semântica: formal, estrutural, de enunciação ou argumentativa

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SEMÂNTICA: FORMAL, ESTRUTURAL, DE ENUNCIAÇÃO OU ARGUMENTATIVA Segundo Müller e Viotti (2003), “tem semântica de todo tipo. Tem semântica textual, semântica cognitiva, semântica lexical. Tem semântica argumentativa, semântica discursiva, …. Todas elas estudam o significado, cada uma do seu jeito. Tamanha variedade já mostra que o estudo do significado pode ser feito de vários ângulos." Assim sendo, o estudo semântico pode manifestar-se, dentre diversas abordagens, segundo a: • Semântica Formal; • Semântica Estrutural; • Semântica da Enunciação; A SEMÂNTICA FORMAL A Semântica Formal considera como uma propriedade central das línguas humanas o ser sobre algo, i. e., o fato de que as línguas naturais são utilizadas para falar sobre objetos, indivíduos, fatos, eventos, propriedades, …, descritos como externos à própria língua. Assim, a referencialidade é tomada como uma de suas propriedades fundamentais. Por esta razão, na Semântica Formal, o significado é entendido como uma relação entre a linguagem por um lado, e, por outro, aquilo sobre o qual a linguagem fala. Essa vertente afirma que o significado de uma sentença é o tipo de situação que ela descreve e que a descrição destas situações possíveis é equivalente às condições de verdade da sentença. Note: (1) Todas as aves têm penas. (2) A cegonha é uma ave. (3) Logo, a cegonha tem penas. A Semântica Formal pode ser descrita como um projeto que procura responder às seguintes perguntas: • O que "representam" ou "denotam" as expressões linguísticas? • Como calculamos o significado de expressões complexas a partir dos significados de suas partes? SEMÂNTICA ESTRUTURAL Profª Monique Parente | Obtenha Material Didático em: http://www.mestrando2.blogspot.com

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Conceito e variações de Semântica.

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Page 1: Semântica: formal, estrutural, de enunciação ou argumentativa

SEMÂNTICA:FORMAL, ESTRUTURAL, DE ENUNCIAÇÃO OU ARGUMENTATIVA

Segundo Müller e Viotti (2003), “tem semântica de todo tipo. Tem semântica textual, semântica cognitiva, semântica lexical. Tem semântica argumentativa, semântica discursiva, …. Todas elas estudam o significado, cada uma do seu jeito.  Tamanha variedade já mostra que o estudo do significado pode ser feito de vários ângulos."

Assim sendo, o estudo semântico pode manifestar-se, dentre diversas abordagens, segundo a:

• Semântica Formal;• Semântica Estrutural;• Semântica da Enunciação;

A SEMÂNTICA FORMAL

A Semântica Formal considera como uma propriedade central das línguas humanas o ser sobre algo, i. e., o fato de que as línguas naturais são utilizadas para falar sobre objetos, indivíduos, fatos, eventos, propriedades, …, descritos como externos à própria língua. Assim, a referencialidade é tomada como uma de suas propriedades fundamentais. Por esta razão, na Semântica Formal, o significado é entendido como uma relação entre a linguagem por um lado, e, por outro, aquilo sobre o qual a linguagem fala.

Essa vertente afirma que o significado de uma sentença é o tipo de situação que ela descreve e que a descrição destas situações possíveis é equivalente às condições de verdade da sentença.

Note:(1) Todas as aves têm penas.(2) A cegonha é uma ave.(3) Logo, a cegonha tem penas.

A Semântica Formal pode ser descrita como um projeto que procura responder às seguintes perguntas:• O que "representam" ou "denotam" as expressões linguísticas?• Como calculamos o significado de expressões complexas a partir dos significados de suas partes?

SEMÂNTICA ESTRUTURAL

A Semântica Estrutural tem sua fonte nos estudos saussureanos, onde signo e significante associam-se levando em conta o componente léxico.

A concepção de signo de Saussure influencia Hjelmslev, que propõe uma análise componencial do sentido, entendida como uma abordagem estrutural da semântica. O objetivo da semântica estrutural, em Hjelmslev, é “o estabelecimento, de um ponto de vista imanente, ou seja, sem recorrer a nenhuma classificação extralingüística, de categorias semânticas responsáveis, numa língua ou num estado de língua, pela criação de significados. [...] a totalidade que a semântica estrutural pretendia descrever era o léxico das línguas.”

Esta concepção defendia que o significado de um signo linguístico não deve ser considerado isoladamente, mas antes deve ser determinado pela sua posição em relação às estruturas linguísticas de que faz parte.

Profª Monique Parente |

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Oliveira (2008), em referência a exemplo apresentado por Saussure, pondera que “‘Sinônimos como recear, temer, ter medo só têm valor próprio pela oposição; se recear não existisse, todo seu conteúdo iria para os seus concorrentes’. Portanto, cada palavra de uma língua tem seu conteúdo semântico influenciado pelo conteúdo semântico das outras palavras dessa língua, e todas as palavras, por se relacionarem entre si, fazem da língua um sistema estruturado.”

SEMÂNTICA DA ENUNCIAÇÃO

A Semântica da Enunciação, também conhecida como Semântica Argumentativa, contempla uma abordagem onde a intencionalidade do falante denota a significação contida na mensagem. Em outras palavras, considera-se o enunciado como fonte prioritária da informação a ser transmitida.

Koch (2002) afirma que a Semântica da Enunciação “tem por função identificar enunciados cujo traço constitutivo é o “de serem empregados com a pretensão de orientar o interlocutor para certos tipos de conclusão, com exclusão de outros”. Ou, simplificando, com a pretensão de argumentar.

A Semântica da Enunciação pode manifestar-se, dentre várias formas, em:

→ POLIFONIA(1) O médico é adepto da filantropia.Há apenas uma pessoa na sentença, logo, ela é um médico filantropo.

→ PRESSUPOSIÇÃO(2) Joãozinho retornou à escola.Se Joãozinho retornou é porque ele havia saído ou ausentado-se da escola.

Referências BibliográficasCANÇADO, Márcia. Manual de Semântica. Belo Horizonte: UFMG, 2008.CEREJA, William Roberto. Gramática Reflexiva.Texto, Semântica e Interação. São Paulo: Atual, 2005.GUIMARÃES, Eduardo R.J.Textos e Argumentação. Um estudo de conjunções do português. Campinas: Pontes, 2007.HJELMSLEV, Louis. Ensaios lingüísticos. São Paulo: Perspectiva, 1991.ILARI, R. Introdução à semântica. São Paulo: Contexto, 2003.KOCH, Ingedore G. Villaça. A Inter-ação pela linguagem. São Paulo: Cortez, 1995.KOCH, Ingedore G. Villaça. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2002.MULLER, Ana . Semântica Formal. In: Fiorim, José Luiz. (Org.). Introdução à Linguistica. II Princípios de Análise. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2003, v. 2, p. 137-159.MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Cristina (org). Introdução à lingüística – domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2006.OLIVEIRA, L.A. Manual de Semântica. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.PERINI, Mário. A Gramática Descritiva do Português. São Paulo: Ática 2000.Semântica estruturalista. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-08-21]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$semantica-estruturalista>.ZANDWAIS, Ana (org.) Relações entre pragmática e enunciação. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 2002.

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