os credos são adequados para -...
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Traduzido do original em Inglês
Are Creeds Appropriate for Bible Believing Baptists?
By Thomas Nettles
Via: Founders.org
Tradução por Camila Almeida
Revisão e Capa por William Teixeira
1ª Edição: Setembro de 2016
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, de Tom Ascol (diretor
executivo da Founders Ministries), sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-
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Os Credos são Adequados para Batistas que Creem na Bíblia? Por Thomas Nettles
O esforço para extrair benefício positivo de confissões parece tão estranho para alguns hoje
que dificilmente pode ser distinguido da palavra assustadora “credalismo”. Embora existam
distinções históricas e práticos válidas entre o uso de declarações de fé como um credo e
a sua utilização como uma confissão, estas distinções dificilmente se aplicam à fobia
comum dos nossos dias tanto de “credos” quanto de confissões.
Objeções de Alguns Batistas aos Credos
O casamento dos Batistas com a teologia confessional tem sido levado muitas vezes ao
tribunal de divórcio. Agora Batistas ferozes e rigorosos estão alegando ter sido ofendidos
tão completamente que uma separação total é necessária para a sobrevivência. Outros
afirmam que o casamento nunca aconteceu. O historiador Batista Thomas Armitage
expressou claramente uma forma de pensar sobre credos.
Este livro chamado a Bíblia é dado por inspiração de Deus e é a única regra de fé e
prática cristã. A consequência disso é que não temos credos, nem catecismos e nem
decretos que nos unem por sua autoridade. Cremos que um credo não vale nada, a
menos que seja fundamentado pela autoridade bíblica, e se o credo é fundado sobre
a Palavra de Deus, não vejo por que não devamos descansar sobre essa Palavra que
sustenta o credo; nós preferimos voltar diretamente para a própria fundação e
descansar lá somente. Se ela é capaz de nos sustentar, não precisamos de mais
nada, e se não for, então não podemos descansar sobre um credo que nos
fundamente quando esta crença não tem fundamento para si mesma.1
O prefácio de Baptist Faith and Message [Fé e Mensagem Batista], de 1963, afirma que
seus escritores agem segundo o princípio de uma “aversão Batista por todos os credos,
exceto a Bíblia”. E, é claro, há a questão exclamatória de John Leland: “Por que essa
Virgem Maria entre as almas dos homens e as escrituras?”, seguida de uma declaração
que contém uma outra suspeita quanto às confissões: “Confissões de fé, muitas vezes, não
1 Thomas Armitage, “Baptist Faith and Practice” [Fé e Prática Batista], em C. A. Jenkyns, Ed. Baptist Doctrines
[Doutrinas Batistas] (Chancy R. Barns: St. Louis, 1882), p. 34.
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demandam nenhuma outra busca pela verdade”.2 A união dos Batistas Independentes e
Regulares em Virginia foi prejudicada brevemente porque os Independentes “temiam que
uma confissão pudesse usurpar um poder tirânico sobre a consciência”.3 Além disso, a
prática Anglicana da concessão de confirmação baseada na memorização do catecismo do
Livro de Oração tendeu a fazer do “credalismo” um sinônimo eficaz para o cristianismo
nominal.4
Em resumo, quatro objeções ao uso sério de confissões ou credos têm surgido
historicamente e continuam a surgir hoje. Em primeiro lugar, no espírito de Thomas
Armitage, muitos sinceramente exortam em oposição às confissões devido ao princípio do
Sola Scriptura. Em segundo lugar, alguns argumentam que o uso de confissões dará uma
falsa confiança de que a verdade da Escritura se esgota na confissão e, assim, inibe o
verdadeiro crescimento no conhecimento das Escrituras. Uma pessoa sentirá que o
conhecimento da confissão é suficiente e, consequentemente, irá afastar-se da dinâmica
da viva Palavra de Deus. Em terceiro lugar, uma confissão pode ser usada como forma de
reprimir a busca genuína pela verdade, oferecer respostas artificiais a perguntas e ameaçar
aqueles que estão em uma fase de inquérito, tiranizando, assim, a tenra consciência de
crentes. Em quarto lugar, a aceitação mental das doutrinas da confissão serviu muitas
vezes como um substituto para a verdadeira conversão e levou à uma ortodoxia morta.
Objeções Consideradas em Geral
A administração de nossa herança espiritual exige que essas quatro áreas de preocupação
sejam abordadas com sinceridade e seriedade, pois elas não têm surgido em um vácuo.
2 Citado em The Unfettered Word [O Mundo Liberto], ed. Robison James (Waco: Word Books, 1987), p. 139.
Esta obra é citada no prefácio de um artigo intitulado “Creedalism, Confessionalism, and the Baptist Faith and
Message” [Credalismo, Confessionalismo e a Fé e Mensagem Batista]. Eu escrevi para este livro. O editor
procura apresentar um exemplo das “inclinações não confessionais de Batistas do Sul”. Algumas dessas
preocupações são abordadas neste artigo. Com a permissão do editor, Robison B. James, espero publicar
uma versão ligeiramente editada desse artigo na próxima edição de The Founders Journal.
3 Robert A. Baker, A Baptist Sourcebook [Um Manual Batista] (Nashville: Broadman Press, 1966), p. 22.
4 O Livro de Oração Comum afirma:
Tão logo filhos cheguem à uma idade em que se tornem capazes, e possam recitar em sua língua
nativa o Credo, a Oração do Senhor e os Dez Mandamentos; e também possam responder às outras
questões desse breve Catecismo; eles serão levados ao Bispo. E cada um terá um padrinho ou uma
madrinha, como um testemunho da sua confirmação.
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Qualquer uso de confissões que, de fato, usurpam o lugar da Escritura deve ser rejeitado,
ou pelo menos corrigido, e isso imediatamente. Além disso, nenhum lugar deve ser dado a
uma confissão para que ela sirva como uma síntese exaustiva da verdade bíblica. Sempre
devemos confessar: “Deus ainda tem mais luz para revelar através de Sua santíssima
Palavra”. Nem o ideal confessional deve ser autorizado para tiranizar a consciência de
qualquer pessoa. Um uso sensível e equilibrado para a instrução e disciplina não precisa
frustrar o inquérito sério ou reprimir a consciência de ninguém. Finalmente, quaisquer
efeitos deletérios que o confessionalismo teria sobre a compreensão da verdadeira
natureza da fé salvífica ou da necessidade absoluta do novo nascimento devem ser muito
lamentados e escrupulosamente evitados. Alguns dos que estão convencidos do poder e
clareza do Evangelho apontam para manifestações históricas, como prova dessas
tendências no uso de confissões. Elas devem demonstrar que o que eles temem é mais o
fruto do não-confessionalismo do que do confessionalismo.
Em segundo lugar, alegamos que os Batistas sempre reconheceram e evitaram esses
perigos. Desde que estes são abusos, eles não devem ser considerados inerentemente
essenciais à verdadeira força das confissões. A maioria deles surgem a partir do uso de
confissões numa situação de establishmentarian.5 A união entre a Igreja e Estado traz muito
mais males à igreja do que apenas o abuso de confissões. O abuso das Escrituras, o abuso
da lei, o abuso do estado, o abuso da igreja e o abuso do sistema penal todos resultam de
establishmentarian. No entanto, o abuso não exige a eliminação de qualquer dessas
instituições, mas exige sua purificação do constrangimento pecaminoso da união
igreja/estado. Esta realidade histórica explica a anedota de John Leland: “Às vezes, é dito
que os hereges são sempre avessos às confissões de fé. Eu gostaria de poder dizer o
mesmo a respeito dos tiranos”.6
A terceira observação geral sobre estas objeções aponta para a tendência que temos de
investir poder em qualquer auxílio de estudo ou figura de autoridade. O desenvolvimento
da doutrina da infalibilidade papal mostra o quão longe este abuso chegar. Em uma escala
mais reduzida, porém de acordo com o mesmo princípio, pode-se observar professores de
Escola Dominical colocando uma maior confiança na palavra dos professores que são
responsáveis pelas lições do trimestre do que na clareza da Palavra de Deus. Porém,
5 *Termo que denota o princípio de uma igreja ser reconhecido oficialmente como uma instituição nacional
(Nota de tradução).
6 James, p. 139.
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nenhum desses abusos significa que devemos evitar a submissão bíblica a um ministro que
é apto a ensinar ou que devemos rejeitar a ajuda de comentários para a compreensão das
Escrituras.
Objeções Examinadas em Particular
Contra o Sola Scriptura?
Agora, precisamos perguntar: “O uso consciente de uma Confissão de Fé usurpa o lugar
legítimo da Escritura na fé e prática de alguém?”. Se a confissão for como os artigos do
Concílio de Trento, teríamos de dizer: “Sim”. O Concílio de Trento coloca a tradição não
escrita ao lado da Escritura como uma autoridade e afirma que somente a igreja (o Papa)
tem o direito de interpretar as Escrituras. Mas as Confissões Protestantes têm quase
sempre apresentado e defendido a autoridade única da Escritura e têm resistido às
tentativas de estabelecer doutrinas em qualquer sentido, exceto por autoridade bíblica.
Citações bíblicas e provas escriturísticas incentivam o leitor a examinar as afirmações da
confissão à luz dos textos bíblicos.
Além disso, o contexto histórico dessas confissões nos lembra que seus subscritores, acima
de todos os homens, não tinham nenhum desejo de produzir algo que pudesse esconder a
Palavra de Deus dos olhos das pessoas. Por exemplo, uma leitura da Confissão das Igrejas
Reformadas da França mostra esta submissa consideração aos limites estabelecidos pela
Escritura regulando a composição da Confissão. Depois de afirmar a doutrina da Trindade
como “decidida por concílios antigos”, a Confissão continua, “nós recebemos e
concordamos com tudo que neles foi resolvido, como sendo extraído a partir das Sagradas
Escrituras, no que unicamente a nossa fé deve ser fundamentada, pois não existe nenhuma
outra testemunha adequada e competente para decidir o que é a majestade de Deus, senão
o próprio Deus”. As duas naturezas de Cristo demandam a nossa aprovação porque “temos
o Antigo e o Novo Testamentos como única regra de nossa fé, por isso, recebemos tudo o
que está de acordo com eles”. As orações aos mortos são rejeitadas porque rebaixam a
morte de Cristo e “resolvemos ser suficiente afirmá-lo, pela pura doutrina da Sagrada
Escritura, a qual não faz qualquer menção disso”. O culto a Deus deve ser feito de forma
simples, pois não estamos autorizados a “seguir o que pode ter sido concebido no cérebro
de outros homens, mas nos limitamos simplesmente à pureza das Escrituras”. Seguir as
tradições humanas produz tal perversidade da doutrina e prática “que estamos muito
determinados a não ultrapassarmos os limites da Escritura”. A época da Reforma produziu
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muitas confissões; isso também indica um compromisso profundo, puro e apaixonado pela
autoridade única das Escrituras.
A objeção às confissões, com base em sua tendência a substituir a Escritura me parece ser
uma quimera. Isso combina perigos fictícios com as piores características de uma
comunhão cristã que confessadamente não opera com base no Sola Scriptura. Na
realidade, a história demonstra que aqueles que valorizam suas confissões também dão a
mais intensa atenção à Escritura e têm o maior respeito pela pureza e consistência de suas
doutrinas. A perda de confiança na infalibilidade e consistência da Bíblia produz
naturalmente uma atitude cética em relação às confissões de fé.
Um exemplo radical dessa tendência pode ser visto na convicção de Edward Farley, que
devemos “nos recusar a fazer de qualquer coisa humana e histórica um absoluto atemporal,
estando acima do fluxo dos contextos e situações”. E qual exemplo ele nos oferece daquilo
que é “humano e histórico?” “Alguém se recusa a dar esta caraterística de atemporal e
incondicional a uma denominação, às próprias confissões, à própria herança e até mesmo
para a própria Escritura”. Posteriormente, Farley nos informa que “Deus pode estar
operando salvificamente através das comunidades de outras crenças religiosas, que o
budismo, o hinduísmo, o judaísmo e religiões nativas americanas são crenças verdadeiras
e que porque elas o são, nós podemos aprender com elas, mesmo tanto quanto elas
poderiam aprender conosco”.7
Se Farley é a voz profética para o anticonfessionalismo, devemos ver claramente que a sua
força motriz é a perda de qualquer crença no conhecimento humano de absolutos. Não
somente a confissão deve cair, a Sagrada Escritura deve cair, e eventualmente, qualquer
exigência da singularidade da redenção por Cristo crucificado deve ser chamada de
arrogante e intolerante. Parece-me que a mentalidade do não-confessionalismo é muito
mais perigosa e destrutiva do que a do confessionalismo jamais foi.
7 Edward Farley, “The Modernist Element in Protestantism” [O Elemento Modernista no Protestantismo], em
Theology Today [Teologia Hoje] XLVII. no. 2, pp. 141, 143. Farley é professor de Teologia da Vanderbilt
University Divinity School. Duas das principais questões do artigo de Farley são a “revisibilidade de
confissões” e a “abordagem histórica” da Escritura. Ele gostaria de ver muitos mais temas modernistas
inseridos nas confissões presbiterianas e parece modestamente concordar com a Confissão de 1967 por
causa de seu reconhecimento de que as Escrituras permanecem “não obstante as palavras de homens” e
são condicionadas pela linguagem, formas de pensamento e estilos literários das diferentes culturas e
circunstâncias históricas. É óbvio que ele reconhece que o forte confessionalismo tende a retardar o progresso
dos conceitos relativistas em relação à Escritura.
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Conhecimento Exaustivo Assumido?
“Confissões de fé, muitas vezes, não demandam nenhuma outra busca pela verdade”. Eu
sempre desejei poder perguntar a John Leland pessoalmente o que ele quis dizer com isso.
Ele poderia dizer, como já indicado acima, que alguns tratam uma confissão de fé como
uma amostra exaustiva da verdade bíblica. Ou talvez ele intencione dizer que a verdade
nesta forma “pré-digerida” incentiva uma confiança preguiçosa ou artificial que as pessoas
temem transgredir, em ambos os casos isso desencoraja as tentativas sérias de estudo
bíblico e exclui a compreensão de argumentos bíblicos de outros. Quando os Batistas foram
perseguidos na Virgínia e em Massachusetts, eles eram frequentemente perseguidos com
base em violações dos Trinta e Nove Artigos da Igreja Anglicana ou da Declaração de
Savoy adotada pelos Congregacionais e não receberam um julgamento justo caso em que
poderiam fazer uma defesa de seus princípios bíblicos. Este tipo de confessionalismo
acrítico e antibíblico poderia facilmente estar por trás das críticas de Leland.
Apesar de ser sensível a este abuso, devemos, contudo, afirmar que as vantagens superam
em muito esse possível uso lamentável das confissões. Em sua busca pela verdade,
Thomas Scott ao examinar os Trinta e Nove Artigos foi desafiado a uma busca incessante
da Escritura que o levou das heresias clássicas do Socinianismo e Arianismo para a
doutrina ortodoxa sobre Cristo. Eventualmente, os ensinamentos da Reforma sobre a
justificação pela fé e as doutrinas da graça se tornaram uma parte integrante da sua
teologia.8 Nenhuma defesa eloquente do princípio do Sola Scriptura e do poder expansivo
8 Veja Thomas Scott, The Force of Truth [A Força da Verdade]. A edição que tenho usado também contém
os seus sermões “Growth in Grace” [Crescimento em Graça] “Repentance” [Arrependimento] e “Election and
Perseverance” [Eleição e Perseverança] (Halifax: William Milner, 1844). pp 7-98. O livro foi publicado pela
primeira vez em 1779. No prefácio à nona edição publicada em 1812, Scott escreveu: “[o autor] está mais do
que nunca mui plenamente confirmado em seu julgamento sobre a doutrina contida neste”. O relato de Scott
sobre a interação entre a sua leitura da literatura evangélica, sua contemplação do credo da igreja e seu
estudo bíblico pessoal formam um dos estudos mais interessantes de peregrinação teológica com o qual
estou familiarizado. Ele confessa que a doutrina da Trindade, que fala de pessoas co-iguais na unidade da
Divindade não estava em nenhuma parte de seu credo e que ele tinha “disputado com os artigos da igreja
estabelecida sobre esta doutrina” (p. 53). O testemunho universal dos credos, no entanto, além da leitura de
literatura contemporânea o constrangeram à análise cuidadosa e intensa meditação sobre as Escrituras, o
que acabou levando-o a adotar a doutrina de uma “Trindade na Unidade”. Da mesma forma, a sua luta em
relação às doutrinas da graça envolveu a mesma dinâmica. Scott lembra:
Até agora, eu tinha intencionalmente preterido e negligenciado, ou me esforçado para conceber alguma
outra compreensão sobre todas as partes da Escritura que falam diretamente disso, mas agora eu
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de estudo bíblico pode ser afirmada mais do que a de Scott.9 No entanto, isso não envolveu
qualquer difamação das confissões, mas exemplificou o benefício positivo delas.
Em vez de dificultar a compreensão da verdade por parte de alguém, as confissões e credos
são projetados para expandi-la. As confissões, enquanto surgem do entrosamento entre
palavra e a experiência, previnem o leitor de interpretações destrutivas da Escritura e lhe
ensinam as verdades vitais, as quais ele deve examinar segundo as Escrituras.
Violação da Consciência?
A terceira objeção, a alegação de que as confissões tiranizam a consciência, sofre de uma
mistura acrítica da teoria política e eclesiologia. J. P. Boyce se refere a esta tendência em
Three Changes in Theological Institutions [Três Mudanças em Instituições Teológicas]. Ele
observou que outras denominações acham que os Batistas não têm usado credos porque
o princípio da liberdade de consciência “proibiu a imposição de sanções civis sobre aqueles
que têm divergido de nós”. Na verdade, muitos Batistas aceitam esta opinião e deturpam a
prática Batista. Boyce diz: “É suficiente dizer que temos simplesmente sustentado que as
sanções civis não são os meios de punir os membros da igreja de Cristo que cometem
alguma ofensa”, e: “As ideias que temos sustentado sobre a natureza espiritual do reino de
Cristo têm desenvolvido o princípio da liberdade de consciência e nos impedem de infligir
punição corporal ou a sujeição a qualquer sanção civil”. Nós, igualmente, devemos
comecei a considerar, meditar e orar a respeito; e eu logo descobri que não poderia sustentar as minhas
antigas interpretações. Elas ensinaram a predestinação, eleição e perseverança final, apesar de toda
a minha luta e exposição. Também me ocorreu que essas doutrinas, apesar de agora se encontrarem
em declínio, foram universalmente cridas e confirmadas por nossos veneráveis reformadores; foram
admitidas no início da reforma pelos credos, catecismos ou artigos de cada uma das igrejas
protestantes; que os nossos artigos e homilias expressamente as sustentam; e, por conseguinte, que
um grande número de homens sábios e sóbrios... por meio de deliberação madura, concordaram... que
elas eram verdadeiros... úteis, [e]... necessários artigos de fé (p. 60).
9 Ibid., pp. 80-86. Em um ponto Scott diz: “Nós também somos muito propensos, ao nos beneficiarmos do
trabalho de críticos e expositores, a renunciar implicitamente à orientação deles e imaginar que temos a prova
suficiente de nossas doutrinas, se pudermos produzir a chancela de algum grande nome que as tenha
recebido e afirmado, sem examinar cuidadosamente se elas são corretas ou erradas; mas isso é prestar honra
à interpretação humana, a qual é devida apenas ao Livro de Deus, sobre o qual os comentários são feitos”.
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reconhecer que a espiritualidade da igreja demanda de nós a “necessidade de excluir
aqueles que abandonaram a simplicidade que há em Cristo”.10
A queixa de que os credos constituem uma violação aos direitos da consciência foi uma
das peculiaridades de Alexander Campbell. A lógica disso foi rejeitada por Robert Semple,
da Virgínia, que chamou esse ponto de vista, entre outros, de “contrário ao dos Batistas em
geral”. Um dos pontos de discordância listado pelas associações Batistas que
excomungaram os seguidores de Campbell foi a alegação destes de “que nenhum credo é
necessário para a Igreja, exceto as Escrituras como elas estão”.11 Os Batistas certamente
não estavam negando a suficiência das Escrituras e nem a necessidade de liberdade de
consciência, mas viram claramente que não há inconsistência entre essas convicções e o
uso de um “credo”.
Uma confissão usada corretamente é uma ajuda pedagógica maravilhosa para todos os
crentes. A subscrição a ela não precisa ser imediata, mas pode vir gradualmente. Alguns
podem ser muito jovens na fé para compreender suas conexões e importância. Ninguém,
no entanto, deve opor-se à confissão. Se depois de estudo maduro e completo uma pessoa
concluir que ele não subscreve a confissão, ela deve determinar se o assunto é
adiaforístico12 para si ou uma questão de consciência. Se é questão de consciência, ele
pode sair sem que qualquer um busque forçá-lo a fazer o contrário. Desta forma, a sua
consciência não é tiranizada e a unidade da igreja não é violada. Uma postura confessional
para uma igreja não implica nem em divisão e nem tirania. Em vez disso, ela honra, informa
e protege a consciência de todos e auxilia na produção da unidade.
Regeneração Confessional?
A identificação da ortodoxia confessional com o verdadeiro Cristianismo é, talvez, o perigo
mais sutil e historicamente demonstrável do Cristianismo confessional. O período do
confessionalismo Luterano no século XVII produziu lutas e contendas na teologia alemã,
mas pouca piedade observável. Philip Jacob Spener lamentou esta condição e falou de
10 J. P. Boyce, “Three Changes in Theological Institutions” [Três Mudanças em Instituições Teológicas], em
Timothy George, ed. James Petigru Boyce: Selected Writings [James Petigru Boyce: Obras Selecionadas]
(Nashville: Broadman Press, 1989) pp. 55, 56.
11 Baker, Sourcebook [Manual], p. 78.
12 Adiaforístico: refere-se às coisas que são moralmente indiferentes (Nota de tradução).
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pregadores que “tendo aprendido alguma coisa da letra das Escrituras, compreenderam e
concordaram com a doutrina verdadeira, e, inclusive, sabiam como pregar a outros”, mas
não eram pessoalmente familiarizados com a “verdadeira luz celeste e a vida de fé”.13
Spener afirmava as Confissões Luteranas e declarou a sua teologia em termos
confessionais. Ele começou os principais erros do movimento Pietista, no entanto, estes
foram desenvolvidos a partir do entusiasmo não-confessional de seus seguidores.
O Congregacionalismo da Nova Inglaterra murchou sob o uso errado da ortodoxia
confessional. Este abuso tornou-se institucionalizado no Pacto do Meio-termo de 1662
[Halfway Covenant of 1662]. Quando os Batistas independentes surgiram do movimento
Congregacional New Light [Nova Luz] no Primeiro Grande Avivamento, eles tinham um
medo legítimo do abuso das confissões. Este temor por um tempo impediu a união dos
Batistas Independentes com os Batistas Regulares. Os independentes expressaram
resistência a “serem obrigados e dificultados pelos artigos e Confissões”. Eventualmente,
a união ocorreu com base em confissões de fé comum.
No entanto, a aceitação de confissões, não significa incentivar a perda de uma teologia
sobre a conversão. Quem eram mais insistentes sobre o novo nascimento em sua pregação
do que George Whitefield e Jonathan Edwards? Ambos eram confessionais. Ninguém
jamais produziu uma obra teológica mais experimental e de apelo à conversão do que
Edwards, em: “A Divine and Supernatural Light, Immediately imparted to the Soul by the
Spirit of God, Shown to be both a Scriptural and Rational Doctrine” [Uma Luz Divina e
Sobrenatural, imediatamente comunicada à Alma pelo Espírito de Deus, Demonstrada ser
tanto uma Doutrina Bíblica quanto Racional]. Ao falar sobre a soberana e imediata obra de
Deus na regeneração, Edwards conclui: “Sim, o menor vislumbre da glória de Deus na face
de Cristo eleva e enobrece mais a alma do que todo o conhecimento daqueles que têm a
maior compreensão especulativa sobre a teologia, mas que não possuem a graça”.14
Edwards destaca a distinção entre conhecimento especulativo e a verdadeira graça de
forma brilhante em seu sermão “True Grace Distinguished from the Experience of Devils”
[A Verdadeira Graça Distinguida da Experiência dos Demônios], onde ele diz que “nenhum
grau de conhecimento especulativo da religião é qualquer sinal seguro da verdadeira
13 Philip Jacob Spener, Pia Desideria (Philadelphia: Fortress Press, 1964) trad. Theodore G. Tappert, p. 46.
14 Jonathan Edwards, “A Divine and Supernatural Light” [Uma Luz Divina e Sobrenatural], em The Works of
Jonathan Edwards [As Obras de Jonathan Edwards], 2:17. Itálicos meus.
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piedade”. E, novamente: “O diabo é ortodoxo em sua fé; ele crê no verdadeiro padrão
doutrinário; ele não é deísta, sociniano, ariano, pelagiano ou antinomiano; os artigos de sua
fé são todos sãos, e neles ele está completamente firmado”.15 Estes fatos em si, no entanto,
não tornam o Cristianismo confessional mais perigoso do que o Deísmo, Socinianismo ou
Arianismo o tornam seguro. A questão é que o novo nascimento é essencial em qualquer
caso, e nada, mesmo outras coisas dadas por Deus, pode substituí-lo.
Conclusão
Nenhuma das objeções à teologia confessional são consistentes. Ou elas são feitas contra
abusos ou surgem de um ceticismo latente, ou, muitas vezes, evidente. Os abusos devem
ser evitados e o ceticismo deve ser confrontado. As confissões têm uma contribuição
positiva e edificante na vida da Igreja e do Cristão individual.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!
15 Edwards, p. 43.
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10 Sermões — R. M. M’Cheyne
Adoração — A. W. Pink
Agonia de Cristo — J. Edwards
Batismo, O — John Gill
Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo
Neotestamentário e Batista — William R. Downing
Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon
Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
Doutrina da Eleição
Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos
Cessaram — Peter Masters
Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da
Eleição — A. W. Pink
Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer
Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida
pelos Arminianos — J. Owen
Confissão de Fé Batista de 1689
Conversão — John Gill
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Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins
Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink
Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne
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Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
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Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval
Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.