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SÃO PAULO, 08 DE OUTUBRO DE 2014.

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SÃO PAULO, 08 DE OUTUBRO DE 2014.

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Distribuição vetada

Lei que proíbe sacolas plásticas em São Paulo volta a valer,

decide TJ-SP

A lei paulistana que proibiu em 2011

a distribuição de sacolas plásticas

nos supermercados foi considerada

constitucional pelo Tribunal de

Justiça de São Paulo. O Órgão

Especial suspendeu uma liminar que

proibia a aplicação da regra e julgou

improcedente ação movida pelo

Sindicato da Indústria do Material

Plástico do Estado. A decisão foi

publicada nesta terça-feira (7/10) no

Diário da Justiça Eletrônico e,

segundo o site do Estado de S.Paulo, determina que a norma entre em vigor

em 30 dias.

A Lei Municipal 15.374 foi sancionada na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab

(PSD), mas sua aplicação estava suspensa desde 2011. O sindicato dizia que

a regulação de matéria relativa a meio ambiente não é de competência

municipal e, por isso, seria inconstitucional. A prefeitura tentou derrubar a

decisão em segunda instância, sem sucesso. A Câmara Municipal chegou a

apresentar reclamação ao Supremo Tribunal Federal, mas também teve o

pedido negado.

Ao avaliar o caso no dia 1º de outubro, o TJ-SP concluiu que não havia

problema na proibição das sacolinhas. Os argumentos dos desembargadores

só serão detalhados no acórdão, que ainda não foi publicado. O advogado

Jorge Luiz Batista Kaimoti Pinto, que representa a indústria plástica, disse ao

Estado que vai recorrer no Superior Tribunal de Justiça. “Vamos de novo

questionar a capacidade de municípios legislarem sobre as sacolas plásticas,

algo já definido como de tarefa do governo federal na política nacional de

resíduos sólidos”, disse ele.

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Em nota, o sindicato declarou que a decisão “surpeende” por contrariar outras

42 anteriores do próprio Órgão Especial. Segundo o texto, o tribunal já havia

reconhecido a conexão entre todos os municípios do estado com relação à

uniformidade de posturas ambientais e destinação de resíduos. “O Órgão já

havia barrado leis municipais idênticas a essa das cidades de Guarulhos,

Barueri e Osasco. Portanto, a decisão com relação a São Paulo contraria a

uniformidade já aclamada pelo próprio Tribunal de Justiça.”

Processo: 0121480-62.2011.8.26.0000

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Ministério Público aciona Justiça para Sabesp reduzir retirada

de água do Sistema Cantareira

Na segunda-feira, reservatório chegou a 5,8% da capacidade, nível mais baixo

de sua história

Os Ministérios Públicos Estadual e Federal entraram com uma ação civil

pública na Justiça pedindo a "revisão imediata" da retirada de água do Sistema

Cantareira pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

Paulo) e a proibição da captação integral da segunda cota do volume morto do

manancial, que nesta segunda-feira (6) chegou a 5,8% da capacidade, nível

mais baixo de sua história.

Assista ao vídeo:

http://noticias.r7.com/sao-paulo/ministerio-publico-aciona-justica-para-sabesp-reduzir-retirada-

de-agua-do-sistema-cantareira-07102014

A ação é resultado de uma investigação sobre a crise do Cantareira feita pelos

promotores do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio

Ambiente) de Campinas e Piracicaba e foi ajuizada na 3ª Vara da Justiça

Federal de Piracicaba em conjunto com um procurador da República daquela

cidade. Além da Sabesp, são réus na ação a ANA (Agência Nacional de

Águas) e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo),

órgãos reguladores do manancial. Ainda não houve decisão judicial.

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Volume de água do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo Daia Oliver/11.09.2014/R7

Para os promotores, "enquanto não for imposto um limite máximo de utilização

das águas disponíveis no Sistema Cantareira, evidentemente continuará a

Sabesp contando com a possibilidade de avanço da captação por

bombeamento até o possível esgotamento dos reservatórios".

Os promotores pedem a "revisão imediata" das vazões de retirada da Sabesp

para abastecer a Grande São Paulo, atualmente em 19,7 mil litros por

segundo, para que a primeira cota do volume morto chegue até 30 de

novembro, horizonte de planejamento para o uso da reserva profunda. Pelos

cálculos do próprio governo Geraldo Alckmin (PSDB), os 182,5 bilhões de litros

adicionais que começaram a ser captados em 31 de maio devem se esgotar na

primeira quinzena de novembro. Um acordo para reduzir em 13% a retirada

chegou a ser anunciado pela ANA, mas o governo Alckmin negou.

A ação pede ainda que sejam definidas novas vazões de retirada para a

Sabesp para que o Cantareira atinja em 30 de abril de 2015, início do período

de estiagem, "no mínimo, o mesmo volume útil" registrado na mesma data

neste ano, ou seja, 10% da capacidade, equivalente a 97,4 bilhões de litros. Os

promotores pedem ainda que a Sabesp seja impedida de usar integralmente a

segunda cota do volume morto, de 106 bilhões de litros, "uma vez que tal

autorização comprometerá o descarregamento por gravidade de volumes de

água para a Bacia do Piracicaba".

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O documento pede ainda que sejam adotadas as medidas necessárias para

assegurar a recuperação do Cantareira no menor tempo possível, não

ultrapassando o prazo máximo de cinco anos. Procuradas, Sabesp e ANA

informaram que ainda não foram notificados da ação e vão aguardar

informações para comentar o assunto. O DAEE e a Secretaria de Saneamento

e Recursos Hídricos não se manifestaram.

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Arq.Futuro e Instituto Semeia promovem evento

“Parques do Brasil”, em São Paulo

Bournemounth (Reino Unido). Cortesia de Coastal Parks and Garden Foundation

O Arq.Futuro, em parceria com o Instituto Semeia, promove o evento “Parques

do Brasil: modelos de gestão, oportunidades e exemplos que inspiram”, que

acontecerá no dia 7 de outubro, no auditório da Fundação Bienal, no Parque

do Ibirapuera em São Paulo.

Especialistas internacionais vão compartilhar suas experiências na gestão de

parques, entre os quais Lydia Ragoonanan, gerente do Rethinking Parks, que

trará a perspectiva da instituição britânica na manutenção e melhoria de

parques no Reino Unido.

A Rethinking Parks trabalha com um fundo de £1 milhão, a partir de recursos

do Heritage Lottery Fund, do Big Lottery Fund e da organização filantrópica

Nesta, para financiar projetos de até £100 mil que tragam ideias inovadoras

para a gestão de parques.

Dados da Rethinking Parks indicam que o financiamento público para serviços

de parques terá uma queda de 60% no orçamento do governo na próxima

década, embora 70% dos administradores de parques tenham notado um

aumento expressivo no número de visitantes. Com o aumento da importância

desses espaços públicos para a vida urbana, surge a necessidade de

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contemplar novos modelos de negócios que possam tornar os parques

economicamente atraentes e sustentáveis.

A Rethinking Parks organizou uma competição nacional para reunir projetos

inovadores para parques. A organização selecionou 11 finalistas que serão

apresentados por Lydia Ragoonanan no seminário Parques do Brasil, em São

Paulo.

Algumas ideias levantadas incluem a produção de instalações temporárias para

gerar receitas ao parque, como cinemas a céu aberto, festivais culinários e

exposições artísticas. O Park Hack, no bairro de Hackney em Londres, prevê

um modelo de negócios em que as empresas da região financiam a

manutenção dos parques, mas, em contrapartida, podem usar o espaço para

eventos corporativos.

Park Hack, Londres. A organização filantrópica Groundwork London e o

escritório de arquitetura Gensler desenvolvem um modelo de negócios em que

empresas financiam e usam os parques da região para eventos corporativos.

Cortesia de Park Hack/Rethinking Parks

Na comunidade de Burley, uma iniciativa que será testada é o uso da criação

de abelhas e plantação de flores para produção de óleo, como maneiras de

gerar receita para os parques e, assim, custear sua manutenção. Outro projeto

em andamento na Escócia vai procurar aproximar os parques dos cidadãos por

meio de um mapa digital com uma agenda atualizada de todas as atividades

culturais que acontecem nos parques de Glasglow e Edimburgo.

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O suor da floresta: Ele cria um rio que corre sobre nós

Antonio Donato Nobre estuda as interações entre as florestas e a atmosfera.

Sua pesquisa mostrou que há verdadeiros rios de vapor correndo sobre a

floresta amazônica e levando umidade para boa parte do continente. Graças a

esses rios, a América do Sul não é um deserto como a África. Sua pesquisa

revela a fragilidade das florestas diante das atuais mudanças climáticas e o

risco que corremos se as perdermos

.

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Vídeo: TED - Ideas Worth Spreading

Tradução: TED Open Translation. Revisão: Leonardo Silva

Cientista de renome internacional, o brasileiro Antonio Donato Nobre investiga

os sistemas naturais da Amazônia. Seu trabalho ilustra a bela e imensa

complexidade dessa região, bem como a sua fragilidade diante das atuais

mudanças do clima global.

O cientista brasileiro Antonio Donato Nobre

Antonio Donato Nobre vê a natureza como uma sinfonia muito bem

orquestrada. Cientista do Instituto Nacional para a Pesquisa Espacial (INPE) e

pesquisador sênior do Instituto Nacional da Pesquisa Amazônica (INPA), ele

estuda o solo, a hidrologia e a bioquímica da Amazônia com o objetivo de

aumentar nossos conhecimentos a respeito dos complexos sistemas

integrados daquilo que ele chama de “maravilha geológica”, a Amazônia.

Donato Nobre dedica-se particularmente à compreensão das interações entre a

floresta e a atmosfera, e de como “o suor da floresta”, a transpiração das árv

ores, forma uma gigantesca corrente que se desloca carregando umidade para

outras regiões da América do Sul e do mundo. Seu estudo “O futuro climático

da Amazônia” sintetiza o que se sabe hoje a respeito do delicado equilíbrio

ecológico naquela região, e o grande risco que corremos de perdê-la por

completo.

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Vídeo:

http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/156172/O-suor-da-floresta-Ele-cria-um-rio-que-

corre-sobre-n%C3%B3s.htm

Tradução integral da conferência de Antônio Donato Nobre ao TED:

O que vocês acham? [Para] quem viu a memorável palestra de Sir Ken, no

TED, eu sou um típico exemplar do que ele descreve: "Um corpo carregando

uma cabeça". Professor universitário, né? E vocês poderiam achar que é uma

covardia me colocar, depois dessas duas primeiras apresentações, para falar

de ciência. Não consigo balançar meu corpo no ritmo. E depois de um cientista

que se tornou filósofo, eu tinha que falar da ciência pura. Poderia ser um tema

muito árido e, no entanto, eu me sinto agraciado. Nunca na minha carreira; e já

vai longe a minha carreira; eu tive a oportunidade de começar uma palestra

com tamanha inspiração, como esta.

Normalmente, falar de ciência é como se exercitar numa terra árida. No

entanto, eu tive a felicidade de ser convidado para vir aqui falar sobre água. E

"água" e "árido" não combinam, né? Melhor ainda, falar sobre água na

Amazônia, que é um berço esplêndido de vida, né? Fresca. Então, é o que me

inspirou. Por isso estou aqui, apesar de estar carregando a minha cabeça aqui,

"malemá", eu estou aqui tentando, vou tentar, transmitir essa

inspiração. Espero que a história os inspire, que vocês multipliquem.

A gente sabe que há controvérsia -- a Amazônia é o pulmão do mundo, né? --

pelo poder que ela tem de trocar massivamente gases vitais -- a floresta com a

atmosfera. A gente também escuta falar do celeiro da biodiversidade. Embora

muitos acreditem nisso, poucos conhecem. Se vocês saírem aqui fora, nesse

igapó, vocês vão se maravilhar com a... Vocês quase não conseguem ver os

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bichos. Os índios dizem: "Na floresta, tem mais olhos do que folhas." E é real, e

eu vou tentar mostrar alguma coisa para vocês.

Hoje, eu trouxe uma outra abordagem aqui, uma abordagem em que, inspirado

por essas duas iniciativas aqui, uma harmônica e outra filosófica, eu vou tentar

colocar a abordagem que é um pouco material, mas ela tenta transmitir

também que existe, na natureza, uma filosofia e uma harmonia

extraordinárias. Não vai ter música na minha apresentação, mas eu espero que

vocês vejam a música da realidade que eu vou mostrar. [Vou] falar de fisiologia

-- não é pulmão, é de outras analogias com a fisiologia humana e,

principalmente, o coração. A gente começa... pensando que a água é como o

sangue. A circulação no nosso corpo leva o sangue fresco, que alimenta, que

nutre e que sustém, e traz de volta o sangue usado, para ser renovado. Na

Amazônia, ocorrem coisas muito semelhantes. E a gente começa falando sobre

o poder de todos esses processos.

Isso aqui é uma imagem, em movimento, das chuvas. E o que vocês estão

vendo ali são os anos passarem a cada segundo. As chuvas no mundo inteiro.

E o que vocês veem? Que a região equatorial, em geral, a Amazônia em

particular, é enormemente importante para o clima do mundo. É um motor

poderoso. Existe aqui uma atividade frenética em relação à evaporação. Se a

gente olhar outra imagem, que mostra os fluxos de vapor de água, o que é

preto ali é ar seco, o que é cinza é ar úmido e o que é branco são

nuvens. Vocês veem ali um ressurgimento extraordinário na Amazônia. Que

fenômeno -- se não é um deserto, que fenômeno faz com que a água jorre do

solo para a atmosfera, com tamanho poder, que a gente vê do espaço? Que

fenômeno é esse? Poderia ser um gêiser. O gêiser é a água subterrânea

aquecida pelo calor do magma, que explode para a atmosfera, transfere essa

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água para a atmosfera. Nós não temos gêiseres na Amazônia, a menos que eu

me engane. Eu não sei se alguém conhece algum. Mas nós temos algo que faz

o mesmo papel, mas com muito mais elegância: são as amigas e benfazejas

árvores, que, assim como os gêiseres, conseguem transmitir uma quantidade

enorme de água do solo para a atmosfera.

São 600 bilhões de árvores na Amazônia, 600 bilhões de gêiseres. E isso com

uma sofisticação extraordinária. Não precisam do calor do magma. Usam a luz

do Sol para fazer esse processo. Então, em um dia, um típico dia ensolarado

na Amazônia, uma árvore grande chega a produzir mil litros de água através da

sua transpiração. Mil litros. Se você pegar toda a Amazônia, que é uma área

muito grande, e você somar toda essa água que está sendo transpirada -- é o

suor da floresta --, você chega num número extraordinário: 20 bilhões de

toneladas de água. Vocês sabem -- isso em um dia. Vocês sabem quanto é

isso? O rio Amazonas, o maior rio da Terra, um quinto de toda a água doce que

sai dos continentes no mundo inteiro e que chega nos oceanos, despeja 17

bilhões de toneladas de água por dia no Oceano Atlântico. Esse rio de

vapor, que sai da floresta e vai para a atmosfera, é maior que o rio

Amazonas. Só para vocês terem uma ideia. Se a gente pudesse pegar uma

chaleira bem grandona, aquelas de botar na tomada, chaleira elétrica, e colocar

todos esses 20 bilhões de toneladas dentro, de quanta eletricidade você

precisaria para evaporar essa água? Alguém tem ideia? Uma chaleira bem

grande mesmo. Chaleira dos gigantes, né? 50 mil Itaipus. Itaipu, para quem

não sabe, é a maior hidroelétrica do mundo, ainda, e é um orgulho

brasileiro porque fornece mais de 30% da energia que é consumida no Brasil. E

a Amazônia está aqui, fazendo isso de graça. É uma poderosíssima e viva

usina de serviços ambientais.

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Ligando nesse tema, nós vamos falar sobre o que eu chamo de "paradoxo da

sorte", que é uma curiosidade. Se você olhar o mapa-múndi -- é fácil perceber

isso --você vê que, na zona equatorial, você tem as florestas, e os desertos

estão organizados a 30 graus de latitude norte e a 30 graus de latitude sul,

alinhados. Veja ali, no hemisfério sul, o Atacama, o da Namíbia e o Kalahari na

África, o deserto da Austrália. No hemisfério norte, o Saara, Sonora e etc. E

tem uma exceção, e é uma curiosidade: é o quadrilátero que vai de Cuiabá a

Buenos Aires, de São Paulo aos Andes. Esse quadrilátero era para ser

deserto. Está na linha dos desertos. Por que não é? Por isso que eu chamo de

"paradoxo da sorte".

O que tem na América do Sul de diferente? Se a gente puder usar a

analogia da circulação sanguínea no corpo e do sangue, com a circulação da

água na paisagem, a gente vê nos rios que eles são veias, eles drenam a

paisagem, eles drenam o tecido da natureza. E onde estão as artérias? Algum

palpite? O que leva... Como que a água chega a irrigar os tecidos da

natureza e trazer de volta tudo pelos rios? Tem um novo tipo de rio, que nasce

no oceano azul, que flui pelo oceano verde -- não só flui, mas ele é bombeado

pelo oceano verde -- e cuja foz é a terra da gente. Toda a nossa economia,

aquele quadrilátero, 70% do PIB da América do Sul saem daquela

região. Depende desse rio. E esse rio flui, invisível, acima de nós. Estamos

flutuando aqui nesse flutuante, num dos maiores rios da Terra, que é o rio

Negro. Está meio seco, meio bravo, mas estamos flutuando aqui, e em cima de

nós tem um rio invisível passando. E esse rio, ele pulsa. E aqui está a pulsação

dele. Por isso que a gente fala de coração também. Você vê ali as estações do

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ano. Chove uma época... Na Amazônia, a gente costumava ter duas

estações, a úmida e a mais úmida. Agora temos a estação seca. E você vê ali

ele lambendo essa região que deveria, de outra forma, ser um deserto e não é.

A gente, cientistas... Você vê que estou com dificuldade aqui para levar minha

cabeça de um lado para o outro aqui. Os cientistas estudam como funciona,

por que, etc., e esses estudos estão gerando uma série de descobertas

absolutamente extraordinárias para nos trazer a consciência da riqueza, da

complexidade e da maravilha que nós temos, da sinfonia que nós temos nesse

funcionamento. Um deles é: como é que se forma a chuva? Em cima da

Amazônia, tem ar limpo, igual a em cima do oceano. O oceano azul tem ar

limpo e forma muito poucas nuvens, quase não chove. No oceano verde, o ar

limpo é igual, e forma muita chuva. O que acontece aqui que é diferente? A

floresta emite cheiros, e esses cheiros são núcleos de condensação, que

formam gotas na atmosfera, e aí formam-se as nuvens que chovem

torrencialmente. O regador do Jardim do Éden. Essa relação de uma entidade

viva, que é a floresta, com uma entidade não viva, que é a atmosfera, é

virtuosa na Amazônia, porque a floresta joga água e joga sementinhas, a

atmosfera forma chuva e devolve, e aí garante-se a sobrevivência da floresta.

Tem outros fatores também. Falamos um pouco do coração, e agora vamos

falar de uma outra função: o fígado! Quando ar úmido, uma alta umidade e

radiação são combinados junto com esses compostos orgânicos, que eu

chamo de "Vitamina C Exógena", generosa vitamina C gasosa, as plantas

liberam antioxidantes que reagem com os poluentes. Vocês podem estar

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tranquilos porque vocês estão respirando o ar mais puro da Terra aqui na

Amazônia, porque as plantas estão tomando conta dessa característica

também. E isso favorece o próprio funcionamento das plantas, outro ciclo

virtuoso.

Antonio Donato Nobre estuda as interações entre as florestas e a atmosfera

Falando de fractais, e a relação com o nosso funcionamento, a gente vê outras

comparações. Como nas vias superiores do pulmão, o ar da Amazônia é limpo

do excesso de poeira. O ar que a gente respira é limpo da poeira pelas vias

respiratórias. Isso impede que o excesso de poeira prejudique a

chuva. Quando tem queimadas na Amazônia, a fumaça acaba com a chuva,

para de chover, a floresta seca e o fogo entra. Tem uma outra analogia

fractal. Como nas veias e artérias, você tem um retorno na água que chove e

volta para a atmosfera. Como nas glândulas endócrinas e nos hormônios, você

tem aqueles gases, que eu expliquei para vocês, que formam, como se fossem

hormônios soltados na atmosfera, que promovem a formação da chuva. Como

o fígado e os rins, acabei de falar: a limpeza do ar. E, por fim, como um

coração: o bombeamento da água que vem de fora, do oceano, para dentro da

floresta.

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A gente está chamando isso de "A Bomba Biótica de Umidade". É uma teoria

nova que é explicada de uma maneira muito simples. Se você tem um deserto

no continente, e você tem um oceano contíguo, a evaporação no oceano é

maior, produz uma sucção e puxa o ar de cima do deserto. O deserto está

preso nessa condição. Ele vai ser sempre seco. Se você tem uma condição

inversa, com floresta, a evaporação, como a gente mostrou, é muito maior,

pelas árvores, e essa relação se inverte. Então, o ar é puxado de cima do

oceano e aí você tem a importação da umidade. Essa aqui é uma imagem que

foi feita um mês atrás, de satélite -- Manaus está ali embaixo, nós estamos ali

embaixo -- que mostra esse processo. Não é um riozinho bonitinho, daqueles

que fluem num canal, mas é um rio poderoso, que irriga a América do Sul e

tem outras finalidades. Essa imagem mostra, naquelas trajetórias ali, todos os

furacões de que nós temos registros. E vocês veem que, no quadrado

vermelho, quase não tem furacões. Isso não é por acaso. Essa bomba, que

puxa umidade para dentro do continente, também acelera o ar sobre o oceano

e isso impede a organização dos furacões.

Para encerrar essa parte, numa síntese, eu queria falar alguma coisa um pouco

adversa. Eu tenho várias colegas que participaram no desenvolvimento dessas

teorias, que são da opinião, eu inclusive, de que nós podemos recuperar o

planeta Terra. Eu não estou falando hoje aqui só da Amazônia. A Amazônia

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nos dá uma lição de como a natureza primordial funciona. Nós não

entendíamos esses processos antes porque o resto do mundo está todo

detonado. Aqui nós pudemos entender. Então, esses colegas colocam: "Nós

podemos, sim, recuperar as outras áreas, inclusive desertos". Se a gente

consegue estabelecer florestas nessas outras áreas, nós podemos reverter o

clima. Inclusive, o aquecimento global.

E eu tenho uma colega muito querida na Índia, chamada Suprabha Seshan,

que tem um lema. O lema dela em inglês é: "Gardening back the

biosphere", Reajardinando a biosfera. Faz um trabalho maravilho de

reconstrução de ecossistemas. Nós precisamos fazer isso. Concluída essa

introdução rápida, a gente chega à realidade que nós estamos vendo aqui

fora, que é a seca, essa mudança climática, e coisas que nós já sabíamos.

E aqui, eu queria contar uma historinha para vocês. Eu, uma vez, escutei,

quatro anos atrás, uma declamação de um texto do Davi Copenaua, um sábio

representante do povo ianomâmi, que dizia mais ou menos o seguinte:"Será

que o homem branco não sabe que, se ele tirar a floresta, vai acabar a

chuva? E se acabar a chuva, ele não vai ter o que beber, nem o que comer?" E

eu escutei aquilo, eu cheguei às lágrimas,porque eu falei: "Nossa! Estou há 20

anos estudando isso, supercomputador, dezenas, milhares de cientistas, e a

gente está começando a chegar a essa conclusão, e ele já sabe!" Um

agravante: os ianomâmis nunca desmataram. Como eles podem saber que

acaba a chuva? Aí, eu fiquei com isso na cabeça e fiquei completamente

impactado. Como ele podia saber? Alguns meses depois, eu o encontrei, num

outro evento, e eu falei: "Davi, como é que você sabia que, tirando a floresta,

acaba a chuva?" Ele falou: "O espírito da floresta nos contou".

E isso daí, para mim, foi um game changer, né? Foi uma mudança total, porque

eu falei assim: "Poxa! Então, por que eu estou fazendo toda a ciência, para

chegar à conclusão do que ele já sabe?" E aí, me bateu algo absolutamente

crítico, que é... "o que os olhos não veem o coração não sente". "Out of sight,

out of [mind]", né? E isso é uma necessidade que o meu antecessor

colocou, que nós precisamos ver as coisas -- nós, quando eu digo, é a

sociedade ocidental que está se tornando global, civilizada, -- nós precisamos

ver. Se a gente não vê, a gente não registra.

A gente vive na ignorância. Então, eu faço a seguinte proposta: Vamos -- claro

que os astrônomos não vão gostar -- mas vamos virar o Hubble de ponta-

cabeça. E vamos fazer o Hubble olhar para cá. Não para os confins do

universo. Maravilhosos os confins do universo, mas, agora, nós temos uma

realidade prática, que é: nós vivemos num cosmos desconhecido, e nós somos

ignorantes. Nós estamos tripudiando sobre este cosmos maravilhoso que nos

dá morada e abrigo. Converse com um astrofísico: a Terra é uma

improbabilidade estatística. A estabilidade e o conforto que nós

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apreciamos,com todas as secas do rio Negro, com todos os calores e frios,

tufões, etc., não existe nada igual no universo, nada conhecido. Então, viremos

o Hubble para cá e vamos olhar a Terra. Vamos começar pela

Amazônia! Vamos dar um mergulho, vamos chegar na realidade em que nós

vivemos cotidianamente, e olhá-la bem de perto, já que a gente precisa

disso. O Davi Copenaua não precisa. Ele já tem algo que eu acho que eu

perdi. Eu fui educado pela televisão, né. Eu acho que eu perdi esse algo, que é

um registro ancestral, que é uma valorização daquilo que eu não conheço, que

eu não vi. Ele não precisa da prova de São Tomé. Ele acredita com veneração

e reverência naquilo que os ancestrais lhe ensinaram, e os espíritos. Já que a

gente não consegue, então vamos olhar a floresta.

Mas mesmo quando a gente está com o Hubble lá, olhando para o céu -- essa

daqui é a visão do pássaro, né? Mesmo quando isso acontece, a gente vê algo

que também desconhecemos. Os espanhóis chamaram de inferno verde. Se

você sair aqui, nesse mato aqui, e se perder, e você for, por acaso, para o

oeste, são 900km para chegar na Colômbia. Mais mil para sair em algum

lugar. Então, dá para entender por que eles chamavam de inferno verde. Mas

vai lá olhar o que tem ali dentro. É um tapete vivo. Cada cor ali é uma espécie

de árvore. Cada árvore, cada copa, chega a ter 10 mil espécies de insetos

dentro dela, sem falar nos milhões de espécies de fungos, bactérias, etc. Tudo

invisível. Tudo um cosmos mais estranho para nósdo que as galáxias distantes,

a bilhões de anos-luz da Terra, que o Hubble nos trás todos os dias nos

jornais. E eu encerro a minha apresentação -- eu tenho só poucos segundos --

mostrando esse ser maravilhoso, que quando a gente vê -- a borboleta morpho

-- na floresta, a gente tem a sensação de que alguém esqueceu a porta do

paraíso aberta e essa criatura escapou de lá, porque é muito bonita.

Mas, eu não posso terminar sem mostrar um lado tecnológico. A gente tem a

arrogância da tecnologia. Nós despossuímos a natureza da sua

tecnologia. Uma mão robótica é tecnológica, a minha mão é biológica;e a gente

não pensa mais no assunto. Então, vamos olhar a borboleta morpho, que é um

exemplo de uma invisível competência tecnológica da vida, que está no âmago

da nossa possibilidade de sobrevivência no planeta, e vamos dar um zoom

nela. De novo, o Hubble lá. Vamos entrar na asa da borboleta. E esses

estudiosos tentaram explicar: por que que ela é azul? E vamos dar um zoom

lá. E o que vocês veem é que a arquitetura do invisível humilha os arquitetos

melhores do mundo. Isso tudo numa escala muito pequena. Além da beleza e

do funcionamento, tem um outro aspecto.

Tudo o que é, na natureza, organizado em estruturas extraordinárias, tem uma

função. E essa função, da borboleta morpho -- ela não é azul, não tem

pigmento azul nela. Ela tem cristais fotônicos na superfície -- segundo quem

estudou isso -- cristais extremamente sofisticados. Nada igual ao que a nossa

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tecnologia tinha ainda na época. Agora, a Hitachi já fez um display de

monitor que usa essa tecnologia e é usada em fibra ótica para transmissão

de... A Janine Benyus, que já veio várias vezes aqui, fala sobre isso:

biomimética.E já acabou o meu tempo. Então eu vou concluir com o que está

na base dessa capacidade, dessa competência da biodiversidade, de produzir

todos aqueles serviços maravilhosos: a célula viva. É uma estrutura de alguns

mícrons, que é uma maravilha interna. Tem palestras do TED sobre isso, não

vou me alongar, mas cada um nessa sala, inclusive eu, tem 100 trilhões dessa

micromáquina no seu corpo, para que vocês apreciem esse bem-

estar. Imaginem o que tem na Floresta Amazônica. 100 trilhões. Isso é mais do

que o número de estrelas no céu. E nós não temos consciência. Muito

obrigado. (Aplausos)

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Tribunal de Justiça proíbe novamente a distribuição de sacolas

plásticas em lojas e supermercados da cidade

O Tribunal de Justiça proibiu novamente a distribuição de sacolas plásticas em

lojas e supermercados da cidade. Os estabelecimentos terão 30 dias para se

adaptar na legislação. A lei havia sido sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab

e entrou em vigou no ano de 2012.

http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33619084&IdEmpresa

Mesa=&TipoClipping=A&Commodities=0

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Consumidores falam sobre a volta da proibição das sacolinhas plásticas

http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33621472&IdEmpresa

Mesa=&TipoClipping=A&Commodities=0

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Justiça proíbe distribuição de sacolinhas em supermercados

http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33622468&IdEmpresa

Mesa=&TipoClipping=A&Commodities=0

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Com a aprovação do novo plano diretor, em junho, a cidade de

São Paulo voltou a ter zonas rurais

http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33616303&IdEmpre

saMesa=&TipoClipping=V&Commodities=0