seminÁrio fisiologia da produÇÃo de cana
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FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos houve um enorme avanço no melhoramento genético de
variedades de cana-de-açúcar, utilizando-se inclusive ferramenta da biotecnologia,
permitindo o desenvolvimento de plantas adaptadas as mais variadas condições
climáticas, potencialmente produtivas e com resistência a pragas e doenças (SILVA etal. 1999).
A cana-de-açúcar é cultivada numa ampla faixa de latitude, desde cerca de 35o
N a 30o S e em altitudes que variam desde o nível do mar até 1.000 metros. A
diversidade ambiental dessa ampla faixa de cultivo promove o crescimento e produções
distintas devido a variabilidade dos fatores edafoclimáticos.
A precipitação pluvial, temperatura, umidade relativa e insolação são
condicionantes climáticos importantes na determinação da disponibilidade hídrica e
térmica para a cultura. Estes fatores têm efeito direto no comportamento fisiológico da
cultura em relação ao metabolismo de crescimento e desenvolvimento dos colmos,
florescimento, maturação e produtividade.
Semelhantemente o solo como suporte essencial ao desenvolvimento dos
vegetais, tem nos seus atributos físicos, químicos e microbiológicos, extrema relevância
a essa cultura quanto ao fornecimento de nutrientes e água. De acordo com Barbosa
(2005) a cana-de-açúcar em função do seu ciclo perene sofre a influência das variações
climáticas durante todo o ano.
Para atingir alta produção de sacarose a planta precisa de temperatura e umidade
adequadas, permitindo assim, o máximo crescimento na fase vegetativa, seguido de
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restrição hídrica ou térmica para favorecer o acúmulo de sacarose no colmo, próximo ao
corte. A cana-de-açúcar encontra suas melhores condições quando ocorre um período
quente e úmido, com intensa radiação solar durante a fase de crescimento, seguida de
um período seco durante as fases de maturação e colheita.
No Brasil, em função da sua extensão territorial, existem as mais variadas
condições climáticas e, possivelmente, é o único país com duas épocas de colheita anual
– de setembro a abril no Norte e Nordeste e de maio a dezembro no Centro-Sul -
correspondendo as épocas secas dessas regiões (ALFONSI et al., 1987).
Este trabalho se dedica a estabelecer uma revisão dos aspectos possíveis de
serem manejados com objetivo de elevar a produtividade ou a qualidade da matéria-
prima da cana-de-açúcar, em decorrência das interferências ambientais que minimizam
a expressão do potencial genético.
2. IRRIGAÇÃO
Segundo Doorenbos & Kassan (1979), produções em áreas irrigadas em torno de
100 a 150 t ha-1 demandam 1.500 a 2.000 mm por ciclo de 365 dias. mas Blackburn
(1984) se refere a uma demanda de 1200 mm anuais. Para Alfonsi et al. (1987), nas
áreas canavieiras do Brasil o total de precipitação pluviométrica anual varia de 1100 a
1500 mm por ano.
A má distribuição e as baixas quantidades pluviométricas comumente
observadas nas regiões produtoras restringem o crescimento da cultura e proporcionam
impactos negativos da produtividade e qualidade dos canaviais (Wiedenfeld & Enciso,
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2008); Uma vez que, nas áreas canavieiras brasileiras, a precipitação total anual é em
torno de 1.100 a 1.500 mm ano-1,
Farias (2001), avaliando o desenvolvimento morfofisiológico da cana-de-açúcar
em regime irrigado e sequeiro na zona da mata Paraibana, concluiu que o plantio
seguido de estresse hídrico reduziu o perfilhamento em 41,5% no início do ciclo e o
número de colmos em 37,7% no final do ciclo em comparação ao cultivo irrigado.
Diferentes níveis de irrigação
Carvalho et al. (2009), trabalhando com a variedade SP 791011 sob 2 níveis de
adubação e 4 regimes de irrigação (0; 13,8; 27,5 e 41,3 mm correspondentes ao total de
água no ciclo da cultura, de respectivamente 775, 927, 1065 e 1168 e observaram que a
produção de colmos, o rendimento bruto de açúcar e o rendimento bruto de álcool são
influenciados significativamente pela adubação de cobertura e irrigação. O aumento da
lâmina d’água e o regime de maior adubação de cobertura promovem acréscimo na
produtividade de açúcar e de álcool.
Tabela 01. Comparação de médias (CARVALHO et al., 2009)
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Figura 01. Rendimento da produção de colmos, rendimento bruto de açúcar e de álcool nosdiversos níveis de irrigação (CARVALHO et al., 2009)
FARIAS et al. (2009) obtiveram-forte correlação positiva e significativa (p <
0,01), entre a lâmina de água de irrigação e a ATR; portanto, à medida que se aumenta a
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lâmina de água de irrigação cresce, também, o teor de ATR; em concordância com os
resultados apresentados por Molinari et al. (2007)
Figura 02. Estudo de regressão para os índices tecnológicos da cana: Teor de fibra (%), Pureza(%) e Açúcares totais recuperáveis (kg t-1) em função da lâmina total de água aplicada (FARIASet al., 2009)
Viabilidade econômica de irrigação suplementar
Frizzone et al. (2001) verificaram que a irrigação suplementar das canas socas de
maio e julho, colhidas desde o início até meados da safra, apresentou potencial de
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viabilidade técnico econômica, para ser introduzida nas lavouras canavieiras da região
Norte Paulista. Por outro lado, a irrigação suplementar das socas de setembro e
novembro, colhidas de meados até o final da safra, não apresentou viabilidade
econômica.
Tabela 02. Resumo dos resultados econômicos obtidos com o modelo de análise de decisão(FRIZZONE et al., 2001)
Influência da irrigação plena sobre o perfilhamento
Figura 03. Variação no número de perfilhos m-1 em função de dias após o plantio, em cincovariedades de ciclo precoce (A) e médio/tardio (B) (OLIVEIRA et al., 2010)
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Independente da diferença observada entre as variedades com relação ao
perfilhamento máximo, que ocorreu entre 60 e 90 DAP constatou-se, em média, redução
de 50% nos perfilhos até o momento da colheita. De acordo com Castro (2000);
Oliveira et al., (2004), o perfilhamento na cana-de-açúcar é crescente até o sexto mês
após o plantio e a partir deste período, se inicia uma redução no número de perfilhos,
decorrente da competição, por luz, área, água e nutrientes refletindo, assim, na
diminuição e paralisação do processo, além da morte dos perfilhos mais jovens; apesar
disto, verificou-se que os altos perfilhamentos de 30 e 29 plantas por metro linear, aos
60 DAP obtidos, respectivamente, pelas variedades RB92579 e SP81-3250, não
influenciaram na diminuição dos perfilhos, sendo observada redução média de 50% o
que proporcionou, a essas variedades, 25% a mais de plantas por metro, aos 360 DAP,
em relação às demais variedades. (OLIVEIRA et al., 2010)
2. NUTRIÇÃO MINERAL
Adotando-se o manejo adequado de variedades, tais como a calagem e adubação,
podem-se alcançar produtividades superiores a 150 toneladas de matéria natural por
hectare (OLIVEIRA et al., 2001).
Fósforo
A baixa disponibilidade de fósforo influencia tanto no crescimento da cultura,
como no teor de carboidratos solúveis, pois o P além de participar do processo de
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divisão celular e energético da planta, também influencia na absorção e no metabolismo
de vários outros nutrientes (MACHADO et al, 2003; MENDES et al, 2004).
Figura 04. Efeito da adubação fosfatada sobre o teor de Brix (%) para a variedade de cana-de-açúcar RB92579, no município de Rio Largo-AL-ano2006 (CRUZ et al., 2009)
Potássio
O Potássio é essencial para as plantas pois atua em diversos processos
metabólicos, dentre eles: regulação osmótica, abertura e fechamento estomático,
fotossíntese, respiração, síntese de carboidratos, ativação enzimática (MALAVOLTA;
CRÓCOMO, 1982). O Potássio também está envolvido no transporte de
fotoassimilados da folha para o colmo; é absorvido em grandes quantidades pelas raízes,
sendo responsável pela sanidade e equilíbrio da planta. (MALAVOLTA et al., 1997).
Silício
O silício (Si), embora não seja um elemento essencial às plantas, é considerado
agronomicamente benéfico, proporcionando melhorias nutricionais, incremento naprodução e qualidade dos produtos agrícolas e maior tolerância ao déficit hídrico. Além
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disso, vem sendo apontado como uma alternativa promissora no manejo de doenças e
pragas, principalmente em gramíneas (Korndörfer & Datnoff, 1995).
Korndofer et al. (2002) verificaram que o uso de silicato de cálcio na dose de 7,1
e 14,2 t ha-1 proporcionaram aumentos de 13,9 e 18,2 t ha- 1 da produção da cana-de-
açúcar, durante um ciclo de seis anos de avaliação.
Figura 05. Efeito da aplicação de doses crescentes de silicato de potássio sobre o peso damatéria seca das folhas (g), teor de potássio das folhas (%) e área foliar (cm²) (MORAES et al.,2011)
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Nitrogênio
O manejo inadequado de um canavial, especialmente da adubação nitrogenada,
pode resultar tanto em redução da produtividade da cultura quanto na sua longevidade,
reduzindo, por conseguinte, o número de colheitas ou cortes entre as reformas. (VITTI
et al., 2007)
Na colheita da cana-de-açúcar, sem queima antes da colheita, uma cobertura de
palha (palhada) de 10 a 20 t ha-1 ano-1 de material seco permanece na superfície do
solo, o que corresponde de 40 a 100 kg ha-1 de N (TRIVELIN et al., 1996). Em áreas
de reforma do canavial, nessas condições, a quantidade de resíduos orgânicos é ainda
maior, uma vez que, além da palhada, existirão a parte aérea e o sistema radicular da
soqueira velha dessecada, aumentando a quantidade de matéria orgânica e de nutrientes
no solo (LUCA, 2002).
Orlando Filho et al. (1999), mantiveram parcelas experimentais por quatro anos
consecutivos no campo. Nesse trabalho foi avaliado o efeito cumulativo de adubações
com doses crescentes de N, 0, 60 e 120 kg ha-1, com uréia, URAN e nitrato de amônio,
na produtividade da cana-planta e três socas consecutivas, obtendo-se aumento de 20 e
30% para doses de 60 e 120 kg ha-1 de N, respectivamente, em relação à testemunha.
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Figura 06. Relação entre produtividade de colmos na colheita da 2ª soqueira e doses denitrogênio e enxofre da adubação do ciclo anterior (VITTI et al., 2007).
Figura 07. Correlação entre a produção de colmos de cana-de-açúcar da 3ª soca e o 15N residual(sistema radicular, solo e imobilizado na palha) das cinco doses de nitrogênio da fonte nitrato deamônio (kg ha-1), no início do ciclo, após a colheita da 2ª soca (VITTI et al., 2007).
3. UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS
Resíduos de usinas e destilarias
Nas destilarias encontram-se os maiores volumes de resíduos gerados pelas
usinas. A vinhaça, também conhecida como vinhoto, é o principal resíduo da destilação
do vinho; devido ao alto conteúdo de matéria orgânica e nutrientes, especialmentepotássio, as usinas utilizam-na no processo de fertirrigação em parte de seus canaviais,
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em substituição total ou parcial à adubação mineral. Por isso, ela passou a ser
considerada um subproduto do processo (AZANIA et al., 2004).
O óleo de fúsel está entre os principais subprodutos da destilação (retificação),
sendo constituído por impurezas de alto grau de volatilização. Segundo Enriquez et al.
(1989), a maioria dos componentes do óleo de fúsel são álcoois e ésteres. Entretanto, de
acordo com Pérez et al. (2001), ele ainda não é devidamente aproveitado pelas usinas,
pois é vendido para indústrias químicas por um baixo valor comercial.
A flegmaça é um resíduo obtido no processo de destilação (retificação) do
álcool, sendo adicionada à vinhaça e aplicada no campo como substituto da adubação
mineral. Dentre os resíduos, a vinhaça é a mais pesquisada quanto à utilização nas
culturas, em razão do seu alto conteúdo de nutrientes. Quanto à utilização em plantas
daninhas, Balbo Jr. (1984) concluiu que a velocidade de emergência do fedegoso foi
negativamente afetada. Christoffoleti & Bacchi (1985) constataram que a mistura
vinhaça + herbicidas controlou as plantas daninhas e que os herbicidas não tiveram sua
eficácia prejudicada.
O óleo de fúsel e a flegmaça, isoladamente, não possuem histórico de uso em
áreas agrícolas. Segundo Glória (1992), a utilização de resíduos no solo deve ser
conduzida no sentido não só de eliminar a sua nocividade, mas também de tornar
atraente o seu uso, quer como fonte de nutrientes às culturas, quer como
condicionadores do solo.
Resíduos de Estação de Tratamento de Esgoto
O lodo de esgoto e a vinhaça podem ser usados para fornecer, respectivamente,
todo nitrogênio e todo potássio à cana-de-açúcar, sem prejuízo à produtividade agrícola
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da cultura e à qualidade da matéria-prima para a agroindústria canavieira (CAMILOTTI
et al., 2006)
Assim, o aproveitamento de águas residuárias pela irrigação é um dos métodos
mais recomendados (PIVELI et al., 2008), pois garante a produtividade das culturas, em
razão do fornecimento de água e nutrientes (LEAL et al. 2009), e preserva a qualidade
ambiental, por evitar lançamentos diretos de EETE nos corpos d’água (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2006).
Figura 08. Produtividade modelada em função da irrigação com efluente de estação detratamento de esgoto, na primeira e segunda socas, para produtividade de 104,52 Mg ha -1 nacana planta. (DEON et al., 2010)
Figura 09. Rendimento total de açúcar na segunda soca em função da aplicação de lâminas de
irrigação com efluente de estação de tratamento de esgoto. (DEON et al., 2010)
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Irrigação com água resíduária tratada aumentou a produtividade da cana-de-
açúcar. Entretanto, aplicações acima de 100% da demanda hídrica não apresentou
benefícios em termos de produtividade, sobretudo, causando problemas com acúmulo
de Na. (LEAL et al., 2009).
Figura 10. Efeito de irrigação da cana-de-açúcar com água servida na produtividade doprimeiro ciclo. Controle: Sem irrigação e com adubação com N mineral; T100-T200: Irrigaçãocom água servida com 100, 125, 150 e 200% da demanda hídrica da cultura. Médias seguidas deletras diferentes são diferentes ( p = 0.05) (LEAL et al., 2009)
O uso racional de água servida, considerando uma política definida, é um
importante instrumento para minimizar a contaminação ambiental, as doenças de
veiculação hídrica, que representam 65% das internações hospitalares no Brasil, como
também podem melhorar a qualidade de vida da população (SOUSA et al., 2009).
Resíduo de refino de bauxita
O resíduo do refino de bauxita pode ser uma opção como corretivo de solo, uma
vez que possui elevado pH e grande quantidade de hidroxilas (grupamentos OH)
oriundos da adição de NaOH para extração de alumínio; por outro lado, tem como
excesso o sódio (Na), que pode ser um agravante no seu uso na agricultura.
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Figura 11. Regressão entre diferentes doses de resíduo do processamento da bauxitaincorporados ao solo e o teor de Cu e Na da folha da cana-de-açúcar , bem como seu efeito nopH do solo.(NOBILE et al., 2008)
Estes resultados permitem concluir que a aplicação do resíduo do processamento
da bauxita proporciona elevação nos teores de manganês e sódio nas folhas e redução
nos teores de zinco, cobre e ferro, com o aumento das doses. Menores doses deste
resíduo são eficiente no aumento dos nutrientes nas folhas e doses elevadas, acima de
112-140 t ha-1 podem ser prejudiciais para o desenvolvimento da cultura. A aplicação
na agricultura pode ser a melhor opção para o destino deste resíduo, contando que seja
feita em doses adequadas (NOBILE et al., 2008).
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Utilização de Escória de Siderurgia
As escórias siderúrgicas podem ser utilizadas na agricultura, basicamente como
fornecedoras de Ca, Mg e Si para as culturas ou como corretivo da acidez do solo
(CORRÊA et al., 2007); sua disposição nos campos agrícolas minimizaria seu acúmulo
nos pátios das indústrias produtoras de ferro e aço (PRADO et al., 2004a, b) mas, apesar
desses efeitos benéficos, este resíduo pode conter metais pesados em teores
relativamente elevados (ARAÚJO & NASCIMENTO, 2005) e outros elementos tóxicos
passíveis de restringir sua utilização agrícola (ACCIOLY et al., 2000).
Prado et al. (2003) verificaram que a aplicação da escória siderúrgica e do
calcário em pré-plantio, promoveu efeito residual positivo na produção da soqueira da
cana-de-açúcar. Prado & Fernandes (2000) obtiveram, em seus estudos com a aplicação
de calcário e escória siderúrgica com cana-de-açúcar em vaso que, além da correção da
acidez do solo, ambos os corretivos aumentaram os teores de Ca+Mg do solo, de
maneira semelhante, não se diferenciando entre si. Barbosa Filho et al. (2004)
obtiveram resultados positivos quanto à absorção de Si e produtividade de grãos, ao
aplicarem doses de escória no solo cultivado com arroz, em terras altas.
De acordo com Sobral et al. (2011), a aplicação de escória siderúrgica promove
acréscimo nos teores de Ca, Mg, P, Si, Fe, Mn e Zn e reduz a acidez potencial no solo,
além de promover incremento no teor de Zn nas folhas da cana-planta.
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Figura 12. Aumento nos teores de Ca (A) e Mg (B) em função de doses de escória siderúrgica(SOBRAL et al., 2011)
Figura 13. Aumento nos teores de P (A) e Si (B) em função de doses de escória siderúrgica(SOBRAL et al., 2011)
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Figura 14. Aumento no teor de Fe no solo (20-40 cm) em função de doses de escóriasiderúrgica (SOBRAL et al., 2011)
Figura 15. Redução da acidez potencial em função das doses de escória siderúrgica (SOBRALet al., 2011)
Figura 16. Altura de colmos (A) e área foliar (B) de plantas de cana-de-açúcar em solo tratadocom escória siderúrgica (SOBRAL et al., 2011)
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Utilização de Torta de Filtro
Segundo a UDOP – União dos Produtores de Bioenergia (2007), citado por
Alvarenga & Queiroz (2008), a torta de filtro e a vinhaça podem substituir adubos
químicos e acarretar uma diminuição dos custos em torno de US$ 60 por hectare. Cada
tonelada de cana moída gera em torno de 40 kg de torta de filtro (KORNDÖRFER,
2003) que é resultante da mistura do processo de clarificação do açúcar (lodo de
decantação) com o bagaço moído (ALVARENGA & QUEIROZ, 2008). É viável a
substituição da adubação química pela orgânica sem perdas na qualidade da matéria-
prima e nos rendimentos de colmos e de açúcar mascavo artesanal (ANJOS et al.,
2007).
A torta de filtro, composto basicamente orgânico, tem composição química
variável e apresenta altos teores de matéria orgânica, fósforo, nitrogênio, cálcio e
possui, ainda, teores consideráveis de potássio, magnésio (NUNES JÚNIOR, 2005), e
expressivas quantidades de Fe, Mn, Zn e Cu (CERRI et al., 1988). Uma dose de 20 t ha-
1 de torta de filtro na base úmida ou 5 t ha-1 na base seca (M.S.) pode fornecer 100% do
nitrogênio, 50% de fósforo, 15% de potássio, 100% de cálcio e 50% de magnésio
(NUNES JÚNIOR, 2005)
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Figura 17. Teor médio de sólidos totais (BRIX%) e de sacarose (POL%) em função dasdiferentes doses de torta de filtro aplicadas. (FRAVET et al., 2010)
Figura 18. Produtividade média de colmos e de sacarose por hectare em função das doses detorta de filtro aplicadas (FRAVET et al., 2010)
A aplicação de torta de filtro diminuiu o Brix do caldo e o Pol da cana,
entretanto, houve aumento na produtividade de colmos por hectare (TCH) e na
produtividade de sacarose por hectare (TPH); Os modos de aplicação (linha e
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entrelinha) da torta de filtro não influenciaram a qualidade tecnológica da cana e a
produtividade de colmos. (FRAVET et al., 2010).
Utilização de Torta de Mamona
Nematóides são fatores limitantes de produtividade em muitas regiões
produtoras de canade- açúcar, onde as espécies Meloidogyne javanica, M . incognita,
Pratylenchus zeae e P. brachyurus são encontradas isoladamente ou em misturas
populacionais. Nestas áreas, essas espécies causam de 20 a 40 % de redução de
produtividade no primeiro corte de variedades suscetíveis, reduzindo também a
produtividade nas soqueiras e consequentemente a longevidade do canavial
(DINARDO-MIRANDA, 2006). Para reduzir os danos causados por estes parasitos, o
manejo de áreas infestadas inclui desde a rotação de culturas, especialmente com
crotalárias, e o uso de torta-de-filtro, até aplicação de nematicidas no plantio e nas
soqueiras (DINARDO-MIRANDA, 2008).
A supressão de nematóides parasitas de plantas pela torta de mamona e outros
resíduos orgânicos é bem conhecida. Alguns trabalhos foram conduzidos no Brasil
ainda na década de 1970, como o de Moraes & Lordello (1977), que verificaram que a
adição de 3 % de torta de mamona ao solo utilizado para produção de mudas de café
reduziu significativamente a infestação de Meloidogyne nas mudas.
Apesar de inúmeros relatos promissores sobre o uso de torta de mamona no
manejo de áreas infestadas, não há informações consistentes sobre a quantidade
necessária para redução da população de nematóides em canaviais. Os incrementos de
produtividade observados nos tratamentos com torta de mamona devem ser atribuídos
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não somente à redução das populações de nematóides, mas também aos efeitos
nutricionais da torta. (DINARDO-MIRANDA et al., 2010)
Tabela 03. Populações juvenis de segundo estágio de M. javanica (Mj) e de juvenis e adultos deP. zeae + P. brachyurus (Pz + Pb) nas raízes (50g) da variedade RB867515, aos três, seis e dezmeses de idade da cultura e produtividade (TCH = toneladas de colmos/ha) (DINARDO-MIRANDA et al., 2010).
4. BIORREGULADORES
Maturadores
A cana-de-açúcar é cultivada principalmente nas regiões tropicais e subtropicais
em extensa área, compreendida entre os paralelos 35º de latitude Norte e Sul. O clima
ideal é aquele com duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a
germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca,
para promover a maturação e conseqüente acúmulo de sacarose nos colmos.
Castro (1998) definiu que reguladores vegetais são substâncias sintéticas
aplicadas exogenamente, que possuem ações similares aos grupos de hormônios
conhecidos (auxinas, giberelinas, citocininas, retardadores, inibidores e etileno).
Hormônios vegetais são compostos orgânicos, não nutrientes de ocorrência natural,
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produzidos na planta e que em baixas concentrações (10-4 M) promovem, inibem ou
modificam processos morfológicos e fisiológicos do vegetal; consideram-se
retardadores de crescimento as substâncias naturais ou sintéticas que possuem a
capacidade de inibir o crescimento do meristema subapical.
Época de aplicação dos produtos químicos, doses utilizadas e época de corte da
matéria-prima são alguns dos fatores que podem influir na eficiência dos produtos
químicos inibidores de florescimento e maturadores da cana-de-açúcar (LEITE, 2005).
Os maturadores, definidos como reguladores vegetais, agem alterando a
morfologia e a fisiologia da planta, podendo levar a modificações qualitativas e
quantitativas na produção (CASTRO, 1999). Dentre os agentes químicos utilizados
como maturadores destacam-se o etefon, o etil-trinexapac, o glifosato e o sulfometuron
metil.
Caputo et al. 2008 concluíram que o emprego dos maturadores antecipa a
colheita de cana-de-açúcar em pelo menos 21 dias, em relação à testemunha, podendo-
se efetuá-la entre 42 e 84 dias após a aplicação do etefon e entre 105 e 126 dias após a
aplicação de sulfometuron-metil e que observam-se respostas diferentes aos
maturadores em cada genótipo. Em relação ao teor de sacarose (pol no caldo),
importante característica tecnológica, o genótipo PO88-62 foi mais responsivo ao
sulfometuron-metil; IAC87-3396, IAC87-3410, IAC91-5155 e SP80-1842 ao etefon, e
IAC89-3124 e IAC91-2195 foram responsivos a ambos.
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Figura 19. Efeito de reguladores vegetais nos sólidos solúveis (Brixº) em função de dias após aaplicação (CAPUTO et al., 2008)
Figura 20. Efeito de reguladores no açúcar total recuperável em função de dias após a aplicação(CAPUTO et al., 2008)
O glifosato inibe a atividade da enzima EPSPS (5-enolpiruvilchiquimato-3-
fosfato sintase) e evita a conversão de chiquimato à corismato e a biossíntese dos
aminoácidos fenilalanina, tirosina e triptofano, precursores de compostos secundários,
entre eles os hormônios vegetais (RIZZARD et al., 2004). Assim, a biossíntese do ácido
indol acético (AIA) é inibida, uma vez que é sintetizado a partir do triptofano, o qual
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tem importante função quanto à promoção do alongamento e da divisão celular que se
refletem no crescimento em altura das plantas (RODRIGUES & LEITE, 2004).
O sulfometuron metil atua pela inibição não competitiva da enzima ALS
(acetolactato sintase) ou AHAS (acetohidroxi sintase), na rota de síntese dos
aminoácidos ramificados – valina, leucina e isoleucina – , e interfere na síntese protéica,
no balanço hormonal e na síntese de DNA, o que implica a paralisação do crescimento
(RIZZARD et al., 2004).
Pesquisas têm revelado redução na produção da cana-de-açúcar, pela aplicação
de glifosato (ROMERO et al., 2000), enquanto outros autores afirmaram que o emprego
deste agente químico e, também, do sulfometuron metil não provocou efeito nos
componentes de rendimento e na produção da cana-de-açúcar (FERNANDES et al.,
2002).
Leite & Crusciol et al., 2008 verificaram que maturadores retardam o processo
de crescimento em altura das plantas, sem afetar o número e o diâmetro de colmos na
colheita, influenciam, de formas e intensidades distintas, a ocorrência do processo de
florescimento e chochamento, induzem o aumento no teor de açúcares redutores totais,
o que contribui para a melhoria da qualidade tecnológica da cana-de-açúcar e que a
aplicação de glifosato proporciona elevados índices de brotação lateral e prejudica a
rebrota da soqueira.
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Figura 21. Açúcares redutores totais (ART), em função da aplicação dos tratamentos à variedadede cana-de-açúcar RB855453 na safra de 2005 (LEITE & CRUSCIOL et al., 2008)
Atualmente, produtos cuja composição química contém o nitrato de potássio têm
sido empregados nas lavouras de cana-de-açúcar com a mesma finalidade, associado à
vantagem de serem menos agressivos ao ambiente, podendo substituir o uso de
herbicidas, quando houver nas proximidades da cultura da cana-de-açúcar, culturas
sensíveis ao modo de ação destes outros produtos químicos. Tais compostos químicos
(nitrato de potássio) têm sido caracterizados como indutores do processo de maturação,
classificados como retardantes do crescimento, tendo em vista que o efeito estressante
decorrente de sua aplicação tem por consequência estimular a síntese endógena de
etileno, hormônio vegetal capaz de promover alterações na fisiologia e morfologia da
planta, induzindo tal processo (LEITE, 2005).
O corte basal e apical do colmo na colheita da cana-de-açúcar tem influência
sobre o aproveitamento da matéria-prima, tendo em vista que o corte apical pode ser
realizado em diferentes alturas (STUPIELLO, 2000). Segundo Barreto (1991), o caldo
extraído da região apical do colmo possui baixa pureza, devido ao baixo teor desacarose e ao alto teor de compostos não açúcares; no entanto, a inclusão do ponteiro
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não implica em custos extras, uma vez que a recuperação do açúcar e melaço pode ser
compensada em outras etapas da fabricação.
Figura 22. Pol (%) e Pureza caldo (%) do terço superior (a, d), médio (b, e) e inferior (c, f) doscolmos da cana-de-açúcar RB855453, em função da aplicação de maturadores, safra 2006.(LEITE et al., 2010)
Deste modo, Leite et al. (2010) concluíram que os tratamentos com KNO3 e
sulfometuron metil, assim como a testemunha, não promovem prejuízos ao
comprimento dos colmos. Os tratamentos com glifosato e sulfometuron metil propiciam
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melhoria na qualidade tecnológica da matéria-prima, determinada até os 35 dias após
aplicação, contribuindo para o processo de maturação e possibilitando antecipar o corte
em relação à maturação natural (testemunha) e ao tratamento com KNO3, com maior
retorno econômico. O tratamento com glifosato reduz a produtividade de colmos, mas
eleva a pol da cana na porção superior dos colmos, possibilitando maior altura de
desponte.
A intensidade do perfilhamento é variável entre as diferentes cultivares, podendo
ocorrer até quatro meses após o plantio (10 a 20 perfilhos), com posterior decréscimo no
número de brotações, em virtude da competição natural por luz, água e nutrientes
(CASTRO & CHRISTOFOLETTI, 2005).
Segundo LANDELL & SILVA (2004), os atributos de produção determinantes
para a formação do potencial agrícola são: altura de colmo (h), número de perfilhos (C)
e diâmetro de colmos (d).
Alguns compostos comumente utilizados como maturadores têm sido
considerados eficientes na indução de maior perfilhamento da cana-deaçúcar, dentre
eles o ácido (2-cloroetil) fosfônico (etefon) (SILVA et al., 2007)
Figura 23. Número de perfilhos por metro do genótipo IAC91-5155, no período de zero a 12meses de idade, em cana-de-açúcar de segundo corte, após a aplicação de sulfometuron-metil e
etefon (SILVA et al., 2007)
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Wiedenfeld (2003) observou aumento do perfilhamento em três de cinco
genótipos estudados, e argumentou que quando são observadas respostas diferentes de
genótipos aos reguladores de crescimento, faz-se necessário uma calibração de dose e
época de aplicação baseada na resposta desejada para cada genótipo.
Silva et al. (2007) puderam verificar com o trabalho apresentado que os
reguladores de crescimento aplicados antes da colheita da cana-de-açúcar não
prejudicaram a brotação da cana-soca seguinte observando efeito estimulante na
emergência da brotação e perfilhamento até seis meses após o corte. O etefon promoveu
maiores produtividades de colmos e de açúcar na cana-soca subseqüente; para o
genótipo IAC91-5155, o uso de sulfometuron-metil e etefon reduziu o comprimento de
colmos na cana-soca seguinte e não houve efeito dos reguladores de crescimento sobre a
qualidade tecnológica da cana-de-açúcar.
4. CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS E FITOTOXIDEZ
Entre os fatores bióticos que limitam a produtividade da cana-de-açúcar, a
interferência exercida pelas plantas daninhas, que competem por água, luz, nutrientes e
espaço, pode causar perdas significativas na produtividade, na qualidade do produto
colhido e também na longevidade do canavial (NEGRISOLI et al., 2004).
O controle de plantas daninhas é prática de manejo obrigatória nos canaviais,
sendo o método químico o mais utilizado em todo o território nacional, devido à sua alta
eficiência, praticidade e baixo custo, se comparado aos demais métodos de controle
(CHRISTOFFOLETI et al., 2006; KUVA et al., 2008).
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Ametryn e Trifloxysulfuron-sodium
Entre os herbicidas de cana-de-açúcar, destacam-se como os mais utilizados o
ametryn e o trifloxysulfuron-sodium, aplicados isoladamente ou em misturas
formuladas comercialmente. Na atualidade, os programas de melhoramento genético
estão liberando e protegendo grande número de cultivares de cana-de-açúcar, cada vez
mais produtivos, com maior resistência às doenças e pragas, existindo também a
preocupação com a tolerância destas aos herbicidas. Entretanto, são poucos os trabalhos
desenvolvidos com os cultivares mais modernos, que tenham relatado maior ou menor
tolerância de genótipos de cana-de-açúcar a herbicidas (FERREIRA et al., 2005).
O herbicida ametryn é empregado para controle de plantas daninhas
monocotiledôneas na cana-de-açúcar. Apresenta baixa toxicidade para animais e
humanos (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005) e pode ser usado em pré ou em pós-
emergência inicial das plantas daninhas.
O ametryn apresenta fácil absorção pelas raízes e pelas folhas; seus sintomas de
intoxicação em cana-de-açúcar caracterizam-se por clorose seguida de necrose,
iniciando-se pelos bordos das folhas (VELINI et al., 2000)
Segundo Barela & Christoffoleti (2006), dependendo do grau de intoxicação da
necrose ocasionada no limbo foliar, poderá ocorrer redução na taxa fotossintética da
planta, com consequente redução na produtividade da cultura.
O herbicida trifloxysulfuronsodium, no entanto, por atuar inibindo a enzima
acetolactato sintase (ALS), essencial para a biossíntese dos aminoácidos de cadeia
ramificada (valina, leucina e isoleucina) (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005), pode ter
seus danos às plantas avaliados pela sua influência indireta sobre as variáveis associadas
à fotossíntese (TAIZ & ZEIGER, 2006).
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Galon et al. (2009) constataram em avaliação de influência da aplicação de
herbicidas e suas misturas em cana-de-açúcar que, de maneira geral, o consumo de CO 2
(ΔC) pela fotossíntese no período de avaliação foi menor nos tratamentos que inc luíram
ametryn, isolado ou em mistura com trifloxysulfuronsodium
Tabela 04. Influência de herbicidas aplicados isolados ou em mistura formulada noscomponentes da qualidade biológica de genótipos de cana-de-açúcar.
1/ TC: testemunha capinada; HA: ametryn (2.000 g ha-1); HB: trifloxysulfuron-sodium (22,5 g ha-1); HC:ametryn + trifloxysulfuron-sodium (1.673 + 37,0 g ha -1 ). 2/ Médias seguidas de mesmas letras, na coluna,constituem grupos homogêneos, conforme Scott-Knott (p ≤ 0,05).
3/ Porcentagem de sacarose.
De acordo com Galon et al. (2009), os herbicidas testados alteram de forma
diferenciada as características relacionadas à qualidade da matéria-prima da cana-de-
açúcar, como brix, fibra, porcentagem de sacarose e pureza do caldo, e principalmente a
produtividade de colmos e de açúcar dos genótipos testados.
Herbicidas + Óleo Fúsel
O óleo fúsel é um resíduo gerado pelas usinas na destilação do álcool, utilizado
como matéria-prima em outros processos industriais. O subproduto é um líquido
levemente amarelo de odor desagradável, que também está presente nas bebidas
alcoólicas e é responsável pelo sabor característico das aguardentes, determinando-lhes
o seu buquê e aroma particular (LIMA, 1964). Segundo Pérez et al. (2001), os
constituintes do óleo fúsel são álcoois superiores da série de graxas, principalmente o
álcool isoamílico.
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No campo, é comum os produtores associarem diferentes herbicidas diretamente
no tanque de pulverização, embora essa seja uma prática proibida, segundo Rodrigues &
Almeida (2005), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL,
2008), por meio da Instrução Normativa no 46 de 2002.
Neste caso, Pizzo et al. (2010) objetivaram estudar a seletividade da associação
óleo fúsel e herbicidas para o cultivar IACSP 93-3046 e a eficácia de controle sobre
diferentes plantas daninhas.
Figura 24. Sintomas visuais de intoxicação em % da cultura aos 15 e 30 DAT, Ribeirão Preto-SP, 2008. T1-diuron+ hexazinone (1.170/0,330 g ha -1); T2-diuron+hexazinone (1.170/0,330 gha-1) + OF (25 L ha-1); T3-diuron+hexazinone (0,819/0,231 g ha-1) + OF (25 L ha-1); T4-metribuzin (1.920 g ha-1); T5-metribuzin (1.920 g ha-1) + OF (25 L ha-1); T6-metribuzin (1.344 gha-1) + OF (25 L ha-1); T7-amicarbazone (1.400 g ha-1); T8-amicarbazone (1.400 g ha-1) + OF(25 L ha-1); T9-amicarbazone (0,980 g ha-1) + OF (25 L ha-1); TEST- testemunha; OF-óleo fúsel;DAT - dias após tratamento. (PIZZO et al., 2009)
Neste trabalho, ao considerar cada espécie estudada quanto ao controle,
constatou-se que os tratamentos foram mais eficazes sobre Amaranthus deflexus,
seguida de Brachiaria decumbens, Panicum maximum, Ipomoea quamoclit e Euphorbia
heterophylla, que apresentaram, respectivamente, 98,7; 94,2; 89,9; 75,0; e 65,8% como
média de controle no período de 15 a 90 DAT; e que a maioria dos tratamentos
T1 Diuron + Hexazinone (1) T6 Metribuzin (2) + OF
T2 Diuron + Hexazinone (1) + OF T7 Amicarbazone (1)
T3 Diuron + Hexazinone (2) + OF T8 Amicarbazone (1) + OFT4 Metribuzin (1) T9 Amicarbazone (2) + OF
T5 Metribuzin (1) + OF TEST Testemunha
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apresentou valores similares aos da testemunha, indicando que existe uma tendência de
a concentração de sólidos solúveis se estabilizar próximo à da testemunha para todos os
tratamentos. (PIZZO et a., 2010).
5. SISTEMA DE PRODUÇÃO
Diversos fatores podem interferir na produtividade e na qualidade tecnológica da
cana-de-açúcar que, no final, representa a integração das diferentes condições a que a
cultura ficou sujeita (GILBERT et al., 2006). A cada ciclo de desenvolvimento, a
cultura é submetida a diferentes condições ambientais e a manejos empregados, em
relação à época de plantio, variedade, época e tipo de colheita e estágio de
desenvolvimento da cultura. Em conseqüência destas e de outras causas de variação ao
longo do ciclo, surge a necessidade de previsão das respostas da cultura a diferentes
estímulos (MARCHIORI, 2004).
Relação entre altura basal do corte e produtividade
Para a brotação das soqueiras, deve-se considerar como fundamental, segundo
Carneiro et al. (1995), a reserva em rizomas ou colmos subterrâneos (parte basal do
colmo, que permanece enterrada no solo após o corte da cana) e raízes remanescentes
do ciclo anterior. Casagrande (1991) afirmou que, nos primeiros 30 dias, quando ocorre
a emissão de raízes de fixação e brotação de gemas, a cana-planta vive da reserva de
nutrientes do tolete, que é redistribuída, e parcialmente dos nutrientes absorvidos pelas
raízes de fixação. Após esse período, segundo o mesmo autor, inicia-se o
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desenvolvimento das raízes dos perfilhos primários, depois dos secundários, e assim
sucessivamente, então as raízes de fixação perdem a função, e a cana-planta passa a
depender exclusivamente da atividade das raízes dos perfilhos.
Em trabalho avaliando três alturas basais de corte mecânico da cana – 0, 10 e 20
cm - e três épocas de colheita – maio, julho e setembro -, Silva et al. (2008) verificaram
que genótipos de cana-de-açúcar respondem à altura de corte e à época de colheita dos
colmos quanto ao perfilhamento, e respondem à época de colheita em relação à
produtividade de colmos; a reserva energética acumulada na base dos colmos, pela
altura de corte, favorece a rebrota da cana-de-açúcar e que a época de colheita interfere
na produtividade de colmos e de açúcar. (Figura 25)
Preparo de solo e colheita
O papel fundamental das operações de preparo do solo é criar condições ideais
para o desenvolvimento das raízes e, por conseguinte, maiores produções. Em cana-de-
açúcar, este manejo inicial pode influenciar profundamente a produção entre os cortes
consecutivos, quando as operações de preparo não são conduzidas com tecnologia
adequada para cada tipo de solo (FREITAS, 1987). O preparo do solo não se limita
somente às operações que afetam diretamente a sua estrutura física, mas também
envolve aquelas ligadas aos fatores que determinam o pH e o ambiente. Estes fatores
são adequados para absorção eficiente de nutrientes (FREITAS, 1987) e para facilitar a
infiltração da água, contribuindo para o controle da erosão (ORLANDO FILHO;
ZAMBELLO, 1983),
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Figura 25. Número de perfilhos por metro linear de cana-de-açúcar cortada em três alturas
diferentes, no período de 1 a 12 meses de idade, em três épocas de colheita: maio (A), julho (B)e setembro (C). Símbolos com letras iguais, na mesma data, não diferem entre si, p = 0.05(SILVA et al., 2008)
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Tavares et al. (2010) testaram o efeito de técnicas de preparo convencional e
cultivo mínimo na renovação do canavial e sua interação com áreas colhidas
anteriormente, com e sem queima da palhada, sobre o crescimento e produtividade para
cana planta.
Por meio do qual puderam concluir que o sistema de preparo do solo cultivo
mínimo propicia, inicialmente, aumento do diâmetro do colmo e maior produtividade de
folhas na colheita, no entanto o perfilhamento é favorecido pelo sistema de preparo
convencional. Porém, ao longo do período, todos os dados biométricos se igualaram ao
final do ciclo da cana planta. Com a manutenção da palhada na superfície, houve
aumento no padrão de perfilhamento na fase intermediária e final da cultura, refutando a
influência negativa da palhada na rebrota e promovendo, ainda, maior altura aos 357
DAP. Após 16 anos de cultivo da cana-de-açúcar com e sem queima do palhiço,
observou-se maior produtividade de ponteiros no sistema Cana crua, promovendo
incrementos no rendimento dos colmos. Assim, o sistema de cultivo mínimo e Cana
crua são práticas que potencializam, a partir de folhas e pontas, a adição e o acúmulo de
material orgânico no sistema. (Figura 26)
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Figura 26. Altura, diâmetro e número de colmos, a partir de seis coletas em cana-de-açúcar, nasparcelas (Preparo convencional e Cultivo mínimo) e subparcelas (Cana queimada e Cana crua)(TAVARES et al., 2010)
Adubação Verde
A adubação verde é uma prática conhecida desde a antiguidade, podendo ser
definida como a incorporação ao solo de material vegetal não decomposto, produzido
ou não no local, a qual resulta em melhoria desejável das características químicas,
físicas e biológicas do solo (WUTKE & ARÉVALO, 2006).
A Crotalaria spectabilis e Mucuna aterrima produzem, respectivamente, em
torno de 4,2 e 3,0 toneladas de matéria seca por hectare (NASCIMENTO & SILVA,
2004), e juntamente com outras espécies de adubo verde como C. juncea, Lablab
purpureus, Arachis hypogaea e Glycine max têm sido utilizadas em sucessão na reforma
do canavial, devido a rápida decomposição favorecer a mineralização e disponibilização
de nitrogênio à cana-de-açúcar (WUTKE & ARÉVALO, 2006). Este procedimento
pode incrementar a produtividade de colmos devido à fixação de nitrogênio, aumento da
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capacidade de trocas de cátions, controle de plantas daninhas e reciclagem de nutrientes
(ESPANHOL et al., 2007).
O emprego de adubos verdes pode ser uma técnica eficiente no controle de
plantas daninhas, principalmente devido a efeitos físicos e alelopáticos. Fontanétti et al.
(2004), observaram que as espécies mucuna-preta ( Estizolobium aterrimum) e feijão-de-
porco (Canavalia ensiformes) reduziram significativamente o número de plantas de
tiririca por metro quadrado quando incorporadas ao solo antes do plantio de alface-
americana e repolho. Já plantas como C. juncea, C. spectabilis, M. aterrima e M.
pruriensis são plantas que possuem alta capacidade competitiva reduzindo a produção
de massa seca e o número de plantas daninhas (CAVA et al., 2008),
A dessecação é uma das etapas mais importantes para qualquer época do ano e
cultura, pois a aplicação de herbicidas não seletivos na eliminação da cobertura vegetal
assegura a perfeita emergência da cultura, permitindo o crescimento inicial sem
interferência de plantas daninhas (CHRISTOFFOLETI et al., 2005).
Oliveira Neto et al. (2011) avaliaram a eficiência de herbicidas no manejo
químico dos adubos verdes Crotalaria spectabilis e Mucuna aterrima, utilizados em
sucessão com a cultura da cana-de-açúcar na forma de cultivo mínimo e puderam
observar que nas condições em que foram conduzidos os experimentos, o controle
químico com as misturas em tanque de glyphosate + 2,4-D + carfentrazone-ethyl e
glyphosate + 2,4-D foram às alternativas com maior sucesso no manejo de Mucuna
aterrima e Crotalaria spectabilis, viabilizando a sucessão do plantio da cana-de-açúcar
em sistema de cultivo mínimo, com economia das operações de aração e gradagem.
Adubos verdes podem ser usados em sistema de rotação com a cultura da cana-
de-açúcar possibilitando controle de nematóides, especialmente os que colonizam raízes
de plantas invasoras em ocasião do pousio do solo. Moura et al. (2010) testaram o efeito
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do uso de mucuna-preta (MP) e Crotalaria juncea (CJ) em rotação com cana-de-açúcar
em relação à área de pousio, para controle de Pratylenchus zeae.
Figura 27. Área experimental: (A): parcelas com cana-de-açúcar, Crotalaria juncea e mucuna-preta, (B): parcela com C . juncea em floração, por ocasião da incorporação. (MOURA et al.,2010)
Figura 28. Área comercial de produção de cana-de-açúcar no primeiro ano de pousio,
apresetando rebentos das soqueiras e vasta e diversificada flora de plantas invasoras de variadasfamílias botânicas (A). A invasora melão-de-são-caetano encontrada em área de pousio e comraízes exibindo galhas causadas por Meloidogyne sp. (B) (MOURA et al., 2010)
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Tabela 05. Efeito do pousio e dos cultivos alternados de mucuna-preta (MP) e Crotalaria
juncea (CJ) com incorporação na produtividade da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) variedadeSP70-1011(MOURA et al., 2010).
A não recomendação do pousio no Nordeste é justificada pelo favorecimento ao
crescimento plantas invasoras hospedeiras dos nematóides-das-galhas, dos nematóides-
das-lesões e de outros patógenos e pragas. (MOURA et al., 2010)
Plantio Direto
O sistema de plantio direto se apresenta como uma ferramenta importante neste
contexto, pois pode ser entendido pelo seu próprio conceito, uma vez que assume a
visão integrada de um sistema, envolvendo a combinação de práticas culturais ou
biológicas, tais como: o uso de produtos químicos ou práticas mecânicas no manejo de
culturas destinadas à adubação verde, para a formação de coberturas do solo, através damanutenção dos resíduos culturais na superfície do solo; a combinação de espécies com
exigência nutricional, produção de fitomassa e sistema radicular diferenciados, visando
a constituir uma rotação de culturas; a adoção de métodos integrados de controle de
plantas daninhas, através da cobertura dos solos, herbicidas e o não revolvimento do
solo, exceto no sulco de semeadura (SÁ, 1998).
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O sistema de plantio direto apresenta maior eficiência no controle cultural das
plantas daninhas que os sistemas de cultivo mínimo e preparo convencional, reduzindo
o número total de indivíduos e a comunidade infestante (PEREIRA; VELINI, 2003).
A presença de plantas daninhas pode acarretar grandes prejuízos durante o ciclo
produtivo da cana-de-açúcar. Todavia, a dinâmica populacional de plantas daninhas
varia em função de diferentes aspectos: da época do ano, da fase da cultura, se cana-
planta ou soca; das condições edafoclimáticas (OLIVEIRA, 2005); do manejo de solo,
plantio direto ou convencional (VICTORIA FILHO, 2003), dos tipos de cobertura do
solo, sejam adubos verdes e/ou da própria palha da cana (AZANIA et al., 2002).
A colheita da cana-de-açúcar no sistema de plantio direto é crua, ou seja, sem
queima prévia, minimizando os problemas que a colheita tradicional com queima causa
ao homem e ao meio ambiente. Assim, os efeitos alelopáticos e supressivos
proporcionados por espécies de adubos verdes e seus resíduos remanescentes, prática
intrínseca do plantio direto, sobre plantas daninhas auxiliam o seu manejo, juntamente
com os efeitos respectivos da própria palhada da cana que se acumula na superfície do
solo (AZANIA et al., 2002).
O SPD de cana-de-açúcar favorece o acúmulo de palha da própria cultura, pois a
cana é colhida crua. Assim, além de eficiente no sequestro de carbono atmosférico,
atenuando o efeito estufa, resultados de pesquisa têm indicado efeitos da palhada da
própria cana na incidência e controle de plantas daninhas na cultura até os 90 dias após
o início da brotação da cana e aumentando o rendimento de colmos e de açúcar por área
(FIGUEIREDO et al., 2002), a presença de 20 ton ha-1 de palha reduziu em 82, 65, 62,
70, 60 e 88% o número de plantas de Ipomea quamoclit , I. purpurea, I. grandifolia, I.
hederifolia, I. nil e Merremia cissoides, respectivamente, quando comparadas à ausência
de palha (AZANIA et al., 2002).
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Duarte Junior et al. (2009) cultivaram os adubos verdes crotalária (Crotalaria
juncea), feijão de porco (Canavalia ensifomis) e mucuna preta ( Mucuna aterrima),
objetivando a cobertura e proteção do solo, a acumulação de nutrientes e a formação de
palhada para a implantação do sistema de plantio direto de cana-de-açúcar.
Tabela 06. Número de plantas e matéria seca de tiririca em função das espécies de plantas decobertura em sistema de plantio direto e convencional da cana-de-açúcar. (DUARTE JUNIORet al., 2009).
Tabela 07. Número de plantas folhas estreitas (TFE) e total de plantas daninhas (TPD) emfunção das espécies de plantas de cobertura em sistema de plantio direto e convencional dacana-de-açúcar. (DUARTE JUNIOR et al., 2009).
Tabela 08. Resultado de açúcares teoricamente recuperáveis (ATR) e da produtividade da cana-
de-açúcar em função das espécies de plantas de cobertura em sistema de plantio direto econvencional da cana-de-açúcar. (DUARTE JUNIOR et al., 2009).
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Neste trabalho os autores verificaram que o número total de folhas estreitas e de
plantas daninhas totais, respectivamente, foram 531 e 525% superiores no preparo
convencional em comparação ao sistema de plantio direto de cana-de-açúcar e que a
produtividade da cana-de-açúcar conduzida convencionalmente foi 27% menor que a
cana cultivada em sistema de plantio direto, porém não houve diferença significativa
dos tratamentos para açúcares teoricamente recuperáveis (ATR).
6. BIOTECNOLOGIA
Uso de bactérias para fixação biológica do Nitrogênio
Bactérias diazotróficas podem associar-se à cana‑de‑açúcar naturalmente ou
podem ser inoculadas para promover efeitos benéficos. Oliveira et al. (2006) avaliaramo efeito da inoculação de misturas bacterianas em material micropropagado das
variedades SP701143 e SP813250 e verificaram resposta positiva sobre a fixação
biológica de nitrogênio atmosférico (FBN), com contribuição média de
aproximadamente 30% do nitrogênio acumulado. Esses resultados indicam que a
combinação de espécies bacterianas no inoculante é uma estratégia viável para melhorar
a FBN e a produtividade da cultura.
Polímeros biodegradáveis têm sido apontados como veículos ecologicamente
seguros, por serem degradados pela ação de microrganismos sem causar danos ao meio
ambiente. As aplicações tecnológicas desses materiais normalmente requerem melhorias
em suas propriedades mecânicas (ROSA et al., 2001). Os polímeros alginato e goma
xantana são biodegradáveis, de baixo custo e promovem o encapsulamento das células,
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liberando‑as após a degradação do material no ambiente e protegendo as células contra
estresses ambientais; esses polímeros podem, assim, favorecer a multiplicação e
sobrevivência das células, quando aplicados ao solo (BASHAN et al., 2002).
No âmbito desta questão, Silva et al. (2009) buscaram avaliar o efeito da
utilização de inoculantes compostos pela mistura de estirpes de bactérias diazotróficas e
pelos polímeros carboximetilcelulose e amido sobre a fixação de nitrogênio, em
cana‑de-açúcar no campo.
Tabela 09. Produtividade de colmos frescos (Mg ha-1) de variedades de cana-de-açúcarsubmetidas a quatro tratamentos de fornecimento de nitrogênio, em três épocas de aplicação (1) (SILVA et al., 2009)
Concluem assim que em condição de campo, a aplicação de inoculantes,
formulados pela mistura de estirpes de bactérias diazotróficas endofíticas e pelos
polímeros carboximetilcelulose e amido, promove o aumento da produtividade de
colmos e massa de matéria seca da cultura da cana‑de‑açúcar (SILVA et al., 2009).
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Uso conjunto de substâncias húmicas e bactérias diazotróficas endofíticas
As substâncias húmicas (SH) são o principal componente da matéria orgânica do
solo e influenciam suas propriedades químicas, físicas e biológicas. O crescimento e o
metabolismo das plantas são alterados com a aplicação de ácidos fúlvicos (VARANINI
et al., 1993) e húmicos (NARDI et al., 2002) em solução. A avaliação do potencial de
ácidos húmicos (AH) isolados de diferentes fontes de matéria orgânica sobre o
crescimento e desenvolvimento de plantas de interesse agronômico tem sido explorada
em experimentos realizados em casa de vegetação (CANELLAS & FAÇANHA, 2004).
Embora as bases celulares e moleculares da ação de AH não estejam totalmente
esclarecidas, estudos apontam para uma estimulação da atividade e promoção da síntese
das enzimas H+-ATPases da membrana plasmática, num efeito tipicamente auxínico
(QUAGGIOTTI et al., 2004).
Na cultura da cana-de-açúcar, os estudos relacionados com seleção de genótipos
da planta e de estirpes bacterianas eficientes na fixação biológica de N2 (FBN) têm
apontado para contribuições entre 30 a 70 % do N obtido via FBN (OLIVEIRA et al.,
2002).
Em plantas micropropagadas de cana-deaçúcar, Olivares et al. (2000)
evidenciaram o potencial de promoção do crescimento pela inoculação de estirpes
selecionadas de G. diazotrophicus e H. seropedicae, com incrementos na biomassa
radicular entre 50 e 350 % em relação ao controle não inoculado. De modo similar aos
ácidos húmicos, foram observadas alterações na geometria da raiz, incremento da
proporção relativa de raízes finas, área e comprimento radiculares, bem como
incremento no teor de N, P e K em raízes e na parte aérea, causadas pela aplicação de
bactérias.
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Marques Júnior et al. (2008) testaram a estimulação do crescimento das plantas
pelo uso em conjunto de susbtâncias húmicas e bactérias diazotróficas endofíticas
Figura 29. Matéria seca da parte aérea e de raízes de microtoletes de cana-de-açúcar cv RB 72-454 tratados termicamente com água a 50,5 °C por duas horas (tratado) ou não (não tratado) esubmetidos à imersão por 12 h numa solução que continha: água (controle), ácidos húmicos(AH) na concentração de 20 mg L-1 de CAH, Herbaspirilum seropedicae estirpe HRC 54 naconcentração de 108 mL-1 de células em água e pelo uso em conjunto de AH e (Bactéria + AH).Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey ( p < 0,05).N = 4; CV = 26 %; F = 5 (MARQUES JÚNIOR et al., 2008)
Figura 30. Comprimento radicular total (a) e área superficial radicular (b) estimados pelosoftware Delta T-scan (demo version) de microtoletes de cana-de-açúcar cv RB 72-454 tratadostermicamente com água a 50,5 °C por duas horas (tratado) ou não (não tratado) e submetidos àimersão por 12 h numa solução que continha: água (controle), ácidos húmicos (AH) naconcentração de 20 mg L-1 de CAH, Herbaspirilum seropedicae estirpe HRC 54 naconcentração de 108 células mL-1 de água (Bac) e pelo uso em conjunto de AH e bac (Bactéria
+ AH) Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey (p< 0,05). Comprimento: N = 4; CV = 23%; F = 8. Área: N=5; CV = 21 %; F = 3,2 (MARQUESJÚNIOR et al., 2008)
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Figura 31. Nível populacional de Herbaspirilum seropedicae estirpe HRC 54 em raízes frescasde microtoletes (log do número de células bacterianas por grama de tecido fresco) de cana-de-açúcar cv RB 72-454 tratados termicamente com água a 50,5 °C por duas horas (tratado) ou não(não tratado) e submetidos à imersão por 12 h numa solução que continha: água (controle),ácidos húmicos (AH) na concentração de 20 mg L-1 de CAH, Herbaspirilum seropedicae
estirpe HRC 54 na concentração de 108 mL-1 de células em água (Bac) e pelo uso em conjuntode AH e bac (Bactéria + AH). Médias seguidas por letras diferentes são estatisticamentediferentes pelo teste Tukey (p < 0,05) (MARQUES JÚNIOR et al., 2008)
Com isso, Marques Júnior et al. (2008) concluiu que as características de
biomassa e crescimento radicular foram mais estimuladas em toletes tratados
termicamente. Os AH promoveram o crescimento de parte aérea e raiz nos toletes de
cana-de-açúcar, independentemente da termoterapia. Nos toletes não tratados
termicamente, a área radicular foi estimulada somente pelos AH e o tratamento térmico
foi determinante na expressão dos efeitos positivos dos tratamentos com bactérias
diazotróficas, bem como no aumento do tamanho da população das bactérias associadas
às raízes. Nos toletes tratados termicamente, o uso em conjunto de AH e H. seropedicae
estirpe HRC 54 promoveu estímulo na biomassa da parte aérea, no comprimento e na
área radicular e seu efeito foi superior ao do AH isolado somente em relação à área
radicular dos toletes tratados.
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Uso de BT para controle de Diatraea Saccharalis
Diatraea saccharalis, a broca da cana, é a principal praga das culturas de cana e
seu comportamento de alimentação, no interior do caule, dificulta o controle. Pesticidas
sintéticos são inadequadas devido à reduzida penetração e comprometimento ambiental.
Para evitar ou minimizar os danos produzidos por Diatraea spp, programas de
controle biológico com base em ovo e larva de predadores e parasitóide têm sido usados
(GALLO et al., 2002). O Programa Nacional de controle de Diatraea spp. no Brasil
começou na década de 1970 e é considerado o maior programa de controle biológico do
mundo baseado em Cotesia flavipes, um parasitóide larval. No entanto, as flutuações na
eficiência de controle larva como resultado de peculiaridades geográficas, um grande
número destes inimigos naturais necessários para a liberação de campo, e a ocorrência
de um hiperparasitóide para casulos de C. flavipes em várias culturas de cana do Brasil
(FILHO & LIMA, 2003) ameaçam esta estratégia.
Bioinseticidas baseados em uma mistura de esporos e cristais ou a na expressão
heteróloga de genes Cry em microorganismos (SALLES et a., 2000), bem como em
plantas (SHELTON et al., 2002) têm sido utilizadas de forma eficiente para controlar
importantes pragas agrícolas. As primeiras tentativas para controlar a broca da cana com
B. thuringiensis subsp. kurstaki cepa HD-1 foram realizadas com sucesso nos Estados
Unidos (CHARPENTIER et al., 1973). Mais recentemente, uma triagem de cepas
mexicanas de B. thuringiensis kurstaki contra a broca da cana resultou na seleção da
cepa GM-34 com um valor de LC50 de 33,21 mcg / mL (ROSAS-GARCIA et al.,
2004). Esta bactéria tem sido usado como um ingrediente ativo na formulação inseticida
preparado para controlar a broca da cana naquele país (ROSAS-GARCIA, 2006). Por
outro lado, Bohorova et al. (1996) não identificaram cepas de atividade superior a 60%
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de mortalidade, incluindo HD-1 cepa padrão quando testados contra insetos
lepidópteros.
Figura 31. Mortalidade de larvas de D. saccharalis alimentados com artificial dieta contendocepas diferentes de B. thuringiensis.em bioensaios realizados com 500 mg L -1 de complexo
esporo-cristal, o teste de mortalidade foi corrigida com a fórmula de Abbot (1925). (GITAHY etal., 2007)
Gitahy et al. (2007) identificaram a estirpe brasileira S76, que foi selecionada
pela alta atividade letal contra larvas da broca, dez vezes maior do que a estirpe
comercial HD-1 de B. thuringiensis, com resultados da CL50 de 13.06 μg/L e 143.88
μg/L, respectivamente. Foram observados cristais bipiramidais e cuboides similares aos
encontrados em outras estirpes de B. thuringiensis com atividade entomopatogenica
para lepidópteros e dípteros. Adicionalmente, foram visualizadas pequenas inclusões
cristalinas esféricas. O perfil plasmidial da estirpe S76 foi similar ao observado na
estirpe HD-1. Amplificações por PCR confirmaram a presença dos genes cry1Aa,
cry1Ab, cry1Ac, cry2Aa1 e cry2Ab2, porém não foram detectados os genes cry1Ad ,
cry2Ac e cry9 na estirpe S76. Não foi observada nenhuma diferença para explicar a
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maior atividade da estirpe S76 quando comparada a HD-1. Entretanto, os resultados
indicam a estirpe S76 como fonte potencial de genes Cry para controlar D. saccharalis.
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