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Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste | Sintram | Avenida Getúlio Vargas, 21, Centro Divinópolis/MG - CEP 35500-024 | (37) 3216-8484 | www.sintramdiv.org | facebook.com/SintramCentroOeste 1 Filiado à Divinópolis/MG, 27 de novembro de 2017 Servidores públicos sofrerão perdas significativas no novo texto da reforma da Previdência Presidente do Sintram apela aos servidores municipais para manterem-se mobilizados Depois de perder a queda de bra- ço com o Congresso Nacional para aprovação do texto original da refor- ma da previdência, o presidente da República Michel Temer, apresentou uma nova proposta com o objetivo de convencer os deputados e senado- res a aprovarem as modificações. O novo texto tem regras mais rígidas de aposentadoria para o servidor público na comparação com os trabalhadores da iniciativa privada e , se a nova proposta for aprovada, terão que tra- balhar mais para garantir a aposet- nadoria. Pela proposta original, Temer queria que o tempo mínimo de contribuição para ter direito à aposentadoria fosse de 25 anos para todos os trabalhado- res. Entretanto, após rejeição de parlamentares à proposta, o novo texto prevê 15 anos de contribui- ção para o trabalhador da iniciativa privada e 25 anos para o servidor público de todos os níveis. Outra novidade é que mesmo os servidores públi- cos tendo o Regime Próprio de Previdência (RPP), como é o caso de Divinópolis e de várias cidades que compõem a base territorial do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), valerão as regras do re- gime geral. Com 15 anos de contribuição no Regime Geral, o trabalhador se aposentará com 60% da renda média de contribuição. Já os servidores públicos, a partir do mínimo de 25 anos de contribuição, po- derão se aposentar com 70%. No regime geral, o tempo de contribuição para se ter direito ao teto da Previdência, atualmente limitado em R$ 5.531,31, passaria a ser de 40 anos de contribuição. O novo texto da reforma, mantém a idade mí- nima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres para servidores públicos. Já os professores poderão se aposentar aos 60 anos e policiais aos 55, sem distinção de gênero. REGRAS As novas regras determinam uma transição de acordo com o regime de aposentadoria e o tempo de serviço. No regime geral, quem contribuir pelo período mínimo de 15 anos, receberá 60% da apo- sentadoria. No caso de servidores, quem completar 25 anos de contribuição terá 70% do benefício. A cada período de cinco anos a mais de trabalho, o percentual do valor de aposentadoria aumenta. Para assegurar o valor integral da aposentadoria, o trabalhador deverá contribuir por 40 anos. Essa mesmo tempo de contribuição passa a valer para os servidores públicos, inclusive para aqueles que têm regime próprio. O texto prevê critérios diferenciados para profes- sores, que poderão se aposentam a partir dos 60 anos, policiais e categorias que apresentam condi-

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Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste | Sintram | Avenida Getúlio Vargas, 21, Centro Divinópolis/MG - CEP 35500-024 | (37) 3216-8484 | www.sintramdiv.org | facebook.com/SintramCentroOeste

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Filiado à

Divinópolis/MG, 27 de novembro de 2017

Servidores públicos sofrerão perdas significativas no novo texto da reforma da PrevidênciaPresidente do Sintram apela aos servidores municipais para manterem-se mobilizados

Depois de perder a queda de bra-ço com o Congresso Nacional para aprovação do texto original da refor-ma da previdência, o presidente da República Michel Temer, apresentou uma nova proposta com o objetivo de convencer os deputados e senado-res a aprovarem as modificações. O novo texto tem regras mais rígidas de aposentadoria para o servidor público na comparação com os trabalhadores da iniciativa privada e , se a nova proposta for aprovada, terão que tra-balhar mais para garantir a aposet-nadoria. Pela proposta original, Temer queria que o tempo mínimo de contribuição para ter direito à aposentadoria fosse de 25 anos para todos os trabalhado-res. Entretanto, após rejeição de parlamentares à proposta, o novo texto prevê 15 anos de contribui-ção para o trabalhador da iniciativa privada e 25 anos para o servidor público de todos os níveis. Outra novidade é que mesmo os servidores públi-cos tendo o Regime Próprio de Previdência (RPP), como é o caso de Divinópolis e de várias cidades que compõem a base territorial do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), valerão as regras do re-gime geral. Com 15 anos de contribuição no Regime Geral, o trabalhador se aposentará com 60% da renda média de contribuição. Já os servidores públicos, a partir do mínimo de 25 anos de contribuição, po-derão se aposentar com 70%. No regime geral, o tempo de contribuição para se ter direito ao teto da Previdência, atualmente limitado em R$ 5.531,31, passaria a ser de 40 anos de contribuição. O novo texto da reforma, mantém a idade mí-

nima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres para servidores públicos. Já os professores poderão se aposentar aos 60 anos e policiais aos 55, sem distinção de gênero.

REGRAS As novas regras determinam uma transição de acordo com o regime de aposentadoria e o tempo de serviço. No regime geral, quem contribuir pelo período mínimo de 15 anos, receberá 60% da apo-sentadoria. No caso de servidores, quem completar 25 anos de contribuição terá 70% do benefício. A cada período de cinco anos a mais de trabalho, o percentual do valor de aposentadoria aumenta. Para assegurar o valor integral da aposentadoria, o trabalhador deverá contribuir por 40 anos. Essa mesmo tempo de contribuição passa a valer para os servidores públicos, inclusive para aqueles que têm regime próprio. O texto prevê critérios diferenciados para profes-sores, que poderão se aposentam a partir dos 60 anos, policiais e categorias que apresentam condi-

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ções prejudiciais à saúde aos 55 anos. Nestes ca-sos a idade mínima é a mesma tanto para homens quanto para mulheres. O que chama a atenção no novo texto, é que o servidor público, tanto federal, quanto estadual e municipal, sofrerá perdas e ainda terá que trabalhar mais tempo para se aposentar do que o traba-lhador da iniciativa privada. A presidente do Sin-tram, Luciana Santos, afirma que o governo quer que o povo pague a dívida dos grandes devedores da previdência e a maior fatia da conta vai recair sobre o servidor público. “O novo texto da refor-ma menospreza o servidor público e espero que o Congresso tenha a hombridade de não votar essa proposta antes de um diálogo com os sindicatos e os trabalhadores. Apesar dos esforços do gover-no, é quase certo que a votação não vai ocorrer esse ano, porque não há clima para isso. Portanto, ainda temos tempo de manter nossa mobilização”, afirmou. Luciana Santos diz que o servidor precisa man-

ter-se mobilizado, pois se a proposta for aprovada conforme está o novo texto, os prejuízos serão ir-reparáveis. “Nós, servidores, vamos ter que traba-lhar mais que os trabalhadores da iniciativa privada e aposentar com menos, ou seja, o governo quer aprovar a reforma e para isso está usando os ser-vidores públicos como moeda de troca. Ele está penalizando os servidores para agradar deputados e senadores, para que aprovem a reforma. Temos que manter a mobilização, chamar todos para a luta e impedir que esse texto seja votado”, finali-zou. As modificações no texto original da reforma fo-ram feitas pelo governo, na tentativa de viabilizar a aprovação da proposta na Câmara. O governo quer que a proposta seja votada no plenário da Câmara na primeira semana de dezembro. Para ser apro-vada na Casa, a medida deve ter votos favoráveis de pelo menos 308 dos 513 deputados em dois turnos de votações. | Matéria Sintram |

A Reforma da Previdência proposta pelo gover-no Michel Temer não só tornará muito mais difícil o acesso ao benefício, como reduzirá o valor das aposentadorias, com impactos sobre a economia do país. De acordo com a economista Denise Gen-til, professora da UFRJ, as alterações, associadas à precarização no mercado de trabalho, provocarão queda no consumo das famílias. “O impacto disso sobre o PIB vai ser brutal”, disse ao Portal Ver-melho. Denise apontou que o novo projeto de Reforma da Previdência apresentado pelo governo tira di-nheiro do trabalhador aposentado de duas formas. Primeiro, porque propõe uma mudança no cálculo. Hoje, ao computar a média dos rendimentos, o INSS descarta os 20% que equivalem aos salários mais baixos do ciclo de contribuição do trabalha-dor. Pelas novas regras, será considerada a média total dos rendimentos, incluindo os salários mais baixos, o que já derrubará o valor do benefício. Além disso, o texto estabelece um tempo mínimo de contribuição de 15 anos, para que seja possível se aposentar. Mas esse tempo mínimo dá direito a apenas 60% do valor do benefício. Para ter a apo-sentadoria integral, o trabalhador precisará contri-buir por 40 anos. Trata-se de uma exigência muito distante da atual realidade brasileira. De acordo com o economista

André Calixtre, o tempo médio de contribuição no país, hoje, é de 18 a 20 anos. Diante desse cená-rio, poucas pessoas conseguirão receber o salário integral. A nova regra, portanto, deverá jogar para baixo os valores dos benefícios. “Vai ser muito difícil alcançar até mesmo essas condições mínimas, os 65 anos de idade combi-nados com os 15 de contribuição. E o maior trans-torno é a queda no valor das aposentadorias, que será enorme”, avaliou Denise. Segundo ela, a perda deve ser de 25 pontos percentuais. “A reforma coloca um patamar inicial que é de 60% do valor do benefício. Hoje, esse patamar é de 85% dos salários. Você vai ter uma queda de 25 pontos percentuais no valor das apo-sentadorias, além da mudança no cálculo. Então cai duas vezes o valor do benefício. Isso é muito grave”, criticou.

DE ONDE VAI VIR O CONSUMO? A professora destacou as consequências disso para a economia do país. A redução do benefício significará menos dinheiro no bolso do aposentado e, portanto, queda no consumo das famílias – que, de acordo com o IBGE, representa 60% do PIB brasileiro. Se as famílias não têm como consumir, não há demanda para produtos e serviços, o que afeta diretamente a atividade econômica.

Reforma da Previdência reduz valor das aposentadorias e afe-ta consumo das famílias

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“Uma boa pergun-ta para fazer aos con-gressistas é: de onde eles acham que vai vir o consumo da sociedade? Porque os salários vão diminuir drasticamente com a reforma trabalhis-ta. Agora há possibilida-de de receber abaixo do salário mínimo. As apo-sentadorias vão cair em 25 pontos percentuais. De onde vai vir o consu-mo? ”, provocou Denise. Na sua avaliação, o impacto recessivo das reformas trabalhista e da Previdência não foi cal-culado pelo governo fe-deral. “Eles acham que vão reduzir custos, mas vão reduzir mais ainda a receita. A receita de tribu-tos vai cair muito no país. É um absurdo”, declarou.

FAMÍLIAS EMPOBRECIDAS Denise Gentil também condenou a proposta que alteras as regras para concessão de pensões. A reforma de Temer cria um limite de dois salários mínimos para quem acumular os benefícios de pensão por morte e aposentadoria. O texto tam-bém define que a pensão deixa de ser integral, passando a 50% do valor do benefício do segurado falecido mais 10% por dependente. “Isso vai provocar o empobrecimento das famí-lias. É uma irresponsabilidade, um prejuízo finan-ceiro enorme, especialmente para as famílias que têm crianças e adolescentes. A regra estabelece o limite de dois salários mínimos, que é muito pouco, é um escândalo. Eles poderiam ter deixado esse limite em cinco, seis salários. Porque dois salários mínimos não asseguram saúde, educação, alimen-tação, habitação em condições dignas para nenhu-ma família viver”, defendeu.

ESTIMATIVA DE ECONOMIA “É PURO CHUTE” Na última quarta-feira (22), o ministro da fazen-da, Henrique Meirelles, anunciou que, com o novo texto, a reforma iria garantir aos cofres públicos uma economia de 60% em relação ao projeto ori-ginal. Como a primeira versão previa um corte de R$793 bilhões nos gastos do governo, o ministro espera então poupar R$476 bilhões, caso as mu-danças na Previdência sejam aprovadas.

Os números, contudo, são imprecisos. Por meio de sua assessoria, o ministério informou à Folha de S.Paulo que o valor divulgado por Meirelles não contempla o regime próprio dos servidores públi-cos. Não se sabe, contudo, a razão. Procurada pelo jornal paulista, a Secretaria da Previdência, responsável pelos cálculos, não quis detalhar os dados. Denise Gentil defende que tudo não passa de um “chute” do governo. De acordo com ela, o modelo atuarial a partir do qual são feitas as projeções da Previdência é falho. Divulgado em março, o estudo “A Previdência Social em 2060: as inconsistências do modelo de projeção atuarial do governo brasilei-ro”, do qual a economista participou, identificou que os instrumentos e métodos utilizados para o cálculo dos resultados previdenciários do governo não são “minimamente confiáveis”. “Isso tudo que o governo está prevendo de economia é puro chute. O modelo atuarial do go-verno é incapaz de fazer projeções para o futuro. E o governo usa esses números para pressionar a sociedade. Não há sequer os microdados neces-sários, não existem números suficientes que permi-tam uma simulação. Seria muito interessante eles mostrarem os dados de como chegaram nesse cál-culo de economia. Porque eles não demonstram? ”, questionou.MATÉRIA COMPLETA EM: HTTP://WWW.VER-MELHO.ORG.BR/NOTICIA/304703-1

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Em entrevista ao jornal Valor Eco-nômico, na última quinta-feira (23), o diretor de Documentação do DIAP, Antônio Augusto de Queiroz enume-rou as razões das dificuldades, nes-te momento, para o governo aprovar a reforma da Previdência. Mesmo a proposta “enxuta” apresentada na últi-ma quarta-feira (22), aos membros da base aliada, no Palácio do Planalto. Para Queiroz, dois elementos pe-sam contra. O primeiro é a percepção de que a reforma não produz efeito no curto prazo. “Deputado sabe que não vai faltar dinheiro para a aposentadoria na semana que vem se ele não vo-tar a reforma hoje”, disse. “Aprovação agora pode fazer diferença do ponto de vista das expectativas do mercado. Mas do ponto de vista real, tanto faz votar agora ou em 2019. Então muitos tendem a deixar esse desgaste para depois”, explicou. O outro motivo é o acúmulo de desgaste sofrido pelos apoiadores de Michel Temer. “Já votaram muita pau-ta impopular: teto de gastos, Reforma Trabalhista, salvação do Temer. Então há o sentimento de que já deram a cota de sacrifício.” Para Queiroz, eventuais mudanças no ministério tendem a ser recebidas mais como “pagamentos de faturas” de votações passadas do que compromisso por mais apoio nas pró-ximas votações. Leia matérias completas: terça e quarta (24)

NOVA PROPOSTA DO GOVERNO O governo encaminhou nova proposta de refor-ma ao Congresso na última quarta-feira (22). No texto, o Planalto fez ajustes, “enxugou” o substitu-tivo aprovado pela comissão especial, no dia 3 de maio. A proposta (Emenda Aglutinativa Global) tem basicamente 3 pontos: 1) equiparação das regras do setor público e do setor privado, 2) instituição (manutenção) de idade mínima de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres, e 3) manu-tenção de regra de transição por 20 anos (duran-te os quais seria possível se aposentar abaixo da idade mínima).

TENSIONAMENTO, PRESSÃO E MOBILIZAÇÃO A despeito das dificuldades do governo em apro-var a proposta, os servidores e suas organizações não devem “baixar a guarda”. É preciso manter o tensionamento e pressão sobre os deputados. E também a mobilização para evitar surpresas de última hora. Isto porque o governo dispõe de muitos recur-sos de poder para convencer e mobilizar a base aliada: orçamento, cargos para barganhar e outros benesses para tentar agradar os deputados, a fim de que votem segundo os interesses governistas. Sem falar na pressão do mercado, que tem grande poder midiático.Fonte: Diap

Governo não tem votos para aprovar reforma previdenciária

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Reunidas na sede da Força Sindical, na ma-nhã desta sexta-feira (24), as centrais sindicais definiram realizar GREVE NACIONAL no dia 5 de dezembro, contra a nova proposta de desmonte da Previdência Social apresentada pelo governo. As centrais sindicais convocam todas as enti-dades sindicais e movimentos sociais a realizarem ampla mobilização nas bases — assembleias, atos, debates e outras atividades — como processo de organização de uma Greve Nacional, no dia 5 de dezembro, contra as propostas de reforma da Pre-vidência Social, que acaba com o direito à aposen-tadoria dos trabalhadores brasileiros. As centrais sindicais exigem que o Congresso Nacional não mexa nos direitos dos trabalhadores!”

REAÇÃO Esse movimento é uma reação à MP 808/17, que ajusta pontos da chamada Lei da Reforma Traba-

lhista, em vigor desde 11 de novembro. O ajuste, na verdade, não alterou a gênese da Lei 13.467. Pelo contrário! Aprofundou as mazelas aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Planalto. A proposta recebeu 967 emendas de parlamen-tares, que vão começar a ser discutidas na comis-são mista do Congresso.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA Inviável de ser aprovada como estava formatada, a reforma da Previdência (PEC 287/16) recebeu “nova roupagem” numa Emenda Aglutinativa, que o governo pretende levar a votos até dia 6 de de-zembro. Novo texto, mas continua restritiva, embora me-nos abrangente como o texto aprovado na comis-são especial no dia 3 de maio. Mais “enxuta”, as-sim o governo articula aprova-la na Câmara no mês de dezembro.

MAIS ATAQUES AOS SERVIDORES A imprensa trouxe notícia nesta sexta, que o Pla-nalto estuda enviar ao Congresso proposição para reduzir o salário de ingresso dos futuros servidores públicos. “Isso significa que o salário de ingresso para nível superior da carreira de gestor (uma das 250

carreiras do Executi-vo), que abarca Banco Central e Tesouro Na-cional, por exemplo, cairá dos atuais R$ 16.933 para R$ 5 mil, que é o salário inicial de um professor uni-versitário (para quem nada muda). Nos con-cursos de nível médio o salário será de no máximo R$ 2.800. A medida, quando apro-vada, se aplicará aos novos funcionários”, diz matéria do jor-nal Valor Econômico, desta sexta-feira (24). Esta medida, junto com a MP 805, que congela os vencimen-tos dos servidores por 1 ano, aumenta a alí-

quota da contribuição previdenciária para quem ga-nha acima do teto do Regime Geral, a cargo do INSS, R$ 5.531, entre outras medidas, vai agravar consideravelmente o papel do Estado como presta-dor de serviços, em particular para os estratos mais pobres da sociedade.Fonte: Diap

Centrais sindicais reagem contra destruição de direitos.

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Esta semana encontrei um empreendedor com 80 anos na avenida Paulista, ele usava chapéu, camisa florida e um rádio vermelho no pescoço. Este senhor viu a oportunidade de dançar pa-gode na principal avenida de São Paulo em troca de algumas moedas. Viu a oportunidade de pesso-as se sensibilizarem com as possíveis causas que obrigaram um senhor a ter que levar recursos para complementar a renda familiar, ou mesmo susten-tar uma família com filhos e netos. Ele viu a opor-tunidade de ter que disputar uma beira na calçada entre os outros empreendedores que resolveram empreender por não possuírem um emprego formal ou uma aposentadoria digna. Se este senhor não for capaz de sustentar sua família, mesmo bus-cando força e orientações nos livros de autoajuda, dirão a ele que faltou empenho, planejamento e fé em seus sonhos. Dois fenômenos aparentemente distintos progri-dem em velocidade assombrosa: A destruição de direitos trabalhistas - travestidos de “modernização” das relações trabalhistas - e a difusão do ideário empreendedor ancorado em um discurso de auto-ajuda. Tais fenômeno estão longe de serem jabuti-cabas, mas é certo que seu impacto sobre o Brasil e países simi-lares na Améri-ca Latina é mais devastador. As reformas traba-lhistas que ocor-reram em países como Espanha, Itália, Portugal, ou mesmo Ingla-terra, ainda que tenham impacta-do negativamente a qualidade dos empregos, o ní-vel do salário e a seguridade dos t raba lhadores, degradam de for-ma menos intensa o tecido social destes países. A América Latina (como já apresentei no exaustivo texto desta coluna: “A América Latina se defronta com a crise do capitalismo mundial ao seu jeito”) experimenta agora uma degradação da regulamen-tação do trabalho, sem nunca ter chegado a su-perar seus traços de precariedade. Nossa estrutura

ocupacional sempre foi marcada por elevado de-semprego, baixos salários e elevada rotatividade. O desemprego e o subemprego são a regra nas economias periféricas latino-americanas e, ainda que circunstancialmente o mercado de trabalho tenha melhorado, é com criatividade e elevação da taxa de exploração que os trabalhadores desta região do globo transpõem as crises cíclicas do capitalismo. Mas onde está o empreendedorismo que cito no título deste texto? Chegarei lá. Primeiramente é necessário entender o que fundamenta teoricamen-te a reforma trabalhista no Brasil. De forma sintéti-ca, a reforma trabalhista aprovada e sancionada no Brasil se baseia na ideia de mercado de trabalho da teoria econômica convencional, chamada de teoria neoclássica. Esta teoria parte de duas premissas: A primeira é que conseguimos entender qualquer fenômeno social entendendo a menor parte possí-vel dos elementos deste fenômeno; ao entender as partes somos, teoricamente, capazes de entender o todo. A segunda, sugere que as pessoas es-tão todo o tempo tomando decisões ótimas para si mesmas. Está implícito nesta ideia que todos são capazes de calcular racionalmente e que é bom

para si e, se agi-rem assim, es-tarão fazendo o melhor para toda a sociedade. Sob esta óptica, o egoísmo é o que move a socieda-de. O mercado de trabalho, segun-do esta visão, é construído a par-tir da necessida-de dos empresá-rios de contratar t raba lhadores, por um lado, e, por outro, pelo

desejo dos trabalhadores de ofertarem força de trabalho. Os empresários contratarão trabalhado-res até que o lucro gerado pelo último trabalhador contratado for igual a seu salário. O mais curioso nesta teoria é como ela compreende o comporta-mento dos trabalhadores: Os trabalhadores estão todo o tempo realizando cálculos mentais sobre o

O empreendedorismo da reforma trabalhista

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quanto vale seu descanso, para medir se o martírio do trabalho é adequadamente recompensado pelo salário estabelecido pelo “eficiente” mercado. Para a teoria eco-nômica convencional, o de-semprego poderá existir em duas situações: por opção (ou desejo) dos trabalha-dores, ou quando o vigente nível de salário estiver aci-ma do ponto ótimo definido pelo mercado. Neste último caso, são apontados como elementos de desajuste, a ação combativa dos sindica-tos ou o estabelecimento de regulamentações públicas, como um salário mínimo. O que nos ajuda a entender a reforma trabalhista, à luz do pensamento econômico neoclássico, é que o de-sejo dos trabalhadores em receber salários dignos não só eleva o desemprego, como também reduz a atividade econômica. Basta uma simples observação da história das crises capitalistas para ver desmoronar os alicer-ces da teoria neoclássica e os argumentos para a reforma trabalhista. A ideia de que os traba-lhadores escolhem estar desempregados quando constatam que os salários estão demasiadamente baixos foi desmantelada na crise de 1929, quan-do trabalhadores aceitavam trabalhar por qualquer salário e mesmo assim não encontravam empre-go. Se preferir um exemplo contemporâneo, basta observar o mercado de trabalho brasileiro, no qual historicamente predominam os baixíssimos salários, sem que isso implique em baixa oferta de força de trabalho. Pelo contrário, os trabalhadores parecem mesmo dispostos a trabalharem em troca de sa-lários de fome. Por outro lado, nos anos 2000, assistiu-se a uma substancial queda das taxas de desemprego no Brasil, pari passu à elevação da média salarial dos trabalhadores. Desta forma, fica evidente que não é a destruição dos direitos tra-balhistas e a redução dos salários que farão o de-semprego diminuir e a economia voltar a crescer. Mas se não é o desejo pela retomada do cres-cimento da economia e dos níveis de emprego, o que move os arquitetos do golpe de 2016 a imple-mentarem a reforma trabalhista? Em meio à crise global iniciada em 2007/2008,

as economias do ocidente cambaleiam sem vislum-brar uma alternativa. A hipertrofia do setor finan-ceiro mundial, fortalecido pela excessiva liberdade do neoliberalismo neutraliza qualquer instrumento eficaz de combate à crise. Então destruir Estados nacionais e instituições que representem uma bar-reira à expansão do capital fictício torna-se um im-perativo. Tecnologias como a inteligência artificial, impressora 3D e internet das coisas, que poderiam começar a libertar o homem do trabalho repetitivo e exaustivo, são utilizadas para expurgar milhões de trabalhadores das ocupações com maior produ-tividade. Países como o Brasil, que perdeu den-sidade industrial e elevou sua especialização em bens primários nas décadas de 1990 e 2000, são especialmente impactados pela crise global e pelo citado progresso técnico. O quadro acima apresentado indica a necessida-de da construção de um projeto nacional, com uma política industrial associada com elevados investi-mentos estatais e a consolidação de um colchão de direitos sociais que permitam ao país impedir uma catástrofe social. Porém, o que se desenha com a reforma trabalhista e da previdência é exatamen-te o oposto. Essas medidas não resolvem a crise econômica do país, como aprofundam ainda mais o fosso onde nos encontramos. Ignorando o preceito básico da regulação do tra-balho, a reforma trabalhista dissolve os mecanis-mos de proteção ao trabalhador, advogando pela ausência de assimetrias entre o trabalhador e o empresário, entre o trabalho e o capital. A refor-

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ma trabalhista ataca fortemente as organizações dos trabalhadores e os dispositivos de negociação coletiva, permitindo que os empregadores reduzam salários e piorem as condições de trabalho nas negociações individuais; facilita a terceirização de atividades fins e a pejotização dos postos de traba-lho, expondo os trabalhadores a vínculos instáveis, maior rotatividade e possível anulação dos parcos direitos que restaram aos trabalhadores. Como pode ser observado acima, o liberalismo contemporâneo tem por objetivo retirar todas as formas de amparo ao trabalhador, seja por parte do Estado ou de suas organizações. Buscam dissolver qualquer vínculo coletivo ainda existente entre os trabalhadores, a fim de responsabiliza-los indivi-dualmente pela catástrofe social que se avizinha. Busca gerar um elevado contingente de desempre-gados, aptos a oferecer sua força de trabalho por qualquer trocado. Vale destaque que à medida em que as famílias se vêem desemparadas, tendem a empurrar seus jovens e idosos para o mercado de trabalho, a fim de complementar a renda familiar, fenômeno que gera, por sua vez, uma massa ainda mais expressiva de desempregados, pressionando o mercado de trabalho e empurrando os salários para baixo. Assim, resta a questão de qual o objetivo – o real, não o propagado – das reformas em curso. Seria a busca de mercados mais eficientes? Ou a compulsão pela elevação das taxas de lucros das corporações às custas do aprofundamento da desi-gualdade social no Brasil? Em meio a constatação da falência das estraté-gias impostas pelo neoliberalismo, a mais recente tentativa de atenuar o caos social é individualizar a responsabilidade da crise. Ignorando elemen-

tos históricos e estruturais que caracterizam nos-sa economia, ideólogos do liberalismo constroem um falso discurso empreendedor que afirma que só amargura o desespero do desemprego quem não se esforçou o suficiente. Ao fracassar após empre-ender, queimar parcas economias, envolver todos os membros da família (inclusive crianças e idosos) em excêntricas e exaustivas tarefas, o “empreen-dedor do acaso” encontra conforto na religião da autoajuda. Por fim, é necessário ressaltar que não se cons-trói um ambiente propício para se empreender a partir do desespero das famílias. O desemprego, a doença desassistida, a fome e a desesperança não são bons consultores de negócios. A contratação de faxineiras e porteiros por meio de contratos com MEIs (micros empreendedor individual) na prefei-tura de São Paulo não configura o surgimento de startups de tecnologia em uma incubadora voltada a articular novas empresas de elevada produtivida-de. A reforma trabalhista implementada é filha do Golpe e neta de nossa histórica desigualdade. Não existem objetivos de modernização; existe ambi-ção por elevação dos lucros via elevada exploração de parcelas da população já pauperizada e uma tentativa de transferir a responsabilidade da crise para suas principais vítimas. Se os criadores da crise querem nos fracionar, a saída real da crise é a união dos trabalhadores do Brasil, da América Latina e do mundo. Texto de Euzébio Jorge, Presidente do CEMJ (Centro de Estudos e Memória da Juventude) e Doutorando em desenvolvimento econômico pela UNICAMP.