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SÉRIE DESCOBRINDO A PALAVRA

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I S B N 978-1-60485-595-1

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U3459

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Portugal: Rua da Cinquenta, 59, 4500-712 Nogueira da Regedoura E-mail: [email protected]

EUA: Departamento P, P.O. Box 293, Grand Rapids, MI 49501-0293 E-mail: [email protected]

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Com as doações voluntárias, até mesmo as pequeníssimas, dos parceiros de Ministérios RBC, nos é possível alcançar outros com a sabedoria transformadora da Bíblia.

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VIVENCIANDO O CRISTIANISMO AUTÊNTICOpor Ray Stedman

O que significa vivenciar a verdadeira vida cristã?De acordo com o pastor

e autor Ray Stedman, não se trata de tentar viver conforme os ensinamentos e o exemplo de Jesus. Trata-se de um relacionamento com Cristo capaz de transformar a vida — no mais íntimo do nosso ser.

Nesta passagem de seu clássico best-seller Authentic Christianity (Cristianismo Autêntico), Stedman reflete sobre como o apóstolo Paulo dependeu de uma consciência muito sincera de sua própria força e como ele a utilizou para encorajar outros.

Esse é o segredo espiritual que pode renovar e refrescar qualquer um de nós, à medida que aprendermos que não somos autossuficientes para enfrentar os desafios reais diante de nós.

Mart De Haan

Sumário

A verdadeira questão (2 Coríntios 2:14–3:3) .......... 2

o Segredo (2 Coríntios 3:4-6) ...............20

Título original: Living the Authentic Christian Life iSBN: 978-1-60485-595-1ilustração da capa: iStockphoto PorTuGuESEAs citações bíblicas são extraídas da Ed. revista e Atualizada de J. F. de Almeida © 1993 Soc. Bíblica do Brasil. © 2011 ministérios rBC. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil • Printed in Brazil

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A VERDADEIRA qUESTãO

Sempre me pareceu injusto que muitas igrejas (e alguns

cristãos) mantenham registros cuidadosos de quantos se convertem ao cristianismo, mas nunca registram quantas vidas elas afastam de Cristo. Pareceria justo determinar a manutenção dos dois registros. O fato é que muitas igrejas afastam muito mais pessoas de Cristo do que as que ganham para Ele — e, frequentemente, os cristãos mais zelosos e ortodoxos são exatamente aqueles que afastam o maior número de pessoas! O motivo é que, embora eles possam ser verdadeiros cristãos, a vida que manifestam é falso cristianismo — tão falso quanto uma nota de R$ 3,00.

Na verdade, existe um falso cristianismo, praticado por aqueles que não são cristãos verdadeiros. Existem muitas fraudes religiosas que nunca foram, de fato, cristãs; e existem apóstatas, que têm toda a aparência de cristãos durante algum tempo e na sequência

abandonam tudo. Mas, com certeza, o mais sutil estratagema já inventado por Satanás para enganar e desorientar pessoas é permitir que os cristãos genuínos pratiquem um falso cristianismo perante o mundo. Você é incapaz de detectar e defender-se contra este falso tipo de cristianismo que faz pessoas assinarem uma declaração de doutrina ou recitarem um credo. Este tipo de cristianismo fajuto é sempre ortodoxo. Frequentemente, é muito zeloso e se alimenta de cultos de consagração e reuniões de dedicação. Utiliza-se de todos os termos corretos e se comporta da maneira adequada, ortodoxa, mas ele repele as pessoas para longe de Cristo, não atraindo-as para o Senhor.

Em nítido contraste a isto está a “verdadeira questão” — o cristianismo autêntico, da maneira que seu fundador, o próprio Jesus Cristo, pretendia que fosse. O cristianismo genuíno jamais necessita de propaganda ou publicidade. Ele emite uma fragrância e uma fascinação que atrai pessoas como o mel atrai as moscas. Todas as pessoas são atraídas ao cristianismo

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autêntico? De maneira alguma! Muitas pessoas se sentem antagonizadas e, até, ultrajadas quando descobrem o que realmente significa o cristianismo. Mas, em geral, o caráter inicial do autêntico cristianismo atrai multidões e suscita admiração.

O cristianismO de Jesus e PaulONão existe, é claro, uma demonstração mais clara do verdadeiro cristianismo do que o próprio Cristo. Hoje em dia existem muitas variedades de cristianismo, mas a forma mais atraente é a original — o cristianismo de Jesus Cristo. Esta foi a autêntica vida cristã em sua forma mais pura e consistente. Muitas pessoas têm dificuldade em compreender, aplicar e identificar-se com o cristianismo de Jesus porque sentem que Ele, sendo o Filho de Deus, tinha uma vantagem sobre todos nós. “Não é justo comparar-me a Jesus!”, protestam elas. “Sim, Jesus era, sem dúvida, humano — mas também era Deus. Do Seu lado divino, Ele obteve poder sobrenatural para resistir ao mal e fazer grandes coisas de

uma maneira que eu nunca conseguiria.”

Sim, Jesus era totalmente Deus — mas nunca devemos nos esquecer de que Ele também era totalmente humano, com todas as limitações inerentes à nossa condição humana. Nós podemos viver como Ele viveu. Podemos fundamentar nossas vidas no modelo que Ele estabeleceu diante de nós. Esta é a verdade prática, vivencial, e as Escrituras são muito claras a esse respeito. Eis algumas passagens que nos indicam Jesus como exemplo que podemos e devemos seguir:

Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hebreus 2:18). Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hebreus 4:15). Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos (1 Pedro 2:21).

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Como isto é possível? Como podemos esperar ter, como padrão para nossas vidas, a vida de uma Pessoa perfeita que era Deus encarnado? Não seria como tentar saltar por sobre o edifício mais alto com vara ou atravessar o Oceano Pacífico com um salto? Não é pedir o impossível? Bem, sim e não. Sim, é impossível vivermos de maneira perfeita, sem pecado; mas, não também, pois não é impossível estabelecermos uma meta de semelhança a Cristo. Sempre que fracassamos em perseguir essa meta, simplesmente nos voltamos a Deus em busca de perdão e restauração, e Ele nos recoloca, mais uma vez, no caminho para a nossa meta. O princípio fundamental é encontrado em Filipenses 2:5-8:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se

obediente até à morte e morte de cruz.Observe a frase chave: Jesus

“se esvaziou”. Ele abriu mão das prerrogativas e dos poderes da deidade para identificar-se totalmente conosco. Ele teve o mesmo tipo de vida que nós, enfrentando tentação, sofrendo dor e tristeza, suportando frustração, exatamente como nós. Ele abordou a vida da mesma maneira que você e eu precisamos fazê-lo: vivendo em dependência do Deus Pai, buscando orientação e força por meio de oração contínua, confiando em Deus e ouvindo Sua orientação, e sendo humildemente obediente — “não a minha vontade, mas a tua”. Por esse motivo devemos ter em nós “…o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus…”. Esse é o cristianismo autêntico, o cristianismo de Cristo; em sua forma mais verdadeira, pura e destilada. O cristianismo que você e eu devemos seguir, e o único digno desse nome.

O apóstolo Paulo conduziu sua vida segundo o mesmo princípio e padronizando sua vida segundo o exemplo de Cristo. Ele escreveu: “Sede

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meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). Foi por esse motivo que o ministério do apóstolo foi tão atraente para as pessoas à sua volta. Por isso, sua pregação era tão eficaz em transformar corações e mentes. Ele era um imitador de Cristo. Ao examinarmos uma passagem da segunda carta de Paulo aos cristãos de Corinto — uma das mais biográficas de todas as suas cartas —, teremos reveladas suas próprias experiências como imitador de Cristo e de Seu ministério. Nela, Paulo nos revela, da forma mais clara, o segredo de seu próprio grande ministério.

Nos dois primeiros capítulos de 2 Coríntios, Paulo estava sendo desafiado por certos cristãos de Corinto. Eles tinham sido influenciados por alguns cristãos judeus de Jerusalém, que sugeriram que Paulo não era, de maneira alguma, um apóstolo genuíno porque (1) ele não era um dos Doze originais e (2) alguns de seus ensinamentos iam além da lei de Moisés. Afirmando que Paulo não era um verdadeiro apóstolo, insistiam que seu tipo de cristianismo não era o

verdadeiro. Um dos truques favoritos do diabo é tachar a verdade de grande mentira, exatamente o que estava acontecendo em Corinto.

cincO marcas incOnFundÍVeis dO cristianismO autÊnticOEm resposta a estas acusações Paulo descreve para nós a natureza de seu ministério. Como veremos, o seu ministério tem cinco qualidades inconfundíveis do cristianismo que não podem ser falsificadas com sucesso. Essas qualidades nada têm a ver com personalidade ou temperamento; por isso, qualquer pessoa que descubra o segredo do cristianismo autêntico pode alcançá-las. Elas são atemporais e, portanto, tão genuínas agora quanto nos dias de Paulo.

Começamos nossa jornada de descobrimento em 2 Coríntios 2:14. Ali, encontramos as três primeiras marcas do cristianismo autêntico: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em

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todo lugar a fragrância do seu conhecimento.” Examinemos as marcas do cristianismo autêntico.

marca n.º1: Otimismo insaciável. A primeira marca é encontrada logo na primeira frase: “Graças […] a Deus…”. Uma evidência inconfundível de cristianismo radical é um espírito de gratidão, mesmo em meio às provações e dificuldades. Ele é um tipo de otimismo insaciável. O mundo funciona segundo o tenebroso princípio da Lei de Murphy: O que puder dar errado dará errado. Os cristãos autênticos funcionam por crença na graça, no amor e no definitivo controle de Deus. Você pode perceber claramente o insaciável otimismo do cristianismo autêntico no livro de Atos, no qual uma nota de triunfo ressoa a despeito de todos os perigos, dificuldades, perseguições e pressões que os primeiros cristãos vivenciaram. A mesma nota contínua de ação de graças é encontrada em todas as cartas de Paulo e nas de João, Pedro e Tiago.

A atitude de ação de graças evidente nestas passagens é

genuína e profunda. Nada há de artificial a seu respeito. Ela está muito longe da imitação de ação de graças frequentemente observada em cristãos nos dias atuais. Algumas pessoas pensam que o esperado é que repitam palavras piedosas e de agradecimento, mesmo quando não se sentem gratas. Elas presumem que é essa a atuação esperada dos cristãos. Muitas se acomodaram a uma forma de estoicismo cristão, uma atitude de “sorria e aguente” que até um não-cristão pode ter quando não há muito que se possa fazer a respeito da situação. Mas, isso está muito além da verdadeira ação de graças cristã. Ao ouvir alguns cristãos hoje em dia, você poderia pensar que Deus espera que colemos um sorriso no rosto e saiamos dizendo “Aleluia, tenho câncer!”. Nosso insaciável otimismo não é nada disso.

O cristianismo autêntico é arraigado à realidade. Ele sente toda a dor das circunstâncias adversas e não encontra prazer nelas. Mas, o cristianismo autêntico vê o resultado sendo produzido — não somente no céu algum dia, mas aqui e agora, na terra. Esse resultado

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é tão desejável e glorioso, que merece toda a dor e a tristeza. Não há nada a fazer exceto regozijar-se! Um cristão autêntico tem a confiança de que o mesmo Senhor que permitiu que a dor viesse a usará para desencadear um final altamente desejável. Por essa razão podemos ser genuinamente gratos — mesmo em meio à perplexidade e tristeza.

Encontramos em Atos 16 um exemplo notável do otimismo insaciável do cristianismo autêntico. Ali, Paulo e Silas estão, à meia-noite, num calabouço da cadeia da cidade de Filipos. Suas costas estão em carne viva e sangrando devido a uma terrível flagelação ordenada pelas autoridades romanas. Seus pés estão atados a troncos. O futuro é incerto e assustador. Qualquer coisa poderia acontecer-lhes pela manhã — até mesmo tortura e morte. Ninguém ali se impressionaria com uma demonstração de coragem, e não havia ninguém para intervir e resgatá-los. Ainda assim, a despeito de todos esses motivos para pessimismo e desesperança, Paulo e Silas

literalmente começam a cantar!Ninguém poderia acusá-los

de falsidade ou de apresentar um rosto simpático apenas para manter o moral elevado. Eles estavam genuinamente gratos a Deus, começaram a louvá-lo à meia-noite porque sabiam que, apesar do aparente malogro e insucesso, seu objetivo havia sido cumprido. Agora, a igreja que eles desejavam implantar em Filipos não poderia ser barrada! Esse fato os inspirou a romper em louvor e ação de graças. Como eles poderiam ter sabido o que Deus havia planejado para eles — um terremoto que quebraria as cadeias, ruiria as paredes da prisão e colocá-los-ia em liberdade? Com certeza, não poderiam! Eles não tinham qualquer pressentimento de que seriam libertados. Estavam simplesmente manifestando as marcas do cristianismo autêntico: otimismo insaciável e ação de graças.

marca n.º 2: sucesso invariável. A segunda marca do cristianismo autêntico está intimamente ligada à primeira, e se encontra na próxima frase de 2 Coríntios 2:14: “…que, em

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Cristo, sempre nos conduz em triunfo…”. Perceba a ênfase com a qual Paulo afirma: Jesus “sempre nos conduz” em triunfo. Não ocasionalmente. Não às vezes. Sempre. O apóstolo deixa perfeitamente claro que o cristianismo que ele vivenciou apresenta um padrão de sucesso invariável. Ele nunca envolve fracasso, mas invariavelmente alcança suas metas. Envolve, como vimos, lutas, dificuldades e lágrimas. Às vezes, como na cruz do calvário, o momento de triunfo pode até parecer um completo fracasso. Mas, nosso triunfo está sempre garantido. Embora a luta possa ser desesperada, nunca é séria. Ela, finalmente, resulta em completa realização dos objetivos que Deus estabeleceu para nós. Até mesmo a oposição que encontramos é feita para servir aos propósitos de vitória.

Precisamos lembrar que essas palavras altissonantes de Paulo não são uma mera preleção evangélica. Elas não foram proferidas por um pastor bem pago e altamente respeitado, em uma congregação frequentada por pessoas de alto poder aquisitivo, numa moderna

megaigreja. Estas palavras não foram ditas para emocionar e entreter a plateia da manhã de domingo, mas para encorajar e incentivar aqueles que estavam literalmente arriscando suas vidas e as de suas famílias dia a dia pela causa de Cristo. Essas palavras foram escritas por um homem que carregava em seu corpo os ferimentos de um servo de Jesus. Ele as havia suportado, com grande dor, muita dificuldade, infindáveis decepções e amarga perseguição. Ainda assim, com poderosa veracidade, conseguia escrever que Jesus sempre nos conduz em triunfo.

Certamente, isso não significa que os planos e objetivos de Paulo sempre foram realizados, porque não foram. Ele quis fazer muitas coisas que nunca conseguiu realizar. No livro de Romanos 9:3, Paulo descreve de que maneira ele ansiava ser usado como ministro para Israel — “…meus irmãos, meus compatriotas…”. Ele chegou a expressar a disposição para ser separado de Cristo caso os israelitas pudessem ser libertos. Mas, ele nunca atingiu tal objetivo. O importante aqui não

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são os planos dele, mas os de Deus. O triunfo é de Cristo, não de Paulo.

É invariável que, ao descobrirmos o segredo radical do cristianismo autêntico, jamais falharemos. Nossa vontade, nossos sonhos, nossas metas e nossos desejos podem ser frustrados — mas, e a vontade e o plano de Deus? Nunca! Ele pode até tecer nossos aparentes fracassos em Seu plano geral para o triunfo definitivo. Na vida de um genuíno cristão, cada obstáculo torna-se uma oportunidade. O sucesso é inevitável.

A Liberdade da Prisão. O otimismo insaciável do cristianismo verdadeiro reluz em todo o capítulo 1 da carta de Paulo a seus amigos em Filipos. Escrevendo como prisioneiro na cidade de Roma, confinado a uma casa particular alugada, mas acorrentado dia e noite a um membro da guarda imperial de César, Paulo tem pela frente um futuro desolador. Logo, ele terá de se apresentar a Nero para responder às acusações dos judeus, que poderiam resultar em sua morte. Ele não tem mais permissão para viajar livremente pelo império,

pregando “as inexauríveis riquezas de Cristo”. Não pode, sequer, visitar seus amados amigos nas muitas igrejas que fundou.

Que excelente momento para ficar desanimado! Contudo, nenhuma carta do Novo Testamento reflete maior confiança e gozo do que a de Filipenses. O motivo para essa confiança, diz Paulo, é duplo. Ele escreve: “Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho” (1:12). Em seguida, ele descreve duas evidências para provar sua afirmação.

Primeiro, ele diz: “…de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” (v.13). A guarda do palácio (ou, em algumas traduções, a guarda pretoriana) é o corpo da guarda imperial. Por ser prisioneiro de César, ele precisa ser guardado pela seleta guarda do próprio César. A guarda era, em grande parte, constituída por filhos de famílias nobres comissionados para passar alguns anos na

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guarda do palácio de Nero. Mais adiante, este seleto grupo viria a tornar-se o responsável pela escolha dos próximos imperadores. Eles eram jovens impressionantes, a nata do império, em treinamento para futuras posições de poder e liderança.

Qualquer um que consiga ler um pouco das entrelinhas, enxergará o que está acontecendo aqui. É evidente que o Senhor Jesus, em Sua posição como Rei da terra, nomeou Nero como presidente do Comitê de Evangelização do império Romano. Nero não sabe disso — mas, afinal, raramente os imperadores sabem o que realmente se passa em seus impérios. Lembre-se de que, quando chegou o tempo de o Filho de Deus nascer em Belém, Sua mãe e seu marido moravam em Nazaré, a 112 quilômetros de distância. Então, Deus designou o imperador Augusto para trazer José e Maria de Nazaré para Belém. Augusto sentiu um estranho impulso de emitir um édito imperial estabelecendo que todos deveriam ir às suas cidades de origem para pagar os impostos — isso resolveu tudo!

Neste caso, Nero havia ordenado que sua guarda imperial deveria cuidar do apóstolo Paulo. A cada 6 horas, um dos futuros líderes do império Romano era trazido, acorrentado a Paulo e, forçosamente, exposto ao evangelho transformador de Jesus Cristo!

Sugiro que, se você deseja sentir pena de alguém, não sinta de Paulo. Sinta pena do jovem guarda-costas romano. Ei-lo aqui, tentando levar uma pacata vida pagã, e com frequência lhe mandam sair e ser acorrentado àquele homem perturbador que diz as coisas mais surpreendentes sobre alguém chamado Jesus de Nazaré, que ressurgiu dos mortos. Como resultado, um por um, estes jovens homens estavam sendo ganhos para Cristo. Isso é o que você poderia chamar uma reação em cadeia!

Se você duvida que isso estava acontecendo, leia do versículo seguinte até o último da carta aos Filipenses: “Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César” (Filipenses 4:22). Eis aqui um grupo de homens jovens, o centro político do

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império, sendo infiltrado e conquistado para Cristo por um velho homem acorrentado, que aguarda julgamento por sua vida. Não é nem um pouco improvável que alguns desses jovens que acompanharam Paulo em suas viagens posteriores fizessem parte desse grupo.

Este incidente é uma magnífica revelação da estratégia de Deus — e, em contraste, da fraqueza da estratégia humana. Nenhuma mente humana poderia ter concebido essa abordagem singular ao coração do império. Nós, humanos, estamos sempre planejando estratégias para levar a cabo a Grande Comissão, mas o resultado é, habitualmente, banal, rotineiro, sem imaginação e relativamente ineficaz. O fato notável sobre a estratégia de Deus é ser genial e totalmente inesperada.

Ajudado pela oposição. As estratégias de Deus são tão poderosas, em comparação as estratégias e aos planos e humanos, que Ele é capaz de transformar a mais perversa oposição humana e transformá-la em Sua vantagem. Vemos isso registrado nos

primeiros capítulos do livro de Atos. A igreja de Jerusalém estava crescendo aos trancos e barrancos. Cerca de dois a cinco mil cristãos se reuniam semanalmente, com tremenda comunhão e entusiasmo. Não obstante, ela estava limitada pelos muros da cidade. Quando Deus desejou disseminar essas boas coisas entre as nações, Ele permitiu o surgimento de uma forte oposição. Como resultado, os cristãos foram para todas as direções do império — exceto os apóstolos.

Aprendi a vislumbrar a mão de Deus nestes atos de oposição e agora leio relatos de missionários com uma perspectiva diferente. Nos anos recentes, vi muitos relatos em revistas missionárias dizendo, de uma maneira ou de outra: “Coisas terríveis estão acontecendo ao nosso país. As portas estão se fechando ao evangelho. A oposição está crescendo. O governo está tentando suprimir todo o testemunho cristão. Logo, nossos missionários precisarão fazer as malas e ir embora.” Inquestionavelmente, esses missionários e os cristãos nativos desses países estão

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sendo oprimidos e ameaçados, e necessitam muito de nossas orações e apoio. Contudo, quando leio tais relatos, aprendi a dizer: “Graças a Deus. Finalmente, os missionários estão sendo forçados a abandonar o controle das igrejas, que está sendo passado para a igreja nacional.”

Na Etiópia, antes da Segunda Guerra Mundial, os missionários foram expulsos durante 20 anos, mas, quando voltaram, descobriram que o evangelho havia se alastrado como uma epidemia e que havia muito mais cristãos do que se os missionários tivessem sido autorizados a permanecer no país. Temos visto histórias similares em outros pontos problemáticos no mundo todo, notavelmente na China.

Em sua carta aos Filipenses, Paulo faz um segundo comentário que sustenta sua afirmação de que as coisas que lhe aconteceram só serviram para o avanço do evangelho. Diz ele: “…e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus” (Filipenses 1:14). Devido a Paulo estar

preso, os cristãos de Roma estavam testemunhando muito mais livremente por toda a cidade do que fariam em outras circunstâncias.

Foi neste momento que começou a primeira perseguição oficial romana contra os cristãos. Muitos, portanto, tinham medo de falar de sua fé. Mas, viram que Deus — não Nero, nem os líderes judaicos — estava no total controle. Com Deus no comando, eles se encheram de coragem para proclamar o evangelho. Houve em Roma um alcance mais eficaz do que se Paulo estivesse livre para pregar à vontade. Esse fato sempre me sugeriu que, talvez, a melhor maneira de evangelizar uma comunidade seria começar trancafiando todos os pregadores na cadeia! Os outros cristãos poderiam começar então a perceber que também têm dons de ministério e começariam a exercê-los de maneiras eficazes!

Cartas Vivas. Analisando este incidente com o benefício de 20 séculos de retrospectiva, vemos uma terceira prova da afirmação de Paulo — uma prova que nem ele poderia ter enxergado naquele momento.

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Se estivéssemos com Paulo naquela casa alugada em Roma e lhe perguntássemos: “Paulo, qual foi a maior obra que você realizou em seu ministério por intermédio do poder de Cristo?”, o que ele teria respondido? Tenho certeza de que sua resposta teria sido: “A implantação de igrejas em diversas cidades.” Foi a essas igrejas que ele escreveu suas cartas, e, por elas orava diariamente. Ele as chamava “minha alegria e minha coroa” e a elas dedicou-se irrestritamente a elas.

Mas, agora, observando os séculos desde então, podemos ver que, afinal de contas, a implantação destas igrejas não foi a sua maior obra. Cada uma das igrejas que ele implantou cessou seu testemunho há muito tempo. Na maioria dos casos, as cidades em que elas existiram são, hoje, ruínas. As cartas que Paulo escreveu quando estava encarcerado e impossibilitado de fazer qualquer outra coisa foi o que persistiu até os nossos dias! Essas cartas transformaram o mundo, estão dentre os mais poderosos documentos conhecidos pelo homem. Não

admira que Paulo pudesse escrever: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo.” Esta é uma marca inconfundível do cristianismo autêntico.

marca n.º 3: impacto inesquecível. A terceira marca inconfundível segue imediatamente. Após dizer “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo…”, Paulo continua com essa linda afirmação sobre o impacto que causamos como cristãos autênticos: “…e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento” (2 Coríntios 2:14). Deus nos diz que nossas vidas devem ser dedicadas a emitir uma fragrância, perfume, aroma agradável — não apenas para outras pessoas, mas, para Deus. Ampliando seu pensamento, Paulo acrescenta: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (vv.15-16).

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A maioria dos homens teve a experiência de estar numa sala em que entrou uma mulher de beleza estonteante. Antes de entrar, ela aplicou, aqui e ali, um toque de um delicioso perfume e, ao passar pela sala, deixou uma fragrância duradoura. Consciente ou não, todos os homens presentes na sala são afetados por tal fragrância. Semanas ou meses depois, ao sentirem novamente aquela fragrância —, imediatamente, a imagem da linda mulher vem às suas mentes. A fragrância a tornou inesquecível.

Essa é a imagem que Paulo nos dá aqui. O cristianismo autêntico deixa uma impressão inesquecível naqueles que o encontram. Os cristãos são responsáveis pelo impacto duradouro que provocam. Como Paulo sugere, o impacto pode ser uma de duas direções. Os cristãos aumentam a oposição a Cristo (morte para a morte) ou lideram em direção à fé e vida (vida para a vida). Se a sua vida reflete o cristianismo radical e autêntico, as pessoas se tornam amargas ou melhores por meio do contato com você. Mas, uma coisa que não pode ocorrer é as pessoas permanecerem como

estão. Aquelas determinadas à morte são impelidas para a morte ao entrarem em contato com o cristianismo autêntico. Aquelas que buscam a vida são ajudadas a entrar na vida. Certamente, Jesus tinha essa qualidade. Ninguém que teve contato com Ele foi embora sem transformação.

Muitos comentaristas, sobre essa passagem, concluem que Paulo tinha em mente um típico triunfo romano. Quando um general romano retornava à capital após uma campanha bem-sucedida, o senado lhe concedia um triunfo. Uma grande procissão passava pelas ruas de Roma exibindo os cativos feitos durante a conquista. Algumas pessoas iam adiante da carruagem do conquistador, levando guirlandas de flores e potes de incenso aromático. Elas eram os prisioneiros destinados a viver e retornar ao seu país invadido, para governá-lo sob o poder de Roma. Outros prisioneiros seguiam atrás da carruagem, arrastando correntes e pesadas algemas. Estes estavam destinados à execução, pois os romanos sentiam que não podiam confiar neles. Enquanto

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a procissão avançava através das multidões que aplaudiam, os potes de incenso e as flores perfumadas eram, para o primeiro grupo, uma fragrância da vida para a vida, enquanto o mesmo aroma era, para o segundo grupo, uma fragrância da morte para a morte.

Esse é o efeito do evangelho ao tocar o mundo por intermédio da vida de um cristão autêntico. O cristianismo autêntico deixa uma fragrância duradoura para o Deus de Jesus Cristo, não importa o que aconteça — mas, para os seres humanos, ela é uma fragrância de morte para a morte ou de vida para a vida.

Mas, e o falso cristianismo? Ele é totalmente diferente — apenas um fedor! Talvez você tenha ouvido dizer que “velhos pescadores nunca morrem; eles apenas fedem.” O mesmo pode ser dito a respeito do falso cristianismo: ele nunca morre; só tem esse cheiro.

marca n.º 4: integridade irrepreensível. A quarta marca do cristianismo genuíno é encontrada em 2 Coríntios 2:17: “Porque nós não estamos, como tantos outros,

mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.” Lembre-se, esta não é uma descrição dos pastores cristãos, mas de todos os cristãos. Ela tem grande aplicação ao pastores e outras pessoas do ministério, mas sua referência primária é aos cristãos comuns, que aprenderam o segredo do cristianismo autêntico.

Os cristãos podem ser descritos de duas maneiras: negativa e positivamente. Negativamente, eles não são mascates. Essa palavra significa um vendedor ambulante. Ocasionalmente, ouço o testemunho cristão ser descrito como “vender o evangelho”. Encolho-me amedrontado ao ouvir isso porque não creio que a função dos cristãos é serem vendedores de Deus. Aqui, a ideia é de um vendedor ambulante que possui certas mercadorias que considera atraentes e oferece na esquina aos transeuntes. Ele ganha a vida mascateando suas mercadorias.

Boa parte da pregação e do testemunho cristão pode

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ser descrita dessa maneira. As pessoas selecionam certas características atraentes das Escrituras e as usam como “argumentos de venda”. A cura é um desses casos. Ela é um assunto legítimo para estudo e prática, mas, quando destacada do contexto e batendo sempre na mesma tecla — especialmente quando um tom de grandes ofertas sacrificiais está ligado a ela —, a cura pode levar, rapidamente, a um mascateamento. A profecia pode servir ao mesmo propósito. Fico perturbado com qualquer pessoa conhecida somente como mestre profético, porque ela retirou algo atraente (e até sensacional) da Palavra. Se isso é tudo que sempre ensina, essa pessoa não está declarando “o todo” do conselho de Deus. Ela é um mascate, ganhando a vida vendendo certas mercadorias das Escrituras. Paulo diz que o cristianismo autêntico não mascateia sua verdade como um camelô na rua.

Nossa integridade como cristãos autênticos se caracteriza por quatro qualidades, de acordo com esta passagem.

Primeira qualidade da integridade: Falamos “com sinceridade”. Em outras palavras, devemos ser pessoas honestas. O que dizemos precisa ser verdade. O mundo admira a sinceridade e sente que ela é a expressão definitiva do caráter — mas, de acordo com Paulo, a sinceridade é apenas o começo do caráter, a expectativa mínima de Deus para os cristãos autênticos. O mínimo absoluto que devemos esperar de nós mesmos, como cristãos, é crermos e praticarmos perfeitamente o que dizemos.

Segunda qualidade da integridade: Paulo diz que somos “enviados por Deus” ou “comissionados por Deus”. Isto manifesta o nosso propósito como cristãos autênticos. Não devemos ser sonhadores indolentes sem objetivo definido em vista. Como os oficiais militares, também fomos comissionados. Recebemos uma tarefa definida e missões específicas que constituem nosso propósito na vida e no ministério. Somos pessoas com propósitos e uma finalidade em vista, um objetivo a atingir, uma meta a cumprir.

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E não meramente pregamos ou testemunhamos como se esse fosse um objetivo em si.

Terceira qualidade da integridade: Paulo diz que fazemos tudo isso “diante de Deus” ou “à vista de Deus”, o que indica uma atitude de transparência, de abertura à investigação. Andar à vista de outras pessoas nos permite ocultar nossos pecados e contradições por trás de uma fachada. Mas, andar à vista de Deus requer total honestidade com Ele e conosco mesmos, porque nada pode ser ocultado da vista de Deus. Não significa que podemos viver sem pecado, mas que não pode haver dissimulação ou evasão dos fatos do nosso pecado quando este ocorre. Significa a inexistência de áreas de negação. Tudo é avaliado e testado pela pureza, conhecimento e sabedoria de Deus — e o que é pecaminoso, nós confessamos e nos arrependemos diante de Deus. Um homem que anda à vista de Deus está mais interessado em sua realidade interior do que em sua reputação exterior. Pode-se confiar totalmente nele. Você pode até crer nos tantos gols

que ele marcou e no tamanho do peixe que já pescou. Se você conseguir ensinar aos seus jovens a viverem à vista de Deus, você será até capaz de confiar em deixá-los no banco traseiro de um carro.

Quarta qualidade da integridade: Falamos “em Cristo”. Qual qualidade isso indica? Autoridade! Paulo afirma claramente em 2 Coríntios 5:20 — “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.” Embaixadores são porta-vozes autorizados. Eles têm poder para agir e fazer alianças em nome de outros. Os cristãos autênticos não são servos impotentes. Falamos palavras e entregamos mensagens que o céu honra.

Todas essas qualidades se somam para uma integridade irrepreensível. Pessoas com sinceridade, propósito, transparência e autoridade são totalmente confiáveis. Você pode fazer soar uma moeda de ouro na consciência delas. Suas palavras são seus deveres e pode-se contar com seu compromisso. São indivíduos responsáveis e fiéis. Essa é

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a quarta grande marca do verdadeiro cristianismo.

Neste ponto do texto bíblico, chegamos a uma divisão de capítulo. É triste, pois separa dois capítulos que deveriam ser unidos. O apóstolo não terminou sua linha de raciocínio; portanto, é melhor ignorar a divisão e continuar lendo, para encontrar a quinta marca do cristianismo autêntico: “Começamos, porventura, outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de recomendação para vós outros ou de vós?” (2 Coríntios 3:1).

marca n.º 5: realidade inegável. Paulo tem consciência de estar começando a soar arrogante. Ele sabe que existem alguns em Corinto que, imediatamente, entenderão assim suas palavras. De fato, torna-se óbvio, por suas palavras, que alguns haviam até sugerido, em correspondências anteriores, que, quando voltasse a Corinto, trouxesse cartas de recomendação de alguns dos Doze de Jerusalém! Eles pensavam que Paulo fosse um homem totalmente semelhante

a eles. Assim, por enxergarem-no como alguém continuamente louvando a si mesmo, ninguém acreditaria nele sem a confirmação de fontes mais objetivas. Mas, Paulo lhes diz: “Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2 Coríntios 3:2-3).

Na verdade, ele está dizendo o seguinte: Vocês querem cartas de recomendação para provar que eu tenho autoridade como mensageiro de Deus? Ora, vocês mesmos são toda a recomendação de que preciso! Vejam o que aconteceu com vocês. Sofreram alguma transformação desde que vieram a Cristo por intermédio da minha palavra? Seus próprios corações testemunharão a vocês mesmos e perante o mundo de que a mensagem que vocês ouviram de nós e que transformou suas vidas provém de Deus. Em 1 Coríntios 6, Paulo fez referência aos

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“impuros… idólatras… adúlteros… efeminados… sodomitas… ladrões… avarentos… bêbados… maldizentes… [e] roubadores” que havia encontrado em Corinto. “Tais fostes alguns de vós…”, acrescentou (vv.9-11). Mas, agora, eles haviam sido lavados, santificados e justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo. Estas transformações validavam a mensagem de Paulo.

O povo de Corinto havia escrito a Paulo sobre sua alegria recém-descoberta, e a esperança e significado trazidos às suas vidas. Descreveram-lhe sua libertação da vergonha e da culpa, do medo e da hostilidade, das trevas e da morte. Assim, na verdade, ele lhes diz: Essa é a sua confirmação. Vocês mesmos são cartas vivas de Deus, conhecidas e lidas por todos os homens, escritas pelo Espírito de Deus em seus corações. Aqui está a marca final do cristianismo genuíno: realidade inegável, uma transformação que não pode ser explicada por qualquer outro termo, senão Deus operando. Paulo não necessitava de cartas de recomendação, pois esse tipo de

transformação era evidente nas vidas de seus ouvintes.

Certa vez, ouvi falar de um homem que foi alcoólatra durante anos e, depois, se convertera. Alguém lhe perguntou: “Agora que você é um cristão, crê nos milagres do Novo Testamento?” Ele respondeu: “Sim, creio”. O outro homem disse: “Você crê naquela história sobre Jesus transformando água em vinho?” Ele disse: “Com certeza”. O outro disse: “Como você pode crer em tal absurdo?” O cristão respondeu: “Vou lhe dizer como: porque, em nossa casa, Jesus transformou uísque em mobília!” Essa é a marca da autenticidade. Uma transformação tão pronunciada assim só ocorre sob o impulso de um poderoso relacionamento que substitui o amor à bebida pelo amor a Cristo.

Esses são os cinco sinais inconfundíveis do cristianismo autêntico: otimismo insaciável, sucesso invariável, impacto inesquecível, integridade irrepreensível e realidade inegável. Estão presentes sempre que a verdadeira questão é manifestada. A religião simplesmente tenta

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imitar essas marcas, mas nunca é capaz de levá-las a cabo. Em comparação a estas marcas, o falso cristianismo é sempre exposto como uma imitação surrada e malfeita que cai rapidamente sob a verdadeira pressão. O fato notável não é que os homens busquem imitar essas graças genuínas, pois todos fomos algum tipo de hipócritas desde nosso nascimento. O único fato notável é que tornar-se cristão não garante, por si só, que estas graças genuínas serão manifestas em nós. O que as produz não é ser cristão, mas viver como cristão. Há um conhecimento que precisamos ter e uma escolha que precisamos fazer antes dessas virtudes se tornarem consistentemente presentes. O segredo nos espera nas linhas a seguir.

O SEGREDO

Ligue o rádio ou a TV e, em instantes, você será bombardeado

com propagandas. Cada um desses comerciais tem uma aparência diferente ou um

som distinto, mas todos eles prometem essencialmente a mesma coisa: o segredo de realização, satisfação, sucesso ou felicidade. Contudo, você não encontrará o segredo comprando um produto na loja, fazendo um cruzeiro ou ligando para um número de telefone que aparece no rodapé da tela da TV.

Não se desespere! O segredo pode ser encontrado. Ele está verdadeiramente disponível a você. Paulo fala sobre isto em 2 Coríntios 2 — e ele não está à venda, por preço algum. É inteiramente gratuito!

a FOnte da nOssa suFiciÊnciaLembre-se das cinco marcas do cristianismo autêntico, que acabamos de examinar: otimismo insaciável, sucesso invariável, impacto inesquecível, integridade irrepreensível e realidade inegável. Essas marcas vieram à nossa atenção ao lermos a descrição de Paulo sobre sua própria experiência e ministério em 2 Coríntios 2. Mas, Paulo também fez uma importante pergunta neste capítulo — a qual, deliberadamente, guardei para este momento. Após relacionar as

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marcas de um cristão autêntico, Paulo pergunta ao leitor: “…Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (v.16).

Encaremos essa pergunta com muita seriedade. Tente respondê-la! Quem, de fato, está à altura de tal tarefa? Quem dentre nós demonstra o tipo de otimismo insaciável, sucesso invariável, impacto inesquecível, integridade irrepreensível e realidade inegável que, supostamente, caracterizam a vida de um cristão autêntico? Quem é um modelo consistente dessas qualidades? Eu sou? Você é?

Você está à altura da tarefa de manifestar um espírito alegre e confiante de maneira contínua, infalível e consistente? Tem capacidade para sempre sair-se bem? Tem influência poderosa e positiva sobre os outros? Total confiabilidade? Demonstra qualidades de forma confiável e realista a ponto de ninguém jamais duvidar delas? Quem está à altura de tal tarefa?

A pergunta paira no ar, esperando por uma resposta. Paulo, contudo, não nos deixa tateando em busca de uma resposta à sua penetrante

pergunta. No livro de 2 Coríntios 3:4-6, ele nos dá sua resposta decisiva:

E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.Paulo nos apresenta o

grande segredo em termos inconfundíveis: “…é por intermédio de Cristo que temos tal confiança […] nossa suficiência vem de Deus…” Para que ninguém perca as implicações disso, Paulo coloca a mesma verdade negativamente: “…não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus…” (3:5). Nada vindo de nós; tudo vindo de Deus! Esse é o Segredo dos segredos — o segredo da verdadeira realização, satisfação e sucesso.

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ViVencie-a, nÃO a desPerdiceViver desta maneira, recebendo de Deus nossa suficiência, significa ser “competente como ministros de uma nova aliança”, significa viver recebendo de Deus a nossa autossuficiência. Paulo contrasta fortemente esse modo de vida com a antiga aliança, o código escrito já morto, a “letra” que “mata”. Viver com nada originando-se de nós e tudo vindo de Deus é viver no Espírito. O Espírito dá, continuamente, Vida com V maiúsculo. Esse é o segredo que produziu o espírito confiante que caracterizou Paulo e lhe delegou a disseminação da fragrância do conhecimento de Cristo onde quer que ele fosse. Sua linguagem nos lembra imediatamente das palavras de Jesus aos Seus discípulos: “Eu sou a videira, vós, os ramos […] sem mim nada podeis fazer” (João 15:5). Nem Jesus nem Paulo desejam implicar que nenhuma atividade humana é possível sem a confiança em Deus. O mundo e a igreja estão cheios de exemplos contrários.

Mas, Jesus e Paulo ensinam que a atividade dependente de recursos humanos para

o seu sucesso, no final, em nada resultará. Não terá valor permanente. Os homens podem louvar e imitá-la, mas Deus a considerará pelo que ela é — esforço desperdiçado. Descreve exatamente uma vida assim; na queixosa pergunta de T. S. Eliot:Todo o nosso conhecimento nos aproxima da nossa ignorância,Toda a nossa ignorância nos

aproxima da morte,Mas, a proximidade da morte não nos aproxima de Deus.

Onde está a vida que perdemos enquanto vivíamos?

Onde, realmente? Somos forçados a, honestamente, admitir que desperdiçamos deliberadamente uma boa parte de nossa vida em devaneios inúteis e atividades que não trazem benefício. Mas, não toda a vida! Às vezes, damos o melhor de nós mesmos, outras, somos zelosos e sérios, e nos esforçamos ao máximo para agir como deveríamos. Frequentemente, os resultados nos parecem muito impressionantes para os outros também, mas quando pensamos em nossa morte que se aproxima, tudo parece um tanto vão e fútil.

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E perguntamos: “Onde está a vida que perdemos enquanto vivíamos?”

O Espírito dá, continuamente,

Vida com V maiúsculo.

O apóstolo indica que o segredo de uma vida eficaz e significativa jaz naquilo que chama “a nova aliança”. Jesus a se referiu quando passou o cálice aos Seus discípulos na instituição da Ceia do Senhor: “…Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós” (Lucas 22:20). Esse cálice, tomado com o pão, deve recordar-nos da verdade central de nossas vidas: Jesus morreu por nós para que pudesse viver em nós. Sua vida em nós é a força pela qual podemos viver a verdadeira vida cristã. Essa é a nova aliança.

É importante compreender o significado da palavra aliança. Existem, segundo Paulo,

duas alianças operando na vida humana. Uma é a nova aliança, que Paulo descreveria como “nada vindo de mim, tudo vindo de Deus”. Ela contrasta diretamente com a antiga aliança, que poderia ser descrita como “tudo vindo de mim e nada vindo de Deus”. Em seu início, a ideia de aliança, nos dias de Paulo e nos nossos, é a mesma de um acordo essencial a todo relacionamento posterior.

Se dois homens fazem negócios juntos, eles formam uma sociedade. Os termos de seu relacionamento são cuidadosamente detalhados, para que possam ter uma estrutura de trabalho. O casamento também é um tipo de aliança, no qual um homem e uma mulher concordam em compartilhar tudo que têm e em permanecerem juntos contra todos os obstáculos, até a morte. As nações assinam tratados entre si para determinar as condições sob as quais cooperarão. Todos estes exemplos são formas de alianças e deixam claro que uma aliança é fundamental e essencial para todo empreendimento humano.

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Mas, a aliança mais fundamental de todas é aquela que forma a base da própria vida humana. Podemos até nem pensar frequentemente desta maneira, mas, nenhuma atividade nos será possível se não nos apoiarmos em uma aliança. Não poderíamos conversar, cantar, andar, falar, orar, correr, pensar ou respirar sem tal aliança. Ela é uma combinação feita por Deus com a raça humana, na qual nós recebemos a vida e energia de que necessitamos para fazer o que Deus deseja que façamos. Não fornecemos nossa própria energia. Somos criaturas dependentes, necessitando de constante suprimento do Deus Criador para viver e respirar. Agora, a grande declaração de Paulo nessa passagem — confirmada no Antigo e no Novo Testamento — é que essa combinação fundamental para a vida nos é dada de uma entre duas maneiras. Existe uma maneira “antiga”, indissociavelmente ligada à Lei de Moisés do Antigo Testamento — o código escrito, a “letra” que mata.

Mas, por meio de Jesus Cristo, existe uma “nova”

maneira que resulta em vida insaciavelmente otimista, caracterizada por sincero sucesso, que promove um impacto inesquecível, opera com integridade irrepreensível e confronta o mundo com um testemunho de realidade inegável. Tendo descoberto as implicações desta nova aliança, o apóstolo se acha qualificado para viver como Deus queria que ele vivesse, e é através da descoberta dessas mesmas implicações para nós, que nos descobriremos qualificados por Deus para vivermos como Ele quer que vivamos nos dias de hoje.

cOmO PaulO encOntrOu O seGredOVisto que o apóstolo usa a sua própria experiência como exemplo do tipo de vida que ele tem em vista, será útil delinear como ele aprendeu esta verdade transformadora por si mesmo. Se você pensa que lhe tudo veio naquele momento dramático na poeira da estrada de Damasco, quando Paulo descobriu a verdadeira identidade de Jesus Cristo e se rendeu às Suas

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reivindicações senhoriais, você está longe da verdade. De fato Paulo renasceu naquele momento; é verdade que ele compreendeu, pela primeira vez, que Jesus era, verdadeiramente, o Filho de Deus; é verdade que o centro de sua ardente vida de jovem fariseu foi transformado para sempre — de viver para seu próprio avanço, para desejar a eterna glória de Jesus Cristo. Mas, pode ser muito encorajador, para muitos de nós, que lutamos na vida cristã, aprender que Paulo também atravessou um período de, provavelmente, dez anos após sua conversão antes de começar a viver na plenitude da nova aliança. E foi durante esse tempo que, do ponto de vista de Deus, ele era um miserável fracasso em viver uma vida cristã!

Podemos unir, a partir de Atos 9 e outros textos das Escrituras, todo o relato da experiência de conversão de Paulo e o que aconteceu para produzir a tremenda mudança em sua vida. Eis uma descrição do que ocorreu após a experiência da estrada de Damasco:

[Saulo (Paulo)] …permaneceu em Damasco alguns dias com os discípulos. E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus. Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes? (Atos 9:19-21).Nesta passagem, fica claro

que tudo aconteceu em poucos dias após a conversão de Paulo e de seu batismo por Ananias. Paulo começou imediatamente, com vigor característico, a proclamar (anunciar) a deidade de Jesus (“Ele é o Filho de Deus”). Ele havia aprendido esta verdade na glória da luz que brilhou sobre si na estrada de Damasco. Então, Lucas, sem dar qualquer indicação no texto, continua seu relato com algo que não aconteceu durante, pelo menos, vários meses após os acontecimentos acima e que pode não ter ocorrido pelos três anos seguintes: “Saulo, porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus

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que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo” (v.22).

Observe que, aqui, o texto diz que a mensagem de Paulo (ou Saulo) tinha a forma de “provar” que Jesus é o Cristo. Existe uma grande diferença entre proclamar Jesus como o Filho de Deus e provar que Ele é o Cristo. Lucas dá apenas uma pista daquilo que fez a diferença em sua frase: “Saulo […] mais e mais se fortalecia…”, mas o próprio Paulo nos conta, em mais detalhes o que aconteceu em sua vida. Encontramos essa descrição daquele período em sua carta aos Gálatas.

de PrOclamar a PrOVarMuitos acadêmicos consideram a carta aos Gálatas a primeira das epístolas de Paulo. Isso é incerto, mas está claro que, nela, Paulo defende seu apostolado e descreve o que lhe aconteceu após a sua conversão. Ele escreve:

Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não

consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco (Gálatas 1:15-17).

Deste relato, aprendemos que o a contribuição para o grande fortalecimento do jovem Saulo naquele tempo foi sua ida à Arábia e, depois, o retorno a Damasco. O que ele fez na Arábia? As Escrituras não nos contam e acredito ser difícil descobrir. Precisamos somente imaginar o choque que a conversão produziu na vida desse jovem para perceber que ele necessitava, desesperadamente, de tempo para reler as Escrituras do Antigo Testamento e aprender como a sua descoberta da verdade sobre Jesus de Nazaré se relacionava à revelação dos profetas em que ele havia confiado desde criança.

Como fariseu e com base em seu conhecimento das Escrituras, ele havia sido convencido de que o Jesus de Nazaré era uma fraude. Agora, ele sabia melhor — contudo, de alguma maneira, em algum lugar, ele precisava desfazer a confusão mental que essa

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nova descoberta produzia nele. A Arábia proporcionou a oportunidade. Então, ele foi para lá com os pergaminhos do Antigo Testamento debaixo do braço. Como poderíamos supor, ele encontrou Jesus em todo o texto. As velhas e familiares passagens devem ter brilhado com nova luz quando, começando com Moisés e todos os profetas, o Espírito de Deus interpretou para ele tudo o que pertencia a Jesus. Não é de admirar que, ao retornar a Damasco, ele viesse “grandemente fortalecido”. Também não é de admirar que Paulo fosse às mesmas sinagogas, armado com seu recém-descoberto conhecimento e começasse a proclamar, pela primeira vez, que Jesus é o Filho de Deus. Nos templos judaicos, ele ia de passagem em passagem das Escrituras judaicas e “provava” (em grego: “tecia”) que Jesus era o Cristo, o Messias anunciado pelo Antigo Testamento.

um casO PerdidOLogo, tudo piorou. Para desgosto do jovem Saulo, os judeus de Damasco não se deixavam impressionar por seus

poderosos argumentos. Lucas nos conta o que ocorreu:

Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si tirar-lhe a vida; porém o plano deles chegou ao conhecimento de Saulo. Dia e noite guardavam também as portas, para o matarem. Mas os seus discípulos tomaram- -no de noite e, colocando-o num cesto, desceram-no pela muralha (Atos 9:23-25).Que dolorosa humilhação

para esse dedicado jovem cristão! Paulo tinha se tornado —quase literalmente — um caso perdido! Como ele deve ter se sentido confuso e intrigado quando todos os seus sonhos de conquista no nome de Jesus foram interrompidos deste jeito repentino e degradante. Que humilhante ser lançado por sobre a muralha num cesto, como um criminoso comum fugindo do alcance da lei! Que vergonhoso, que desanimador! Uma vez sobre a muralha, ele escorrega para a escuridão da noite, confuso, humilhado e totalmente desanimado. Tempos depois, ele afirmou que esse foi o ponto mais baixo de sua vida e o começo de sua maior descoberta.

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Para onde ele vai? Lucas nos conta imediatamente: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (v.26). A narrativa de Paulo concorda com exatidão: “Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor” (Gálatas 1:18-19). Lucas relata a maneira como ele conseguiu romper a barreira do medo para ver esses dois homens:

Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida (Atos 9:27-29).

Este é um padrão familiar. Novamente, o cristão zeloso está determinado a persuadir os judeus que falavam grego, de que Jesus é o

Messias prometido do Antigo Testamento. E mais uma vez é montado um complô contra sua vida. A história de Damasco se repete.

saia!Neste ponto ocorre outra lacuna no registro de Lucas, que precisamos preencher com a narrativa de Paulo apresentada em outro lugar. Lucas não nos conta a reação do jovem Saulo à oposição que recebeu ao pregar aos judeus de Jerusalém. Mas, conhecendo seu coração ambicioso e dedicado, deve ter sido de forte desânimo. Anos depois, Paulo mencionou este acontecimento em sua grande defesa à multidão em Jerusalém quando foi preso no templo e salvo da morte certa apenas pela intervenção oportuna dos romanos. Em Atos 22, ele nos diz: “Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito” (vv.17-18).

É perfeitamente compreensível que o jovem Saulo buscasse o conforto

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do templo neste momento desanimador. Novamente, seus esforços em dar um testemunho cristão convincente haviam fracassado; e os homens buscavam uma oportunidade de matá-lo, e Paulo não tinha resultados positivos para encorajar-se. Não admira ele ter ido ao templo para orar. E ali, ao seu desanimado discípulo, o Senhor Jesus apareceu — mas, sua mensagem não foi animadora. “Saia de Jerusalém”, disse Jesus. “[Eles] não receberão o teu testemunho a meu respeito.” Nesse ponto, Saulo começou a discutir com Jesus: “Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam” (Atos 22:19-20).

Nestas palavras, Saulo se mostrou. Agora podemos ver em que ele dependia para o sucesso em seus esforços testemunhais. Fica aparente que ele se via como a pessoa eminentemente qualificada para alcançar os judeus para

Cristo. Seu argumento diz, de fato: “Jesus, o Senhor não entende esta situação. Se o Senhor me mandar para fora de Jerusalém, perderá a oportunidade de uma vida. Se alguém entende como esses judeus pensam e raciocinam, essa pessoa sou eu. Eu era um deles. Falo seu idioma. Sei como eles reagem. Entendo sua cultura. Também sou israelita, um hebreu descendente de hebreus, circuncidado no oitavo dia, da tribo de Benjamim. Fui um fariseu como eles são. Fui irrepreensível perante a lei. Até persegui a igreja, como eles agora fazem. Ora, quando o mártir Estêvão foi morto, até guardei as vestes daqueles que o assassinaram! Senhor, não me mande embora. Eu reúno as condições necessárias para atingir esses homens. Não perca essa oportunidade!”

A resposta de Jesus é abrupta e direta. O próprio Paulo nos diz: “Mas ele [Jesus] me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios” (Atos 22:21). Que duro golpe! Como o jovem Saulo deve ter se sentido! Mas, para indicar como a igreja concordou com o Senhor nesse ponto, Lucas

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relata: “Tendo, porém, isto [o complô para matar Saulo], chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (Atos 9:30).

Tarso era a cidade natal de Paulo. Não existe lugar pior para ir como cristão do que retornar à sua própria casa. Paulo havia tentado, com todas as suas forças, servir seu recém-descoberto Senhor com toda a capacidade e energia que ele conseguiu reunir. Mas, o resultado foi nulo. De fato, nesse ponto, Lucas registra algo bastante surpreendente após o exílio de Paulo em Tarso: “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (Atos 9:31).

O registro mostra que, no início, o apóstolo Paulo ainda não era o dinâmico missionário transformador da história, que depois veio a ser. Não; inicialmente, o apóstolo Paulo era, realmente, algo como um “estúpido consagrado”! Em sua maneira sincera, fervorosa e de bom coração, ele saiu pregando

o evangelho e atiçando todos os tipos de raiva e hostilidade dentre os judeus! Quando esse “dedicado opositor” foi eliminado — expulso para sua cidade natal, Tarso — a igreja finalmente teve paz! Ela começou a crescer! Não é surpreendente?

Saulo vai para Tarso para cuidar de seus ferimentos, seu ego estilhaçado e seus planos dissolvidos em desespero. Durante dez anos não se ouve mais falar dele, até o rompimento de um avivamento em Antioquia da Síria e a igreja de Jerusalém enviar Barnabé para investigar. Quando Barnabé encontra “…muita gente [que] se uniu ao Senhor” (Atos 11:24), ele reconhece que precisa de ajuda.

Nos versículos 25 e 26, lemos: “E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.” Um Saulo diferente chegou a Antioquia com Barnabé. Castigado, humilhado e

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ministrado pelo Espírito, ele começou a ensinar a Palavra de Deus. E desse lugar, ele se lançou ao grande impulso missionário que, finalmente, o levaria aos limites do Império Romano, difundindo o evangelho com força explosiva por todo o mundo.

VOcÊ É um casO PerdidO?O que fez a diferença? Escrevendo aos Coríntios muitos anos depois, Paulo faz uma breve referência ao acontecimento que desencadeou uma linha de ensino que culminaria numa clara compreensão e aceitação do que ele veio a chamar “a nova aliança”. A igreja de Corinto havia escrito a Paulo e, descaradamente, lhe sugerido que ele seria mais eficaz se, de vez em quando, se gloriasse de suas realizações. A isso, o apóstolo respondeu: “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto” (2 Coríntios 11:30-31).

O que ele irá lhes dizer os chocará tanto que ele faz

um voto solene de estar-lhes dizendo a verdade, caso contrário eles poderão pensar que ele está fazendo piada ou brincando com eles. Então, ele lhes diz qual é sua glória: “Em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender; mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim me livrei das suas mãos” (vv.32-33).

“É disso”, diz Paulo, “que me glorio. Esse é o maior evento da minha vida desde minha conversão. Quando me tornei um caso perdido, comecei a aprender a verdade que transformou minha vida e explica meu poder”. Qual era essa verdade transformadora? Paulo coloca em suas próprias palavras, na carta aos Filipenses:

Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.

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Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo (3:4-8).A palavra que ele usa para

“considero como refugo” se refere a esterco comum de curral. Aquilo que ele, antes, considerava qualificá-lo para ser um sucesso diante de Deus e dos homens (sua genealogia, ortodoxia, moralidade e atividade), agora considera esterco em comparação ao depender da obra de Jesus Cristo nele. Ele aprendeu como passar da velha aliança (tudo vindo de mim, nada vindo de Deus) à nova aliança (nada vindo de mim, tudo vindo de Deus), que vivifica. Ele deixa de ser altamente qualificado para ser totalmente inútil, porém é capaz de dizer: Minha suficiência vem de Deus, que me qualificou para ser um ministro de uma nova aliança.

Você já se tornou um caso perdido? Você alcançou aquele lugar que Jesus descreveu como “bem-aventurado”? “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3). Ser humilde de espírito é estar totalmente falido diante de alguma exigência da vida e, em seguida descobrir que isso é uma bênção, porque lhe forçou a depender totalmente do Senhor que está operando em sua vida. É nesse momento que você aprende a verdade sobre a nova aliança, e em nenhum outro lugar.

6o conteúdo deste livreto é extraído e adaptado do livro Authentic Christianity (Cristianismo Autêntico), do mesmo autor. ray Stedman (1917–92), escreveu mais de 20 livros entre os quais Desmascarando Satanás, de Publicações rBC.

o texto inclui o acordo ortográfico conforme Decreto n.º 6.583/08.

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