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SEPULTAMENTO E

RESSUREIÇÃO DE

JESUS CRISTO João Calvino

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Traduzido do Inglês

Um sermão em Mateus 27:55-60, por João Calvino

Via: Monergism.com

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Sepultamento e Ressureição de Jesus Cristo

Por João Calvino

“E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus

desde a Galiléia, para o servir; Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe

de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. E, vinda já a tarde, chegou um

homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus. Este

foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo

lhe fosse dado. E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol, E o

pôs no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande

pedra para a porta do sepulcro, retirou-se.” (Mateus 27:55-60)

Vimos acima como o nosso Senhor Jesus declarou o fruto e o poder da Sua morte ao pobre

ladrão, que certamente parecia ser, por assim dizer, uma alma condenada e perdida. Agora,

se todos aqueles que anteriormente foram ensinados no Evangelho, e que tenham tido

alguma prova deste, fossem alienados de ver o Filho de Deus morrer, parece que a prega-

ção do Evangelho teria sido vã e inútil. Além disso, sabemos que os Apóstolos haviam sido

eleitos para a condição de serem, por assim dizer, as primícias da Igreja. Alguém poderia,

então, ter pensado que esta eleição fora uma coisa decepcionante, o fato deles terem sido

escolhidos para tal ofício e condição. Por esta razão, é aqui declarado para nós que, embora

os Apóstolos tenham fugido e que nisto mostraram uma vil covardia, São Pedro tinha até

negado ao nosso Senhor Jesus e foi, por assim dizer, afastado de toda a esperança de sal-

vação, de fato, sendo digno de ser reputado como um membro podre; contudo, Deus não

permitiu que a doutrina que haviam recebido anteriormente fosse extinta e totalmente aboli-

da. É verdade que São Mateus coloca mais fé na constância de mulheres do que de ho-

mens. Isso é para que possamos aprender a magnificar ainda mais a bondade de Deus,

que aperfeiçoa o seu poder em nossa fraqueza. Isso é também o que São Paulo diz, que

Deus escolheu as coisas fracas deste mundo, a fim de que aqueles que imaginam-se fortes

possam abaixar a cabeça e não gloriarem-se em absolutamente nada (1 Coríntios 1:19-31)

Se fosse aqui falado de homens e de sua magnanimidade, e que eles tinham seguido o

nosso Senhor Jesus Cristo à morte, alguém poderia considerar isso como uma coisa natu-

ral. Mas quando mulheres são guiadas pelo Espírito de Deus, e há nelas mais ousadia do

que nos homens, na verdade, do que naqueles que foram eleitos para anunciar o Evangelho

para todo o mundo, nisto nós reconhecemos que Deus estava operando e que é a Ele que

o louvor deve ser atribuído.

Agora diz-se especialmente: “E estavam ali [...] muitas mulheres que tinham seguido Jesus

[...] para o servir”. O que é para melhor declarar a inclinação que elas tinham ao se

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beneficiar por meio do Evangelho. Pois não era pouca excelência que elas tenham deixado

as suas casas para caminhar aqui e ali, de fato, com grande esforço e mesmo com vergo-

nha. Porque sabemos qual foi a condição de nosso Senhor Jesus Cristo enquanto Ele

andou no mundo. Ele diz que as raposas têm covis e pequenos pássaros são capazes de

construir seus ninhos, mas Ele não tem onde reclinar a cabeça (Mateus 8:20, Lucas 9:58).

Vemos, por outro lado, que estas mulheres tinham os meios para alimentarem-se pacifica-

mente e em seu conforto. Quando, então, elas caminham assim, sem serem capazes de

encontrar alojamento, exceto com dificuldade, elas têm que prosseguir sem comida e bebi-

da, elas são sujeitas a muitas zombarias, elas são levadas para longe e injuriadas por toda

parte, e ainda assim elas elevam-se acima de tudo isso e suportam isso em paciência, nós

podemos facilmente julgar como Deus lhes havia fortalecido. No entanto, com a morte elas

ainda declaram a esperança que elas tinham em nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, embora

elas estejam confusas, contudo se elas tivessem suposto que nosso Senhor havia perecido

definitivamente, elas poderiam ter julgado que Ele falhara completamente. Pois Ele tinha

falado com elas sobre o reino de Deus, que deveria ser restaurado por Seus meios. Ele ha-

via falado com elas sobre a perfeita bem-aventurança e sobre a salvação que Ele realizaria.

E onde estão todas essas coisas? Vemos, então, como essas pobres mulheres apesar de

terem ficado perplexas e por mais que elas estivessem preocupadas, sem saber qual seria

o resultado da vida de Nosso Senhor, no entanto, foram sustentadas por Sua autoridade.

E mesmo assim Ele faz com que, no final, elas reconheçam e julguem que Ele não prome-

tera nada em vão. Elas, então, esperaram aquela promessa da ressurreição, embora de a-

cordo com os homens elas poderiam ter julgado de forma totalmente contrária. No entanto,

vemos como a fé delas foi exercitada, a fim de que não sejamos incomodados além da

medida, se na aparência, parece que somos abandonados por Deus, e que todas as pro-

messas do Evangelho estão, por assim dizer, abolidas, isso acontece para que nós persis-

tamos. Pois estas mulheres dão testemunho contra nós, e para nossa grande condenação,

se falharmos em tais combates. Será que desejamos um exemplo mais rude do que o que

elas sofreram? No entanto, elas foram verdadeiramente vitoriosas por meio da fé.

Então, armemo-nos quando somos alertados sobre os ataques que Satanás faz contra nós,

para que estejamos armados para resistir ao golpe, e mostremos que somos tão apoiados

pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo que, embora não possamos perceber à primeira

vista o cumprimento do que é dito a nós, não podemos deixar de descansar nEle, e trazer

a Ele esta homenagem e reverência, que Ele mostrar-se-á fiel por fim. E nós precisamos

ser assim provados ao limite. Pois caso contrário, seríamos muito delicados, e até mesmo

a nossa fé seria amortecida, ou talvez pudéssemos imaginar um paraíso terrestre, e nós

não poderíamos elevar os nossos sentidos alto o suficiente para renunciar a este mundo.

Como também nós podemos ver isso melhor na pessoa da mãe de João e Tiago. Sabemos

que anteriormente ela havia sido impulsionada por tal ambição que desejava que nosso

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Senhor estivesse sentado em Seu trono real, e que Ele tivesse ali somente pompa e bra-

vura, e que seus dois filhos estivessem ali como dois oficiais de Nosso Senhor. “Dize”, disse

ela, “que estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no

teu reino” [Mateus 20:21]. Oh, que mulher tola! Que está atenta apenas à glória e que dese-

java ver um triunfo terreno em seus filhos. Agora, aqui há outra e mui diferente experiência.

Pois ela vê nosso Senhor Jesus pendurado na cruz, em tal vergonha e desgraça quando

todo o mundo se opõe a Ele, e Ele está mesmo ali, por assim dizer, amaldiçoado por Deus.

Assim, nós vemos isso, quando seremos levados em tal confusão que nossos espíritos

ficarão surpresos com o terror e angústia, mas isto significa que Deus nos retira de todos

os afetos terrenos, a fim de que nada possa nos impedir de sermos erguidos ao céu e à

vida espiritual a que devemos aspirar. E nós não podemos fazê-lo, a menos que sejamos

expurgados de tudo o que nos impede nesta terra. Isso, então, em resumo, é o que temos

que lembrar a respeito dessas mulheres.

No entanto, isso não quer dizer que ali não havia também homens, mas a intenção do

Espírito Santo foi colocar diante de nossos olhos aqui tal espelho, a fim de que possamos

saber que é Deus quem conduziu essas mulheres pelo poder do Espírito Santo, e Ele quis

declarar o Seu poder e Sua graça, escolhendo instrumentos tão fracos de acordo com o

mundo. Semelhante também é visto em Nicodemos e José. É verdade que São Mateus,

São Marcos e São Lucas apenas falam de José, que veio a Pilatos e Nicodemos, tomou

coragem, vendo que ele tinha tal líder. É verdade que Nicodemos era um mestre de gran-

de estima. José era um homem rico em bens materiais, na verdade, também um membro

do conselho. No entanto, olhemos para ver se havia neles um tal zelo, a ponto de se

exporem à morte por nosso Senhor Jesus, e de fato se durante a Sua vida eles deixaram

as suas casas para segui-lO. Não absolutamente. Mas quando se trata da morte Deus, isso

os move e os incita para além de toda a expectativa humana. Vemos, então, que Deus

operou aqui uma mudança estranha e admirável, quando concedeu tal ousadia para José

e Nicodemos, que não temiam a ira de todas as pessoas, quando eles vieram sepultar o

nosso Senhor Jesus. Anteriormente Nicodemos havia vindo de noite, com medo de ser es-

tigmatizado com infâmia. Agora, ele enterra o nosso Senhor Jesus, de fato, quando Ele

chegou ao extremo. Deus, então, teve que lhe dar um novo ânimo, pois ele mesmo havia

escondido, e, de fato, nenhumas sombras haviam sido suficientemente escuras para ele,

vendo sua timidez e covardia, a menos que Deus houvesse corrigido esse defeito nele. Em

resumo, vemos como a morte de nosso Senhor Jesus o beneficiou, e que Ele já, nesta

ocasião, mostrou as graças de Seu Espírito Santo sobre essas pobres pessoas que ante-

riormente nunca tinham ousado fazer uma declaração de sua fé. Agora, eles não somente

falam pela boca, mas o que eles fazem mostra que eles preferem ser tidos por execráveis

diante de todo o mundo e ainda serem discípulos de Jesus Cristo, do que perder o que

haviam obtido; ou seja, a salvação gratuita que tinha sido oferecida a eles.

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É também por isso que se diz que José esperava o Reino de Deus. Por esta palavra é

declarado a nós que estamos separados de Deus e banidos de Seu reino, até que Ele nos

reúna para Si mesmo por Seu povo. Vemos, então, quão miserável é a condição dos ho-

mens, até que o Senhor Jesus os chame para Si, para dedicá-los ao Seu Pai. E se estamos

separados deste bem, miséria e confusão estão sobre nós! Foi uma grande virtude, então,

esperar o Reino de Deus, porque os judeus haviam corrompido isso, e as ocasiões disso

estavam em grande acordo com o mundo. Pois os profetas haviam declarado, quando o

povo voltou da Babilônia, que Deus seria de tal modo o Seu Redentor que haveria um reino

florescente em toda a dignidade, que o templo seria construído em maior glória do que an-

tes, que, em seguida, eles desfrutariam de todos os benefícios, e que esta seria uma vida

feliz, que todos teriam descanso e que a única preocupação seria a de fruir a Deus, e

bendizer o Seu nome, e dar-Lhe louvor. Isso é o que os profetas haviam prometido. Mas,

qual é a condição do povo? Eles são consumidos e devorados por seus vizinhos, eles são

aferroados, eles são injuriados. Às vezes, há tanta tirania que o sangue inocente é derrama-

do por toda a cidade, o livro da Lei é queimado, e eles são proibidos de ter uma única leitura

do mesmo, sob pena de morte. Tais grandes crueldades são praticadas, de forma que é

horrível pensar sobre isso. O templo está cheio de contaminação. A casa de Davi, o que

aconteceu com ela? Foi totalmente abatida e a condição das coisas vai continuamente de

mal a pior. Então, alguém não estaria surpreendido, se em um povo tão rude e dado aos

seus apetites e afetos, eram pouquíssimos os que mantiveram a verdadeira religião e que

não haviam perdido a coragem; como podemos ver também que o número de pessoas que

suportaram com paciência e que eram firmes na fé era muito pequeno e raríssimo. Isso é

dito sobre Simeão, dito sobre Ana, a profetisa, dito de José. Mas por quê? Em uma multidão

tão grande, entre os judeus, em um país tão populoso, o Espírito Santo coloca diante de

nós quatro ou cinco como algo que não era nada habitual, e dá testemunho de que essas

pessoas estavam esperando o Reino de Deus. Isso aconteceu para que possamos apren-

der, quando tudo estiver e nos momentos de desespero, a mantermos os olhos fixos em

Deus. E na medida em que a Sua verdade é infalível e imutável, permaneçamos firmes até

o fim, e superaremos todas as dificuldades, escândalos e perplexidades do mundo, e ainda

que gemamos, não deixemos de aspirar ao que o nosso Senhor nos chamou, isto é, a

esperar pacientemente que o Seu Reino seja estabelecido em nós, e que ainda possa nos

bastar ter o penhor que Ele nos concede, o Seu Espírito Santo, por Quem nos sustentamos

o testemunho da adoção gratuita pela qual Ele nos fez um. Quando Deus declara que Ele

nos segura e nos considera como Seus filhos, e quando isso está gravado em nossos co-

rações pelo Espírito Santo, quando temos diariamente a doutrina do Evangelho que ressoa

e soa em nossos ouvidos, sejamos confirmados na fé e não falhemos de modo algum, mes-

mo que as coisas sejam tão confusas que não se possa imaginar como poderia ser pior.

Isso, então, em resumo, é o que temos que lembrar a partir dessa passagem.

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Agora também é necessário notar o que São João registra antes que o nosso Senhor Jesus

fosse retirado da cruz: a saber, que eles traspassaram o Seu lado para ver se Ele já havia

entregado o espírito. Pois eles não haviam apressado a Sua morte como eles fizeram com

os dois ladrões. Mas vendo que parecia que Ele já havia falecido, chegaram a sondá-lO

com um golpe de lança, e, em seguida, eles sabiam que Ele morrera, e assim, os guardas

se deram por satisfeitos. Agora, é verdade que esta, se o testemunho da lei não foi adicio-

nado, parece-nos uma declaração um tanto fria. Mas São João quis nos conceder uma

prova de que o nosso Senhor Jesus era o verdadeiro Cordeiro pascal, já que pela provi-

dência e conselho admirável de Deus, Ele fora preservado de todas as mutilações. Por isso

se diz no capítulo 12 de Êxodo que eles deveriam comer o cordeiro pascal, mas que os

ossos não deveriam ser quebrados, e que eles deveriam permanecer todos íntegros (Êxodo

12:8, 9, 46) Por que era importante que Jesus Cristo não tivesse os Seus ossos quebrados?

Pois este era o costume comum, como vemos. Eles não queriam poupá-lO, e Ele estava

no meio dos ladrões, para ser tido, por assim dizer, como o mais detestável, para ser reputa-

do o principal entre os homens e os criminosos ímpios. Vemos, então, que Deus estava

aqui em operação quando Ele reteve as mãos dos guardas, e até que Seu Filho expirasse,

a fim de ser preservado, e para que tenhamos aqui um sinal evidente que era nEle que a

verdade desta antiga figura tinha que ser cumprida. Assim, então, é preciso notar que o

Filho de Deus foi preservado de toda quebra de Seus ossos, a fim de que possamos nos

apegar a Ele como nosso cordeiro pascal, Quem nos preserva da ira de Deus, quando so-

mos marcados com o Seu sangue. Pois devemos concluir que, se Ele é a nossa Páscoa

devemos ser aspergidos pelo Seu sangue, pois sem isso, não nos aproveita nada que ele

tenha sido derramado. Mas quando O aceitamos com este sacrifício, também encontramos

ali a remissão dos nossos pecados, sabendo que até que Ele nos lave e nos purifique,

somos cheios de contaminação. Então, nós somos aspergidos pelo Seu sangue, por meio

dessa aspersão que é feita em nossas almas pelo Espírito Santo. Então somos purificados

e Deus nos aceita por Seu povo, e estamos seguros; embora a Sua ira e Sua vingança

esteja sobre todo o mundo, contudo Ele nos considera em piedade e nos têm como Seus

filhos. Isso, então, é o que temos que lembrar a partir dessa passagem, quando se diz que

os ossos de nosso Senhor Jesus não foram quebrados, a fim de que possamos conhecer

que o que foi declarado por uma figura na Lei, foi ratificado em Sua Pessoa.

No entanto, é dito também: “e logo saiu sangue e água. E aquele que o viu testificou, e o

seu testemunho é verdadeiro” [João 19:34-35]. Quando vemos que a água e sangue assim

saíram, isso deve lembrar-nos de nossa purificação e o acordo para limpar os nossos

pecados, de fato, por Seu sacrifício, como São João fala em sua Carta Canônica (1 João

1:7). É verdade que o sangue será capaz de coagular após a morte, isso ocorre por nature-

za, e com o sangue, a água pode vir, isto é, a maior parte do fluido, uma vez que a cor e a

parte mais grossa do sangue terá coagulado. Mas São João declarou que embora isso

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ocorra, Deus quis mostrar nisso que a morte de Seu Filho nos beneficia: a saber, em primei-

ro lugar, que pelo derramamento de sangue Ele é satisfeito conosco, como é dito que ne-

nhuma remissão dos pecados é possível sem derramamento de sangue. Por isso é que

desde o princípio do mundo sacrifícios foram oferecidos. Deus certamente declarou que Ele

seria propício a todos os pobres pecadores que tivessem esperança nEle; mas Ele desejou

que os sacrifícios fossem adicionados, como se Ele dissesse que a remissão dos pecados

seria dada gratuitamente aos homens, porque eles de si mesmos não poderiam trazer nada

de si próprios, mas que haveria o Mediador para solucionar este problema. Assim é como

o sangue que fluiu do lado de nosso Senhor Jesus Cristo é o testemunho de que o sacrifício

que Ele ofereceu é a recompensa por todas as nossas iniquidades, para que sejamos ab-

solvidos diante de Deus. É verdade que devemos sempre nos sentir culpados daquele san-

gue, ou seja, que nos humilhemos e que sejamos conduzidos a um verdadeiro arrependi-

mento, e que retiremos de nós toda presunção. Mas, possa isso ocorrer, somos assegura-

dos de que Deus nos considera inocentados e absolvidos pelo nome de Seu Filho, quando

chegamos a reconhecer nossas falhas e ofensas. E por quê? Na medida em que o sacrifício

de Sua morte é suficiente para apagar a memória de todas as nossas transgressões. Ora,

não é a água que implica purificação. Para que, então, sejamos lavados de todas as nossas

máculas, reconheçamos que o nosso Senhor Jesus desejou que a água fluísse de Seu lado

para declarar que realmente Ele é a nossa pureza e que não devemos buscar qualquer

outro remédio para lavar qualquer de nossas manchas. Isso, então, é como Ele veio com

água e com sangue, e por este meio, significa que temos toda a perfeição da salvação nEle,

e não devemos vagar aqui ou ali, para que sejamos ajudados de um lado e outro.

Na verdade, quando olhamos mais de perto, veremos que há uma notável semelhança

entre o sangue e a água que fluiu do lado de nosso Senhor Jesus Cristo, e os sacramentos

da Igreja, pelo que nós temos a prova e selo do que foi feito em Sua morte. Por ter suportado

o que era necessário para a nossa salvação, tendo plenamente satisfeito Deus Seu Pai,

tendo nos santificado, tendo adquirido para nós a justiça plena, Ele desejava que tudo isso

fosse testemunhado nos dois sacramentos que Ele instituiu; os dois sacramentos. Pois,

nenhuns outros são instituídos em Sua Palavra, a saber, além do Batismo e da Ceia do

Senhor. Todo o restante é apenas imaginação frívola que veio da audácia e ousadia dos

homens. Contemplem, então, o nosso Senhor Jesus Cristo, que mostra o poder da Sua

morte e paixão, tanto no Batismo como na Sua Santa Ceia. Pois no Batismo, temos o teste-

munho de que Ele lavou e nos purificou de toda a nossa contaminação, de forma que Deus

nos recebeu em graça, como se viéssemos diante dEle puros e limpos. Agora reconhe-

çamos que a água do Batismo não tem esse efeito. Como pode um elemento corruptível

ser suficiente para a lavagem e purificação de nossas almas? Mas isso acontece na medida

em que a água fluiu a partir do lado de nosso Senhor Jesus Cristo. Passemos, então, para

Aquele que foi crucificado por nós, se quisermos que o Batismo seja útil para nós, se

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quisermos experimentar o fruto dele, que a nossa fé seja dirigida ao nosso Senhor Jesus

Cristo, que deseja que busquemos todos os elementos de nossa salvação nEle, sem diva-

garmos e nos inclinarmos aqui e ali. E, em seguida, na Santa Ceia, temos o testemunho de

que Jesus Cristo é o nosso alimento. E sob o pão, Ele nos representa o Seu corpo, sob o

vinho Seu sangue. Esta, então, é a perfeição completa da salvação, quando estamos assim

purificados, e Deus nos aceita como se tivéssemos apenas integridade e justiça em nós e

por isso somos absolvidos diante dEle de sermos por mais tempo condenáveis, uma vez

que nosso Senhor Jesus Cristo fez plenamente a satisfação por nós. Assim, então, é como

devemos nos beneficiar com os sacramentos, aplicar-nos com toda a nossa fé em nosso

Senhor Jesus Cristo, e não nos voltando para qualquer criatura em absoluto. Essa também

é a forma como devemos ter a certeza do que foi feito na morte e a paixão de nosso Senhor

Jesus, e que a nossa memória seja diariamente atualizada ao nos mostrar o quanto Deus

valoriza o fato de que do lado de nosso Senhor Jesus Cristo procedeu sangue e água.

Portanto, isto é, em síntese, o que temos que lembrar sobre o relato de que o lado de nosso

Senhor Jesus Cristo foi traspassado. Na verdade, também nesta palavra, quando se diz

que a Escritura foi cumprida, que possamos reconhecer o que foi já dito mais longamente,

isto é, que todos foram governados pelo conselho secreto de Deus, e, apesar de que os

guardas não soubessem o que estavam fazendo, mas Deus colocou em vigor e execução

o que Ele havia pronunciado tanto por Moisés quanto por Seu Profeta Zacarias. Nós já

vimos o testemunho de Êxodo. São João acrescenta também o do profeta Zacarias: “olha-

rão para mim, a quem traspassaram” [Zacarias 12:10].

É verdade que Deus usa isso por força de expressão, pois Ele despreza os condenadores

de Sua Palavra que foram endurecidos em cada rebelião e malícia. Ou talvez, Ele diz: “Pa-

rece que eles fazem a guerra contra os homens que pregam a Minha Palavra, e que podem

impedi-los por estes meios. Agora é contra Mim que eles pelejam quando assim desprezam

e rejeitam a Minha Palavra, isso é como se eles me ferissem por golpes de punhal; e assim

eles verão Aquele a quem traspassaram”. Mas isso foi realmente cumprido na Pessoa de

nosso Senhor Jesus Cristo; pois mesmo em Seu corpo humano Ele foi traspassado. Assim,

então, é como Ele foi declarado o Deus vivo, que tinha falado em todos os tempos pelos

Seus profetas, já que em Sua Pessoa tudo o que havia sido prometido é visto.

Agora é dito, consequentemente, que José, tendo obtido a permissão de Pilatos para que

o corpo de Jesus Cristo fosse retirado da cruz, e que fosse dado a ele para o sepultamen-

to, tinha uma mortalha limpa e havia comprado também alguns unguentos aromáticos (de

fato, por uma grande soma de dinheiro, como é dito por São João) de mirra e aloés, e que

ele O sepultou em um sepulcro novo, que tinha feito para si mesmo, que fora escavado em

rocha. Neste sepulcro, nosso Senhor Jesus Cristo já começou a mostrar o resultado de Sua

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morte, ou seja, Ele logo havia de vir na glória de Sua ressurreição, e Deus quis manifestá-

lO completamente. Este, então, é ainda um testemunho infalível, que, entre tantas confu-

sões do que lemos na narrativa que poderiam nos perturbar e agitar a nossa fé, percebemos

que Deus sempre cuidou de Seu único Filho como a Cabeça da Igreja, e o Seu Bem-Amado,

não somente a fim de que sejamos capazes de esperar nEle, mas para que esperemos

confiantemente, pois somos membros do Seu corpo, de forma que o cuidado paternal de

Deus também certamente será estendido para nós e para cada um daqueles que esperam

nEle.

No entanto, pode-se perguntar por que o nosso Senhor Jesus Cristo desejava ser sepultado

com tanto cuidado. Pois certamente parece que tal suntuosidade, como aloés, mirra, e tais

coisas eram supérfluos. Na verdade, que bem é para uma pessoa morta que seja lavada

ou ungida ou uma grande ostentação seja feita em homenagem a ela? Parece, então, que

isso não estava em harmonia com o ensinamento do Evangelho, onde se diz que nós

ressuscitaremos no último dia através do poder inestimável do nosso Deus. Assim, parece

que toda essa pompa deveria ser rejeitada e esquecida. Consequentemente, pode-se julgar

que José tinha uma devoção tola, o que tenderia a obscurecer a esperança da ressurreição.

Mas temos que observar que os judeus tinham tais cerimônias até que o nosso Senhor

Jesus Cristo realizasse o que era necessário para a nossa salvação. Dentre os quais esta-

vam o sepulcro, os sacrifícios, e lavagens, e as luzes do Templo, e todas as coisas seme-

lhantes. Pois aquelas pessoas, como se fossem incultas, tinha que ser tratadas como crian-

ças. É verdade que, por todo o mundo, o túmulo é considerado sagrado, e Deus quis que

isso fosse gravado no coração dos homens, mesmo dos pagãos, a fim de que não houvesse

nenhuma desculpa a todos os homens a se tornarem como brutos, não tendo nenhuma

esperança de uma vida melhor. Os pagãos têm abusado disso. Mas, seja como for, eles

serão reprovados por isso para o último dia, que eles tinham um grande cuidado em enterrar

os mortos, de forma que não havia nenhuma nação tão bárbara de modo que eles negligen-

ciassem o sepultar dos seus mortos. Eles não sabiam o motivo disso mais do que qualquer

dos seus sacrifícios, mas foi uma condenação suficiente, quando permaneceram afastados

da verdade de Deus e corromperam o testemunho que Ele lhes deu, a fim de atraí-los para

a fé na vida celestial. Seja como for, o túmulo em si sempre foi, por assim dizer, um espelho

da ressurreição. Porque os corpos são colocados na terra como que para jazerem por um

tempo. Se não houvesse ressurreição de modo algum, seria muito bom jogá-los fora, a fim

de que eles fossem comidos por cães ou por animais selvagens. Mas eles foram enterrados

honrosamente, para mostrar que eles não pereceriam absolutamente, embora eles entras-

sem em decadência. Especialmente os Judeus tinham algumas cerimônias. É verdade que

os Egípcios os superaram de várias maneiras, mas estas eram apenas fanfarras ao fazerem

uma grande festa de luto, ao lamentarem-se, cortando o seu cabelo. Os egípcios, então,

fizeram isso, mas o diabo os tinha enfeitiçado para que eles pervertessem toda a ordem.

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Quanto aos judeus, que fizeram uso da sepultura, isso foi para confirmá-los na fé da res-

surreição.

Então, seguindo o que eu comecei a dizer, nosso Senhor Jesus estava disposto a ser sepul-

tado de acordo com o costume antigo, porque Ele ainda não tinha cumprido toda a nossa

salvação com respeito à ressurreição. É verdade que o véu do Templo rasgou-se em Sua

morte. E por meio disso, Deus mostrou que era chegado o fim e perfeição de todas as coi-

sas, e que as figuras e as sombras da Lei já não permaneciam. No entanto, isso ainda não

era evidente para o mundo, e não havia ninguém que fosse capaz de reconhecer que, em

Jesus Cristo, todas as figuras da Lei haviam chegado ao fim. Por esta causa, então, Ele

ainda desejava ser sepultado. Agora nós sabemos que na ressurreição de nosso Senhor

Jesus Cristo a vida foi adquirida para nós, de modo que devemos ir direto a Ele, não procu-

rando outros meios para nos conduzir além daqueles que Ele nos designou. Já dissemos

que Ele nos deu dois sacramentos para nos servir como confirmação completa. Se a forma

de sepultamento que os judeus observavam fosse necessária para nós, não há dúvida em

absoluto que Jesus Cristo desejaria somente que isso se mantivesse permanente em Sua

Igreja. Mas já não é necessário que a nossa atenção esteja presa por estes elementos

terrenos e pueris. É-nos suficiente, então, que tenhamos uma forma simples de sepulta-

mento, deixando estes unguentos aromáticos, que não tipificam a ressurreição, que foi

manifestada em nosso Senhor Jesus Cristo. Nós apenas nos separaríamos dEle, se

quiséssemos ter tal instrução inferior. Pois vemos que São Paulo diz: “Portanto, se já res-

suscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à

destra de Deus” (Colossenses 3:1), e devemos estar unidos ao nosso Senhor Jesus (1

Coríntios 6:17). Cheguemos até Ele, não estejamos envolvidos em qualquer coisa que pos-

sa distrair-nos, impedir-nos, ou retardar-nos de estarmos unidos a Ele como a nossa Cabe-

ça, pois é dito que o Seu corpo era o Templo de Deus. Isso, então, em resumo, é o que

temos que lembrar sobre a sepultura.

Há ainda a considerar que Ele foi colocado em um sepulcro novo, isto não foi feito à parte

da providência especial de Deus, pois Ele bem poderia ter sido colocado em um sepulcro

que tinha servido por muito tempo. Também José de Arimatéia tinha seus antepassados,

e, geralmente, em tais casas ricas e opulentas há um sepulcro comum. Mas Deus previu

isso a partir de outro ponto de vista, e quis que o nosso Senhor Jesus fosse colocado em

um sepulcro novo, no qual nenhuma pessoa ainda havia sido posta. Pois, absolutamente,

também não foi sem motivo que Ele é chamado de as primícias da ressurreição e o

primogênito dentre os mortos. No entanto, pode-se dizer que muitos morreram e foram

feitos participantes da vida antes de nosso Senhor Jesus Cristo. Lázaro tinha sido ressus-

citado. E também sabemos que Enoque e Elias foram levados sem morte natural, e foram

reunidos em vida incorruptível. Mas tudo isso dependia da ressurreição de nosso Senhor

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Jesus Cristo. Devemos, então, nos apegarmos a Ele como as primícias. Na Lei os frutos de

um ano eram dedicados e consagrados a Deus, quando eles traziam apenas um punhado

de trigo no altar, e um cacho de uvas. Quando, então, isso era oferecido a Deus, era uma

consagração geral de todos os frutos do ano. E quando também os primogênitos eram

dedicados a Deus, isso declarava a santidade da linhagem de Israel, e que Deus o aceitou

por Sua herança, pois Ele reservou em Si mesmo estar satisfeito com aquele povo, como

um homem se contenta em seu patrimônio. Além disso, quando chegarmos ao nosso Se-

nhor Jesus Cristo, reconheçamos que em Sua pessoa todos nós somos dedicados e ofere-

cidos, a fim de que Sua morte possa nos dar a vida hoje, e que não sejamos mais mortais,

como anteriormente. Isso, então, é o que temos que observar com relação ao sepulcro no-

vo, que o sepulcro de nosso Senhor Jesus Cristo deve conduzir-nos à Sua ressurreição.

No entanto, olhemos para nós mesmos. Pois, embora tudo que deve ajudar a nossa fé foi

cumprido na pessoa do Filho de Deus, embora tenhamos testemunho daquilo que deve ser

suficiente para nós, ainda em nossa rudeza e fraqueza permanecemos muito longe de

chegar ao nosso Senhor Jesus Cristo. E por esta razão que cada um de nós deve reconhe-

cer os seus defeitos, para que alcancemos os remédios, e não percamos a coragem. Nós

vemos o que Nicodemos e José fizeram. Agora, temos de considerar duas coisas para o

nosso exemplo. A primeira é que eles ainda não estão claramente iluminados sobre o fruto

da paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Há, então, alguma crueza e sua fé ainda

é muito pequena. A outra, que, no entanto, em tal extremo eles lutaram contra todas as

tentações, e eles vieram buscar o nosso Senhor Jesus morto para colocá-lO no sepulcro,

protestando que eles estavam esperando a bendita ressurreição que havia sido prometida

a eles, e eles aspiravam por isso. Já que é assim, então, quando nós experimentamos algu-

ma fraqueza em nós, que ainda não sejamos impedidos de tomar coragem. É verdade que

somos fracos, e Deus poderia nos rejeitar, se Ele nos tratasse em rigor. Mas quando experi-

mentamos essas falhas, deixe-nos saber que Ele aceitará o nosso desejo, embora seja

imperfeito. Além disso, hoje, uma vez que o nosso Senhor Jesus ressuscitou em glória, em-

bora ainda tenhamos que suportar aqui muitas privações e misérias, e embora pareça que

diariamente Ele é crucificado em Seus membros, como verdadeiramente ímpio, tanto quan-

to está em seu poder, O crucifica; não desfaleçamos por conta disso, sabendo que não se-

remos decepcionados com o que nos é prometido no ensino do Evangelho, e, embora nós

passemos por muitas aflições, contudo olhemos sempre para a nossa Cabeça. José e Nico-

demos não tinham esta vantagem que nós temos hoje, em absoluto, ou seja, o contemplar

do poder do Espírito de Deus, que se manifestou na ressurreição de nosso Senhor Jesus

Cristo. Ainda assim, nesta consideração, a fé deles não foi completamente amortecida.

Agora, uma vez que o nosso Senhor Jesus nos chama para Si mesmo, e com grande voz

Ele declara-nos que Ele subiu ao céu, a fim de que todos nós nos reunamos ali, vamos

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persistir constantemente em buscá-lO e segui-lO, e não consideremos como uma coisa má

o morrer com Ele para que sejamos partícipes da Sua glória. Agora São Paulo nos exorta

a conformar-nos com Jesus Cristo, não somente no que diz respeito à Sua morte, mas

também em relação ao seu sepultamento (Romanos 6:4, Colossenses 2:12). Porque há

alguns que se contentam em morrer com o nosso Senhor Jesus por um minuto de tempo,

mas com o tempo eles se cansam. Por esta razão, eu disse que nós devemos morrer, não

somente uma vez, mas devemos sofrer pacientemente que sejamos sepultados continua-

mente, até o fim. Eu chamo de morte, quando Deus quer que nós resistamos assim por Seu

nome. Porque, embora não estejamos, a princípio, arrastados para o fogo ou condenados

pelo mundo, mas, quando somos aflitos, já é uma espécie de morte que tenhamos que

suportar com paciência. Mas, porque não somos tão logo humilhados, temos que ser es-

pancados por um longo tempo, e nisto devemos perseverar e persistir em paciência. Por-

que, assim como o diabo nunca deixa de planejar o que é possível para distrair-nos e cor-

romper-nos, assim, durante toda a nossa vida não devemos deixar de lutar contra ele.

Embora esta condição seja difícil e enfadonha, esperemos pelo tempo que virá quando

Deus nos chama para Si mesmo, e nunca deixemos de fazer a confissão de nossa fé, e

nisto sigamos a Nicodemos, mas não em sua timidez. Quando ele veio anteriormente ao

Senhor Jesus Cristo, ele ocultou-se, e ele não se atreveu a mostrar-se um verdadeiro discí-

pulo, mas quando ele veio para sepultar o nosso Senhor Jesus, ele declarou e protestou

que ele era do número e da comunidade dos crentes. Já que é assim, sigamos hoje tal

constância. E, apesar de nosso Senhor Jesus, com a doutrina de Seu Evangelho, ser odia-

do pelo mundo, na verdade eles O seguiram em ódio, não deixemos de aderir a Ele. Reco-

nheçamos mesmo que Ele sempre será toda a nossa felicidade e satisfação, quando Deus

aceitará nosso serviço, e nos deixar saber que, se devemos definhar neste mundo, o fato

de que o nosso Senhor Jesus veio na glória de Sua ressurreição não é absolutamente a

fim de estar separado de nós, mas que na hora certa Ele nos reunirá para Si mesmo.

Além disso, alguém não deve ser surpreendido que o nosso Senhor Jesus ressuscitou dos

mortos ao terceiro dia. Pois é muito apropriado que Ele tivesse algum privilégio acima da

ordem comum da Igreja. Nisto também se cumpriu o que é dito no Salmo 16: “Pois não dei-

xarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Salmos

16:10). O corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, então, teve que permanecer incorruptível

até o terceiro dia. Mas Seu tempo foi definido e estabelecido pelo conselho de Deus, Seu

Pai. De nossa parte, não temos tempo determinado, com exceção do último dia. Por isso,

esperemos até que tenhamos definhado enquanto isso agradar a Deus. No final, sabere-

mos que na hora certa Ele encontrará meios para nos restaurar, depois que tenhamos sido

totalmente aniquilados. Como também São Paulo nos exorta a isso, quando ele diz que

Jesus Cristo é as primícias (1 Coríntios 15:20, 23). Isso é para retardar o zelo ardente com

que às vezes somos fortemente tomados. Pois queremos voar sem asas, e nós nos ofende-

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mos se Deus nos deixa neste mundo, e por que ao primeiro sinal de luta Ele não nos retire

ao céu. Queremos ser levados para lá em uma carruagem de fogo, como Elias. Em resumo,

queremos triunfar antes de ter lutado. Agora, para resistirmos a tal cupidez e esses desejos

tolos, São Paulo diz que Jesus Cristo é as primícias, e temos que estar convencidos de que

em Sua morte temos uma garantia segura da ressurreição. Assim é, uma vez que Ele está

sentado à direita de Deus Pai, exercitando todo o domínio tanto acima como abaixo; contu-

do Sua majestade ainda não apareceu, e nossa vida deve estar escondida nEle, para que

estejamos ali como pobres pessoas mortas, e que, enquanto vivermos neste mundo seja-

mos como pobres pessoas perdidas. No entanto, é adequado para nós sofrermos tudo isso

até que o nosso Senhor Jesus venha. Pois, em seguida, a nossa vida será manifestada

nEle, ou seja, no momento adequado.

Isso, então, é o que temos que observar com relação ao sepulcro de nosso Senhor Jesus

Cristo, até que cheguemos ao fim, que nos mostrará que Ele não somente fez propiciação

por todos os nossos pecados, mas também tendo obtido a vitória, Ele adquiriu para nós a

perfeição de toda a justiça, pela qual somos hoje aceitáveis a Deus, para que tenhamos

acesso a Ele, e para invocá-lO em nome de Cristo. E nessa confiança que nos curvemos

em humilde reverência diante de Sua Majestade Santa, oremos a Ele para que Ele possa

nos receber em misericórdia; que embora sejamos pobres e miseráveis, nós não deixemos

de ter o nosso refúgio em Sua misericórdia. Apesar de que dia a dia provoquemos a Sua

ira contra nós, e embora justamente mereçamos a ser rejeitados por Ele, possamos espe-

rar, no entanto, que Ele mostre o fruto e o poder da morte e paixão que Seu único Filho

sofreu, por que nós fomos reconciliados, e que não duvidemos que Ele é sempre Pai para

nós, principalmente quando Ele nos fará o favor de mostrar que somos verdadeiramente

Seus filhos. Que possamos a declarar isso em verdade, de tal forma que não pedimos nada,

exceto que sejamos completamente Seus, como também Ele nos comprou por tal preço, e

com razão que sejamos totalmente reformados para o Seu serviço. Na medida em que nós

somos tão fracos que não sabemos como realizar a centésima parte do nosso dever, que

Ele ainda opere em nós pelo Seu Espírito Santo, porque sempre a fraqueza da nossa carne

carrega consigo tantas pelejas e lutas que apenas podemos arrastar-nos para frente, em

vez de andarmos corretamente.

Que possa agradar-Lhe retirar-nos de tudo isso, e que possamos ser unidos a Ele.

O Teu sangue foi vertido

Espiraste oh, meu Jesus!

E ficou por Ti cumprido,

Meu resgate sobre a Cruz”

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

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Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

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Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.