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SERVIÇOS PÚBLICOS DIPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS Constituição Federal (art. 21 a 30, e art. 175) Lei nº 8.078/90 (art. 3º, caput e § 2º, art. 6º, inciso X e art. 22) Lei nº 8.987/95 (dispõe sobre o regime de concessão ou permissão de serviços públicos) CONCEITO Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado.”( Hely Lopes Meirelles) Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob o regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade.”( José dos Santos Carvalho Filho) CLASSIFICAÇÃO UTI UNIVERSI(não se submetem ao Código de Defesa do Consumidor) Serviços “uti universi” ou gerais: são aqueles que a Administração presta para atender à coletividade. Estes serviços são indivisíveis e os usuários indeterminados. Daí porque normalmente são mantidos através de impostos e não por taxa ou tarifa. São exemplos a polícia, a saúde pública, a educação pública, o calçamento, a iluminação pública. Satisfazem indiscriminadamente a população, sem que se erijam em direito subjetivo de qualquer administrado; ou UTI SINGULI” (se submetem ao Código de Defesa do Consumidor) Serviços “uti singuli” ou individuais: são aqueles que têm usuários determinados e utilização individual, facultativa e mensurável para cada destinatário, como ocorre com o telefone, água, gás e energia elétrica. Esses

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Page 1: SERVIÇOS PÚBLICOS DIPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS · 2019-12-06 · SERVIÇOS PUBLICOS Os serviços públicos também estão sujeitos às regras do Código de Defesa do Consumidor,

SERVIÇOS PÚBLICOS

DIPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS

• Constituição Federal (art. 21 a 30, e art. 175) • Lei nº 8.078/90 (art. 3º, caput e § 2º, art. 6º, inciso X e art.

22) • Lei nº 8.987/95 (dispõe sobre o regime de concessão ou

permissão de serviços públicos) CONCEITO

“Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou

por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado.”( Hely Lopes Meirelles)

“Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por

seus delegados, basicamente sob o regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade.”( José dos Santos Carvalho Filho)

CLASSIFICAÇÃO

“UTI UNIVERSI” (não se submetem ao Código de Defesa do Consumidor)

• Serviços “uti universi” ou gerais: são aqueles que a Administração presta para atender à coletividade. Estes serviços são indivisíveis e os usuários indeterminados. Daí porque normalmente são mantidos através de impostos e não por taxa ou tarifa. São exemplos a polícia, a saúde pública, a educação pública, o calçamento, a iluminação pública. Satisfazem indiscriminadamente a população, sem que se erijam em direito subjetivo de qualquer administrado; ou

“UTI SINGULI” (se submetem ao Código de Defesa do Consumidor)

• Serviços “uti singuli” ou individuais: são aqueles que

têm usuários determinados e utilização individual, facultativa e mensurável para cada destinatário, como ocorre com o telefone, água, gás e energia elétrica. Esses

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serviços desde que implantados geram direitos subjetivos à obtenção para os administrados que se encontrem na sua área de prestação. São remunerados por tarifa ou preço público.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, a defesa do

consumidor foi elevada à categoria de direito fundamental, nos termos do artigo 5º, inciso XXXII, que dispõe: “ o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.” Diante de tal dispositivo constitucional, verifica-se que não se trata de uma faculdade do Estado, mas sim de um dever de promover a defesa do consumidor e, consequentemente, uma garantia fundamental do consumidor.

Ao determinar ao Estado o dever de promover a defesa do

consumidor, determinou também que fosse elaborada lei específica, como pode ser evidenciado através do artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – elaboração do Código de Defesa do Consumidor -, sendo certo que este tem origem constitucional – Lei nº 8.078/90.

Ademais, deve ser mencionado que o artigo 170, inciso I, da

Constituição Federal de 1988 prevê como Princípio Geral da Ordem Econômica a defesa do consumidor.

Frise-se que o Código de Defesa do Consumidor tem por

finalidade realizar o equilíbrio, a harmonia das relações de consumo, uma vez que o fornecedor é parte mais forte da mencionada relação, regula relação entre desiguais. (artigo 4º, caput, e inciso III do CDC). A Lei nº 8.078/90 tem por finalidade principal a igualdade material ou real entre as partes que, como já mencionado, são desiguais, não é um privilégio, mas sim a proteção ao consumidor vulnerável. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR AOS SERVIÇOS PUBLICOS

Os serviços públicos também estão sujeitos às regras do Código

de Defesa do Consumidor, conforme expressa previsão legal, sobretudo no que tange aos arts. 3º, caput e § 2º; 6º, inciso X e 22.

Com efeito, no art. 3º, caput, o legislador incluiu no rol de

fornecedores a pessoa jurídica de direito público (e, claro, por via de conseqüência todos aqueles que em nome dela – direta ou indiretamente – prestam serviços públicos), bem como, ao definir “serviço” no § 2º do mesmo artigo, dispôs que é qualquer atividade

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fornecida no mercado de consumo, excetuando apenas os serviços sem remuneração e os decorrentes das relações de caráter trabalhista. Mais a frente, no art. 6º, inciso X, dispõe ser direito básico do consumidor “a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral”. Além dessas referências, há o reforço do disposto no caput do art. 22.

No entanto, não é todo e qualquer serviço público que está sujeito

às normas consumeristas. Embora haja posicionamento em contrário, prevalece o entendimento de que somente os serviços remunerados por tarifa ou preço público, ou seja, serviços “uti singuli” podem ser regidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Este é inclusive o pensamento dominante no Superior Tribunal de Justiça, de acordo com o julgamento do REsp nº 1.062.975/RS, tendo como relatora a Min. Eliana Calmon:

“ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO – ENERGIA ELÉTRICA – INADIMPLÊNCIA – ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 535, I e II, DO CPC – INEXISTÊNCIA – DISSÍDIO NÃO CONFIGURADO – INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DOS ARTS. 255 DO RISTJ E 541, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. 1. Não há falar em violação do art. 535, I e II, do CPC, quando o Tribunal de origem bem fundamenta seu entendimento, rejeitando, ainda que implicitamente, as teses defendidas pelo recorrente. 2. Inviável, da mesma forma, esse recurso, pela alínea "c" quando não observados os requisitos dos arts. 255 e parágrafos do RISTJ e 541, parágrafo único, do CPC, na caracterização do dissídio jurisprudencial, já que não demonstrada a similitude de suporte fático mediante cotejo analítico. 3. Os serviços públicos podem ser próprios e gerais, sem possibilidade de identificação dos destinatários. São financiados pelos tributos e prestados pelo próprio Estado, tais como segurança pública, saúde, educação, etc. Podem ser também impróprios e individuais, com destinatários determinados ou determináveis. Neste caso, têm uso específico e mensurável, tais como os serviços de telefone, água e energia elétrica. 4. Os serviços públicos impróprios podem ser prestados por órgãos da administração pública indireta ou, modernamente, por delegação, como previsto na CF (art. 175). São regulados pela Lei 8.987/95, que dispõe sobre a concessão e permissão dos serviços público.

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5. Os serviços prestados por concessionárias são remunerados por tarifa, sendo facultativa a sua utilização, que é regida pelo CDC, o que a diferencia da taxa, esta, remuneração do serviço público próprio. 6. Os serviços públicos essenciais, remunerados por tarifa, porque prestados por concessionárias do serviço, podem sofrer interrupção quando há inadimplência, como previsto no art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95. Exige-se, entretanto, que a interrupção seja antecedida por aviso, existindo na Lei 9.427/97, que criou a ANEEL, idêntica previsão. 7. A continuidade do serviço, sem o efetivo pagamento, quebra o princípio da igualdade das partes e ocasiona o enriquecimento sem causa, repudiado pelo Direito (arts. 42 e 71 do CDC, em interpretação conjunta). 8. Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa parte, provido.” (GRIFOU-SE) (STJ – 2ª Turma; REsp nº 1062975/RS (2008/0121541-3); rel. Ministra ELIANA CALMON; julg. 23/09/2008; publ. DJe 29/10/2008)

De ser ressaltado que os serviços remunerados por tarifa ou preço

público tem por característica a equivalência, a proporção do valor pago por aquilo que efetivamente foi utilizado pelo consumidor. Tem-se como exemplo, o serviço de abastecimento de água, telefonia, energia elétrica, transporte coletivo. PRINCÍPIOS

• Princípio da adequação (artigo 175, parágrafo único, inciso

IV, da Constituição Federal e artigo 6º, §1º da Lei nº 8.987/95)

• Princípio da continuidade (artigo 22 do CDC e artigo 10 da Lei nº 7.783/89)

• Princípio da eficiência • Princípio da segurança • Princípio da atualidade • Princípio da generalidade • Princípio da modicidade das tarifas

Constituição Federal de 1988: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma

da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou

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permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e

permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço

adequado.” (GRIFOU-SE) Código de Defesa do Consumidor: “Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas

empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.” (GRIFOU-SE)

Lei nº 8987/95: “Art. 6o. Toda concessão ou permissão

pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.” (GRIFOU-SE)

Lei nº 7.783/89 “Art. 10. São considerados serviços ou

atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água;

produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;

II - assistência médica e hospitalar;

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III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;

IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias

radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços

essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI - compensação bancária.” (GRIFOU-SE)

INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO PÚBLICO

Embora controvertida na doutrina e na jurisprudência, os Tribunais passaram a entender que a exigência de continuidade para os serviços essenciais não impede a suspensão do serviço em caso de inadimplência do consumidor, ante expressa previsão na Lei nº 8.987/95, em seu art. 6º, § 3º, inciso II, que dispõe que não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após aviso prévio, quando por inadimplemento do usuário, considerando o interesse da coletividade.

Lei nº 8987/95: “Art. 6o. Toda concessão ou permissão

pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

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II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.” (GRIFOU-SE)

O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e o

Egrégio Superior Tribunal de Justiça entendem pela possibilidade de suspensão do serviço público essencial na hipótese de inadimplemento por parte do consumidor-usuário, sob pena de enriquecimento ilícito dos usuários que não cumprem com as obrigações assumidas e o risco de levar a uma prestação deficiente aos usuários que pagam suas contas de forma regular.

Neste sentido, Apelação Cível nº 0281634-17.2009.8.19.0001,

16ª C.Cível, Rel. Des. Mario Robert Mannheimer, j. 09/06/2011 do TJ/RJ, assim como o RESp 887.389/RJ, julgado em 22/04/2008, tendo como relatora a Min. Eliana Calmon, abaixo transcrito:

“ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO – ENERGIA ELÉTRICA – SUSPENSÃO DO SERVIÇO – INADIMPLÊNCIA - IMPRESTABILIDADE DE MEDIDOR - EXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. 1. Este Tribunal Superior, encampando entendimento sedimentado no Pretório Excelso, firmou posição no sentido de que a contraprestação cobrada por concessionárias de serviço público de água e esgoto tem natureza jurídica de tarifa ou preço público, seja o serviço prestado diretamente pelo Estado ou por empresa privada, concessionária do serviço. 2. Os serviços públicos essenciais, remunerados por tarifa, podem sofrer interrupção quando há inadimplência, como previsto no art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95. Exige-se, entretanto, que a interrupção seja antecedida de aviso, existindo na Lei 9.427/97, que criou a ANEEL, idêntica previsão. 3. A continuidade do serviço, sem o efetivo pagamento, quebra o princípio da igualdade das partes e ocasiona o enriquecimento sem causa, repudiado pelo Direito (arts. 42 e 71 do CDC, em interpretação conjunta). 4. Quando no recurso especial a tese jurídica abstraída fica na dependência do exame de provas para verificar-se a existência ou não de culpa do

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consumidor, esbarra o conhecimento no óbice da Súmula 7/STJ 7. 7. Recurso especial improvido.” (STJ – 2ª Turma; REsp nº 887.389/RJ (2006/0213907-0); rel. Ministra ELIANA CALMON; julg. 22/04/2008; publ. DJe DJe 12/08/2008)

No entanto, o próprio Tribunal Superior entende pela

impossibilidade de suspensão do serviço público mesmo no caso de inadimplência, quando o consumidor, pessoa física, encontrar-se em situação de miserabilidade ou desemprego ou nas hipóteses que o usuário tratar-se de hospitais, universidades, escolas, etc. (ante o interesse público) ou em situações em que o débito que fundamenta o inadimplemento é considerado pretérito, ou seja, anterior a 3 (três) meses a suspensão do serviço.

A título de exemplo, vale trazer à colação o julgamento do

Superior Tribunal de Justiça no recurso abaixo:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ENERGIA ELÉTRICA. DÍVIDA CONTESTADA EM JUÍZO. DÉBITO PRETÉRITO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Esta Corte possui entendimento consolidado no sentido de que há ilegalidade na interrupção no fornecimento de água nos casos de dívida contestada em Juízo, referente a valores apurados unilateralmente pela concessionária e decorrentes de débitos pretéritos, uma vez que o corte configura constrangimento ao consumidor que procura discutir no Judiciário débito que considera indevido. 2. Ademais, o STJ possui entendimento pacífico no sentido de que não é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica por dívida pretérita, em face da existência de outros meios legítimos de cobrança de débitos antigos não pagos. 3. Agravo regimental não provido.” (GRIFOU-SE) (STJ – 2ª Turma; AgRg no AREsp nº 132 / PE (2011/0027099-7); rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES; julg. em 12/04/2011; publ. DJe 27/04/2011)

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Assim é que se repudia a paralisação abrupta, sem aviso prévio, como meio de pressão para o pagamento de contas em atraso. Portanto, o pequeno inadimplemento do consumidor se confunde com mera impontualidade, bem como débitos pretéritos, em princípio, não ensejam conseqüências de suspensão do fornecimento.

Os consumeristas, no entanto, sustentam que, se a continuidade

dos serviços essenciais é mandamento legal, que se impõe até em função do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, o fornecimento desses serviços não pode ser interrompido mesmo no caso de inadimplemento. Sustenta-se, ainda, que o fornecedor tem o dever de colaborar para que o consumidor possa adimplir o contrato, ou seja, deve criar condições para o regular pagamento (dever de cooperação, corolário do princípio da boa fé objetiva). Há, inclusive, a obrigatoriedade de o fornecedor estabelecer datas opcionais ao usuário para pagamento de seus débitos ( art. 7º-A da Lei nº 8.987/95).

De qualquer forma, a Lei Estadual/RJ nº 4.824/06 proíbe o corte

do fornecimento em dias que antecedem sábados, domingos e feriados.

SUMULA TJ N. 83, DE 18/10/2005: É licita a interrupção do serviço pela concessionária, em caso de inadimplemento do usuário, após prévio aviso, na forma da lei.( DORJ-III, S-I 195 (1) - 18/10/2005)

SUMULA TJ N. 194, DE 09/05/2011: Incabível a interrupção de serviço publico essencial em razão de debito pretérito, ainda que o usuário seja previamente notificado. (DJERJ, ADM 161 (12) - 09/05/2011)

SUMULA TJ N. 198, DE 09/05/2011: Configura prática abusiva a inclusão de parcela atinente a debito pretérito na fatura mensal de serviço prestado por concessionária. (DJERJ, ADM 161 (13) - 09/05/2011)

1) OBRIGAÇÃO PESSOAL E “NÃO PROPTER REM”

O pagamento da tarifa deve ser feito pelo individuo que efetivamente utilizou o serviço, ou seja, o consumidor, não podendo eventual débito gerado pelo ocupante anterior do imóvel ser cobrado do atual ocupante da unidade consumidora ou do titular da conta (a quem caberá provar que não era o consumidor do serviço).

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Isto porque a natureza jurídica da obrigação originária da relação entre consumidor e prestador do serviço público é obrigacional, uma vez que tem por devedor aquele que efetivamente utilizou o serviço prestado pela ré, ao contrário da obrigação propter rem, em que o débito adere ao imóvel e, conseqüentemente, pode ser cobrado daquele que ocupa o mesmo, independentemente de ter sido o destinatário final do serviço.

Nesse sentido, tem se manifestado o Egrégio Tribunal de

Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme decisões na Apelação Cível 015253-34.2009.8.19.0001, Rel. Des Reinaldo P. Alberto Filho, j. 05/06/2011, 4ª C.Cível e na Apelação Cível 0183340-86.2007.8.19.0004, Rel. Des. Luciano Rinaldi, j. 01/06/2011, 7ª C.Cível, assim como o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, conforme REsp 631246/RJ (2004/0023059-2), julgado em 21/09/2006 e relatado pela Ministra DENISE ARRUDA, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 624 DO CC/1916. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FORNECIMENTO DE ÁGUA. INTERRUPÇÃO. POSSIBILIDADE (LEI 8.987/95, ART. 6º, § 3º, II). ORIENTAÇÃO INAPLICÁVEL AO CASO CONCRETO. INADIMPLÊNCIA NÃO-CARACTERIZADA. DÉBITO DO ANTIGO USUÁRIO NÃO PODE SER IMPUTADO AO ATUAL CONSUMIDOR DO SERVIÇO. 1. "Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da interposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo" (Súmula 211/STJ). 2. É lícito à concessionária interromper o fornecimento de água se, após aviso prévio, o usuário permanecer inadimplente. Interpretação do art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95. 3. Essa orientação, todavia, não se aplica ao caso concreto, porque a recorrida, atual consumidora, não está inadimplente. O débito alegado pela concessionária é do antigo usuário do serviço, devendo ser cobrado pelas vias legais cabíveis. 4. O art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95, fala, expressamente, em inadimplemento do usuário, ou seja, do efetivo consumidor do serviço (interrupção personalizada). É inviável, portanto, responsabilizar-se o atual usuário – adimplente com suas obrigações – por débito pretérito relativo ao consumo de água do usuário anterior. (GRIFOU-SE)

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5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (STJ – 1ª Turma; REsp 631246 / RJ (2004/0023059-2); rel. Ministra DENISE ARRUDA; julg. 21/09/2006; publ. DJ 23/10/2006 p. 259)

Como ensina o professor FERNANDO COSTA DE AZEVEDO,

“entende-se que, por ser a relação de consumo um vínculo jurídico negocial, deve haver essa equivalência de prestações, o que a bem da verdade, só ocorre na situação dos serviços públicos remunerados por tarifa. Tem-se assim os serviços públicos uti singuli, também chamados comerciais ou industriais, como os únicos serviços de consumo, isto é, regulados pelo Código de Defesa do Consumidor.” (in A suspensão do fornecimento de serviço público essencial por inadimplemento do consumidor-usuário. Argumentos doutrinários e entendimento jurisprudencial – Revista de Direito do Consumidor nº 62/07, Ed. Revista dos Tribunais, p. 94).

Da mesma forma, a natureza jurídica da remuneração paga pelo

consumidor na utilização do serviço público prestado trata-se de preço público ou tarifa, ou seja, o valor pago pelo serviço deve corresponder àquilo que o usuário de fato consumiu, não se admitindo, portanto, que o indivíduo seja responsabilizado por débito de outrem, pelo simples fato de estar ocupando a mesma unidade consumidora que o usuário anterior inadimplente.

Outro não é o entendimento da jurisprudência pátria,

especialmente o do Egrégio Superior Tribunal de Justiça em julgamento ao Recurso Especial nº 1.117.903/RS 2009/0074053-9, Rel. Min. LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, j. 09/12/2009, senão vejamos:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO NÃO-TRIBUTÁRIO. FORNECIMENTO DE SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO. TARIFA/PREÇO PÚBLICO. PRAZO PRESCRICIONAL. CÓDIGO CIVIL. APLICAÇÃO. 1. A natureza jurídica da remuneração dos serviços de água e esgoto, prestados por concessionária de serviço público, é de tarifa ou preço público, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter não-tributário, razão pela qual não se subsume ao regime jurídico tributário estabelecido para as taxas (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: RE 447.536 ED, Rel. Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em 28.06.2005, DJ 26.08.2005; AI 516402 AgR, Rel. Ministro

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Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 30.09.2008, DJe-222 DIVULG 20.11.2008 PUBLIC 21.11.2008; e RE 544289 AgR, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 26.05.2009, DJe-113 DIVULG 18.06.2009 PUBLIC 19.06.2009. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça: EREsp 690.609/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; REsp 928.267/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em 12.08.2009, DJe 21.08.2009; e EREsp 1.018.060/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 09.09.2009, DJe 18.09.2009). 2. A execução fiscal constitui procedimento judicial satisfativo servil à cobrança da Dívida Ativa da Fazenda Pública, na qual se compreendem os créditos de natureza tributária e não tributária (artigos 1º e 2º, da Lei 6.830/80). 3. Os créditos oriundos do inadimplemento de tarifa ou preço público integram a Dívida Ativa não tributária (artigo 39, § 2º, da Lei 4.320/64), não lhes sendo aplicáveis as disposições constantes do Código Tributário Nacional, máxime por força do conceito de tributo previsto no artigo 3º, do CTN. 4. Conseqüentemente, o prazo prescricional da execução fiscal em que se pretende a cobrança de tarifa por prestação de serviços de água e esgoto rege-se pelo disposto no Código Civil, revelando-se inaplicável o Decreto 20.910/32, uma vez que: "... considerando que o critério a ser adotado, para efeito da prescrição, é o da natureza tarifária da prestação, é irrelevante a condição autárquica do concessionário do serviço público. O tratamento isonômico atribuído aos concessionários (pessoas de direito público ou de direito privado) tem por suporte, em tais casos, a idêntica natureza da exação de que são credores. Não há razão, portanto, para aplicar ao caso o art. 1º do Decreto 20.910/32, norma que fixa prescrição em relação às dívidas das pessoas de direito público, não aos seus créditos." (REsp 928.267/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em 12.08.2009, DJe 21.08.2009) 5. O Código Civil de 1916 (Lei 3.071) preceituava que: Art. 177. As ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em 20 (vinte) anos, as reais em 10

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(dez), entre presentes, e entre ausentes, em 15 (quinze), contados da data em que poderiam ter sido propostas. (...) Art. 179. Os casos de prescrição não previstos neste Código serão regulados, quanto ao prazo, pelo art. 177." 6. O novel Código Civil (Lei 10.406/2002, cuja entrada em vigor se deu em 12.01.2003), por seu turno, determina que: "Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. (...)Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada." 7. Conseqüentemente, é vintenário o prazo prescricional da pretensão executiva atinente à tarifa por prestação de serviços de água e esgoto, cujo vencimento, na data da entrada em vigor do Código Civil de 2002, era superior a dez anos. Ao revés, cuidar-se-á de prazo prescricional decenal. 8. In casu, os créditos considerados prescritos referem-se ao período de 1999 a dezembro de 2003, revelando-se decenal o prazo prescricional, razão pela qual merece reforma o acórdão regional. 9. Recurso especial provido, determinando-se o retorno dos autos à origem, para prosseguimento da execução fiscal, uma vez decenal o prazo prescricional pertinente. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (GRIFOU-SE) (STJ – 1ª Seção; REsp 1117903/RS (2009/0074053-9); rel. Ministro LUIZ FUX, julg. 09/12/2009; publ. no DJe 01/02/2010)

A Lei nº 12.007/2009 impõe às pessoas jurídicas prestadoras de

serviços públicos ou privados o dever de emitir declaração de quitação anual de seus débitos, encaminhando aos consumidores um documento único que compreenda o período de janeiro a dezembro de cada ano. O encaminhamento deverá ser feito no mês de maio juntamente com a fatura correspondente a esse mês ou no mês seguinte ao que completar 12 (doze) meses de serviço prestado.

Por força da Lei Estadual/RJ nº 5.330/08, a concessionária deve

incluir em sua fatura o número de Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do consumidor vinculado àquela cobrança.

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Obs: Ação Civil Pública nº 2009.001.084528-4, tendo como pedido principal a proibição da CEDAE de suspender o fornecimento de água em decorrência de dívidas pretéritas, bem como cobranças de débitos antigos originados por terceiros ao novo morador.

2) INCLUSÃO NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO

O Código de Defesa do Consumidor disciplinou praticamente em um único dispositivo (art. 43) a disciplina dos bancos de dados e cadastros de consumo, admitindo sua existência, já que úteis para o dinamismo da economia, porém visando impor limites e regras, tendo em vista a ameaça que os arquivos de consumo representam à privacidade e honra das pessoas, inclusive no que tange à sua exclusão ou não do mercado de consumo.

Embora a legislação não tenha feito distinção entre os bancos de

dados e os cadastros de consumo, a doutrina costuma considerar como cadastros aqueles em que é o próprio consumidor que oferece seus dados pessoais ao estabelecimento comercial, objetivando maior comunicação entre fornecedor e consumidor, principalmente a respeito de promoções e novos lançamentos.

De outro lado, nos bancos de dados de consumo, cuja principal

espécie são justamente as entidades de proteção ao crédito, a informação advém, em regra dos fornecedores, sendo o destino final da informação o mercado, ou seja, os próprios fornecedores, embora ela permaneça armazenada na entidade.

Os bancos de dados de proteção ao crédito (SPC, Serasa, CCF

e outros) são espécie de bancos de dados de consumo, que têm por principal objeto a coleta, o armazenamento e a transferência a terceiros (credor potencial) de informações pessoais dos consumidores à obtenção de crédito. Embora não sejam os únicos, as entidades de proteção ao crédito são as que têm despertado maior interesse na doutrina e jurisprudência, em razão de seu decisivo poder na concessão ou não do crédito.

Assim é que considerando a função precípua dos bancos de dados

de proteção ao crédito, prevaleceu o entendimento de que débitos oriundos das concessionárias de serviço público, como a CEDAE, a LIGHT e a CEG, além de telefonia, por exemplo, não podem se valer

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dos referidos cadastros, pois não têm como função a intermediação de crédito, mas a prestação de serviços públicos essenciais, intimamente ligados à dignidade da pessoa humana (Apelação Cível nº 2004.001.01923, nos autos da Ação Civil Pública nº 0050210-82.2002.8.19.0001 (2002.001.048623-1), proposta pelo NUDECON em face do SERASA).

3) AGÊNCIAS REGULADORAS Elas têm origem na Lei nº 9472/97, que, dentre outras

providências, criou a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações). A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a ANP (Agência Nacional de Petróleo), a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),a ANS (Agência Nacional de Saúde), e a ANA ( Agência Nacional de Água).

4) SÚMULAS

SÚMULAS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

• SUMULA TJ N. 198, DE 09/05/2011: Configura pratica abusiva a inclusão de parcela atinente a debito pretérito na fatura mensal de serviço prestado por concessionária. (DJERJ, ADM 161 (13) - 09/05/2011)

• SUMULA TJ N. 194, DE 09/05/2011: Incabível a interrupção

de serviço publico essencial em razão de debito pretérito, ainda que o usuário seja previamente notificado. (DJERJ, ADM 161 (12) - 09/05/2011)

• SUMULA TJ N. 175, DE 09/05/2011: A cobrança de tarifa

mínima de água e esgoto, multiplicada pelo numero de unidades autônomas (economias) de um condomínio, sujeita a concessionária a devolução em dobro do valor comprovadamente pago. (DJERJ, ADM 161 (10) - 09/05/2011)

• SUMULA TJ N. 83, DE 18/10/2005: É licita a interrupção do

serviço pela concessionária, em caso de inadimplemento do usuário, após prévio aviso, na forma da lei.( DORJ-III, S-I 195 (1) - 18/10/2005)

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Como anteriormente mencionado, as normas originárias da Lei nº 8.078/90 –Código de Proteção e Defesa do Consumidor são aplicáveis aos serviços públicos uti singuli” ou individuais. CONTRATO DE ENERGIA ELÉTRICA DISPOSITIVOS LEGAIS APLICAVEIS: CRFB, CDC, Lei Federal nº 8.887/95, Lei nº 10.438/02, Lei nº 12.212/2010, Resolução ANEEL nº 414, 24 de setembro de 2010( que substituiu a Resolução ANEEL n.º 456, 29 de novembro de 2000), Resolução ANEEL n.º 360, de 14 de abril de 2009, Resolução ANEEL n.º 485, 29 de agosto de 2002. FORNECIMENTO DO SERVIÇO

Solicitado o fornecimento de energia elétrica em determinada unidade consumidora, a concessionária disporá do prazo de 3 (três) e 5 (cinco) dias para efetuar a vistoria em imóveis urbanos e rurais, respectivamente, e aprovar as instalações de entrada de energia elétrica.

Aprovadas as instalações, e tratando-se de unidade

consumidora localizada em área urbana, terá a concessionária o prazo máximo de 2 (dois) dias para fazer a ligação. Quando relacionar-se à unidade consumidora localizada em área rural, o prazo é de 5 (cinco) dias.

Caso reprovadas as instalações vistoriadas, a concessionária

deverá apresentar, em prazo não superior a 3 (três) dias, e por escrito, o(s) motivo(s) e as providências corretivas necessárias para saná-los.

Sanados os motivos que ensejaram a reprovação, o consumidor

poderá solicitar nova vistoria, devendo a concessionária, verificada adequação das instalações, proceder a ligação da unidade consumidora, observados os mesmos prazos citados tanto quanto para a vistoria, quanto para ligação.

A Resolução nº 414/10 da ANEEL, dispõe que a concessionária deverá encaminhar ao consumidor o contrato aderido, cujo modelo consta anexo a esta resolução, até, no máximo, a apresentação da primeira fatura subseqüente à solicitação de fornecimento do serviço (art. 60). MEDIDORES DE CONSUMO

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As empresas concessionárias de serviço público são obrigadas a

instalar, sem ônus ao consumidor, medidores individuais de consumo dos serviços que fornecerem (Lei Estadual/RJ nº 3.915/02). Antes de sua instalação, estes medidores deverão ser submetidos à verificação e aprovação do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), devendo ainda ser devidamente lacrados a fim de que se evitem fraudes ou danificações nos aparelhos.

É direito do consumidor, ainda, ter os equipamentos de

medição vistoriados periodicamente pelo concessionário, segundo critérios estabelecidos na legislação metrológica, além de poder exigir, a qualquer tempo, uma aferição dos medidores.

A aferição nos medidores deve ser feita pela própria

concessionária e, caso o consumidor discorde do resultado, ele tem o direito de solicitar a um órgão oficial metrológico (no caso do Estado do Rio de Janeiro, o IPEM/RJ, por delegação do INMETRO) uma nova aferição, devendo a distribuidora informar previamente ao consumidor os custos de frete e de aferição e os prazos relacionados, vedada a cobrança de demais custos.

Segundo dispõe a Resolução nº 414/10, da ANEEL, a

distribuidora possui prazo de 30 (trinta) dias, contados da efetiva solicitação consumidor, para realizar a aferição no medidor, devendo, para tanto, ser a visita agendada/avisada com antecedência mínima de 3 (três) dias afim de que seja possibilitado ao consumidor o acompanhamento da aferição.

Importante destacar que, caso seja a aferição realizada fora de

sua unidade consumidora, o aviso ao consumidor deverá ser realizado com antecedência mínima de 10 (dez) dias.

Caso as variações excedam os limites percentuais admissíveis

estabelecidos na legislação metrológica vigente, os custos devem ser assumidos pela distribuidora, e, caso contrário, pelo consumidor (Resolução nº 414/10, ANEEL).

DATA DE VENCIMENTO DAS FATURAS

A distribuidora deverá oferecer, no mínimo, 6 (seis) datas

opcionais, à escolha do usuário, para vencimento de seus débitos (art. 7-A, Lei n.º 8.987/95 c/c art. 124, §2º da Resolução nº 414/10, ANEEL), bem como deverá apresentar a fatura com prazo mínimo de 5 (cinco) dias úteis do prazo de vencimento (art. 124, caput, Resolução nº 414/10, ANEEL).

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A Lei Estadual/RJ nº 1.981/92 proíbe a cobrança das faturas antes do dia 5 (cinco) de cada mês. PAGAMENTOS E TITULARIDADE DA COBRANÇA

A Lei Estadual nº 4.898/06 reforça esta regra estabelecendo

que as concessionárias devem transferir a titularidade e responsabilidade pela cobrança referente à prestação do serviço ao locatário do imóvel ao qual se presta o serviço, decorridos 30 (trinta) dias da comunicação. DECLARAÇÃO DE QUITAÇÃO ANUAL

Repetindo o texto contido no art. 1º da Lei nº 12.007/09, a Resolução nº 414, ANEEL, em seu art. 125, dispõe que distribuidora, sem qualquer ônus, emitirá e encaminhará ao consumidor declaração de quitação anual de débitos PAGAMENTO EM DUPLICIDADE

O art. 112, §1º da Resolução 414/10 da ANEEL, dispõe que a distribuidora (concessionária) deverá dispor de meios que possibilitem a constatação automática de pagamentos realizados de forma dúplice.

Dessa forma, constatado o pagamento em duplicidade de uma

fatura, deverá a concessionária proceder a devolução da quantia em excesso por meio de crédito na fatura posterior a do mês em que ficou constatada tal duplicidade. No entanto, caso seja a restituição solicitada pelo próprio consumidor, a empresa distribuidora devolverá a quantia paga em excesso ao consumidor por meio de moeda corrente.

COBRANÇA INCORRETA

Há duas possibilidades de erro no faturamento do consumo: faturamento a menor (ou ausência de faturamento) e faturamento a maior

No primeiro caso, ou seja, em ocorrendo o faturamento a

menor, a empresa limitar-se-á à cobrança dos últimos 3 (três) ciclos de faturamento das quantias eventualmente não recebidas (exceto se o consumidor tenha dado causa ao faturamento incorreto, situação em que a distribuidora disporá do prazo de 36 (trinta e seis) meses para cobrar tais quantias).

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Importante destacar que, neste caso, o consumidor (excluindo-

se a situação em que o faturamento incorreto tenha ocorrido por sua conta) tem o direito de parcelar o débito pelo dobro do período apurado, incluindo estas parcelas nas faturas de consumo dos meses subseqüentes (art. 113, §1º, Resolução 414/10), sendo vedada, juntamente com a conta mensal, a cobrança de diferenças relativas a meses anteriores, devendo as mesmas ser feitas separadamente, em documento específico para tal finalidade (Lei Estadual/RJ nº 3.024/98).

Na hipótese de faturamento a maior, a distribuidora deverá proceder a devolução das quantias recebidas indevidamente do consumidor, já na fatura posterior à constatação, correspondentes ao período faturado incorretamente, no prazo de até 36 (trinta e seis) meses.

Nessa situação, cabe ressaltar que a ANEEL, em consonância

com o Código de Defesa do Consumidor (art. 42, § único), por meio da Resolução nº 414/10, dispõe que a concessionária providenciará a devolução do indébito, acrescido dos encargos incidentes, em valor igual ao dobro do que foi pago em excesso, salvo hipótese de engano justificável (no caso de solicitação específica do consumidor, a devolução dos valores indevidamente cobrados será efetuada por meio de moeda corrente).

Ressalta-se ainda que, caso o faturamento incorreto a mais

tenha se dado por culpa do consumidor mediante constatação de declaração falsa de informação referente à natureza da atividade desenvolvida na unidade consumidora ou à finalidade real da utilização da energia elétrica, perderá o consumidor o direito de ter devolvido quaisquer os valores pagos a mais.

OBS: Em todos os casos, prestigiando o dever de informação, tem a distribuidora o dever de encaminhar, por escrito, a descrição do ocorrido, bem como dos procedimentos a serem adotados para a compensação do faturamento. INADIMPLEMENTO

A concessionária, caso esteja inadimplente o consumidor com alguma fatura, poderá cobrar multa e juros de mora, limitados a 2% (dois por cento) e 1% (um por cento), respectivamente, bem como lhe facultado a aplicação de correção monetária baseada na variação do IGP-M.

O art. 128, da Resolução nº 414/10, ANEEL, prevê a

possibilidade da empresa distribuidora condicionar a (1) ligação ou

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alteração da titularidade solicitadas por quem tenha débitos no mesmo ou em outro local de sua área de concessão e/ou (2) a religação, aumento de carga, a contratação de fornecimentos especiais ou de serviços, quando solicitados por consumidor que possua débito com a distribuidora na unidade consumidora para a qual está sendo solicitado o serviço à quitação dos débito pendentes.

DÉBITOS PRETÉRITOS

São entendidos como débitos pretéritos aqueles existentes

anteriores a 3 (três) meses da data em que foi efetivado o corte por inadimplência. A jurisprudência é pacífica ao considerar abusiva a interrupção de serviço essencial sob alegação de dívida pretérita como meio de compelir o usuário ao pagamento de valores que muitas vezes já vêm sendo contestados, administrativa ou judicialmente.

Por exemplo, não pode haver corte no mês de maio porque o

consumidor deixou de pagar a fatura do mês de fevereiro. Existem meios judiciais para que a concessionária cobre este débito, não podendo se utilizar o do corte como ameaça, neste caso.

SUSPENSÃO DO SERVIÇO

A Resolução nº 414/10, prevê as seguintes hipóteses para

suspensão do serviço:

• por razões de ordem técnica ou de segurança na unidade consumidora, precedida da notificação quando houver (1) impedimento de acesso para fins de leitura, substituição de medidor e inspeções, devendo a concessionária notificar o consumidor até o terceiro mês seguinte ao início do impedimento, (2) quando houver inexecução das correções indicadas no prazo informado pela distribuidora, quando da constatação de deficiência não emergencial na unidade consumidora, em especial no padrão de entrada de energia elétrica; ou (3) pela inexecução das adequações indicadas no prazo informado pela distribuidora, quando, à sua revelia, o consumidor utilizar na unidade consumidora carga que provoque distúrbios ou danos ao sistema elétrico de distribuição, ou ainda às instalações e equipamentos elétricos de outros consumidores (art. 171). A suspensão nesses casos somente poderá ser realizada mediante notificação com antecedência mínima de 3 (três) dias.

• por inadimplemento, quando a concessionária deverá notificar o consumidor inadimplente com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, sendo vedada a suspensão do serviço após o decurso do prazo de 90 (noventa) dias, contado da data da fatura vencida e não paga.

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Efetuado o pagamento pelo consumidor, a concessionária disporá de 24 (vinte e quatro) horas e 48 (quarenta e oito) horas, para religação normal em imóvel situado na área urbana e rural, respectivamente, contados a partir da comunicação de pagamento pelo consumidor, estando obrigado a comprovar a quitação dos débitos no momento da religação ou a partir da baixa do débito no sistema da concessionária. e

É possível, ainda, a religação de urgência, que deverá ocorrer no prazo de 4 (quatro) horas e 8 (oito) horas, de unidade consumidora localizada em área urbana e rural, respectivamente também, contados da solicitação do consumidor, ficando obrigado a comprovar a quitação dos débitos no momento da religação.

Se o corte for indevido, o prazo de religação será de 4 (quatro)

horas, sem que implique em qualquer ônus ao consumidor.

Respeitados os prazos de antecedência para a notificação em cada uma das modalidades, cabe ressaltar, ainda, que esta deve ser escrita, específica e com entrega comprovada ou, alternativamente, impressa em destaque na própria fatura. TERMO DE OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO (TOI)

É prática corriqueira das empresas concessionárias, quando há

desconfiança na ocorrência de algum procedimento irregular, a elaboração do Termo de Ocorrência e Inspeção, conhecido como TOI.

Em princípio e conforme a Resolução nº 414/10, da ANEEL, o

TOI faria parte de todo um procedimento, a partir de evidências concretas de eventual irregularidade, para fiel caracterização desta e responsabilização do consumidor, passando por todo um procedimento de averiguação do medidor em questionamento e vistoria da unidade consumidora.

No entanto, o que se vê na prática é a imposição unilateral da

concessionária ao consumidor de um suposto reconhecimento de irregularidade e conseqüente confissão de dívida, incluindo-se multa, por meio do condicionamento desta conduta ao restabelecimento do serviço essencial.

Essa prática comumente adotada pelas concessionárias é

configurada abusiva por prescindir o consumidor do processo administrativo de verificação desta suposta irregularidade, ferindo contraditório e a ampla defesa, corolários do princípio constitucional do devido processo legal.

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O assunto é polêmico, tendo sido objeto inclusive de Ação Civil Pública promovida pelo Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (processo nº 2009.001.109025-6).

Atualmente, o assunto é tema de recurso repetitivo pendente

de julgamento no Superior Tribunal de Justiça. INDENIZAÇÃO POR DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR

A concessionária tem o dever de indenizar o consumidor pelos

da nos causados, consistentes na perda e/ou deterioração, total ou parcial, de aparelhos de sua utilização em decorrência de perturbação no sistema elétrico, sendo certo que a Resolução nº 414/10 manteve o procedimento disposto na Resolução 456/00.

O consumidor poderá solicitar administrativamente o

ressarcimento pelos aparelhos danificados no prazo de 90 (noventa) dias, contados da data da ocorrência, devendo, no entanto, comprovar que é o titular ou responsável pela unidade consumidora relacionada.

Formulada a solicitação, o consumidor pode optar entre a

inspeção do equipamento danificado no local da ocorrência ou disponibilizá-lo para inspeção mais detalhada pela distribuidora ou empresa por ela autorizada, devendo a distribuidora informar ao consumidor a data e o horário aproximado para a inspeção ou disponibilização do equipamento e inspecionar e vistoriar o equipamento no prazo de até 10 (dez) dias corridos, contados a partir da data do pedido.

Há exceção nos casos de aparelhos que acondicionam alimentos

perecíveis ou medicamentos (geladeira e freezer, por exemplo), situação em que o prazo de vistoria ou inspeção será de 1 (um) dia útil.

A resposta ao pedido de ressarcimento desses danos causados

deverá ser apresentada ao consumidor no prazo de 15 (quinze) dias corridos depois de realizada a inspeção ou vistoria dos aparelhos danificados.

Constatada a responsabilidade da empresa nos danos aos

equipamentos, a distribuidora tem prazo de 20 (vinte) dias, para ressarcir o consumidor por meio de pagamento em moeda corrente (que, à escolha do consumidor, poderá ser feito através de depósito em conta-corrente, cheque nominal ou crédito na próxima fatura) ou, ainda, para consertar ou substituir o equipamento danificado.

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Todo este procedimento administrativo não afasta a propositura de ação judicial, caso o pleito do consumidor não seja atendido na totalidade. TARIFA SOCIAL DE ENERGIA ELÉTRICA (TSEE)

Primeiramente, segundo a Lei nº 12.212/10, reproduzida na Resolução 414/10 da ANEEL, Subclasses Residencial Baixa Renda são as unidades consumidoras assim consideradas:

• Famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do

Governo Federal (Cadastro Único), com renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo nacional; ou

• quem receba o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC), nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993; ou

• família inscrita no Cadastro Único com renda mensal de até 3

(três) salários mínimos, que tenha portador de doença ou patologia cujo tratamento ou procedimento médico requeira o uso continuado de aparelhos, equipamentos ou instrumentos que, para o seu funcionamento, demandem consumo de energia elétrica.

Dessa forma, preenchidos os requisitos para enquadramento

nas Subclasses Residencial Baixa Renda, o consumidor adquire o direito a pagar uma tarifa de energia elétrica diferenciada, de valor mais baixo que o da tarifa comum, denominada “tarifa social”.

A Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) é caracterizada,

portanto, por descontos incidentes sobre a tarifa aplicável à classe residencial na seguinte proporção:

• 65% (sessenta e cinco por cento) � para a parcela do consumo

mensal de energia elétrica inferior ou igual a 30 (trinta) kWh;

• 40% (quarenta por cento) � para a parcela do consumo mensal superior a 30 (trinta) kWh e inferior ou igual a 100 (cem) kWh;

• 10% (dez por cento) �para a parcela do consumo mensal

superior a 100 (cem) kWh e inferior ou igual a 220 (duzentos e vinte).

OBS.: Não há desconto para a parcela do consumo mensal superior a 220 (duzentos e vinte) kWh.

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O valor do desconto referente à tarifa social, bem como as isenções de pagamento do encargo de capacidade emergencial, do encargo de aquisição de energia emergencial e da recomposição tarifária extraordinária serão especificamente discriminados nas faturas de consumo.

CONTRATO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO

DISPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS: CDC, Código Civil, Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, Lei Estadual n.º 5.330, de 18 de novembro de 2008, Decreto nº 553/76; Decreto Estadual de n.º 25.438 de 21 de julho de 1999; Ordem de Serviço nº 9.752, de 28 de agosto de 2006, SESRH n.º 025 de 06 de dezembro de 2002. DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

A prestação de serviço de tratamento e abastecimento de água é distinto e independente de prestação do serviço de tratamento de esgoto, embora, em regra, a fatura seja única. Mas a cobrança só poderá ser realizada mediante a efetiva prestação dos respectivos serviços.

Assim, quando há a necessidade de instalação de fossa séptica

com ou sem sumidouro em razão da inexistência de rede de esgoto na localidade, a cobrança pela tarifa de esgoto é indevida. Ou, no mesmo sentido, se houver necessidade de abertura de poços artesianos em razão de inexistência de rede de água, a cobrança pelo serviço é também indevida.

CONSUMO ESTIMADO É considerada abusiva a cobrança por consumo estimado

(cobrança por estimativa), uma vez que consumidor deve pagar pelo que de fato consome, sendo ilícita a prática de se estimar o consumo em razão de número de cômodos e/ou habitantes da unidade consumidora, sobretudo quando já houver a instalação de hidrômetro (medidor do consumo), situação esta que somente será possível a cobrança de uma única tarifa mínima residencial ou comercial..

De acordo com a Lei Estadual/RJ nº 3.936/02, havendo

hidrômetro e sendo a cobrança feita por estimativa, a concessionária está limitada à cobrança de 70% (setenta por cento) da média das 3 (três) últimas menores leituras do ano corrente.

TARIFA MÍNIMA

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A cobrança da tarifa mínima é legal e poderá ser realizada nas

hipóteses de inexistência de consumo, seja em unidade comercial ou residencial, situação em que a cobrança se justifica pela disponibilidade do serviço e/ou quando o consumo realizado não atinge o mínimo estipulado de 15,00m3 e 20,00m3 por mês para imóvel residencial e comercial, respectivamente.

TARIFA DE BAIXA RENDA O Decreto n.º 25.438 implementou uma política de preços

diferenciados, voltada para a população carente ou em conjunto habitacionais destinados a população de “baixa renda”, com a finalidade de garantir ao usuário menos favorecido economicamente o pleno acesso ao bem essencial.

Tal decreto garante o benefício da tarifa reduzida àqueles

consumidores que residem nas chamadas áreas de interesse social, assim entendidas aquelas definidas pela Ordem de Serviço E n.º 9.752/2006, quais sejam os imóveis residenciais de até 50 m² e comerciais de até 30 m², localizados em periferia de favelas (área de risco), com construções típicas de baixa renda, bem como pela Resolução SESRH n.º 025/06, definidos pelos seguintes critérios:

• Tipo I: comunidade de baixa renda – favela; • Tipo II: conjunto habitacional vertical e ou horizontal

construído com recurso dos fundo de habitação popular destino à família com renda inferior a cinco salários mínimos e que atenda ao Decreto n.º 7.297/84;

• Tipo III: habitação popular, construída pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal, destinada a famílias remanejadas de extintas comunidades de baixa renda e ou de programa de construção de habitação popular similares aos conjuntos habitacionais citados no tipo II.

Para a concessão do referido benefício o consumidor, morador de

comunidade de baixa renda - favela, deverá fazer prova da isenção do IPTU, apresentação da declaração da FAFERJ e da associação de moradores, demonstrando a localização do imóvel. Já na hipótese do benefício para população de baixa renda, haverá necessidade de comprovação não só da destinação do conjunto habitacional, bem como na renda máxima familiar de 05 (cinco) salários mínimos.

Cumpridos esses requisitos, a concessionária é obrigada a

implantar a tarifa social para o consumidor.

PRESCRIÇÃO

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A cobrança pelo serviço de abastecimento e tratamento de água e

esgoto tem natureza de tarifa (contraprestação de serviço), sendo regida, portanto, pelo Código Civil (art. 206, §5º, I). Dessa forma, prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão (direito de exigir judicialmente) da concessionária do serviço público para a cobrança do débito originário do não pagamento da tarifa pelo consumidor.

INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO O corte por inadimplência do consumidor somente poderá ser

efetivado após notificação com comprovação do recebimento em prazo não inferior a 30 (trinta) dias, garantindo-lhe a possibilidade de regularizar seu débito junto à concessionária. (Decreto nº 7.217/2010 que regulamenta a Lei nº 11.445/07)

Tendo sido o pagamento efetuado após a interrupção do serviço,

a concessionária tem o prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas para restabelecer o serviço a contar do momento em houve requerimento do consumidor.

No entanto, caso tenha sido indevido o corte, a concessionária

deve restabelecer o serviço no prazo máximo de 4 (quatro) horas.

INDENIZAÇÃO POR DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR A concessionária tem o dever de indenizar pelos danos causados

ao consumidor em decorrência da má prestação do serviço, sejam eles de caráter patrimonial (perda ou deterioração, total ou parcial de bens materiais) ou moral (ofensa e/ou constrangimentos à moral e/ou honra do consumidor). CONTRATO DE TELEFONIA

TELEFONIA FIXA - TELEFONIA MÓVEL

CONTRATO DE TELEFONIA FIXA

Fontes: CDC; Resolução ANATEL nº 460, de 19 de março de 2007; Resolução ANATEL n.º 426, de 9 de dezembro de 2005 e Lei Estadual n.º 2.544 de 29 e abril de 1996.

SERVIÇOS

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A prestadora deve manter central de atendimento capacitada a receber e processar solicitações e reclamações, devendo ser garantido ao consumidor a opção de falar diretamente com o atendente da empresa, em qualquer dos casos.

COBRANÇAS

A inclusão de valores referentes a serviços diversos do conteúdo especificado no contrato depende de prévia aprovação do consumidor.

Sempre que considerar indevida alguma cobrança lançada em

sua fatura, o consumidor poderá contestá-la, administrativamente, devendo para tanto apresentar a reclamação em, no máximo, 120 (cento e vinte) dias da data do débito contestado, recebendo número de protocolo.

Caso seja a cobrança indevida, é direito do consumidor receber

em valor igual ao dobro do que foi indevidamente pago à prestadora.

SUSPENSÃO, RESCISÃO CONTRATUAL E PRAZOS

É direito do consumidor adimplente solicitar a suspensão do serviço, entre 30 (trinta) e 120 (cento e vinte) dias, uma vez a cada 12 (doze) meses, sem pagar a assinatura referente ao período solicitado.

Em casos de inadimplência, após 30 (trinta) dias do vencimento

da fatura, a operadora pode suspender parcialmente o serviço (linha fica bloqueada para realizar chamadas e receber chamadas a cobrar, mas recebe chamadas). Antes de suspender parcialmente o serviço, a operadora deve notificar o consumidor com prazo de antecedência mínimo de 15 (quinze) dias.

Transcorridos mais 30 (trinta) dias da suspensão parcial do

serviço e permanecendo o consumidor inadimplente, a operadora suspenderá totalmente o serviço, não podendo mais realizar, nem mesmo receber qualquer tipo de ligação, devendo, também, notificar o consumidor 15 (quinze) dias antes de efetivada a suspensão.

Após mais 30 (trinta) dias da suspensão total do serviço, sem

que o consumidor regularize seus débitos, a operadora poderá rescindir o contrato de prestação do serviço, podendo ser seus dados incluídos em bancos de dados de consumo (e não de proteção ao crédito) desde que o faça mediante notificação ao consumidor com antecedência de 15 (quinze) dias.

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Antes de rescindido o contrato, o consumidor poderá realizar

chamadas aos chamados serviços de emergência, mesmo durante o período de suspensão parcial ou total.

Caso seja o pagamento efetuado antes da rescisão contratual, a

operadora deve restabelecer o serviço em até 24 (vinte e quatro) horas após informada a respeito da quitação. PORTABILIDADE DO CÓDIGO DE ACESSO Portabilidade é a facilidade que permite ao usuário manter o número de telefone fixo ou móvel independentemente da operadora a que estiver vinculado.

A portabilidade somente é possível dentro do mesmo tipo de serviço (fixo-fixo ou móvel-móvel).

A Resolução ANATEL nº 460, de 19 de março de 2007, permite

que o usuário, independentemente de estar adimplente, solicitar a portabilidade (manter o seu número) quantas vezes quiser, nas seguintes situações:

• mude de endereço, sem que mude de operadora, na

mesma área local; • mude de operadora na mesma área local; • mude de endereço e de operadora dentro da mesma área

local; • mude de plano de serviço sem mudar de operadora.

Área local=mesmo Município. Após o pedido, a operadora terá 3 (três) dias úteis para ultimar

a portabilidade, sendo facultado ao consumidor a desistência do requerimento, desde que o faça em até 2 (dias) após a solicitação.

Para mudança de endereço ou de modalidade de serviço (pré

ou pós pago) na mesma operadora, não há cobrança. DADOS DO CONSUMIDOR

É vedado à prestadora compartilhar com terceiros dados do assinante, sem autorização prévia e expressa do consumidor.

A autorização prévia e expressa do consumidor também deverá

ser observada antes da prestadora passar a cobrar por bens ou facilidade adicional que antes tenham sido oferecidos de forma

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gratuita, bem como antes de agrupar os diversos números de um mesmo assinante em uma única conta. CONTRATO DE TELEFONIA FIXA DISPOSITIVOS LEGAIS: CDC, Resolução ANATEL n.º 477, de 7 de agosto de 2007, Resolução ANATEL n.º 460, de 19 de março de 2007, Nota Técnica DPDC nº 62, de 15 de junho de 2010.

PUBLICIDADE A prestadora é obrigada, ainda na fase pré-contratual, em

decorrência dos deveres de informação e transparência, a dar ampla e total publicidade às condições da prestação do serviço oferecidas, facilidades e comodidades adicionais e seus respectivos preços, bem como acerca de qualquer alteração nas condições da prestação do serviço ocorridas durante a execução do contrato. APARELHO CELULAR COMO PRODUTO ESSENCIAL (NT nº 62, DPDC)

O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC),

do Ministério da Justiça, editou, em junho de 2010, a Nota Técnica de nº 62, pela qual reconhece a essencialidade dos aparelhos celulares, uma vez que único meio de prestação do serviço essencial de telefonia móvel (à luz da Lei nº 7.783/89, art. 10, VII c/c art. 11).

Trata-se de um parecer técnico acerca do direito do

consumidor, de exigir, em caso de vício em aparelho celular, o cumprimento imediato das alternativas previstas no art. 18, § 1º, da Lei nº 8078/90 perante qualquer fornecedor, inclusive varejistas e fabricantes.

O entendimento predominante à respeito desta Nota Técnica é

de que a mesma veio somente explicitar a aplicação do disposto no parágrafo 3º, do art. 18, do CDC, aos aparelhos celulares.

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de

consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações

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decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço. (...) § 3° O consumidor poderá fazer uso

imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.”

Considera-se abusiva, ainda, a prática de retenção do aparelho,

quando levada à Assistência Técnica (ou mesmo ao estabelecimento comercial), para avaliação de eventual conduta do consumidor que possa ter concorrido ao surgimento do defeito.

Nesse caso, a assistência/loja/fabricante deverá, ao menos,

disponibilizar um aparelho provisoriamente ao consumidor até que seja concluída a verificação e apuração das condições técnicas do celular danificado, ressaltando-se que a responsabilidade do fabricante/comerciante é objetiva, somente sendo possível a recusa do cumprimento das alternativas previstas no CDC, caso seja irrefutável a comprovação de que inexiste vício no produto ou que a ocorrência deste tenha se dado por culpa do consumidor.

Destacamos, a seguir, alguma jurisprudência sobre o tema ora abordado:

CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. TELEFONE CELULAR. PRODUTO ESSENCIAL. EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA. OPÇÃO DO CONSUMIDOR COM BASE NO ART. 18, §1º E §3º DO CDC. SUBSTITUIÇÃO IMEDIATA DO PRODUTO. NEGATIVA DA VENDEDORA. POSTERIOR CONSERTO DO APARELHO PELA ASSISTÊNCIA TÉCNICA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. RESSARCIMENTO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ/RS - 10ª Câmara Cível; Apelação Cível Nº 70030724124, Relator: Paulo Antônio Kretzmann, Julgado em 26/11/2009)

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Direito do Consumidor. Ação de reparação por danos materiais e morais em razão de defeito apresentado em aparelho celular no prazo de garantia. Danos material e moral caracterizados. Indenização pelo dano moral fixada em R$ 7.000,00 (sete mil reais). Recurso do fornecedor sustentando a licitude da sua conduta ante a possibilidade de as partes convencionarem a dilação do prazo para ser sanado o defeito do produto, tendo o consumidor concordado tacitamente com a referida dilação. Aduz ainda inocorrência de dano moral postulando subsidiariamente a redução do valor arbitrado. Rejeição. Manutenção da sentença.Não há que se falar em concordância tácita do consumidor quanto à ampliação do prazo de 30 (trinta) dias para ser sanado o vício no aparelho, na medida em que as sucessivas prorrogações para o conserto do aparelho foram impostas ao consumidor, deixando-o sem qualquer outra alternativa.Inegável o dano moral decorrente dos fatos narrados, tendo o valor da indenização sido arbitrado com razoabilidade, diante do porte empresarial dos fornecedores e da extensão do dano, devendo ser destacada a circunstância de o consumidor ter ficado praticamente 01 (um) ano privado de usar com regularidade seu aparelho celular, produto considerado essencial. Desse modo, o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) revela-se apto a atender o caráter punitivo-pedagógico da indenização sem ser fonte de enriquecimento sem causa, ao mesmo tempo em que guarda consonância com os valores que vem sendo fixados por esta Corte Estadual em casos semelhantes.Correção de ofício somente para determinar que no tocante à indenização pelo dano moral os juros moratórios deverão incidam a partir da data da sentença, assim como a correção monetária, por ser a data que fixou o valor da indenização. Negativa de seguimento ao recurso, na forma do art. 557, do Código de Processo civil, ante sua manifesta improcedência. (TJ/RJ - 6ª Câmara Cível; Apelação Cível Nº 0028986-36.2008.8.19.0209, Relator: DES. NAGIB SLAIBI, Julgado em 26/11/2009) Apelação Cível. Direito do Consumidor. Autora que adquiriu telefone celular, constatou defeito de funcionamento três dias após a compra e levou o aparelho à assistência técnica, onde se constatou

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oxidação imputada pelo fornecedor à consumidora. Resulta do art. 6º, VIII, da Lei 8078, a transferência para o fornecedor do ônus de demonstrar a culpa exclusiva do consumidor. Recusa em trocar o aparelho que subtraiu a utilidade dele esperada durante dois anos e é capaz de gerar danos morais corretamente reconhecidos pela sentença, que também condenou a apelante ao reembolso do valor do aparelho. Recurso ao qual se nega seguimento, monocraticamente, na forma do art.557, caput, do CPC. (TJ/RJ - 16ª Câmara Cível; Apelação Cível Nº 0023291-49.2009.8.19.0021, Relator: DES. EDUARDO GUSMAO ALVES DE BRITO, Julgado em 20/08/2010)

COMPARAÇÃO ENTRE PLANOS

O usuários de planos pós-pagos têm o direito de solicitar à prestadora, a cada período de 6 (seis) meses, uma comparação por meio de relatório detalhado entre o plano por ele contratado e os demais ofertados, observando o que melhor se enquadra no seu perfil de consumo. ALTERAÇÃO DO CÓDIGO DE ACESSO

É vedada à prestadora a alteração unilateral do código de acesso da linha móvel (número do celular), sem prévia comunicação ao usuário com antecedência mínima de 90 (noventa) dias, bem como sem que seja providenciada ampla e prévia publicidade, sem ônus para o usuário. Esta a regra da Anatel, que pode ser questionada, já que a alteração unilateral de contrato de adesão, em qualquer caso, é considerada abusiva pelo CDC.

As alterações não podem exceder a 1 (uma) por triênio, sendo

direito do usuário exigir que, durante 60 (sessenta) dias após a mudança, as chamadas dirigidas ao antigo número sejam interceptadas para a informação do novo código de acesso.

O usuário tem direito à manutenção do mesmo código de

acesso nas hipóteses de mudança do padrão de tecnologia ou do plano de serviço.

RECLAMAÇÕES E CONTESTAÇÃO DE DÉBITOS

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O consumidor tem direito à resposta rápida e eficiente às suas reclamações junto à prestadora, devendo a queixa receber um número de ordem (protocolo de atendimento), a fim de facilitar o acompanhamento da solução, sendo certo que, no caso de contestação de débito, o prazo para resposta será de 30 (trinta) dias.

O prazo para impugnar administrativamente uma cobrança que

o consumidor considerar abusiva é de 90 (noventa) dias no plano pós-pago e de 30 (trinta) dias no plano pré-pago, contados da data do vencimento da conta, sendo direito do usuário o pagamento parcial da fatura, com exclusão do valor controvertido até resolução definitiva da reclamação, no prazo acima referido.

Constatada a irregularidade da cobrança, a devolução de

valores deve ocorrer em até 30 (trinta) dias após a contestação pelo consumidor. O valor deverá ser devolvido, preferencialmente, como crédito direto ao consumidor ou como crédito na fatura seguinte no caso do serviço pós-pago ou através de crédito para utilização do usuário quando o serviço é pré-pago. Se o pagamento for indevido, a devolução deve ser em dobro.

FRAUDES A fraude na prestação de serviço de telefonia consiste,

basicamente, na clonagem do código de acesso de estação móvel regularmente ativada, sendo o código clonado utilizado por outra estação móvel não ativada.

A prestadora deve dispor de meios para identificar a existência

de fraudes, sendo vedado imputar ao consumidor riscos inerentes à atividade a que se propôs realizar. Dessa forma, uma vez comprovada a fraude, a prestadora de serviços é obrigada por lei a cancelar a cobrança de chamadas não efetuadas pelo assinante. SUSPENSÃO DOS SERVIÇOS

O consumidor adimplente pode solicitar a suspensão da

prestação do serviço por prazo mínimo de 30 (trinta) dias e máximo de 120 (cento e vinte) dias, a cada período de 12 (doze) meses, não sendo permitida a cobrança de valores referentes à assinatura ou quaisquer outros relacionados ao serviço.

Nesses casos, poderá o consumidor solicitar o restabelecimento

do serviço, a qualquer tempo, sem qualquer ônus, devendo a operadora atender sua solicitação em prazo não superior a 24 (vinte e quatro) horas.

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Na hipótese de inadimplemento, a operadora deve notificar o consumidor previamente a respeito do débito existente, devendo ser explicitados os prazos para suspensão parcial, suspensão total e cancelamento do serviço, obedecendo as seguintes regras:

• Suspensão parcial � fica o consumidor impedido de receber chamadas a cobrar e de realizar chamadas (exceto para os Serviços de Emergência ou para números que não importem débitos). Ocorrerá depois de transcorridos 15 (quinze) dias de inadimplência contados a partir da data de vencimento da cobrança;

• Suspensão total � transcorridos 30 (trinta) dias da suspensão parcial, poderá a prestadora suspender totalmente o serviço, não sendo mais possível realizar cobrança de assinatura ou qualquer valor referente à prestação do serviço. Procedida a suspensão total, fica o consumidor impossibilitado de realizar ou receber qualquer tipo de chamada;

• Cancelamento do serviço � passados 45 (quarenta e cinco)

dias da suspensão do serviço, e persistindo o usuário na condição de inadimplência, a prestadora pode rescindir o contrato. Somente após a rescisão contratual, será facultado à

prestadora a inclusão dos dados do consumidor em banco de dados de consumo (não de crédito), devendo, no entanto, notificá-lo por escrito com antecedência mínima de 15 (quinze) dias.

Quitado o débito, a prestadora deve restabelecer o serviço em

até 24 (vinte e quatro) horas, contado do conhecimento da efetivação do pagamento da dívida.

PRAZO DE CARÊNCIA (FIDELIZAÇÃO) O estabelecimento de cláusula de fidelização é considerada

conduta abusiva, uma vez que impede o consumidor de buscar melhores serviços de outras empresas, além de atentar contra o princípio da livre concorrência, consagrado pela Constituição Federal, e o da livre escolha, estabelecido pelo Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º, II.

Nesse sentido, a ANATEL editou a Resolução n.º 477/2007,

fixando que a operadora só poderá estabelecer cláusula de fidelização quando oferecer benefícios ao usuário, como por exemplo, a oferta de aparelho subsidiados, não podendo exceder em todos os casos o prazo de 12 (doze) meses.

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Ainda que estabelecida cláusula de fidelização, o consumidor poderá solicitar a rescisão de seu contrato, a qualquer tempo, sendo facultado à prestadora exigir multa que deverá ser cobrada proporcionalmente ao período que restava cumprir, bem como ao valor do benefício oferecido. O valor estipulado de multa deverá ser razoável, assim entendido aquele que não ultrapasse de 10 a 20% o valor da soma dos meses ainda restantes para completar o prazo da fidelização, sob pena de ser considerada.

As operadoras também não podem estabelecer prazo de

carência para mudança de plano (Ex.: mudança de pré-pago para pós-pago, ou vice-versa).

RESCISÃO CONTRATUAL (CANCELAMENTO)

O consumidor poderá solicitar o cancelamento da linha, a qualquer tempo, bastando para isso manifestar sua vontade nesse sentido, devendo a prestadora disponibilizar meios para formalização do pedido, tais como por meio de setores e centrais de Relacionamento e/ou Atendimento da operadora, mensagem de texto encaminhada pela própria estação móvel do usuário, internet, correspondência registrada, entre outros.

Recebido o pedido de cancelamento da linha, a operadora

deverá enviar ao usuário o número do protocolo do recebimento do pedido – que poderá ser feito por e-mail, call center, mensagem do celular, página na internet. O serviço deve ser desabilitado até 24 (vinte e quatro) horas após o recebimento do pedido de rescisão, sendo vedada a cobrança de quaisquer valores referentes ao serviço após esse prazo. SISTEMA PRÉ-PAGO – POLÍTICA DE CRÉDITOS

De acordo com regulamentação da ANATEL (Resolução n.º 477,

de 7 de agosto de 2007), a operadora deverá, em suas lojas, oferecer, no mínimo, créditos para utilização no sistema pré-pago com validade não inferior a 90 (noventa) e 180 (cento e oitenta) dias.

Vencido o prazo de validade do cartão, o serviço pode ser

suspenso parcialmente, com bloqueio para originar chamadas e receber chamadas a cobrar. Transcorrido o prazo 30 (trinta) dias do bloqueio parcial o serviço pode ser suspenso totalmente por mais 30 (trinta) dias. Assim, vencido o prazo de 60 (sessenta) dias, o contrato de prestação do Serviço Móvel Pessoal (SMP) pode ser rescindido pela prestadora.

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Durante o período de bloqueio deve ser permitido ao usuário originar chamadas para a prestadora e serviços de utilidade pública.

A referida Resolução prevê, ainda, que, sempre que inseridos

novos créditos, e havendo saldo remanescente, a prestadora deverá revalidar a totalidade de créditos pelos de maior prazo, seja ele decorrente dos novos inseridos ou do período restante dos que já estavam sendo utilizados.

A inserção de novos créditos revalida também os créditos que

já tiverem expirado, desde que tenham sido aqueles adquiridos antes do prazo de rescisão contratual. PORTABILIDADE DO CÓDIGO DE ACESSO

De acordo com a Resolução n.º 460/07, da ANATEL, o usuário tem o direito de manter o mesmo número nos casos mudança de operadora dentro do mesmo DDD ou de mudança de plano de serviço (por exemplo, de pós-pago para pré-pago e vice-versa). Isso se chama portabilidade. Sendo a alteração feita para mudança de plano de serviço, ela não poderá ser onerosa ao usuário portado.

Formalizada a solicitação, a operadora terá 3 (três) dias úteis

para ultimar a portabilidade, podendo, no entanto, o consumidor desistir do requerimento desde que o faça até 2 (dois) dias úteis após a solicitação.

O usuário pode migrar quantas vezes quiser para outra

operadora, sendo facultado à operadora receptora a cobrança do valor máximo de R$ 4,00 (quatro reais).

Em nenhuma hipótese poderá ocorrer a negativa ao pedido de

portabilidade em razão de inadimplência do consumidor. Sobre o tema, transcrevemos a seguir alguns acórdãos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PORTABILIDADE DE TELEFONIA FIXA. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA CONCEDIDA. A RESOLUÇÃO DA ANATEL Nº 460/2007 DETERMINA QUE A PORTABILIDADE SE APLICA QUANDO O USUÁRIO ALTERA SEU ENDEREÇO DENTRO DA MESMA ÁREA LOCAL (CASO DOS AUTOS) E, EM SEU ARTIGO 54, II, DETERMINA O PRAZO DE SETE DIAS ÚTEIS PARA SUA EFETIVAÇÃO. SOLICITAÇÃO PARA A TRANSFERÊNCIA DAS LINHAS TELEFÔNICAS REALIZADA HÁ MAIS DE UM MÊS, SEM, CONTUDO, SER ATENDIDA. ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE

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DE CUMPRIR A OBRIGAÇÃO POR INVIABILIDADE TÉCNICA. AUSÊNCIA DE QUALQUER PROVA NESSE SENTIDO. ART.333, II DO CPC. PRAZO DE 48 HORAS PARA REALIZAÇÃO DA PORTABILIDADE QUE NÃO SE MOSTRA EXÍGUO PORQUANTO A LEGISLAÇÃO DETERMINA SETE DIAS ÚTEIS, QUE JÁ TRANSCORRERAM HÁ MUITO. MULTA DIÁRIA DE R$ 500,00 QUE SE REDUZ PARA R$ 100,00, POR SER MAIS ADEQUADA. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO, NA FORMA DO ART. 557, §1º-A DO CPC. (TJ/RJ – 3ª Câmara Cível; Agravo de Instrumento nº 0033336-44.2010.8.19.0000; rel. DES. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE - Julgamento: 29/07/2010) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MATERIAIS E MORAIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL. DIREITO Á PORTABILIDADE. COBRANÇA DE TARIFA APÓS FINDO O CONTRATO. MULTA CONTRATUAL. CONDUTA ILÍCITA. INOBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA BOA FÉ OBJETIVA, ETICIDADE E TRANSPARÊNCIA. DANO MORAL CONFIGURADO. PERDA DO TEMPO ÚTIL. SACRIFÍCIO ABUSIVO IMPOSTO AO CONSUMIDOR QUE PRECISA PERCORRER VERDADEIRA VIA CRÚCIS PARA TER PRESERVADO SEU DIREITO. REFORMA DA SENTENÇA. A empresa fornecedora de produtos e de serviços que não observa os princípios da boa fé objetiva, eticidade e transparência, no exercício de sua atividade, no mercado de consumo, e que, com esse agir, gera danos aos direitos do consumidor, deve ser responsabilizada patrimonialmente pelos prejuízos causados através de sua conduta lesiva. Não se pode admitir que o consumidor só tenha seus direitos preservados após socorrer-se ao Poder Judiciário, em verdadeira via crucis contra o atuar abusivo dos fornecedores de bens e serviços. Cobrança indevida de serviço não fornecido, além de multa contratual francamente ilegítima que configura falha na prestação do serviço. Incidência do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual os fornecedores respondem, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores em decorrência de defeitos relativos ao serviço prestado. Dano moral configurado. Efeitos danosos presumíveis do próprio fato. Conhecimento do recurso para dar-lhe

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parcial provimento, na forma do §1º-A, do artigo 557 do CPC. (TJ/RJ – 9ª Câmara Cível; Apelação Cível nº 0217746-74.2009.8.19.0001; rel. DES. ROGERIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 19/01/2011)

DESBLOQUEIO DE APARELHO

Desde a edição da Resolução n.º 477/07 da ANATEL, as empresas de telefonia celular estão obrigadas a desbloquear os aparelhos, caso o usuário assim desejar, sem nenhum tipo de cobrança. Isto significa que, adquirido um aparelho, este pode ser usado em qualquer operadora.