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BRASÍLIA-DF, TERÇA-FEIRA, 2 DE FEVEREIRO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2396 Sessão solene abre hoje trabalhos legislativos do Congresso Nacional Conselho de Altos Estudos propõe alternativas para a universalização da internet banda larga Comissão realiza nova audiência para debater o programa nacional proposto pelo governo Dez projetos, incluindo o da ficha limpa, exigem regras mais rígidas para candidaturas a cargo eletivo Deputados analisam MP que libera R$ 1,37 bilhão a vítimas de terremoto no Haiti e de chuvas no Brasil COMUNICAÇÃO | 6 e 7 DIREITOS HUMANOS | 5 INELEGIBILIDADE | 4 TRAGÉDIAS | 8 PRÉ-SAL | 3 Emenda sobre partilha só não será votada se houver liminar, diz Temer GUSTAVO BEZERRA PÁGINA 3

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BRASÍLIA-DF, TERÇA-FEIRA, 2 DE FEVEREIRO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2396

Sessão solene abre hoje trabalhos legislativos do Congresso Nacional

Conselho de Altos Estudos propõe alternativas

para a universalização da internet banda larga

Comissão realiza nova audiência para debater

o programa nacional proposto pelo governo

Dez projetos, incluindo o da ficha limpa, exigem regras mais rígidas para

candidaturas a cargo eletivo

Deputados analisam MP que libera R$ 1,37 bilhão

a vítimas de terremoto no Haiti e de chuvas no Brasil

COMUNICAÇÃO | 6 e 7 DIREITOS HUMANOS | 5 INELEGIBILIDADE | 4 TRAGÉDIAS | 8

PRÉ-SAL | 3

Emenda sobre partilha só não será votada se houver liminar, diz Temer

Gustavo bezerra

PÁGINA 3

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agendaTERÇA- FEIRA

2 de fevereiro de 2010

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

2

MEIo AMbIEnTEBrasília, 2 de fevereiro de 2010

Diretor: Sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected]

Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - 70160-900 brasília [email protected] | Fone: (61) 3216-1660 | Distribuição - 3216-1826

1º Vice-PresidenteMarco Maia (PT-RS)2º Vice-PresidenteAntonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA)1º SecretárioRafael Guerra (PSDB-MG)2º SecretárioInocêncio Oliveira (PR-PE)3º SecretárioOdair Cunha (PT-MG)4º SecretárioNelson Marquezelli (PTB-SP)

SuplentesMarcelo Ortiz (PV-SP), Giovanni Queiroz (PDT-PA), Leandro Sampaio (PPS-RJ) e Manoel Junior (PSB-PB)ouvidor ParlamentarMario Heringer (PDT-MG)Procurador ParlamentarSérgio Barradas Carneiro (PT-BA)Diretor-GeralSérgio Sampaio de AlmeidaSecretário-Geral da MesaMozart Vianna de Paiva

Presidente: Michel Temer (PMDB-SP)

DiretorPedro Noleto

Editora-chefeRosalva Nunes

DiagramadoresGuilherme Rangel BarrosJosé Antonio FilhoRoselene Figueiredo

IlustradorRenato PaletEditor de fotografia Reinaldo Ferrigno

EditorasMaria Clarice DiasRenata Tôrres

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Jornal da Câmara

Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA / CGRAF) em papel reciclado

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 53a Legislatura SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Cerca de 5 mil bombeiros e policiais devem participar hoje de manifestação pela aprovação da chamada PEC 300/08, que define o piso salarial de policiais militares e bombeiros em todo o País. Segundo o deputado Capitão Assunção (PSB-ES), os participantes vão marchar da Catedral ao Congresso nacional, na manhã de hoje. A proposta cria um piso salarial único entre os profissionais de segurança pública, tendo por base o salário dos profissionais de brasília, que é o maior do País.

o relator da PEC, deputado Major

Fábio (DEM-PB), avalia que o piso salarial da carreira de bombeiros e militares deve ficar em torno de R$ 4,5 mil. O autor da proposta, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), lembra que, atualmente, os policiais militares de brasília têm uma remuneração bancada por um fundo do governo federal. E, em comparação com os policiais militares de outros estados, diz, “a diferença é gritante”.

Ao comparar São Paulo, que paga R$ 1 mil para esses profissionais em início de carreira, com brasília, cujo piso inicial é de

R$ 4 mil, Faria de Sá explica que a PEC busca acabar com essas distorções.

Com a criação do Programa nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), lembra o deputado, policiais de todo o País são chamados para compor a Força nacional. Para o deputado, seria uma distorção um tenente de São Paulo ganhar menos que um soldado do Distrito Federal. A PEC 300 foi campeã de liga-ções para o Disque Câmara em 2009. o Serviço recebeu 36 mil ligações de apoio à proposta.

Integrantes da comissão especial que analisa mudanças no Código Flo-restal definiram o cronograma das pró-ximas audiências públicas promovidas para discutir a reforma. Os debates serão retomados hoje em Goiânia e seguirão para o interior de São Pau-lo e Minas Gerais. As discussões nos estados prosseguirão até 8 de feverei-ro, percorrendo cidades como Palmas, Manaus e Boa Vista.

A intenção é ouvir sugestões e crí-ticas à proposta, como explica o pre-sidente do grupo, deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR). “A comissão está se direcionando aos biomas brasi-leiros e nós começaremos os trabalhos no bioma mais frágil, a Caatinga. O que se quer com esse código, que nós chamamos de Código Ambiental, é a reformulação da política ambiental e florestal no Brasil”, ressalta Moacir Mi-cheletto. Das audiências, vão participar cientistas e representantes de universi-dades, de ONGs e do governo.

Licenças - Entre as mudanças em debate, está a descentralização das li-cenças ambientais e a revisão de con-ceitos como os de áreas de preservação permanente e reserva legal, que é o percentual de vegetação a ser conser-vada em uma propriedade e que varia de acordo com cada bioma.

Uma das ideias é permitir que essa

Debates sobre mudanças no Código Florestal já têm datas marcadas

reserva seja computada como área de preservação. Moacir Micheletto consi-dera que as audiências darão suporte à elaboração do relatório.

“A linha-mestra do texto é, pri-meiro, fazer com que o zoneamento ecológico-econômico seja o grande instrumento de elaboração da política ambiental. Em segundo lugar, é fazer cumprir a Constituição, segundo a qual compete à União determinar as normas de ação relativas ao meio am-biente, com a operacionalidade a cargo dos estados”, explica o deputado. A in-tenção de Micheletto é que a proposta de reforma do código seja votada na comissão em março, para ser apreciada em Plenário já em abril.

Congresso NacionalSessão solene para abertura

dos trabalhos legislativos. Plenário Ulysses Guimarães, às 11h

DesaparecidosA CPI do Desaparecimento de

Crianças e Adolescentes debate o tema com especialistas do setor. Plenário 5, às 14h30

SEGURAnÇA PÚbLICA

Bombeiros e policiais fazem marcha em defesa da PEC 300

- 02/02 - Goiânia- 03/02 - Assis e Ribeirão Preto (SP)- 04/02 - belo Horizonte e Uberaba (MG)- 05/02 - Palmas (To)- 06/02 - Cruzeiro do Sul e Rio branco (AC)- 07/02 - Manaus (AM)- 08/02 - boa Vista (RR)- 09/02 - Audiência pública na Câmara com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel- As reuniões no Maranhão e no Piauí ainda serão marcadas.

Agenda de audiências públicas

a Caatinga será o primeiro bioma brasileiro a ser discutido neste ano pela comissão que analisa mudanças no Código Florestal

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Brasília, 2 de fevereiro de 2010 3

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

PLEnáRIo

Geórgia Moraes

O presidente da Câmara, Michel Te-mer, confirmou ontem que colocará em pauta as propostas que regulamentam o regime de partilha na exploração de áre-as do pré-sal - projetos de lei 5938/09 e 2502/07, que tramitam conjuntamente. Na semana passada, o deputado Edu-ardo Cunha (PMDB-RJ) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) man-dado de segurança para que a Câmara deixe de deliberar sobre a emenda dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG) ao PL 5938/09.

A emenda dá nova redação ao arti-go 45 do projeto, garantindo a divisão entre estados, Distrito Federal (50%) e municípios (50%) de parcela dos royal-ties, quando a lavra ocorrer na platafor-ma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva. Eduardo Cunha questiona descumprimento das regras sobre número de assinaturas necessárias para a apresentação da emenda.

Segundo informou Temer, se o STF conceder liminar antes da votação da proposta, marcada para amanhã, ele cumprirá a decisão e não votará a emen-da. “Se não houver, no entanto, não há motivo para não dar prosseguimento à votação da matéria”, disse o presidente, que participou ontem da solenidade de abertura do ano judiciário no STF.

Calendário - Diferentemente do que havia previsto no ano passado, Te-mer afirmou ontem que considera difícil concluir a votação dos projetos do pré-sal ainda restantes antes do carnaval. Além das propostas sobre o regime de

Alexandre Pôrto

A oposição quer obstruir as vo-tações na Câmara enquanto não for derrubado o veto do presidente Lula ao Orçamento de 2010 que liberou recursos para quatro obras da Petro-bras com suspeitas de irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Em nota, o presidente do Comitê de Obras Irregulares da Co-missão Mista de Orçamento, deputado Carlos Melles (DEM-MG), negou ter feito qualquer pedido para que Lula re-tirasse os quatro empreendimentos da

lista das obras com repasses suspensos no Orçamento.

No entanto, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de-clarou à imprensa que o presidente da República acatou um apelo feito pelo comitê, além de governadores, trabalha-dores do setor de petróleo e empresários. Por isso, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), deve ingressar hoje com requerimento de informações ao ministro Alexandre Padilha.

Diante do impasse, o novo líder do PSDB, deputado João Almeida (BA), prevê dificuldades para a Câmara votar

os projetos que restam do pré-sal, como deseja o governo. “O que fez o presidente Lula foi um ‘liberou geral’. Ele vem to-mando atitudes para desqualificar todo o sistema instituído no país - o Tribunal de Contas da União e o próprio Congresso Nacional - com uma medida absurda. Isso tudo forma um composto que tem de ter alguma reação aqui no Congresso. E a obstrução pode ser uma boa reação”, declarou.

Já o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), alega que havia acordo com a oposição para garantir a votação dos projetos do

pré-sal logo no início do ano legislativo. “Fizemos acordo para votar antes do Carnaval, e o Parlamento é a Casa da palavra. Imagine uma flecha lançada por um arco: ela não pode voltar. É como a palavra dada - senão, as pessoas se desmoralizam”, afirmou.

As obras da Petrobras retiradas da lista de suspeitas de irregularidades são as refinarias Abreu e Lima, em Pernam-buco, e Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, além do terminal de escoa-mento de Barra do Riacho, no Espírito Santo, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Com a retomada dos trabalhos legis-lativos nesta semana, além de analisar os projetos sobre o pré-sal, Plenário poderá votar amanhã o substitutivo que modifica a Lei Pelé (Lei 9.615/98) e ga-rante recursos para os clubes formado-res de atletas. o substitutivo foi aprovado em abril do ano passado pela comissão especial que analisou o PL 5186/05, do Executivo. A proposta trata de vários temas ligados ao esporte, como o direito ao uso de imagem dos atletas e o direito dos clubes de receber percentual sobre as transferências de atletas formados em suas dependências.

Um dos principais itens inclui os clubes formadores de atletas entre os beneficiários dos recursos oriundos de 2% da arrecadação bruta das loterias federais. Desse total, os clubes passam a ter direito a 30%, enquanto o Comitê Olímpico Brasileiro ficará com 55% e o Paraolímpico, com 15%.

Alimentação - Também está na pauta desta quarta-feira o segundo turno de votação da PEC da Alimen-tação (47/03, do Senado), que inclui a alimentação entre os direitos sociais básicos dos brasileiros, como são a educação, a saúde e a segurança.

Governo e oposição são favoráveis à medida, que foi aprovada em primeiro turno em novembro, e poderá ser votada sem maiores debates.

Acordos internacionais - na ses-são de quinta-feira (4) pela manhã deve-rão ser analisados 21 projetos de decreto legislativo (PDC) que ratificam acordos internacionais. Tradicionalmente, eles são aprovados por entendimento entre os partidos, após terem sido discutidos pelas comissões. no entanto, há textos polêmicos, como acordos com a Vene-zuela (PDC 1941/05) e o Zimbábue (PDC 319/07), que têm sofrido oposição.

Temer confirma inclusão na pauta de emenda que altera partilha do pré-sal

partilha ainda precisam ser votados os PLs 5940/09, que cria o fundo social com recursos do pré-sal; e 5941/09, que permite à União vender à Petrobras, sem licitação, o direito de explorar até 5 bilhões de barris de petróleo da área do pré-sal.

O calendário para votação dessas propostas deverá ser definido nesta quarta-feira (3), em reunião de líderes. Temer informou que também vai nego-ciar a inclusão na pauta de prioridades do projeto da Ficha Limpa - PLP 518/09, do segundo turno da PEC da Alimenta-ção (47/03) e das alterações na lei Pelé, previstas no substitutivo ao Projeto de Lei 5186/05.

Ele lembrou que, pelo regimento da Câmara, não poderão ser realizadas vo-tações hoje - data da abertura do ano legislativo. A primeira sessão delibera-tiva deste ano está marcada amanhã, às 14 horas.

Oposição deve obstruir para derrubar veto de Lula ao Orçamento de 2010

Lei Pelé e PEC da Alimentação também podem ser votadas

as declarações do presidente Michel temer (e) sobre o pré-sal foram dadas após a solenidade de abertura do ano judiciário no stF

rodolFo stuCkert

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Outras mudanças previstas no projeto “ficha limpa”O projeto da ficha limpa é mais abrangente do que o substitutivo ao PLP 168/93. O texto, de iniciativa popular, também prevê as seguintes mudanças:n Deputados federais, estaduais, distritais e vereadores que cometeram quebra de decoro tornam-se inelegíveis por oito anos, mesmo que renunciem antes para evitar a cassação.n o prazo de inelegibilidade aumenta para oito anos nos seguintes casos:- Governador, prefeito e vices que perderem o cargo por desrespeito à Constituição Estadual ou Lei orgânica do Município (prazo atual: três anos).- Militares que forem declarados indignos do oficialato – casos em que perdem o posto e a patente (prazo atual: quatro anos).- Gestor que tiver suas contas rejeitadas por irregularidade insanável, por decisão irrecorrível (prazo atual: cinco anos).n Ficam inelegíveis por oito anos o Presidente da República, governador, prefeito, deputa-dos e vereadores que renunciarem após apresentação de pedido de abertura de processo disciplinar.n Ficam impedidos de se candidatar à Presidência os que, nos quatro meses antes das eleições, tiverem exercido cargo ou função de direção, administração ou representação em entidade beneficiada pelos cofres públicos.n o registro do candidato ou o diploma do político eleito será anulado a partir da publicação da decisão de inelegibilidade (e não mais a partir da decisão transitada em julgado).

Comparação entre a lei atual e as principais propostas analisadas

TemaComo é hoje

(Lei Complementar 64/90)Substitutivo ao

PLP 168/93PLP 518/09

(“Ficha Limpa”)

Eleições O condenado por abuso do poder econômico ou político na Justiça Eleitoral é inelegível somente se a ação estiver transitada em julgado. Prazo de inelegibilidade: três anos.

A ação não precisa ser tran-sitada em julgado; basta a representação ser julgada procedente pela Justiça. Prazo de inelegibilidade: oito anos.

Mantém a proposta do substitu-tivo e também prevê oito anos de inelegibilidade para os con-denados por corrupção eleitoral, captação ilícita de sufrágio, con-duta vedada a agentes públicos em campanha eleitoral ou por captação ou gastos ilícitos de recursos nas eleições.

Processo criminal A condenação criminal também tem de ser transitada em julgado para provocar inelegibilidade. São sete casos previstos: crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública, o patrimô-nio público, o mercado financeiro, tráfico de entorpecentes e crimes eleitorais. Prazo de inelegibilidade: três anos após o cumprimento da pena.

O texto fala apenas em condenação, não exigindo mais o trânsito em julgado. Prazo de inelegibilidade: oito anos após o cumprimento da pena.

Basta que a condenação seja em primeira ou única instância ou – no caso de políticos com foro privilegiado – que a denúncia seja recebida por um tribunal. Acrescenta outros crimes na lista, como racismo, tortura e abuso de autoridade. Prazo: desde a condenação ou recebimento da denúncia até oito anos após o cumprimento da pena.

Abuso de poder É inelegível quem tiver cargo na administração pública e beneficiar a si ou a terceiros, por abuso do poder econômico ou político – também em ação transitada em julgado. Prazo de inelegibilidade: três anos.

Retira a necessidade de trân-sito em julgado e aumenta o prazo de inelegibilidade para oito anos.

Mantém a proposta do substi-tutivo.

Brasília, 2 de fevereiro de 20104

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

ELEIÇÕES

Ficha limpa e mais nove projetos endurecem regras de inelegibilidade

O projeto de iniciativa popular que exige “ficha limpa” dos candidatos a cargos políticos tramita junto a outras nove propostas semelhantes. O tema vem sendo discutido na Câmara desde 1993 e as matérias estão prontas para Plenário

Daniella Cronemberger

Com a abertura do ano legislativo, nesta semana, a Câmara deverá reto-mar uma discussão que pode mudar o cenário político do País: as regras de inelegibilidade dos candidatos, de-finidas na Lei Complementar 64/90. Tramitam na Casa dez propostas que tornam a lei mais rígida. Só no ano passado foram apresentados seis proje-tos. Um deles, conhecido como “ficha limpa” (PLP 518/09), é de iniciativa popular e recebeu 1,3 milhão de as-sinaturas.

Um dos 22 parlamentares que subs-creveram o projeto da ficha limpa, An-tonio Carlos Biscaia (PT-RJ) espera que ele seja votado antes de junho, mês no qual os partidos oficializam suas candidaturas. “Assim, o TSE baixaria as regras das eleições já em conformi-dade com a nova lei”, acredita.

De acordo com ele, a previsão é de que o tema seja levado para a reunião de líderes já em fevereiro. Em dezem-bro, o presidente da Câmara, Michel Temer, disse que se empenhará em co-locar a proposta em votação neste ano, mas ele acredita que as novas regras valerão apenas para 2014.

Prontos para votação - O primeiro projeto a tratar do tema na Câmara foi o PLP 168/93, de autoria do Executivo. Desde 2001, quando a CCJ aprovou o substitutivo do deputado Jaime Mar-tins (PR-MG), o texto está pronto para entrar na pauta do Plenário.

Na época, havia apenas um projeto apensado (PLP 22/99). Sem consenso dos líderes, a proposta ficou parada e, desde 2001, recebeu mais oito projetos apensados, entre eles o “ficha limpa”.

Quando o substitutivo ao PLP 168/93 for a Plenário, todas as pro-postas apensadas serão discutidas ao mesmo tempo. Uma das alterações previstas no substitutivo prevê que, para se tornar inelegível, o candidato não precisará mais ser condenado com trânsito em julgado - quando não há mais possibilidade de recurso.

Nos casos de processos eleitorais, criminais e de abuso de poder, bastaria uma condenação em primeira instân-cia. A proposta também aumenta o prazo de inelegibilidade de três para oito anos.

Já o projeto da “ficha limpa” - de-fendido por diversas entidades, como

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Movimento de Combate à Corrup-ção Eleitoral - propõe mudanças mais amplas. Além das alterações previstas no substitutivo, o projeto de iniciativa popular acrescenta dispositivos à lei. Um deles prevê que parlamentares que cometeram quebra de decoro fiquem inelegíveis por oito anos, mesmo que re-nunciem antes para evitar a cassação.

A expectativa de enrijecer as regras de inelegibilidade, em pleno ano eleitoral, começa a dividir opiniões. Líder do governo na Câmara, o deputado Cândi-do Vaccarezza (SP) afirma que o projeto da “ficha limpa” não é democrático. “Sou defensor do Estado de Direito. ninguém pode ser condenado se um processo não transitou em julgado”, explica. “Minha posição é clara e vou dizer isso no Colégio de Líderes.”

Jaime Martins (PR-MG), autor do substitutivo ao PLP 168/93, afirma que as mudanças são necessárias para garantir a mo-ralidade nas eleições. Para ele, retirar a exigência do trânsito em julgado não elimina o princípio da presunção da inocência. “o que ocorre é que as ações costumam demorar décadas. Muitas vezes, a pessoa morre e o processo continua, ou seja, a morosidade da Justiça acaba servindo de refúgio para a impunidade”, diz. (DC)

Para líder do governo, projeto não é democrático

Em comum, todos os projetos apen-sados têm a intenção de melhorar o perfil dos candidatos a cargos eletivos no País. Mas as diferenças são várias: o PLP 487/09, por exemplo, prevê a necessidade de condenação em segun-da instância para tornar o candidato inelegível. A proposta é do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).

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DESAPARECIMEnToS

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias realiza, nesta quinta-feira (4), nova au-diência pública para debater o 3º Programa nacional de Direitos Humanos (PnDH 3). o plano prevê medidas consideradas polêmicas, como a abertura dos arquivos do regime militar (1964-1985), o fortalecimento da refor-ma agrária e a prioridade para a aplicação de penas alternativas no sistema penitenciário.

Para efetivar as medidas do plano, o governo prevê o envio de 27 projetos de lei ao Con-gresso, ao longo dos próximos 11 meses.

no último dia 18, a comissão promoveu audiência com organi-zações defensoras dos direitos humanos para rebater as críticas que o plano vem recebendo desde que foi lançado por meio de decreto pelo presidente da

Parlamentares retomarão debate sobre o 3º Programa de Direitos Humanos

o 3º Programa nacional de direitos Humanos prevê o fortalecimento da reforma agrária

República em dezembro.o presidente da Comissão de Di-

reitos Humanos, deputado Luiz Couto (PT-PB), disse que as críticas partem de setores conservadores. “o programa

tem sido alvo dos mais duros ataques desses setores, com o aval de parte dos meios de comunicação. As críticas ao plano têm ignorado o seu caráter propositivo. o texto esteve sob consulta

pública e disponível à apreciação crítica da sociedade e da imprensa durante quase um ano”, afirmou o deputado, durante a audiência.

Convidados - Foram con-vidados para o debate de quin-ta-feira o presidente da ordem dos Advogados do brasil (oAb), Cezar brito; o coordenador do Movimento nacional de Direitos Humanos, Gilson Cardoso; Ale-xandre Ciconello, representante do Fórum de Entidades nacionais de Direitos Humanos; o presidente da Confederação nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto broch; o presi-dente da Associação brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slaviero; o reitor da Universidade de brasília (Unb), José Geraldo de Souza; e o presidente da Conferência nacio-nal dos bispos do brasil (Cnbb), dom Geraldo Lírio Rocha.

dioGenis santos

PLAno nACIonAL

José Carlos Oliveira

Integrantes da Comissão de Direi-tos Humanos e Minorias defendem a entrada da Polícia Federal na inves-tigação do desaparecimento de ado-lescentes em Luziânia, cidade goiana localizada no entorno de Brasília. Seis jovens com idades entre 13 e 19 anos desapareceram misteriosamente da cidade, desde o fim de dezembro. Outros dois casos são investigados em Alexânia, também em Goiás, mas a polícia do estado ainda não tem pistas concretas para a investigação.

Pela segunda semana consecutiva, representantes da Comissão de Di-reitos Humanos reuniram-se com a família dos desaparecidos e com as autoridades que investigam o caso. Também participaram da reunião re-presentantes do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, da Uni-versidade de Brasília, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Segundo o assessor jurídico da comissão, Augustino Veit, que esteve ontem em Luziânia, as famílias recla-mam da falta de informação e pedem

Comissão quer Polícia Federal na investigação sobre adolescentes em Luziânia

rapidez na solução do caso. Veit infor-mou que o delegado responsável pelos inquéritos não explicou que tipo de linha de investigação está priorizando e quais são, efetivamente, as desco-bertas. “A grande queixa dos familia-res é que a polícia não dá satisfação nenhuma. Eles não conseguem falar diretamente com os delegados respon-sáveis e estão desesperados. O delegado regional, que deveria nos receber, não estava presente na comarca, segundo informações dos agentes que estavam na

delegacia. Está muito confusa a atuação da polícia”, avaliou.

O vice-presidente da comissão, depu-tado Pedro Wilson (PT-GO), já havia pensado em mobili-zar a Polícia Federal desde a visita que fez a Luziânia, na sema-na passada. Segundo ele, a investigação não avança, apesar do compromisso e do empenho demonstra-dos pelas autoridades da Justiça e da se-gurança pública do estado. “As famílias estão bastante apreensivas, sem nenhuma informa-ção. Na nossa ida da semana passada, já apoiávamos a participação da Polícia Federal e do Ministério Público Fede-ral, dada a gravidade [do fato], inclu-sive agora com o desaparecimento de mais uma adolescente [em Alexânia]. Sabemos que a polícia [goiana] está trabalhando, mas queremos avançar mais. Não basta dizer que está investi-gando, depois de passadas mais de duas

semanas. É preciso uma ação firme da polícia goiana e, quem sabe, da Polícia Federal”, destacou.

A entrada da Polícia Federal no caso depende de um pedido formal do governo de Goiás. O deputado quei-xa-se ainda da falta de uso das câmeras para monitoramen-to de segurança que já estão instaladas em pontos estraté-gicos de Luziânia e que poderiam ter

ajudado na investigação, se estivessem em pleno funcionamento.

Campanha das famílias - Pedro Wilson também pretende realizar, nos próximos dias, audiência pública na Câ-mara com as famílias dos adolescentes desaparecidos. Por iniciativa própria, as famílias começaram a articular uma campanha regional, com a distribuição de cartazes, folhetos e fotografias, em busca de informações concretas sobre o paradeiro dos jovens.

rodolFo stuCkert

Pedro Wilson

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Brasília, 2 de fevereiro de 20106

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

InCLUSÃo DIGITAL

Publicação da Câmara apresenta diagnóstico da banda larga no Brasil

Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica propõe ao governo uma série de medidas com o objetivo de levar a banda larga para as classes C, D e E

Rejane Xavier

No momento em que o governo se prepara para lançar o Programa Na-cional de Banda Larga, a Câmara dos Deputados promove um amplo debate sobre o tema, envolvendo parlamen-tares, especialistas, organizações de usuários, empresas prestadoras de ser-viços e técnicos de diferentes órgãos do Executivo.

O resultado dessa mobilização foi a publicação “Alternativas de Políticas Públicas para a Banda larga”, lançada no mês passado pelo Conselho de Al-tos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara.

Para o deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE), relator do estu-do, a sociedade espera respostas sobre políticas públicas capazes de massificar o acesso à internet e combater o atraso digital do País. “É impossível falar em universalização do acesso à banda larga sem a adoção de políticas públicas com essa finalidade”, defende.

As alternativas disponíveis para promover a popularização da banda larga no Brasil, conforme a publica-ção, vão desde a criação de uma estatal para atuar no setor até a implemen-tação de incentivos e compensações para que o setor privado se interesse pelos segmentos menos atrativos do mercado. A criação de uma estatal para a banda larga está em discussão no governo e encontra forte resistência das telefônicas, que ameçam recorrer à Justiça contra a medida.

Para Lustosa, é importante frisar que as propostas em pauta não são excludentes, e que a possibilidade de adoção de um modelo híbrido para so-lucionar o problema da exclusão digital no País não deve ser descarta-da. “O caminho é o da complementariedade”, avalia.

Acesso concentra-do - De 2000 a 2009, o número de assinan-tes de banda larga fixa no País passou de 123 mil para 12 milhões. O relatório mostra, no entanto, que o serviço está concentrado nas

classes A e B, e o ritmo de expansão dos acessos vem caindo desde 2004. A tendência é que o número de usuários se estabilize, no final de 2014, em menos de 20 milhões.

Quanto à banda larga móvel (via te-lefone celular), estima-se que existam hoje 4,2 milhões de acessos 3G. Consi-derando o tamanho do Brasil, segundo o estudo, esse número é insatisfatório: praticamente 90% dos domicílios não têm acesso ao serviço. E a concentração é grande em termos espaciais: aproxi-madamente 40% dos acessos em banda larga estão no estado de São Paulo.

Na falta de políticas públicas espe-cíficas, avalia o estudo, a qualidade do serviço de banda larga no Brasil ainda é baixa, os preços são altos e a disponibi-lidade da oferta deixa a desejar, apesar do crescimento acelerado do número de acessos.

Velocidade baixa - A velocida-de também é baixa: se o tempo para baixar um filme, por exemplo, é de 11 minutos no Japão ou 38 minutos nos Estados Unidos, no Brasil o mesmo processo demanda 3 horas e 10 minu-tos, em média. Noventa por cento das conexões no Brasil são realizadas em faixas inferiores a 1 Mb. Pelos indica-dores usados nos países desenvolvidos, 2 Mb é considerado o mínimo do que se considera banda larga.

Além disso, a banda larga no Brasil é uma das mais caras do mundo. Con-siderando as limitações de renda da po-pulação, um patamar de preço de R$ 50 (inferior ao menor preço praticado no mercado) já exclui 65% dos brasileiros do acesso à banda larga. Para que 54% pudessem ser incluídos, os preços da co-nexão teriam de partir de R$ 30.

Nos Estados Uni-dos, um serviço de banda larga eficaz custa para o usuário o equivalente a 0,4% da renda média do país. Já no Brasil, o custo é de 9,6% dessa renda, em média. Os dados são de um estudo feito em 154 países pela União Internacional para as Telecomunicações (UIT), órgão da ONU, e publicado em 2009.

Alto preço é o principal obstáculoDe acordo com a publicação do Conselho de Altos Estudos, o principal

obstáculo à universalização da banda larga no brasil é o alto preço cobrado pelo serviço. Entre os fatores apontados estão a falta de competição entre as empresas do setor (por falha na regulação) e a alta carga tributária.

Embora pareça que o mercado é razoavelmente bem distribuído no País, com a predominância de quatro grandes operadoras, dentro de cada estado a situação é diferente. Uma única operadora provê 59% do serviço de banda larga no estado de São Paulo, e a concentração é de 67% no interior desse estado.

Pesquisa internacional em 101 países mostrou que somente Turquia e Uganda têm carga tributária sobre o serviço de banda larga mais elevada que a do brasil. A carga tributária sobre as operadoras de telecomunicação pode atingir até 55% da receita bruta, ônus que é transferido para o preço dos serviços. o principal tributo é o ICMS, que chega a 30% sobre o serviço, em alguns estados. (RX)

Principal motivo para não ter acesso à internet com maior velocidade, segundo a pesquisa

Preço elevado/ não tenho

como pagar

Falta de disponibilidade

na área (falta de infraestrutura)

Para o uso que eu faço não pre-

ciso de mais velocidade

Tenho acesso rápido à internet

de outro local

não costumo acessar a

internet em casa

outras razões

não sabe/ não respondeu

TotalUrbanaRural

Fonte: Ministério do Planejamento / TIC Domicílios 2008

48%48%

41%

33%33%

47%

7%7%

6%

3%3%

0%

1%1%0%

6%6%

4%

3%3%

1%

Paulo Henrique lustosa

dioGenis santos

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Pinga-Fogo

Brasília, 2 de fevereiro de 2010 7

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

InCLUSÃo DIGITAL

Rejane Xavier

A publicação “Alternativas de Políticas Públicas para a Banda Larga”, do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara, procura analisar as diversas al-ternativas, considerando especialmente as alterações legais e infralegais necessárias para implementá-las.

Entre as indicações encaminhadas ao governo pelo Conselho de Altos Estudos (Indicação 5949/09), como resultado do trabalho, destacam-se:

- a criação ou seleção de uma entidade autárquica que centralize a condução da política nacional da banda larga;

- a definição da taxa de transmissão mínima que caracteriza o serviço de banda larga; do regime jurídico mais adequado para a consecução dos objetivos do progra-ma, dentre as opções regulatórias disponí-veis; e das fontes de financiamento para o cumprimento da política estabelecida;

- a adoção de políticas públicas e mo-delos regulatórios diferenciados em função das características de cada localidade;

- a iniciativa de coletar informações que permitam estimar o “custo de univer-salização” da banda larga;

- a adoção de medidas regulatórias complementares destinadas a incentivar a concorrência na oferta de serviços de telecomunicações nos grandes centros ur-banos e a impor metas de cobertura para localidades remotas;

- o exame da viabilidade de imposição de metas de cobertura para o serviço de

SuframaSebastião Bala Ro-

cha (PDT-AP) destacou as conquistas obtidas em 2009 pelo Amapá, citando a aprovação, no Senado, do projeto que garante a inclusão do governador do estado e do prefeito de Macapá no Conselho da Suframa; investimentos de R$ 10 milhões em projetos de infraestrutura, turismo e na área social; e a criação do curso de medicina na Universidade Federal do Amapá. Para 2010, bala Rocha prevê a aprovação da PEC 300/08, que ga-rante a isonomia salarial dos policiais e bombeiros militares de todo o País, e da PEC que transfere para os quadros da União os ser-vidores civis e militares do ex-território do Amapá.

Justiça desportivaAlceni Guerra (DEM-

PR) propôs que os tribunais da justiça desportiva sejam transferidos para brasília. De acordo com o deputado, não há justificativa para a sede continuar no Rio de Janeiro, beneficiando, segundo ele, os clubes cariocas. Como exemplo, Alceni citou a situação do Coritiba, time do Paraná, que foi julgado e punido pelos atos de vandalismo ocorridos após a partida diante do Fluminense, na última rodada do Campe-onato brasileiro de 2009, com a perda de mando de campo até junho de 2011, além de multa de R$ 610 mil. Já o Fluminenese, disse o deputado, foi punido apenas com o pagamento de multa no valor de R$ 14 mil.

Pau-brasilLuiz Carlos Setim

(DEM-PR) disse que o pau-brasil deveria ser valorizado como imagem de defesa do meio ambiente e lembrou que em 7 de dezembro de 1978 ela foi declarada árvore nacional do brasil. Setim destacou que, durante as comemorações dos 500 anos de descobrimento do brasil, o município de São José dos Pinhais, no Para-ná, plantou 1,3 mil mudas da árvore, uma iniciativa que foi considerada pela Secretaria de Cultura do estado como uma das mais relevantes ocorridas durante as festividades.

A proposta sobre banda larga mais abrangente em análise na Casa é o Pro-jeto de Lei 1481/07, do Senado, ao qual tramitam apensados diversos projetos da Câmara. Seu item de maior repercussão é o que modifica o art. 1º da lei do Fust (9.998/02) para permitir o emprego do fundo não só em serviços prestados em regime público, mas também em regime privado.

Se aprovado, o projeto contribuirá para eliminar um importante entrave ao uso desses recursos para a implementação de programas governamentais de popu-larização do acesso a serviços de banda larga.

Em 2009, quatro projetos de lei refe-rentes à banda larga foram apresentados na Câmara: PL 6504/09, do deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), que estabelece o acesso à banda larga como direito univer-

sal; PL 6006/09, do deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP), que altera a Lei Geral de Telecomunicações para instituir o “Índice de Qualidade de Acesso às Re-des Digitais”, com o objetivo de promover avaliação periódica dos serviços da rede e garantir aos assinantes de redes de banda larga, em qualquer horário, 50% da capa-cidade máxima contratada; PL 5516/09, do deputado Dr. Talmir (PV-SP), que obriga a prestadora do serviço de banda larga a justificar por escrito ao solicitante o motivo da impossibilidade de instalação do serviço no endereço solicitado; e PL 5116/09, do deputado José Genoíno (PT-SP), que altera a lei do Fust, para permitir a destinação de recursos do fundo para implantar e capacitar a conectividade de banda larga nos acessos à internet em todos os programas e atividades do SUS, ampliando os projetos de telemedicina e

telessaúde.Também chegou à Câmara no ano

passado o PL 6585/09, do Senado, que altera a LGT e a lei do Fust para permitir que sejam aplicados recursos desse fun-do no subsídio do consumo de serviços prestados em regime público destinados à população de baixa renda.

Conhecido como projeto da conver-gência de mídias, o PL 29/07, do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), concei-tua as diversas atividades da cadeia de valor da comunicação social eletrônica (produção, programação, empacotamen-to e distribuição de conteúdo) e permi-te que qualquer entidade que opere os serviços de telecomunicações programe e comercialize qualquer tipo de conteú-do eletrônico, respeitadas as limitações constitucionais pertinentes à radiodifu-são. (RX)

Projeto amplia utilização de recursos do Fust

Relatório propõe medidas para a universalização da internet

banda larga para as concessionárias de te-lefonia fixa, quando a estas for autorizado o direito de prestação do serviço de TV a cabo;

- a avaliação dos efeitos da desoneração tributária sobre o serviço de banda larga;

- a extensão dos programas de alfabe-tização digital da população às áreas ru-rais e a todos os trabalhadores brasileiros; estímulo à produção e à disseminação de conteúdos digitais; estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação tecno-lógica, bem como à integração de redes de saberes.

Atual legislação - A legislação atual,

de acordo com o estudo publicado, não possibilita a imposição de obrigações de universalização da banda larga nem per-mite a utilização de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomu-nicações (Fust) para esse fim. Isso porque esses instrumentos se aplicam apenas a serviços de telecomunicação prestados em regime público, o que é o caso, exclusiva-mente, dos serviços de telefonia fixa.

A lei hoje também não impede a cria-ção de políticas públicas que tenham por objetivo massificar o acesso aos serviços mediante incentivos e outros mecanis-mos.

entre as sugestões do Conselho de altos estudos, está a extensão dos programas de alfabetização digital da população às áreas rurais e a todos os trabalhadores brasileiros

reinaldo FerriGno

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Brasília, 2 de fevereiro de 20108

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CATáSTRoFE

A Câmara analisa a Medida Provisó-ria 480/10, que libera R$ 1,37 bilhão do Orçamento de 2010 para atendimento de emergência às vítimas do terremoto que devastou o Haiti no último dia 12 de janeiro e para as cidades brasileiras que sofreram com enchentes, desliza-mentos e estiagem.

Desse total, R$ 35,3 milhões serão transferidos diretamente ao Haiti, e se somam ao esforço internacional para garantir o funcionamento de serviços básicos, como saúde e distribuição de alimentos.

A MP passa a trancar a pauta da Casa onde estiver (Câmara ou Senado) a partir de 19 de março.

Tropas - Para o reforço das ações de pacificação e socorro ao Haiti serão R$ 205 milhões aplicados pelo Minis-tério da Defesa, tanto para financiar as ações extras após o desastre quanto para substituir os equipamentos perdi-dos com o terremoto e reconstruir as bases de operação brasileiras. Outros R$ 600 mil serão usados pelos serviços de inteligência brasileiros na coordena-ção do esforço de ajuda.

Atualmente, o Brasil chefia a Missão das Nações Unidas para a Es-

Câmara analisa MP que libera R$ 1,37 bilhão para vítimas da chuva e ajuda ao Haiti

Militares brasileiros organizam a distribuição de água e alimentos em Porto Príncipe

Iris de Araújo

o grande terremoto que assolou o Haiti me fez refletir sobre duas ex-periências que tive como deputada federal. nos primeiros meses de meu primeiro mandato parlamentar, como integrante da Comissão de Relações Exteriores, tive oportunidade, em au-diência publica, de ouvir o relato sobre a Minustah, como se denomina a mis-são das nações Unidas para a estabilização no Haiti. naquela ocasião, esse organismo teve sua sede destruída na capital, Porto Príncipe.

Pude então tomar conhecimento sobre dra-máticas realidades e tive acesso a no-mes para mim ainda desconhecidos, como Cité Soleil, o bairro onde as Forças Armadas brasileiras tiveram papel importante na contenção da desordem ao inibir a ação de grupos armados que agrediam, estupravam e matavam.

É bom lembrar que, até então, havia uma forte cultura de violência

O triunfo da vida em tempos de morteherdada do homem que melhor simboliza o bárbaro período histórico dominado por ditadores sanguinários: François Duvalier, o Papa Doc. De 1957 a 1971, tendo como braço armado a sua po-lícia secreta, conhecida como Tonton Macoutes, esse criminoso promoveu o

pavor generalizado junto à população haitiana.

Agora, quando sobreveio a tragédia, nos primeiros momentos de dor e de estu-pefação, foram justamente os nossos cidadãos brasileiros que fizeram a diferença. não só pela presença, como também pela familiaridade e pela extrema confiança adquirida junto à população daquele país castigado pelo desespero. na Comissão de

Relações Exteriores, ouvindo o major Heleno que, à época, comandava a mis-são, comecei a entender um pouco do que se passava no Haiti. Hoje, rendemos nossas homenagens às forças de paz brasileiras que tiveram vidas ceifadas naquele doloroso episódio.

outro episódio que me vem à lem-brança diz respeito a esta mulher extraor-dinária que, com sua fé inabalável e seu

imenso amor, salvou milhares de crianças. Durante a luta contra a descriminalização do aborto, quando um conjunto de parlamentares de todos os partidos nos juntamos em defesa da vida, conheci de perto e convivi com a bela presença que sempre foi Dona Zilda Arns.

Diante da batalha de argu-mentos e requerimentos em que se transformou a Comis-são de Seguridade Social, da qual sou suplente, mas com direito a voz e, na ausência de titular, voto também, senti que Dona Zilda em algum momento demonstrava espanto e até certa fragilidade naquele ambiente. o que, para nós, era corriqueiro (vozes altas e nem sempre respeitosas diante da polêmica do tema), para ela se constituía numa realidade estranha, acostumada a ser, como disse numa de suas entrevis-tas, acarinhada e bem recebida.

Aproximei-me dela e disse ao cum-primentá-la: “Estou do seu lado, Dona Zilda. Defendemos a mesma causa.” Ela olhou-me, abriu aquele belo sorriso e, en-tendendo a mensagem, apertou a minha mão com força e por instantes ficamos

ali, duas mulheres, acho que as únicas naquele momento decisivo de luta em defesa da vida. Esta batalhadora que, como pediatra e sanitarista, fez da medicina uma missão para salvar nossas crian-ças pobres da mortalida-de infantil, da desnutrição e da violência familiar e social, deixa para a humanidade o legado do amor incondicional.

Como médica zelosa, a metodologia que pessoalmente implantou, tendo por base a educa-ção como fonte central para prevenir doenças e combater a marginalidade social, é um legado para o mundo. Ela trazia a solidariedade na alma e seu desejo de ajudar ao próximo era algo pleno e forte. Dona Zilda partiu aos 73 anos, mas sua obra continuará viva, intensa, eterna. ________________________

Iris de Araújo é deputada federal por Goiás e vice-presidente

nacional do PMDB

Dona Zilda Arns trazia a solidariedade

na alma e seu desejo

de ajudar ao próximo era algo pleno

e forte

tabilização do Haiti (Minustah). O transporte de tropas e suprimentos foi intensificado, e o Congresso aprovou na última semana o envio imediato de mais 900 militares para o país, com efetivo autorizado para essa missão de 2.600, entre soldados, engenheiros e médicos das Forças Armadas.

Segundo a MP, o Ministério da Saú-de receberá R$ 135 milhões para a aqui-

sição de ambulâncias e para construção e manutenção de Unidades de Pronto Atendimento, o que ajudará a reestru-turar o sistema de saúde no Haiti. Os recursos vão garantir o deslocamento de profissionais brasileiros e serviços ime-diatos de assistência à saúde, prevenção e controle de doenças transmissíveis.

Chuvas - A maior parte dos recur-sos liberados pela MP será destinada

às ações de três ministérios (Cidades, Integração Nacional e Agricultura) nos municípios brasileiros atingidos pela estiagem ou pelas fortes chuvas des-se início de ano. São R$ 614 milhões para socorro às vítimas, recuperação de áreas danificadas e de estradas vicinais destruídas, além da construção ou re-construção de casas para a população de baixa renda afetada.

O Ministério da Integração Nacio-nal, que coordena ações de Defesa Ci-vil em caso de desastres, enviou cestas básicas, agasalhos e abrigos emergen-ciais para as pessoas atingidas. Para o Haiti, o ministério deve enviar barracas de material impermeável, colchonetes, travesseiros, lençóis e cobertores, além de recursos para transporte e armaze-nagem desse material.

Por fim, a MP destina R$ 384 mi-lhões ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que serão usados para compensar perdas de arrecadação provocadas pela crise financeira inter-nacional. Com isso, ficam garantidos em 2009 os mesmos recursos de 2008, o que, segundo o Executivo, vai garantir a pres-tação dos serviços públicos essenciais.

MarCelo Casal aG br

saulo Cruz