta extensos conjuntos prediais de alto padrão (Figura 55). Tal

característica confere uma alta porcentagem de artificialização alta, já que a ocupação é

composta basicamente por Tecido Urbano Contínuo. A Avenida Beira Mar Norte conta com

três pistas, o que lhe atribui uma área extensa, colaborando significativamente com o nível

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médio de artificialização no trecho, que aparece em segundo lugar em termos de

porcentagem. Nota-se, ainda, que os níveis mais baixos de artificialização são bem menos

significantes quando comparados aos demais níveis, o que corrobora a pouca incidência de

espaços naturais, os quais foram substituídos por áreas urbanas verdes, principalmente

áreas verdes do sistema viário (Figura 56), características de uma zona desenvolvida

essencialmente para a atividade turística, ressaltando, inclusive, que a Avenida Beira Mar

Norte é considerada um importante ponto turístico e cartão postal da cidade.

Figura 55: Tecido Urbano Contínuo ao longo do calçadão da Avenida Beira Mar Norte, aliado ao desenvolvimento da infraestrutura pública para atender ao setor turístico.

Fonte: da autora

Figura 56: Áreas verdes do sistema viário, uma importante característica turístico-paisagística presente no Trecho 1, com destaque à área correspondente ao Aterro da Avenida Beira Mar Norte.

Fonte: da autora

Aterro Beira Mar

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5.4.1.2 Trecho 2

O Trecho 2 encontra-se logo após a Ponta do Coral e estende-se até uma parte do

bairro João Paulo, ao final do manguezal do Itacorubi. Este trecho apresentou mais de 50%

de sua área com classes de nível natural, principalmente devido à presença do manguezal

do Itacorubi. Porém, este trecho apresenta uma elevada porcentagem de alto grau de

artificialização (25,40%), decorrente da forte ocupação na região de entorno do manguezal

(Figura 57). Essa ocupação apresenta um impacto negativo sobre esta unidade de

conservação, tendo em vista que, de acordo com Zanchet (2000), a área do mangue no ano

de 1956 era de 2,15 Km², em 1966 passou para 2 Km², em 1978 foi à 1,70 Km², passando

para 1,50 Km² em 1994. Esta redução, segundo a autora, teve como principais motivos a

criação de uma área de depósito de lixo municipal, onde hoje funciona uma estação de

transferência de lixo reciclável; construção da Avenida Contorno Norte; ocupação por

condomínios de apartamentos, casas, comércios e serviços; Loteamento Santa Mônica,

onde foram construídos um supermercado e duas concessionárias; criação da Estação de

Aquicultura da UFSC; construção do Elevado Wilson Kleinubing, entre outros. Além disso, o

manguezal recebe os efluentes da Bacia do Rio Itacorubi, que drena populosos bairros da

cidade, recebendo elevadas cargas diárias de esgoto sem tratamento.

Figura 57: Ocupação nas áreas de entorno do Manguezal do Itacorubi, conferindo a este trecho um alto grau de artificialização.

Fonte: Debetir, 2006

5.4.1.3 Estudo de Caso do Setor 1: Parque Hotel Marina Ponta do Coral

A Ponta do Coral, localizada no bairro Agronômica em Florianópolis, apresenta uma

área de aproximadamente 23 mil m², com um perímetro de 1119,72 metros, onde 831,66m

estão voltados para o mar e 288,06m fazem limite com a Avenida Beira-Mar Norte, nas

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proximidades do Palácio da Agronômica e abriga somente ranchos de pescadores

(ZATARIANO JÚNIOR, 2009).

Devido à sua localização privilegiada e extremamente valorizada, o local está sendo

cobiçado pela empreendedora Hantei, construtora bem conhecida na cidade, para a

construção de um empreendimento avaliado em 330 milhões de reais, o Parque Hotel

Marina Ponta do Coral (Figura 58). O projeto prevê a construção dos seguintes

equipamentos (HANTEI, 2012):

Parque Público com uma área de 33.200 m² (67% da área total da obra) contendo 9

praças, anfiteatro, 2 playgrounds, esteiras de descanso, academia ao ar livre,

ciclovia e pista de caminhada, para livre uso da sociedade;

Complexo hoteleiro 5 estrelas com 9 mil m² em solo e altura de 91,78 metros,

abrigando 661 apartamentos, 1322 leitos, 51 lojas de apoio e cerca de 1000 vagas

de estacionamento;

Centro de Eventos com 4000m² de área, 2 salas de grande porte, 18 salas para

eventos menores e estrutura completa de apoio (restaurante, academia, sauna,

piscina, sala de jogos, áreas de descanso e salas de reunião;

Marina flutuante, com capacidade para 247 embarcações de 35 até 60 pés, em um

espelho d’água de 57436 m², à uma distância de 175 metros da costa, a fim de

dispensar a necessidade de dragagem para a construção da mesma.

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Figura 58: Parque Hotel Marina Ponta do Coral.

Fonte: RIMA Parque Hotel Marina Ponta do Coral

Para abrigar o complexo, a área terá de passar pelo processo de aterro mecânico

para, desta forma, aumentar o terreno já existente em 34645,74 metros quadrados. A

realocação dos ranchos de embarcações que se encontram instalados na região do

empreendimento será na própria área, onde serão construídos novos ranchos de

embarcações disponíveis para os pescadores cadastrados (Op Cit).

O projeto encontra-se em fase de análise por meio do órgão ambiental competente, a

FATMA, através da avaliação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) entregue no

início deste ano. Cabe ressaltar que o projeto teve uma repercussão tão grande por parte da

comunidade e dos órgãos públicos que o Ministério Público Federal entrou com medidas de

fiscalização para o licenciamento do empreendimento, expedindo ofícios para diversos

órgãos, entre eles o ICMBio, FLORAM, UFSC, IPUF e IPHAN, a fim de que as instituições

analisem as questões pertinentes a cada uma delas apresentadas no EIA/RIMA. O último

passo para a liberação do projeto engloba uma audiência pública, a ser realizada entre

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junho e julho de 2012, com a participação da comunidade, como requisito do órgão

ambiental (FATMA) para a liberação do licenciamento (FATMA, 2012).

Entidades da área cultural, sindical e ambiental da cidade promoveram um ato de

protesto em defesa da Ponta do Coral, que contou com o apoio do Departamento de

Arquitetura e Urbanismo da UFSC. A principal causa dos protestos é em função dos

impactos que um empreendimento desse porte pode vir a causar na área, já que estima-se

que o mesmo possa afetar, tanto de maneira direta como indireta, as unidades de

conservação ESEC Carijós, Área de Proteção Ambiental (APA) Anhatomirim, Reserva

Biológica do Arvoredo, Reserva Extrativista do Pirajubaé, além do Parque Municipal do

Manguezal do Itacorubi (Figura 59), além da possibilidade de gerar danos ao patrimônio

arqueológico, histórico e às paisagens natural e cultural do local. A hidrodinâmica da área

também pode sofrer alteração com a instalação da marina, principalmente sob forma de

mudança nas correntes marítimas locais (FLORIPAMANHÃ, 2012).

Figura 59: Área de Influência Direta (à esquerda) e Área de Influência Indireta (à direita) do empreendimento.

Fonte: EIA/RIMA Parque Hotel Marina Ponta do Coral

O empreendimento constitui um possível cenário futuro da área que se encontra

inserida no Setor 1 do presente estudo. Com isso, é importante analisar a tendência da

paisagem desse local à longo prazo. Tal análise foi realizada neste item, de modo a projetar

a paisagem ideal para a Ponta do Coral, conciliando a proposta de desenvolvimento de

áreas públicas, sugerida no projeto, ao menor índice de impacto possível para o ambiente

natural. Dessa forma, são apresentados abaixo os modelos de paisagem futura sob dois

pontos de vista diferentes: o primeiro abrange o modelo ocupacional da Ponta do Coral

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presente no EIA/RIMA do Parque Hotel Marina Ponta do Coral com a instalação do projeto

(Figura 60) e o segundo um modelo ocupacional visto como mais adequado ao local, tanto

em termos de diminuição do impacto natural e visual, como em desenvolvimento para a área

e benefício para a sociedade (Figura 61).

Figura 60: Modelo ocupacional resultante da instalação do projeto (à direita), em comparação com a paisagem atual da área.

Fonte: EIA/RIMA Paque Hotel Marina Ponta do Coral

Figura 61: Modelo ocupacional para a Ponta do Coral visto como mais adequado ao desenvolvimento social e ambiental da área.

Fonte: EIA/RIMA Parque Hotel Marina Ponta do Coral, adaptado pela autora

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O modelo ocupacional visto como mais adequado à Ponta do Coral consiste na

recuperação dessa área, que apresenta um potencial tanto turístico como sociocultural

elevado, levando em consideração o interesse social e não somente o interesse privado, o

qual visa a instalação de um hotel de grande porte aliado à uma marina, o que pode gerar

impactos ambientais negativos. O desenvolvimento da área pode ser atingido se a mesma

for planejada em função da comunidade, com a implantação de espaços públicos visando a

recuperação do local, que hoje é visto pela sociedade residente como perigoso (HANTEI,

2012), através da instalação de um parque de acesso público e sem a presença do hotel e

da marina, valorizando a paisagem local e evitando as intervenções visuais e

ambientalmente impactantes. Para corroborar o modelo proposto como mais adequado ao

local, a pesquisa bibliográfica aponta a existência de uma proposta parecida para a área,

desenvolvida por Zatariano Júnior (2009), que constitui um projeto de implantação de um

Parque Público, criando, dessa forma, uma área de lazer que respeite a história e a cultura

local, permitindo ainda que a utilização comercial de alguns equipamentos torne-a auto-

sustentável, liberando em parte o poder público do alto custo de manutenção destes

empreendimentos. A proposta desenvolvida pelo arquiteto veio com a intenção de conciliar

os interesses da comunidade e do poder público, bem como de oferecer uma solução

coerente para os atuais proprietários (Figura 62).

Figura 62: Proposta do Parque para a Ponta do Coral desenvolvida pelo arquiteto Ernando Zatariano Júnior (UNISUL).

Fonte: Zatariano Jr (2009)

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Portanto, conclui-se que o potencial da área da Ponta do Coral coincide

perfeitamente com um projeto voltado para a comunidade em conjunto com a qualidade

ambiental, sem necessidade de atender somente aos interesses privados, que pouco

beneficiam a sociedade como um todo, podendo trazer impactos ambientais e visuais para a

área, que, inclusive, podem afetar direta ou indiretamente o manguezal do Itacorubi, que

está localizado bem próximo a área. Para isso, é necessário o interesse dos atores

governamentais e a intervenção do poder público para que essa área acarrete, além do

desenvolvimento sociocultural, o desenvolvimento turístico dessa região.

5.4.2 Setor 2

O Setor 2 localiza-se entre o bairro João Paulo e a Ponta do Sambaqui, englobando

ainda os bairros Saco Grande, Cacupé e Santo Antônio de Lisboa. É um setor com área

bem mais extensa quando comparada ao Setor 1. Estão inseridas nesse setor as áreas

protegidas Manguezal do Saco Grande, pertencente à Estação Ecológica de Carijós, e

Restinga da Ponta do Sambaqui.

O setor apresenta tipos bem diferenciados de ocupação, que vão desde modelos

ocupacionais totalmente residenciais a áreas bem pouco ocupadas, com as paisagens

naturais bastante conservadas. Tais diferenciações estão subdivididas em 4 Trechos,

propostos de acordo com a predominância de unidades de paisagem. A cobertura e uso do

solo dos trechos deste Setor podem ser visualizados na Figura 63, que apresenta o mapa

de artificialização gerado por meio da digitalização dos shapes correspondentes às classes

adotadas na metodologia do presente trabalho.

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Figura 63: Mapa do Uso e Cobertura do Solo no Setor 2 da área de estudo, com os trechos correspondentes.

Fonte: da autora

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95

A porcentagem de distribuição das categorias (Figura 64) e do Grau de

Artificialização (Figura 65) dentro dos trechos delimitados no Setor 2 foram aqui analisados.

Figura 64: Gráfico de distribuição das categorias dentro dos Trechos 3, 4, 5 e 6, inseridos no Setor 2.

Fonte: da autora

Figura 65: Gráfico de porcentagem dos níveis de artificialização dentro dos Trechos 3, 4, 5 e 6, inseridos no Setor 2.

Fonte: da autora

5.4.2.1 Trecho 3

O Trecho 3 está situado entre parte do bairro João Paulo e parte do bairro Cacupé,

ao final do manguezal do Saco Grande. Este apresentou 56,97% da área composta por

Espaços Naturais, destacando nesta porcentagem a área compreendida pelo Manguezal do

Saco Grande, pertencente à ESEC Carijós e que, assim como o Manguezal do Itacorubi,

sofre com a ocupação nas áreas de entorno. Tal ocupação é demonstrada nos 36,79% de

área do trecho formada por Áreas Residenciais. Estes dois grupos foram os mais

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96

significantes no Trecho 3, já que os Espaços Semi Naturais e as Infra Estruturas,

Equipamentos e Unidades Comerciais ocuparam pouco mais de 5% da área total apenas.

Portanto, a ocupação residencial deste trecho caracteriza-se por ser, em sua grande

maioria, horizontal, sem grande incidência de prédios, principalmente na área do trecho que

compreende o bairro Cacupé (Figura 66). Há, porém, presença de loteamentos bem

próximos à área do manguezal, em regiões com alta e moderada susceptibilidade a

deslizamentos e enchentes (Barnetche e Moretti, 2004).

Figura 66: Entrada de condomínio residencial no bairro Cacupé, principal tipo de distribuição residencial do bairro.

Fonte: da autora

O Trecho exibiu um nível de artificialização essencialmente natural e médio, o

primeiro representado pelas classes naturais que compõe a área combinado com a

ocupação residencial horizontal, sob forma de Tecido Urbano Descontínuo, que constitui um

nível médio de artificialização.

5.4.2.2 Trecho 4

O Trecho 4 encontra-se entre os bairros Cacupé e Santo Antônio de Lisboa e

manteve sua ocupação balanceada entre Espaços Naturais e Áreas Residenciais,

praticamente com a mesma porcentagem (41,71% e 41,47%, respectivamente), porém ao

somar a ocorrência de Áreas Residenciais com Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades

Comerciais, sobressai-se sobre o trecho o nível médio de artificialização, com 46,69%,

ultrapassando o grau natural. Neste trecho está inserida boa parte do bairro Cacupé, e é

composto por grande porcentagem de Floresta Ombrófila Densa característica de áreas de

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morro, que, instigado pela vista do mar que essas áreas proporcionam, são ocupados por

residências de alto valor econômico (Figura 67).

Figura 67: Residência de alto valor econômico localizada em topo de morro no bairro Cacupé

. Fonte: da autora

Destaca-se nesse trecho a passagem da Rodovia SC 401, importante ligação da

área central ao norte da Ilha. No mapa gerado, referente ao uso e ocupação do solo, é

possível observar que a presença desta rodovia tem papel fundamental na ocupação deste

local, já que representa uma via de acesso à uma área anteriormente inacessível e, assim,

torna possível a exploração da mesma.

Cabe ressaltar também que as manchas de restinga presentes na orla do trecho em

questão encontram-se bastante dispersas e em pequeno número, suprimidas devido à

ocupação de áreas bem próximas à praia, com construções, inclusive, encima da areia

(Figura 68).

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98

Figura 68: Residências construídas sobre a areia da praia.

Fonte: da autora

5.4.2.3 Trecho 5

O Trecho 5 compreende parte do bairro Santo Antônio de Lisboa e o início do bairro

Sambaqui. Este apresentou 54,80% de sua área composta por Espaços Naturais,

principalmente por extensas manchas de Floresta Ombrófila Densa, fragmentadas por Áreas

Residenciais (36,36%). A fragmentação da área de morro neste trecho é bem forte, com

intensa ocupação residencial, que compreende os bairros Santo Antônio de Lisboa e início

do bairro Sambaqui. Quanto ao grau de artificialização do trecho, a maior parte da área é

composta por um nível natural (54,80%), devido à grande área de morros com presença de

Floresta Ombrófila Densa e restinga, seguido de 24,82% de nível médio de artificialização e

19,56% de nível alto de artificialização, ambos representados pela ocupação por Áreas

Residenciais, que ora se comporta como Tecido Urbano Contínuo, que, apesar de não

constituir uma ocupação dominada por prédios, apresenta alta impermeabilização do solo

causada por construções residenciais onde as áreas superficiais cobrem mais de 60% do

total, ora como Tecido Urbano Descontínuo, com menor incidência de áreas superficiais nos

terrenos (Figura 69)

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99

Figura 69: Tecido urbano descontínuo em áreas de morro no bairro Santo Antônio de Lisboa

Fonte: da autora

5.4.2.4 Trecho 6

Por fim, o Trecho 6 compreende inteiramente o bairro Sambaqui e é o mais natural

de todos, com 91,88% de sua área coberta por Espaços Naturais. As Áreas Residenciais e

Infra Estruturas, Equipamentos e Unidades Comerciais somam apenas 7% da área do

trecho, caracterizando-o com um nível essencialmente natural. Este trecho apresenta essa

característica estritamente natural devido à presença da Restinga da Ponta do Sambaqui,

que compõe uma área protegida por lei no município. É característico dessa área, também,

a proximidade com o manguezal do Rio Ratones, que é parte integrante da ESEC Carijós,

tornando essa área pouco ocupada graças à presença massiva de áreas preservadas.

Ressalta-se que o acesso à essa área também é restrito, tendo em vista que a Rodovia SC

401 não se aproxima deste local, e, portanto, ocupada apenas por famílias de pescadores

tradicionais. Além disso, este é o trecho que apresenta incidência da atividade de

Maricultura, praticada pelos pescadores que habitam a área (Figura 70).

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100

Figura 70: Área de cultivo.

Fonte: da autora

5.5 Grau de Artificialização nas três escalas estabelecidas (Trecho, Setor, Município)

A partir da porcentagem de ocorrência de Espaços Naturais e classes que possuem

alto grau de artificialização foi possível definir qualitativamente o Grau de Artificialização de

cada Setor e cada Trecho (Natural, Semi Natural, Semi Artificial e Artificial), de acordo com

os intervalos demonstrados na metodologia. Os intervalos encontrados para cada Setor

demonstram que o Setor 1 caracteriza-se por ser Artificial, ao passo que o Setor 2

apresenta-se como Semi Natural (Quadro 11), evidenciando, dessa forma, a diferença entre

os tipos de ocupação das duas áreas, mesmo que inseridas dentro do mesmo município, o

que destaca a importância da análise a nivel setorial e não somente a nivel municipal.

Quadro 11: Grau de Artificialização por Setor

Fonte: da autora

Da mesma forma, os intervalos encontrados para os Trechos presentes no Setor 1 e

2 podem ser visualizados através dos Quadros 12 e 13. Nestes intervalos nota-se que os

trechos que compõe o Setor 1 são Artificiais, seguindo a característica do setor. Já no Setor

2, Semi Natural, há ocorrência de um trecho Semi Artificial e um Natural, além dos trechos

Semi Naturais, o que demonstra mais uma vez que quanto mais focalizada é a análise, mais

próxima da realidade esta chega, já que o Grau de Artificialização a nível municipal e

setorial pode não retratar a realidade encontrada quando são consideradas as Unidades de

Paisagem. Dessa forma é destacada a importância das análises em menores escalas.

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101

Quadro 12: Grau de Artificialização por Trecho no Setor 1.

Fonte: da autora

Quadro 13: Grau de Artificialização por trecho no Setor 2.

Fonte: da autora

Com isso, foram gerados os mapas referentes ao Grau de Artificialização nos dois

Setores propostos e nos 6 Trechos que compõe tais setores (Figuras 71 e 72).

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102

Figura 71: Mapa do Grau de Artificialização da Orla por Setor.

Fonte: da autora

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103

Figura 72: Mapa do Grau de Artificialização da Orla por Trecho.

Fonte: da autora

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104

Em escala municipal, a orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis ficou

caracterizada como Semi Artificial, com 50,41% de ocupação natural e 18,55% de ocupação

com alto grau de artificialização.

5.6 Comparação entre resultados da aplicação da metodologia na orla de Santa

Catarina

A metodologia aplicada neste estudo foi utilizada para avaliar o grau de

artificialização em outros seis trabalhos, todos na região litorânea do Estado de Santa

Catarina, compreendendo as seguintes áreas: Península de Porto Belo (Lacasa, 2009),

Itapema (PIATTO, 2009), Balneário Camboriú (PIATTO, 2009), Governador Celso Ramos

(MASCARELLO, 2011), Orla Noroeste de Florianópolis (PARTALA, 2011) e Costa Leste de

Florianópolis (KAJIYA, 2012).

A presente análise complementa um estudo maior com objetivo de analisar os

diferentes graus de artificialização no litoral catarinense. Cabe ressaltar que o presente

trabalho é o sétimo a ser realizado e o terceiro no município de Florianópolis, que agora

cobre as porções Leste, Norte, Noroeste e Oeste da Ilha.

Tais trabalhos, por usarem a mesma metodologia aqui aplicada, permitem a

comparação dos resultados encontrados quanto à avaliação do grau de artificialização e,

dessa forma, chegar a um panorama geral do comportamento do processo de artificialização

ao longo do litoral de Santa Catarina. Essa comparação é demonstrada através do Quadro

14, que apresenta a porcentagem dos quatro níveis de artificialização (Natural, Baixo, Médio

e Alto) encontrada em cada orla analisada pelos autores citados acima.

Quadro 14: Comparação dos resultados do grau de artificialização presente em diferentes áreas de

estudo.

Fonte: da autora

Pode-se concluir, através dos dados apresentados acima, que a orla que apresenta

um grau mais Natural nas áreas analisadas é a Costa Leste de Florianópolis, com 78% de

sua área total composta por este tipo de cobertura, seguida das orlas da Península de Porto

Belo e Bombinhas e Balneário Camboriú, ambas com aproximadamente 63% de nível

natural. Na ordem dos 50%, encontram-se as orlas de Governador Celso Ramos e a orla do

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105

presente estudo. Finalmente, a orla Noroeste de Florianópolis e de Itapema apresentaram

os menores valores de grau natural. Além disso, a orla que se mostrou mais altamente

artificializada foi a de Itapema, com 42,10% de seu território ocupado por um alto nível de

artificialização. Em segundo lugar, está a orla de Governador Celso Ramos, com 24,50%.

Cabe ressaltar que a orla do presente estudo encontra-se em quarto lugar em termos de alta

artificialização, podendo ser comparada à orla de Balneário Camboriú, ambas na ordem de

18% de sua área ocupada por este tipo de artificialização. Nestas duas áreas a semelhança

na ocupação de alto grau de artificialização está essencialmente entre a Praia Central de

Balneário Camboriú e a Avenida Beira Mar Norte de Florianópolis, ambas com uma

ocupação altamente verticalizada junto à orla, caracterizada pelo Tecido Urbano Contínuo,

conferindo a estas áreas um grau de artificialização alto.

Com um nível médio de artificialização, destaca-se a orla Noroeste do Município de

Florianópolis, com o maior valor apresentado, referente à 34,12%. E, por fim, o grau de

artificialização baixo mostrou-se pouco significativo, já que este compreende somente uma

classe (Espaços Naturais Alterados). Ainda assim, a Península de Porto Belo foi a que

apresentou uma porcentagem deste tipo de artificialização mais significativa (9,90%).

Cada área de estudo analisada apresenta suas peculiaridades quanto ao histórico de

ocupação e paisagem estabelecida nos dias atuais. Por isso, é importante levar em

consideração essas diferenças quando comparam-se os resultados relacionados ao tipo de

ocupação desses locais. Além disso, a metodologia mostra-se ineficiente quando compara

os níveis de artificialização no contexto geral, já que, por exemplo, no presente estudo, a

área apresentou-se essencialmente natural, apesar da forte ocupação concentrada

principalmente no Setor 1. Dessa forma, a presente metodologia não relata especificamente

a realidade existente nas áreas comparadas acima, sendo que a representação de tal

realidade é mais verdadeira quando analisam-se os Setores e Trechos pré-estabelecidos.

Vale ressaltar, ainda, que a presente área de estudo não apresentou destaque em

nenhum dos quatro níveis de artificialização propostos, quando comparada às demais orlas

analisadas.

Dentro do município de Florianópolis, a orla que apresentou-se mais Natural ainda é

a da Costa Leste, tendo em vista a extensa área de praias, morros e dunas que essa área

compreende. Já a orla que apresentou uma ocupação mais artificial foi a Noroeste, onde as

grandes áreas de bairros com residências multi-familiares foram os principais agentes

causadores deste alto grau de artificialização.

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106

5.7 Cenários Futuros na Orla do Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis

Neste item serão apresentados os resultados dos perfis traçados dentro dos Trechos

para análise dos possíveis cenários futuros no Setor Noroeste/Oeste da Ilha de

Florianópolis. Foram delimitados dois perfis em cada trecho, representando os tipos de

ocupação presente nos diferentes níveis de grau de artificialização (Artificial, Semi Artificial,

Semi-Natural e Natural). Os perfis foram escolhidos de acordo com características

peculiares dos tipos de ocupação que o trecho apresenta, de forma a caracterizar de forma

mais real possível o tipo de ocupação presente nos diferentes graus de artificialização.

Cabe ressaltar que os cenários futuros foram elaborados apenas de forma hipotética,

não havendo, para a tendência futura escolhida para os locais, uma referência científica,

apenas uma suposição baseada no tipo de ocupação já presente no local. Dessa forma, os

cenários atuais foram elaborados baseados nas imagens de satélite provenientes do Google

Earth.

5.7.1 Trecho 1 (Artificial)

O trecho 1 foi escolhido para demonstrar os cenários que caracterizam um trecho

considerado artificial, a fim de melhor entender o tipo de ocupação dessa categoria e suas

tendências futuras. Diante disso, os perfis traçados juntamente com os cenários são

apresentados a seguir.

5.7.1.1 Perfil A

O perfil um está localizado no bairro centro, englobando a porção da orla da Avenida

Beira Mar Norte em direção ao interior do continente, bem em frente à Praça de Portugal

(figura 73)

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107

Figura 73: Perfil A referente ao Trecho 1, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

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CENÁRIO ATUAL, TENDÊNCIA FUTURA E CENÁRIO IDEAL:

O Perfil A apresenta os três cenários no mesmo padrão, já que a ocupação desse

local está consolidada e, dessa forma, não apresentará variações a longo prazo. Conforme

os elementos do Projeto Orla, tais cenários podem ser assim descritos:

Barcos de Recreio + Píer + Enroncamentos + Calçadão + Praça + Avenida Beira Mar +

Verticalização

5.7.1.2 Perfil B:

Este perfil encontra-se localizado ainda no bairro Centro, no trecho em que está

localizado o Beira Mar Shopping (Figura 74)

Figura 74: Perfil B contido no Trecho 1, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

CENÁRIO ATUAL, TENDÊNCIA FUTURA E CENÁRIO IDEAL:

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5.7.2 Trecho 3 (Semi Natural)

O trecho 3 foi escolhido para demonstrar os cenários que caracterizam um trecho

considerado semi natural, a fim de melhor entender o tipo de ocupação dessa categoria e

suas tendências futuras. Os perfis traçados juntamente com os cenários são apresentados a

seguir.

5.7.2.1 Perfil C

Este perfil encontra-se localizado sobre o Manguezal do Saco Grande (Figura 75), no

bairro Saco Grande.

Figura 75: Perfil C inserido no Trecho 3, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

CENÁRIO ATUAL E IDEAL:

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TENDÊNCIA FUTURA:

De acordo com os elementos gráficos do Projeto Orla, os cenários atual e ideal, que

apresentam o mesmo padrão, são:

Manguezal+Rodovia+Ocupação de Morro+Morro Florestado

Já a tendência futura remete a:

Manguezal+Rodovia+Ocupação de Morro+Morro Semi Florestado

5.7.2.2 Perfil D

O perfil D está localizado no bairro Cacupé, que de forma geral apresenta uma

ocupação residencial mais horizontal (Figura 76).

Figura 76: Perfil D referente ao Trecho 3, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

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CENÁRIO ATUAL E IDEAL:

TENDÊNCIA FUTURA:

Os elementos gráficos do Projeto Orla descrevem os cenários atual e ideal do perfil

D como sendo:

Praia com Vegetação Baixa+Rua Beira Mar+Condomínio+Morro Semi Florestado

Enquanto que a tendência futura remete a:

Praia sem Vegetação+Avenida Beira Mar+Condomínio+Condomínio

5.7.3 Trecho 5 (Semi Artificial)

O trecho 5 foi escolhido para evidenciar os cenários que caracterizam um trecho

considerado semi artificial, a fim de melhor entender o tipo de ocupação dessa categoria e

suas tendências futuras. Os perfis traçados juntamente com os cenários são apresentados a

seguir.

5.7.3.1 Perfil E

O perfil E está localizado no bairro Santo Antônio de Lisboa, dentro de uma área

residencial (Figura 77)

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112

Figura 77: Perfil E, inserido no Trecho 5, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

CENÁRIO ATUAL:

TENDÊNCIA FUTURA:

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CENÁRIO FUTURO IDEAL:

De acordo com os elementos do Projeto Orla o cenário atual pode ser assim descrito:

Pesca+Recreação+Praia sem Vegetação+Bairro Convencional+Ocupação de Morro

Da mesma forma, a tendência futura remete a:

Pesca+Recreação+Praia sem Vegetação+Bairro Convencional+Ocupação de

Morro+Condomínio

Enquanto que o cenário futuro ideal pode ser assim considerado:

Pesca+Recreação+Praia Tranquila+Praia sem Vegetação+Bairro Convencional

5.7.3.2 Perfil F

O perfil F compõe o bairro Santo Antônio de Lisboa, assim como o perfil anterior

(Figura 78)

Figura 78: Perfil F, referente ao Trecho 5, visto em imagem de satélite

Fonte: Google Earth (2010)

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CENÁRIO ATUAL, TENDÊNCIA FUTURA E CENÁRIO FUTURO IDEAL:

O perfil F tem seus cenários atual, de tendência futura e futuro ideal assim descritos:

Estrada+Costão+Costão+Mata Atlântica

5.7.4 Trecho 6 (Natural)

O trecho foi escolhido para demonstrar os cenários que caracterizam um trecho

natural, a fim de melhor entender o tipo de cobertura dessa categoria e suas tendências

futuras. Os perfis traçados juntamente com os cenários são apresentados a seguir.

5.7.4.1 Perfil G

O perfil G está localizado no bairro Sambaqui, em uma das poucas áreas de orla

ocupadas dentro desse trecho (Figura 79)

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Figura 79: Perfil G, inserido no Trecho 6, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

CENÁRIO ATUAL E IDEAL:

TENDÊNCIA FUTURA:

Como pode ser visualizado através dos ícones do Projeto Orla, os cenários atual e

ideal podem ser assim representados:

Barcos de Recreio+Praia Tranquila+Restinga Alta+Estrada de Terra+Morro Florestado

Ao passo que a tendência futura remete ao seguinte cenário:

Barcos de Recreio+Praia Tranquila+Restinga Alta+Estrada de Terra+Ocupação de

Morro+Morro Semi Florestado

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5.7.4.2 Perfil H

O perfil H encontra-se no bairro Sambaqui, mais precisamente na Ponta do

Sambaqui e compõe uma área que engloba a ESEC Carijós (Figura 80)

Figura 80: Perfil H inserido no Trecho 6, visto em imagem de satélite.

Fonte: Google Earth (2010)

CENÁRIO ATUAL, TENDÊNCIA FUTURA E CENÁRIO FUTURO IDEAL:

O perfil H apresenta como cenários atual, ideal e tendência futura:

Costão+Mata Atlântica+Manguezal+Morro Florestado

Dessa forma, é possível verificar os diferentes tipos de ocupação presentes nos

quatro níveis de graus de artificialização (Artificial, Semi Artificial, Semi Natural e Natural) e

as possíveis tendências futuras dentro de cada um deles.

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117

5.8 Considerações quanto à aplicação do método

A metodologia utilizada apresentou alguns pontos a serem considerados, tendo em

vista as dificuldades que surgiram ao longo da aplicação da mesma. Para isso, tais pontos

serão discutidos a seguir.

5.8.1 Análise de imagens de satélite

Segundo Caetano et al (2002), a informação espectral contida em imagens de

satélite constitui uma potencial fonte de dados para projetos que envolvam tanto estudos

quantitativos como qualitativos para fins de gestão ambiental, em escalas locais, regionais

ou globais. Porém, a produção automática a partir de imagens de satélite pode ser

prejudicada por situações como o fato de diferentes ocupações de solo apresentarem

assinaturas espectrais semelhantes, ou de algumas ocupações de solo ou classes de uso

de solo não serem identificáveis ao nível do pixel. Dessa forma, o sucesso da utilização das

imagens em cartografia temática não só depende da adequabilidade das imagens

escolhidas para a produção cartográfica com determinadas especificações técnicas (como

escala, unidade mínima e nomenclatura), mas também da metodologia, características da

área de estudo, e do maior ou menor sucesso da redução de perturbações introduzidas pela

atmosfera e topografia.

Cabe ressaltar, ainda, que a interpretação visual de imagens depende

exclusivamente do olhar do observador, podendo, dessa forma, apresentar diferentes

resultados, já que aquilo que não é distinguível para um pode sê-lo para outro, ou até

mesmo um determinado objeto pode representar classes de uso do solo diferentes,

dependendo do ponto de vista do analista.

5.8.2 Escala

As escalas definidas pelo método não apresentam caráter exclusivo, tendo em vista

que dependendo do tamanho da área de estudo e, consequentemente, dos setores

estabelecidos, a escala terá de sofrer uma adequação pertinente ao enquadramento total da

área. No presente estudo, isso ocorreu com a Escala de Tomada de Decisão, onde o Setor

2, de área consideravelmente maior que o Setor 1, só encaixava-se totalmente em escala

1:40.000, diferentemente da escala utilizada no mesmo método por outros autores, como

Lacasa (2009), Piatto (2009) e Partalla (2011). Da mesma forma, escalas muito baixas,

apresentam seu ponto positivo na abrangência de áreas maiores, porém tendem a gerar a

homogeneização das classes, subestimando a análise e a influência dos determinados tipo

de ocupação no local estudado.

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118

5.8.3 Classes de uso e ocupação do solo

Assim como a interpretação dos objetos contidos nas imagens de satélite apresenta

ambiguidades aos observadores, as classes de uso e ocupação do solo utilizadas no

método podem ser representadas de formas diferentes de acordo com o ponto de vista do

analista. No presente estudo, o grupo com definições mais subjetivas foi o de Áreas

Residenciais. Para contornar essa subjetividade, as quatro classes apresentadas por

Lacasa (2009) foram dissolvidas a somente duas, agrupando-as de acordo com o mesmo

grau de artificialização. Dessa forma, as classes Áreas Residenciais Multi-Familiares foram

dissolvidas à Tecido Urbano Contínuo (grau de artificialização alto) e Áreas Residenciais

Uni-Familiares à Tecido Urbano Descontínuo (grau de artificialização baixo). Outro grupo

que apresenta forte dificuldade de distinção entre classes é o de Espaços Semi Naturais,

sendo que, através da análise visual, tornou-se difícil diferenciar áreas com alteração

antrópica moderada a alta. Além disso, é raro encontrar uma área alterada que já não possa

ser incluída dentro de outra classe, tornando a análise desse tipo de ocupação bastante

subjetiva. Ao mesmo tempo, os costões rochosos encontrados na área de estudo

apresentaram-se sempre acompanhados da classe Formação Pioneira de Influência

Marinha, sendo que nesses casos onde duas classes distintas ocupavam uma mesma área,

a vegetação foi classificada como Formação Pioneira de Influência Marinha e as rochas

visíveis como Costão Rochoso, para, dessa forma, não ocultar a presença de costões

rochosos na área.

Outras classes definidas por Lacasa (2009) não foram adotadas no presente estudo

pela ausência das mesmas, enquadrando-se nesse perfil: Inlets, Marismas, Lagoas, Áreas

Portuárias, Rodovia e Terreno Associado, Área de Extração Mineira, Depósitos de Lixo,

Agricultura Intensiva, Agricultura Não Intensiva, Áreas Agro-Florestais, Áreas de Pasto e

Pecuária, Silvicultura.

Além disso, cabe ressaltar que a classe Formação Pioneira de Influência Marinha

engloba três tipos de restinga: arbustiva, herbácea e arbórea, assim como a classe que

compõe a Floresta Ombrófila Densa enquadra as subdivisões Aluvial das Terras Baixas e

Submontana, porém, nesses casos, o grau de artificialização é o mesmo em todos os tipos,

já que são consideradas classes naturais e, portanto, com um grau natural. Ainda nesse

contexto, estabelecer o limite entre Formação Pioneira de Influência Marinha e Floresta

Ombrófila Densa (em regiões de morros que se estendem até a praia) é um desafio

considerando uma análise visual de imagens de satélite, havendo, para um diagnóstico mais

detalhado, a necessidade de saídas à campo de verificação, o que não compreende o foco

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do presente estudo. Dessa forma, a representação da cobertura do solo por meio do

presente método foca-se na avaliação do grau de artificialização de cada classe de

cobertura e uso, e não necessariamente na confecção de um mapa detalhado da cobertura

e uso do solo na presente área.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia aplicada para mapeamento dos diferentes usos e cobertura do solo,

de acordo com a técnica desenvolvida pelo sistema CORINE LAND COVER, mostrou-se

eficiente e de grande funcionamento para a análise do grau de artificialização da Orla no

Setor Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis e, dessa forma, suscitou uma visão geral de

como a dinâmica da ocupação e desenvolvimento da orla funciona, permitindo uma análise

que atua como subsídio para a gestão das zonas costeiras.

A análise nas três escalas estabelecidas mostrou que, quanto mais focada é a área

de avaliação, maior é representação da realidade, quando comparado à análise em escala

geral. Isso torna-se evidente quando, em escala geral, vemos a orla do Setor

Noroeste/Oeste da Ilha de Florianópolis com mais de 50% de seu território ocupado por

classes de Espaços Naturais, porém a medida que a análise se foca em Setores e Trechos,

percebemos que há lugares com alto grau de artificialização, inclusive dentro de trechos que

são compostos por extensas áreas naturais, como é o caso do trecho em que está inserido

o manguezal do Itacorubi.

Dentro da realidade da área analisada encontramos, então, trechos altamente

artificializados, principalmente na região central da cidade, e trechos onde a ocupação é

menos densa e ainda preserva as características histórico-culturais da Ilha. A realidade

diversificada da área permitiu a ocorrência de todos os tipos de graus de artificialização,

desde orlas inteiramente artificializadas, como é o caso da orla presente na Avenida Beira

Mar Norte, à orlas quase que inteiramente preservadas, como é o caso da orla que compõe

a Ponta do Sambaqui. Ao mesmo tempo em que a área apresenta uma necessidade de

gerenciamento em alguns locais, como nas áreas circundantes ao manguezal do Itacorubi

que sofre com a elevada pressão antrópica, outras áreas encontram-se altamente

desenvolvidas, como é o caso das áreas centrais da cidade, que apesar de constituírem-se

de uma extensa ocupação altamente artificial, são dotadas de diversas áreas verdes que

contribuem para a estética da paisagem e auxiliam na qualidade ambiental, além de

representarem o pólo administrativo da cidade.

Por outro lado, o processo de artificialização do solo tem uma importante

consequência: a impermeabilização dos solos. Este fator torna-se fundamental quando

consideram-se os problemas climáticos relacionados às cheias, causando sérios problemas

sócio-ambientais. Dessa forma, a eficiência na infraestrutura urbana pode ser um fator que

venha a minimizar os problemas relacionados à impermeabilização do solo.

Cabe ressaltar que o processo de artificialização do litoral não pode, de maneira

nenhuma, ser visto somente sob o ponto de vista negativo, uma vez que o mesmo acarreta

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no desenvolvimento turístico e econômico da orla, como é o caso da Avenida Beira Mar

Norte, que é uma orla totalmente artificializada, porém constitui um dos cartões postais da

cidade e representa uma das zonas mais valorizadas, além de trazer grande mobilidade

urbana ao local. O desenvolvimento e modernização do litoral suscitado por esse processo é

indiscutível, porém resta saber se tal desenvolvimento é compatível com a existência de

ambientes naturais, altamente frágeis e enriquecidos por uma biodiversidade única

característica de áreas insulares. Nesse momento, o gerenciamento costeiro torna-se

fundamental, servindo na medição dos conflitos gerados pelos diferentes setores da

sociedade, como foi visualizado no estudo de caso na Ponta do Coral, onde o interesse da

comunidade é conflitante com o interesse privado.

É importante destacar, ainda, que a alta artificialização ligada à verticalização pode

vir a solucionar problemas de adensamento populacional de forma eficiente, tendo em vista

que uma construção vertical ocupa uma área menor do que construções residenciais

horizontais, comportando maior número de pessoas, e, dessa forma, agrupando de forma

mais eficiente um maior número de habitantes em um menor espaço. Mas, para isso, é

necessária uma moderna e competente infraestrutura não só urbana, como também nas

próprias construções.

O papel exercido pelos atores governamentais nos processos de ocupação da orla é

de extrema importância, visto que cabe a estes o processo de gerenciamento destas zonas,

através de instrumentos de gestão como, por exemplo, o Plano Diretor, além de ser de sua

responsabilidade a eficiência na infraestrutura urbana. Cabe ressaltar que o novo Plano

Diretor do município está em fase de discussão, o que torna este trabalho um importante

subsídio para a tomada de decisão na construção de um Plano Diretor adequado às

necessidades da cidade.

Finalmente, o presente estudo atingiu os objetivos propostos e deixa claro que o

processo de artificialização do litoral é algo inevitável e apresenta seus pontos positivos e

negativos. Diante disso, como alternativa para minimizar os pontos negativos está o

aumento da fiscalização das ocupações de áreas de preservação permanente, como

manguezais e topos de morros. Outra alternativa é a preservação das características

históricas e culturais daqueles bairros que ainda as apresentam, não permitindo, através do

Plano Diretor, a verticalização nesses locais, além da implantação de programas de

ecoturismo nas áreas protegidas, visando a conscientização da população em relação à

fragilidade desses ambientes. Dentro da eficiência na infraestrutura pode-se citar os

modernos green building, que consistem em prédios com certificação verde e que utilizam

materiais ecológicos, além de fontes de energia renovável e reaproveitamento de água, que

tem sido amplamente estudados nos últimos anos, de forma a sustentar uma maior

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quantidade de pessoas de forma menos poluidora, tornando possível, dessa forma, a

coexistência entre o natural e o artificial.

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7. RECOMENDAÇÕES

A realização do presente estudo remeteu à necessidade de algumas adaptações

quanto à metodologia utilizada, de forma a adequar o método à área analisada. Dessa

forma, serão citadas as recomendações quanto à metodologia aplicada, de forma a tornar a

análise mais eficaz:

Maior detalhamento das categorias de uso e ocupação do solo, principalmente nas

categorias de Formação Pioneira de Influência Marinha e Floresta Ombrófila Densa,

de forma a permitir a identificação de suas subdivisões nas localidades para, assim,

gerar um mapeamento mais detalhado e realista dos usos e ocupação do solo na

área;

Definir as categorias de forma mais clara, evitando subjetividades na interpretação

desta para os pesquisadores que forem utilizá-las;

Criação de uma categoria específica para Restinga de Costão Rochoso,

diferenciando esse tipo de cobertura da classe de Costão Rochoso em si;

Adaptação das escalas de análise em função do tamanho da área a ser analisada;

Quanto às futuras análises tanto no município de Florianópolis quanto em outras

áreas, recomenda-se:

Análise histórico-temporal do processo de artificialização, para melhor entendimento

do processo;

Análise tridimensional do grau de artificialização, tendo em vista que a metodologia

aplicada considera os graus de artificialização em áreas bidimensionais, não

considerando a tridimensionalidade das ocupações e como esta volumetria interfere

no meio;

Utilização do presente método na análise de áreas prioritárias à conservação, a

serem consideradas nas atuais discussões do Plano Diretor do município;

Quanto à metodologia aplicada para identificação dos usos do mar, recomenda-se:

Ampliação das categorias, com maior detalhamento para melhor caracterização dos

usos;

Utilização da presente metodologia como subsídio ao zoneamento dos espaços

marinhos, desde que haja maior detalhamento das categorias de usos do mar;

Análise quantitativa dos usos do mar realizada por número de ocorrência e não por

porcentagem, tendo em vista que, a influência dos equipamentos de apoio náutico,

como píers, trapiches, atracadouros, molhes etc., pode ser subestimada sob o

âmbito de porcentagem de cobertura, apesar de encontrar-se em grande número.

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VOIVODIC, R. A. A. Gestão Ambiental e Gerenciamento Costeiro Integrado no Brasil: uma

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ANEXOS

ANEXO 1 - Legenda CORINE Land Cover

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ANEXO 2 – Classes de Uso do Solo adaptadas por Lacasa (2009)

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ANEXO 3 - Definição das Classes propostas por Lacasa (2009), encontradas na área de

estudo e adaptadas à realidade da área estudada

ESPAÇOS NATURAIS: Dunas: dunas móveis, fixas, sem ou com vegetação; Praia: inclui praias dissipativas, reflectivas, intermediárias, arenosas ou rochosas. Estende-se da linha de costa até outra barreira natural ou humana; Costão: rochas e corais lisos, situados acima da mancha de maré alta de sizígia; Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa): Este tipo de vegetação é caracterizado por fanerófitos, alem de lianas lenhosas e epífitas. A característica ombrotérmica da Floresta Ombrófila Densa, está presa a fatores climáticos tropicais e elevadas temperaturas (médias de 25º) e de alta precipitação, bem distribuída durante o ano. (VELOSO et.al, 1991); Restinga (Formação Pioneira de Influência Marinha): A vegetação de restinga compreendeformações originalmente herbáceas, subarbustivas, arbustivas ou arbóreas, que podem ocorrer em mosaicos. A vegetação de ambientes rochosos associados à restinga, tais como costões e afloramentos, quando compostas por espécies citadas anteriormente, será considerada como vegetação de restinga; Mangue (Formação Pioneira com Influência Flúvio-Marinha): Ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Característico de regiões tropicais e subtropicais está sujeito ao regime de marés, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais. Constituídos pelas principais espécies de mangue: Rhizophora Mangle (Mangue vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco), Avicenia SP (mangue preto, canoé) e Conocarpus erectus (Mangue de botão); Cursos d´agua: cursos naturais de água que drenam para canais. Inclui estuários; ESPAÇOS SEMI-NATURAIS: Espaços naturais alterados: espaços naturais que apresentam degradação pela ação antrópica. Isso inclui todas as classes naturais citadas anteriormente, afetadas por qualquer tipo de alteração como erosão, deterioração da vegetação ou de cursos d’água. Essas podem se reconstituir naturalmente ou ao longo do tempo, sem a intervenção humana. Espaços naturais muito alterados: espaços naturais degradados que necessitam de intervenção humana para serem reconstruídos. ÁREAS RESIDENCIAIS: Tecido urbano contínuo: a maioria do terreno é impermeável, pois é ocupado por um conjunto de áreas residenciais como prédios, casas, hotéis e suas calçadas. Possuem uma alta densidade populacional e suas áreas superficiais cobrem de 60% a 80% da superfície total. Áreas de vegetação e solo descoberto são excepcionais. Estão inclusos nessa classe os centros urbanos e áreas periféricas onde prédios formam um tecido contínuo e homogêneo.

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Tecido urbano descontínuo: a quantidade de casas é o principal critério, pois as áreas superficiais cobrem até 60% do total. Essa classe compões áreas residenciais com baixa densidade populacional e casas conectadas ou não, por áreas urbanas INFRA-ESTRUTURAS, EQUIPAMENTOS E UNIDADES COMERCIAIS: Unidade comercial ou industrial: áreas com superfícies impermeáveis, sem vegetação, que contem prédios ou infra-estruturas, estas áreas são formadas por estruturas industriais e comerciais, como shopping centers. Estrada e terreno associado: ruas asfaltadas e suas áreas associadas, como acostamento, pontes e estacionamento. Caminho ou estrada sem asfaltar: caminhos, trilhas e pequenas ruas e estradas de terra ou outro substrato permeável. Instalações públicas: todas as construções ou instalações que sejam acessíveis para o público, como instalações esportivas cobertas, centros de lazer, hospitais, corpo de bombeiros ou militares, estações de tratamento de efluentes, redes de telecomunicação e transformadores, etc. Áreas urbanas verdes: áreas com vegetação, incluindo parques, cemitérios com vegetação, áreas de camping, campos de futebol, parques de lazer, canteiros, etc. Comportam todas as áreas que estejam situadas dentro ou em contato com tecidos urbanos. MINAS, DEPÓSITOS DE LIXO E ÁREAS EM CONSTRUÇÃO: Áreas em construção: espaços com construção em andamento, escavações de solo ou rochas (fundação);

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ANEXO 4 – Grupo de Especialistas utilizados por Lacasa (2009). Fonte: Piatto, 2009

Dr. Marcus Polette, em Ecologia e Recursos Naturais e Pós-doutorado em Ciências Políticas. Professor e pesquisador do Laboratório de Gerenciamento costeiro da Universidade do Vale do Itajaí. Suzana Guedes, graduação em oceanografia e Mestra em Ciência e Tecnologia Ambienteal. Especialista em GIS. Dr. Rosemeri Carvalho Marenzi, em Ciências Florestais/Conservação da Natureza. Professora e Pesquisadora do Laboratório de unidades de Conservação da Universidade do Vale do Itajaí. Dr. Francisco Mezquita, professor e pesquisador no Departamento de Ecologia e Microbiologia da Universidade de Valencia. Oscar Garcia-Aguilar, PhD pesquisador do instituto Hidraulico Ambiental “IH Cantabria”.

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ANEXO 5 – Unidades de Paisagem da Ilha de Florianópolis (Plano de Intervenção da Orla

Marítima de Florianópolis, 2011)