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.JOHN BUNYAN E A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO

BEN ROGERS

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Traduzido do original em Inglês

John Bunyan and the Extent of the Atonement

By Ben Rogers

Via: Founders.Org

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Junho de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão

do Ministério Founders Ministries (Founders.org), sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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John Bunyan e a Extensão da Expiação Por Ben Rogers

[Founders Journal 82 • Outono de 2010 pp. 17-31]

Em Todo Aquele Que Quiser: Uma Crítica Bíblico-Teológica dos Cinco Pontos do Calvinis-

mo, David Allen, Decano da Faculdade de Teologia da Southwestern Baptist Theological

Seminary, argumentou que John Bunyan não afirmou a doutrina da expiação limitada¹. Dr.

Allen não é o único estudioso que, nos últimos anos, pôs em dúvida o assentimento de

Bunyan a esta doutrina. David Wenkel argumentou em um artigo recente, que nos seus

primeiros escritos Bunyan demonstrou uma “propensão Amyraldiana por combinar

particularismo real com universalismo hipotético”².

Bunyan foi um “alto Calvinista”? Será que ele afirmou a doutrina da expiação limitada? Allen

e Wenkel dizem que não, mas este artigo assume a posição oposta. John Bunyan, de fato,

sustentou a doutrina da expiação limitada. Além disso, os escritos de Bunyan não demons-

tram a “conversão” a esta posição no final da vida: Bunyan esteve comprometido com a

doutrina da expiação limitada ao longo de sua carreira ministerial e publicações. Este estu-

do começa com um exame de reflexões maduras de Bunyan sobre a extensão da expiação

que demonstram um compromisso claro e definido quanto à doutrina da expiação limitada.

Conclui-se respondendo a várias objeções ao “alto Calvinismo” de Bunyan por toda a vida.

Pensamento Maduro de Bunyan Sobre a Extensão da Expiação

John Bunyan acreditava que as Escrituras ensinam que a intenção de Deus na expiação

era a redenção dos eleitos e somente deles, e que isso foi total e efetivamente consumado

na cruz. Esta convicção sobre a intenção e realização da expiação é evidente através de se-

us escritos, mas torna-se mais clara e maduramente articulada em suas obras posteriores³,

principalmente enquanto ele reflete sobre a obediência ativa de Cristo, o sumo sacerdócio

de Cristo, e a teologia pactual.

A justificação pela fé é o coração do Evangelho e da vida Cristã para John Bunyan. Ele de-

fendeu que em numerosas ocasiões dos erros dos Ranters e Quakers, e essa doutrina en-

contra expressão, de uma forma ou estrutura, em quase todos os escritos ou tratados que

ele publicou. Para Bunyan, a obediência vicária de Cristo não só é aplicada à Sua morte,

mas também à sua vida. Cristo não somente levou os pecados dos eleitos; Ele cumpriu

toda a Lei em seu lugar também4. Assim, em suas obras posteriores pode-se encontrar o

comprometimento de Bunyan com a expiação limitada claramente articulado em várias

descrições da obediência vicária de Cristo ou de Sua obediência ativa em lugar dos eleitos.

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Em O Conhecimento Dos Santos Sobre O Amor De Cristo (1692) Bunyan fala da obediência

ativa e passiva de Cristo como pertencentes aos eleitos e somente a eles. Para o “povo de

Deus”, Bunyan escreve, “toda a Sua vida [de Cristo], (bem como a Sua morte) foi uma vida

de mérito, compra e merecimento”5. Em sua exposição da parábola do fariseu e do

publicano (1685), Bunyan afirma que Cristo cumpriu a Lei por nós:

E, portanto, diz-se, o que Cristo fez, Ele o fez por nós; Ele tornou-Se o fim da lei para

nos justificar; Ele sofreu por nós; Ele morreu por nós; Cristo deu a Sua vida por nós,

e Ele deu a Si mesmo por nós. A justiça, então, que Cristo cumpriu, quando Ele estava

no mundo, não era para Si mesmo simplesmente considerada, nem para Si mesmo

considerada pessoalmente, pois Ele não tinha necessidade da mesma; mas foi pelos

eleitos, os membros do Seu corpo... Esta justiça, então, mesmo a totalidade do que

Cristo fez em resposta à lei, isso foi pelos Lhe pertenciam, e Deus o colocou sobre

eles6.

A mesma ênfase pode ser encontrada em Privilégio E Benefício Dos Santos (1692). Aqui,

em elaboração sobre o simbolismo do arco-íris ao redor do trono da graça em Apocalipse

4:1-3, Bunyan novamente retorna à obediência vicária de Cristo em nome dos eleitos:

A soma, então, é que pelo circundar do arco-íris no trono da graça em que Deus está

sentado para ouvir e responder às petições de Seu povo, devemos entender a justiça

da obediência de Jesus Cristo, que nos dias de Sua carne, Ele efetuou e realizou para

o Seu povo; pelo que a justiça de Deus é satisfeita, e a pessoas deles justificadas, e

assim eles são feitos aceitáveis a Ele7.

Para John Bunyan, toda a obediência de Cristo, tanto ativa quanto passiva, foi realizada

pelos eleitos e pelos eleitos somente. Bunyan acreditava que Deus, o Pai, pretendeu que

Deus o Filho providenciasse justiça real pelos pecadores caídos, e ainda assim, eleitos. E

Bunyan acreditava firmemente que Cristo perfeitamente cumpriu isso nos dias de Sua

carne.

Além da doutrina da obediência ativa de Cristo, o sumo sacerdócio de Cristo tornou-se um

tema de destaque nos escritos posteriores de Bunyan. No último ano de sua vida (1688)

Bunyan publicou A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado. Neste tratado, o autor

demonstra como a obra de Cristo como Sumo Sacerdote, está relacionada com a extensão

da expiação. Sob o que é tradicionalmente assinalado como o ofício de Cristo, o Sumo

Sacerdote, Bunyan distingue três ofícios: O Ofício de Sacrifício, o Ofício de Pastor e o Ofício

de Advogado. Embora estes sejam três ofícios separados e distintos, há uma harmonia

entre eles8 como um Sacrifício, os pecados dos eleitos são colocados sobre Cristo9. Como

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um Sacerdote, Cristo tem dois deveres: Ele deve oferecer o sacrifício de Si mesmo ao Pai,

e interceder por aqueles por quem Ele morreu10. E, como um advogado, Cristo Se ergue e

pleiteia os méritos de Seu sangue por aqueles santos que Satanás acusa no tribunal da

justiça de Deus.

Neste tratado Bunyan deixa claro que nem todo mundo tem a Cristo por um advogado,

porque a defesa de Cristo está fundamentada sobre Seu sacrifício: os eleitos têm Cristo por

um advogado, porque Ele morreu por eles. No tribunal, este advogado “pleiteia o preço

pago, a propiciação feita; e isso é uma grande vantagem; sim, Ele pleiteia uma satisfação

feita por todos os erros cometidos, que que serão cometidos, por Seus eleitos”11. Os

réprobos, no entanto, não têm esse benefício. Nenhum tal sacrifício permanece em nome

deles12.

Em Cristo, O Salvador Completo, publicado quatro anos após a morte do autor, em 1692,

Bunyan, mais uma vez retorna ao tema da obra sacerdotal de Cristo. Esta obra é um tratado

sobre a obra de intercessão de Cristo e aqueles que têm o privilégio disso. Bunyan, como

o seu amigo John Owen, argumenta que o sacrifício de Cristo não pode ser dissociado de

Sua intercessão; a última é baseada no primeiro e o completa; assim, Cristo é um Salvador

completo. A salvação completa envolve tanto a justificação dos eleitos, que ocorreu na cruz,

quanto a preservação dos eleitos, que é realizada pela intercessão de Cristo, o Sumo

Sacerdote. Todo o argumento do tratado pode ser resumido na seguinte forma: Cristo ora

pelos eleitos, porque Ele pagou pelos eleitos, e somente por eles.

Algumas das declarações mais claras que Bunyan faz sobre a extensão da expiação pode

ser encontrada em sua explicação sobre a interligação do sacrifício e intercessão de Cristo

nesta obra. Nas páginas de introdução de Cristo, O Salvador Completo, Bunyan fala especi-

ficamente dos eleitos como aqueles por quem Cristo ora e morreu. Ele escreve:

Ele ora por todos os eleitos, para que eles sejam levados para casa, para Deus... E a

razão é: por que Ele pagou um resgate por eles. Cristo, portanto, quando intercede

pelos ímpios, e todos os eleitos não-convertidos são assim, apenas pleiteia suplican-

temente pelos Seus próprios, Seus comprados, aqueles por quem Ele morreu antes

que eles fossem salvos pelo Seu sangue”13.

Na página seguinte, Bunyan discute o interesse de Cristo pelos eleitos: Ele tem interesse

nos eleitos, e, assim, Ele os comprou e ora por eles14. Posteriormente, no tratado, Bunyan

sugere que Cristo não somente ora pelos eleitos com base no Seu sacrifício em Seu nome,

mas os homens piedosos agem assim. Bunyan escreveu: “Ele (o homem piedoso) se

aproxima de Deus pela vivificação do ajuntamento dos Seus eleitos; pois é uma aflição para

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ele pensar que muitos daqueles por quem Cristo morreu ainda estejam em uma postura de

hostilidade contra Ele”15. Finalmente, Bunyan especificamente menciona o “comprimento e

a largura” de Sua intercessão e expiação. Bunyan define a intercessão de Cristo como:

Por intercessão, então, eu quero dizer a intercessão de Cristo, é que aqueles por

quem Ele morreu com plena intenção de salvá-los, sejam trazidos para a herança que

Ele adquiriu para eles. Agora, então, Sua intercessão não deve, quanto à extensão e

largura, chegar mais longe do que os Seus méritos, pois Ele não pode orar por aqueles

por quem Ele não morreu...

Bunyan continua:

Mas isso, eu digo, Sua intercessão é por aqueles por quem Ele morreu com plena

intenção de salvá-los; portanto, ela deve ser fundamentada sobre a validade de Seus

sofrimentos. E, de fato, Sua intercessão não é outra coisa, que eu saiba, senão uma

apresentação do que Ele fez no mundo por nós, para Deus, e instar o valor disso para

a nossa salvação16.

Bunyan acreditava que era a intenção do Pai que o Filho, como Mediador, Se tornasse um

Sacrifício, Sumo Sacerdote e Advogado pelos eleitos e pelos eleitos somente. Ele não podia

conceber que Cristo morresse por aquele por quem Ele não oraria: “Sua intercessão não

deve, quanto à extensão e largura, chegar mais longe do que os Seus méritos, pois Ele não

pode orar por aqueles por quem Ele não morreu”. A compreensão de Bunyan sobre o

sacrifício de Cristo e a compreensão de Bunyan sobre a intercessão e a advocacia de Cristo

não podem ser separadas uma da outra.

A obediência ativa de Cristo e Sua obra sacerdotal são ambas baseadas na teologia pactual

de Bunyan17. Como as doutrinas acima mencionadas, o Pacto das Obras e o Pacto da

Graça foram alguns dos temas teológicos favoritos de Bunyan. Eles, assim como as outras

duas doutrinas, recebem tratamento significativo em todos os escritos de Bunyan, e, como

as outras duas doutrinas, a teologia pactual de Bunyan, particularmente como ele a trata

em seus últimos escritos, demonstra um comprometimento firme com a expiação limitada.

Bunyan acreditava que todos os homens nasceram sob um pacto de obras onde bênçãos

e vida foram prometidos pela obediência perfeita, e maldições e condenação eram amea-

çadas em caso de desobediência. Através do pecado de Adão e Eva, sua culpa e natureza

decaídas foram transmitidas aos seus descendentes; o Pacto das Obras não mais oferece

bênçãos e vida. No entanto, Deus em Sua graça estabeleceu um Pacto de Graça para

redimir os pecadores. Neste Pacto da Graça, Deus, o Pai, fez um contrato ou pacto com

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Deus, o Filho, pela salvação eterna de um número fixo de pecadores caídos chamados de

os eleitos, que o Pai escolhera para demonstrar a Sua livre graça e misericórdia. Neste

pacto de graça, o Filho tornou-Se fiador pelos eleitos e sua Cabeça representativa (cabeça

federal, pessoa pública), prometendo vir à Terra, obedecer à Lei, prover-lhes a justiça,

sofrer por seus pecados, oferecer expiação pelos seus pecados, e reconciliá-los com Deus.

Em O Conhecimento Dos Santos Sobre O Amor De Cristo (1692), Bunyan enfatiza uma e

outra vez que toda a atividade redentora de Cristo é voltada exclusivamente para os eleitos

e para eles somente. Bunyan escreve: “O amor em Cristo não lança-se sobre objetos inde-

vidos ou ilícitos; nem se recusa a abraçar o que pela Aliança Eterna é capaz de abraçar”18.

Ele continua a dizer que a morte de Cristo como uma Pessoa pública (como representante

federal) foi apenas pelos eleitos. Bunyan escreve:

Portanto, esta morte por nós, foi tão virtuosa, que no espaço de três dias e três noites,

ela reconciliou com Deus no corpo da Sua carne como uma Pessoa comum, todos e

cada um dos eleitos de Deus. Cristo, quando dirigiu-Se para morrer, apresentou-Se

ao Juiz da Lei, como uma Pessoa comum; permanecendo em proveito, posição e lugar

de todos por quem Ele empreendeu isso.

Bunyan continua:

Então, Cristo na vida e morte é estabelecido pelo Pai para viver e morrer como uma

Pessoa comum ou pública, representando todos nesta vida e na morte, por quem Ele

se comprometeu, tanto a viver quanto a morrer. Então, é necessário que haja, o que

ocorre ao redor desta pessoa comum, isso ocorra sobre Ele com respeito a eles, em

cujo lugar e posição Ele Se levantou e sofreu19.

Cristo tem interesse nos eleitos porque o Pai fez com dEle Fiador por eles no Pacto da

Graça20. Mas Cristo não tem interesse naqueles em quem o Pai deixou em seus pecados,

e reprovou quanto à salvação. Ele não é o Mediador deles, e, assim, Ele não é o Sacrifício,

nem o Sumo Sacerdote, nem o Intercessor ou Advogado deles. Portanto Bunyan pode

dizer:

Quantos milhares há por quem Cristo sequer abre a boca uma única vez, mas deixa-

os às acusações de Satanás, e ao julgamento de Acabe, não, pior, porque não há

ninguém que defenda a sua causa? E por que Ele não se preocupa com eles? Porque

Ele não está interessado neles: “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por

aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas

coisas são minhas; e neles sou glorificado”21.

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As experientes expressões de Bunyan sobre a teologia pactual demonstram um compro-

misso claro com a doutrina da expiação limitada. Bunyan parece estar quase totalmente

despreocupado com o que a morte de Cristo significa para aqueles que têm sido reprovados

para a salvação. Toda a ação redentora de Cristo é direcionada para os eleitos e para eles

somente. Por causa deles, Ele tornou-Se o homem, cumpriu as exigências da Lei, sofreu

por seus pecados como um sacrifício, ora por eles como um intercessor, e os defende como

um Advogado.

Apesar da clareza com que Bunyan articula sua compreensão da extensão da expiação em

suas últimas obras, o seu compromisso com a expiação limitada continua a ser uma

questão de debate. Aqueles que veem Bunyan ou como um Calvinista de quatro pontos ao

longo da vida ou um convertido ao “alto Calvinismo” mais tarde na vida geralmente apelam

para os seus primeiros escritos, antes da prisão; seus apelos evangelísticos; a “todos” ou

textos do “mundo”; ou a Reprovação Afirmada para apoiar a posição deles. É para essas

objeções que nos voltamos agora.

Bunyan e a Extensão da Expiação Antes da Prisão (1656-1660)

John Bunyan publicou quatro obras antes de sua prisão. Sua primeira obra publicada é

intitulada Algumas Verdades Do Evangelho Desveladas De Acordo Com As Escrituras

(1656). Esta obra é ao mesmo tempo uma polêmica dirigida contra os erros Cristológicos

dos Quakers e uma apresentação evangelística do Evangelho dirigida aos não-convertidos.

Em 1657, Bunyan publicou a sua segunda obra, Uma Reivindicação de Verdades do

Evangelho Desveladas de Acordo Com as Escrituras, em resposta às objeções de Quakers

à sua primeira publicação. Em sua terceira obra, Alguns Suspiros do Inferno (1658), Bunyan

se volta das polêmicas Quakers para a exposição da Parábola do Homem Rico e Lázaro,

de Lucas 16. E a sua quarta e última publicação antes da prisão é A Doutrina Da Lei E

Graça Desvelada (1660), que é a primeira grande apresentação do autor de sua teologia

pactual.

Em cada uma dessas obras, há uma série de declarações que parecem sugerir que Bunyan

não sustenta a doutrina da expiação limitada. Em Algumas Verdades Do Evangelho

Desveladas, Bunyan diz que “Ele (Cristo) foi enviado de Deus para morrer pelos pecados

do mundo”22. Mais uma vez, em Uma Reivindicação De Verdades Do Evangelho Desve-

ladas De Acordo Com As Escrituras, Bunyan escreve: “E assim na natureza do homem, Ele

Se tornou o Cordeiro de Deus, ou o sacrifício de Deus, que tirará os pecados do mundo”23.

Bunyan faz uma declaração semelhante em Alguns Suspiros Do Inferno. Ele escreve: “Ó

Senhor Jesus! Que fardo Tu levaste! Que fardo Tu carregaste, os pecados do mundo, e a

ira de Deus”24. E em A Doutrina Da Lei E Graça Desvelada, Bunyan faz uma série de

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declarações que parecem sugerir que ele sustentava uma visão da expiação geral. Bunyan

explica que Cristo assumiu as condições do Pacto porque “Deveria haver uma completa

satisfação dada a Deus pelos pecados do mundo; pois esta foi uma grande coisa que foi

acordada quando o Pacto foi feito”25. E, novamente, Bunyan escreve que Cristo na cruz

olhou como se “o pecado do mundo inteiro estivesse sobre Si”, e que Deus considerou que

Ele era “não somente um pecador, mas a própria massa do pecado do mundo todo, e

condenou-O de forma tão severa como se Ele não fosse outra coisa, senão pecado”26.

Embora essas citações pareçam definir um compromisso de Bunyan com uma visão geral

da expiação, um exame mais detalhado dessas obras revela que tal conclusão é desneces-

sária e injustificada. Em primeiro lugar, apesar de existirem algumas declarações como

estas nos primeiros escritos de Bunyan, há também inúmeras declarações nessas mesmas

obras que sugerem que Bunyan sustentou a expiação limitada. Tome-se, por exemplo:

Algumas Verdades Do Evangelho Desveladas De Acordo Com As Escrituras27. O autor in-

troduz a obra com uma discussão a respeito de Cristo como Salvador e explica obra salva-

dora de Cristo em termos de aliança: Deus previu a Queda do homem, Deus predestinou

alguns dentre os pecadores caídos para a salvação, e Cristo comprará a redenção para

eles. Bunyan escreve: “Deus, vendo que nós transgrediríamos, e quebraríamos o Seu man-

damento, escolheu, antes, alguns dos que cairiam, e deu-lhes a Ele, para que posterior-

mente os comprasse efetivamente”28. Bunyan continua: “Deus tendo assim designado em

Si mesmo, que Ele salvaria alguns daqueles que pela transgressão haviam se destruído,

com o Filho eterno do Seu amor fez um Pacto, ou acordo, que em tais e tais termos, Ele

Lhe daria um ajuntamento daquelas pobres almas que haviam caído, pela transgressão, de

sua própria inocência e retidão, naquelas invenções perversas que eles mesmos haviam

procurado”29. Bunyan também menciona o sacerdócio de Cristo em sua discussão sobre

as condições do Pacto que Cristo cumpriu pelos eleitos. Nesta discussão Bunyan menciona

que Cristo ora pelos eleitos e somente por eles, referindo-se a eles como aqueles “por quem

Eu pactuei conTigo (o Pai)”30. Posteriormente, no tratado, Bunyan limita especificamente a

morte de Cristo aos eleitos. Ele escreve que Cristo veio para “remir os que estavam sob a

Lei”, e, em seguida, ele esclarece o seu significado, dizendo: “ou seja, para resgatar da

maldição da lei os tais que estavam ordenados para a vida eterna”31. E novamente, Bunyan

fala de Cristo levando os pecados dos crentes, e não os pecados de toda a raça humana.

Bunyan escreve: “Nunca houve qualquer um capaz de tirar os pecados de todos os crentes

no mundo, que alguma vez existiram, que existem agora, que existirão no futuro, senão o

verdadeiro Deus”32.

Em segundo lugar, a afirmação de que Bunyan rejeitou a doutrina da expiação limitada co-

mo evidenciado por seus primeiros escritos repousa quase exclusivamente nos termos

“todos” e “mundo”. No entanto, alguém não deveria assumir que quando Bunyan fala de

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“mundo” e “todos” ele tem em mente todos os membros da raça humana. Como será de-

monstrado a seguir, Bunyan pode e usa esses termos em referência aos eleitos somente.

Em terceiro lugar, a própria experiência da conversão de Bunyan antes destes escritos e

os seus escritos imediatamente após mostram que o “alto Calvinismo” era a posição

teológica padrão de Bunyan. Em Graça Abundante, a autobiografia espiritual de Bunyan, o

autor narra um julgamento severo que ocorreu antes de sua carreira de publicação que só

poderia afligir alguém que estava comprometido com a doutrina da expiação limitada: ele

temia que ele pertencia àqueles pelos quais Cristo não morreu33. E, pouco depois de sua

prisão, Bunyan publicou Um Mapa Que Mostra A Ordem E As Causas Da Salvação E

Condenação (1673). Esta ilustração do desenrolar dos decretos Divinos descreve o “alto

Calvinismo” supralapsariano e foi baseado em ilustrações semelhantes às feitas por William

Perkins e Teodoro de Beza34. Portanto, apresentado o “alto Calvinismo” de Bunyan, tanto

antes e depois das obras em questão, as numerosas declarações limitantes encontradas

em todas as quatro obras, e sua interpretação cheia de nuances quanto às palavras como

“todos” e “mundo”, não se deve concluir que o pensamento inicial de John Bunyan sobre a

expiação é substancialmente diferente do seu pensamento maduro. A diferença é de cla-

reza de pensamento e apresentação, não a substância.

A Pregação Evangelística de Bunyan

É um fato indiscutível que John Bunyan pregou para a conversão. Na verdade, não é um

exagero dizer que essa era a força motriz de seu ministério de pregação. “Eu encontrei o

meu espírito mais inclinado”, escreveu Bunyan em sua autobiografia, “pelo despertamento

e pela obra de conversão... Na minha pregação eu tenho estado realmente em dor, tenho

tido, por assim dizer, dores de parto para dar à luz filhos a Deus; nem eu poderia estar

satisfeito a menos que alguns frutos aparecessem em meu labor”35. Esse impulso evange-

lístico também é evidente em seus escritos: quase toda a obra que veio de sua pena inclui

uma ou mais chamadas aos pecadores para que venham a Cristo para a salvação.

Para alguns, esse tipo de zelo evangelístico é incompatível com “alto Calvinismo”, em

particular a doutrina da expiação limitada. Argumenta-se que não se pode realmente ofere-

cer o Evangelho a todos os homens, porque Cristo não morreu para comprar todos os

homens. Por isso, alguns concluíram que o zelo evangelístico de Bunyan é prova de que

ele rejeitou a doutrina da expiação limitada.

Tomemos, por exemplo, A Pecadora Jerusalém Salva; Ou A Boa Nova Aos Mais Vis Dos

Homens (1688). Bunyan diz que espera que esta obra seja “um tratado comovente que

tende a converter pecadores”36. O Evangelho deve ser pregado a todos, Bunyan argu-

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menta, começando com o mais vil dos homens, ou seja, os pecadores de Jerusalém. Em

passagens desta obra, Bunyan parece sugerir que Cristo morreu por todos os homens. Em

resposta a uma objeção da pecadora Jerusalém, Bunyan pleiteia com o incrédulo para que

não deixe que a zombaria de outros o impeça da vida eterna:

Tua teimosia afeta, aflige o coração do Teu Salvador. Tu não te importas com isso?

No passado, Ele viu a cidade, chorou sobre ela. Tu não podes ouvir isso, e não se

preocupar. Cristo chorará ao ver a tua alma ir para a destruição, e tu zombarás de ti

mesmo desta forma? Sim, Cristo, que é eternamente feliz sem ti, estará mais aflito

com a ideia de perda de tua alma, do que tu, que és certamente eternamente

miserável se negligenciares o achegar-se a Ele. Aquelas coisas que separam a ti e o

teu Salvador, de tua parte, são apenas bolhas; a menor dor de uma aflição apresen-

tará a ti, o que agora tu pensas ser digno de arriscar o gozo do Céu37.

Bunyan continua:

Tu não tens racionalidade? Tu não podes, uma vez, pensar sobriamente sobre a hora

da tua morte, ou para onde a tua vida pecaminosa irá conduzir-te, a seguir? Porventu-

ra, não tens consciência? ou tendo uma, ela está tão grandemente endurecida pelo

pecado, ou feita tão enfadada com o chamado mal sucedido sobre ti, que ela desiste,

e não se importa mais contigo? Miserável homem! teu estado é lamentável. Não tens

juízo? Tu não consegues concluir que ser salvo é melhor do que queimar no inferno?

e que a vida eterna com o favor de Deus, é melhor do que a vida temporal no desa-

grado de Deus? Não tens afeição, senão a que é brutal? o quê, nenhuma em abso-

luto? Nenhuma afeição pelo Deus que te criou? O quê! Nenhuma por Seu Filho

amoroso que mostrou o Seu amor, e morreu por ti? O Céu não vale a tua afeição? Ó

pobre homem! quem é mais forte, pense, Deus ou tu? Se tu não és capaz de vencê-

lO, tu és um insensato por permanecer contra Ele. “Terrível coisa é cair nas mãos do

Deus vivo”. Ele vai agarrar-te severamente; Seu punho é mais forte do que a pata de

um leão; atente para Ele, Ele estará irado se você desprezar o Seu Filho; e você

permanecerá culpado em suas ofensas, quando Ele oferece a você a Sua graça e

favor?38.

Superficialmente, essas declarações parecem sugerir uma visão geral da expiação, mas

isso não é necessariamente o caso. Em primeiro lugar, não é incompatível com “alto Calvi-

nismo” falar de Cristo disposto a salvar aqueles que, caso contrário, perecerão eternamen-

te. Isto é especialmente verdade e de fato bastante apropriado na apresentação do Evan-

gelho com um olhar para conversões. O que Bunyan está dizendo é que Cristo está disposto

a salvar você, se você será salvo. Em segundo lugar, ao dizer ao pecador “Cristo morreu

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por ti”, Bunyan poderia ter em mente uma série de diferentes possibilidades. Ele poderia

estar sugerindo que Cristo morreu pelo pecador se o pecador vier. Ou, é possível, que ao

personagem imaginário que Bunyan está apelando nesta obra, em sua mente, seja um

pecador eleito que ele espera converter com este fundamento. Note-se que apenas algu-

mas páginas depois desta citação Bunyan implica que a expiação é limitada aos eleitos.

Bunyan fala das artimanhas e estratagemas de Satanás, que arruína o mundo dos homens.

Apesar de todos os seus melhores esforços, permanece entre a raça dos homens um

remanescente, “a semente da eleição”, que Satanás não engana. Neste remanescente

Satanás, o leão, derrama toda a sua ira. Bunyan escreve: “Oh! a ira e o rugido deste leão,

e o ódio que ele manifesta contra o Senhor Jesus, e contra os que são comprados com o

seu sangue!”39.

Em suma, o fervor evangelístico de Bunyan em nada prejudica o seu “alto Calvinismo”, ou

o seu compromisso com a doutrina da expiação limitada. Na verdade, alguém se surpreen-

deria ao encontrar um pregador como Bunyan falando sobre tais mistérios da fé em uma

obra que pretende ser “um tratado comovente que tende a converter os pecadores”. Ao

abordar os incrédulos, Bunyan direciona os seus ouvintes não ao decreto da eleição, mas

a Cristo.

Bunyan e Textos Universais

Como foi mencionado antes, aqueles que argumentam que Bunyan era um “Calvinista

moderado” frequentemente apelam para textos em que o autor diz que Cristo morreu por

“todos os homens” ou “pelo mundo”. Se Bunyan entendia esses termos no sentido mais

amplo possível, então Bunyan seria de fato um Calvinista de quatro pontos, como David

Allen argumentou40, se não um Amyraldiano, como David Wenkel argumentou, ou um

completo Arminiano. Embora Bunyan, às vezes, fala de Cristo morrendo por “todos” ou so-

frendo pelos pecados do “mundo”, ao fazê-lo, ele não toma esses termos em seu sentido

mais amplo possível.

Em Uma Defesa Da Doutrina Da Justificação Pela Fé Em Jesus Cristo (1672). Bunyan fala

de Cristo morrendo “pelos pecados do mundo”41, em diversas ocasiões. Ele também fala

de crentes se alimentando da carne e do sangue de Cristo pela fé que “uma vez se entregou

pelo pecado do mundo”42. E novamente, em Uma Luz Para Os Que Jazem Nas Trevas

(1674) Bunyan diz que no dia em que Cristo esteve diante do Pai na cruz “era como o

pecado do mundo”43. Ele continua a dizer: “Olhe, então, para Cristo crucificado sendo como

o pecado do mundo, como se Ele apenas tivesse quebrado a Lei”44. Citando João 1:29, Bu-

nyan, mais uma vez fala de Cristo como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mun-

do45. E, posteriormente, Bunyan fala de Cristo carregando os pecados do mundo inteiro46.

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Embora Bunyan às vezes fala de Cristo como morrendo pelos pecados do mundo, deve-se

notar que Bunyan nem sempre tem em mente toda a raça humana quando ele usa a palavra

“mundo”. Em A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado (1688), Bunyan usa “mundo”

em referência à totalidade dos eleitos: passado, presente e futuro. Bunyan escreve: “Ele é

o nosso Advogado, e também o nosso Sacerdote. Como um Advogado, somente nosso;

mas como propiciação, não somente nosso, mas também pelos pecados de todo o mundo;

seguramente, pelos eleitos em todo o mundo”47. Bunyan, depois, imediatamente fala de

Cristo oferecendo “um sacrifício propiciatório para todos”, mas, como antes, ele qualifica

“todos” como ele fez com “mundo”, referindo-se a “todos os que serão salvos”, e ele conti-

nua a argumentar que “por todo homem, não deve ser entendido todo do mundo”48.

Novamente, em Uma Luz Para Os Que Jazem Nas Trevas, Bunyan esclarece sua definição

de “mundo” na página 1:409. Bunyan esclarece quem ele tem em mente com a utilização

de “mundo” na seguinte frase: “Olhe, então, para Cristo crucificado sendo como o pecado

do mundo, como se Ele apenas tivesse quebrado a Lei, o qual, contemple, perfeitamente

inocente em Si mesmo, e assim conclua que pela transgressão do povo de Deus Ele foi

atingido; de modo que quando o Senhor O fez ser pecado, Ele O fez pecado por nós”49.

Bunyan fala dos “pecados do mundo”, mas prossegue esclarecendo o seu significado: os

“pecados do mundo” são, na verdade, “a transgressão do povo de Deus”50.

Alguém também poderia notar a extensa discussão de Bunyan sobre a maneira correta de

exegese de textos universais em Vinde E Bem-Vindos A Jesus Cristo (1680). O princípio

geral de Bunyan é que uma palavra “deve ser limitada e ampliada, conforme a verdade e

argumento, para os quais ela é usada, suportarão; de outra forma, faremos mal uso da

Escritura, e dos leitores, e de nós mesmos, e de todo o mais”51. Por exemplo, ao explicar

“todos” de João 12:32 (“E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”), o autor

afirma: “Ele deve indicar por todos os homens, aqueles, e somente aqueles, que, na ver-

dade, são eternamente salvos da ira vindoura”52.

Quando Bunyan emprega a linguagem “todos” e “o mundo” não se deve supor que ele está

usando esses termos no sentido mais amplo possível, e, portanto, aqueles textos que falam

de Cristo morrendo por “todos os homens” ou levando os pecados “do mundo” não sugerem

necessariamente que Bunyan acreditava que era a intenção de Deus que Cristo sofresse

pelos pecados de cada ser humano.

Reprovação Afirmada

Provavelmente, o documento mais citado que é usado para refutar o “alto Calvinismo” de

Bunyan é Reprovação Afirmada (1674)53. No capítulo IX, o autor responde à questão de

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saber “Se Deus quer de fato e em verdade, que o Evangelho, com a graça do mesmo, seja

ofertado até mesmo para aqueles a quem Ele retém sob Reprovação Eterna”54. Ele res-

ponde de forma afirmativa: “Na linguagem do nosso Senhor: ‘Ide, pregai o evangelho a toda

criatura’; e novamente: ‘Olhai para mim, e sereis salvos; vós todos os confins da terra’. ‘E

quem quiser, receba de graça a água da vida’. E a razão é porque Cristo morreu por todos,

‘provou a morte por todos os homens’; é ‘o Salvador do mundo’, e a propiciação pelos

pecados de todo o mundo”55. O autor continua:

Em segundo lugar, eu reúno isso a partir daquelas várias censuras que mesmo todos

estão sob, os quais não recebem a Cristo, quando oferecido nos anúncios gerais do

Evangelho; “Aquele que não crê, será condenado”; “Quem a Deus não crê mentiroso

o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu”; e, “Ai de ti Ca-

farnaum, Ai de ti Corazim! ai de ti Betsaida”, com muitos outros ditos, todas palavras,

que, com muitas outros da mesma natureza, carregam em si um grande argumento

para este propósito; pois, se os que se perdem nos dias do Evangelho, devem ter,

pelo menos, a sua condenação agravada, por terem negligenciado e se recusado a

receber o Evangelho, é necessário que o Evangelho fosse com toda a fidelidade

ofertado para eles; o que não poderia ocorrer, a menos que a morte de Cristo se esten-

desse a eles; pois, a oferta do Evangelho não pode, com a permissão de Deus, ser

oferecida mais longe do que vai a morte de Jesus Cristo; porque se isso for removido,

na verdade não há Evangelho, nem graça a ser estendida. Além disso, se por toda

criatura, e similares, for intencionado somente os eleitos, então todas as persuasões

do Evangelho são de nenhum efeito; pois ainda os não-convertidos, que estão aqui

condenados pela recusa do mesmo, replicariam rápido novamente: Eu não sei se eu

sou eleito, e, portanto, não se atrevem a vir a Jesus Cristo; pois, se a morte de Jesus

Cristo, e por isso o anúncio geral do Evangelho, interessa somente aos eleitos; eu,

não sabendo se eu sou um deste número, estou em um grande precipício; nem sei se

é maior pecado acreditar, ou o desespero, porque eu digo novamente, se Cristo

morreu apenas pelos eleitos, etc., então, eu não sei se sou um deste número, não me

atrevo a crer no Evangelho, o que detém o Seu sangue de me salvar; não, eu acho

que com segurança não pode, até que eu primeiramente saiba que eu sou eleito de

Deus, e designado a isso56.

A última citação é provavelmente a declaração mais definitiva sobre uma visão geral da

expiação que pode ser encontrada nas obras completas de Bunyan. No entanto, existem

dois problemas com o uso de Reprovação Afirmada para desmentir o compromisso de

Bunyan com a doutrina da expiação limitada. O primeiro problema é de interpretação. Paul

Helm nega que Bunyan, na verdade, ensinou uma visão geral da expiação em Reprovação

Afirmada. A morte de Cristo, Helm argumenta, “estende-se aos reprovados no sentido de

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que se viessem a crer, então, a morte de Cristo seria suficiente para a salvação”57. Além

disso, Bunyan está lidando com a questão prática sobre a qual o pregador diria: “o pregador

não deve chamar os eleitos a Cristo como os eleitos”58. Finalmente, ao insistir que a oferta

do Evangelho é verdadeira o autor não está intencionando que os reprovados alguma vez

irão a Cristo. Helm observa que Bunyan faz a distinção entre Deus estar disposto a salvar

o réprobo e a estar resolvido a fazê-lo59.

O segundo, e mais importante problema, é da autoria. John Bunyan, provavelmente, não

foi o autor da Reprovação Afirmada. A autenticidade da obra tem sido uma questão de

disputa desde que John Brown, principal biógrafo de Bunyan, argumentou que o livro era

pseudônimo60. Brown acredita que a editora de Bunyan, Charles Doe, por engano consi-

derou a obra como sendo de Bunyan. Naquela época, houve outros quatro livros que falsa-

mente foram considerados como de Bunyan, “com a finalidade de negociação devido sua

popularidade”61. Brown sugere outras evidências externas de apoio à sua conclusão: esta

obra é impressa de forma diferente em relação ao restante das obras de Bunyan, ela tem

uma página de título incomum, e a obra em questão não aparece em nenhuma das três

primeiras edições completas dos escritos de Bunyan (1692, 1736 e 1774)62. Brown também

observa que a substância e estilo não é de Bunyan. Brown afirma: “Ele não começa nem

termina da forma característica de Bunyan, nem há nele um único toque que nos lembre de

sua própria veia particular. Deixe-o escrever sobre o tema que ele possa, ele não escreve

muito antes que ele ou misture com ternura ou resplandeça com fogo. Este escritor nunca

se desvia para nada do tipo. Ele é duro e frio em grande estilo, esguio em estrutura e subs-

tância, e ele é o que Bunyan nunca foi — impiedoso na lógica, sem ser verdadeiramente

lógico”63. Richard Greaves concorda, dizendo: “Estilisticamente Reprovação Afirmada é

manifestamente diferente dos tratados teológicos e das obras homiléticas e expositivas de

Bunyan. Sua estrutura lógica e bem ordenada, envolvendo onze capítulos em quarenta e

quatro páginas, é, essencialmente, sem paralelo em (outros) escritos de Bunyan. O habitual

“uso” ou “aplicação” com a qual ele conclui a maioria de suas obras, também está

ausente”64. [...].

Em conclusão, a Reprovação Afirmada não pode ser vista como uma prova de que John

Bunyan sustentava uma visão geral da expiação. Não somente existem variação de inter-

pretação do capítulo IX, mas, de forma mais significativa, John Bunyan não é, prova-

velmente, o autor da obra em questão.

Conclusão

Em Todo Aquele Que Quiser: Uma Crítica Bíblico-Teológica Dos Cinco Pontos Do Calvinis-

mo, David Allen erroneamente caracterizou John Bunyan como um Calvinista “moderado”

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ou de quatro pontos. O maduro Bunyan falou clara e definitivamente sobre a extensão da

expiação: foi a intenção do Pai e do Filho que Cristo morresse pelos eleitos e pelos eleitos

somente, e isso é precisamente o que foi realizado na cruz. Tal posição é evidenciada pela

sua articulação madura da obediência ativa de Cristo, o sumo sacerdócio de Cristo, e sua

teologia pactual. Há uma precisão em seus últimos escritos, que está ausente de algumas

de suas publicações anteriores, mas em nenhum lugar de seus escritos Bunyan se afasta

substancialmente do “alto Calvinismo” de seu pensamento maduro. Bunyan foi convertido

no contexto do “alto Calvinismo”, como evidenciado pela natureza de algumas de suas

tentações, e seus primeiros escritos devem ser vistos sob essa luz. Embora Bunyan apaixo-

nadamente pleiteava com os perdidos para que viessem a Cristo, seu zelo evangelístico

não deve ser visto como incompatível com o “alto Calvinismo”. Bunyan de fato fala de Cristo

morrendo por “todos” e sofrendo pelos pecados do “mundo”. Ainda assim, o próprio Bunyan

adverte contra tomar estes termos em seus mais amplos sentidos possíveis. E apesar de

Reprovação Afirmada carregar o seu nome, resta uma dúvida considerável entre os

estudiosos de Bunyan quanto à autenticidade da obra e sua interpretação, e, portanto, não

deve servir como prima facie [Do latim: à primeira vista ‒ N. do R.] de que Bunyan era um

“Calvinista moderado”.

Deve-se notar que Bunyan nunca dedicou uma única obra à questão da extensão da

expiação, nem ele se envolveu em polêmicas para defendê-la como fez com a doutrina da

justificação pela fé. É melhor ler Bunyan como um pastor do que como um sistematizador.

No contexto pastoral adequado, pode-se encontrar Bunyan falando abertamente sobre a

extensão da expiação, a doutrina da eleição e predestinação, e outros mistérios da fé. Mas

quando Bunyan esteve apelando àqueles sob o Pacto das Obras, ele tinha outros objetivos.

É melhor ver Bunyan como aquele para quem a expiação limitada era assentida; surgia na-

turalmente quando ele falava sobre temas teológicos relacionados, tais como a justificação

pela fé, o sacerdócio de Cristo e a teologia pactual.

________________________________________

Notas:

[1] David L. Allen, “A Expiação: Limitada ou Universal?”, em Todo Aquele Que Quiser: Uma

Crítica Bíblico-Teológica Dos Cinco Pontos Do Calvinismo, David Allen e Steve W. Lemke

(Nashville, TN: B&H Academic, 2010), 67.

[2] David Wenkel, “Soteriologia de John Bunyan Durante Seu Período de Pré-Aprisio-

namento (1656-1659): Amyraldiano ou Alto-Calvinista?” Scottish Journal of Theology 58

(2005): 333.

[3] As últimas obras citadas nesta seção são incontestáveis. Das cinco obras aqui citadas,

apenas o título de uma das obras (A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado) foi

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alterado. A substância permaneceu inalterada. O leitor, portanto, pode ter um alto grau de

confiança de que as obras posteriores de Bunyan citadas nesta seção são verdadeiramente

as suas palavras.

[4] Pieter de Vries, John Bunyan Sobre A Ordem Da Salvação, trans. C. Van Haaften (New

York: Peter Lang, 1994), 148.

[5] John Bunyan, O Conhecimento Dos Santos Sobre O Amor De Cristo, nas Obras de John

Bunyan, ed. George Offor, vol. 2 (Glasgow: W.G. Blackie and Son, 1854: reprint, Edinburgh

and Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1999), 19.

[6] John Bunyan, O Fariseu e o Publicano, em Obras, 2: 247.

[7] John Bunyan, Privilégio E Benefício Dos Santos, em Obras, 1: 648.

[8] John Bunyan, A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado, em Obras, 1:161.

[9] John Bunyan, A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado, em Obras 1:161, 163, 201.

[10] Ibid., 1:169.

[11] Ibid., 1:176. Veja também 161.

[12] Ibid., 164

[13] John Bunyan, Cristo, O Salvador Completo, em Obras, 1:203.

[14] Ibid., 1:204.

[15] Ibid., 1:226.

[16] Ibid., 1:235.

[17] Para uma boa análise sobre a Teologia Pactual de Bunyan veja Richard Greaves, John

Bunyan (Grand Rapids, MI: WM. B. Eerdmans Publishing Company, 1969), 97-122.

[18] John Bunyan, O Conhecimento Dos Santos Sobre O Amor De Cristo, em Obras, 2:16.

[19] Ibid., 02:20.

[20] John Bunyan, A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado, em Obras, 1:164.

[21] Ibid.

[22] John Bunyan, Algumas Verdades Do Evangelho Desveladas De Acordo Com As

Escrituras, em Obras, 2:166-67.

[23] John Bunyan, Uma Reivindicação De Verdades Do Evangelho Desveladas De Acordo

Com As Escrituras, em Obras, 2:208.

[24] John Bunyan, Alguns Suspiros Do Inferno, Ou Os Gemidos De Uma Alma Condenada,

em Obras, 3:706.

[25] John Bunyan, A Doutrina Da Lei E Graça Desvelada, em Obras, 1:526.

[26] Ibid., 1: 561.

[27] Para referências de expiação limitada em Uma Reivindicação De Verdades Do

Evangelho Desveladas De Acordo Com As Escrituras, veja em Obras 2:177, 179, 180, 185,

207. Para referências similares em Alguns Suspiros Do Inferno, veja 3:674, 680, 681, 684,

692, 700, 704, 706, 709, 717, 724. Para referências semelhantes em A Doutrina Da Lei E

Graça Desvelada, veja 1:506, 507, 522, 523, 524, 532, 534, 535, 551.

[28] John Bunyan, Algumas Verdades Do Evangelho Desveladas De Acordo Com As

Escrituras, em Obras, 2:141.

[29] Ibid., 2:141-42.

[30] Ibid., 2:142.

[31] Ibid., 2:147.

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[32] Ibid., 2:150.

[33] Veja John Bunyan, Graça Abundante, em Obras 1:29.

[34] Richard Greaves, Vislumbres Da Glória, 173-74.

[35] John Bunyan, Graça Abundante, em Obras 1:43.

[36] John Bunyan, A Pecadora Jerusalém Salva; Ou Boa Nova Aos Mais Vis Dos Homens,

em Obras, 1:68.

[37] Ibid. 1:90.

[38] Ibid.

[39] John Bunyan, A Pecadora Jerusalém Salva; Ou Boa Nova Aos Mais Vis Dos Homens,

em Obras, 1:96.

[40] David Wenkel, “Soteriologia de John Bunyan Durante Seu Período de Pré-

Aprisionamento (1656-1659): Amyraldiano ou Alto-Calvinista?”. Scottish Journal of

Theology 58 (2005).

[41] John Bunyan, Uma Defesa Da Doutrina Da Justificação Pela Fé Em Jesus Cristo, em

Obras, 2:307. Veja também 2:329 e 2:330.

[42] Ibid., 2:309.

[43] John Bunyan, Uma Luz Para Os Que Jazem Nas Trevas, em Works, 2:408.

[44] Ibid., 2:409.

[45] Ibid., 2:416

[46] Ibid., 2:432.

[47] John Bunyan, A Obra De Jesus Cristo Como Um Advogado, em Obras, 1:170.

[48] Ibid., 1:170.

[49] John Bunyan, Uma Luz Para Os Que Jazem Nas Trevas, em Obras, 2:409.

[50] Ibid., 2:409.

[51] John Bunyan, Vinde E Bem-Vindos A Jesus Cristo, em Obras, 1:242.

[52] Ibid.

[53] Veja o artigo do Dr. Allen em Todo Aquele Que Quiser: Uma Crítica Bíblico-Teológica

Dos Cinco Pontos Do Calvinismo, 75-76, 98.

[54] John Bunyan, Reprovação Afirmada, em Obras 2:348.

[55] Ibid.

[56] Ibid., 2:348.

[57] Paul Helm, “John Bunyan e Reprovação Afirmada” The Baptist Quarterly 28 (2) (1979):

91.

[58] Ibid.

[59] Ibid., 92.

[60] Richard Greaves, John Bunyan e o Não-Conformismo Inglês (London: Hambledon

Press, 1992), 185.

[61] John Brown, John Bunyan: Sua Vida, Tempos, E Obra (Boston, MA: Houghton, Mifflin

and Company, 1885), 245.

[62] Ibid.

[63] Ibid.

[64] Richard Greaves, John Bunyan e o Não-Conformismo Inglês, 188.

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.