PRÁTICAS SOCIAIS E PROCESSOS EDUCATIVOS 22 nov.- - 2011

Seminário

APORTAÇÕES DUSSELIANAS:

ética e ciência críticas em educação[Apresentação elaborada por S. Stella Araújo[Apresentação elaborada por S. Stella Araújo[Apresentação elaborada por S. Stella Araújo[Apresentação elaborada por S. Stella Araújo----Olivera]Olivera]Olivera]Olivera]

1ª PARTE

• QUESTÕES SULEADORAS DO SEMINÁRIO• Quem é o outro na minha pesquisa? Que dimensões são a

ele negadas e que o tornam não-ser, excluído, dominado, oprimido, vítima, marginalizado, outro.

• Qual a totalidade que o exclui/oprime? • Como reage perante essa injustiça?• Qual meu papel como homem-mulher-cidadão/ã-

pesquisador/a perante uma realidade que gera vítimas?• O pesquisador perante a confrontação de paradigmas:

funcional vs crítico. (partindo da afirmação que a escolha da abordagem ou paradigma de pesquisa é uma questão de POSTURA, atitude perante a vida social, por tanto É POLÍTICA e sendo política É ÉTICA)

• Qual é a postura epistemológico-metodológica que adoto na pesquisa?

• Quais dilemas estão na discussão acerca da ciência atual? • O que é a ética traz para refletir sobre o fazer científico? • Que supõe se assumir pesquisador ético-crítico?

Tese dusseliana

• O pensamento filosófico europeu tem argumentado justificando o regime de verdade estabelecido e não fornece subsídios para pensar a realidade dos “vencidos” pela colonização europeia, afetados pelos efeitos negativos não intencionais do sistema mundo estabelecido.

“HISTORIA MUNDIAL DE LAS ETICIDADES”Para além do eurocentrismo e do fundamentalismo

Dussel, 1998

Lugar epistémico:medio oriente

Segundo os mitos gerados nas cidades que se levantam de um lado e do outro do Mar Egeu, a princesa Europa nasceu no mediterrâneo, filha de Agenor, rei fenício de Sídon (atual Líbano ).Ou seja, Europa não é europeia, é asiática.....

Europa e o tourode Gustave Moreau

(1869)

Nosso lugar epistémico:Latino América?

Joaquín Torres García

SISSISSISSIS

TETETETE

MASMASMASMAS

INTERINTERINTERINTER----

RERERERE

GIOGIOGIOGIO

NAISNAISNAISNAIS

Tomado de DUSSEL 1998

Sistema mundo

Tomado de Lander 2005

•O Outro, na comunidade económica de reprodução da vida como exclusão do «pobre» (pauper para Marx), na erótica a mulher; na pedagógica a criança ideológica e culturalmente dominada, no plano da política internacional, são os países da periferia, (D: 1998b, p. 26),

Estadio IV-SISTEMA MUNDO (DESDE 1492)

Elaborado pela autora , a partir de Dussel, 1995, p.146; 2001, p. 345; 1998ª, p21

EEUU

Europaocidental

CENTRO

PERIFERIA

20% humanidade

consume 82% bens

60% população, consume 5.8%

bens

JAPÃO

LIBERTAÇÃO, a partir de onde?Estamos nos perguntando pelo lugar epistemológico para nos respondermos: "para quê, contra que, a favor de

quê, de quem se engajam na melhora de seu próprio saber”

Conceito de éticaConceito de éticaConceito de éticaConceito de ética

•Moral e ética, são sinônimos?

•É extremamente importante saber diferenciar a ÉTICA da MORAL e ainda do DIREITO porque embora tendo grandes vínculos, estas três áreas se distinguem.

• A confusão que acontece entre as palavras “Moral” e “Ética” existem há muitos séculos.

• A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.

• Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do ser humano em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano.

• Estão inseridas numa cultura...

•“Las culturas...son modos particulares de vida, modos movidos por el principio universal de la vida humana de cada sujeto en comunidad, desde dentro.” (Dussel,

1998a:91)

MUNDOS DA VIDA-culturas-moral

Culturas africanas

cultura hindu

Cultura branco-europeia

Culturas islâmicas

Culturas indígenas

c. china

Culturas indígenasoriginárias

maiaincaazteca

terena

baniwa

Elaborado pela autora

mapuche

• Segundo Agnes Heller(1997) , a moral é a relação do individuo com esta totalidade; o individuo esta dentro dela, não a modifica.

Moral bantú Moral taoísta

Moralaymara

Moralmaia

Moral cristã

Moral judaica

Moral muçulmana

Moral ocidental

Moralvitoriana

• Não há somente “uma” moral. Em cada época histórica encontra-se em c/grupo humano, em c/cultura, uma moral, aceita pelas pessoas, ou grande parte delas....

• Dessa forma podemos falar de moral cristã, moral protestante, moral do cavaleiro medieval, moral asteca...Pode-se dizer que existem numerosas morais na história e que a moral é relativa. Embora aceita numa época “x”, elas podem mudar, podem ser criticadas, modificadas, transcendidas....assim, práticas sociais, políticas, jurídicas de uma época podem ser considerada não morais ou não justa em outra; vejamos a seguir:

Totalidade=sistema escravocrata.

SIST PRODUÇÃO

SIST JURÍDICOLEIS

ORDEM MORAL, regula, Comportamentos individuais

e sistémicos

Nessa ordem moral não é injusto, nem imoral se apropriar do negro (escravizado), de seu trabalho,

de sua pessoa, de sua identidade, vender seus filhos, etc.

racismo

“Se ha fugado un negro de la Villa de Durazno llamado Mariano, tiene un tajo enla cara de la boca para la barba, bajo de estatura, de oficio zapatero y cocinero...

Sus vicios son de ladrón, borracho, huidor....” (Diario El Universal –Uy, 1830)Recompensa para quien lo entregue, castigo para el fugitivo!!!!

Sist social: classesamos e escravos

• DESDE o horizonte do sistema escravocrata o “castigo” a “pose” de um/a negro/a não gera nenhum juízo de valor negativo = Moral (funcional ao sistema)

• A escravidão DESDE fora do sistema escravocrata , “JUIÇO CRÍTICO”.

• “desde el sistema capitalista, la esclavitud no es más justificable” (Dussel, 305)

• “las labores hechas por los hombres libres salen siempre más baratas” (A.Smith, )

• (Já pensaram pq se assinou a lei áurea? Pq foram libertados escravos antes dessa lei? Terá sido por “humanidade” dos fazendeiros, das classes dominantes? pela crítica da não mortalidade do ato?)

Sudafrica = apartheid

• Ónibus para brancos

• Escolas para brancos

• Leis para brancos

• Ónibus para negros

• Escolas para negros

• Leis para negros

Sistema jurídico, ordem moral estabelece as regras, normas e comportamentos discriminatórios

Desde o sistema capitalista, o apartheid, não é mais justificável. O que é “justo”

na TOTALIDADE 1 é “injusto” em outra totalidade

• Dussel, partindo de Marx, diferencia entre MORAL e ÉTICA

• “Diariamente me robas ...2/3 del valor de mi mercancía [fuerza de trabajo]. Me pagas la fuerza de trabajo de un día, pero consumes la de tres...puedes ser un ciudadano modelo, miembro tal vez de una Sociedad Protectora de Animales y por añadidura vivir en olor de santidad, pero a la cosa que ante mi representas no le late un corazón en el pecho”

• (El Capital, 281)

• Totalidade=sistema capitalista

SIST PRODUÇÃO

Mais valia=forçade trabalho

SIST JURÍDICOLEIS

ORDEM MORAL

Nessa ordem moral não é injusto, faz parte da moral capitalista, o

EMPRESSARIO se apropriar da “força de trabalho” do operário,

pelo contrário, permite manter o sistema: Moral funcional

É ROUBO, é injusto pq é trabalho não pagado, desde o sujeito que se situa “fora” do sistema capitalista.

É uma crítica ética contra a moral capitalista.

• A) uma banda ou um sujeito ROUBA UM BANCO, uma pessoa ROUBA (se apropria) uma calça na loja o do varal do vizinho. Juízo de valor: “é ladrão” (sistema penitenciário); este ato é considerado jurídica e moralmente repudiável pq vai contra o sistema de “propriedade privada” (principio que sustenta o projeto ou horizonte = ideia de vida boa do CAPITALISMO, o sistema vigente) (olhar INTRA-SISTÉMICO, funcional, acrítico)

• B) “roubar” enxergado desde outro SISTEMA-TOTALIDADE, é injusto pq é trabalho não pagado, desde o sujeito que se situa “fora” do sistema capitalista (exterioridade).

• É uma crítica ética contra a moral capitalista

• “…una praxis puede ser «buena» para la moral vigente, pero «mala» para una ética de la liberación. Jesús fue blasfemo, perturbador del orden social, digno de morir, es decir, «malo» para el orden de los valores dominantes de los «ancianos, sacerdotes y escribas», para el mismo Herodes (el gobierno patrio) o Pilato (la ocupación imperial).”

(Dussel, Ética comunitaria, pág 38-39)

•existe uma moral (funcional) que com consciência, sem remorso... justifica os atos, as estruturas, os princípios de um sistema... fundado na normatividade hegemônica...

ética•Ética investiga e explica as normas morais, pois leva aos seres humanos a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência (princípios).

•La ética –diz Dussel (2001:145) - se ocupa de las condiciones universalesde la norma, el acto, la micro –o macro- estructura social, lainstitución o el sistema de eticidadcomo totalidad, considerados bajo laperspectiva de su ‘bondad’.

ATO JUSTO= tem PRETENSÃO DE BONDADE

éticade valores

éticas formais do procedimento: Kant, Habermas, Rawls,

Karl-Otto Apel,

éticas axiológicas, Durkheim, Scheler, Hartmann, e

Jang-Jonas

éticas dpreconocimiento,

Hegel, Axel Honneth

ética da libertação

Éticas materiais: MacIntyre,

Taylor

Dussel: Ética da libertação• “La ética de la liberación no quiere

aparecer como una novedad. Querría aparecer como una puesta al día de una tradición milenaria, pisoteada por el cinismo del capitalismo globalizador, que se pretende el máximo exponente de la ciencia y la razón, siendo en verdad una decadencia ética, irracional e insensible al dolor de las víctimas” (D, 1998a; 635)

ÉTICARADICAL

2

PROJETOLIBERTAÇÃO

SISTEMA I –VIGENTE-TOTALIDADE

EXTERIORIDADE

SISTEMA II

3VÍTIMASOPRIMIDOS

COM. CRÍTICA

41

EXCLUÍDOS

5

??

6A

6B

8

9

10

7

O oprimido (comunidade) elabora seu projeto de kibertação

Dussel, 1998ª, p 300

“Ésta es una ética de la vida...la vida humana es el contenido de la ética”

Pág 117, 118 Hacia una Filosofía política crítica, 2001

É uma ética de conteudo ou material: vida do ser humano em seu nível físico-biológico, histórico-cultural, ético-estético, místico-espiritual, sempre num âmbito comunitário.

“Di pan al hambriento, agua al sediento, vestí al que estaba desnudo y una barca al náufrago” Cap 125 livro dos Mortos-Egipto

ética crítica

rRelação entre

Negação daCorporalidade:Dor, sofrimentofísico-biológico, histórico-cultural, ético-estético, místico-espiritual

ComunitáriaINGÊNUANÃO CONSCIÊNCIA

Ponto de partida MATERIAL-CONTEÚDO

Tomada deconsciência da NegatividadeConsciênciaComunitáriaÉtico-crítica

PEOCESSO DELibertação-

práxis COMUNITÁRIAVIDA DIGNA

MOMENTO CRÍTICO da razão modernaFeuerbach, Horkheimer, Adorno, Marcuse, Marx,Freud, Lévinas

Comunidade das vítimasos sem direitos

• 2.6.2.2 Llamamos conciencia ética la capacidad que se tiene de escuchar la voz del otro, palabra transontológica que irrumpe desde más allá del sistema vigente. Puede que la protesta justa del otro ponga en cuestión los principios morales del sistema. Sólo quien tiene conciencia ética puede aceptar la puesta en cuestión a partir del criterio absoluto: el otro como otro en la justicia.

(Dussel, Filosofía de la Liberación, 1977:77 )