sérgio ferreira silva geometria analítica: caminhos para

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Sérgio Ferreira Silva Geometria Analítica: caminhos para aprendizagem Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Matemática do Departamento de Matemática da PUC-Rio. Orientador: Prof. Marcos Craizer Rio de Janeiro Julho de 2015

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    Srgio Ferreira Silva

    Geometria Analtica: caminhos para aprendizagem

    Dissertao de Mestrado

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do grau de Mestre pelo Programa de Ps-Graduao em Matemtica do Departamento de Matemtica da PUC-Rio.

    Orientador: Prof. Marcos Craizer

    Rio de Janeiro Julho de 2015

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1311556/CA

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    Srgio Ferreira Silva

    Geometria Analtica: caminhos para aprendizagem

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do grau de Mestre pelo Programa

    de Ps-Graduao em Matemtica do Departamento de Matemtica do Centro Tcnico

    Cientfico da PUC-Rio. Aprovada pela Comisso Examinadora abaixo assinada.

    Prof. Marcos Craizer Orientador

    Departamento de Matemtica - PUC-Rio

    Prof Dbora Freire Mondaini Departamento de Matemtica - PUC-Rio

    Profa. Dirce Uesu Pesco Instituto de Matemtica e Estatstica - UFF

    Prof. Jos Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro

    Tcnico Cientfico - PUC-Rio

    Rio de Janeiro, 28 de julho de 2015

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1311556/CA

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    Todos os direitos reservados. proibida a reproduo total

    ou parcial do trabalho sem a autorizao da universidade,

    da autora e do orientador

    Srgio Ferreira Silva

    Graduao em Matemtica pela Federao das Faculdades

    Celso Lisboa, em 1993. Ps-Graduao Lato Sensu em

    Novas Tecnologias no Ensino de Matemtica pela

    Universidade Federal Fluminense, em 2009, onde escreveu

    a monografia Contribuies do Software de Matemtica

    Geogebra na Prtica Educativa do Ensino Fundamental.

    professor efetivo da Secretaria Estadual de Educao do

    Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Educao de

    Duque de Caxias.

    Ficha Catalogrfica

    CDD: 510

    Silva, Srgio Ferreira

    Geometria analtica: caminhos para aprendizagem / Srgio Ferreira Silva ; orientador: Marcos Craizer. 2015.

    81 f. : il. (color.) ; 30 cm

    Dissertao (mestrado)Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, Departamento de Matemtica, 2015.

    Inclui bibliografia

    1. Matemtica Teses. 2. Geometria analtica. 3. Geogebra. 4. Ensino de geometria. I. Craizer, Marcos. II. Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro. Departamento de Matemtica. III. Ttulo.

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    Dedico esta dissertao a minha famlia em especial a minha esposa,

    Regina, pelo convvio dirio, sempre lado a lado, parceira, cmplice,

    colaboradora, incentivadora no meu caminhar profissional e aos

    meus filhos Rafael e Carolina.

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    Agradecimentos

    Ao meu orientador, professor Marcos Craizer pelo incentivo, orientaes

    importantes para o aprimoramento deste estudo.

    A todos os professores e colegas que convivi no Profmat PUC Rio pela

    troca de saberes.

    s professoras Dbora Freire Mondaini e Dirce Ueso Pesco que aceitaram

    participar da banca e pelas contribuies para melhoria deste estudo.

    Ao meu amigo professor Hlio Fernandes pelas nossas discusses na busca

    de novos caminhos para o ensino da matemtica.

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    Resumo

    Silva, Srgio Ferreira; Craizer, Marcos. Geometria Analtica:

    Caminhos para aprendizagem. Rio de Janeiro, 2015. 81p.

    Dissertao de Mestrado Departamento de Matemtica,

    Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    A presente pesquisa tem como tema o processo de ensino e

    aprendizagem de geometria analtica, assunto no qual os alunos do ensino mdio

    tm apresentado dificuldades. Por isto se faz necessrio que o professor utilize um

    maior nmero de ferramentas pedaggicas, explorando os caminhos algbrico e

    geomtrico para resoluo de problemas. O objetivo deste estudo propor

    caminhos para o ensino da geometria analtica tendo como base trs eixos

    norteadores: A histria das geometrias, a proposio de problemas matemticos

    que podem ser resolvidos tanto pela geometria plana como pela geometria

    analtica e o uso da ferramenta tecnolgica atravs do software Geogebra.

    Utilizamos neste trabalho materiais didticos disponibilizados em escolas pblicas

    estaduais do Estado do Rio de Janeiro, material voltado para a formao do

    professor de matemtica e livros sobre a histria da matemtica.

    Palavras-Chave Geometria Analtica; Geogebra; Ensino de Geometria.

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    Abstract

    Silva, Srgio Ferreira; Craizer, Marcos (Advisor). Analytic Geometry:

    pathways to learning. Rio de Janeiro, 2015. 81p.

    MSc. Dissertation Departamento de Matemtica, Pontifcia

    Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    The topic of this research is the process of teaching and learning

    analytical geometry, a theme in which the students from high school have great

    difficulties. It is necessary that the teacher use a greater number of educational

    tools, exploring the algebraic and geometric aspects for problem solving.

    The aim of this study is to propose new methods for teaching analytical geometry

    based on three guiding principles: The history of geometry, the proposition of

    mathematical problems that can be solved either by analytical geometry or by

    plane geometry and the use of a technological tool, the software Geogebra.

    In this work, we use teaching materials available in public schools of the state of

    Rio de Janeiro, material focused in the training of mathematical teachers and

    books of history of mathematics.

    Keywords Analytic Geometry; Geogebra; Teaching of Geometry.

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    Sumrio 1. INTRODUO 12

    2. HISTRIA DAS GEOMETRIAS 15 2.1 Breve Histria a.C 15 2.2 Breve Histria da Geometria Analtica 19 3. ATIVIDADES DE GEOMETRIA ANALTICA PLANA GA 23

    4. O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA 56 4.1 O Uso das TICs no Ensino da Matemtica 56 4.2 Apresentao do software GeoGebra 58 4.3 Uso do software GeoGebra para Soluo de Problemas de Geometria Analtica Plana 61 4.3.1 Constatao dos dois pr-requisitos 62 4.3.2 Trs problemas de geometria solucionados pela geometria plana e analtica 63 4.3.3 Resoluo de trs problemas clssicos do desenho geomtrico baseados na obra de Apolnio 66 5. CONSIDERAES FINAIS 79 6. REFERNCIAS 80

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    Lista de figuras Figura 1. Rotao de um segmento de um ngulo de 90 24

    Figura 2. Ponto mdio de um segmento 24

    Figura 3.1. Segmentos equipolentes 25

    Figura 3.2. Segmentos equipolentes 26

    Figura 4. Distncia entre dois pontos 26

    Figura 5.1. Perpendicularismo de segmentos quaisquer 27

    Figura 5.2. Perpendicularismo de segmentos quaisquer 28

    Figura 6.1. Distncia de um ponto a uma reta 29

    Figura 6.2. Distncia de um ponto a uma reta 29

    Figura 7.1. rea de um tringulo 30

    Figura 7.2. rea de um tringulo 31

    Figura 8.1. Ponto de interseco das diagonais do retngulo 32

    Figura 8.2. Ponto de interseco das diagonais do retngulo 34

    Figura 8.3. Ponto de interseco das diagonais do retngulo 35

    Figura 9.1. Ponto de interseco das diagonais do paralelogramo 36

    Figura 9.2. Ponto de interseco das diagonais do paralelogramo 37

    Figura 10.1. Mediana relativa a hipotenusa de um tringulo retngulo 37

    Figura 10.2. Mediana relativa a hipotenusa de um tringulo retngulo 38

    Figura 10.3. Mediana relativa a hipotenusa de um tringulo retngulo 38

    Figura 11.1. Base mdia de um tringulo 39

    Figura 11.2. Base mdia de um tringulo 39

    Figura 11.3. Base mdia de um tringulo 40

    Figura 12.1. Distncia do vrtice ao baricentro G 41

    Figura 12.2. Distncia do vrtice ao baricentro G 41

    Figura 12.3. Distncia do vrtice ao baricentro G 42

    Figura 13.1. reas dos tringulos ABD e ACD 42

    Figura 13.2. reas dos tringulos ABD e ACD 43

    Figura 13.3. reas dos tringulos ABD e ACD 43

    Figura 14.1. Comprimento da mediana do lado AB 44

    Figura 14.2. Comprimento da mediana do lado AB 44

    Figura 14.3. Comprimento da mediana do lado AB 45

    Figura 15.1. rea do tringulo ADE 45

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    Figura 15.2. rea do tringulo ADE 46

    Figura 15.3. rea do tringulo ADE 47

    Figura 16.1. Distncia de um ponto a uma reta 47

    Figura 16.2. Distncia de um ponto a uma reta 48

    Figura 16.3. Distncia de um ponto a uma reta 49

    Figura 17.1. Ortocentro de um tringulo 50

    Figura 17.2. Ortocentro de um tringulo 50

    Figura 17.3. Ortocentro de um tringulo 51

    Figura 17.4. Ortocentro de um tringulo 51

    Figura 18.1. Altura relativa hipotenusa 52

    Figura 18.2. Altura relativa hipotenusa 52

    Figura 18.3. Altura relativa hipotenusa 53

    Figura 19.1. Distncia do vrtice A ao ponto P 54

    Figura 19.2. Distncia do vrtice A ao ponto P 54

    Figura 20. Geogebra Reta de Euler 59

    Figura 21. Geogebra Protocolo de Construo 59

    Figura 22. Geogebra Geogebra Ponto mdio de um segmento 62

    Figura 23.1. Geogebra Rotao de um Segmento de 90 63

    Figura 23.2. Geogebra Rotao de um Segmento de 90 63

    Figura 24.1. Geogebra Interseco das diagonais 64

    Figura 24.2. Geogebra Interseco das diagonais 64

    Figura 25. Geogebra Base mdia de um tringulo 65

    Figura 26. Geogebra Ortocentro de um tringulo 66

    Figura 27. Apolnio PPR - caso 1 67

    Figura 28. Apolnio PPR - caso 2 68

    Figura 29.1. Geogebra Apolnio PPR 69

    Figura 29.2. Geogebra Apolnio PPR 69

    Figura 30. Apolnio PRR caso 1 70

    Figura 31. Apolnio PRR caso 2 71

    Figura 32. Apolnio PRR caso 3 71

    Figura 33.1. Geogebra Apolnio PRR 72

    Figura 33.2. Geogebra Apolnio PRR 73

    Figura 33.3. Geogebra Apolnio PRR 73

    Figura 34. Apolnio PPC 74

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    Figura 35.1. Geogebra Apolnio PPC caso 1 75

    Figura 35.2. Geogebra Apolnio PPC caso 1 76

    Figura 35.3. Geogebra Apolnio PPC caso 1 76

    Figura 36.1. Geogebra Apolnio PPC caso 2 77

    Figura 36.2. Geogebra Apolnio PPC caso 2 78

    Figura 36.3. Geogebra Apolnio PPC caso 2 78

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    1 INTRODUO:

    As pesquisas brasileiras desenvolvidas sobre o processo de ensino e

    aprendizagem de geometria analtica foram levantadas na dcada de 90 por Di Pinto

    em sua dissertao sobre o Ensino e Aprendizagem da Geometria Analtica: as

    pesquisas brasileiras da dcada de 90, defendida em 2000, em que se concluiu:

    [...] as pesquisas analisadas mostraram que, independentemente

    do objeto a ser estudado, deve-se buscar a sua significao,

    utilizando-se do maior nmero de recursos possveis, explorando

    os quadros algbrico e geomtrico concomitantemente, mesmo

    que a dificuldade dos educandos em cada uma dessas reas acabe

    intervindo em sua aprendizagem. oportuno lembrar, a todo

    momento, que s quando o aluno constri e articula um objeto

    matemtico ele lhe dar um significado. A abstrao dos

    conceitos que tanto se deseja s ser concretizada

    (compreendida) quando o educando conseguir visualizar o objeto

    matemtico como um todo. Sendo capaz de agir sobre ele,

    externando seus conhecimentos a [seu] respeito em qualquer

    linguagem conhecimentos esses que o permitam fazer

    generalizaes sobre o objeto estudado. (DI PINTO apud

    JUNHO, 2011, p.99)

    Segundo essas pesquisas os processos de construo do conhecimento da

    matemtica voltada para aprendizagem da geometria analtica so complexos e,

    necessitam que o professor proponha caminhos possveis, entre eles o uso de

    ferramentas tecnolgicas para a soluo dos problemas propostos. Dessa forma, o

    professor em sua prtica pedaggica assume o papel de mediador do processo de

    ensino e aprendizagem de seus alunos.

    Partindo dessas premissas, o presente estudo tem como objetivo propor

    caminhos para o ensino da geometria analtica tendo como base trs eixos

    norteadores: a histria das geometrias, a proposio de problemas matemticos que

    podem ser resolvidos tanto pela geometria plana quanto analtica e o uso da

    ferramenta tecnolgica atravs do software Geogebra.

    A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste estudo foi a pesquisa

    bibliogrfica que teve como base materiais didticos de geometria analtica, sendo

    selecionados: dois livros didticos disponibilizados em escolas pblicas estaduais

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    de ensino mdio1 e um livro didtico para o ensino universitrio e uma revista

    voltada para formao de professores de matemtica.2

    Para o desenvolvimento de cada um destes eixos norteadores foram utilizadas

    como fundamentao terica as ideias e/ou teorias de alguns autores. No eixo da

    histria das geometrias o conhecimento histrico da matemtica que tem sua

    relevncia no apenas pela sua descoberta, mas tambm pela reflexo que este

    conhecimento gera no processo de ensino e aprendizagem, utilizamos GARBI,

    Gilberto G.3 e EVES, Howard4.

    Na demonstrao dos pr-requisitos para a soluo dos problemas de

    geometria analtica plana e na breve anlise do perfil das solues utilizou-se

    LIMA, Elon L.5

    O estudo est estruturado em trs captulos sendo que um dos captulos

    aborda uma breve histria das geometrias a partir dos trs sculos iniciais da

    matemtica grega com as contribuies de Tales, de Euclides e de Apolnio antes

    de Cristo e a partir do sculo XVII a inveno da geometria analtica pelos franceses

    Ren Descartes e Pierre de Fermat.

    No outro captulo so apresentadas demonstraes como pr-requisitos

    bsicos para soluo de problemas de geometria analtica plana, os problemas que

    foram retirados de materiais didticos (livros, revista e site do Profmat) com suas

    respectivas solues e uma breve anlise do perfil das solues pela geometria

    analtica em problemas de geometria.

    O ltimo captulo apresenta as caractersticas do software GeoGebra, o qual

    permite a realizao de investigaes sobre propriedades geomtricas que

    1 O autor desta pesquisa professor de matemtica e utiliza esses livros com seus alunos na

    sala de aula, nas escolas pblicas estaduais de ensino mdio em que leciona. 2 O autor desta pesquisa teve acesso a esses materiais em curso de formao de professores

    que realizou no Instituto de Matemtica Pura e Aplicada - IMPA 3 Vencedor do 40 Prmio Jabuti da categoria Cincias Exatas, Tecnologia e Informtica

    com o seu livro O Romance das Equaes Algbricas que representa algo inovador no Brasil em

    relao aos mtodos de ensino da matemtica. 4 Foi um matemtico especializado em geometria e histria da matemtica, nascido nos

    Estados Unidos em 1911 e faleceu em 2004. 5 Matemtico brasileiro, pesquisador titular do Instituto Nacional de Matemtica Pura e

    Aplicada (IMPA), instituio na qual foi diretor em trs perodos distintos. autor de vinte e cinco

    livros sobre matemtica, seis dos quais se destinam formao e aperfeioamento de professores

    do ensino mdio.

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    dificilmente se consegue observar sem o uso de uma ferramenta computacional.

    Dessa forma, utilizou-se dois pr-requisitos: ponto mdio de um segmento e rotao

    de um segmento de um ngulo de 90 graus, de trs problemas de geometria

    solucionados pela geometria plana e analtica apresentados no captulo 2 e a

    resoluo de trs problemas clssicos do desenho geomtrico baseados na obra de

    Apolnio.

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  • 15

    2 HISTRIA DAS GEOMETRIAS

    2.1 Breve Histria a.C.

    Nesta breve histria se pretende abordar os trs sculos iniciais da matemtica

    grega com destaque aos esforos de Tales por uma geometria demonstrativa, os

    Elementos de Euclides que apresentam a geometria como um sistema lgico e as

    contribuies de Apolnio que, segundo Eves (2004), constituem um perodo de

    realizaes extraordinrias.

    No perodo 2000 a.C. a 1600 a.C. os babilnios relacionavam a geometria

    com a mensurao prtica. Dessa forma, a principal caracterstica da geometria

    babilnica o seu carter algbrico. Pois, segundo Eves (2004, p.61), Os

    problemas mais intricados expressos em terminologia geomtrica so

    essencialmente problemas de lgebra no-triviais.

    Os aparecimentos de novas civilizaes nas costas da sia Menor, na parte

    continental da Grcia, na Siclia e no litoral da Itlia, trouxeram mudanas

    econmicas e polticas levando o homem a questionar o como e o porqu. Segundo

    Eves:

    Pela primeira vez na matemtica, como em outros campos, o

    homem comeou a formular questes fundamentais como: Por

    que os ngulos da base de um tringulo issceles so iguais? e

    Por que o dimetro de um crculo divide esse crculo ao meio?

    Os processos empricos do Oriente antigo, suficientes o bastante

    para responder questes na forma de como, no mais bastavam

    para as indagaes mais cientficas na forma de por qu.

    Algumas experincias com o mtodo demonstrativo foram se

    consubstanciando e se impondo, e a feio dedutiva da

    matemtica, considerada pelos doutos como sua caracterstica

    fundamental, passou para o primeiro plano. (EVES, 2004, p.94)

    A geometria demonstrativa teve incio com Tales de Mileto, que no Egito,

    no sculo VI a.C., ao admirar a Grande Pirmide (Quops) ficou interessado em

    calcular a altura deste monumento. Segundo Garbi:

    Para respond-la, empregou um mtodo, por ele mesmo criado e

    que ainda hoje nos cativa pela simplicidade e preciso: plantou

    sobre a areia, verticalmente, um basto de madeira, cujo

    comprimento conhecia, e mediu-lhe a sombra. Aps fazer o

    mesmo com a sombra da pirmide deduziu-lhe a altura porque

    sombras e alturas, tanto em pirmides quanto em bastes,

    quaisquer que sejam seus tamanhos, so sempre proporcionais.

    No momento em que a altura de um basto igual sua sombra,

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    a altura da pirmide tambm ser igual sombra do monumento.

    (GARBI, 2007, p.205)

    A proporcionalidade entre alturas e sombras um contedo que est

    presente nas aulas de matemtica at hoje nas escolas, denominado Teorema de

    Tales, podendo ser aplicado na soluo de vrios problemas. Segundo Eves, na

    geometria creditam-se a Tales os seguintes resultados elementares:

    1-Qualquer dimetro efetua a bisseco do crculo em que

    traado. 2-Os ngulos da base de um tringulo issceles so iguais.

    3-ngulos opostos pelo vrtice so iguais.

    4-Se dois tringulos tm dois ngulos e um lado em cada um

    deles respectivamente iguais, ento esses tringulos so iguais.

    (Tales talvez tenha usado esse resultado na determinao que fez

    da distncia de um navio praia.)

    5-Um ngulo inscrito num semi-crculo reto. (Este resultado era

    do conhecimento dos babilnios cerca de 1.400 anos antes.)

    6-O valor desses resultados no deve ser aquilatado por eles

    mesmos, mas antes pela crena de que Tales obteve-os mediante

    alguns raciocnios lgicos e no pela intuio ou

    experimentalmente. (EVES, 2004, p.95)

    Pode-se observar, por exemplo, que Tales ao nomear os quatro ngulos

    formados pela interseo de duas retas, identificou um ngulo comum a dois

    ngulos rasos, concluindo que os outros dois ngulos (opostos) eram iguais,

    utilizando para esta concluso o raciocnio lgico e, no mais apenas a intuio ou

    o experimento.

    Segundo Garbi: ... Tales revolucionou o pensamento matemtico ao estabelecer

    que as verdades precisam ser demonstradas, com o que criou a

    matemtica dedutiva. Euclides manteve este conceito, mas fez

    nele uma ressalva que, por si s, bastaria para imortaliz-lo: nem

    todas as verdades podem ser provadas; algumas delas, as

    mais elementares devem ser admitidas sem demonstrao.

    (GARBI, 2007, p.19)

    Euclides foi o primeiro a utilizar o mtodo, denominado axiomtico. No

    sculo III a.C., na Universidade de Alexandria escreveu os Elementos em 13 livros,

    sistematizando os conhecimentos da Geometria elementar com os meios que

    dispunha na poca. Dessa maneira, alguns dos seus resultados foram intuitivos, sem

    demonstrao, mas a ideia bsica dos Elementos influenciou toda a produo

    cientfica at hoje em dia, admirada pelos filsofos e matemticos, pela pureza do

    estilo geomtrico e pela conciso luminosa da forma, com as definies, os axiomas

    ou postulados e os teoremas no aparecem agrupados ao acaso, mas antes expostos

    numa ordem perfeita.

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  • 17

    Segundo Eves:

    A maioria dos matemticos gregos antigos fazia distino entre:

    postulados e axiomas. Pelo menos trs distines eram

    advogadas pelas vrias partes.

    1.Um axioma uma afirmao assumida como auto-evidente e

    um postulado uma construo de algo assumida como auto-

    evidente; assim, os axiomas e os postulados esto entre si, em

    grande parte, como os teoremas e os problemas de construo.

    2.Um axioma uma suposio comum de todas as cincias ao

    passo que um postulado uma suposio peculiar a uma cincia

    particular em estudo.

    3. Um axioma uma suposio de algo que , ao mesmo tempo,

    bvio e aceitvel para o aprendiz; um postulado uma suposio

    de algo que no nem necessariamente bvio nem

    necessariamente aceitvel para o aprendiz (Essa ltima uma

    distino necessariamente aristotlica.) Na matemtica moderna

    no se faz nenhuma distino nem se leva em conta a qualidade

    da auto-evidncia ou a da obviedade. Houve alguns gregos

    antigos que adotaram este ponto de vista. (EVES, 2004, p.179)

    No h uma preciso em qual definio de axiomas e postulados Euclides

    empregou, mas para Eves (2004) h evidncias de que utilizou a segunda definio

    com conceitos e proposies admitidos sem demonstrao que constituem os

    fundamentos especificamente geomtricos e fixam a existncia dos entes

    fundamentais: ponto, reta e plano, ao definir os cinco axiomas ou noes comuns e

    cinco postulados geomtricos.

    Os cinco axiomas so:

    A1 Coisas iguais mesma coisa so iguais entre si.

    A2 Adicionando-se iguais a iguais, as somas so iguais.

    A3 Subtraindo-se iguais de iguais, as diferenas so iguais.

    A4 Coisas que coincidem uma com a outra so iguais entre si.

    A5 O todo maior do que a parte. (EVES, 2004, p.179 e 180)

    Os cinco postulados so:

    P1 possvel traar uma linha reta de um ponto qualquer a outro

    ponto qualquer.

    P2 possvel prolongar uma reta finita indefinitivamente em

    linha reta.

    P3 possvel descrever um crculo com qualquer centro e

    qualquer raio.

    P4 Todos os ngulos retos so iguais entre si.

    P5 Se uma reta intercepta duas retas formando ngulos interiores

    de um mesmo lado menores do que dois retos, prolongando-se

    essas duas retas indefinidamente elas se encontraro no lado em

    que os dois ngulos so menores do que dois ngulos retos.

    (EVES, 2004, p.180)

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  • 18

    Euclides pede para o leitor aceitar as cinco proposies geomtricas que

    formula nos postulados a partir de trs conceitos fundamentais o ponto, a reta e o

    crculo que servem de base para toda a geometria euclidiana. Vale ressaltar que os

    postulados dos Elementos de Euclides se restringem ao uso dos instrumentos (a

    rgua e o compasso).

    Segundo Eves (2004) Euclides escreveu outros tratados alm dos Elementos,

    a saber:

    - Os Dados - tendo como referncia os primeiros livros dos

    Elementos. Pode-se definir um dado como um conjunto tal de

    partes ou relaes de uma figura que, tendo-se todas, menos uma

    delas, ento a restante est determinada.

    - Diviso de Figuras - Encontramos nesta obra problemas de

    construo em que se pede a diviso de uma figura por meio de

    uma reta, impondo-se que as reas das partes estejam numa razo

    dada

    - Pseudaria ou livro das falcias geomtricas.

    - Porismas uma proposio que expressa uma condio que se

    traduz num certo problema solvel.

    - Cnicas um tratado em quatro livros que foi mais tarde

    ampliado por Apolnio. (EVES, 2004, p.180 e 181)

    H outros trabalhos de Euclides que se referem matemtica aplicada os

    quais destacam-se dois: Os Fenmenos, obra que focaliza a geometria esfrica

    necessria para a astronomia de observao e a ptica, tratado elementar de

    perspectiva.

    Segundo Garbi:

    Depois de Euclides, ainda no perodo ptolemaico, passaram pela

    Universidade de Alexandria outros grandes matemticos, como

    Aristarco (310 a.C. 230 a.C.); Arquimedes (287 a.C. 212

    a.C.), o maior gnio da Antiguidade e um dos trs maiores de

    todos os tempos; Eratstenes (274 a.C. 194 a.C); Apolnio

    (262 a.C 190 a.C.) autor de magistral obra sobre as seces

    cnicas e Hiparco (180 a.C 125 a.C), o criador da

    Trigonometria. (GARBI, 2007, p.20 e 21)

    Apolnio pela sua magistral obra sobre as seces cnicas e, entre outros,

    pelo seu tratado sobre tangncias conhecido como O Problema de Apolnio, ser

    tambm apresentado neste captulo. Ele nasceu em torno de 262 a.C., em Perga no

    sul da sia Menor, e quando jovem foi para Alexandria para estudar com os

    assessores de Euclides, ficando por l um bom tempo. Mais tarde foi para Pergamo,

    no oeste da sia Menor, onde existia recentemente uma universidade e uma

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  • 19

    biblioteca nos moldes de Alexandria. Um tempo depois, voltou para Alexandria

    onde faleceu por volta de 190 a.C.

    Apolnio era um astrnomo que escreveu sobre mltiplos assuntos

    matemticos. Algumas de suas obras se perderam, mas foram resgatadas por

    Pappus, que viveu no final do sculo III. Segundo Pappus na obra Os contatos

    que so tratados os problemas de tangncia propostos por Apolnio.

    No captulo 4 deste trabalho sero apresentadas trs construes entre as dez

    propostas por Apolnio atravs do desenho geomtrico e, tambm, do uso do

    software Geogebra.

    2.2. Breve Histria da Geometria Analtica

    No incio do sculo XVII vivia-se uma revoluo cientfica na qual os

    Elementos, de Euclides j no atendiam as necessidades da poca e a matemtica

    precisava se renovar para continuar a ser a base das transformaes cientficas, no

    s ampliando seu campo de ao, mas na busca de novos mtodos.

    Os historiadores divergem sobre quem inventou a Geometria Analtica e a

    poca desta inveno, mas segundo Eves:

    As apreciaes precedentes sobre a geometria analtica parecem

    confundir o assunto com um ou mais de seus aspectos. Mas a

    essncia real desse campo da matemtica reside na transferncia

    de uma investigao geomtrica para uma investigao algbrica

    correspondente. Antes de a geometria analtica poder

    desempenhar plenamente esse papel, teve que esperar o

    desenvolvimento do simbolismo e dos processos algbricos.

    Assim, parece mais correto concordar com a maioria dos

    historiadores que consideram as contribuies decisivas feitas no

    sculo XVII pelos matemticos franceses Ren Descartes e

    Pierre de Fermat como a origem essencial do assunto. Sem

    dvida, s depois da contribuio dada por esses dois homens

    geometria analtica que esta ganhou os contornos iniciais da

    forma com que estamos familiarizados. (EVES, 2004, p.383)

    Em concordncia com as argumentaes que Eves utiliza para afirmar que foi

    no sculo XVII que os franceses Ren Descartes e Pierre de Fermat foram os

    inventores da geometria analtica, sero descritas nesta breve histria as

    contribuies de cada um deles. Inicia-se apresentado os fundamentos de Ren

    Descartes (1596-1650) um grande expoente fundamental para o desenvolvimento

    da matemtica e da cincia.

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  • 20

    A obra prima de Ren Descartes o Discurso do Mtodo para Bem Conduzir

    a Razo e Procurar a Verdade nas Cincias (Discours de la Mthode pour Bien

    Conduire sa Raison et Chercher la Vrit dans les Sciences) este tratado era

    acompanhado de trs apndices, sendo o ltimo voltado para a geometria (La

    gometrie), sua nica publicao matemtica, em 1637. Tendo na primeira parte a

    explanao de alguns princpios da geometria algbrica revelado um avano em

    relao aos gregos, que consideravam que uma varivel correspondia ao

    comprimento de um segmento, o produto de duas variveis rea de algum

    retngulo e o produto de trs variveis ao volume de algum paraleleppedo

    retngulo. Dessa forma:

    Para Descartes, por outro lado, x no sugeria uma rea, antes

    porm o quarto termo da proporo 1 : x = x : x, suscetvel de

    ser representado por um segmento de reta fcil de construir

    quando se conhece x. Usando-se um segmento unitrio

    possvel, dessa maneira, representar qualquer potencia de uma

    varivel, ou um produto de variveis, por meio de um segmento

    de reta e ento, quando se atribuem valores a essas variveis,

    construir efetivamente o segmento de reta com os instrumentos

    euclidianos. (EVES, 2004, p.384)

    Nesta primeira parte, com a aritmetizao da geometria, Descartes marcava x

    num eixo dado e ento um comprimento y, formando um ngulo fixo com esse eixo

    com o objetivo de construir pontos cujo x e cujo y satisfizessem uma relao.

    Na segunda parte da geometria de Descartes feita uma classificao de

    curvas agora superada e um mtodo interessante de construir tangentes a curvas e

    na terceira parte aborda a resoluo de equaes de grau maior que dois.

    Segundo Eves:

    La gomtrie no de maneira nenhuma, um desenvolvimento

    sistemtico do mtodo analtico, e o leitor obrigado a quase

    construir o mtodo por si mesmo, a partir de certas informaes

    isoladas. H trinta e duas figuras no livro, mas em nenhuma delas

    se encontram colocadas explicitamente os eixos coordenados. O

    texto foi escrito intencionalmente de maneira obscura e como

    resultado era difcil de ler, o que limitava muito a divulgao de

    seu contedo. (EVES, 2004, p.388)

    Pesquisas sobre a histria da matemtica tm demonstrado que o resgate

    histrico do conhecimento leva a uma maior compreenso da evoluo do conceito

    matemtico favorecendo a aprendizagem da evoluo dos conceitos da geometria

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  • 21

    analtica, conforme cita AMBRZIO6 (2010), tendo como base esta afirmao

    destacamos duas lendas descritas por EVES (2004) sobre a viso inicial de

    Descartes sobre a geometria analtica:

    De acordo com uma delas isso ocorreu num sonho. Na vspera

    do dia de So Martinho, 10 de novembro de 1616, no

    acampamento de inverno se sua tropa s margens do Danbio,

    Descartes passou pela experincia de trs sonhos singularmente

    vividos e coerentes que, segundo ele, mudaram o curso de sua

    vida. Os sonhos, conforme suas palavras, iluminaram os

    propsitos de sua vida e determinaram seus futuros esforos

    revelando-lhe uma cincia maravilhosa e uma descoberta

    assombrosa. Descartes nunca revelou explicita ou exatamente

    do que se tratava, mas h suposies de que essa cincia seria a

    geometria analtica, ou a aplicao da lgebra geometria. S

    dezoito anos mais tardes ele iria expor algumas de suas idias em

    seu Discours. Outra lenda, parecida com a histria da queda da

    maa de Isaac Newton, d conta de que o estalo inicial da

    geometria analtica teria ocorrido a Descartes ao observar uma

    mosca que caminhava pelo forro de seu quarto, junto a um dos

    cantos

    . Teria chamado a sua ateno que o caminho da mosca sobre o

    forro poderia ser descrito se, e somente se, a relao ligando as

    distncias dela s paredes adjacentes fosse conhecida. (EVES,

    2004, p. 388-399)

    A contribuio de Descartes fez com que os indivduos passassem a

    enxergar um ponto como um par ordenado de nmeros no plano cartesiano. Dessa

    forma as retas, os crculos e outras figuras geomtricas so representadas por

    equaes em x e y nascendo desta forma a geometria analtica a qual faz uso da

    lgebra para soluo de problemas geomtricos.

    Pierre de Fermat foi um gnio matemtico francs que tambm estudava as

    bases da geometria analtica. Dentre suas contribuies encontramos a equao

    geral da reta e da circunferncia e uma discusso sobre hiprboles, elipses e

    parbolas. Conforme EVES:

    Num trabalho sobre tangentes e quadraturas, concludo antes de

    1637, Fermat definiu muitas curvas novas analiticamente. Onde

    Descartes sugeriu umas poucas curvas novas, geradas por

    movimentos mecnicos, Fermat props muitas curvas novas,

    definidas por equaes algbricas. As curvas = a, = a e = a so ainda conhecidas como hiprboles, parbolas e espirais de Fermat. (EVES, 2004, p.389)

    6 Http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses

    /MATEMATICA /Artigo_Beatriz.pdf acessada em 25/03/2015 as 19 h.

    http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_tesesDBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1311556/CA

  • 22

    Fermat contribuiu, tambm, para a fundao da moderna teoria dos nmeros

    uma outra rea da matemtica que no relataremos neste captulo por no fazerem

    do objeto deste estudo.

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  • 23

    3 ATIVIDADES DE GEOMETRIA ANALTICA PLANA GA

    Neste captulo sero abordados 12 (doze) problemas de geometria, com a

    apresentao das demonstraes que so pr-requisitos para solucion-los e o

    desenvolvimento das solues, utilizando ferramentas da geometria sinttica plana

    e da geometria analtica plana. Dessa forma, contribuindo para que os alunos

    compreendam que a geometria analtica plana mais um caminho que eles tm para

    resolver problemas envolvendo a geometria em geral.

    Os problemas de geometria analtica sero retirados de materiais didticos,

    onde sero destacadas atividades voltadas para a aprendizagem de Geometria

    Analtica Plana (GA) propostas nos seguintes livros didticos: Matemtica Dante7,

    Matemtica Cincia e Aplicaes8, Geometria Analtica e lgebra Linear9, na

    Revista do Professor de Matemtica10, site Profmat11 com o objetivo de demonstrar

    que esses exerccios de enunciados aparentemente especficos de geometria

    sinttica plana podem ser solucionados com os recursos aprendidos na geometria

    analtica plana.

    Primeiramente sero demonstrados os pr-requisitos necessrios para a

    soluo dos problemas, baseados em LIMA (2005), a saber:

    - Rotao de um Segmento de um ngulo de 90

    Dado o ponto P = (x, y), submetamos o segmento de reta OP a

    uma rotao de 900 no sentido positivo em torno do ponto O = (0, 0), obtemos assim o segmento OQ. Quais so as coordenadas

    do ponto Q ?

    7 DANTE, Luiz Roberto. Matemtica, volume nico: livro do professor. 1.ed. So Paulo:

    tica.2005. 8 IEZZI, G. DOLCE, O. DEGENSZAJN, D. PRIGO, R. ALMEIDA, N. de. Matemtica

    Cincia e Aplicaes, 3 srie : ensino mdio. 2 ed. So Paulo: Atual, 2004. 9 LIMA, Elon Lages. Geometria Analtica e lgebra Linear. Rio de Janeiro: IMPA,

    2005. 10 NERY, Chico. A Geometria Analtica no ensino mdio. Artigo da Revista do Professor

    de Matemtica n 67, 3 quadrimestre de 2008. Sociedade Brasileira de Matemtica com o apoio

    da USP Universidade de So Paulo. 11 www.profmat-sbm.org.br

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  • 24

    Figura 1: Rotao de um Segmento de um ngulo de 90

    A rotao de 900 no sentido positivo leva o ponto (x, 0) no ponto (0, x), logo transforma o retngulo que tem diagonal OP

    no retngulo de diagonal OQ. Segue-se que Q = (-y, x).

    Se tivssemos submetido o segmento OP a uma rotao de

    -900 (isto , de 900 no sentido negativo), teramos obtido o segmento OQ, onde Q = (y, -x). (LIMA, 2005, p.11 e 12)

    - Ponto Mdio de um Segmento

    Dados os pontos A = (a, b) e A = (a, b), quais so as

    coordenadas do ponto mdio M = (x, y) do segmento de reta

    AA ?

    Figura 2: Ponto Mdio de um Segmento

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  • 25

    Suponhamos inicialmente que a a e b b , isto , o

    segmento AA no vertical (paralelo ao eixo OY) nem

    horizontal (paralelo ao eixo OX). Ento , considerando os pontos

    P = (x, b) e Q = (a, y), vemos que APM e MQA so tringulos

    retngulos cujas hipotenusas AM e MA tm o mesmo

    comprimento, j que M o ponto mdio de AA.

    Alm disso, os ngulos agudos PM e QA so congruentes porque os lados AP e MQ so paralelos. Portanto

    APM e MQAso tringulos congruentes.

    Da resulta que os segmentos AP e MQ tm o mesmo

    comprimento. Logo, pondo 0 = (a, 0), 0 = (x, 0) e 0 = (a,

    0), conclumos que 0 o ponto mdio do segmento 00 no

    eixo OX. Segue-se ento que x = (+)

    2 , que o ponto mdio de

    um segmento localizado sobre um eixo. De modo anlogo se v

    que, y = ( + b)

    2. (LIMA, 2005, p. 15 e 16)

    - Segmentos Equipolentes

    So dados o segmento de reta orientado AA, com A = (a,

    b) , A = (a, b) e o ponto C = (c, d), fora da reta AA. Quer-se

    determinar as coordenadas do ponto C = (x, y) de modo que CC

    seja o segmento orientado (comeando em C) obtido quando se

    translada AA paralelamente at fazer A coincidir com C.

    Figura 3.1: Segmentos Equipolentes

    Em termos mais precisos: dados os pontos A, A e C, quer-

    se obter C tal que AA e CC sejam os lados opostos de um

    paralelogramo cujos outros lados opostos so AC e AC. Pomos

    C = (x, y) e nos propomos a calcular x e y.

    Da Geometria Plana, sabemos que as diagonais de um

    paralelogramo cortam-se mutuamente ao meio. Assim os

    segmentos AC e AC tm o mesmo ponto mdio. Isto nos d +

    2=

    +

    2 e

    +

    2 =

    +

    2

    Da x = c + (a - a) e y = d + (b- b)

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  • 26

    Os segmentos AA e CC so chamados de segmentos

    equipolentes. Portanto, se A = (a, b), A = (a, b), C = (c, d) e

    C = (c, d) os segmentos AA, CC, no situados sobre a mesma

    reta, so equipolentes se, e somente se, tem-se :

    a - a = c- c e b- b = d- d.

    Em particular, se transladarmos paralelamente o segmento

    AA at fazer o ponto A coincidir com a origem O = (0,0) do

    sistema de coordenadas ento o ponto A cair sobre C = (a -

    a, b- b) = ( , ), onde = a - a e = b- b. (LIMA, 2005,

    p.18,19 e 20)

    Figura 3.2: Segmentos Equipolentes

    - Distncia entre dois Pontos

    Sendo P = (x, y) e Q = (u, v) pontos com abscissas e

    ordenadas diferentes a distncia entre eles pode ser obtida da

    forma abaixo.

    Figura 4: Distncia entre dois pontos

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  • 27

    Considerando o ponto S = (u, y), vemos que PSQ um

    tringulo retngulo cuja hipotenusa PQ. Como P e S tm a

    mesma ordenada, enquanto S e Q tm a mesma abscissa, segue-

    se que d(P, S) = | | e d(S, Q) = | |. Pelo Teorema de Pitgoras, podemos escrever

    (, )2 = (, )2 + (, )2. Portanto,

    (, )2 = ( )2 + ( )2,

    Logo d(P, Q) = ( )2 + ( )2 . Em particular, a distncia do ponto P = (x, y) origem O

    = (0, 0) D(O, P) = 2 + 2 . (LIMA, 2005, p. 23, 24 e 25)

    - Perpendicularismo de segmentos quaisquer

    Dados os pontos P = (x, y) e Q = (u, v), qual a condio,

    em termos dessas coordenadas, que assegura o

    perpendicularismo dos segmentos OP e OQ, onde O = (0, 0) a

    origem ?

    Figura 5.1: Perpendicularismo de segmentos quaisquer

    Pelo teorema de Pitgoras, os segmentos OP e OQ so

    perpendiculares se, e somente se,

    (, )2 = (, )2 + (, )2. A frmula da distncia entre dois pontos nos permite

    escrever esta equao como

    ( )2 + ( )2 = 2 + 2 + 2 + 2 , Ou seja:

    2- 2ux + 2 + 2 -2vy + 2 = 2 + 2 + 2 + 2

    Simplificando:

    -2ux 2vy = 0

    E da

    ux + vy = 0.

    A igualdade ux + vy = 0 expressa portanto a condio

    necessria e suficiente para que os segmentos OP e OQ sejam

    perpendiculares, quando O origem, P = (x, y) e Q = (u, v).

    Se os segmentos perpendiculares OP e OQ tm o mesmo

    comprimento ento OQ resulta de OP por uma rotao de 900 em torno da origem. Neste caso se P = (x, y) ento Q = (-y, x) ou

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  • 28

    Q = (y, -x), conforme a rotao seja no sentido positivo ou

    negativo. claro que x(-y) + yx = 0 e xy + y(-x) = 0, confirmando

    que OP e OQ so perpendiculares.

    Mais geralmente, sejam A = (a, b), A = (a, b), C = (c, d)

    e C= (c, d) com A A e C C.

    Figura 5.2: Perpendicularismo de segmentos

    quaisquer

    Transladando paralelamente os segmentos AA e CC de

    modo a fazer os pontos A e C coincidirem com a origem O = (0,

    0), obtemos os pontos A = (, ) e C = (, ) tais que OA

    paralelo a AA e OC paralelo a CC .

    Sendo = a- a , = b - b, = c - c, = d - d.

    Alm disso os segmentos AA e CC so perpendiculares

    se, e somente se, OA perpendicular a OC , ou seja +

    = 0.

    Assim a condio de perpendicularismo dos segmentos de

    reta AA e CC se exprime, em termos das coordenadas dos

    pontos extremos desses segmentos, como

    (a - a)(c - c) + (b - b)(d - d) = 0. (LIMA, 2005, p.24,

    25 e 26)

    - Distncia de um Ponto a uma Reta

    Observao : Para demonstrar a distncia de um ponto a

    uma reta suposto que o aluno conhea as formas da equao de

    uma reta e a condio de retas perpendiculares.

    Determinemos primeiramente a distncia entre as retas

    paralelas ax + by = c e ax + by = c. Ambas so perpendiculares

    reta bx ay = 0, que passa pela origem e as corta nos pontos P

    q Q respectivamente. As coordenaqdas desses pontos so obtidas

    resolvendo os sistemas

    { + = = 0

    e { + = = 0.

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  • 29

    Figura 6.1: Distncia de um Ponto a uma Reta

    Facilmente obtemos

    P = (

    2+ 2 ,

    2+ 2) e Q = (

    2+ 2 ,

    2+ 2)

    A distncia entre as duas retas dadas a distncia entre os pontos

    P e Q. Outro clculo fcil nos d

    d(P, Q) = | |

    2+2 .

    Para calcular a distncia do ponto P = (0, 0) reta r, dada por ax + by = c, observamos que a reta paralela a r passando por P

    tem a equao ax + by = c , onde c = a0 + b0 , e que a distncia de P a r igual distncia entre essas duas retas

    paralelas mesma distncia de P a Q.

    Figura 6.2: Distncia de um Ponto a uma Reta

    Pelo que acabamos de ver, tem-se ento a expresso

    d(P, r) = |a0 + b0 |

    2+2

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  • 30

    para a distncia do ponto P = (0, 0) reta ax + by = c. (LIMA, 2005, p.24, 25 e 26)

    - rea de um Tringulo

    Consideremos inicialmente um tringulo 1, 2, 3 do qual o vrtice 3 = (0, 0) a origem. Sejam 1 = (1, 1) e 2 = (2, 2). A numerao foi feita de modo que o lado 13 no vertical, isto , 1 0.

    Figura 7.1: rea de um Tringulo

    Seja 13 a base do tringulo. Assim, a distncia de 2

    at a reta 13 a sua altura. Como a equao da reta 13 1x - 1y = 0 temos:

    rea de 123 = 1

    21

    2 + 12 .

    |12 12|

    12+ (1)

    2

    =

    1

    2|12 21|.

    No caso geral, temos um tringulo 123 onde os vrtices 1 = (1, 1), 2 = (2, 2) e 3 = (3, 3) so pontos quaisquer. A partir da Origem O, traamos os segmentos OP e

    OQ, respectivamente equipolentes a 31 e 32, logo P = (1,1) e Q = (2,2), com 1 = 1 - 3,1 = 1 - 3 , 2 = 2 - 3 , 2 = 2 - 3.

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  • 31

    Figura 7.2: rea de um Tringulo

    Uma translao leva o tringulo 123 para a posio PQO.

    Ento a rea de 123 = rea de OPQ = 1

    2|1 2

    2 1|, ou seja: rea de 123 = 1

    2|(1 3)(2 3)

    (2 3)(1 3)|. Tradicionalmente se escreve 12 21 como

    determinante:

    12 21 = |1 21 2

    |.

    Assim, 12 + 23 + 31 - 21 - 32 - 13 , em valor absoluto, o dobro da rea do tringulo 123, onde 1 = (1, 1), 2 = (2, 2) e 3 = (3, 3). Lembrando esta notao, no preciso transladar o tringulo. (LIMA, 2005, p.61, 62 e 63)

    Aps estas demonstraes sero apresentados os exerccios de GA dos livros

    didticos e da revista os quais sero solucionados por geometria sinttica plana e,

    resolvidos tambm com recursos de geometria analtica plana. Este grau de

    satisfao da atividade baseia-se nas afirmaes segundo Nery12:

    No nego que devemos valorizar as frmulas, afinal a GA

    basicamente isso, um estudo da GP por meio das equaes.

    Mas, se a GA isso, primordial que ns, professores,

    revisitemos a GP para resolver alguns exerccios de enunciados

    aparentemente especficos de GP, porm utilizando recursos aprendidos

    na GA.

    Caso contrrio, fazendo uma analogia seria acreditar que dar

    uma caixa de ferramentas para um aluno j seria suficiente para

    transform-lo num mecnico.

    Eu, particularmente, gosto de olhar estas duas geometrias como

    irms gmeas. Passo a maior parte do meu trabalho em frente lousa,

    interagindo, se possvel, com os meus alunos e noto que alguns deles

    preferem a GA (e no so poucos?) assim como outros se sentem mais

    12 O autor utiliza a abreviatura de GA para a Geometria Analtica Plana e de GP para a Geometria

    Plana.

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  • 32

    vontade com a GP. Muitos deles ficam encantados ao ver o mesmo

    exerccio sendo resolvido de duas maneiras. (NERY, 2008, P.20)

    A seguir com base nestas contribuies de Nery sero apresentados e

    comentados 12 (doze) exerccios sendo um do site do Profmat, um de um livro

    didtico e dois dos outros dois livros didticos, supracitados e cinco da revista.

    Proposta de Exerccio retirados do site Profmat do Exame Nacional de

    Qualificao 2012.1, Questo 4. (www.profmat-sbm.org.br)

    Exerccio 1:

    Enunciado:

    ABCD um quadrado, M o ponto mdio do lado BC e N o ponto

    mdio do lado CD. Os segmentos AM e BN cortam-se em P.

    a) Mostre que

    =

    2

    3

    b) Calcule a razo

    c) Se AB = 1 calcule a rea do quadriltero PMCN.

    Obs: Para mostrar os itens (b) e (c) voc pode usar o resultado do item (a)

    mesmo que no o tenha demonstrado.

    Soluo pela Geometria Analtica Plana: Encaixemos o quadrado

    ABCD no primeiro quadrante do plano cartesiano, fazendo os lados AD e AB

    ficarem contidos, respectivamente, nos eixos x e y.

    Figura 8.1: Quadrado

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  • 33

    Item (a):

    Assim as coordenadas do ponto P(, ) podem ser obtidas encontrando a

    interseco das retas suporte dos segmentos AM e BN : { =

    1

    2

    = 2 + 2

    Ento: = 4

    5 a e =

    2

    5 a e os segmentos PB e PN podem ser obtidos

    pela frmula da distncia entre dois pontos, onde,

    d(P, B) = (4

    5a a)2 + (

    2

    5a 0)2 =

    5

    5 a

    d(P, N) = (4

    5a

    2)2 + (

    2

    5a a)2 =

    35

    10 a

    Portanto

    =

    . 5

    5

    .35

    10

    = 2

    3

    Item (b):

    Obtendo os segmentos PA e PM ,

    d(P, A) = (4

    5a 0)2 + (

    2

    5a 0)2 =

    25

    5 a

    d(P, M) = (4

    5a a)2 + (

    2

    5a

    2)2 =

    5

    10 a

    Portanto

    =

    .25

    5

    .5

    10

    = 4

    Item (c):

    Como AB = 1 temos os pontos P = ( 4

    5 ,

    2

    5 ) , M = ( 1,

    1

    2 ) , N = (

    1

    2 , 1 ) ,

    C = ( 1, 1).

    A rea do quadriltero PMCN igual soma das reas dos tringulos PNM

    e NMC, que so obtidas, em valores absolutos, calculando a metade dos

    determinantes gerados utilizando as coordenadas dos vrtices desses tringulos.

    rea do tringulo PNM = 1

    2 [

    1 1 1

    ] = 1

    2 [

    4

    5

    1

    21

    2

    51

    1

    2

    1 1 1

    ] = 1

    2 (

    4

    5 . 1 . 1 +

    1

    2 .

    1

    2 . 1 + 1.1.

    2

    5 1.1.1

    1

    2 .

    2

    5. 1

    4

    5 . 1 .

    1

    2 ) =

    3

    40 (em valor absoluto).

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  • 34

    rea do tringulo NMC = 1

    2 [

    1 1 1

    ] = 1

    2 [

    1

    21 1

    11

    21

    1 1 1

    ] = 1

    2 (

    1

    2 .

    1

    2 .1 +

    1 .1 .1 + 1 .1 . 1 1 .1

    2 . 1 1 . 1 . 1

    1

    2 . 1 . 1 ) =

    1

    8 (em valor absoluto).

    Portanto a rea do quadriltero PMCN = 3

    40 +

    1

    8 =

    1

    5

    interessante observar, que aps os eixos cartesianos terem sidos

    colocados, a soluo pode ser planejada utilizando as ferramentas da geometria

    analtica.

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana:

    Item (a):

    H vrias maneiras de se calcular esta proporo. Vejamos duas:

    Primeira: Bastar mostrar que

    =

    2

    5 . Como AM perpendicular a BN,

    ento os tringulos BPM e BCN so semelhantes. Logo,

    =

    .

    Isso implica

    =

    .

    2.

    Como 2 = 2 + 2 = 5

    4 2 e 2BM = BC, todos os termos do lado

    direito deve ser colocados em funo de BC e a igualdade segue.

    Figura 8.2: Quadrado

    Segunda: De fato no necessrio usar a perpendicularidade, pois a

    afirmao vale mesmo que ABCD seja um paralelogramo. Seja F o ponto mdio

    de AB. O segmento NF corta AM em E que o ponto mdio de AM.

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  • 35

    Ento FE = 1

    2 BM =

    1

    4 BC e EM =

    3

    4 BC. Como os tringulos PMB e PEN so

    semelhantes, segue que

    =

    =

    1 2

    3 4

    =

    2

    3

    Figura 8.3: Quadrado

    Item (b):

    Aproveitando a construo da segunda soluo de (a), a mesma semelhana

    de tringulos nos d

    =

    2

    3 e sendo AE = PE + PM, segue que AE = (

    3

    2 + 1 ).PM

    =

    +

    =

    5

    2 +

    3

    2 = 4.

    Item (c):

    Usaremos [ ] para denotar a rea do polgono . Evidentemente

    [] = 1

    4. Queremos calcular [] =

    1

    4 - []. Mas por causa da

    semelhana entre os tringulos BPM e BCN, compartilhando o ngulo oposto a

    PM e NC, respectivamente,

    []

    [] =

    .

    . =

    2

    5 .

    1

    2 =

    1

    5 .

    Portanto [] = 1

    4 -

    1

    5.

    1

    4 =

    1

    5.

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  • 36

    Exerccio 2:

    Enunciado: Prove que as diagonais de um paralelogramo cortam-se ao

    meio. (IEZZI et al, 2004, exerccio 51, p.90)

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: A escolha

    dos eixos importante para facilitar a resoluo por geometria analtica, usar os

    eixos como suporte dos lados das figuras geomtricas e explorando a simetria

    existente.

    No caso do problema proposto iremos apoiar um dos lados do

    paralelogramo sobre o eixo das abscissas onde teremos de imediato o Ponto O(0,0)

    como o primeiro vrtice do paralelogramo e R(a,0) como um segundo vrtice, sendo

    a o comprimento de um dos lados.

    Figura 9.1: Ponto de interseco das diagonais do paralelogramo

    Iremos neste problema considerar que o aluno conhece a frmula que obtm

    o ponto mdio de um segmento dado as coordenadas das suas extremidades.

    Assim, teremos M(x,y) o ponto de interseo das diagonais e do

    paralelogramo ORQP.

    Como, as coordenadas do ponto mdio do segmento so encontradas

    fazendo a mdia aritmtica das coordenadas correspondentes dos pontos O e Q,

    teremos: x = 0+(+)

    2 =

    +

    2 e y =

    0+

    2 =

    2 , logo as coordenadas do ponto mdio

    de = (+

    2 ,

    2)

    Analogamente, achando as coordenadas do mdio de teremos:

    x = +

    2 e y =

    0+

    2 =

    2 , logo as coordenadas do ponto mdio de = (

    +

    2 ,

    2)

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  • 37

    Portanto as diagonais cortam-se ao meio no ponto M(+

    2 ,

    2).

    Uma soluo usando Geometria Plana poderia ser construda com os

    alunos, como a desenvolvida abaixo.

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana: Utilizando

    o caso de congruncia ALA (ngulo, Lado, ngulo) temos os tringulos PMQ e

    RMO congruentes, pois possuem os ngulos MR = M e MO = M e os

    lados PQ = OR .

    Figura 9.2: Ponto de interseco das diagonais do paralelogramo

    Assim PM = MR e OM = MQ , logo M o ponto mdio das diagonais.

    Proposta de Exerccios retirados do livro didtico: Matemtica

    (DANTE, 2005)

    Exerccio 3:

    Enunciado:

    Seja ABC um tringulo retngulo de catetos medindo m,

    medindo n e hipotenusa . Mostrar que a mediana mede a metade da hipotenusa. (DANTE, 2005, p.412)

    Figura 10.1: Mediana relativa hipotenusa de um tringulo retngulo

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  • 38

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: O mais

    conveniente colocar os dois catetos sobre os eixos coordenados; portanto, o

    vrtice A deve coincidir com a origem:

    Figura 10.2: Mediana relativa hipotenusa de um tringulo retngulo

    Assim, A(0, 0), B(0, m) e C(n, 0) so as coordenadas dos vrtices, e M(

    2,

    2).

    O comprimento da hipotenusa d(B, C) = 2 + 2 e o comprimento da

    mediana d(A, M) = (

    2)2 + (

    2)2 =

    2

    4+

    2

    4 =

    1

    22 + 2

    Assim, d(A, M) = 1

    2 d(B, C).

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana: Traando uma

    perpendicular a passando por M, obtemos o ponto D mdio de , logo os

    tringulos MDA e MDC so congruentes, caso LAL (lado, ngulo, lado).

    Figura 10.3: Mediana relativa hipotenusa de um tringulo retngulo

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1311556/CA

  • 39

    Portanto a mediana = (metade da hipotenusa).

    Exerccio 4:

    Enunciado:

    Mostre que o segmento que une os pontos mdios de dois lados

    de um tringulo:

    a) paralelo ao terceiro lado; b) tem comprimento igual metade do comprimento do terceiro

    lado.

    (DANTE, 2005, p.412)

    Figura 11.1: Base mdia de um tringulo

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Visando

    simplificar a resoluo do problema, vamos adotar um sistema eixos coordenados

    onde o eixo das abcissas serve de suporte para o lado e o eixo das ordenadas

    passa pelo vrtice C do tringulo.

    Figura 11.2: Base mdia de um tringulo

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1311556/CA

  • 40

    Assim, A(a, 0), B(b, 0) e C(0, c) so as coordenadas dos vrtices, M(

    2,

    2) e

    N(

    2,

    2) as coordenadas dos pontos mdios de e respectivamente. Logo a reta

    suporte do segmento tem coeficiente angular =

    2

    2

    2

    2

    = 0, portanto a reta

    suporte de horizontal, isto , paralela reta suporte de .

    O comprimento d(M, N) = (

    2

    2)2 + (

    2

    2)2= (

    2

    2)2 =

    2 , portanto o comprimento metade do comprimento .

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana:

    Traando pelo vrtice B uma paralela a e a seguir prologando

    encontramos o ponto D. Obtemos assim os tringulos congruentes CNM e BND,

    caso ALA (ngulo, lado, ngulo), sendo = o lado entre os ngulos iguais.

    Ento = , = e como = , temos = e assim o

    quadriltero AMDB um paralelogramo.

    Figura 11.3: Base mdia de um tringulo

    Portanto a mediana paralela ao lado e como = , temos:

    =

    2

    Proposta de Exerccios retirados da RPM Revista do Professor de

    Matemtica 67 (NERY, 2008)

    Exerccio 5 :

    Enunciado:

    Na figura abaixo, o quadrado ABCD tem lado 9 e os pontos P e

    Q dividem o lado CD em trs segmentos congruentes. Calcule a

    distncia do vrtice A ao baricentro G do tringulo BPQ.

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  • 41

    Figura 12.1: Distncia do vrtice A ao baricentro G

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Encaixemos o quadrado ABCD no primeiro quadrante do

    plano cartesiano, com o vrtice D coincidindo com a origem.

    Sendo A = (0,9), B = (9,9), P = (3,0) e Q = (6,0) conhecido que

    as coordenadas do baricentro G so:

    Figura 12.2: Distncia do vrtice A ao baricentro G

    = + +

    3 =

    9+3+6

    3 = 6,

    = + +

    3 =

    9 + 0+0

    3 = 3,

    Portanto, G = (6,3).

    A distncia procurada :

    = ( ) 2 + ( )

    2 = (6 0) 2 + (3 9) 2

    = 72

    = 62

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana:

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  • 42

    Seja M o ponto mdio de PQ que tambm o ponto mdio de

    DC. Traamos BM a AC que se cortam em E. Os tringulos ABE

    e CME so semelhantes e , como AB = 2MC, temos BE = 2EM.

    Logo, E o baricentro do tringulo BPQ e os pontos G e E

    coincidem. Assim, AG = 2

    3 AC =

    2

    3 x 92 = 62.

    Figura 12.3: Distncia do vrtice A ao baricentro G

    (NERY, 2008, p.20)

    Exerccio 6 :

    Enunciado: Problema: Os catetos de um tringulo ABC, retngulo em A,

    medem AB=10 cm e AC=15 cm. Se AD bissetriz do ngulo A,

    calcule as reas dos tringulos ABD e ACD.

    Figura 13.1: reas dos tringulos ABD e ACD

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Coloquemos o tringulo ABC encaixado no 1 quadrante do

    plano cartesiano, de modo que o vrtice A coincida com a

    origem. Teremos: A=(0,0), B=(0,10) e C=(15,0).

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  • 43

    Figura 13.2: reas dos tringulos ABD e ACD

    A reta AD tem equao y = x, pois passa pelo ponto (0,0) e tem

    coeficiente angular m = tg 45 = 1.

    A reta BC tem equao segmentria

    15+

    10= 1, pois determina

    nos eixos x e y segmentos de medidas 15 e 10 respectivamente.

    O ponto D, p da bissetriz AD na hipotenusa BC, que

    interseco dessas duas retas, pode ser obtido resolvendo-se o

    sistema formado pelas suas respectivas equaes:

    { =

    15+

    10= 1

    , ou seja, D = (6,6).

    A partir desse momento, podemos calcular as reas tanto por GA

    como por GP. O tringulo ACD tem vrtices A = (0,0), C = (15,0)

    e D = (6,6) e o tringulo ABD tem vrtices A = (0,0), B = (0,10)

    e D = (6,6); logo, suas reas so:

    = 1

    2|

    0 0 115 0 16 6 1

    | = 45, =

    2

    =15 6

    2= 45 2

    = 1

    2|0 0 10 10 16 6 1

    | = 30, =

    2

    = 10 6

    2= 30 2

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana:

    A partir da figura

    Figura 13.3: reas dos tringulos ABD e ACD

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  • 44

    Como D equidista dos lados AB e AC, ento as reas dos

    tringulos ABD e ACD so proporcionais a 10 e 15 (ou seja, a 2

    e 3). Como a rea do tringulo ABC 75, as reas dos dois

    tringulos so 30 e 45. (NERY, 2008, p.21)

    Exerccio 7 :

    Enunciado:

    As medianas AM e BN de um tringulo ABC so perpendiculares

    e medem, respectivamente, 9cm e 12 cm. Calcule o comprimento

    da terceira mediana desse tringulo.

    Figura 14.1: Comprimento da mediana do lado AB

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: O

    encontro das medianas o baricentro G do tringulo ABC.

    Usando o fato de que as medianas AM e BN se cortam

    perpendicularmente em G, coloquemos esse tringulo no plano

    cartesiano com origem em G.

    Figura 14.2: Comprimento da mediana do lado AB

    Usando a conhecida proporo em que G divide as medianas,

    temos:

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  • 45

    { = 9 = 6 = 3

    = 12 = 8 = 4 , ou seja, A = (0,6).

    M = (0, -3), B = (-8, 0) e N = (4, 0), As equaes segmentrias

    das retas NA e BM so, respectivamente,

    4+

    6= 1 e

    8+

    3=1

    Resolvendo o sistema anterior, encontramos o ponto C = (8, -6).

    O comprimento da terceira mediana 3

    2 da distncia entre C e

    G: 3

    2( )

    2 ( )2 =

    3

    2(8 0)2 (6 0)2

    = 15 cm.

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana: Trace CG, que, como tambm mediana, corta AB no seu ponto

    mdio P. Pela Propriedade do baricentro, temos AG = 6 e BG =

    8.

    Logo AB = 10 e GP = PA = PB = 5. Se GP = 5, ento CP = 15.

    (NERY, 2008, P.22)

    Figura 14.3: Comprimento da mediana do lado AB

    Exerccio 8 :

    Enunciado: Calcule a rea do tringulo ADE retngulo em E, inscrito num

    trapzio retngulo ABCD, com AB = 10 cm, AD = 30 cm e CD

    = 20 cm

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  • 46

    Figura 15.1: rea do tringulo ADE

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Encaixemos o trapzio ABCD no primeiro quadrante do plano

    cartesiano, fazendo os lados AD e AB ficarem contidos,

    respectivamente, nos eixos x e y.

    Figura 15.2: rea do tringulo ADE

    Como a reta BC tem coeficiente angular m =

    =

    2010

    300 =

    1

    3 e coeficiente linear 10, sua equao reduzida y =

    1

    3 x + 10.

    A circunferncia de dimetro AD, com centro M = (15, 0), passa

    pelo ponto E e tem equao:

    ( 15)2 + 2 = 152. O ponto E dado pela soluo do sistema:

    { =

    1

    3 + 10

    ( 15)2 + 2 = 225

    Ou seja, E = (6,12) ou E = (15, 15). Portanto, a rea do tringulo

    ADE :

    = 1

    2[

    0 0 130 0 16 12 1

    ] = 180 2 ou 1

    2[

    0 0 130 0 115 15 1

    ] = 225 2

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana: Tomemos os pontos F em CD, e H em AD, de modo que BF seja

    perpendicular a CD e EH perpendicular a AD, com L na

    interseco de BF com EH.

    Sendo EL = x, e sendo semelhantes os tringulos BLE e BFC,

    com CF = 10 e BF = 30, temos BL = 3x. Assim AH = 3x e HD =

    30 3x.

    No tringulo retngulo AED, temos 2 = AH . HD, ou seja, (10 + )2 = 3.(30 3x), de onde tiramos x = 2 ou x = 5. A rea do tringulo AED pode ser: 1

    2 AD . EH =

    1

    2 . 30 . 12 = 180 2ou

    1

    2 . 30 . 15 = 2252

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  • 47

    Figura 15.3: rea do tringulo ADE

    (NERY, 2008, p.23)

    Exerccio 9 :

    Enunciado:

    ABCD um retngulo com AB = 60 e BC = 80. Calcule a distncia da diagonal AC ao centro de uma circunferncia que

    tangencia os lados AD, AB e BC. (NERY, 2008, p.23 e 24)

    Com a construo da figura temos: O ponto E como centro da circunferncia

    que tangencia os lados AD, AB e BC. O ponto G como o p da perpendicular a AC

    que passa por E , sendo EG a distncia solicitada no problema.

    Figura 16.1: Distncia de um ponto a uma reta

    Soluo utilizando recursos da geometria analtica plana:

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  • 48

    Colocando os eixos x e y com origem no ponto E obtemos a figura onde M

    o ponto de AB e N o ponto mdio de CD e temos os vrtices A(-30, 30) e C(50,

    30). Portanto precisamos achar a distncia do ponto E(0, 0) reta AC.

    Figura 16.2: Distncia de um ponto a uma reta

    Como a reta AC tem coeficiente angular m = 30(30)

    50(30) =

    6

    8=

    3

    4 , podemos

    escrever 30

    50 =

    3

    4 obtendo a equao da reta AC: 3x -4y - 30 = 0.

    Sabemos que expresso que fornece a distncia (d) de um ponto (x, y) a uma

    reta dada por : d = |.+.+|

    2 + 2 . Sendo E = (0, 0) e a reta AC : 3x -4y - 30 = 0.

    temos: d = |7.04.030|

    32 + 42=

    30

    25 = 6

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana:

    Os tringulos AHL e ADC como os tringulos AHL e EGL so

    semelhantes, caso de semelhana AA (ngulo, ngulo).

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  • 49

    Figura 16.3: Distncia de um ponto a uma reta

    Ento :

    =

    , LH = 60.

    30

    80 =

    45

    2 , logo EL = 30 -

    45

    2 =

    15

    2

    Aplicando Pitgoras no tringulo ALH pra obtermos AL.

    AL = 302 + (45

    2 )2 =

    5625

    4 =

    75

    2

    Pela semelhana dos tringulos AHL e EGL temos:

    =

    , portanto EG = 30.

    15

    275

    2

    = 6.

    Proposta de Exerccios retirados do livro: Geometria Analtica e

    lgebra Linear (LIMA, 2005)

    Exerccio 10:

    Enunciado:

    Dado um tringulo ABC, provar que suas trs alturas se

    encontram no mesmo ponto.

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  • 50

    Figura 17.1: Ortocentro de um tringulo

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Podemos escolher o sistema de eixos coordenados onde o eixo

    OX contm o lado AB e o eixo OY contm a altura baixada do

    vrtice C sobre o lado AB.

    Figura 17.2: Ortocentro de um tringulo

    Com esse sistema de eixos coordenados obtemos os pontos:

    A = (a, 0) , B = (b, 0) e C = (0, c), onde c 0. A altura baixada

    do vrtice B encontra a altura OC no ponto P = (0, y). Os

    segmentos BP e AC so perpendiculares. Utilizando-se a

    condio de perpendicularismo de dois segmentos obtemos :

    (0 b).(0 a) + (y-0).(c 0) = 0 , ou seja, ab+ cy = 0.

    Por sua vez, a altura baixada do vrtice A encontra a altura OC

    no ponto

    Q = (0,z). Novamente, os segmentos AQ e BC so

    perpendiculares e utilizando a mesma relao obtemos (0 a).(0

    b) + (z 0).(c 0) = 0, ou seja, ab + cz = 0. Vemos ento que

    z = y = -

    , portanto P = Q = (0, -

    ) o ponto de encontro das

    trs alturas do tringulo ABC. (LIMA, 2005, p.33 e 34)

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  • 51

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana: Traando por

    cada vrtice A, B e C uma paralela ao lado oposto do tringulo ABC obtemos um

    novo tringulo DEF e diversos paralelogramos.

    Figura 17.3: Ortocentro de um tringulo

    No paralelogramo ABCD temos AB = DC e no paralelogramo ABEC temos

    AB = CE, assim temos DC = CE, logo a altura traada do vrtice C mediatriz do

    segmento DE, lado do tringulo DEF, analogamente as outras duas alturas so

    mediatrizes dos outros dois lados do tringulo DEF.

    Figura 17.4: Ortocentro de um tringulo

    Como os pontos das mediatrizes de um segmento so equidistantes dos

    extremos do segmento, tomando as mediatrizes duas a duas do tringulo DEF

    verificamos que os ponto Q e P so os mesmos. Portanto as trs alturas de um

    tringulo se encontram num mesmo ponto.

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  • 52

    Exerccio 11:

    Enunciado:

    Num tringulo retngulo, a altura relativa hipotenusa a

    mdia geomtrica das projees(ortogonais) dos catetos sobre

    essa hipotenusa. Prove este fato escolhendo um sistema de

    coordenadas onde a hipotenusa est sobre o eixo OX e o vrtice

    do ngulo reto sobre o eixo OY.

    Provar : h = . (LIMA, 2005, p.36)

    Figura 18.1: Altura relativa hipotenusa

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Podemos

    escolher o sistema de eixos coordenados onde o eixo OX contm o lado AB e o

    eixo OY contm a altura baixada do vrtice C sobre o lado AB.

    Figura 18.2: Altura relativa hipotenusa

    Com esse sistema de eixos coordenados obtemos os pontos:

    A = (m, 0) , B = (n, 0) e C = (0, h). Os segmentos AC e CB so perpendiculares.

    Utilizando-se a condio de perpendicularismo de dois segmentos obtemos:

    (0 m).(n 0) + (h-0).(0 h) = 0 , ou seja, - mn - 2 = 0.

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  • 53

    Portanto 2 = - mn , onde, de acordo com a figura: m um nmero negativo

    e n um nmero positivo.

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana: Podemos

    aplicar o teorema de Pitgoras nos tringulos AHC, BHC e ACB.

    Figura 18.3: Altura relativa hipotenusa

    Temos : 2 = 2 + 2 , 2 = 2 + 2 e 2 = ( + )2 = 2 + 2.

    Ento, ( + )2 = 2 + 2 +2 + 2

    Assim, 2 + 2 + 2.m.n = 2 + 2 +2 + 2

    Logo, 2 = m.n

    Portanto, a altura relativa hipotenusa a mdia geomtrica das projees

    dos catetos sobre essa hipotenusa, isto , h = .

    Exerccio Proposto

    Exerccio 12:

    Enunciado: Dado um quadrado ABCD de lado 4, sabendo que M o ponto

    mdio do lado AB e N o ponto mdio do lado AD, achar a distncia do vrtice A

    ao ponto de interseo de DM com BN.

    Soluo utilizando recursos da Geometria Analtica Plana: Podemos

    escolher o sistema de eixos coordenados onde o eixo OX contm o lado AB e o

    eixo OY contm o lado AD.

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  • 54

    Figura 19.1: Distncia do vrtice A ao ponto P

    Com esse sistema de eixo coordenados obtemos os pontos:

    A = (0,0), B = (4,0), C = (4,4), D = (0,4), M = (2, 0) e N = (0, 2).

    Podemos obter escrever a equao da reta DM como y = -2x + 4 e BN como

    y = -

    2 + 2 , assim o ponto P a soluo do sistema:

    { = 2 + 4

    =

    2 + 2

    P = ( 4

    3 ,

    4

    3 )

    Logo a distncia AP (d) pode ser obtida por ()2 = (4

    3 0)2 + (

    4

    3 0)2,

    portanto a distncia AP = 42

    3

    Soluo utilizando recursos da Geometria Sinttica Plana:

    Como os tringulos retngulos NAB e MAD so congruentes, caso LAL

    (lado, ngulo, lado), ento as alturas PH e PK so iguais. Os tringulos BAN e

    BHP so semelhantes assim,

    4 =

    2

    4 , e obtemos h =

    4

    3 e aplicando Pitgoras no

    tringulo AHP temos,

    ()2 = 4

    3

    2 +

    4

    3

    2.

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  • 55

    Figura 19.2: Distncia do vrtice A ao ponto P

    Portanto a distncia AP = 42

    3.

    Os doze problemas geomtricos apresentados foram resolvidos usando no

    s a geometria sinttica plana mas tambm a geometria analtica atravs da

    introduo no plano de um sistema de coordenadas que se acha mais conveniente

    para a resoluo de cada exerccio. Assim, na verdade as coordenadas so colocadas

    nos problemas, pois os enunciados dos problemas no so formulados com a

    presena de um sistema de coordenadas. Apesar dos problemas no fazerem uma

    meno a um sistema de coordenadas, h um convite no prprio enunciado para o

    uso deste sistema.

    Segundo Nery (2008):

    A Geometria Analtica Plana (GA), aquela que se estuda

    no plano cartesiano, costuma aparecer na 3 srie, e as vezes na

    2 srie, do ensino mdio, depois de o aluno ter tido bastante

    contato com a tradicional Geometria Plana (sinttica) (GP). Essa

    mudana de geometria costuma ser um balde de gua fria na

    vida dos dois personagens envolvidos: do aluno e do professor.

    Geralmente, com o decorrer das aulas, dependendo de

    como a GA lecionada, o aluno acaba vendo um apanhado de

    frmulas a serem decoradas: frmulas de ponto mdio, baricentro

    e distncia entre dois pontos; as vrias equaes da reta (geral,

    reduzida, segmentria, etc.), as condies de paralelismo,

    perpendicularismo, distncia entre ponto e reta (cuja frmula

    raramente o professor deduz); as duas equaes da circunferncia

    reduzida e geral) e as condies de tangenciamento. (NERY,

    2008, p.19)

    Nery reflete sobre as condies do ensino da geometria plana que em sua

    maioria apresenta frmulas seguidas de exerccios com meras aplicaes diretas,

    por isso a importncia de se revisitar a geometria clssica introduzindo os sistemas

    de eixos coordenados, como uma ferramenta, para resolver problemas envolvendo

    geometria em geral.

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  • 56

    4 O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA

    Este captulo aborda as contribuies das tecnologias da informao e

    comunicao TICs na prtica educativa, apresentando as caractersticas do

    software GeoGebra e sua explorao que permite a realizao de investigaes

    sobre propriedades geomtricas que dificilmente se consegue observar sem o uso

    de uma ferramenta tecnolgica.

    4.1 O Uso das TICs no Ensino da Matemtica

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB n 9394/96

    em sua proposta estabelece as diretrizes gerais para a organizao curricular nas

    unidades escolares, atravs das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNS) de

    carter obrigatrio e prope os Parmetros Curriculares Nacionais para o ensino

    fundamental e mdio de carter orientador voltado para as propostas curriculares.

    Os Parmetros Curriculares Nacionais, de 1998, voltados para a prtica

    educativa, do terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental voltados para o ensino

    da Matemtica enfatizam entre outros aspectos a importncia da interao entre

    professor-aluno e entre alunos para o desenvolvimento das capacidades cognitivas,

    afetivas e de insero social num ambiente escolar que estimule o aluno a criar,

    comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar ideias.

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.44) fazem uma

    previso da utilizao em maior escala dos computadores nas escolas e destaca

    vrias finalidades desta tecnologia nas aulas de Matemtica, como: fonte de

    informao; auxiliar no processo de construo do conhecimento; meio para

    desenvolver a autonomia pelo uso de softwares que possibilitem pensar, refletir e

    criar solues; ferramenta para realizar determinadas atividades; possibilidade de

    desenvolver atividades que se adapta a distintos ritmos de aprendizagem e permita

    que o aluno aprenda com seus erros.

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  • 57

    Estes referenciais nacionais enfatizam que o bom uso do computador na

    sala de aula, tambm, depende da escolha de softwares educacionais que atendam

    a concepo de conhecimento e de aprendizagem que orienta o processo de ensino-

    aprendizagem. Para Valente:

    O computador pode ser um importante recurso para promover a

    passagem da informao para o usurio ou promover a aprendizagem.

    No entanto, da anlise dos software possvel entender que o aprender

    no deve estar restrito ao software, mas interao do professor - aluno

    - software. Alguns software apresentam caractersticas que favorecem

    a atuao do professor, como no caso da programao; outros, em que

    certas caractersticas no esto presentes e requerem um maior

    envolvimento do professor para auxiliar o aluno a aprender, como no

    caso do tutorial. Assim, a anlise dos software educacionais em termos

    do aprender e do papel que o professor deve desempenhar para que o

    aprendizado ocorra, permite classific-los em posies intermedirias

    entre os tutoriais e a programao. No entanto, cada um dos diferentes

    software usados na educao como os tutoriais, a programao, o

    processador de texto, os software multimdia (mesmo a Internet), os

    software para construo de multimdia, as simulaes e modelagens e

    os jogos, apresentam caractersticas que podem favorecer, de maneira

    mais explcita, o processo de construo do conhecimento. isso que

    deve ser analisado quando escolhemos um software para ser usado em

    situaes educacionais. (VALENTE, 2009, p.89)

    No ensino da matemtica, quando se utiliza os recursos de um software

    disponvel nos computadores de uma escola pblica de educao bsica para

    demonstrar uma propriedade ou um teorema, provoca-se ainda muitas controvrsias

    entre os matemticos, pois toda demonstrao necessita de rigor e formalidade e,

    com o uso de um software pode-se estar sujeito aos erros de um programa de

    computador ou falhas da prpria mquina.

    Por exemplo: quando se usa o software Geogebra para mostrar a existncia

    do ortocentro, ponto notvel de um tringulo, onde se intersectam as trs alturas

    relativas, isto , as perpendiculares traadas dos vrtices at os lados opostos (ou

    seus prolongamentos), pode ocorrer a dvida que uma das alturas passe bem

    prximo da interseo das outras duas e que no seja possvel visualizar no

    software. No entanto, essa incerteza, pode contribuir para que o professor aproveite

    o interesse por parte dos alunos para desenvolver uma demonstrao mais rigorosa

    em sala de aula.

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  • 58

    Por outro lado, durante uma atividade como essa em uma sala de informtica

    com a visualizao dos objetos geomtricos e o uso dos diversos recursos existentes

    nesse software, possibilita-se que o professor explore outros temas, como ngulos,

    perpendicularidade, criando novos caminhos e colaborando no processo de

    investigao de um problema geomtrico e a observao das regularidades

    apresentadas.

    A potencialidade de um software como o Geogebra pode fazer com que a

    aprendizagem da matemtica alcance um resultado mais eficaz, sendo mais uma

    ferramenta importante na superao de obstculos e no despertar do interesse dos

    alunos no processo da demonstrao em matemtica.

    As consideraes apresentadas no incio deste captulo contribuem no

    olhar crtico e investigador do professor para o conhecimento tcnico e pedaggico

    do software GeoGebra. Na seo seguinte sero apresentadas as caractersticas

    desta ferramenta.

    4.2 Apresentao do software GeoGebra

    O GeoGebra um software livre e gratuito de matemtica dinmica que

    rene recursos de geometria, lgebra e clculo, criado por Markus Hohenwarter,

    disponvel, em portugus, na Internet para vrios sistemas operacionais inclusive

    para Linux que existe nas escolas pblicas do Rio de Janeiro e pode ser localizado

    no endereo eletrnico http://www.geogebra.at/.

    Todas as ferramentas tradicionais de um software de geometria

    dinmica como pontos, segmentos, retas e sees cnicas esto presentes no

    GeoGebra. Um dos seus diferenciais est na visualizao de duas janelas, uma

    algbrica e a outra geomtrica possibilitando ao aluno visualizar duas

    representaes diferentes de um mesmo objeto, sua representao geomtrica e sua

    representao algbrica que interagem entre si (Figura 20.1). Por exemplo:

    http://www.geogebra.at/DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1311556/CA

  • 59

    Figura 20: Geogebra - Reta de Euler

    Um outro diferencial presente no software GeoGebra o protocolo de

    construo onde em uma tabela so apresentadas todas as etapas da construo

    geomtrica realizada pelo aluno, possibilitando aos alunos comparar as construes

    realizadas por outros colegas de classe que chegaram a mesma soluo do

    problema. A Figura 20.2 mostra um exemplo desta tabela.

    Figura 21: Geogebra - Protocolo de Construo

    A informao da gratuidade da verso em portugus disponvel na Internet

    so pontos favorveis desse software para a sua implantao nas escolas pblicas,

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  • 60

    que esto sendo equipadas por computadores, por polticas governamentais de

    incluso digital, que ainda no do conta de criar salas de aula informatizadas.

    Essas iniciativas tm possibilitado a construo de laboratrios

    informatizados que podem e devem ser utilizados pelos professores e alunos. A

    realidade retratada por Gomes e Costa, infelizmente ainda est presente e precisa

    ser derrubada