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1 SERVIÇOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TRIBUTÁRIA: UM ESTUDO SOBRE A ATUAÇÃO DOS ESCRITÓRIOS CONTÁBEIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE/RS Daiane dos Santos Figueiredo 1 RESUMO Este artigo verifica quais fatores gerenciais influenciam na prestação de serviços de planejamento tributário aos perfis distintos de clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. O método utilizado foi uma pesquisa quantitativa, explicativa, feita por meio de levantamento. A coleta de dados, foi feita com 113 escritórios, os quais responderam ao questionário eletrônico enviado no período de 29 de outubro até o dia 14 de novembro de 2018. Com a análise dos dados, feita por estatística descritiva, concluiu-se que o porte do escritório, o aumento da preocupação por parte dos clientes com a gestão tributária e a complexidade do sistema tributário, são fatores que influenciam a prestação dos serviços de planejamento tributário. A procura por redução de custos, o porte e estrutura das empresas e problemas com fluxo de caixa são quesitos gerenciais que também foram identificados como determinantes nessa área. Palavras-chave: Contabilidade. Gestão Tributária. Planejamento Tributário. 1 INTRODUÇÃO A tributação é um fator que interfere diretamente no resultado de uma empresa, influenciando nos custos e também na formação de preços. Por isso, a gestão tributária precisa ser levada em consideração em todas as etapas do processo produtivo, independente do ramo de atuação e do porte da empresa. É por meio da gestão tributária que se busca eliminar, diminuir ou postergar o pagamento dos tributos, usando para isso a legislação e a prática de atos lícitos organizados em um planejamento tributário. A contabilidade é uma parte importante nesse processo, pois de seus registros e apurações resultam o pagamento dos impostos e demais obrigações fiscais. Por esse motivo os escritórios contábeis tendem a mudar seu posicionamento, passando a ter uma atuação gerencial, levando em consideração que possuem maior contato com a legislação fiscal e práticas contábeis pertinentes a cada ramo de atividade. Nessa pesquisa, que tem como tema a prestação de serviços contábeis relacionados ao planejamento tributário, o objeto de estudo são os escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. Buscando responder a seguinte questão: Quais fatores gerenciais influenciam na prestação de serviços de planejamento tributário aos perfis distintos de clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre? Para isso, foi utilizada a técnica de levantamento de dados, feita por meio de questionário eletrônico, enviado por e-mail para 342 escritórios contábeis, no período de 29 de outubro até o dia 14 de novembro de 2018, dos quais 113 responderam. A análise dos dados tem uma abordagem quantitativa e explicativa feita por meio de estatística descritiva. Seu objetivo geral é analisar os fatores determinantes na prestação de serviços de planejamento tributário aos clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. Os objetivos específicos são: a) identificar o percentual da carteira de clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário; b) analisar o perfil das empresas 1 Discente do Curso MBA em Gestão Financeira e Controladoria da La Salle Business School, matriculada na disciplina de Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação do Prof. Me. Robinson Henrique Scholz. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 28 nov. 2018.

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SERVIÇOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TRIBUTÁRIA: UM ESTUDO SOBRE A ATUAÇÃO DOS ESCRITÓRIOS CONTÁBEIS DA REGIÃO METROPOLITANA

DE PORTO ALEGRE/RS

Daiane dos Santos Figueiredo1

RESUMO

Este artigo verifica quais fatores gerenciais influenciam na prestação de serviços de planejamento tributário aos perfis distintos de clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. O método utilizado foi uma pesquisa quantitativa, explicativa, feita por meio de levantamento. A coleta de dados, foi feita com 113 escritórios, os quais responderam ao questionário eletrônico enviado no período de 29 de outubro até o dia 14 de novembro de 2018. Com a análise dos dados, feita por estatística descritiva, concluiu-se que o porte do escritório, o aumento da preocupação por parte dos clientes com a gestão tributária e a complexidade do sistema tributário, são fatores que influenciam a prestação dos serviços de planejamento tributário. A procura por redução de custos, o porte e estrutura das empresas e problemas com fluxo de caixa são quesitos gerenciais que também foram identificados como determinantes nessa área.

Palavras-chave: Contabilidade. Gestão Tributária. Planejamento Tributário. 1 INTRODUÇÃO A tributação é um fator que interfere diretamente no resultado de uma empresa, influenciando nos custos e também na formação de preços. Por isso, a gestão tributária precisa ser levada em consideração em todas as etapas do processo produtivo, independente do ramo de atuação e do porte da empresa. É por meio da gestão tributária que se busca eliminar, diminuir ou postergar o pagamento dos tributos, usando para isso a legislação e a prática de atos lícitos organizados em um planejamento tributário. A contabilidade é uma parte importante nesse processo, pois de seus registros e apurações resultam o pagamento dos impostos e demais obrigações fiscais. Por esse motivo os escritórios contábeis tendem a mudar seu posicionamento, passando a ter uma atuação gerencial, levando em consideração que possuem maior contato com a legislação fiscal e práticas contábeis pertinentes a cada ramo de atividade. Nessa pesquisa, que tem como tema a prestação de serviços contábeis relacionados ao planejamento tributário, o objeto de estudo são os escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. Buscando responder a seguinte questão: Quais fatores gerenciais influenciam na prestação de serviços de planejamento tributário aos perfis distintos de clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre? Para isso, foi utilizada a técnica de levantamento de dados, feita por meio de questionário eletrônico, enviado por e-mail para 342 escritórios contábeis, no período de 29 de outubro até o dia 14 de novembro de 2018, dos quais 113 responderam. A análise dos dados tem uma abordagem quantitativa e explicativa feita por meio de estatística descritiva. Seu objetivo geral é analisar os fatores determinantes na prestação de serviços de planejamento tributário aos clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. Os objetivos específicos são: a) identificar o percentual da carteira de clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário; b) analisar o perfil das empresas

1 Discente do Curso MBA em Gestão Financeira e Controladoria da La Salle Business School, matriculada na disciplina de Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação do Prof. Me. Robinson Henrique Scholz. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 28 nov. 2018.

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que contratam o serviço de planejamento tributário oferecido pelo escritório; c) mensurar a participação do escritório contábil na gestão tributária dos negócios de seus clientes.

A escolha desse tema se justifica pela alta carga tributária brasileira e sua legislação extremamente complexa, que sofre alterações diariamente exigindo que as empresas, por uma questão de sobrevivência, estejam atentas aos ônus fiscais e possíveis formas de redução dos mesmos. Logo, essas empresas exigirão de seus contadores mais do que somente a apuração mensal, mas também um apoio na gestão, por meio de orientações fiscais, por exemplo. Dessa forma, quanto ao lado profissional, este estudo pode colaborar no sentido de trazer informações de planejamento tributário para organizações de todos os portes, bem como para os profissionais da área contábil, focando na prestação de serviços de planejamento tributário, o que pode trazer oportunidade de aumento do portfólio, melhorando a qualidade dos serviços prestados. Do ponto de vista acadêmico, contribui para os estudos dos discentes dos cursos de ciências contábeis, administração e demais áreas de gestão. Para a sociedade a presente pesquisa pode trazer benefícios oriundos da redução de custos nas empresas, proporcionando um melhor desempenho econômico, o que beneficia a comunidade em que estão inseridas.

Para a organização textual desse estudo, o artigo apresenta esta introdução, seguida das seções que retratam o referencial teórico sobre os serviços contábeis, gestão tributária e planejamento tributário. Na quinta seção é apresentado o método da pesquisa e a contextualização do campo de estudo. Na sexta seção são desenvolvidas as análises de dados e por fim, as considerações finais. 2 SERVIÇOS CONTÁBEIS

A profissão contábil passa por um momento de mudança, precisando migrar da forma operacional, onde se dedica apenas a registros e lançamentos, para a utilização de informações gerenciais que auxiliem os empresários na tomada de decisão, isso exige muita preparação por parte dos profissionais da área. Esse novo perfil do contador deve possuir características como: Pró-atividade, competitividade, liderança e empreendedorismo, características essas, que antes eram essenciais apenas para os empresários e membros do nível estratégico das organizações. O mercado exige que o profissional contábil possua visão ampla, sendo capaz de auxiliar na gestão de riscos e no desempenho econômico-financeiro empresarial, além de solucionar problemas específicos de acordo com cada necessidade e independente do porte empresarial (NARDI et al., 2015; VIEIRA, 2006).

Com essas mudanças surge o conceito de contabilidade tributária, que tem como objetivo a correta aplicação de princípios, normas e principalmente da legislação tributária, sendo seu objeto a apuração exata do resultado econômico em cada exercício social. Logo, passa a ser uma oportunidade de expansão dos serviços contábeis oferecidos pelos escritórios, como uma forma de complemento ao portfólio e consequentemente um diferencial competitivo para quem a executa, esse tipo de serviço tem ganhado força nos últimos anos e está sendo utilizado por um número cada vez maior de contadores (LOPES; FILHO; SILVA; SANTOS, 2017).

Para que os serviços de contabilidade, aliados à gestão tributária possam ser oferecidos, é fundamental que o profissional contábil conheça a fundo o perfil de cada cliente podendo, com isso, atender suas necessidades e expectativas. É papel do escritório contábil, oferecer soluções que, por falta de conhecimento técnico do empresário, passam despercebidas na empresa. Entretanto, muitos empresários ainda veem o serviço contábil como algo apenas obrigatório, e por isso descartam seus benefícios para a gestão empresarial. Do mesmo modo, alguns escritórios acabam oferecendo informações gerenciais apenas para clientes de grande porte, deixando as micro e pequenas empresas de lado (ECKERT et al.,2015).

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Vieira (2006) entende que a qualidade do serviço contábil deve estar embasada em agregar valor ao cliente, colaborando para sua tomada de decisão, pois não basta passar uma informação correta se ela não colaborar para uma ação decisória mais assertiva. Dessa forma, a contabilidade precisa ser vista como uma linguagem de negócios responsável por proporcionar aos empreendedores maiores chances de êxito em seus negócios, por meio de informação e assessoria de nível estratégico (ECKERT et al.,2015). Também é importante levar em consideração a forma como as informações serão transmitidas entre o escritório contábil e o cliente, os dados precisam ser processados e transformados em algo que faça sentido na realidade de cada empresa e de acordo com sua atividade. Por se tratarem de informações gerenciais, que não cumprem exigências legais, podem ser utilizadas de maneira simplificada, onde fique fácil a compreensão por parte de quem irá utilizá-las e que, na maioria dos casos, não tem conhecimento contábil e sim operacional. Essa comunicação deve ser constante e estruturada, proporcionando um retorno sobre seus resultados e quais pontos precisam ser ajustados (ECKERT et al.,2015). Por meio dessa contextualização fica claro que a prestação de serviços contábeis de planejamento tributário demanda uma adaptação dos serviços prestados e também a percepção da sua importância por parte das empresas, para que aconteça uma correta troca de informações, tornando-as realmente úteis para a gestão tributária. 3 GESTÃO TRIBUTÁRIA

A carga tributária brasileira sofre constantes aumentos e está entre as maiores do mundo. Estudos mostram que o Brasil divide esse ranking com países de desenvolvimento extremamente superior ao seu, onde são oferecidos serviços públicos de qualidade e benefícios sociais. Além disso, a legislação é extremamente complexa e composta por um número elevado de leis, que são alteradas frequentemente. Esses problemas resultam em uma preocupação por parte da sociedade brasileira, e tem alertado também quem busca empreender no país, e até mesmo empresas já consolidadas no mercado nacional. A busca por competitividade e melhores resultados, coloca a gestão tributária como algo vital para as organizações (OLIVEIRA et al., 2015). Outro fator importante nesse aspecto, é que há algum tempo já se inverteu a lógica da economia, com a facilidade nas transações comerciais proporcionada pelo surgimento de inovações tecnológicas e globalização, os preços são determinados pelo mercado consumidor. Isso gera uma competitividade acirrada, onde diferenças, mesmo que pequenas, de preços se tornam fatores determinantes na escolha do consumidor. Logo, qualquer redução nos custos tributários pode significar, juntamente com demais fatores, a sobrevivência de uma empresa (OLIVEIRA et al. 2015; ABREU, 2008).

A gestão tributária pode ser definida como um ramo da gestão empresarial que acompanha de forma sistemática todos os impostos, taxas e contribuições que afetam o dia-a-dia dos negócios, contemplando as etapas de planejamento, execução e controle, que podem variar de acordo com cada modelo de gestão e necessitam de manutenção constante dos resultados. Seu principal objetivo é garantir que as decisões dos gestores possam melhorar os resultados, aperfeiçoando o desempenho da empresa. Esse objetivo é comum a todos os tipos de organizações e pode ser utilizado no início de suas atividades ou no decorrer de sua trajetória, como medida corretiva na procura por melhores resultados (ABREU, 2008). Conforme Oliveira et al. (2009) dentro de uma organização existem algumas funções tributárias importantes, que são divididas conforme mostra o Quadro 1.

Quadro 1- Funções tributárias Função Detalhamento

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Escrituração e controle Rotinas de lançamentos, livros fiscais, apuração dos tributos, controle de prazos, registros contábeis de créditos fiscais e provisões de pagamentos.

Orientação Busca pela padronização dos procedimentos, por meio de treinamento e orientação aos colaboradores e demais envolvidos.

Planejamento tributário Estudos de alternativas legais para redução ou postergação do pagamento de imposto.

Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Oliveira et al. (2009). Analisando as informações do Quadro 1 percebe-se que, a contabilidade está diretamente relacionada a essas funções, sendo papel do contador ou escritório contábil disponibilizar a correta escrituração e ter o acompanhamento, principalmente da apuração dos tributos e seus prazos. Assim, a empresa pode ter um controle de fluxo de caixa, fazendo a programação dos pagamentos sem que faltem recursos para realizar a quitação dos passivos tributários. Quanto à orientação aos colaboradores, cabe ao escritório contábil manter uma equipe qualificada e preparada, que esteja em constante atualização sobre as mudanças na legislação, porém, essa demanda geralmente eleva os custos dos serviços prestados. Também é importante que a empresa oriente seus colaboradores, para que os mesmos disponibilizem todas as informações necessárias em tempo hábil ao contador, que somente poderá realizar um trabalho correto se estiver a par de todas as operações feitas pela empresa. Isso demanda que a empresa esteja bem estruturada internamente, pois informações gerenciais serão necessárias para que todas as funções sejam executadas de forma correta. Por último, o planejamento tributário, sendo tratado como uma ferramenta gerencial dentro da gestão tributária, que deve ser utilizada juntamente com os demais processos mencionados anteriormente, para que surta o efeito desejado.

4 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O planejamento tributário se trata de uma técnica gerencial, que necessariamente precisa ocorrer antecipadamente ao fator gerador do tributo, por meio de projeções das operações comerciais, industriais e prestações de serviços. Basicamente consiste em uma análise das alternativas legais para anular, reduzir ou postergar o ônus tributário por meio de instrumentos legítimos que embasem essas decisões. Ressalta-se aqui a importância da licitude das ações adotadas, o que caracteriza a chamada elisão fiscal, ou seja, um planejamento tributário obtido por meio de uma correta interpretação e aplicação da legislação. Ao contrário disso, tem-se a evasão fiscal, que ocorre quando algo é feito após a ocorrência do fato gerador do tributo, como a omissão de receitas, simulações, abusos de direito ou fraudes à lei. Esses atos de sonegação fiscal são caracterizados como crimes e podem sofrer penalidades previstas em lei (FERNANDES; COSTA, 2017). A anulação do ônus fiscal é feita através da escolha de formas jurídicas que impeçam de ocorrer o fator gerador do tributo. A redução, por sua vez, apenas diminui seu impacto nos custos, onde se busca a menor carga tributária dentre as opções legais. Outra forma de planejamento é o que objetiva o adiamento do pagamento do tributo, deslocando a ocorrência do fato gerador. Geralmente é relevante para empresas que possuem problemas de fluxo de caixa, e na maioria dos casos, auxilia para que sejam evitadas multas e juros pelos pagamentos em atraso (ABREU, 2008; FERNANDES; COSTA, 2017). Dentro desse contexto, são muitas as ações que podem ser tomadas pelos escritórios contábeis para que se execute o planejamento tributário. Porém é preciso cautela para que não ocorram falhas nesse processo, pois “a inabilidade do profissional contábil poderá não só fracassar a tentativa de redução de ônus tributários como também gerar prejuízos” (NARDI et al., 2015, p. 16). Dentre essas ações está a escolha da melhor estrutura societária e forma

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jurídica, que influencia na tributação da empresa (pessoa jurídica) e também pode impactar na tributação da pessoa física (sócios). Esse processo pode ser feito na abertura da empresa ou então por meio de reestruturações societárias (OLIVEIRA et al., 2015). A escolha pelo regime tributário também é determinante para que se tenha a menor carga tributária possível, esse é um dos fatores mais importantes para a obtenção de lucros. As opções mais comuns são o Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro Presumido. Essa escolha deve ser muito bem planejada, pois uma vez feita, só poderá ser revertida no próximo ano-calendário. Para cada tipo de empresa existe um regime tributário que mais se adequa à sua estrutura. Com o auxílio do contador, a empresa pode optar de forma mais assertiva e com isso reduzir significativamente seus tributos. Um regime tributário que não esteja de acordo com a necessidade da empresa pode resultar em pagamentos elevados de impostos de forma errônea e causar um gasto que poderia ser evitado, ou ao menos minimizado, caso tivesse ocorrido uma melhor opção. Muitas vezes se tem a visão de que o Simples Nacional sempre é a forma tributária menos onerosa, mas dependendo dos custos e despesas que a empresa possui, o Lucro Real ou Presumido pode diminuir os custos com impostos, sendo mais vantajoso para a empresa (LOPES; FILHO; SILVA; SANTOS, 2017). Assim, fica claro a importância e os impactos, tanto do planejamento quanto da gestão tributária como um todo, no resultado empresarial. São fatores que não podem ser negligenciados. A sobrevivência de um negócio depende de uma série de decisões e ações, para isso existem as ferramentas gerenciais, como o planejamento tributário, que podem e devem ser utilizadas a favor da organização. 5 MÉTODO A presente pesquisa, de natureza aplicada, caracteriza-se por analisar na prática a aplicação e as consequências de determinado conhecimento (GIL, 2012). Tem abordagem quantitativa, onde possui um enfoque na medição de variáveis para verificar as causas do fenômeno e sua relação com as características do grupo estudado. Quanto ao nível de pesquisa, é classificada como explicativa, pois procura identificar quais os fatores que contribuem para a ocorrência do fenômeno e possui uma perspectiva externa (MARTINS; THEÓPHILO, 2009). A estratégia de pesquisa utilizada é o levantamento, que ocorre através de interrogação direta, analisando o processo na maneira em que ele ocorre, sem interferências. Suas principais vantagens são: menos subjetividade e percepção do pesquisador, economia de recursos para coleta de dados e a possibilidade de quantificação, o que permite a correlação entre as informações obtidas. Em contrapartida, tem como limitação a possível distorção das respostas, devido ao fato de que existe variação entre o que o indivíduo faz e o que ele expõe sobre suas ações (MARTINS; THEÓPHILO, 2009; GIL,2012). A população desta pesquisa é formada pelos contadores e/ou escritórios contábeis da região metropolitana de Porto Alegre/RS. Utilizando amostragem não probabilística por acessibilidade, que é um procedimento onde o pesquisador determina um grupo ao qual irá direcionar o instrumento de coleta dos dados (MARTINS; THEÓPHILO,2009). Esse tipo de amostragem é utilizado neste estudo devido à limitação de recursos e dificuldade em se obter informações precisas sobre o número exato de contadores da região. Para obtenção dos dados a técnica usada é o questionário, disponibilizado em meio eletrônico e enviado por e-mail, visando um maior alcance da população estudada. As questões fechadas são usadas, pois proporcionam uniformidade nas respostas. Também são usadas escalas para possibilitar o estudo das atitudes de forma mais precisa, sendo neste caso a Escala tipo Likert, onde para cada afirmação é atribuído um ponto, demonstrando o nível de concordância com cada uma delas (GIL,2012).

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A análise dos dados é feita por meio da estatística descritiva, apropriando-se do estabelecimento de categorias, da tabulação e descrição dos dados. Esse tipo de análise possibilita verificar o comportamento de determinado grupo, identificando o que é típico e como os indivíduos se posicionam em relação às variáveis estudadas (MARTINS; THEÓPHILO, 2009; GIL,2012).

5.1 Contextualização das empresas Os escritórios selecionados para participarem da pesquisa estão localizados na região metropolitana de Porto Alegre/RS, seus contatos foram obtidos por meio de suas páginas na internet ou fornecidos por associações da classe contábil. Dos 342 escritórios selecionados para a pesquisa, 113 responderam ao questionário, sendo essa a amostra obtida. Para uma melhor interpretação dos dados, os escritórios participantes foram divididos em duas categorias, sendo a Categoria A composta pelos escritórios que prestam serviços de planejamento tributário, totalizando 84,07% da amostra e a Categoria B pelos que não oferecem esse tipo de serviços, sendo 15,93% da amostra. A diferença expressiva no volume de respostas entre as duas categorias se mostrou como uma limitação da amostragem, porém não impede a análise e obtenção dos resultados. Quanto ao perfil de cada categoria, foram analisados os dados referentes ao tempo de atuação no mercado contábil, número de clientes e porte dos clientes, conforme demonstrado nos Gráficos 1, 2 e 3, respectivamente. Gráfico 1 - Tempo de atuação Gráfico 2 - Número de clientes

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Fonte: Elaborado pela autora (2018). Gráfico 3 - Porte dos clientes

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

0 a 2

anos

3 a 5

anos

6 a 10

anos

11 a 15

anos

mais de

15 anos

5,26% 7,37%

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38,89%

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Categoria A Categoria B

Até 50

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de 51 a

100

clientes

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clientes

Acima de

200

clientes

26,32%32,63% 31,58%

9,47%

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24,21%

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Categoria A Categoria B

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No Gráfico 1 é possível observar que o tempo de atuação dos escritórios que prestam os serviços de planejamento tributário é, em média, maior do que o dos escritórios que não prestam esse tipo de serviços. Onde 50,53% dos indivíduos da Categoria A possuem mais de 15 anos de atuação, enquanto na Categoria B apenas 16,67% têm essa mesma experiência na área. Na Categoria A, 5,26% atuam de 0 a 2 anos, 7,37% de 3 a 5 anos, 20% de 6 a 10 anos e 16,84% de 11 a 15 anos. Já na categoria B, 22,22% atuam de 0 a 2 anos, 38,89% de 3 a 5 anos, 22,22% de 6 a 10 anos e nenhum escritório atua de 11 a 15 anos.

Quanto ao número de clientes, de acordo com o Gráfico 2, 26,32% dos escritórios da Categoria A possuem até 50 clientes, 32,63% de 51 a 100 clientes, 31,58% possuem entre 101 e 200 clientes e 9,47% possuem acima de 200 clientes, mostrando que essa categoria possui uma carteira de clientes bem elevada. Na categoria B, fica demonstrado que 66,67% dos escritórios possuem no máximo 50 clientes, 27,78% de 51 a 100 clientes, 5,55% de 101 e 200 clientes e nenhum deles possui acima de 200 clientes. Comparando as categorias se percebe que a Categoria B possui um número de clientes menor que a Categoria A, sendo nesse caso escritórios de menor porte. Analisando o Gráfico 3, que mostra o porte dos clientes de cada categoria de escritórios, se identifica que em ambas o porte de clientes predominante é de empresas de pequeno porte. A Categoria A possui 24,21% de clientes enquadrados como microempresa, 54,74% são empresas de pequeno porte, 12,63% de clientes de médio porte e 8,42% de empresas de grande porte. Na Categoria B, 38,89% são Microempresas e 61,11% Empresas de pequeno porte, essa categoria não apresentou clientes de médio e grande porte. Por meio dessas constatações, se pode contextualizar a Categoria A, que presta serviços de planejamento tributário, como empresas de maior tempo de atuação e maior número de clientes, se comparada à Categoria B. 6 ANÁLISE DOS DADOS

A análise apresentada nesta seção foi feita com base no resultado da pesquisa aplicada com 113 escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS, e seu cruzamento com a abordagem teórica do estudo. Os questionários, aplicados pela ferramenta de formulários Google, foram enviados através de e-mail, no período de 29 de outubro até dia 14 de novembro de 2018. Sua apresentação está dividida em três categorias, relacionadas aos objetivos específicos já mencionados neste artigo. 6.1 Clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário Na primeira parte do questionário foram coletadas informações sobre o percentual da carteira de clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário oferecidos pelo escritório.

Gráfico 4 - Percentual da carteira de clientes

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

15,93%

42,49%

18,58%

15,04%7,96% Nenhum cliente

até 25%

de 26% a 50%

de 51% a 75%

Acima de 75%

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De acordo com o Gráfico 4, conforme mencionado anteriormente, 15,93% dos respondentes não prestam serviços de planejamento tributário aos seus clientes. No total, 42,49% tem até 25% de sua carteira de clientes utilizando o planejamento tributário, 18,58% prestam serviços para 26% a 50% de seus clientes. O percentual de escritórios em que 51% a 75% dos clientes utilizam os serviços de planejamento tributário é de 15,04%, esse número cai para 7,96% quando se tratam de escritórios em que mais de 75% dos clientes utilizam o planejamento tributário. Analisando esses dados se nota que o percentual de escritórios estudados em que nenhum cliente utiliza o planejamento tributário é pequeno, comparado ao todo, o que demonstra a preocupação em oferecer um diferencial aos clientes e a mudança do perfil apenas burocrático da profissão (NARDI et al., 2015; VIEIRA, 2006). Apesar da quantidade pequena de escritórios que oferecem o planejamento tributário a mais de 75% de seus clientes, se observa que a contabilidade tributária está sendo agregada ao portfólio de serviços dos escritórios participantes da pesquisa, sendo essa uma oportunidade de expansão dos negócios contábeis (LOPES; FILHO; SILVA; SANTOS, 2017). Em seguida, foram levantadas questões sobre os fatores que influenciam na prestação de serviços contábeis de gestão tributária. A primeira afirmação, apresentada no Gráfico 5 foi: nos últimos anos houve um aumento na preocupação dos clientes com relação à gestão tributária. Já no Gráfico 6 foi questionado se a busca por redução de custos é um fator que influencia na procura pelo planejamento tributário. Gráfico 5 - Aumento da preocupação Gráfico 6 - Redução de custos

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Fonte: Elaborado pela autora (2018). No Gráfico 5, a Categoria A teve 45,26% de participantes que concordam plenamente com a afirmação, 29,47% concordam, 17,89% nem concordam nem discordam, 6,32% discordam e 1,06% discordam plenamente. Na Categoria B 38,89% concordam plenamente, 16,67% concordam, 27,78% nem concordam nem discordam e 16,66% discordam. Fica evidenciado que entre os escritórios estudados, houve um aumento da preocupação por parte dos clientes com relação às questões tributárias. Essa preocupação é oriunda das dificuldades encontradas pelos empreendedores para se manterem no mercado, onde um dos fatores que determina o resultado da empresa são os aspectos tributários e sua correta gestão (OLIVEIRA et al., 2015). Outro fator importante são os custos com tributos, causados pela elevada carga tributária brasileira. Conforme o Gráfico 6, 62,11% da Categoria A e 38,88% da Categoria B concordam plenamente que a redução de custos é um fator que influencia na procura pelos serviços de planejamento tributário, 27,37% da Categoria A e 27,78% da categoria B concordam, apenas 9,47% da Categoria A e 16,67% da Categoria B demonstraram indiferença com a afirmação, os que discordam são 1,05% na Categoria A e 16,67% na Categoria B. Nenhum participante

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Categoria A Categoria B

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discordou plenamente da afirmação. Com a concorrência acirrada, a redução de custos se torna primordial e um fator determinante para que a organização consiga prospectar clientes por meio de preços mais atrativos (OLIVEIRA et al. 2015; ABREU, 2008). As próximas afirmações feitas foram: a maioria dos empresários desconhecem os benefícios gerenciais da gestão tributária, apresentada no Gráfico 7 e: a dificuldade dos empresários em entender a legislação tributária faz com que eles utilizem os serviços de planejamento tributário oferecidos pelo escritório, que tem seus resultados no Gráfico 8. Gráfico 7 - Percepção dos benefícios da Gráfico 8 - Dificuldade de entendimento da gestão tributária legislação

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Fonte: Elaborado pela autora (2018).

No Gráfico 7, verificando os resultados da Categoria A, 43,16% concordam plenamente com a afirmação apontada, 21,05% Concordam, 24,21% nem concordam nem discordam, 6,32% discordam e 5,26% discordam plenamente. Na Categoria B, 43, 50% concordam plenamente, 22,22% concordam, 5,56% nem concordam nem discordam, 11,11% discordam e o mesmo percentual discorda plenamente. Nos escritórios que não prestam os serviços de planejamento tributário, houve uma maior percepção por parte dos respondentes de que os empresários desconhecem os benefícios fiscais da gestão tributária, sendo provavelmente esse seu perfil de clientes. A percepção dos benefícios gerenciais trazidos pela gestão tributária, por parte dos empresários, é fundamental para que se tenha êxito na sua execução e para que haja a procura por esse tipo de serviço, que muitas vezes deixa de ocorrer devido à visão que muitos deles ainda possuem, de que a contabilidade é apenas uma obrigação perante o fisco (ECKERT et al.,2015). Para a análise do Gráfico 8, foram consideradas apenas as respostas da Categoria A, visto que a indagação se direciona apenas aos escritórios que prestam serviços de planejamento tributário. O nível de concordância com a afirmação se mostrou bastante elevado, sendo que 53,68% concordam plenamente e 23,16% concordam. Os que nem concordam nem discordam representam 16,84% e 6,32% discordam. Assim, se percebe que para os indivíduos que compõem essa amostra, a dificuldade em entender a legislação tributária é um dos fatores determinantes para que o empresário procure, no escritório contábil, o auxílio que precisa para sua tomada de decisão e organização gerencial. Acaba se tornando papel do contador moderno ter uma visão ampla dos negócios de seus clientes, para que então consiga colaborar de forma assertiva na gestão, oferecendo soluções que são desconhecidas pelos leigos no assunto (NARDI et al., 2015; VIEIRA, 2006). Finalizando o primeiro bloco de afirmações, foi abordado sobre as mudanças na legislação por meio da seguinte frase: as mudanças constantes na legislação dificultam a prestação dos serviços de planejamento tributário. Gráfico 9 - Mudanças na legislação

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Fonte: Elaborado pela autora De acordo com o Gráfico 9, na Categoria A 51,58% concordam plenamente, 16,84% concordam, 6,32% nem concordam nem discordam, 8,42% discordam e 16,84% discordam plenamente. Na Categoria B 72,22% concordam plenamente, 11,11% concordam, 16,67% nem concordam nem discordam e nenhum participante discorda ou discorda plenamente. O alto índice de pessoas que concordam plenamente ou concordam, principalmente na Categoria B, demonstra que a complexidade da legislação fiscal brasileira é um fator que dificulta aos escritórios oferecerem os serviços de planejamento tributário, pois para isso é necessário manter uma equipe preparada e atualizada. Isso gera um custo elevado para o escritório, que nem sempre pode ser repassado ao cliente, fazendo com que o mesmo desista de prestar o serviço (OLIVEIRA et al., 2009).

Em resposta ao objetivo de identificar o percentual da carteira de clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário, se verificou que entre os escritórios estudados, apenas 15,93% não oferecem esse tipo de serviços. Essa parcela, encontra dificuldades relacionadas ao perfil do seu cliente, por eles não perceberem a importância da gestão tributária, o que é fundamental para sua oferta e manutenção. Foi identificado que 42,48% prestam serviços para até 25% de sua carteira de clientes, esse percentual embora pequeno de clientes, mostra que há uma mudança de comportamento por parte dos profissionais contábeis. Os 18,58% que prestam de 26% a 50% da carteira, os 15,04% que prestam de 51% a 75% e os 7,96% que prestam a mais de 75% dos clientes, nos permitem entender que há um aumento gradual na prestação de serviços voltados à gestão tributária. Outro ponto que pode ser compreendido é que a complexidade do sistema tributário nacional, se mostrou favorável no sentido de trazer mais procura pelos serviços de gestão tributária, em contrapartida, dificulta a prestação dos mesmos, principalmente no que tange às mudanças constantes na legislação.

6.2 Perfil dos clientes que contratam os serviços de planejamento tributário

Na etapa seguinte da coleta de dados as afirmações direcionavam ao perfil dos clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário oferecidos pelo escritório, logo, são analisados apenas os dados obtidos com a Categoria A, tendo em vista que os clientes dos escritórios da Categoria B não utilizam tais serviços. Inicialmente, se verificou o nível de concordância com a seguinte afirmação: o porte da empresa é fator determinante na utilização dos serviços de planejamento tributário, sendo as micro e pequenas empresas as que menos utilizam esse serviço. Também foi afirmado que: empresas com mais tempo de atuação no mercado não procuram o planejamento tributário, sendo algo mais procurado pelas empresas novas. Os resultados podem ser observados nos Gráficos 10 e 11.

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Gráfico 10 - Fator porte da empresa Gráfico 11 - Tempo de atuação da empresa

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Fonte: Elaborado pela autora (2018). Com relação ao porte da empresa, 44,21% concordam que é um fator determinante para utilização dos serviços de planejamento tributário, 24,21% concordam, 16,84% nem concordam nem discordam, 5,26% discordam e 9,48% discordam plenamente. Eckert (2015) afirma que muitos escritórios acabam priorizando os serviços gerenciais para as empresas de maior porte, o que pode acabar prejudicando as empresas menores que necessitam de auxílio para conseguirem se desenvolver. O tempo de atuação da empresa no mercado, exposto no Gráfico 11, não se mostrou como sendo um fator que influencia na procura de planejamento tributário, apenas 13,68% concordaram plenamente com a afirmação, 16,84% concordam, 12,63% nem concordam nem discordam, 21,05% discordam e 35,80% discordam plenamente. O objetivo da gestão tributária, de garantir melhorias nos resultados empresariais, se estende a todos os tamanhos de organizações e pode ser utilizado em qualquer etapa do ciclo de vida empresarial (ABREU, 2008). Com relação ao regime tributário dos clientes que usam os serviços de planejamento tributário, a afirmação utilizada foi: empresas optantes pelo Lucro Real ou Presumido utilizam mais o planejamento tributário do que empresas do Simples Nacional, apresentada no Gráfico 12. Sobre a estrutura organizacional das empresas, conforme Gráfico 13, foi questionado se os clientes que utilizam o planejamento tributário são os que possuem uma estrutura gerencial bem definida. Gráfico 12 - Regime tributário Gráfico 13 - Estrutura gerencial

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Fonte: Elaborado pela autora (2018).

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No Gráfico 12 se observa que, 51,58% concordam plenamente com a afirmação, 24,21% concordam, 16,84% nem concordam nem discordam, 4,21% discordam e 3,16% discordam plenamente. O alto índice de concordância demonstra que, entre os clientes dos escritórios estudados, as empresas do Lucro Real e Lucro Presumido utilizam mais o planejamento tributário do que as empresas do Simples Nacional, isso pode ocorrer devido à maior complexidade desse tipo de tributação. Em alguns casos, se tem a visão de que o Simples Nacional é a melhor forma de tributação, a menos onerosa e por isso não se busca mudanças nesse sentido (LOPES; FILHO; SILVA; SANTOS, 2017). O Gráfico 13 mostra que os clientes que utilizam os serviços de planejamento tributário, possuem uma estrutura gerencial bem definida, sendo que 48,42% da amostra concorda plenamente, 26,32% concorda, 16,84% nem concorda nem discorda, 7,37% discorda e 1,05% discorda plenamente. Oliveira et al. (2009) mostra que as funções tributárias de escrituração e controle, orientação e planejamento tributário dependem dos serviços contábeis, mas também de uma empresa bem estruturada com potencial para fornecer as informações corretas, em tempo hábil, assim a estrutura empresarial é fundamental existência da gestão tributária. Finalizando o segundo bloco de afirmações, os respondentes foram indagados sobre se empresas com dificuldade de fluxo de caixa procuram mais os serviços de planejamento tributário, o Gráfico 14 aponta os resultados.

Gráfico 14 - Fluxo de caixa

Fonte: Elaborado pela autora (2018). A dificuldade com o fluxo de caixa se mostrou como fator que interfere na procura por serviços de planejamento tributário. Entre os participantes da pesquisa, 38,95% concordam plenamente, 20% concorda, 28,42% nem concorda nem discorda, 8,42% discorda e 4,21% discorda plenamente. Esse fator pode ser associado ao fato de que o planejamento tributário traz a possibilidade de adiamento do ônus fiscal, o que facilita para que as empresas que possuem problemas de fluxo de caixa possam manter em dia os pagamentos de seus tributos (ABREU, 2008; FERNANDES; COSTA, 2017). Com base nessas constatações, o segundo objetivo específico desse estudo, que busca analisar o perfil das empresas que contratam o serviço de planejamento tributário oferecido pelo escritório, pode ser respondido como sendo um perfil de empresas de médio a grande porte, em sua maioria optantes por regimes tributários mais complexos, como o Lucro Real e Presumido. De acordo com as respostas, os clientes que usam o planejamento tributário, possuem uma estrutura gerencial bem definida, porém se demonstrou também que a dificuldade com fluxo de caixa é um problema enfrentado por esse perfil de cliente.

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6.3 A participação do escritório contábil na gestão tributária Nessa subseção são, novamente, analisadas as respostas das duas Categorias estudadas. Para finalizar o questionário, os pontos levantados foram sobre qual a participação do escritório contábil na gestão tributária. Os Gráficos 15 e 16 mostram os resultados obtidos com as seguintes afirmações: o escritório busca ter uma comunicação constante com a empresa, por meio de relatórios e informações gerenciais que auxiliem na tomada de decisão e para o escritório, na gestão tributária as rotinas de escrituração e apuração de impostos são as mais importantes. Gráfico 15 - Comunicação escritório/empresa Gráfico 16 - Rotinas de escrituração

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Fonte: Elaborado pela autora (2018). Sobre a primeira afirmação, que se refere à comunicação constante entre a empresa e o escritório contábil, por meio de informações gerenciais com objetivo de auxiliar a tomada de decisão, como se pode observar no Gráfico 15, 51,59% da categoria A e 50% da Categoria B concordam plenamente, 32,63% da Categoria A e 16,67% da Categoria B concordam, 13,68% da Categoria A e 27,78% da Categoria B nem concordam nem discordam, 1,05% da Categoria A e 5,55% da Categoria B discordam e 1,05% da Categoria A discordam totalmente. O percentual de indivíduos da Categoria B que foram indiferentes com essa afirmação demonstra que não há um conhecimento sobre esse processo no seu trabalho, não sendo um fator levado em consideração por esses escritórios. Por outro lado, pelo menos metade dos indivíduos concordaram plenamente com a afirmação, demonstrando a importância da comunicação, para que os processos possam ser estruturados e se obtenha êxito na tomada de decisão mais assertiva, agregando valor ao serviço contábil tradicional, por meio desse diferencial (VIEIRA,2006). Voltando a análise para o Gráfico 16, quando questionados sobre se para o escritório, na gestão tributária as rotinas de escrituração e apuração de impostos são as mais importantes, a Categoria A demonstrou menor concordância, sendo 21,05% que concordam plenamente, 18,95% concordam, 9,47% nem concordam nem discordam, 17,90% discordam e 32,63% discordam plenamente. Já na Categoria B, o resultado foi oposto, sendo que 44,44% concordam plenamente, 33,33% concordam, 16,67% nem concordam nem discordam e somente 5,56% discordam plenamente. As rotinas de escrituração e apuração são fundamentais, porém quando se fala em gestão tributária, existem outros fatores mais importantes que precisam ser levados em consideração, como a legislação vigente, planejamento e orientação sobre o assunto (FERNANDES; COSTA, 2017). A Categoria A, provavelmente por estar mais envolvida com a gestão tributária, demonstrou conhecer a importância desses outros fatores, enquanto para a

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Categoria B as rotinas fiscais, ou seja, a parte burocrática da profissão, ainda são vistas como o principal a ser prestado ao cliente. O último bloco do questionário está diretamente relacionado ao serviço de planejamento tributário, por isso os resultados apresentados são os obtidos entre a Categoria A. Tais afirmações estão agrupadas no Gráfico 17, sendo classificadas como afirmação A: o escritório analisa qual o melhor regime tributário para cada cliente; afirmação B: alternativas de adiamento do ônus fiscal são disponibilizadas para clientes que utilizam o planejamento tributário e afirmação C: são fornecidas opções de estruturas societárias que proporcionem a anulação do ônus fiscal. Gráfico 17 - Alternativas tributárias oferecidas

Fonte: Elaborado pela autora (2018). Para a afirmação A, houve 80% de respondentes que concordam plenamente, 14,74% que concordam, 3,16% nem concordam nem discordam, 1,05% discordam e o mesmo percentual discordam plenamente. Na afirmação B, 31,58% concordam plenamente, 15,79% concordam, 21,05% nem concordam nem discordam, 8,42% discordam e 23,16% discordam plenamente. Quanto à anulação do ônus fiscal, trazida pela afirmação C, 42,11% concordam plenamente, 22,11% concordam, 24,21% nem concordam nem discordam, 6,31% discordam e 5,26% discordam plenamente.

O alto percentual de concordância plena com a afirmação A, que trata sobre a escolha do regime tributário, demonstra que essa é prática mais usada pelos escritórios estudados. Esse é um dos passos mais básicos do planejamento tributário e primordial para a economia com custos tributários (LOPES; FILHO; SILVA; SANTOS, 2017). Na afirmação B, sobre oferta de opções que proporcionem o adiamento do ônus fiscal, houve um menor índice de concordância se comparada às demais. Essa técnica do planejamento tributário se mostrou menos utilizada, embora seja ideal para empresas com dificuldade de fluxo de caixa, o que se verificou como sendo o perfil dos clientes dos escritórios estudados (NARDI et al., 2015). A opção de anulação do ônus fiscal, geralmente obtida por reestruturações físicas e societárias, seguidas de alterações contratuais, tendem a serem menos utilizadas devido à sua complexidade (OLIVEIRA et al., 2015), apesar disso, na amostra foi observado que os escritórios utilizam essa técnica e oferecem essa possibilidade aos seus clientes, tendo em vista que 42,11% concordaram plenamente com a afirmação C.

Por último, no Gráfico 18, os participantes foram questionados se após a execução do planejamento tributário, o escritório segue acompanhando os seus resultados.

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Gráfico 18 - Acompanhamento dos resultados

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

A manutenção do planejamento tributário, por meio do acompanhamento de seus

resultados e devidos ajustes é essencial. Na etapa de controle são verificadas as possíveis falhas e melhorias que ainda possam ser utilizadas. Para isso, faz parte do serviço acompanhar o os resultados do cliente, mesmo após a execução (ABREU, 2008). Sobre essa questão, o Gráfico 18, mostra que 62,11% dos escritórios concordam plenamente e 27,37% concordam que, após a execução do planejamento tributário seus resultados seguem sendo acompanhados, 7,37% nem concordam nem discordam, 2,10% discordam e 1,05% discordam plenamente. Esse resultado demonstra o interesse por parte dos escritórios em oferecer apoio a seus clientes, estabelecendo uma relação que auxilia no gerenciamento. Em resposta ao objetivo de mensurar a participação do escritório contábil na gestão tributária dos negócios de seus clientes, se conclui que os escritórios da Categoria B, apesar de demonstrarem manter uma boa comunicação com os clientes, tem sua participação na gestão tributária voltada para questões de escrituração e apuração de impostos, ou seja, as rotinas fiscais básicas, sendo uma participação mais moderada, conforme esperado já que não oferecem serviços de planejamento tributário. Já a Categoria A demonstrou uma participação ativa na gestão tributária, onde a escolha pelo regime tributário mais apropriado e disponibilização de alternativas para anulação do ônus fiscal são as opções mais utilizadas. Também se conclui que há uma participação por meio de troca de informações e acompanhamento dos resultados. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral, sobre o qual se elaborou essa pesquisa, foi analisar os fatores determinantes na prestação de serviços de planejamento tributário aos clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. Com base nos objetivos específicos já respondidos na análise de dados, se verificou que o porte do escritório contábil é um dos fatores que influenciam na oferta de serviços de planejamento tributário, tendo em vista que os escritórios que prestam esse tipo de serviços, conforme resultado da pesquisa, possuem mais tempo de atuação e maior volume de clientes do que os que não prestam. Outro fator que se mostrou determinante para a prestação de serviços de planejamento tributário pelos escritórios estudados, foi o aumento da preocupação dos empresários com relação à carga tributária brasileira, fazendo com que busquem mais interação com o tema. Porém, a percepção por parte dos clientes com relação aos benefícios da gestão tributária para seu negócio é um fator desfavorável à procura. Se pode concluir que, apesar de preocupados

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com o tema, os empresários em questão ainda não têm uma visualização clara de como a gestão tributária pode colaborar nos resultados empresariais. A dificuldade que os empresários enfrentam para conseguirem entender o complexo sistema tributário brasileiro, nos escritórios estudados e que prestam os serviços de planejamento tributário, foi um quesito determinante para que ocorra a prestação, já que proporciona um aumento da demanda. Aqui se observa a importância de haver um comprometimento por parte do escritório contábil, no sentido de oferecer informações claras e de fácil entendimento, para que mesmo os clientes que não possuam conhecimento contábil e fiscal possam aplicar as informações na gestão empresarial. Em resposta à questão problema desse estudo: quais fatores gerenciais influenciam na prestação de serviços de planejamento tributário aos perfis distintos de clientes dos escritórios contábeis da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS? Os resultados contribuem para o entendimento de que, a busca por redução de custos, visando um melhor resultado do negócio, é um dos fatores gerenciais que influenciam na prestação do planejamento tributário. Quanto aos perfis de clientes, se observou que o porte da empresa, a estrutura gerencial e problemas relacionados ao fluxo de caixa também são determinantes. Outra variável importante identificada foi, o fato de as empresas optantes pelo Simples Nacional utilizarem menos a gestão tributária do que as empresas enquadradas em regimes tributários mais complexos, demonstrando que por estarem enquadradas em um regime simplificado existe a ideia de que não há o que ser melhorado, porém a teoria abordada na pesquisa nos mostra o contrário, onde nem sempre o Simples Nacional é a melhor escolha. Nesse ponto é preciso que ocorra orientação por parte do escritório contábil para que, juntamente com seu cliente, possam verificar as demais possibilidades. Com relação à prestação do serviço de planejamento tributário, os fatores gerenciais identificados foram a dificuldade relativa à necessidade constante de atualização profissional, oriunda das mudanças na legislação, prejudicando a prestação, já que aumentam o custo dos serviços. Também o nível de envolvimento do escritório na gestão tributária dos clientes, onde se observou que a comunicação e fornecimentos de informações gerenciais é trabalhada tanto pela Categoria A, quanto pela Categoria B. As rotinas de escrituração, mais burocráticas e maçantes, foram destacadas como principais pelos escritórios da Categoria B, demonstrando o perfil mais conservador dessa categoria, que precisa aprimorar sua visão sobre a gestão tributária, para que que consigam passar a oferecer também esse apoio aos seus clientes. Já a Categoria A se mostrou mais atenta às questões gerenciais, proporcionando aos seus clientes apoio nas tomadas de decisão relativas à opção pelo regime tributário, alternativas de anulação e adiamento do ônus fiscal e também a manutenção dos resultados obtidos com o planejamento. O ponto positivo verificado com a pesquisa, foi de que a maioria dos respondentes afirmou oferecer os serviços de planejamento tributário, o que corrobora com a afirmação de que a gestão tributária está chamando a atenção dos empresários e do ramo contábil. Como proposta de melhoria, a sugestão é que os escritórios da Categoria A sigam buscando atualização sobre o assunto e proporcionem a seus colaboradores e clientes orientação e até mesmo treinamentos na área, como forma de melhorar a prestação do serviço e o fluxo de informações. Na Categoria B, buscar formas de demonstrar ao seu público-alvo a importância da gestão tributária e como ela interfere nos resultados das organizações pode ser uma maneira de aumentar a demanda por serviços de planejamento tributário, e com isso aumentar seu portfólio. Estudo futuros nessa área, podem abordar a temática do ponto de vista dos clientes dos escritórios, buscando verificar seu posicionamento quanto à qualidade dos serviços prestados. Também podem ser feitos estudos de caso com escritórios que oferecem os serviços de planejamento tributário, a fim de verificar mais detalhadamente a rotina e ações adotadas.

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