sete dias que abalaram a literatura

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SETE DIAS QUE ABALARAM A LITERATURA

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SETE DIAS QUE ABALARAM A LITERATURA

SETE DIAS QUE ABALARAM A LITERATURA

ANTECEDENTES DA SEMANA DE 22Industrializao paulistana. Surgimento de uma burguesia industrial ainda marginalizada politicamente.Poltica governamental voltada exportao do caf.

ANTECEDENTES DA SEMANA DE 22Primeiras dcadas do sculo XX: a arte brasileira demonstrava influncias europeias, principalmente na pintura e na escultura. Anita Malfatti faz uma exposio pela qual recebe duras crticas de Monteiro Lobato.Victor Brecheret e Di Cavalcanti j buscavam alguma sintonia com os movimentos europeus.

ANTECEDENTES DA SEMANA DE 22A Semana de 22 no representou um movimento popular rumo a uma nova perspectiva esttica. Muitos vanguardistas eram ligados aos bares do caf.Por um lado, o movimento exaltava a modernidade, a urbanidade. Por outro fazia a crtica feroz burguesia, principalmente aquela industrial.

ANTECEDENTES DA SEMANA DE 22Contexto poltico de afirmao do estado de So Paulo.Rivalizao com a capital federal, traz apoio s aes artsticas paulistanas. Chefes polticos apadrinharam artistas em dificuldades, inclusive bancando bolsas de estudo no exterior. A Semana contou com patrocinadores importantes financeira e economicamente alm de ter a simpatia dos dirigentes polticos da regio.

ESTTICA DA SEMANA DE 22No plano esttico, o movimento ainda era desorganizado, sem uma linha prpria. A crtica limitou a produo dos modernos mera cpia do futurismo italiano, causando revolta na vanguarda brasileira.A ideia da Semana d uma resposta falta de unidade do movimento.

ESTTICA DA SEMANA DE 22Em 1917, Anita Malfatti faz sua segunda exposio de pinturas, nas quais apresenta obras expressionistas. A exposio de arte nova virou polmica quando o Estado de S. Paulo publica o artigo assinado por Monteiro Lobato, intitulado Paranoia ou mistificao, no qual critica duramente o trabalho da artista, sem ao menos ter ido sua mostra.MALFATTI, Anita. A boba

H duas espcies de artistas. Uma composta dos que vm as coisas e em consequncia fazem arte pura(), a outra espcie formada dos que vm anormalmente a natureza.

So frutos de fim de estao, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escndalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.

Embora se deem como novos () nada mais velho do que a arte anormal.

De h muito que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicmios.

Estas consideraes so provocadas pela exposio da sra. Malfatti, onde se notam acentuadssimas tendncias para uma atitude esttica forada no sentido das extravagncias de Picasso & Cia.

Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti no passam de outros ramos da arte caricatural.

A SEMANA DE FEVEREIRO 1922A Semana no foi um evento popular. Tinha ingressos caros e vendidos em locais elitizados.Pensada e realizada pela classe mdia alta de So Paulo, no apresentava propostas polticas, limitando-se renovao das artes, com duras crticas nacionalistas ao conservadorismo. Apesar de buscar a brasilidade, a arte nova tinha os ideais artsticos europeus, exatamente o que sempre acontecera na literatura brasileira.

Segunda-feira, 13 de fevereiro de 1922

Teatro municipal de so paulo

"A emoo esttica da Arte Moderna" por Graa Aranha, ilustrada por comentrios musicais e poemas de Guilherme de Almeida. A Pintura e a Escultura Moderna do Brasil por Ronald de Carvalho. Como a plateia manifestava-se zurrando, o artista rebateu: "Cada um fala com a voz que Deus lhe deu."Ernani Braga apresenta msicas com crticas a Chopin e Villa-Lobos apresentou peas musicais e danas africanas. Ambos devidamente vaiados.Abertura oficial do evento. Pblico lotava o Municipal. Pinturas e esculturas espalhavam-se pelo saguo do teatro, provocando reaes do pblico.

QUARTA-feira, 15 de fevereiro de 1922

Teatro municipal de so paulo

Guiomar Novaes, grande pianista, toca, contra a vontade dos demais artistas modernistas, alguns clssicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo pblico.Menotti del Picchia, do mesmo partido do governador de So Paulo e de Plnio Salgado, falou sobre liberdade de criao e expresso, o rompimento com o academicismo e a construo de uma arte verdadeiramente brasileira.Del Picchia apresenta os novos escritores, Oswald de Andrade, Mario de Andrade e Plnio Salgado e surgem vaias, miados, latidos, grunhidos, relinchos que se alternam e confundem com aplausos.A mais tumultuada noite da arte brasileira. Era o dia dedicado Literatura.

Ainda naquele dia quinze de fevereiroMario de Andrade apresenta o manifesto "A escrava que no Isaura", em que se referia ao belo horrvel, ao verso livre, sntese, ao polifonismo e evocava a necessidade do abrasileiramento da lngua e da volta ao nativismo.Ronald de Carvalho l o poema intitulado Os Sapos de Manuel Bandeira sob ensurdecedora reao da plateia. A noite acaba em algazarra, com Villa-Lobos entrando de chinelos e guarda-chuva.

Os saposEnfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi guerra!" - "No foi!" - "Foi!" - "No foi!".

O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro bem martelado.

Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.

O meu verso bom Frumento sem joio. Fao rimas com Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A frmas a forma.

Clame a saparia Em crticas cticas:No h mais poesia, Mas h artes poticas..."

Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "No foi!" - "Foi!" - "No foi!".

Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte como Lavor de joalheiro.

Ou bem de estaturio. Tudo quanto belo, Tudo quanto vrio, Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, - "Sei!" - "No sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita, L onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa;

L, fugido ao mundo, Sem glria, sem f, No perau profundo E solitrio,

Que soluas tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio...

Foi, como se esperava, um notvel fracasso a rcita de ontem da pomposa Semana de Arte Moderna, que melhor e mais acertadamente deveria chamar-se Semana de Mal - s artes. O futurismo to decantado no positivamente de futuro... No presente, diante da ignorncia de tal semana por parte da sonolenta sociedade, ainda possvel que d alguma coisa; depois, porm, de conhecer a droga, ningum penetrar a botica em que foi transformado o Municipal.

16/02/1922

SEXTA-feira, 17 de fevereiro de 1922

Teatro municipal de so paulo

A tranquilidade veio muito por conta das galerias que ficaram vazias.Villa-Lobos vaiado por entrar de casaca, mas com um p calado com um sapato, e outro com chinelo. Achando que comeariam os desvarios, o pblico vaia o artista impiedosamente. Dia dedicado musica. Um dia de calmaria.

Analisada isoladamente, a Semana de Arte Moderna no parece merecer tanta ateno. Alm das vaias, pouca coisa aproveitvel ocorreu no evento. Os jornais que cobriram o evento no lhe dedicaram muito espao.A opinio pblica manteve-se distante do evento e muitos nem souberam de sua realizao.

Contudo, seu saldo histrico positivo pois apresenta uma proposta de ruptura e de renovao, ainda que carente de um projeto esttico. Tambm reuniu artistas de diferentes reas, aproximando literatura, artes plsticas, msicas e danas. Foi incio da produo de uma nova arte no pas e seus reflexos ainda se fazem perceber na arte que se produz atualmente.

SEMANA DE ARTE MODERNA

CARACTERSTICASRUPTURA COM OS PADRES DA ARTEVERSO LIVRELINGUAGEM BRASILEIRAIRREVERNCIA E OUSADIAAUTORESMARIO DE ANDRADEOSWALD DE ANDRADEMANUEL BANDEIRAMSICOHEITOR VILLA-LOBOSDURAO 7 DIASESTTICAINFLUNCIAFORMALIDADERELEVNCIA FEVEREIRO DE 1922MALFATTI, Anita. Tropical, 1917SUPER TRUNFO

null1959.1829null1959.1829null1959.1829