enunciaÇÃo e acontecimento

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Marília Costa REIS “Teoria da Linguagem” – Prof. Dr. Roberto Gomes CAMACHO

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ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO. Eduardo Guimarães. Marília Costa REIS “Teoria da Linguagem” – Prof. Dr. Roberto Gomes CAMACHO. Acontecimento de linguagem. Enunciação: Benveniste (1970): a língua posta em funcionamento. Ducrot (1984): o evento do aparecimento de um enunciado. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

Marília Costa REIS“Teoria da Linguagem” – Prof. Dr. Roberto Gomes CAMACHO

Page 2: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

Acontecimento de linguagemEnunciação:

Benveniste (1970): a língua posta em funcionamento.Ducrot (1984): o evento do aparecimento de um enunciado.

“Para mim a questão é como tratar a enunciação como funcionamento da língua sem remeter isso a um locutor, a uma centralidade do sujeito” (p.11)

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Acontecimento de linguagem

Conceituação:LínguaSujeitoTemporalidadeReal (materialidade histórica do real)

“Não se enuncia enquanto ser físico, nem meramente no mundo físico. Enuncia-se enquanto ser afetado pelo simbólico e num mundo vivido através do simbólico”. (p.11)

Page 4: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

1. Acontecimento e temporalidade

Acontecimento não é um fato no tempo, mas instala sua própria temporalidade.

Temporalidade: Um presente Latência de futuro Um passado memorável

“O acontecimento é sempre uma nova temporalização, um novo espaço de conviviabilidade de tempos.” (p. 12)

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1. Acontecimento e temporalidadeSão Paulo A doença marca as aparições de Covas .............................36

Justiça Caso do lalau abre a discussão sobre a prisão especial........ 39

Congresso Sucessão na presidência da Câmara e do Senado.............40

Municípios Prefeitos deixaram as cidades depenadas...................42

Um locutor que categoriza os espaços da revista

Um locutor que toma os títulos de matéria e indica suas páginas iniciais

“O presente do acontecimento deste índice é o tempo em que o locutor da formulação do índice atribui uma matéria a uma certa categoria, categoria que aí está como um passado neste aocntecimento, que se apresenta como um rememorado [...]. E tudo isso projeta sentidos futuros.” (p.13)

Page 6: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

1. Acontecimento e temporalidade

“O sujeito não fala no presente, no tempo, embora o locutor o represente assim, pois só é sujeito enquanto afetado pelo interdiscurso, memória de sentidos, estruturada pelo esquecimento, que faz a língua funcionar. Falar é estar nesta memória, portanto não é estar no tempo (dimensão empírica).” (p. 14)

Page 7: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

2. O político: distribuição de desigualdades e a afirmação de pertencimento

Rancière (1995): Arqui-política: organiza a política; Para-política: integra os conflitos; Meta-política: denuncia a política.

“Esses três modos de conceber o político o tomam como a prática do falso ou do aparente e assim procuram organizá-lo, o integrá-lo ou denunciá-lo (p.16)

Page 8: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

2. O político: distribuição de desigualdades e a afirmação de pertencimento

Político: Fundamento das relações sociais, no que tem

importância central a linguagem. Caracterizado pela contradição de uma

normatividade que estabelece (desigualmente) uma divisão do real e a afirmação de pertencimento dos que não estão incluídos.

Dividido sempre pela desmontagem da contradição que o constitui.

Page 9: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

2. O político: distribuição de desigualdades e a afirmação de pertencimento

Exemplo: uma reunião de um colegiado universitário em eu se discute a demissão de um aluno de seu posto de estagiário. (p. 16 e 17)

A) A administração B) Um outro aluno

“De um lado a afirmação de uma distribuição de papéis, desigualmente, onde alguns podem fazer coisas e outros devem obedecê-las, distribuição feita pela administração, e de outro a afirmação de pertencimento do aluno à categoria do humano na qual todos têm o direito igual de se defender de qualquer acusação.” (p.17)

Page 10: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

2. O político: distribuição de desigualdades e a afirmação de pertencimento

Político: A contradição que instala este conflito no centro do dizer; Constitui-se pela contradição entre a normatividade das

instituicoes sociais qu organizam desigualmente o real e a afirmaçao de pertencimento dos não incluídos;

É a afirmação da igualdade, do pertencimento do povo ao povo, em conflito com a divisao desigual do real, para redividi-lo, para refazê-lo incessantemente em nome do pertencimento de todos no todos;

“O acontecimento de linguagem por se dar nos espaços de enunciação é um acontecimento político.” (p. 17)

Page 11: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

3. Espaço de enunciação**Relação entre língua e falante**

Espaço de enunciação: regulado, de disputas pela palavra e pelas línguas: espaço político,

portanto. Língua:

normativamente dividida, atravessada pelo político; condição para se afirmar o pertencimento dos não incluídos, a

igualdade dos desigualmente divididos. Falante:

Sujeitos da língua, constituídos por este espaço de línguas e falantes; Figura política constituída pelos espaços de enunciação;

“Os espaços de enunciação são espaços de funcionamento de línguas, que se dividem, redividem, se misturam, desfazem, transformam por uma disputa incessante.” (p. 18)

Page 12: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

3. Espaço de enunciação

“O espaço de enunciação latino-americano caracteriza-se por uma disputa pela palavra regulada por uma distribuição de papéis que coloca brasileiros e latino-americanos dos demais países como falantes que excluem a língua do outro e incluem o Inglês como “língua franca” mesmo que uma pessoa em particular não a fale.” (p. 20)

Exemplo: falar Português na América Latina. Falar a língua oficial de um Estado; Relação de convivência e disputa com o Espanhol; Relação com o Inglês (relações internacionais como comércio, ciência etc.):

Acessar e deletar; Center Frutas Broto; Cambuí Fruit Center.

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3. Espaço de enunciação

“uma língua não é variável, no sentido em que esta noção é tomada pela sociolinguística quantitativa. [...] uma língua é dividida, de tal modo que ela é uma e é diferente disso. [...] esta divisão distribui desigualmente os falantes segundo os valores próprios desta hierarquia.” (p.21)

Exemplo: falar Português no Brasil. Falar a língua oficial do Estado; Falar uma língua que são várias:

[muito]~[mutjo] [mar]~[mař]

Relação dos falantes com a língua regulada pela língua (una) do Estado: gramatizada, normatizada.

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3. Espaço de enunciação

O Espaço de enunciação é assim decisivo para se tomar a enunciação como prática política e não individual ou subjetiva, nem como uma distribuição estratificada de características. Falar é assumir a palavra neste espaço dividido de línguas e falantes.” (p. 22)

Page 15: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa

É dada conforma a relação entre as figuras da

enunciação e as formas lingüísticas;

São especificações locais nos espaços de

enunciação;

Um espaço particularizado por uma deontologia

especifica de distribuição dos lugares de

enunciação no acontecimento;

Page 16: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa

Locutor Lugar social do locutor

Presente do locutor Temporalidade do acontecimento

Page 17: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa

Exemplo: Decretar x enquanto Presidente da RepúblicaLocutor-presidente: não é possível dar-se a si a origem desse dizer;Presidente: lugar social;No Brasil, o lugar do locutor-presidente é legitimado pela Língua Portuguesa;

Page 18: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa

Exemplo: Eu prometo que vou a sua casa

Enunciador-individual (“eu”) : não há lugar social no dizer;

Lugar de dizer que se representa como individual, independente da história;

Page 19: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa Exemplo: Quem semeia vento, colhe tempestade

Enunciador-genérico: “todos dizem”Locutor simula também ser a origem do dizer; Indefinição de fronteiras para o conjunto desse todos.

“O enunciador se mostra como dizendo com todos os

outros: se mostra como um indivíduo que escolhe falar tal

como outros indivíduos, uma outra forma de se apresentar

como independente da história.” (p. 25)

Page 20: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa

Exemplo: Todas as pessoas morrem

Enunciador-universal: lugar do universal;

Lugar do qual se diz sobre o mundo, acima da história;

Exemplo: discurso científico;

Page 21: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

4. A cena enunciativa

Coloca em jogo:

lugares sociais do locutor: papéis enunciativos, predicados por um lugar social;

lugares de dizer: enunciadores, representação da inexistência dos lugares sociais de locutor, ao contrário do modo como se apresentam, são próprios de uma história.

Page 22: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

5. Enunciação, reescritura, textualidade

Designar

Referir

Nomear

Relação entre enunciações, entre acontecimentos de linguagem: nomeação recortada como memorável por temporalidades específicas.

Relação entre um nome e outros, sob a aparência da substituibilidade, dada pela textualidade.

Page 23: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

5. Enunciação, reescritura, textualidade Exemplo:

“São cidadãos Brasileiros:

1º Os que no Brasil tiverem nascido...” Anáfora: reescritura dada pela preexistência do sentido de cidadãos; Dêitica: reescritura dada pela preexistência do sentido de pessoa, indivíduo.

“o sentido de uma expressão não é constituído pelo setido

de suas partes. O sentido é constituído pelo modo de

relação de uma expressão com outras expressões do

texto.” (p. 28)

Page 24: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

6. Cena enunciativa e divisão do locutor

“O Presidente da República, no uso de suas atribuições, Decreta...”

Divisão do Locutor: Locutor: locutor-presidente Enunciador: enunciador-universal

“O sentido da enunciação é produzido por esta divisão.” (p.29)

Page 25: ENUNCIAÇÃO E ACONTECIMENTO

6. Cena enunciativa e divisão do locutor

O Presidente da República: “Quem semeia vento, colhe tempestade”

Locutor-presidente fala do lugar de enunciador-genérico; Locutor-presidente toma o enunciador-genérico como argumento para si; Ele não fala como presidente, mas como um do todos, no povo.

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7. Lugares de enunciação e posição de sujeito

Divisão do Locutor: processo pelo qual a enunciação apaga seu caráter social e histórico;

“Falar e fazer-se sujeito é estar numa região do interdiscurso, de uma memória de sentidos (Orlandi, 1999);

Ser sujeito é estar afetado pelo esquecimento que se significa nesta posição;

Relações entre: Lugar do dizer e lugar social do dizer.

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Referencias bibliográficas