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COLECÇÃO DE CENÁRIOS GLOBAIS – SELECÇÃO E ANÁLISE DE PROJECTOS INTERNACIONAIS DE CENÁRIOS – Documento de Trabalho Nº 3 /2011 Lisboa DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território

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COLECÇÃO DE CENÁRIOS GLOBAIS

– SELECÇÃO E ANÁLISE DE PROJECTOS

INTERNACIONAIS DE CENÁRIOS –

Documento de Trabalho Nº 3 /2011

Lisboa

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território

FICHA TÉCNICA Título: Colecção de Cenários Globais - Selecção e Análise de Projectos Internacionais de

Cenários*

Autores: Paulo Soeiro de Carvalho (coordenação)

Catarina Rogado

Sofia Rodrigues

Edição: Divisão de Informação e Comunicação

Março 2011

Editor: Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

Av. D. Carlos I, 126 1249-073 Lisboa Fax: (351) 213935208 Telef: (351) 213935200 E-mail: [email protected] www.dpp.pt

* Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projecto PTDC/AAC-CLI/105164/2008.

 

 

 ÍNDICE  

1. INTRODUÇÃO  5 

2. LEVANTAMENTO E SÍNTESE DE PROJECTOS INTERNACIONAIS DE CENARIZAÇÃO  7 

2.1. Os Projectos de Cenarização Analisados  7 

2.2. Os 23 projectos seleccionados – uma breve caracterização  8 

2.3. Síntese dos 23 Projectos de Cenarização  10 

3. NOTAS CONCLUSIVAS  98 

3.1. A Escolha das Incertezas Cruciais  98 

3.2. Focos Estratégicos e Horizontes Temporais  101 

3.3. Arquétipos obtidos a partir de uma visão panorâmica dos projectos de cenários  102 

3.4. Cenários Positivos e Cenários Preferidos  109 

ANEXO 1: OS 42 PROJECTOS INTERNACIONAIS DE CENARIZAÇÃO IDENTIFICADOS  111 

 

    

   

Colecção de Cenários Globais 

  

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 ACRÓNIMOS  

BRIC  Brasil, Rússia, Índia e China 

CCS  Carbon Capture Storage (Captura e Armazenamento de Carbono) 

EUA  Estados Unidos da América 

EM  Estado‐Membro 

EMN  Empresa Multinacional 

FMI  Fundo Monetário Internacional 

I&D  Investigação & Desenvolvimento 

OCDE  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 

OMC  Organização Mundial do Comércio 

OMS  Organização Mundial de Saúde 

ONU  Organização das Nações Unidas 

OTAN  Organização do Tratado do Atlântico Norte 

PI  Propriedade Industrial 

PMEs  Pequenas e Médias Empresas 

TIC  Tecnologias de Informação e Comunicação 

UE  União Europeia 

 

  

   

   

Colecção de Cenários Globais 

  

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

1. INTRODUÇÃO  

O  presente  documento  constitui  uma  etapa  importante  do  processo  de  construção  de 

Cenários Globais num horizonte de  longo prazo que o DPP – Departamento de Prospectiva e 

Planeamento  e  Relações  Internacionais  –  se  encontra  a  realizar  no  âmbito  do  projecto 

“HybCO2: Abordagens híbridas para avaliar o  impacto económico, ambiental e tecnológico de 

cenários de redução de carbono de longo prazo – o  caso de estudo Português”.1  

 

Com o propósito de oferecer contributos relevantes para a construção de cenários globais, o 

DPP  fez  um  trabalho  inicial  de  levantamento  e  análise  de  um  conjunto  de  projectos 

internacionais de cenarização de âmbito global. 

 

Foram analisados numa fase inicial 42 projectos de cenários realizados por um conjunto muito 

diversificado de  instituições  internacionais de reconhecida qualidade e credibilidade, número 

que  foi  posteriormente  reduzido  para  23,  tendo  sido  sobre  este  conjunto mais  restrito  de 

projectos  de  cenarização  que  se  realizou  uma  análise  aprofundada  centrada  em  diversos 

elementos  ou  características  distintivas  de  cada  um  daqueles  estudos,  tendo  em  vista  a 

obtenção dos seguintes objectivos: 

 

• identificação e análise comparativa do  foco estratégico, âmbito e horizonte  temporal de 

cada um dos projectos; 

• identificação e análise das incertezas cruciais e respectivas configurações contrastadas que 

estiveram na base da estruturação e descrição dos cenários; 

• identificação de forças de mudança (para além das incertezas cruciais acima referidas) em 

cada estudo e respectivo papel no processo de construção e descrição dos cenários; 

• apresentação  sintética  de  cada  um  dos  cenários,  permitindo  a  identificação  de  temas, 

questões  centrais  e  arquétipos  comuns  a  vários  dos  estudos  realizados,  bem  como  de 

ideias e elementos considerados distintivos nos vários projectos. 

 

Tal  com o  referido  acima, o propósito  central deste  trabalho de  levantamento e  análise de 

projectos  internacionais  de  construção  de  cenários  de  amplitude  global  foi  o  de  oferecer 

contributos  relevantes  ao nível  da  identificação de  forças de mudança  e  incertezas  cruciais 

potenciais que pudessem servir de input de base para o processo subsequente de construção 

de cenários globais por parte do DPP2. 

                                                            1 Projecto que o DPP está a  realizar  juntamente com a FFCT‐UNL e o  ISEG. Financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia. 2 Um dos contributos da análise comparativa de projectos internacionais de construção de cenários traduziu‐se na identificação de forças de mudança e incertezas cruciais de âmbito global, que foram utilizadas como inputs de base no workshop participativo e co‐criativo de construção de cenários globais, organizado pelo DPP, e que se realizou no dia 8 de Novembro de 2010 na Fundação Calouste Gulbenkian, tendo contado com a participação de um número seleccionado de participantes. 

   

Colecção de Cenários Globais

  

 6

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Tendo  presente  os  objectivos  do  trabalho,  o  documento  estrutura‐se  em  duas  partes, 

respectivamente: 

 

• Parte 1 – na qual se faz uma apresentação geral e panorâmica dos projectos ou estudos de 

cenarização  analisados,  e  em  seguida  uma  apresentação  sintética  de  cada  um  dos  23 

projectos internacionais de cenarização que foram alvo de uma análise mais aprofundada; 

• Parte  2  –  na  qual  se  procura  oferecer  uma  sistematização  das  principais  contribuições 

obtidas a partir da análise dos projectos seleccionados. 

 

 

 

   

   

Colecção de Cenários Globais 

  

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

2. LEVANTAMENTO E SÍNTESE DE PROJECTOS 

INTERNACIONAIS DE CENARIZAÇÃO  

Com  o  objectivo  de  preparar  a  elaboração  de  Cenários  Globais,  o  DPP  realizou  um 

levantamento de projectos de cenarização de âmbito global, elaborados nos últimos 15 anos 

por entidades de referência nos domínios da Prospectiva e Planeamento estratégico de longo 

prazo.  

 

Neste  sentido,  o  presente  documento  traduz  todo  o  trabalho  de  levantamento,  selecção  e 

análise  de  um  conjunto  diversificado  de  projectos  internacionais  de  cenarização,  visando, 

numa  fase  posterior,  a  obtenção  de  contributos  relevantes  para  a  construção  de  cenários 

globais por parte do DPP. 

 

 

2.1. Os Projectos de Cenarização Analisados  

Para  o  levantamento  destes  projectos  de  cenarização  optou‐se  por  uma  abordagem 

panorâmica e de visão global, no  sentido de explorar de  forma holística os vários projectos 

centrados na construção de cenários globais. Embora não seja uma recolha exaustiva de todos 

os projectos de cenários publicados nos últimos anos, foi feito um esforço no sentido de reunir 

alguns dos trabalhos mais citados na  literatura e que têm sido utilizados como referência em 

estudos e análises  comparativas de  cenários. A  lista  completa dos 42 projectos  inicialmente 

compilados, bem como uma breve identificação dos mesmos, é apresentada no Anexo 1. 

 

Neste  primeiro  levantamento  de  42  trabalhos  de  cenarização  procurámos,  sempre  que 

possível,  autonomizar  e  identificar  as  incertezas  cruciais  seleccionadas,  bem  como  drivers, 

tendências, elementos pré‐determinados e o processo de base conducente às estruturas de 

cenários utilizado pelas diferentes instituições. 

 

A partir de uma  visão  global  e de uma primeira  leitura destes  42 projectos de  cenarização 

fez‐se, em seguida, uma filtragem e selecção dos trabalhos, tendo sido seleccionados aqueles 

cuja pertinência e qualidade considerámos passíveis de uma análise mais aprofundada. 

 

Assim, do  levantamento  inicial de 42 projectos foram seleccionados 23, tendo os critérios de 

selecção  incidindo  sobre  a  pertinência  do  foco  estratégico,  âmbito  temático  e  horizonte 

temporal,  a  possibilidade  de  identificar  de  forma  clara  as  incertezas  cruciais  utilizadas  e 

respectiva  contribuição  para  a  construção  dos  cenários,  e  ainda  a  qualidade  intrínseca  dos 

próprios cenários.  

   

Colecção de Cenários Globais

  

 8

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

2.2. Os 23 projectos seleccionados – uma breve caracterização  

A diversidade dos 23 projectos de cenarização que  foram analisados em maior profundidade 

pode ser constatada pelas duas  figuras seguintes, os quais permitem visualizar os diferentes 

horizontes temporais e ainda os diferentes tipos de focos estratégicos e temas associados aos 

diferentes estudos. 

 

Figura 1: Distribuição dos Projectos por Horizonte Temporal 

 Fonte: DPP. 

 

Figura 2: Distribuição dos Projectos por Foco Estratégico 

 Fonte: DPP. 

 

No presente trabalho os 23 projectos de cenarização são apresentados individualmente, sendo 

elaborada  para  cada  um  deles  uma  ficha  descritiva  com  informação  relativa  aos  seguintes 

pontos: 

• Nome do projecto, identificação da entidade responsável, e data de elaboração; 

• Os endereços de Internet referentes à localização do projecto, para posterior consulta; 

• O horizonte temporal, foco estratégico e âmbito do projecto; 

57

311

05

01

202020252030203520402045205020552060

Número de projectos por Horizonte Temporal

41

61

22

11

32

GlobalÁgua

AmbienteComércioEconomiaEnergiaModa

Propriedade IndustrialTecnologia

Território e Ambiente

Número de projectos por Foco

   

Colecção de Cenários Globais 

  

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

• As incertezas consideradas nos vários projectos (e respectivas configurações); 

• Os drivers e outras forças de mudança identificados em cada projecto (quando referidos); 

• Um resumo de cada cenário constituinte do projecto; 

• Palavras‐chave relativas a cada resumo de cenário; 

• Observações,  as  quais  poderão  incluir  as  metodologias  utilizadas  em  cada  projecto 

(quando referidas no projecto). 

   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

2.3. Síntese dos 23 Projectos de Cenarização  

Apresenta‐se  de  seguida  a  lista  completa  dos  23  projectos  internacionais  de  cenários  que 

foram alvo de uma análise detalhada e que são descritos posteriormente de forma sintética.  

 

Tal como  referido no ponto anterior, para cada projecto de cenarização é apresentada uma 

ficha  descritiva  com  a  identificação  do  projecto,  as  incertezas  cruciais  e  respectivas 

configurações,  a  estrutura  base  dos  cenários,  a  identificação  de  outras  forças  de mudança 

utilizadas no projecto e  finalmente uma  síntese descritiva dos  cenários elaborados em  cada 

um dos projectos.  

 

Os 23 Projectos de Cenarização Analisados e Sintetizados 

1. EVA’s Global Scenarios – Playing Fields of the Future (2020) 

2. Shell Energy Scenarios to 2050 

3. Shell Global Scenarios to 2025 

4. Quantifying Four Scenarios for Europe 

5. Post‐2012 Climate Policy Scenarios 

6. Global Trends to 2025: A Transformed World 

7. Global Scenarios to 2025 

8. The Future of the Global Economy to 2030 

9. Scenarios for the Future International Environment 2010‐2020 

10. England’s natural environment in 2060 – issues, implications and scenarios 

11. Fashion Futures 2025 – Global Scenarios for a Sustainable Fashion Industry 

12. Scenarios for the Future of Technology and International Development (2030) 

13. World Trade: Possible Futures (2020) 

14. PRELUDE Scenarios 

15. World Water Vision – Three Global Water Scenarios (2025) 

16. Energy to 2050 – Scenarios for a Sustainable Future 

17. The Outlook – Towards 2015 and Beyond 

18. Horizons 2020 – A Glimpse of Things to Come 

19. Climate Futures – Responses to climate change in 2030 

20. Deciding the Future: Energy Policy Scenarios to 2050 

21. The Evolving Internet: Driving Forces, Uncertainties and Four Scenarios to 2025 

22. Scenarios for the Future (2025) 

23. Ecosystems and Human Well‐being: Scenarios (2050) 

   

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROJECTO 1 EVA’s Global Scenarios – Playing Fields of the Future 

(2020) Finnish Business and Policy Forum EVA 

Data Publicação: 2009 

Horizonte Temporal: 2020 

Foco Estratégico: Global 

http://www.eva.fi/en/uutiset/english‐global‐scenarios/1531/ (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: Neste projecto é apresentado um conjunto de 10 incertezas: 

• Cooperação internacional: irão as perspectivas dos decisores convergir ou divergir? 

• Comércio  internacional: haverá convergência de mercados, globalização e comércio  livre ou um aumento do proteccionismo e restrições de acesso aos mercados? 

• Pólos  das  reformas  económicas  e  sociais:  situar‐se‐á  o  centro  das  reformas  sociais  e económicas  nos  Estados Unidos  da  América  (EUA)  e  nos  países  da Organização  para  a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ou, alternativamente, na China,  Índia, Brasil e nos países do Médio Oriente produtores de petróleo? 

• Crise económica: até quando? Até onde? Será rápida a retoma? 

• Geopolítica,  relações  internacionais  e  regiões  geográficas:  que  conflitos,  alianças  e mudanças de poder político serão expectáveis? 

• Nível dos desequilíbrios ambientais: em que medida os eventos associados a alterações climáticas, catástrofes ambientais, pandemias, migrações, eventual escassez de matérias‐primas, alimentos e água potável, afectam o ambiente onde actuamos?   

• Energia e matérias‐primas:  como evoluirá a disponibilidade e preço? Como assegurar a eficiência na produção e consumo? 

• Tecnologia:  como  se  desenvolverão  as  tecnologias  ambientais  e  de  informação? Quem serão os actores que estarão na génese dessas novas soluções?  

• Competição  pelos  talentos:  que  tipo  de  intensidade  irá  estar  implícita  na  concorrência pelos melhores cérebros e também pelas melhores “mãos”? 

• Valores,  religião,  cultura  e  terrorismo:  como  é  que  o  apreço  pelo  desenvolvimento sustentável,  lazer,  tempo e comunidades  influenciará os valores e os estilos de vida? De que forma podem mudar o significado da religião, multiculturalismo e terrorismo? 

Importa  referir  que  as  incertezas  cruciais  que  estiveram  na  origem  dos  cenários  não  são explicitamente apresentadas. No entanto, a estrutura base dos cenários permite‐nos deduzir que  as  incertezas  cruciais  seleccionadas para  a  construção da matriz dos  cenários  foram  as seguintes: 

Cooperação internacional e Comércio internacional: convergência vs. divergência   Centro das reformas sociais e económicas: Oeste vs. Este 

   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

         

  

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

Neste estudo  são  identificadas de  forma  sintética um conjunto de  tendências, denominadas 

“certezas” e “continuidades” (próximo do conceito de elemento pré‐determinado utilizado na 

literatura  de  planeamento  por  cenários),  as  quais  estarão  presentes  em  todos  os  cenários 

construídos: 

• Globalização (o ambiente operacional, apesar da crise económica, manter‐se‐á global); 

• Crescente  importância  da  China  e  da  Índia  (não  apenas  em  termos  económicos  mas 

igualmente políticos e geopolíticos); 

• Aumento das necessidades de energia; 

• Continuação da explosão demográfica, combinando um crescimento global da população 

mundial  (pressionando os  recursos e as alterações climáticas) com  taxas de crescimento 

populacional divergentes entre países e regiões; 

• Envelhecimento da população; 

• Aumento da importância da produção alimentar; 

• Sobrecarga  do  sector  público,  e  pressões  crescentes  no  sentido  da  elevação  da  sua 

eficiência; 

• Desenvolvimento da tecnologia; 

• Aumento  da  importância  das  redes  de  tecnologias  de  informação  e  das  comunidades 

sociais; 

• Maior ênfase em questões ecológicas e no ambiente; 

• Sensibilização crescente para questões da segurança; 

• Intensifica‐se a necessidade de know‐how e de inovação; 

• Aumenta a competição por peritos e por mão‐de‐obra estrangeira; 

• Modelos de negócio renovados fruto de um ambiente empresarial em mutação acelerada.  

Coop

eração

/com

ércio    internaciona

Centro das reformas sociais e económicas EsteOeste 

Divergente 

Convergente 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

13 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Comeback of the West Os países Ocidentais assumem a liderança global das reformas sociais e económicas, enquanto os países asiáticos emergentes, por estarem mergulhados nos seus problemas internos, apresentam menor fulgor na  recuperação da  crise económica anteriormente  sentida. Num  cenário de  cooperação  internacional fortalecida  e  convergente,  os  acordos  internacionais,  a  economia  de  mercado  e  a  tecnologia  são encarados como parte da solução para o progresso, e não causa de eventuais problemas.  Após um breve reverso no início do Século XXI, a economia mundial recupera rapidamente da crise, sob a liderança  do  Ocidente,  sendo  os  valores  ocidentais  fortalecidos  por  todo  o  mundo.  Com  efeito,  a economia de mercado, a democracia, as reformas das principais instituições internacionais e uma maior responsabilidade social das empresas são domínios fomentados, destacando‐se a forte cooperação entre os EUA e a União Europeia (UE). Embora o anterior tempo da hegemonia dos EUA tenha terminado, a sua economia recupera entretanto e a influência é restaurada. A UE, por sua vez, vê o seu papel político fortalecido  e,  em  conjunto  com  a  zona  Euro,  o  seu  território  é  alargado  e  os  mercados  internos funcionam. A  cooperação na defesa, porém,  é assegurada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na Rússia, os elevados preços do petróleo dinamizaram o crescimento económico, mas o país não foi capaz de diversificar a sua economia. Porém, mais importante do que o lucro e o aumento de  produtividade  no  Ocidente,  destaca‐se  o  objectivo  de  proporcionar  um  crescente  bem‐estar  dos indivíduos na sociedade. A Ásia, por sua vez, eleva‐se economicamente, mas mais lentamente do que as previsões mais promissoras levavam a crer. De facto, com o fortalecimento da ética no capitalismo (por exemplo,  com  a melhoria  da  qualidade  das  relações  no  emprego)  verifica‐se  uma  desaceleração  do crescimento  económico  na  China  e  na  Índia.  E  influenciado  pelo  papel  relevante  do  Ocidente,  o “renascimento  africano”  surge  lento,  mas  seguro,  na  medida  em  que  a  cooperação  para  o desenvolvimento, o mercado livre e a tecnologia direccionada para os mercados fizeram de África parte de um desenvolvimento global positivo. Em  termos globais, a  tecnologia e a  inovação potenciam a eficiência e produtividade, e o progresso é conseguido também através do combate às alterações climáticas, que é levado a sério.   Palavras‐chave: forte cooperação  internacional;  liderança ocidental; economia de mercado;combate às alterações climáticas; bem‐estar individual.  Chinese capitalism Cenário em que saída da crise, em termos globais, é mais lenta, e o processo de recuperação económica é liderado pela Ásia encontrando‐se fortemente dependente do motor chinês, cujas aquisições de activos no  Ocidente  transformam  por  completo  a  distribuição  da  propriedade  à  escala  global.  O mundo  é, portanto, vincado pelo forte crescimento económico e pela mudança do foco político e económico para a Ásia, e assente em redes de cooperação globais orientadas para o mercado.  O  centro  das  reformas  económicas muda  para  Este,  nomeadamente  para  a  Ásia,  países  do Médio Oriente  da  Organização  dos  Países  Exportadores  de  Petróleo  (OPEP)  e  para  centros  e  redes  de conhecimento, que se tornam actores económicos mais importantes do que os governos. A importância de  instituições  internacionais  tradicionais  [como  a  Organização  das  Nações  Unidas  (ONU),  Fundo Monetário  Internacional  (FMI), Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio  (OMC)] decresce e, por  seu  turno, a UE  revela‐se politicamente disfuncional  com a perda de poder das  suas  instituições, embora mantenha a  sua área económica, preserve a  sua moeda única e as multinacionais europeias apresentem um bom desempenho. O nível avançado de conhecimento permite aos europeus uma bem‐sucedida  integração em  rede e cooperação com os centros asiáticos e do Médio Oriente, sendo que a Rússia  redefine  a  sua  orientação  estratégica  também  para  junto  destes  mercados  asiáticos.  As metrópoles e  redes de especialistas  funcionam  como os principais motores de  crescimento. Esta nova orientação do mercado mundial beneficia especialmente a China, que assiste ao rápido crescimento da sua classe média, fomentando o consumo e o desenvolvimento. De igual forma, os governos dos países do Pacífico actuam como forças de mudança no controlo das alterações climáticas e verificam‐se certos progressos,  como  o  crescente  investimento  da  China  na produção  de  carvão  limpo, painéis  solares  e carros eléctricos. No  seu  todo,  as  regras  base  da  cooperação  internacional  para  o  comércio mudaram.  Trata‐se,  no entanto, de uma forma de capitalismo sem democracia, pois os valores democráticos não se sobrepõem ao “oportunismo económico” defendido, que visa meramente o crescimento da economia. 

   

Colecção de Cenários Globais

  

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Palavras‐chave: peso político e económico asiático; cooperação para o mercado; redes de conhecimento; UE disfuncional; metrópoles; capitalismo sem democracia.  Battle of the blocs Face à crise mundial profunda e prolongada entretanto vivida, o mundo assiste a um enfraquecimento da cooperação global e ao  recuo da globalização, contrapondo‐se o capitalismo estatal proteccionista como  alavanca  da  retoma  económica  global,  assente  na  emergência  de  blocos  regionais  e  na prevalência do centro de reformas sociais e económicas no Ocidente. O mundo assenta numa concorrência entre os vários blocos regionais de comércio, modelos e culturas de regulação, concepções ideológicas e sistemas políticos que divergem e competem entre si. Nesta lógica de “geopolítica da sobrevivência”, a auto‐suficiência torna‐se cada vez mais importante, tendo em conta um contexto marcado por uma recessão longa e difícil. Como consequência, os EUA, que sofrem de um crescimento  pós‐recessão  lento,  estão  “introvertidos”  e  isolados,  pelo  que  a  relação  tradicional transatlântica não funciona. O foco das reformas sociais e económicas desloca‐se, pois, para a Europa e, comparando com os EUA, a UE revela‐se relativamente bem‐sucedida. A cooperação entre a Rússia e a Europa estreita‐se em termos de energia e tecnologia.  No  seguimento  desta  reorientação  para  “dentro”  e  para  o  proteccionismo,  a  ênfase  no  controlo  das alterações  climáticas  tem  um  âmbito  marcadamente  local,  confirmando  a  incapacidade  de  uma cooperação  internacional  aos mais  variados  níveis. No  Este,  a  China  sofre  de  problemas  internos  de grande magnitude, incluindo o desemprego massivo, migrações e protestos em larga escala. Os maiores problemas  internos  da  Índia  têm  origem  no  colapso  das  infra‐estruturas  e  no  desemprego  de mão‐de‐obra qualificada. A situação é exacerbada pela rivalidade entre a China e Índia, sendo a maior razão para esta situação o esgotamento das reservas de petróleo e gás nestes países.  Palavras‐chave:  fraca  cooperação  global;  blocos  de  comércio  regional;  proteccionismo;  recessão; reformas sociais e económicas europeias; controlo local das alterações climáticas.  Stimulus and collapse  Cenário  que  ilustra  a  incapacidade  de  sucesso  da  cooperação  internacional,  bem  como  o  recuo  da globalização, no qual os planos de estímulo para a saída da crise não geram os  resultados desejados, originando o colapso dos sistemas económicos e a falência dos governos. Num cenário de caos, destaca‐se  a  emergência  dos  conflitos  regionais  e  a  ausência  de  um  líder mundial,  que  agoniza  o  bem‐estar global. De facto, um mundo sem um “polícia do mundo” prova ser mais assustador do que um mundo unipolar, e nenhum país ou bloco poderá substituir o vazio da anterior liderança dos países Ocidentais. Vive‐se numa crise global prolongada, contra a qual não funcionam as antigas soluções contra‐cíclicas (planos e pacotes de estímulo  tradicionais), pelo que o mundo passa a ter um crescimento económico muito lento, com a China e Índia a serem os países de onde advém a maioria do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Consequentemente e face ao decréscimo do consumo, as quantidades de emissões para  a  atmosfera  diminuíram  na  fase  posterior  à  depressão  económica  prolongada. Nos  campos  da geopolítica  e  economia,  o  proteccionismo  e  os  fortes  interesses  nacionais  levam  à  incapacidade  das estruturas cooperativas  internacionais  responderem aos desafios. Poder‐se‐ia afirmar que, em 2020, a 3ª Guerra Mundial  poderá  eclodir  a  qualquer momento. O  estatuto  internacional  dos  EUA  colapsou, como resultado da depressão e das dificuldades económicas. A competitividade europeia deteriorou‐se, a UE é disfuncional e existe apenas nominalmente (até propostas para sair da UE são apresentadas), e as relações com a Rússia são problemáticas. No Médio Oriente as organizações terroristas aumentaram o seu poder num contexto difícil de eminente colapso do preço do petróleo, semeando conflitos ao usurpar campos de petróleo. Tanto a China como a Rússia  reagem aos  seus próprios problemas  internos com uma mentalidade de superpotência, condição que procuram reaver e que passa pelo uso de mais força em regiões vizinhas.  Globalmente, emergem outros problemas como o declínio da ajuda internacional ao desenvolvimento, o aumento de pandemias, migrações em massa e a deterioração das condições dos refugiados.   Palavras‐chave:  ausência  de  cooperação  global;  conflitos  regionais;  crise  económica  global; proteccionismo; fraca competitividade ocidental; ausência líder mundial. 

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

OBSERVAÇÕES:  

‐ Projecto elaborado já num momento posterior ao início da actual crise económica mas ainda 

muito marcado pela mesma. 

‐  Após  a  apresentação  dos  cenários  globais  foi  feito  um  esforço  no  sentido  de  serem 

identificadas e exploradas as implicações de cada um dos cenários para a Finlândia.  

‐ A realidade futura descrita em cada um dos cenários globais é feita por períodos temporais 

(2009‐2011 / 2012‐2015 / 2016‐2020 / Estado do Mundo em 2020).   

   

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PROJECTO 2 

Shell Energy Scenarios to 2050 Royal Dutch Shell plc 

Data Publicação: 2008 

Horizonte Temporal: 2050 

Foco Estratégico: Energia 

http://www‐

static.shell.com/static/public/downloads/brochures/corporate_pkg/scenarios/shell_energy_scenarios_2

050.pdf (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

Não existe uma explicitação das incertezas cruciais que estiveram na origem dos dois cenários 

construídos.  No  entanto,  os  cenários  são  claramente marcados  por  uma  grande  incerteza, 

traduzida  no  nível  de  mobilização  e  coordenação  das  políticas  económicas,  sociais, 

tecnológicas, ambientais face aos grandes desafios da sustentabilidade do sistema energético 

global. 

 

Configuração 1: Reactiva – Events outpace actions, ou seja, a sucessão de eventos acaba por 

ultrapassar a mobilização e capacidade de agir 

Configuração  2:  Proactiva  –  Actions  outpace  events,  ou  seja,  a  mobilização  para  a  acção 

antecipa‐se  à  ocorrência  dos  eventos,  permitindo  a  sua  resolução  de  forma  atempada  e 

“normativa”. 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

• Crescimento da população e desenvolvimento económico. 

• Fornecimento e procura de energia. 

• Efeitos sobre o ambiente. 

• Preços e tecnologia. 

• Escolhas políticas e sociais. 

A figura seguinte  identifica um conjunto de drivers utilizados para distinguir e caracterizar os 

dois cenários construídos. 

 

 

 

 

 

 

 

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Figura 3 

 Fonte: Shell Energy Scenarios to 2050, Royal Dutch Shell plc, pp.40‐41 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS:  Scramble “Events  outpace  actions”  ‐  uma  atitude  mais  reactiva,  privilegiando  o  aumento  do  fornecimento energético, colocando em segundo plano as respectivas consequências sobre o ambiente e a sociedade. Este cenário destaca a importância da segurança energética nacional, enquanto garante do crescimento económico, e o papel dos decisores políticos face à necessidade de assegurar o fornecimento de energia para  si  próprios  e  para  os  seus  aliados,  num  futuro  a  curto  prazo. Os  governos  nacionais,  principais actores neste cenário, procuram dar resposta às pressões imediatas decorrentes da crescente procura de energia,  cujos preços estão geralmente  fortes. Nenhum decisor está preparado para mudar o  “status quo”, pelo que é prioritário lidar com os problemas do presente. De facto, travar a procura energética e, por conseguinte, travar o crescimento económico, ser‐lhes‐ia demasiado impopular.  A atitude adoptada é reactiva. Não é  incentivada uma utilização mais eficiente da energia e a política ambiental  é  encarada  como uma pressão e um peso adicional  sobre o desempenho económico. Com efeito,  acções  de  encorajamento  à  eficiência  energética  e  ao  combate  às  alterações  climáticas  são adiadas, não sendo tomadas atitudes sérias e em larga escala face às emissões de gases com efeitos de 

   

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estufa, até à escassez das provisões e à sucessão de grandes choques climáticos que exijam  respostas políticas imediatas. Como consequência destas pressões emergentes, em 2020 a vida tornou‐se volátil e incerta (por exemplo em termos de picos de preços, …). Destaca‐se neste cenário um padrão típico de 3 passos: primeiro, os países lidam com sinais de escassez das provisões e apostam no carvão, hidrocarbonetos e biocombustíveis; depois, quando o crescimento do  uso  do  carvão,  petróleo  e  gás  não  pode  mais  ser  sustentado,  ocorre  uma  crise  global  de fornecimentos; a esta crise os governos  reagem com medidas severas e  rígidas, como o aumento dos preços,  restrições  à  mobilidade,  deslocalizações  das  actividades  económicas.  Embora  as  soluções introduzidas  revelem benefícios  imediatos ao nível da  segurança energética,  subsistem  consequências posteriores negativas e dispendiosas. Em 2020, a  repetição do padrão destes  três passos voláteis em várias áreas da economia energética, resulta num abrandamento económico global e, para que se atinja um verdadeiro desenvolvimento sustentável depois de 2020, será necessário que se assuma um efectivo compromisso nesse sentido.  Palavras‐chave:  segurança  energética  nacional;  procura  e  fornecimento  de  energia;  ineficiência energética;  escassez  de  provisões;  adiamento  do  combate  às  alterações  climáticas;  atitude  reactiva; choques climáticos.  Blueprints “Actions  outpace  events”  –  As  decisões  difíceis  são  tomadas  “mais  cedo  e  não  tarde  demais”, conduzindo  a  mudanças  tecnológicas  e  a  um  melhor  balanço  entre  necessidades  económicas  e ambientais. Há o reconhecimento de que a partilha de interesses na promoção da eficiência energética e do desenvolvimento tecnológico traz maiores benefícios na concretização de acções.  Em  2050,  o mundo  apresenta  um  desenvolvimento  económico  estável  e  uma  integração  económica global,  cuja actividade permanece  vigorosa e  ruma para um  caminho menos  intensivo em  termos de dependência energética. Efectivamente, o crescimento económico  já não depende do aumento do uso dos combustíveis fósseis, pois a energia proveniente de fontes renováveis cresce rapidamente. É aplicado um  preço  a  um  volume  crítico  de  emissões,  o  que  dá  um  enorme  estímulo  ao  desenvolvimento  de tecnologias limpas, tais como a captura e armazenamento de carbono (vd. CCS) e medidas de eficiência energética. Os resultados são emissões de dióxido de carbono muito mais baixas. Neste cenário, as pessoas começam efectivamente a delegar as responsabilidades da complexidade do sistema energético em outro  tipo de  instituições para além dos governos nacionais, e as acções  locais crescentes  começam  a  responder  aos  desafios  do  crescimento  económico,  segurança  energética  e poluição  ambiental.  Actores  locais  de  alto  nível  depressa  influenciam  a  cena  nacional,  e  os  esforços nacionais  e  locais  começam  a  alinhar‐se.  Nesse  sentido,  cidades  progressistas  por  todo  o  mundo partilham boas práticas no desenvolvimento eficiente de infra‐estruturas, gestão de congestionamentos e  fornecimento  integrado  de  calor  e  electricidade,  e  investem  ainda  em  energia  verde  e  eficiência energética. Na UE, investe‐se num mecanismo de estabelecimento de preços sobre as emissões de CO2, que é progressivamente adoptado por outros (EUA, China). Este regime permite a emergência de novas indústrias que utilizam combustíveis alternativos limpos e renováveis e a captação e armazenamento do carbono. Verifica‐se um crescente alinhamento das abordagens à gestão do CO2 entre os EUA, China, Índia, Japão, e a Europa. A maioria da população tende a apoiar os líderes nacionais que prometem não só segurança energética, mas  também  um  futuro  sustentável. O  esforço  inicial  da  adopção  de  uma  postura  política  proactiva traduziu‐se, posteriormente,  na redução da incerteza e na preparação do caminho da sustentabilidade energética para ganhos a longo prazo.  Palavras‐chave: desenvolvimento estável; integração económica; menor dependência energética; fontes de energia renováveis; eficiência energética; acções locais; futuro sustentável. 

 OBSERVAÇÕES:  ‐ Uma  referência  para  o  facto  da  Shell  (ao  contrário  do  que  sucedeu  com  os  exercícios  de cenarização que a empresa tem publicado ao longo das últimas décadas, onde existiu sempre uma  preocupação  clara  de  não  escolher  ou  apostar  em  determinados  cenários)  assumir explicitamente a preferência pelo Cenário “Blueprints”.   

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROJECTO 3 

Shell Global Scenarios to 2025 

The future business environment: trends, trade‐offs and 

choices Royal Dutch Shell plc 

Data Publicação: 2005 

Horizonte Temporal: 2025 

Foco Estratégico: Global http://www‐

static.shell.com/static/aboutshell/downloads/our_strategy/shell_global_scenarios/exsum_23052005.pdf 

http://www‐static.shell.com/static/aboutshell/downloads/our_strategy/shell_global_scenarios/supp_glo_sc.pdf (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

A  Shell  identifica  três  incertezas,  as quais  são  apresentadas  através do  “Triângulo  Trilema”, 

uma ferramenta analítica que mapeia as relações de força entre: 

• Eficiência dos participantes e/ou incentivos no mercado; 

• Justiça  e  Coesão  Social na  sociedade  civil  (a  força da  comunidade) nomeadamente nas 

aspirações à conformidade entre si e a serem ouvidos; 

• Segurança dos Estados, através das forças de regulação e coerção. 

 

Configurações: 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É  através  desta  configuração  triangular  que  são  definidos  os  cenários,  numa  lógica  de 

construção em que dois vértices se sobrepõem sempre ao outro: cada um dos 3 cenários surge 

através da combinação das forças de dois dos vértices do triângulo,  implicando a exclusão da 

força do 3º vértice.  Isto não significa, porém, que a terceira  força esteja totalmente ausente 

em cada um dos cenários.  

 

Eficiência 

Justiça/Coesão Social Segurança 

Alta 

Alta  Alta 

   

Colecção de Cenários Globais

  

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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

  

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

• Geopolítica internacional, com ênfase para os EUA, China, UE, Índia e África; 

• Demografia; 

• Padrões de crescimento económico; 

• Segurança energética; 

• Indústria “energia e carbono”. 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Low Trust Globalization Estabelece‐se  como prioridade a eficiência económica e a  segurança,  face a uma exclusão parcial do objectivo de coesão social.  É um mundo céptico, no qual a palavra‐chave é “submissão”, assente na postura de se jogar de acordo com as regras e de se estar atento à diversidade de jurisdições dominantes, tendo em conta exigências bem diferentes e geralmente sobrepostas que marcam este mundo. Impera  o  sentimento  de  “culpabilização  do  outro”  pelos  problemas  que  possam  surgir,  sendo  que  a resposta para lhes fazer face passa pela cultura da regulação e do litígio. A acção é, portanto, reactiva em vez de proactiva, pois as pessoas não agem com o sentido de que os problemas comuns poderão ser previstos  e  lidados  com  antecedência. Os mercados  são  dominados  por  “coligações  globais  ad‐hoc”, nomeadamente as grandes empresas multinacionais verticalmente  integradas, que controlam todas as potencialidades do mercado em toda a sua cadeia. Porém, as descontinuidades institucionais limitam as integrações  além  fronteiras.  Consequentemente,  e  face  a  esta  lógica  de  submissão,  surgem  grandes barreiras à entrada no mercado de pequenas e médias empresas, e as companhias cotadas em bolsa são as grandes Empresas Multinacionais (EMN). Neste mundo, deparamo‐nos com uma ausência de soluções 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

de mercado para as crises de segurança e de confiança. São desafios chave o cumprimento de regras que impliquem uma rápida evolução e a gestão de riscos complexos.   Palavras‐chave:  eficiência  económica;  segurança;  exclusão  da  coesão  social;  submissão;  regulação; acção reactiva; ausência soluções de mercado; crises de segurança e confiança.  Open Doors A  coesão  social  e  eficiência  económica  são  os motores  da  agenda  política,  num mundo  pragmático, proactivo e cooperativo, que promove a confiança nos sistemas globais e na globalização. As pessoas cooperam entre si de modo a lidar com problemas futuros, pois é a forma mais eficiente para o fazer. Os  governos  agem  nos  bastidores,  mantendo  a  confiança  e  a  segurança  através  de  utilização  de incentivos e poder, este de natureza mais “suave”. Há um código voluntário de boas práticas, e a ligação próxima entre investidores e a sociedade civil encoraja a integração além‐fronteiras e a constituição de cadeias  de  valor  virtuais.  Destaca‐se  uma  segurança  implícita  nos mercados  e  a  harmonização  da regulamentação.  As  empresas  estão  fortemente  orientadas  para  a  inovação  e  não  tanto  para  a competição  extrema,  sendo  que  existe  mais  capital  disponível  para  investir  na  inovação,  pois  os mercados financeiros têm um maior apetite pelo risco. As inovações são disseminadas mais rapidamente devido a esta abertura do ambiente comercial global.  Palavras‐chave:  coesão  social;  eficiência  económica; mundo  pragmático;  proactividade;  cooperação; confiança na globalização; confiança no governo; segurança nos mercados; inovação.  Flags A  preocupação  pela  identidade  nacional  e  pela  coesão  social  sobrepõe‐se  às  considerações  sobre  a eficiência económica, em conjunto com a valorização do proteccionismo económico e com a perda de apetite político por uma maior liberalização.  É  um mundo  vincado  pela  anarquia  e  desconfiança,  onde  as  pessoas  são  dogmáticas  sobre  os  seus próprios princípios e  causas. Embora estejam ainda  interligados  com o  resto do mundo, as pessoas e comunidades  sentem  uma  necessidade  mais  forte  de  expressar  a  sua  identidade  em  termos  de grupo/clube/nação/religião a que pertencem. É, portanto, um mundo fragmentado e polarizado, tanto a nível doméstico como internacional, que coloca um travão na globalização. É bastante fácil dizer “não” ao que seja diferente e que vá contra as normas, pontos de vista ou crenças dominantes. Os grupos que se opõem  entre  si,  tentam adquirir  vantagem  sobre os outros através de qualquer meio,  captando a atenção do Estado para a concretização dos seus objectivos. Ou os governos acenam com a bandeira nacional,  para  relembrar  que  será  necessário  encorajar  a  unidade  entre  os  diversos  grupos  e comunidades,  relembrando  que  todos  pertencem  ao  mesmo  país,  ou  a  gestão  cuidada  dos  riscos inerentes  ao  funcionamento  de  cada  país  continuará  a  ser  uma  questão  com  elevada  prioridade.  A segurança é garantida através do isolamento e do fecho das comunidades nas suas próprias fronteiras, pelo que a mobilidade de bens, pessoas e capitais é dificultada e o comércio reduzido. No entanto, os negócios  com  forte  pendor  nacional  estão  bem  protegidos,  através  do  sistema  de  impostos  e  de subsídios.  Palavras‐chave:  identidade  nacional;  coesão  social;  proteccionismo  económico;  menor  liberalização política; desconfiança da globalização; mundo fragmentado e polarizado; mobilidade dificultada. 

 

   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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PROJECTO 4 

Quantifying Four Scenarios for Europe CPB – Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis 

Data Publicação: 2003 

Horizonte Temporal: 2040 

Foco Estratégico: Economia 

http://www.cpb.nl/en/publication/quantifying‐four‐scenarios‐europe (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

 

• Cooperação Internacional  

Até que ponto os países serão bem sucedidos no âmbito da cooperação  internacional,  isto é, 

estarão  dispostos  e  serão  capazes  de  cooperar  no  âmbito  de  organizações  internacionais, 

como a OMC e a UE, de modo a encontrar novas formas de cooperação e lidarem com novos 

problemas  globais.  Esta  incerteza  refere‐se  à  cooperação  não  apenas  no  seio  da  UE mas 

também entre a UE e outras regiões do Mundo. 

 

Configuração 1: “Cooperação internacional alargada” 

Configuração 2: “Foco nos assuntos nacionais / privilégio à soberania nacional” 

 

• Reformas institucionais no sector público 

Existem  certos  desenvolvimentos  nas  economias  europeias  que  colocam  o  sector  público 

sobre  pressão,  destacando‐se  o  envelhecimento  da  população,  a  qualificação  dos 

trabalhadores, a competitividade das economias, etc.. Qual a postura dos governos perante as 

necessárias reformas, e até que ponto serão estas responsabilidades resolvidas na esfera do 

sector público e/ou privado? 

 

Configuração 1: “Responsabilidades públicas” 

Configuração 2: “Responsabilidades privadas” 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Strong Europe Instituições públicas importantes e uma ampla cooperação internacional. A Europa é a força motriz de uma cooperação  internacional alargada, não só em questões comerciais, mas também em outras áreas como as alterações climáticas e a redução da pobreza. Na UE, a reforma dos  processos  de  decisão  estabelece‐se  sendo  a  base  para  a  fundação  de  uma  Europa  forte,  bem‐sucedida e unida, onde o alargamento é encarado como um sucesso e a  integração prossegue, tanto a nível geográfico, como económico e político. Os Estados‐Membros (EM) aprendem com as experiências dos outros, originando um processo de convergência entre instituições de toda a Europa.  Os países mantêm a coesão social através de  instituições públicas que  funcionam bem, e a sociedade aceita o facto que a distribuição mais justa dos benefícios sociais acabe por limitar as possibilidades de uma maior eficiência económica. Não obstante, os governos respondem à pressão crescente no sector público ao levarem a cabo reformas selectivas no mercado de trabalho, segurança social e na prestação de serviços públicos, em conjunto com medidas anteriores para lidar com os efeitos do envelhecimento. Esta combinação ajuda a manter uma economia estável e em crescimento.   Palavras‐chave:  cooperação  internacional  alargada;  combate  às  alterações  climáticas;  Europa  forte; integração  geográfica,  económica  e  política;  convergência;  coesão  social;  instituições  públicas  bem‐sucedidas; reformas selectivas; economia estável.  Global economy Cooperação internacional próspera e um avanço rumo a responsabilidades privadas. Neste  cenário,  os  países  europeus  encontram  um  novo  equilíbrio  entre  responsabilidades  privadas  e públicas. A  integração política não é possível uma vez que os governos  continuam a dar uma grande importância à soberania nacional em muitas áreas. Por outro  lado, a  integração económica alarga‐se (mas nem sempre se aprofunda), pois os países encontram  interesse mútuo na remoção das fronteiras ao  comércio,  investimento  e migração.  Nesse  sentido,  a  UE  foca  o  seu  funcionamento  no mercado interno e apresenta uma quantidade  limitada de competências em outras áreas; no âmbito comercial, 

Responsabilidades Privadas 

Responsabilidades Públicas 

Cooperação internacional alargada 

Coop

eração

 internaciona

Reformas institucionais      no sector público 

Strong 

Europe 

Global

Economy

Regional 

Communities 

Transatlantic 

Market 

Privilégio à Soberania Nacional

   

Colecção de Cenários Globais

  

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considera relativamente simples um futuro alargamento a Este e as negociações com a OMC são bem‐sucedidas.  A crescente preferência da população pela flexibilidade e diversidade e uma maior pressão em sectores públicos  dão  origem  a  reformas  e  as  novas  instituições  são  baseadas  em  iniciativas  privadas  e  em soluções orientadas para o mercado. Os governos europeus concentram‐se nas suas tarefas chave, tal como a provisão de bens públicos puros e a protecção de direitos de propriedade. Dedicam‐se menos à redistribuição  dos  rendimentos  e  dos  seguros  públicos,  o  que  leva  a  uma maior  desigualdade. Deste modo, e como a cooperação  internacional em áreas não comerciais  falha, o problema das alterações climáticas  intensifica‐se,  enquanto  as  taxas  europeias  sobre  os  rendimentos  de  capital  decrescem, devido à competição fiscal.  Palavras‐chave: soberania na política nacional; integração económica alargada; competências limitadas da UE; iniciativas privadas; desigualdade de rendimentos.  Transatlantic Market Mundo com preferência pela soberania nacional e onde existe espaço amplo para iniciativas privadas.  Tendo em conta que neste cenário os países europeus são relutantes em prescindir da sua soberania, os Estados‐Membros  da  UE  focam‐se  primeiramente  nos  interesses  nacionais.  Consequentemente,  as reformas  do  processo  de  decisão  na  UE  falham,  o  que  torna  difícil  uma  futura  integração  na organização. Em termos comerciais, esta redirecciona a atenção sobre si para os EUA e concorda com a integração económica  transatlântica.  Isto  intensifica o comércio nos serviços e proporciona ganhos no bem‐estar de ambos  lados do Atlântico,  levando a que a prosperidade no  “clube dos  ricos”  contraste fortemente à Europa do  Sul e de  Leste e à dos países em desenvolvimento. Seguindo as preferências sociais  pela  liberdade  individual  e  pela  diversidade,  os  países  europeus  limitam  o  papel  do  Estado  e dependem mais  das  trocas  comerciais,  acelerando  o  crescimento  direccionado  para  a  tecnologia. Ao mesmo  tempo,  as  desigualdades  aumentam  neste  cenário.  A  herança  do  grande  sector  público  nos países  da UE  não  é  facilmente  dissolvida. Aos  novos mercados,  por  exemplo  o  da  educação  e  o  dos seguros sociais, faltam transparência e competição, originando novos problemas sociais económicos. Os mercados políticos são dominados pelo peso social  resultante do envelhecimento da população, o que torna difícil desmantelar os sistemas “pay‐as‐you‐go” na Europa continental. O Governo falha, portanto o mercado falha.   Palavras‐chave:  interesses nacionais;  integração económica  transatlântica; contrastes de  rendimentos; limitação no papel do Estado; novos problemas sociais.  Regional Communities Amplas responsabilidades públicas e pouca cooperação internacional.  O mundo está fragmentado num número de blocos comerciais e a cooperação multilateral é modesta. A UE  não  consegue  lidar  adequadamente  com  o  alargamento  a  Leste  e  falha  na  reforma  das  suas instituições. Como alternativa, um conjunto de países ricos europeus emerge. A cooperação neste sub‐grupo  de  EM  relativamente  homogéneos  entre  si  adquire  um  carácter mais  permanente.  Os  países europeus  dependem  de  acordos  colectivos  para  manter  uma  distribuição  equitativa  dos  benefícios sociais  e, paralelamente, os governos  são mal  sucedidos na modernização das disposições do Estado social.  Um  forte  “lobby”  de  interesses  investidos  bloqueia  as  reformas  em  várias  áreas  e  que,  em conjunto com um sector público em expansão, coloca uma tensão severa nas economias europeias.   Palavras‐chave: mundo  fragmentado;  blocos  comerciais;  cooperação multilateral modesta;  falha  nas reformas; emergência países ricos; má modernização estado social; tensão na economia.  OBSERVAÇÕES:  ‐ No ano de 2004, e com base nestes cenários de 2003, o CPB publicou um documento centrado nas questões dos Mercados de Energia e Alterações Climáticas intitulado “Four Futures for Energy Markets and Climate Change” (Abril 2004). O mesmo está acessível em http://www.cpb.nl/en/publication/four‐futures‐energy‐markets‐and‐climate‐change (consultado em 22/03/2011).   

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROJECTO 5 

Post‐2012 Climate Policy Scenarios CPB Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis (CPB) 

MNP – Netherlands Environmental Assessment Agency 

Data Publicação: 2007 

Horizonte Temporal: 2020 

Foco Estratégico: Ambiente 

http://www.cpb.nl/sites/default/files/publicaties/download/post‐2012‐climate‐policy‐scenarios.pdf (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Urgência na tomada de medidas políticas 

Sentido de urgência, ou de ambição, expresso na tomada das decisões e medidas políticas. 

 

Configuração 1: “Urgente” 

Configuração 2: “Menos urgente” 

 

• Colaboração internacional 

Qual a vontade de resolver o problema climático através de acções concertadas e qual o grau 

de colaboração internacional. 

 

Configuração 1: “Unilateral” 

Configuração 2: “Multilateral” 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

  

   

Colecção de Cenários Globais

  

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SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Grand Coalition Este cenário apresenta a  futura política climática “ideal”, assumido como o objectivo da Holanda nas negociações  internacionais  (país  de  onde  é  originário  o  presente  estudo)  e  igualmente  da  UE.  A seriedade da situação  relativamente à política climática é  largamente  reconhecida, e há uma vontade considerável de colaborar internacionalmente rumo a uma solução, pelo que existe um elevando sentido de  urgência  política  direccionada  para  esta  causa.  Como  resultado,  acordos  internacionais  são efectivamente celebrados entre um largo número de países. 

 Palavras‐chave: política climática ideal; ambição urgente; colaboração internacional.  Impasse Este  cenário  demonstra  o  que  aconteceria  se muitos  países  e  regiões  falhassem  na  sua  respectiva contribuição para a política  climática. Tal  situação  resultaria na ausência de prossecução de políticas colectivas e na implementação de políticas que tenderiam a ser menos eficazes. A vontade política para o estabelecimento de acordos de colaboração  internacional é  insuficiente, e os países que acabam por implementar políticas não demonstram grande  sentido de urgência, na  crença de que a aplicação de medidas políticas rigorosas  irá fazer pouca diferença (embora na verdade venha a  impor altos custos). De  facto,  e  apesar  das  intensas  negociações,  os  países  desenvolvidos  e  outros  países maiores  e  em rápido desenvolvimento falham na concretização de acordos climáticos pós‐2012. Em particular, os EUA, Rússia e China não consideram o aquecimento global um assunto urgente, o que conduz a um impasse.  Palavras‐chave: ausência de políticas colectivas; fraca colaboração internacional; pouca ambição para as questões climáticas; impasse global.  Fragmented Há o  reconhecimento de que as alterações  climáticas  são um problema  sério. No entanto,  verifica‐se neste  cenário  uma  incapacidade  dos  países  convergirem  na  definição  de  prioridades  e  respostas concertadas, algo que  se  torna mais grave pelo  facto deste  se  revelar um problema  complexo  e que ocorre  a  vários  níveis.Efectivamente,  existe  pouco  consenso  na  rigidez  das medidas  que  deverão  ser tomadas  e  torna‐se  impossível  estabelecer acordos  internacionais  vinculativos.  Tal  deve‐se não  só às diferenças  de  ambição  política  entre  países,  nomeadamente  no  sentido  de  urgência  inerente  a  esta problemática, mas também à limitação da vontade de trabalhar em conjunto e das oportunidades para isso.  É  criada,  portanto,  uma  vasta  e  multicolorida  palete  de  medidas  políticas  sem  colaboração internacional, numa perspectiva fragmentada.   Palavras‐chave: diferentes prioridades; ausência acordos  internacionais vinculativos;  fraca  cooperação global; conjunto diferenciado de medidas.  Largest Common Denominator Existe  algum  consenso  de  que,  no  âmbito  da  política  climática  global,  o  aquecimento  global  é  um problema,  embora  o  sentido  de  urgência  na  resolução  desta  questão  seja  reduzido.  De  facto,  este cenário evidencia o trabalho conjunto dos países, mas nenhum deles está disposto a tomar a liderança, pelo que a urgência em encontrar soluções não é encarada de  forma  igual entre os mais  importantes actores  internacionais.  Existe  alguma  vontade  de  agir,  desde  que  sejam  acções  coordenadas multilateralmente,  em  particular  no  que  diga  respeito  aos  custos  e  às  consequências  para  a competitividade.  Os  negociadores  estão  preparados  para  serem  flexíveis  na  área  da  colaboração internacional, desde que os acordos  também possam ser  feitos em outras áreas. As aspirações para o estabelecimento de acordos internacionais (a um nível que seja aceitável para todos os envolvidos) são determinadas pelo país menos ambicioso em termos de urgência política que dedica a esta questão.  Palavras‐chave:  reconhecimento  dos  problemas  climáticos;  consenso;  fraca  ambição;  trabalho  em conjunto; ausência de liderança; acções multilaterais; colaboração internacional flexível.  OBSERVAÇÕES:  ‐ Os cenários qualitativos aqui sintetizados são complementados por um trabalho posterior de natureza mais quantitativa. 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 

PROJECTO 6 Global Trends to 2025: A Transformed World 

US National Intelligence Council 

Data Publicação: 2008 

Horizonte Temporal: 2025 

Foco Estratégico: Global 

http://www.dni.gov/nic/NIC_2025_project.html (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Estados Nação vs. Outros Actores 

Que  tipo  de  actores  dominam  a  dinâmica  global  de  cooperação?  Importância  relativa  do 

Estado‐nação quando comparado com actores não estatais. 

 

Configuração 1: Estados mais dominantes e com uma dinâmica mais global 

Configuração  2:  Actores  não  estatais,  como  movimentos  religiosos,  Organizações  Não 

Governamentais  (ONGs)  ou  indivíduos  muito  poderosos,  e  que  desempenham  papéis 

importantes 

• Amplitude e tipo de cooperação internacional 

Qual o tipo e a amplitude das relações de cooperação entre actores‐chave? 

 

Configuração 1: Grupos de competição através de parcerias e de afiliações transfronteiriças  

Configuração  2:  Jogadores  autónomos  que  operam  independentemente  e  por  vezes 

competem entre si 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Impo

rtân

cia do

   Estado

‐Nação

 

Nível de cooperação global 

A World without the West 

BRIC’s  

Bust Up 

October 

Surprise 

Politics is not  

always local 

Estados dominantes 

Actores não estatais 

Grupos/parcerias de competição 

Jogadores autónomos 

   

Colecção de Cenários Globais

  

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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Para além das incertezas cruciais acima identificadas e que estiveram na origem da construção 

da estrutura base dos cenários,  foram  identificadas e descritas outras  incertezas, as quais se 

apresentam de seguida de forma sintética: 

• Haverá uma  transição na utilização de  combustíveis  fósseis para  energias  limpas  (e  seu 

armazenamento) até 2025? 

• Efeitos  das  alterações  climáticas:  quão  rápido  ocorrerá  este  processo  e  onde  terá mais 

impacto? 

• Haverá um retrocesso na dinâmica dos mercados globais? 

• Irão ocorrer avanços rumo à democracia na China e na Rússia? 

• Os  receios  regionais  do  armamento  nuclear  do  Irão  implicarão  uma  corrida  ao 

armamento? 

• Viver‐se‐á um período de maior estabilidade e resolução de conflitos no Médio Oriente? 

• Conseguirão  a  Europa  e  o  Japão  ultrapassar  os  desafios  sociais  e  económicos  causados 

pelas questões demográficas? 

• Haverá um trabalho em conjunto entre os poderes globais e as  instituições multilaterais, 

rumo a uma adaptação da paisagem geopolítica? 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

No  estudo  são  identificados  um  conjunto  de  “certezas  relativas”  (próximo  do  conceito  de 

elemento pré‐determinado). 

• Emergência  de  um mundo multipolar  –  China,  Índia,  e  outros,  e  o  aumento  do  poder 

relativo dos actores não estatais; 

• Mudança sem precedentes da riqueza relativa e poder económico do Ocidente para Este; 

• EUA permanecem o país mais poderoso mas menos dominante; 

• Crescimento  económico  contínuo  delega  mais  pressão  em  recursos  energéticos, 

alimentares e hídricos; 

• Redução do número da população jovem, com excepção de alguns estados que mantêm as 

trajectórias de crescimento; 

• Aumento do potencial de conflitos e disseminação de armas perigosas no Médio Oriente; 

• Ameaça  de  terrorismo  diminuirá  se  houver  crescimento  económico  no Médio Oriente, 

bem como redução de desemprego entre os jovens. 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  A World Without the West As  novas  potências  emergentes  suplantam  o  Oeste  enquanto  líderes  no  palco mundial.  Os  poderes emergentes irão assumir um papel mais importante nas áreas que afectam os seus interesses vitais, em particular nas que possam significar uma perda de relevância e protagonismo para os países Ocidentais. Embora  estejam  preocupados  com  assuntos  domésticos  e  em  sustentar  o  seu  desenvolvimento económico, irão ter cada vez mais a capacidade para se tornarem jogadores globais.  Dada a grande diversidade de interesses e a competitividade sobre recursos, os novos poderes poderão facilmente  distanciar‐se  entre  si  ou  agrupar‐se,  e  as  novas  alternativas  de  coligações  não  terão necessariamente um carácter permanente. 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Palavras‐chave:  influência crescente das novas potências; perda de  importância dos países Ocidentais; diversidade de interesses; jogadores globais.  October Surprise Ilustra o  impacto da  falta de atenção global  sobre a questão das alterações  climáticas. Subsiste uma maior preocupação em atingir o crescimento económico em detrimento da  salvaguarda do ambiente. Contrariamente  ao  que  seria  de  esperar,  a  comunidade  científica  não  é  capaz  de  emitir  alertas específicos  sobre  os  efeitos  das  alterações  climáticas,  até  que  estes  se  tornem  bastante  evidentes  e acelerados. Esta falta de preocupação global sobre as mudanças climáticas conduz, assim, a impactos de maior  amplitude,  frequentemente  inesperados  e  possivelmente  destrutivos,  impulsionando  o mundo para um nível superior de vulnerabilidade. As  incertezas  face ao  ritmo, vulnerabilidades específicas ou impactos  das  mudanças  climáticas  tenderão  a  persistir  nos  próximos  15‐20  anos,  mesmo  que  o conhecimento  sobre este  tópico  seja aprofundado. Um evento  climático extremo poderá ocorrer e os governos poderão ser apanhados de surpresa com diferentes tipos de desastres ambientais e perda de influência. Existem  incertezas quanto à capacidade de acção face ao combate às alterações climáticas, nomeadamente na  redução das emissões, e a maioria acredita que só se saberá se será  tarde demais para  agir  quando  se  atingir  um  ponto  limite.  Esforços  de mitigação,  como  cortes  nas  emissões  de carbono, não deverão ser capazes de fazer grande diferença, pelo menos a curto prazo, e poder‐se‐ão também verificar grandes deslocações de populações a uma escala planetária, o que ameaça tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento.   Palavras‐chave:  prioridade  ao  crescimento  económico;  desatenção  ambiental;  impactos  destrutivos; vulnerabilidades específicas; combate tardio às alterações climáticas.   BRICs’ Bust‐Up É  um  cenário  que  revela  um  aumento  potencial  de  geração  de  conflitos  num  mundo  multipolar, dominado por poderes emergentes, onde  se destacam os dois pesos‐pesados  ‐  Índia e China  ‐, e que neste cenário poderão confrontar‐se entre si. Demonstra  até  que  ponto  um  conflito  num mundo multipolar  será  tão  plausível  de  acontecer  entre estados em ascensão, como entre poderes mais antigos ou mais recentes. Destaque para a importância da  energia,  e  de  outros  recursos,  enquanto  grandes  forças  para  o  crescimento  continuado  e  para  o desenvolvimento.  A disputa por recursos vitais parece ser, efectivamente, uma fonte potencial de conflitos. Com efeito, o grau de vulnerabilidade aumenta com a redução da oferta dos produtores de energia e com o aumento da concentração da produção em  regiões  instáveis como o Médio Oriente. É um mundo onde existem mais  confrontos  em  vez  da  discussão  de  outros  assuntos,  (como  a  criação  de  novas  fronteiras  de comércio), onde o potencial para que qualquer disputa se torne em conflito e conduza a mal entendidos e  falhas  de  comunicação  encarados  como  eventuais  ameaças  é  elevado.  Há  uma  competição  por recursos da parte dos poderes emergentes, como a China e a Índia que, embora sejam ricos em carvão, revelam  reservas  limitadas de petróleo e de gás natural, em  relação aos quais apresentam uma  forte dependência de externa.   Palavras‐chave:  conflitos  sobre  recursos  energéticos;  crescimento  económico  continuado;  mundo multipolar; poderes emergentes; confrontos.  Politics is Not Always Local Redes  não‐Estatais  emergem  para  definir  a  agenda  internacional  na  área  ambiental,  eclipsando  os governos.  A coligação global política de actores não estatais desempenha um papel crucial ao assegurar um novo acordo  mundial  para  as  alterações  climáticas.  Neste  novo  mundo  ligado  através  de  comunicações digitais, caracterizado por uma classe média em crescimento e por grupos de interesse transnacionais, a política deixa de ser apenas local e doméstica, e as agendas tornam‐se cada vez mais instáveis e alvo de negociações constantes. 

   

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Emerge, portanto, um novo mundo no qual os Estados‐nação não  são  responsáveis pela definição da agenda  internacional.  A  dispersão  do  poder  e  da  autoridade  destes  potenciou  o  crescimento  de entidades  sub‐nacionais  e  transnacionais,  incluindo  movimentos  sociais  e  políticos.  Crescem  as preocupações  públicas  sobre  a  degradação  ambiental  e  a  inacção  governamental,  o  que  fortalece  o estabelecimento de uma rede de activistas políticos que tenta controlar estas questões fora do âmbito nacional. As  comunicações globais permitem que os  indivíduos  se associem directamente  com grupos definidos  pela  sua  identidade  e  redes  que  transcendem  fronteiras  geográficas.  A  protecção  do meio ambiente é um assunto para o qual é dirigida uma afluência de interesses e desejos.  Palavras‐chave:  redes  não‐estatais;  coligação  global;  novo  acordo  mundial;  grupos  de  interesse; dispersão do poder; crescimento da preocupação ambiental; comunicações globais. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐  Este  estudo  inclui  uma  comparação  com  outro  documento  do  US  National  Intelligence 

Council intitulado “Mapping the Global Future”. 

   

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROJECTO 7 

Global Scenarios to 2025 US National Intelligence Council 

Data Publicação: 2008 

Horizonte Temporal: 2025 

Foco Estratégico: Global 

http://www.dni.gov/nic/NIC_2025_global_scenarios.html (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

 

• Crescimento Económico 

Como consegue o mundo chegar a um alto nível de crescimento económico sustentado, tendo 

em conta a rápida mudança na geopolítica no início do Século XXI? 

 

Configuração 1: “Com Restrições” 

Configuração 2: “Livre” 

• Solidariedade multilateral  

Como  estarão  os  equilíbrios  de  poder  em  2025  e  até  que  ponto  poderão  as  políticas  e 

estruturas de colaboração moldar o contexto global? 

 

Configuração 1: “Causa comum” 

Configuração 2: “Objectivos cruzados” 

 

Embora  se  identifiquem explicitamente as duas  incertezas cruciais acima descritas, o estudo 

faz o  levantamento  relativamente exaustivo de um conjunto extenso de  incertezas, as quais 

são apresentadas na figura seguinte. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Colecção de Cenários Globais

  

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Figura 4 

 Fonte: Global Scenarios to 2025, US National Intelligence Council, pp.6 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: Não  é  apresentada  uma  estrutura‐base  dos  cenários  a  partir  das  incertezas  cruciais identificadas, embora seja possível construir uma matriz de cenarização, posicionando nesta os três cenários construídos.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: De  forma  sintética  o  estudo  explora  um  conjunto  de  questões  ou  temas  em  cada  um  dos cenários. • Liderança global; • Crescimento económico; • Segurança ambiental; • População e demografia; • Políticas para as alterações climáticas; • Contexto de regulamentação; • Tecnologia e inovação; • Produto, trabalho e mercados de capitais.  SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Borrowed Time Descreve  um mundo mal  preparado  para  lidar  com  problemas  globais  complexos  e  que  aposta  em caminhos  que  conduzem  a  um  futuro  insustentável.  Ignorando,  ou  dando  pouco  crédito  às consequências a  longo prazo das  suas decisões políticas, os  líderes deixam às gerações vindouras um futuro “imperfeito” ou “com falhas”.  Em resposta ao sucesso  limitado dos governos, outros actores não estatais (ONGs, EMNs) tentam criar soluções mas encontram pouco sucesso, face à ausência de uma liderança global clara e de base estatal. Quanto  mais  poderosas  são,  as  nações  tendem  a  suspeitar  umas  das  outras  e  evitam  qualquer compromisso  a  longo  prazo  em  projectos  de  parceria  (com  excepção  para  projectos  económicos  e comerciais de ambição  limitada). Nesse  sentido, a  tomada de decisões a nível  internacional pode  ser caracterizada  como  cooperativa  apenas  quando  estão  em  causa  interesses  de  curto  prazo  e  que requerem pouco esforço.  

Livre Constrangido Crescimento económico

Solid

arieda

de   multilateral 

Constant  

Renewal 

Borrowed 

Time 

Fragmented 

World 

Causa comum 

Objectivos cruzados 

   

Colecção de Cenários Globais

  

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De facto, as grandes potências não estão preocupadas em trabalhar em conjunto, rumo à concretização de objectivos que se entrecruzem, mesmo que isso permita a realização dos seus objectivos estratégicos. Acreditam  que  ao  trabalhar  individualmente,  bilateralmente  ou  através  de  agrupamentos  informais, haverá  a  tendência  para  trazer melhores  retornos  para  os  interesses  nacionais.  Para  a maioria,  em especial para as grandes economias emergentes, um crescimento económico continuado é a prioridade máxima havendo uma  clara preocupação em  evitar distracções nesse  campo. Embora  conscientes de que o  fosso entre os  ricos e os pobres  (também entre nações)  se  tem vindo a alargar e até a  causar distúrbios em alguns países, os  líderes das principais nações mundiais acreditam que a solução deverá passar por mais crescimento.  Neste mundo, o planeamento para fazer face às mudanças globais é posto de lado até que estas causem um  elevado  impacto.  Existe  uma  crença  generalizada  de  que  parte  substancial  das  soluções  para ultrapassar grandes desafios globais  (vd. ambiente, alterações climáticas, energia e disponibilidade de recursos) poderá derivar da evolução da tecnologia.   Palavras‐chave: futuro insustentável; fraca liderança global; ausência de parcerias; meta de crescimento económico continuado; ausência de planeamento a longo prazo.  Fragmented World Descreve um mundo em luta na gestão dos vários problemas, num ambiente de crescimento económico constrangido, algo que é complementado por uma falta de interesse pela solidariedade multinacional, e cuja atitude perante o futuro pode reflectir‐se na expressão “cada um por si”. Nem  as  nações  nem  o  sistema  internacional  conseguem  ser  sustentáveis  quando  a  dimensão  dos problemas ultrapassa  em  larga  escala a ambição das  soluções, despoletando  insegurança  e  reduzida confiança. Os  interesses particulares ganham prioridade ao  invés de um crescimento económico global sustentado, e os actores estatais e não estatais apenas dedicam atenção aos desafios globais (tais como as mudanças climáticas) quando se antevêem ganhos  imediatos. A cooperação  internacional torna‐se, portanto,  um  termo  impróprio,  uma  vez  que  as  nações  se  focam  no  que  é  melhor  para  elas, secundarizando  os  interesses  internacionais  ou multilaterais. No  campo  da  segurança,  existem  riscos crescentes  devido  a  um  enfoque  que  privilegia  o  interesse  nacional  e  uma  cooperação multilateral preventiva.  Por  conseguinte,  e  na  eventualidade  de  terrorismo  (incluindo  a  possibilidade  de  ataques biológicos),  situações  onde  possa  surgir  um  grande  número  de  pessoas  deslocadas,  e  de  desafios  à segurança  energética  e  ameaça  de  proliferação  nuclear  no  Médio  Oriente,  há  uma  probabilidade crescente deste período ser marcada por crises de grande dimensão. Devido ao clima de proteccionismo que entretanto assume um crescente predomínio, a  Investigação & Desenvolvimento (I&D) exerce uma forte aposta nas fronteiras internas dos países pelo que a difusão tecnológica decresce dramaticamente. Corroem‐se as políticas para as alterações  climáticas,  reflectindo o  reverso dos objectivos de Quioto, num quadro de progressiva deterioração do(s) ambiente(s).  Palavras‐chave:  Crescimento  económico  restringido/limitado;  ausência  solidariedade  multinacional; interesses individuais; insegurança; proteccionismo.  Constant Renewal Descreve  um mundo  no  qual  as  nações  se  apercebem  de  que  a  comunidade  internacional  tem  de trabalhar em colaboração, numa base sustentada, de modo a realizar uma mudança real a nível global.  Os  líderes adaptam  sistematicamente as políticas  e as  estruturas para que  se apoiem as prioridades globais partilhadas e, embora a transição apresente algumas dificuldades, o mundo move‐se na direcção certa. Neste  cenário,  as  crises  levaram  aos  inevitáveis  choques  que  acabaram  por  forçar  as  mudanças necessárias nas mentalidades de “jogadores chave”, em “países chave”  (tanto desenvolvidos como em desenvolvimento),  e  que  implicaram  peso  suficiente  no  sistema  global  para  o  curso  de  novos desenvolvimentos.  É  um mundo  no  qual  a  pressão  popular  junto  de  líderes  governamentais  força  a mudança e uma maior  cooperação  intergovernamental a nível global, através da mobilização para a acção  concertada de  vários grupos políticos, ONGs, organizações profissionais  e populares,  enquanto grupos de pressão (“lobbying”). Da parte dos  líderes, caminha‐se de forma clara para a assumpção de um compromisso internacional forte e capaz de “fazer o sistema funcionar”.  

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Destaca‐se  o  ímpeto  rumo  a  um  futuro  sustentável,  apoiado  por  parcerias  duradouras  e  acordos  de cooperação,  e  uma  clara  mudança  na  maneira  de  se  pensar  os  problemas  globais.  Com  efeito,  a sustentabilidade ambiental é reconhecida como uma prioridade  internacional a par de um crescimento económico global  constante,  como processo de globalização a manter uma  forte dinâmica mas onde menos países são deixados para trás. Torna‐se norma a aposta na inovação tecnológica e na I&D, bem como uma combinação de políticas cooperativas e competitivas. Líderes e grupos de pressão deverão trabalhar para assegurar que os interesses comuns continuem a prevalecer.  Na sua essência, o mundo “aprende  fazendo”, na busca de soluções pragmáticas  (e não dogmáticas), num constante (re)ajustamento sobre a melhor forma de agir, sem “deixar qualquer refém à sua sorte”.  Palavras‐chave: colaboração internacional; partilha de prioridades globais; acção concertada de grupos de  pressão;  futuro  sustentável;  crescimento  económico  global  constante;  globalização  acelerada; inovação e desenvolvimento. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ Os workshops do projecto contaram com a colaboração de mais de 200 pessoas de 40 países 

diferentes. 

‐ É feito um esforço no sentido de permitir a comparação entre os três cenários, utilizando‐se 

para o efeito os elementos‐chave descritos nos Drivers/Forças de Mudança.  

   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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PROJECTO 8 The Future of the Global Economy to 2030 

Outsights  

Data Publicação: 2009 

Horizonte Temporal: 2030 

Foco Estratégico: Economia 

http://www.outsights.co.uk/library/3/TheFutureoftheGlobalEconomyto2030  

(consultado em 22/03/2011)    

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Tecnologia / Inovação Tecnológica 

Qual a velocidade e extensão da  inovação  tecnológica:  irá a  tecnologia continuar a  ser uma 

força  maior  de  mudança,  através  de  uma  rápida  inovação  e  conectividade  mundial  que 

aumente as possibilidades, ou será sufocada? 

Configuração 1: “(Inovação) rápida” 

Configuração 2: “(Inovação) lenta” 

 

• Alocação de recursos  

Qual o  futuro do modelo económico de alocação de  recursos;  serão os  recursos – naturais, 

humanos, financeiros e de conhecimento – disponibilizados através das forças de mercado tal 

como tem vindo a suceder nos últimos anos, ou ir‐se‐á desenvolver um processo alternativo de 

controlo de distribuição e disponibilização de recursos? 

Configuração 1: “Controlada” 

Configuração 2: “Mercado Livre” 

 ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

No  processo  de  construção  dos  cenários  foram  utilizadas  cinco  das  vinte  e  uma  forças  de 

mudança globais desenvolvidas pela Outsights (denominadas “21 Drivers for the XXI Century”) 

• Sustentabilidade; 

• População; 

• Tecnologia; 

• Modelos políticos e estabilidade; 

• Resultados económicos. 

 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 Planned progress O mundo caracteriza‐se por uma rápida aceleração da  inovação tecnológica e por um controlo central da disponibilização de recursos, por parte dos governos.  Emerge um novo contrato social que dá resposta aos desafios do Século XXI (nomeadamente nas áreas da  energia,  alimentação,  água  e  alterações  climáticas),  com  a  cedência  de  poder,  por  parte  da população, aos governos centrais. A economia global  tende a aproximar‐se do modelo da China, cujo modelo de crescimento excede todas as expectativas. Este crescimento económico é resultado de uma intervenção planeada, na qual os mercados são  integrados e  interconectados. Os recursos, porém, não são distribuídos  por  inteiro  pelo mercado  “livre”  e, de  igual modo,  também a  I&D  é  controlada pelo Estado, sendo que as  tecnologias são orientadas para a criação de soluções sob a  forma de projectos inovadores. Também o mercado laboral é cada vez mais pautado por um controlo da parte do governo e pelo  planeamento  dos  recursos  humanos.  De  um modo  geral,  a  sociedade  terá  sido  bastante  bem‐sucedida em cumprir os grandes objectivos que enfrenta. Os níveis de vida são bons e a privação é rara.  Palavras‐chave:  rápida  inovação  tecnológica; controlo dos  recursos; novo contrato  social; crescimento económico; mercados integrados; controlo estatal.  Riding the tiger Este  cenário aponta para uma  rápida  inovação  tecnológica  e para uma disponibilização dos  recursos inserida na lógica do mercado livre, com menor controlo por parte do Estado. Governo limitado mas eficiente e efectivo, que apresenta algum sucesso e relativa estabilidade ao lidar com os desafios existentes, pois a população sente que os seus problemas são ouvidos. Os mercados apresentam soluções e estão fortemente integrados, assiste‐se a um crescimento dinâmico da economia global acompanhado por uma inflação baixa. Na origem desta crescente integração, está o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e de soluções inovadoras e tecnológicas que oferecem  respostas  aos  desafios  diários,  por  exemplo  na  redução  das  fronteiras  (tanto  físicas  como virtuais),  na  livre movimentação  no mercado  de  trabalho  (tanto  do  trabalho  qualificado  como  não qualificado),  e  na  redução  da  escassez  de  alimentos.  No  seguimento  desta  dinâmica,  assiste‐se  ao “boom” da  Índia  (ainda maior do que o da China). O aumento com os gastos de energia e alimentos incentivam o desenvolvimento de novas tecnologias limpas, através da inovação. Cenário encarado como aquele que mais próximo poderá estar de uma linha de continuidade face à era actual.  É  um  mundo  coerente  com  a  fé  depositada  numa  filosofia  liberal  e  tecnológica  e  com  o optimismo inerente a esta.  Palavras‐chave:  rápida  inovação  tecnológica;  livre  disponibilização  dos  recursos; mercado  integrado; soluções tecnológicas inovadoras; tecnologias limpas.  

   

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On hold Mundo pautado  por  uma  lenta  inovação  tecnológica  e por  uma maior  liberalização na  alocação dos recursos. Relata a história de um mundo no qual as intervenções com vista ao crescimento económico não só não conseguem responder aos desafios das sociedades, como acabam também por exacerbar esses mesmos desafios e por enfraquecer as sociedades. Os Governos são fracos e sem a capacidade necessária e uma arquitectura multilateral que permita responder aos desafios emergentes, como as alterações climáticas e disponibilidade de  recursos. O crescimento está de  tal modo  limitado que as economias emergentes também  estagnaram  no  seu  crescimento,  e  assistem‐se  a  grandes  pressões  inflacionárias.  Emerge  o espectro da estagflação,  com uma  lenta e  inadequada  resposta dos governos  face aos problemas de disponibilidade de recursos. As soluções e avanços tecnológicos que possam existir não são adoptados porque  as  sociedades  são  avessas  ao  risco.  Com  efeito,  uma mudança  tecnológica  lenta  e  valores conservadores entrincheiram‐se no pensamento convencional, abafando a inovação.   Palavras‐chave:  lenta  inovação  tecnológica;  livre  disponibilização  de  recursos;  falhas  na  solução  de desafios; fraca Governação; crescimento económico limitado; pouca inovação.  Life in the slow lane Cenário  que  aponta  para  uma  lenta  inovação  tecnológica  e  para  o  controlo  da  disponibilização  dos recursos. Os  países  respondem  aos  desafios  através  de  uma  viragem  para  si  próprios  e,  tornando‐se  mais nacionalistas,  criam  o  “nacionalismo  das  alterações  climáticas  e  da  disponibilização  dos  recursos”, caracterizado  por  uma  forte  posição  anti‐globalização  e  por  elevados  controlos  governamentais  das indústrias  nacionais.  Esta  exacerbada  regulação  governamental  inibe  a  inovação  e  a  tecnologia,  e preocupações sobre a cibersegurança levam a um maior controlo sobre a Internet. Consequentemente, a globalização  abranda,  pois  o  sentimento  proteccionista  abrange  grande  parte  do mundo.  Caiem  as trocas comerciais, o crescimento é muito lento e, naturalmente, a resposta à questão da disponibilização dos recursos e alterações climáticas é fortemente nacionalista, o que  leva à racionalização de recursos de modo a ultrapassar as suas limitações. É possível que  em 2030  surjam opiniões de que este  cenário  e  esta mudança mais  lenta  e  com uma menor  liberdade  de  escolha  valham  a  pena,  enquanto  preço  a  pagar  pela  estabilidade  e  maior capacidade de resposta aos perigos ameaçadores do início do Século XXI.  Palavras‐chave:  lenta  inovação  tecnológica;  controlo  da  disponibilização  dos  recursos;  viragem nacionalista; anti‐globalização; crescimento lento; racionalização de recursos; combate aos desafios. 

 

   

   

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PROJECTO 9 

Scenarios for the Future International Environment 

2010‐2020 Outsights e Ipsos MORI para o “Foresight Horizon Scanning Centre” 

Data Publicação: não disponível. 

Horizonte Temporal: 2020 

Foco Estratégico: Ambiente 

http://www.outsights.co.uk/portfolio/projects/future_of_international_environment_2010_2020 

(consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

 

• Emergência de novos poderes 

Examina a dimensão política e o ritmo de emergência de novos poderes enquanto força chave 

de mudança na estrutura de poder do mundo.  

 

Configuração  1:  “Mais  rápida”  –  uma  rápida  emergência  de  novos  poderes  implica  o 

crescimento dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) 

Configuração 2: “Mais  lenta” – a emergência  lenta de novos poderes antevê que os BRIC não 

atinjam as previsões de crescimento mais optimistas 

 

• Abertura Social/Económica/Política 

Descreve o progresso do mundo socioeconómico e político, rumo à abertura ou a um mundo 

mais fechado. 

 

Configuração 1: “Para o exterior” – a  liberalização e a  integração económica continuam num 

mundo mais extrovertido; a cooperação é uma característica bastante forte 

Configuração 2: “Para o interior” – num mundo mais “introvertido”, as barreiras são erguidas e 

a liberalização e a integração abrandam; o conflito é comum 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

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ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: • Balanço global de poder e arquitectura; • Governança e modelos económicos; • Tecnologia e ciência; • Comunicações e comunidades; • Valores e crenças da sociedade; • Demografia; • Saúde e bem‐estar; • Segurança e conflito; • Alterações climáticas; • Recursos.  SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  New Powers, New Alliances As  forças  de  mudança  que  conduzem  a  este  cenário  caracterizam‐se  pelo  rápido  desenvolvimento económico,  em  especial  dos BRICs,  levando  à  ascensão  de  novos poderes,  e  que a par  de  uma  forte competição  por  recursos,  numa  perspectiva  “introvertida”,  individualista  e  de  cariz  mercantilista, inviabiliza a afirmação de um sistema baseado em “regras”. O  cenário  caracteriza‐se  pelo  surgimento  de  novas  coligações  “ad  hoc”  e  novas  alianças  e  poderes, embora o mundo esteja mais vulnerável a  choques económicos e o  crescimento  seja abaixo do  ideal. Verificam‐se  falhas na arquitectura  internacional para absorver os novos poderes emergentes  (nem a ONU  sofre  reformas),  um  enfraquecimento  geral  das  relações  transatlânticas,  nomeadamente  na dissociação entre os EUA e a UE, e o decréscimo da  importância da OTAN para os objectivos dos EUA. Neste contexto, a UE desvia a sua atenção para o Este e depara‐se com a eventual emergência de uma região  central  denominada  “Euroásia”.  Proliferam  acordos  bilaterais,  permitindo,  por  exemplo,  a expansão do eixo China‐Rússia e a Organização para a Cooperação de Xangai. A Índia e o Brasil, por seu turno,  permanecem  estados  oscilantes.  Neste  processo  de  globalização,  são maiores  as  perdas  nos países  e  entre  estes,  pois  adopta‐se  uma  posição  de  competição  por  recursos  finitos,  em  vez  de cooperação, aumentando o risco de guerras entre estados e as tensões entre regiões. Este é um mundo fechado que inibe a sociedade civil e encoraja o crime, existindo um apertado controlo de fronteiras, com as potências emergentes a atraírem emigrantes altamente qualificados. Face à questão das alterações climáticas, a temperatura política aumenta a par da temperatura do clima, e os assuntos que cruzam o pendor ambiental e com o demográfico adquirem elevado impacto. 

   

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Palavras‐chave:  novas  alianças  de  poderes;  novos  poderes  emergentes;  dissociação  EUA  e  UE; “Euroásia”; acordos bilaterais; competição por recursos; mundo fechado.  A New Multipolarity Este  cenário  caracteriza‐se  pela  ascensão  dos  BRIC  e  por  uma  resposta  global  e  coordenada  às alterações climáticas e à escassez de recursos. Neste  cenário, dá‐se uma  erosão da  soberania nacional,  tendo  em  vista a  crescente  importância das organizações não governamentais, das multinacionais e da sociedade civil. Domina um verdadeiro fórum global, no qual se defende que apenas uma verdadeira força global poderá lidar com os conflitos globais e multilaterais. Assiste‐se a uma nova multipolaridade, onde a cooperação e as redes globais levam a um desenvolvimento  mais  rápido,  partilhado  e  assente  em  avanços  tecnológicos.  Emergem,  portanto, economias bem‐sucedidas, como a Índia, e que se tornam modelos a seguir por África. Destaque para a competição por recursos humanos, na qual a China e a Índia atraem talentos a uma escala global, com uma  UE  envelhecida  e  que  apresenta  elevado  défice  de mão‐de‐obra.  Com  esta maior  abertura  de fronteiras,  assiste‐se  também  ao  desenvolvimento  do  crime  organizado  nestas  redes  globais descentralizadas e mais fluídas e à eventualidade de ameaças terroristas (ataques nucleares, biológicos ou químicos). Persiste o fenómeno das alterações climáticas, acentuadas pela emergência do mercado global do carvão.  Palavras‐chave:  erosão  soberania  nacional;  cooperação  global;  multipolaridade;  desenvolvimento rápido; abertura de fronteiras.  The Old Order Remaineth Este cenário apresenta um mau desempenho das economias dos BRIC, o declínio da intervenção militar e o crescimento da diplomacia baseada em “regras”.  Neste  mundo,  a  arquitectura  política  é  estável,  e  as  regras  de  diplomacia  são  baseadas  no multilateralismo, pois as alianças internacionais à volta de assuntos pontuais apresentam oportunidades para a mudança. É  indiscutível a hegemonia global dos EUA, que  se  redescobrem  como o  “farol” do mundo, surgindo um novo consenso atlântico entre a UE e os EUA baseado em “regras”. Porém, esta arquitectura não reformada que beneficia antigos poderes causa ressentimento entre os novos poderes, como a China e a África, que perdem  influência. A volatilidade no Médio Oriente desacelera eventuais mudanças neste  território. É  considerado  “um mundo em aberto”, entre  “vencedores e vencidos”, em que a globalização acaba por criar “perdedores” nos países e/ou entre estes, surgindo a necessidade de melhoramento das tecnologias de comunicações para que não aumente o fosso entre os “vencedores e vencidos”. Neste mundo em aberto, o crime e o terrorismo permanecem um desafio, e existem grandes tensões  sobre  as  liberdades  da  sociedade  civil.  No  entanto,  e  na  lógica  de  maior  cooperação internacional  com  uma  regulamentação  apropriada,  há  maior  colaboração  em  questões  como  o terrorismo e as alterações climáticas. Os grandes  impactos provocados por estas últimas conduzem à migração, tornando‐se esta questão um desafio para os políticos e para a sociedade. Face ao receio da migração, as nações desenvolvidas acabam por se dedicar a esta causa.  Palavras‐chave:  arquitectura  política  estável;  alianças  internacionais; mundo  dividido  “vencedores  e vencidos”; desafio da globalização; tensão sociedade civil.  Selfish Incumbents Este cenário  revela um crescimento decepcionante dos BRIC e a  incapacidade dos EUA e da UE de  se afirmarem enquanto “polícias globais”, a par de uma maior preocupação dos países ricos e pobres pelos impactos da globalização. Com efeito, os valores  liberais da globalização são colocados em causa por oposição à necessidade do proteccionismo,  tendo em conta que a globalização é  limitada por  tensões sobre o seu impacto nos “perdedores”. O crescimento económico é lento, havendo o risco de depressão, e as relações  internacionais são baseadas na  lógica do poder em vez de “regras”, pelo que os pedidos para  uma  abordagem mais  cooperativa  são  limitados,  e geralmente  ineficazes,  e os  Estados  falham. Vive‐se uma  “crise  existencial  europeia”, que  é  incapaz de  encontrar práticas  comuns de  cooperação estando perto da desintegração.  

   

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Por  outro  lado,  a  China  encontra‐se  volátil,  o  populismo  de  esquerda  vigora  na América  Latina,  e  a Rússia é autoritária. O panorama para os países em desenvolvimento está a piorar, especialmente na área  dos  direitos  humanos,  e  os  Objectivos  de  Desenvolvimento  do  Milénio  caem  por  terra.  No seguimento da ausência de uma coesão social, as fronteiras são fortalecidas e a mobilidade é limitada, devido ao nacionalismo e ao  receio acrescido de ameaças  terroristas. A  insegurança é generalizada e também  incentivada  pela  larga  distribuição  de  armas  de  destruição massiva  e  pela  regularização  de algumas  armadas  terroristas.  A  questão  das  alterações  climáticas  revela‐se  problemática  e  revela fraquezas,  pois  não  são  reduzidas  as  emissões,  decorrentes  do  crescimento  económico  lento  e  da ausência de investimentos em tecnologia ou acordos nos padrões de emissões. Os países com recursos, especialmente a água, tornam‐se potencialmente ricos.  Palavras‐chave:  proteccionismo;  impactos  da  globalização;  crescimento  económico  lento;  limitada cooperação global; ausência coesão social; insegurança. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐Tanto  quanto  foi  possível  apurar,  o  estudo  não  foi  publicado  na  sua  totalidade,  tendo‐se 

divulgado  apenas  uma  apresentação  em  Power  Point,  e  um  resumo  numa  newsletter  do 

Foresight Programme, datada de Maio de 2008. 

‐ Os cenários foram construídos com base em workshops e entrevistas. 

  

   

   

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PROJECTO 10 

England’s natural environment in 2060 – issues, 

implications and scenarios Natural England  

Data Publicação: 2009 

Horizonte Temporal: 2060 

Foco Estratégico: Território e Ambiente 

http://naturalengland.etraderstores.com/NaturalEnglandShop/NERR031 (consultado em 22/03/2011)   

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Irá  o  mundo  encontrar  uma  forma  de  viver  de  acordo  com  os  princípios  da 

sustentabilidade?  

• Irá  a  tecnologia  assegurar  a  resolução  dos  problemas  ambientais  ou  continuarão  a  ser 

necessárias mudanças nos estilos de vida, para lhes fazer face? 

• Como  será  a  ordem  mundial?  Será  dominada  por  uma  globalização  assente  na 

liberalização dos mercados? 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

  

 

 

 

   

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SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Connect for Life: A vida em 2060: As pessoas estão ligadas entre si através de redes globais vastas. Embora as decisões e as economias estejam localizadas, vigora um sistema maior e mais eficaz, criado através de milhões de ligações mundiais e que geram um “super cérebro global”. Os valores sociais e ambientais fortaleceram‐se ao  longo dos anos – há  lealdade entre as  comunidades  ligadas por  todo o globo, unidas devido a propósitos comuns, e os governos nacionais têm uma influência limitada. Como  emergiu  este  cenário:  nas  primeiras  décadas  do  Século  XXI  havia  um  grande  foco  no  uso  da informação  e  das  tecnologias  visando  fundamentalmente  a  elevação  da  produtividade.  Ao  mesmo tempo, no entanto, era dada menor relevância ao potencial das redes sociais e à capacidade e influência da Internet na elaboração de decisões que trouxessem melhores resultados sociais e ambientais. Assim que as redes sociais se tornaram suficientemente grandes e auto‐suficientes, as crenças “tradicionais” e modos  de  actuação  tornaram‐se  antiquados  e  improdutivos.  Estes  foram,  então,  desaparecendo  à medida que as comunidades “hiper‐ligadas” se tornaram o foco principal.  Palavras‐chave:  redes  globais  vastas;  ligações  mundiais;  tecnologias  de  informação;  comunidades “hiper‐ligadas”.  Go for Growth: A vida em 2060: Fazer dinheiro é uma prioridade e o crescimento económico continua a ser conduzido pelo consumo desmesurado e baseado em necessidades  individualistas, e pela nova tecnologia. Poucas pessoas se preocupam com o ambiente e, para solucionar os mais diversos problemas emergentes na sociedade, aposta‐se no desenvolvimento de tecnologias. Há uma elevada preocupação de que isto nem sempre possa ser a solução para as dificuldades que a Grã‐Bretanha enfrenta. Como emergiu este cenário: as tendências dominantes na primeira parte do Século XXI continuaram. A sociedade  permaneceu  focada  no  crescimento  baseado  no  consumo,  através  de  uma  economia  de mercado conseguida por meio de inovação acelerada.  Palavras‐chave:  crescimento  económico;  consumo;  nova  tecnologia;  pouca  preocupação  ambiental; inovação acelerada.  Keep it Local: A vida em 2060: A sociedade gira em torno de nações que sobrevivem e asseguram essa sobrevivência para  si  próprios.  O  território  de  Inglaterra  é  largamente  usado  tanto  para  a  produção  de  bens alimentares como para habitações. Decisões críticas (por exemplo, sobre a segurança e infra‐estruturas) são  tomadas  no  âmbito  nacional,  em  conjunto  com  outras  decisões  que  são  tomadas  regional  e localmente.  As  pessoas  são  muito  protectoras  da  sua  área  local  e  pertences,  mas  têm  um  forte sentimento  de  pertença  nacional. Os  recursos  são  limitados  e  são  controlados  rigorosamente, mas  o consumo permanece elevado. Como emergiu este cenário: No início do Século XXI, a sociedade enfatizou o consumo enquanto prestava pouca atenção à necessidade de se trabalhar dentro dos  limites ambientais e de recursos. No entanto, nos anos 2020 e 2030, esses limites foram quebrados e emergiu uma série de crises sociais e ambientais. Isto  forçou  as  nações  a  adoptarem mais medidas  proteccionistas,  acabando  por  abrandar  e  pôr  em causa a globalização.  Palavras‐chave:  sobrevivência  individual;  decisões  locais;  controlo  dos  recursos;  consumo  elevado; proteccionismo nacional.  Succeed trough Science: A  vida  em  2060: A  economia  global  continua  a  ser  conduzida  pela  inovação  e  todos  dependem  dos negócios para que o país continue a crescer. Londres e o Sudeste de Inglaterra são  importantes, mas o resto  do  país  também  se  está  a  lançar,  uma  vez  que  ambas  cidades  e  os  seus  arredores  produzem bastante. As pessoas  confiam que a  tecnologia proporcione  crescimento enquanto  respeita os  limites ambientais e de recursos, mas existe alguma preocupação de que isso nem sempre possa ser a solução. 

   

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Como  emergiu  este  cenário:  O  princípio  do  Século  XXI  deu  ênfase  à melhoria  da  produtividade  na economia  de mercado  de  amplitude  global. No  entanto,  isto  serviu  apenas  para  focar  a  atenção  na inovação enquanto meio para a obtenção de ganhos económicos a curto prazo. Consequências de longo alcance para a sociedade e para o ambiente receberam pouca atenção. No entanto, novos operadores na  economia  global  reconheceram  que  as  suas  próprias  vantagens,  a  longo  termo,  requeriam  uma abordagem que fosse mais além e que salvaguardasse o capital social e humano a longo prazo.  Palavras‐chave: inovação condutora da economia; tecnologia para o crescimento; relativa preocupação ambiental. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ São cenários nacionais para o Reino Unido. Inclui timelines e implicações para cada cenário.  

‐ No âmbito deste projecto foi produzido um “Scenarios Compendium”, que resume, analisa e 

identifica arquétipos dos cenários de “uso do solo” produzidos nos últimos anos. 

   

   

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PROJECTO 11 

Fashion Futures 2025 – Global Scenarios for a 

Sustainable Fashion Industry Forum for the Future & Levi Strauss & Co 

Data Publicação: 2010 

Horizonte Temporal: 2025 

Foco Estratégico: Moda/Vestuário 

http://www.forumforthefuture.org/projects/fashion‐futures (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

 

• Quão ligado será o mundo? 

 

Configuração 1: “(Mundo) ligado” – a globalização económica expandiu‐se, as barreiras para as 

trocas comerciais foram reduzidas, as comunicações têm capacidade para permitir uma maior 

unificação e as culturas globais estão mais similares entre si 

Configuração  2:  “(Mundo)  fragmentado”  –  a  globalização  entrou  em  regressão,  há  mais 

proteccionismo, as trocas comerciais à distância diminuíram e as  identidades regionais estão 

mais fortes 

 

• Quão rápido mudará a sociedade?  

 

Configuração 1: “Depressa” – a velocidade da mudança aumentou na comunicação, nos fluxos 

de capitais financeiros, e no ritmo a que as pessoas vivem as suas vidas 

Configuração  2:  “Devagar”  –  o  ritmo  de  consumo  entrou  em  reverso,  os  fluxos  de  capital 

financeiro reduzem‐se e, gradualmente, as culturas mudam 

 

Para  além  das  duas  incertezas  cruciais  acima  apresentadas  no  processo  de  construção  dos 

cenários foram identificadas outras incertezas: 

• Como irá responder a sociedade à escassez de recursos e às alterações climáticas? 

• Como poderá a legislação estruturar a indústria da moda? 

• Que rendimento disponível teremos, e em que é que o gastaremos? 

• Como se desenvolverão as chamadas “economias emergentes”? 

• Avanços tecnológicos. 

• Aceitação, por parte dos consumidores, do consumo sustentável. 

• Como podem as alterações demográficas afectar a indústria do vestuário? 

 

   

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ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: No trabalho existem referências explícitas aos seguintes elementos pré‐determinados: 

• Alterações demográficas. 

• Crescentes impactos das alterações climáticas. 

• Custos crescentes dos recursos chave. 

 SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 

Slow is beautiful Um  mundo  pautado  pela  colaboração  política  e  comércio  globais,  onde  se  prefere  o  “lento”  e  o sustentável. É um mundo moralista e empenhado no combate global às alterações climáticas, que apresenta baixas emissões de carbono e estilos de vida e mentalidades marcados pelo paradigma da sustentabilidade. O palco mundial é um lugar bastante mais homogéneo em 2025, onde os governos ocidentais continuam a demonstrar liderança em muitas frentes, incluindo a agenda da sustentabilidade. Contudo, as economias emergentes do  início do Século XXI (China, Brasil, etc.) estão agora mais maduras e competem entre si em termos de crescimento e de liderança global. A rivalidade entre China e EUA está mais forte do que nunca, nomeadamente numa nova corrida rumo a tecnologias sustentáveis pioneiras. De facto, também no campo das tecnologias e da  inovação, estas terão de respeitar os acordos alcançados no âmbito da redução do carbono, gestão sustentável da energia e  recursos. Para os vários actores económicos, as regras da sustentabilidade são encaradas como parte do caminho para o desenvolvimento económico. A resposta à questão das alterações  climáticas  foi  tomada através de medidas de  regulação  rigorosas. Assim, os novos acordos climáticos orientaram as economias mundiais para o cumprimento do objectivo de  baixas  emissões  de  carbono  e  redução  da  utilização  de  recursos.  Como  resultado,  o  consumo decresceu significativamente, tendo os consumidores de 2025 de fazer alguns sacrifícios nos seus modos de  viver,  algo que acaba por  resultar  em mudanças  comportamentais  significativas.  Por  exemplo,  os consumidores  mudaram  para  uma  “moda  lenta”,  do  mesmo  modo  que  antes  fizeram  com  a “alimentação  lenta”  (passou  a  ser  extremamente  popular  escolher  o  que  é  “orgânico”  e  “local”), havendo  portanto  uma  tendência  para  níveis  gerais  de  consumo  mais  reduzidos.  A  maioria  dos consumidores  está  disposta  a  pagar mais  por  um  número mais  reduzido  de  peças  de  roupa  de  alta qualidade e que sejam sustentáveis e, por todo o mundo, estão mais cientes e interessados nos impactos ambientais da cadeia de fornecimentos do vestuário.  

   

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O consumo sustentável passou a ser uma tendência que atravessa todas as principais economias globais, manifestando uma crescente procura por mais cuidados com a saúde e bem‐estar. A indústria da moda tem tido um trabalho intenso, tanto na limitação das emissões de carbono, como também na alteração da  percepção  das  pessoas  por  este  sector,  o  qual  estava  indissociavelmente  relacionado  com  um consumo excessivo e fútil no final do Século XX e  início do novo milénio. Hoje, a  indústria foi capaz de “tornar a moda sustentável”.  Palavras‐chave: colaboração política; comércio global; combate alterações climáticas; sustentabilidade; gestão  da  energia  e  recursos;  regulação; mudanças  comportamentais;  consumo  reduzido;  consumo sustentável.  Community Couture A crise de recursos limita o consumo, num mundo baseado em comunidades locais. Mundo fragmentado e assente em comunidades auto‐suficientes, que lutam para lidar com a tensão do crescimento da população e a escassez de recursos, sob a égide de uma economia mundial fortemente abalada. Em 2025, a segurança alimentar e o fornecimento de energia são as prioridades máximas para os países, e não tanto o comércio internacional. Trata‐se de um mundo mal preparado para lidar com os impactos das alterações climáticas e com os conflitos decorrentes da falta de recursos, e onde também existe uma severa limitação das matérias‐primas necessárias para a indústria da moda. De facto, todas as tentativas para que se criassem acordos globais para o combate às alterações climáticas e redução de emissões  falharam.  E,  como  resultado,  em  conjunto  com  o  crescimento  da  população mundial  e  do consumo, os preços dos  recursos  tornaram‐se astronomicamente elevados. Por exemplo, a China não pode mais ser considerada a “fábrica de vestuário do mundo” e com a limitação de recursos na Ásia, em África e na América Central, nenhuma outra economia foi capaz de produzir o suficiente para tomar o seu  lugar ou assegurar  fontes  seguras de  fornecimento de  recursos. Emerge um  sentimento geral de desconfiança,  no  qual  se  culpam  os  governos  e  os mercados  pelo  estado  actual  do  planeta.  Como resultado, as alianças regionais transformam‐se em blocos proteccionistas onde as comunidades  lutam pela auto‐suficiência, e o mundo  torna‐se mais  fechado. Na  indústria da moda  são desenvolvidos, no entanto, alguns laços comerciais bem‐sucedidos, através de redes locais bastante activas que se dedicam a  roupa  em  segunda‐mão,  fortalecendo  os  laços  entre  as  comunidades  e  o  surgimento  de  soluções criativas  para  a moda.  A  “classe média”  tem menos  rendimentos  disponíveis  do  que  em  2010  e  dá prioridade,  à  alimentação  das  famílias,  ao  aquecimento  das  casas  e  aos  transportes,  tendo menos dinheiro  disponível  para  gastar  com  a moda.  Aumenta  o  fosso  entre  os  ricos  (os  que  ainda  podem comprar peças de  roupa novas) e os pobres. Assim, comprar peças de roupa novas  revela‐se bastante mais caro do que em 2010, e a indústria da moda, face à queda dramática da produção e na venda de novo vestuário é obrigada a aceitar um  ritmo de  crescimento mais  lento,  continuando, no entanto, a dedicar pouco cuidado aos princípios da sustentabilidade.   Palavras‐chave:  crise de  recursos;  consumo  limitado;  comunidades  locais  e auto‐suficientes;  impactos negativos  alterações  climáticas;  desconfiança  generalizada;  blocos  proteccionistas;  decréscimo  no consumo.   Techno‐Chic Sistemas  de  alta  tecnologia  correspondem  à  vontade  de  um  consumidor  global  obcecado  pela velocidade. Mundo próspero que beneficiou de uma mudança proactiva para uma  economia baseada  em baixas emissões de carbono e de um elevado  investimento tecnológico, os quais permitiram a antecipação de outras  consequências  negativas.  A  economia  global  está  mais  interligada  do  que  nunca,  sendo  o crescimento  sustentado por  ciclos  rápidos de  inovação que providenciam produtos e  serviços a novos mercados em todo o mundo, e existem poucas barreiras ao comércio. Embora seja um mundo mais rico, ainda subsistem desigualdades que, gradualmente, vão sendo combatidas, através da capitalização de “oportunidades inteligentes” baseadas na tecnologia em países com menores rendimentos, incentivando assim as  indústrias  locais e economias nacionais. A política de combate às alterações climáticas esteve no topo da agenda política por mais de 20 anos.  

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Período marcado  pela  crença  no  potencial  da  tecnologia  enquanto  catalisador  da mudança.  A  sua importância passa também pelos crescentes incentivos governamentais que lhe estão associados, como os que visam a aposta nas energias renováveis e na redução das emissões de carbono. Isto acabou por resultar  num  sentimento  generalizado  na  população  global  de  que  a  tecnologia  para  as  alterações climáticas é efectivamente protectora e eficaz. A nova e crescente classe média apresenta um apetite feroz pelo consumo da moda, mas este consumismo implica, desde logo, que seja baseado nos princípios da  sustentabilidade  e  da  protecção  do  ambiente.  Estes  novos  consumidores  inteligentes  beneficiam também do aumento da mobilidade, possibilitada pela redução do carbono em vários sectores, pelo que as viagens adquirem elevado valor neste mundo sempre interligado e consumista.  Palavras‐chave: alta tecnologia; consumidor global; mundo próspero; economia interligada; medidas de protecção ambiental; consumismo sustentável e exigente.  Patchwork Planet Rápido consumo em blocos culturais globais. Assiste‐se a uma  fragmentação da comunidade global e a uma profunda desconfiança entre os vários blocos culturais, causadas por anos de conflito e por elevados níveis de desigualdade entre os países, os quais  resultaram da díspar  recuperação  económica pós  recessão  internacional  e de uma  escassez de recursos estratégicos. A balança global de poderes mudou dramaticamente, com destaque para a Ásia que experienciou uma ascensão do seu poder e proeminência, enquanto a tendência de Ocidentalização se enfraqueceu, sendo assombrado por ritmos de crescimento e de consumo mais  lentos. Globalmente enfrenta‐se  o  desafio  da  escassez  de  recursos,  e  a  reacção  defensiva  dos  países  e  regiões  é  a  de guardarem  as  tecnologias  e  capacidades  só  para  si,  recusando  partilhar  o  “know‐how”  da sustentabilidade  com  outros  países,  aumentando  os  níveis  de  desconfiança  entre  estes.  Também  a comunicação  global  é  colocada  em  causa.  São  estas  tensões  geopolíticas  exacerbadas,  os  elevados preços dos recursos e eventos climáticos extremos que levam a que os países sejam mais auto‐suficientes no  que  respeita  a  alimentos,  energia  e  até  vestuário,  e  preservem  para  si  a  inovação  tecnológica desenvolvida.  De  igual  modo,  os  impactos  das  alterações  climáticas  são  sentidos,  mas  os  países adaptam‐se a  estes através do  isolamento  e de  respostas baseadas na  tecnologia, que os mais  ricos conseguem  adaptar  às  suas  realidades  nacionais,  aumentando  porém  a  desigualdade  com  os  outros países  com  menores  rendimentos  e  a  competitividade  entre  estes.  A  UE  lidera  no  caminho  da descarbonização, com tarifas sobre o carbono nas importações entre outras medidas e, face a sugestões para a adopção de um compromisso global, os vários países rejeitam‐nas. Consequentemente, e uma vez que não houve uma acção global concertada para mitigar os impactos dos estilos de vida associados a um elevado consumo, na maioria dos países os consumidores continuam a desejar a aquisição de mais bens,  num  mundo  de  tendências  que  mudam  rapidamente.  De  facto,  as  cadeias  de  fornecimento assistem a uma regionalização que pretende responder à procura dos consumidores por uma moda que mude rapidamente, seja regional e patriótica. Existe uma percepção da importância da sustentabilidade, mas  apenas  devido  aos  racionamentos  de  energia  e  de  água,  impostos  por  severas  regulações governamentais.   Palavras‐chave:  blocos  culturais;  fragmentação  da  comunidade  global;  desconfiança;  escassez  de recursos;  exclusividade  do  “know‐how”;  tensões  geopolíticas;  auto‐suficiência;  impactos  alterações climáticas; respostas tecnológicas; elevado consumismo; mudanças aceleradas. 

 

   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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PROJECTO 12 Scenarios for the Future of Technology and International 

Development (2030) Global Business Network (GBN) e The Rockefeller Foundation  Data Publicação: 2010 Horizonte Temporal: 2030 Foco Estratégico: Tecnologia http://www.rockefellerfoundation.org/news/publications/scenarios‐future‐technology  (consultado  em 22/03/2011)     INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Alinhamento político e económico  Refere‐se  não  apenas  à  escala  de  integração  económica  (fluxo  de  bens,  capitais,  pessoas  e ideias),  mas  também  ao  nível  a  que  as  estruturas  políticas  (suficientemente  estáveis  e efectivas) permitem que se lidem com muitos dos desafios globais.  Configuração 1: “Forte” – economia global mais  integrada com elevados volumes de  trocas, que permite o acesso a uma mais vasta variedade de bens e serviços, através de importações e exportações,  e  a  uma  crescente  especialização  das  exportações.  Verifica‐se  também  uma maior  cooperação  a  nível  supra‐nacional,  promovendo  uma  acrescida  colaboração  a  nível geral, instituições globais mais fortalecidas, e a formação de redes efectivas internacionais que permitam a resolução de problemas Configuração 2: “Fraco” – eventual redução do potencial para o desenvolvimento económico nos países em desenvolvimento, por causa da  fragilidade da economia global no seu  todo, a par  do  proteccionismo  e  da  fragmentação  do  comércio,  e  o  possível  enfraquecimento  dos regimes  de  governança,  que  fomentam  barreiras  à  cooperação  e  levam  ao  adiamento  de acordos  e  à  implementação  em  larga  escala  de  soluções  interligadas  para  fazer  face  aos desafios globais emergentes  • Capacidade de adaptação (à mudança) Capacidade  da  sociedade,  a  diferentes  níveis,  de  lidar  com  a  mudança  e  de  se  adaptar eficazmente a esta, passando por uma gestão proactiva dos sistemas e estruturas existentes, de modo a assegurar a  sua  resiliência  face a  forças externas, e  também pela  capacidade de transformação desses sistemas e estruturas quando um contexto de mudança demonstra que estes  não  são  mais  adequados.  A  capacidade  de  adaptação  é  geralmente  associada  com elevados níveis de educação na sociedade.  Configuração  1:  “Elevada”  –  é  geralmente  atingida  através  da  existência  de  confiança  na sociedade;  a  presença  e  tolerância  da  novidade  e  da  diversidade;  a  força  e  variedade  das instituições; e o fluxo livre de comunicações e de ideias (“bottom‐up” e “top‐down”).  Configuração  2:  “Baixa”  –  emergem  da  ausência  das  características  anteriores  e  deixam  as pessoas  particularmente  vulneráveis  aos  efeitos  disruptivos  causados  por  choques  não previstos.  

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Cada cenário procura responder a uma questão central que serve de âncora para o processo de construção dos cenários: ‐  Como  poderá  a  tecnologia  afectar  as  barreiras  para  uma  sólida  resiliência  e  crescimento equitativo no mundo em desenvolvimento nos próximos 15 a 20 anos? * *Nota:  “resiliência”  refere‐se  à  capacidade  dos  indivíduos,  comunidades  e  sistemas  de sobreviverem,  adaptarem‐se  e  crescerem  face  a  mudanças  e  até  eventos  catastróficos; “crescimento  equitativo”  implica  possibilitar  o  acesso  dos  indivíduos,  comunidades  e instituições a novos instrumentos, práticas, recursos, serviços e produtos.  

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 15 Incertezas cruciais apresentadas num workshop elaborado para a elaboração deste estudo, agrupadas em 3 grupos:  ‐ Tecnológicas: • Tecnologias com mais impacto no desenvolvimento (novas vs. existentes). • Origem  das  inovações  tecnológicas  críticas  para  o  desenvolvimento  (nos  países 

desenvolvidos  e  em  vias de  desenvolvimento  vs.  nos  países  desenvolvidos  e  em  alguns BRICs). 

• Normas  sociais  e  culturais  (atrasam  a  adopção  das  novas  tecnologias  vs.  permitem  a adopção rápida de novas tecnologias). 

• Novas  inovações  que  reduzem  substancialmente  a  mortalidade  infantil:  vacinas, tratamentos, curas (poucas vs. muitas). 

 ‐ Sociais e ambientais: • Identidade  comunitária no mundo  em  vias de desenvolvimento  (estática,  tradicional  vs. 

dinâmica, aberta ao novo e não tradicional). • Oportunidades de educação e trabalho para mulheres (restritas vs. em expansão). 

   

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• Ocorrência de “choques” como doenças,  fome e desastres naturais  (pouco  frequentes e administráveis vs. frequentes e altamente disruptivos). 

• Qualidade  do  ambiente  local  no  mundo  em  vias  de  desenvolvimento  –  ar,  água, saneamento, edificado, etc. (baixa e a piorar vs. melhor e a melhorar). 

• Sensibilização  e  acção  em  relação  às  alterações  climáticas  globais  (não  priorizadas  vs. priorizadas). 

 ‐ Económicas e políticas: • Performance económica global (pior que o esperado vs. melhoria significativamente). • Regras e normas em torno das actividades de empreendedorismo (inibidoras vs. que dão 

apoio). • Oportunidades de educação e formação no mundo em vias de desenvolvimento (estáticas 

vs. a aumentar). • Conflito  no mundo  em  vias  de  desenvolvimento  (marginal  e  contido  vs.  penetrante  e 

generalizado). • Relações internacionais económicas e estratégicas (fracas, com barreiras à cooperação vs. 

fortes, com mais cooperação supranacional). • Segurança  alimentar  (pior  e mais  propensa  a  situações  de  ruptura  vs. melhor  e mais 

segura). 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: ‐ Elementos pré‐determinados • Emergência de um mundo multipolar (ascensão da China, Índia, e outros países.); • Crescimento da população mundial; • Maior pressão sobre a disponibilização de recursos energéticos, alimentares e hídricos, em 

especial nos países em desenvolvimento; • Maior  interdependência  global  de  energia  e  tentativas  de maior  utilização  de  energias 

renováveis; (…). 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 Lock Step É um mundo com um controlo governamental mais apertado, do tipo “top‐down”, e com uma liderança mais autoritária, com inovação limitada e uma crescente retirada de protagonismo dos cidadãos. Neste  cenário,  emerge  o  flagelo  de  uma  pandemia  em  2012,  cujos  efeitos  devastadores  nos  anos posteriores determinam o  comportamento dos vários actores envolvidos. Cerca de 20% da população mundial foi infectada por esta pandemia, e também os efeitos na economia se revelaram “mortíferos”, com  a  drástica  redução  da mobilidade  tanto  de  pessoas  como  de  bens,  debilitação  da  indústria  do turismo  e  a  quebra  de  cadeias  globais  de  fornecimento.  Face  ao  risco  de  exposição  à  pandemia,  os governos  optam  por  tomar medidas  extremas  de  protecção  dos  seus  cidadãos,  através  do  uso  do controlo autoritário e da  imposição de regras e restrições severas que, mesmo após o desvanecimento da pandemia, permaneceram no quotidiano dos cidadãos tendo‐se inclusivamente até intensificado em determinadas  situações. O  objectivo  da  tomada  de  acção  pela  força  seria  o  de  fazer  face  não  só  à eventualidade de pandemias,  como  também de  terrorismo  transnacional,  crises ambientais e  risco de pobreza. 

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Primeiramente, a noção de um mundo mais controlado ganhou vasta aceitação e aprovação por parte dos cidadãos, que estavam dispostos a prescindir de alguma da sua soberania (e privacidade) em troca de maior  segurança  e  estabilidade, pelo que os  líderes nacionais  tiveram maior abertura para  impor maior controlo e ordens do modo que lhes parecia mais apropriado.  Os efeitos desta abordagem  foram naturalmente diferentes nos países desenvolvidos e nos países em vias de desenvolvimento. No entanto, em 2025, e após os resultados das anteriores medidas, as pessoas parecem estar saturadas de demasiado controlo “top‐down” e de que os líderes e autoridades fizessem escolhas por eles, especialmente em situações de conflito sempre que os interesses nacionais iam contra os  interesses  individuais. Até mesmo os que gostavam de maior estabilidade e da previsibilidade deste mundo,  começaram  a  sentir‐se  desconfortáveis  e  constrangidos  com  a  severidade  das  fronteiras nacionais. O sentimento perdura até que, mais cedo ou mais  tarde, emerge outro acontecimento que vem abalar a ordem estabelecida até então.  Palavras‐chave:  controlo  governamental;  liderança  autoritária;  imposição  de  regras;  busca  de segurança; regulação “top‐down”; saturação da população.  Clever Together É  um mundo  no  qual  emergem  estratégias  altamente  coordenadas  e  bem‐sucedidas  para  lidar  com assuntos urgentes e outros com efeitos a nível mundial.  Após o período de recessão de 2008‐2010 o crescimento global regressou em força, indo ao encontro das projecções demográficas e económicas lançadas antes da recessão. No entanto, emergiram dois grandes problemas: primeiro, nem  todas as pessoas e  lugares beneficiaram equitativamente do  regresso deste crescimento globalizado  e,  segundo,  foram  ignoradas as  verdadeiras  consequências ambientais deste crescimento  desmesurado.  O  clima  do  planeta  tornou‐se  cada  vez  mais  instável  e  com  efeitos catastróficos,  pelo  que  surgiu  uma  enorme  urgência  e  pressão  no  sentido  dos  governos  agirem rapidamente.  Num mundo  altamente  interligado  entre  si,  a melhor  forma  para  o  fazer  passa  pela coordenação  mundial  de  estratégias  para  lidar  com  os  problemas  urgentes.  Esta  coordenação internacional começou lentamente, tendo posteriormente acelerado de forma intensa e até certo ponto inesperada para muitos. Em 2015 a grande maioria dos países concertou a sua acção contra problemas de  escala  global,  através  de  acordos  internacionais,  de  sistemas  globais  coordenados  assentes  na tecnologia, etc. Estes esforços produziram verdadeiros resultados em 2022, com o efectivo decréscimo nos níveis atmosféricos de carbono. Inspirados pelo sucesso destas iniciativas na acção colectiva global, as  iniciativas  coordenadas  em  larga‐escala  intensificam‐se,  tendo  inclusivamente  os  estados‐nação perdido  alguns  dos  seus  poderes  e  relevância,  com  o  fortalecimento  da  arquitectura  global  e  das estruturas de governança  regional. De  facto, estas  fortes alianças e alinhamentos  entre  corporações, ONGs e comunidades, alargaram a possibilidade de resolução de grandes problemas, potenciando uma maior qualidade de  vida para  todos.  Toda  esta  evolução  traduziu‐se num  verdadeiro progresso onde antes existiam problemas, num mundo menos gastador, mais eficiente e mais inclusivo. No entanto, este é um mundo longe da perfeição. Um progresso tão rápido implica também elevados consumos e novas pressões  nos  recursos.  Em  2028,  o  mundo  não  poderá  suportar  para  sempre  os  efeitos  de  um crescimento tão rápido.  Palavras‐chave: estratégias coordenadas; crescimento globalizado; consequências ambientais negativas; problemas urgentes; fortalecimento arquitectura global; alianças internacionais. 

 Hack Attack Um mundo economicamente instável e propenso a choques, no qual os governos estão enfraquecidos, os criminosos prosperam e inovações perigosas emergem. Enfrentam‐se,  com  alguma  frequência,  catástrofes  com  efeitos  de  larga  escala,  as  quais  incluem atentados,  efeitos  das  alterações  climáticas,  etc.  Esta  série  de  catástrofes  assíncronas  colocou  uma enorme pressão numa economia global já de si sob demasiada tensão, e que tinha entrado na segunda década do Século XXI ainda em recessão. Os países não conseguem dar resposta aos custos decorrentes deste  panorama,  nem  tão  pouco  aos  crescentes  pedidos  de  mais  segurança,  maior  cobertura  de cuidados de saúde, mais programas e serviços sociais, e reparação de infra‐estruturas. 

   

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Na Europa, Ásia, América do Sul e África, cada vez mais países perderam o controlo das suas finanças públicas,  bem  como  a  capacidade  de  ajudar  os  seus  cidadãos  a manter  a  estabilidade  e  a  ordem. Também a escassez de recursos e disputas comerciais, a par de situações tensas severas na economia e no clima, levaram muitas alianças e parcerias a um ponto de ruptura. Com  o  enfraquecimento  do  poder,  a  rápida  desintegração  da  ordem  e  a  evaporação  das  redes  de segurança, a violência e o crime  surgiram de modo descontrolado. Também no campo da  tecnologia, surgem métodos sofisticados para derrubar empresas, atacar sistemas governamentais, bancos e bases de dados de informações, e também a propriedade intelectual. Este ambiente de “wild west” causa um profundo impacto no campo da inovação, e marca a passagem para uma era em que a criatividade e as tecnologias assentam tipicamente numa postura de “eu primeiro”, em vez da anterior mais altruísta “eu também”.O fosso entre a população mais abastada e a população mais pobre é maior do que nunca e, em 2025, será mais sensato construir não uma “casa”, mas sim uma “fortaleza”, para a protecção face a riscos  e  caos  no  qual  o  mundo  se  encontra.  A  confiança  apenas  era  sentida  junto  daqueles  que conseguem  garantir  segurança  e  sobrevivência,  num  mundo  onde  o  colapso  do  estado  leva  ao ressurgimento do feudalismo. Em 2030, a distinção entre mundo desenvolvido e em desenvolvimento já não se afigura particularmente relevante.  Palavras‐chave:  economia  instável;  governos  enfraquecidos;  catástrofes  de  larga  escala;  pressão  na economia global; instabilidade; insegurança; fosso na riqueza; feudalismo. 

 Smart Scramble Um mundo economicamente deprimido, no qual os  indivíduos e as comunidades desenvolvem soluções localizadas e improvisadas para fazer face a um crescente conjunto de problemas.  A  recessão global que  começou  em 2008 não  se  enfraqueceu  em 2010,  tendo‐se arrastado por mais tempo.  As tentativas para reavivar os mercados e as economias não resultaram, ou pelo menos com a rapidez necessária para que os  efeitos  contrariassem a depressão  económica.  Face a  este panorama muitos  países  sofreram  um  agravamento  das  suas  dívidas,  e  o  surgimento  de  problemas  de desobediência civil e aumento da criminalidade. No geral, a estabilidade económica era tão frágil que a ocorrência  de  um  choque  climático  repentino  ou  outro  desastre  poderiam  remeter  o mundo  para  o colapso.  Felizmente, esses grandes  choques não ocorreram, apesar da permanente preocupação  com essa  possibilidade.  A  noção  de  “sobrevivência”  e  de  “sucesso”  variavam  bastante  consoante  a localização – não só no país, mas na cidade e na comunidade. Em muitos locais, as falhas da liderança política e as tensões da fraqueza económica e os conflitos sociais sufocaram a capacidade das pessoas ultrapassarem  estas  terríveis  circunstâncias.  No  entanto,  existem  sinais  de  esperança.  A  capacidade governamental revelou‐se mais avançada nas partes do mundo em desenvolvimento, e outras áreas com bom acesso a recursos naturais, diferentes habilidades e um conjunto de instituições mais fortes tiveram um  melhor  desempenho,  tal  como  cidades  e  comunidades  onde  um  largo  número  de  emigrantes retornados  ajudaram  a  conduzir  à mudança  e  ao  progresso.  Também  as  pessoas,  em  alguns  casos, encontraram  ou  inventaram  novos modos,  tecnológicos  e  não  tecnológicos,  para melhorarem  a  sua capacidade  de  sobrevivência  e,  em  alguns  casos,  para  aumentar  os  níveis  de  qualidade  de  vida.  As comunidades  cresceram,  a  par  da  emergência  de  acções  locais  para  propósitos  locais,  catalisando  o comércio  local e unindo os  laços de proximidade entre si. Em 2025, a colaboração estava finalmente a melhorar, com os ecossistemas de  investigação e de partilha  (muitos deles “virtuais”) a começarem a emergir.  No  entanto,  não  se  verificam  grandes  progressos  na  integração  e  colaboração  económica global,  e muitos  preocupam‐se  se  as  boas  ideias  irão  permanecer  isoladas,  e  se  a  sobrevivência  e  o sucesso serão um fenómeno local, em vez de global ou nacional.  Palavras‐chave:  economia  deprimida;  soluções  localizadas;  recessão  económica  prolongada; insegurança; mudança e progresso; acções locais; propósitos locais; colaboração.  OBSERVAÇÕES:  ‐ Cenários desenvolvidos em pleno período de  recessão e crise mundial, que  incluem visões distintas para os países desenvolvidos e para os países em desenvolvimento. ‐ Inclui Timelines para cada cenário e a utilização de Roleplays em cada futuro.   

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROJECTO 13 

World Trade: Possible Futures (2020) Foresight Horizon Scanning Centre para a UK Government’s Trade Policy Unit 

Data Publicação: 2009 

Horizonte Temporal: 2020 

Foco Estratégico: Comércio Internacional 

http://www.worldtradeweekuk.com/Pages/F8F22494‐8C8B‐479E‐858B‐F37DA4143177.cFile 

(consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Acção das organizações globais  

Traduz a vontade e capacidade das organizações globais coordenarem as suas acções a nível 

nacional, ou de se mostrarem disponíveis para agir a uma escala global. 

 

Configuração 1: “Coordenada” 

Configuração 2: “Fragmentada” 

• Recursos ambientais 

Disponibilidade dos recursos naturais no sentido de haver uma maior ou menor restrição. 

 

Configuração 1: “Escassos” 

Configuração 2: “Abundantes” 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

   

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OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: • Alterações climáticas; • Crescimento populacional; • Crescimento das economias emergentes; • Populações envelhecidas nos países mais desenvolvidos; • Avanços da tecnologia. 

 SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Global Innovation É  um  cenário onde  as  trocas  comerciais  procuram  ter  em  consideração  e  responder  ao  problema da escassez  de  recursos  e  onde  existe  um  elevado  grau  de  coordenação  entre  as  organizações internacionais. O  mundo  emergiu  lentamente  da  recessão  no  início  da  década.  Neste  período,  observa‐se  um crescimento  lento, com elevados custos energéticos e de mercadorias e o aumento do preço dos bens alimentares,  pautado  também  pela  falta  de  uma  resposta  internacional  concertada.  Em  2013,  no entanto, emerge um renovado interesse na investigação e desenvolvimento de novas tecnologias para a energia. Em 2015, uma  série de  incidentes  climáticos  severos  causou efeitos devastadores por  todo o mundo, fazendo com que os governos se encontrassem sobre pressão para agirem mais rapidamente e com  maior  audácia.  Foi  este  “clima  de  crise”  que  alertou  para  a  necessidade  da  colaboração internacional, originando um conjunto de consequências positivas. No espaço de um ano, uma coligação de países e  regiões concordaram na definição de novas estratégias para a obtenção de  fundos para o investimento tecnológico, de modo a fazer face às emergentes alterações climáticas e seus efeitos. Estas tecnologias  criaram um enorme mercado  e aceleraram os negócios por  todo o mundo. Um benefício lateral deste movimento traduziu‐se num conjunto activo de instituições globais com um apoio popular crescente. Uma melhor coordenação global  teve um  impacto notável nos países em desenvolvimento, onde os investimentos daquele fundo tecnológico levaram à criação de novos negócios e ao crescimento económico e, consequentemente, a menores níveis de pobreza e de privação.  Palavras‐chave: escassez recursos; elevada coordenação; colaboração  internacional; novas estratégias; investimento tecnológico; crescimento económico.  Global Citizen Cenário que concilia uma acção global coordenada com uma maior disponibilidade de recursos. O mundo  experienciou  uma  aguda mas  curta  recessão,  que  terminou  em  2010  em  parte  devido  à contribuição que as grandes economias emergentes deram ao nível da recuperação da procura global. Os  países  aumentaram  a  colaboração  entre  si,  ao  fortalecer  os  regimes  de  regulação  nacionais  e internacionais  e  ao monitorizar  o  risco  financeiro  sistémico.  Foi  restaurada  a  confiança  no  comércio internacional e nos  fluxos de capitais, e houve progressos no estabelecimento do estado de direito no comércio  internacional  e  no melhoramento  da  sua  aplicação  nas  jurisdições  nacionais.  Também  os países em desenvolvimento experimentaram um melhor acesso aos mercados mundiais e aumentaram os  investimentos  além‐fronteiras  nas  novas  tecnologias.  Dá‐se  uma  renúncia  gradual  da  soberania nacional a favor das instituições globais (tendência esta que é tida como um desenvolvimento positivo), assistindo‐se a um declínio da influência do Ocidente. As empresas líderes globais, em particular a nova classe de multinacionais asiáticas, apostaram de forma decidida em inovações e melhorias no design de produtos  de  alta  tecnologia.  Para  competir  nestes  campos,  os  países  Ocidentais  centraram‐se  nos sectores baseados no conhecimento e fomentaram o acréscimo do número de licenciados nas áreas da ciência  e da  tecnologia. Nestes  casos, o  investimento  externo  e uma boa  consciencialização  sobre as questões ambientais ao nível do comércio local provaram ser essenciais para alcançar o sucesso.  Palavras‐chave:  acção  global  coordenada;  disponibilização  de  recursos;  colaboração  internacional; instituições globais; inovação tecnológica; investimento na qualificação. 

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Fragile Alliances Um mundo onde a disponibilidade de recursos é elevada, e a acção global é fragmentada. O regresso rápido ao crescimento após 2009 não se traduziu numa capacidade efectiva e gerar acordos significativos ao nível do comércio internacional e alterações climáticas, ou numa reforma internacional radical. Aumentou o comércio entre países ricos em capital humano e outros ricos em recursos, tendo crescido  também  o  papel  dos  “lobbies” multinacionais  poderosos,  que  tomaram  a  liderança. Mas  os países que não possuíam esse  capital humano ou  recursos naturais para participarem em  tais  trocas foram deixados de  lado. Os países em desenvolvimento e  em processo de  industrialização  investiram numa  busca  constante  de  parceiros  para  as  trocas  de  recursos,  de modo  a manter  o  crescimento necessário para a sua estabilidade e desenvolvimento.  Isto  levou à formação de uma teia complexa de acordos bilaterais, quebrados apenas pela actividade de cartéis de países produtores de recursos, que se agruparam  para  protegerem  os  seus  interesses  e  concentrarem  os  seus  esforços  de  negociação. Os resultados das negociações entre estes blocos de comércio revelaram enormes  ineficiências ao nível da alocação de  recursos,  resultando  em níveis baixos de  inovação,  em  falhas na  resposta à procura dos consumidores  e  em  produtos  de  baixa  qualidade  e  excessivamente  dispendiosos.  Face  às  falhas  nas negociações  para  o  comércio  e  para  as  alterações  climáticas,  num mundo  fragmentado  e  com  um comportamento “virado para dentro”, assiste‐se a um ressurgimento das políticas nacionalistas. Nesse sentido,  também os programas nacionais de  investigação energética  são  introduzidos para encontrar soluções  que  tornem  os  países menos  dependentes  da  instabilidade  dos  parceiros.  A  esta  falta  de colaboração  internacional corresponde a noção de que novas soluções energéticas são mais difíceis de encontrar.  Palavras‐chave:  disponibilização  de  recursos;  acção  global  fragmentada,  ausência  acordos internacionais; acordos bilaterais; actividade de  cartéis; blocos de  comércio, negociações  ineficientes; pobre alocação de recursos; políticas nacionalistas.  Deglobalisation Mundo  caracterizado  por  uma  acção  global  fragmentada  e  desconcertada,  a  par  com  uma  escassa disponibilidade de recursos. Após a recessão, a economia global não regressou a uma fase crescimento, algo que em parte se deveu à  falta de coordenação na concretização das reformas adequadas do sistema  financeiro  internacional. Como resultado, a confiança global decresceu num movimento em espiral vertiginoso. Nesta recessão de longa duração, vive‐se uma estagnação dos preços das mercadorias e uma crise prolongada no comércio e  no  investimento.  Para  lhe  fazer  face,  os  países  adoptaram  diferentes  estratégias,  incluindo  o nacionalismo  económico,  acordos  bilaterais  e  agrupamentos  regionais  mais  próximos  entre  si. Emergiram, ao longo da década, conflitos sobre os recursos, a par de secas e choques climáticos. Estes, por  sua  vez,  levaram  a  situações  de  ruptura  na  produção  de  bens  alimentares,  a  restrições  nas exportações e a preços elevados e voláteis dos alimentos, e ainda a situações de fome em vários países. Questões como a alimentação e a segurança energética passam a ser o centro tanto da política regional como da  regional, pelo que o apoio às políticas agrícolas  intervencionistas  cresceu para um patamar nacional  e  regional.  Isto  levou  a  que  esta  resposta  trouxesse  de  novo  o  proteccionismo,  sob muitas formas, assim  como um  fenómeno de  “deglobalisation”. Como  resultado, assistiu‐se a uma perda de peso e dinâmica das cadeias de  fornecimento, tanto a nível geográfico como em termos empresariais, com um progressivo  regresso à  integração vertical e a  restrições ao  investimento estrangeiro. Onde o comércio  internacional  ainda  existe,  este  é  dominado  por multinacionais  controladas  pelos  estados, sendo  a  corrupção  e  ligações  ao  crime  organizado  características  comuns.  Emergem  ainda  as desigualdades entre e nos países, com destaque pela negativa aos países em desenvolvimento que são prejudicados pela crescente volatilidade nos mercados.  Palavras‐chave: acção global desconcertada; escassez de recursos; recessão da economia; nacionalismo económico;  acordos  bilaterais;  agrupamentos  regionais;  conflitos  sobre  recursos;  proteccionismo; redução das cadeias de fornecimento; desigualdades; volatilidade dos mercados. 

   

   

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PROJECTO 14 

PRELUDE Scenarios (PRospective Environmental analysis 

of Land Use Development in Europe) European Environment Agency 

Data Publicação: 2007 

Horizonte Temporal: 2035 

Foco Estratégico: Território e Ambiente 

http://scenarios.ew.eea.europa.eu/reports/fol077184 (consultado em 22/03/2011) 

http://www.eea.europa.eu/multimedia/interactive/prelude‐scenarios (consultado em 22/03/2011) 

 

INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

 

• Governança: a que escala serão tomadas as decisões? 

 

Configuração 1: “Escala regional” 

Configuração 2: “Escala europeia” 

• Desenvolvimento económico: a globalização económica irá continuar?  

Configuração 1: “Mercados regionais”  

Configuração 2: “Mercados globais” 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

Para  além  das  incertezas  acima  apresentadas,  foram  identificadas  as  seguintes  forças  de 

mudança:  

• Consciência ambiental: a importância dos assuntos ambientais no processo de tomada de 

decisão no dia‐a‐dia.  

• Tecnologia  e  inovação:  Importância  do  progresso  tecnológico  e  investimentos  neste,  e 

investigação direccionada para actividades existentes e novas áreas emergentes. 

• Solidariedade e equidade: o peso que a sociedade atribui à obtenção de um elevado grau 

de coesão social, no contexto europeu e global. 

• Governança e  intervenção: O alcance da elaboração das políticas na questão do uso da 

terra e do planeamento do território, em particular a nível europeu. 

• Optimização agrícola: o ponto até onde a produção agrícola é realizada tendo em conta a 

optimização da sua eficiência e a maximização do lucro.  

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Big crisis 

  

Outras forças de mudança importantes indicadas e quantificadas nos cenários: 

• Dinâmica demográfica e economia.  Incluí: Crescimento populacional; Envelhecimento da 

sociedade;  Densidade  Populacional;  Migração  interna;  Imigração;  Mobilidade  diária; 

Crescimento económico. 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Governança

Mercados globais 

Escala Europeia Escala Regional 

Mercados regionais

Desen

volvim

ento econó

mico 

Lettuce surprise u 

Evolved society 

Great escape Clustered networks 

   

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Figura 5 

 

 Fonte:  PRELUDE  Scenarios  (PRospective  Environmental  analysis  of  Land  Use  Development  in  Europe),  European 

Environment Agency, pp.14 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 

Great Escape – Europe of Contrast Os  desenvolvimentos  chave  neste  cenário  dizem  respeito  à  importância  crescente  do  comércio internacional  (globalização  económica),  à  diminuição  da  solidariedade  social  e  à  forte  redução  de intervenções políticas.  A globalização económica aumenta a pressão concorrencial global, e os interesses no mercado dominam a agenda política. Porém, os governos não  intervêm no mercado e optam por  cortar nas políticas de segurança social e a protecção social torna‐se cada vez mais  individualizada. A tensão social aumenta quando os  imigrantes empobrecidos  se mudam para os centros urbanos,  formando autênticos guetos urbanos,  contrastando  com  as  comunidades  ricas  cada  vez  mais  isoladas.  A  economia  floresce, apresentando um elevado nível de inovação tecnológica.  

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A agricultura é orientada para o mercado e procura maximizar o lucro. A produção é intensificada mas a agricultura  total  diminui,  afectando  quase  75%  do  total  da  paisagem  Europeia.  A  intensificação  da agricultura  e  a  expansão  urbana  afectam  negativamente  o  ambiente  rural,  e  são  perdidas muitas reservas naturais e terras agrícolas extensivas. Muitas pastagens são abandonadas ou convertidas em terra arável. No entanto, em algumas áreas de cessação de agricultura, o solo e a qualidade da água melhoram e podem desenvolver‐se habitats naturais mais diversos.   Palavras‐chave:  comércio  internacional;  menor  solidariedade  social;  redução  intervenção  política; pressão concorrencial; interesses no mercado; tensão social; agricultura para o mercado; intensificação agrícola.  Evolved Society – Europe of Harmony Os desenvolvimentos chave são marcados por uma crise energética de  longo alcance, que desencadeia um  apoio  acrescido  às  energias  renováveis.  Um  forte  aumento  da  consciencialização  ambiental despoleta  alterações  mais  abrangentes  nos  estilos  de  vida  e  políticas  ambiciosas  prosseguidas  por instituições nacionais e Europeias, a favor do desenvolvimento regional ambientalmente sustentável. A ocorrência de fortes inundações e os preços extremamente elevados da energia reforçam a consciência ambiental, na medida em que muitas pessoas passam a acreditar que os estilos de vida e a economia devem mudar. Ocorre um ressurgimento do campo, quando muitas pessoas decidem mudar‐se de áreas densamente povoadas e se fixam em áreas mais rurais e seguras, especialmente na Europa de Leste. A acção  de  comunidades  locais  ganha  um  novo  ímpeto  através  de  preocupações  relativas  à  equidade social. À custa da mudança estrutural as políticas focam‐se no desenvolvimento rural e nas tecnologias eco‐eficientes.  A  agricultura  é  “high‐tech”  e  cada  vez  mais  orgânica,  enquanto  a  área  agrícola  mantém aproximadamente as mesmas dimensões mas a intensidade do uso diminui. Em áreas dadas a cheias, a terra  arável  é  consideravelmente  reduzida.  As  mudanças  na  utilização  geral  da  terra  não  são dramáticas,  e  as  terras  agrícolas  extensivas  com  elevado  valor  natural  são  relativamente  bem preservadas.  Palavras‐chave:  crise energética; apoio às energias  renováveis;  consciencialização ambiental; políticas ambiciosas;  desenvolvimento  sustentável;  equidade  social;  desenvolvimento  rural;  tecnlogias  eco‐eficientes; agricultura “hi‐tech”.  Clustered Networks – Europe of Structure:  Os  desenvolvimentos  chave  deste  cenário  dizem  respeito  aos  impactos  da  dinâmica  demográfica (envelhecimento da sociedade), aos efeitos das intensas relações comerciais internacionais que levam a uma  forte marginalização  da  agricultura  e  à  ocorrência  de  fortes  intervenções  de  ordenamento  do território para gerir os desafios do envelhecimento da sociedade.  A  globalização  impulsiona  o  crescimento  económico  mas  as  condições  ambientais  e  de  saúde,  em particular  nos  centros  urbanos,  pioram,  e  no  campo  muitas  actividade  comercial  e  serviços  locais fecham.  As  necessidades  de  uma  sociedade  envelhecida  levam  ao  desenvolvimento  de  políticas coerentes  de  ordenamento  do  território,  sendo  encorajada  a migração  para  fora  de  áreas  urbanas poluídas.  São  fundadas,  em  regiões  periféricas,  novas  cidades  com  uma  forte  economia  de  serviços, enquanto pontos de destaque económico e social. A urbanização é concentrada e o desenvolvimento rural dedica‐se à criação de cinturas verdes em torno de  centros  urbanos.  A  agricultura  torna‐se marginal  e,  devido  a  um  abandono  da  terra  em  grande escala,  a  área  agrícola  e  de  pasto diminuem  fortemente. No  entanto,  a  biodiversidade, água,  solo  e qualidade do ar beneficiam da diminuição da agricultura e da criação de cinturas verdes.   Palavras‐chave: envelhecimento da população;  comércio  internacional; marginalização da agricultura; políticas de ordenamento do território; migração para áreas rurais; novas cidades; abandono da terra. 

   

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Lettuce Surprise U – Europe of Innovation As inovações tecnológicas disruptivas em “open‐source” têm um papel importante neste cenário. Outros desenvolvimentos  chave  reflectem‐se  num  forte  aumento  da  consciência  ambiental  e  processos  de decisão política descentralizados e de  longo alcance. O grau de  intervenções políticas  centralizadas é reduzido e a auto‐regulação torna‐se mais importante. Uma  grande  crise  de  segurança  alimentar  atinge  a  Europa.  Contudo, a  gestão desta  crise  falha,  e  a confiança no governo central e na segurança do fornecimento alimentar da Europa diminui fortemente. Luta‐se por um regime alternativo de produção e controlo dos bens alimentares, bem como pela auto‐suficiência  regional em  termos de alimentos e energia. Com a descentralização política, que  se  torna proeminente, novas  tecnologias de  comunicação  facilitam a  tomada de decisão  local participada  e o desenvolvimento em “open‐source” de tecnologias  inovadoras. A migração é  limitada e os padrões de urbanização não mudam. Cresce a consciencialização ambiental, levando a uma grande procura de alimentos produzidos através de  processos  e  práticas  amigas  do  ambiente.  De  facto,  as  inovações  tecnológicas  oferecem  novas oportunidades  a  este  respeito:  são  inventadas  novas  variedades  agrícolas  que  possibilitam maiores colheitas com menos “inputs”. A agricultura em áreas‐chave de produção é high‐tech, limpa e com uma escala relativamente pequena. Devido a uma maior produtividade, a área agrícola diminui fortemente, e as áreas de pasto diminuem a um ritmo mais baixo. A redução de área e “input” agrícola levam a uma aumento da biodiversidade e a melhoramentos na qualidade do solo, da água e do ar. O abandono da terra afecta áreas agrícolas de elevado valor natural, mas apenas moderadamente.  Palavras‐chave:  inovações  tecnológicas;  consciência ambiental; decisão política descentralizada; auto‐regulação; resposta à crise; novas tecnologias de comunicação; produção alimentar “hi‐tech”.  Big Crisis – Europe of Cohesion Os desenvolvimentos chave deste cenário dizem  respeito à crescente consciencialização ambiental e à solidariedade  social,  questões  que  surgem  após  a  ocorrência  de  um  número  crescente  de  desastres ambientais. As mudanças chave são principalmente despoletadas por programas políticos ambiciosos, do tipo “top‐down”. Uma  série  de  desastres  ambientais  realçam  a  vulnerabilidade  da  Europa  e  incapacidade  desta  se adaptar eficazmente às mudanças impostas. Há um apoio generalizado rumo a uma forte coordenação de  políticas  a  nível  Europeu  e  surgem  novas  preocupações  com  a  solidariedade  e  a  equidade,  sendo ainda  consolidado,  a  nível  Europeu,  um  novo  conjunto  de  políticas  para  desenvolvimento  regional equilibrado e sustentável. Enquanto cresce a consciencialização ambiental, são fortemente promovidos sistemas eficientes de transportes públicos. Assiste‐se  a  uma  inversão  na  tendência  de  intensificação  agrícola  após  2015.  O  excesso  de  oferta agrícola diminui, sendo o foco principal da agricultura a gestão da paisagem, com alterações limitadas nas formas de utilização da terra. A população diminui ligeiramente em áreas urbanas chave, enquanto a terra agrícola e de pasto diminuem moderadamente. As pressões ambientais iniciais são aliviadas, e o solo,  a  água  e  a  qualidade  do  ar  beneficiam  de  uma  agricultura mais  extensiva  e  de  um  abandono limitado  da  terra.  A  perda  de  áreas  agrícolas  de  elevado  valor  natural  mantém‐se  relativamente pequena.  Palavras‐chave:  consciencialização  ambiental;  solidariedade  social;  programas  políticos  “top‐down”; coordenação  europeia  das  políticas;  desenvolvimento  regional  equilibrado; mudanças  na  exploração agrícola; administração da paisagem.  

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ É utilizado o método denominado story‐and‐simulation para a construção dos cenários.  

‐ Inclui cenários quantitativos.  

‐ Foram produzidos vídeos de apresentação de cada cenário.   

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROJECTO 15 World Water Vision – Three Global Water Scenarios 

(2025) World Water Council Data Publicação: 2000 Horizonte Temporal: 2025 Foco Estratégico: Água http://worldwatercouncil.org/index.php?id=961&L=1%3F%20target%3D%20title%3D (consultado em 22/03/2011) http://www.inderscience.com/search/index.php?action=record&rec_id=2055&prevQuery=&ps=10&m=or (consultado em 22/03/2011) http://www.ulb.ac.be/students/desge/cours/ENVIF445/Envi‐F‐445.08‐09.global%20water%20scenario.pdf (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: • Tendências de produtividade da água: quais as tendências futuras ao nível da eficiência e 

produtividade associadas à utilização e consumo de água. • Expansão  da  agricultura  irrigada:  qual  o  investimento  no  uso  da  água  na  irrigação  da 

agricultura; • Grande  aumento  da  produção  de  alimentos  por  meio  da  agricultura  alimentada  pela 

chuva: consequências intrínsecas a este aumento. • Desmaterialização  das  economias:  importância  dos  recursos  hídricos  na  economia 

(mudanças na estrutura de produção e consumo, ou nas tecnologias de produção). • Auto‐suficiência  alimentar  nacional  versus  Segurança  alimentar  global:  auto‐suficiência 

poderá levar ao abuso dos recursos hídricos, em oposição a um uso mais racionalizado da água. 

• Disponibilidade de tecnologias baratas de purificação de água: quais os desenvolvimentos neste campo e possíveis consequências. 

• Aceitação pública de culturas geneticamente modificadas nos hemisférios Sul e Norte: esta questão será objecto de opiniões divergentes dependentes de descobertas científicas. 

• Oposição pública a grandes barragens: fonte de opiniões divergentes, devido aos impactos ambientais e sociais. 

• Descobertas  científicas  fundamentais:  uma  das maiores  incertezas,  alvo  de  especulação quanto  à possibilidade de  acontecerem, pelo que  não  foi uma  incerteza  explicitamente considerada na elaboração dos cenários. 

• Alterações significativas nos valores humanos e estilos de vida: uma das maiores incertezas cruciais,  pois  sem  uma  mudança  global  destes  valores  e  estilos  de  vida,  medidas tecnológicas e económicas não serão suficientes para resolver o problema da crise hídrica. 

 OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: • Demografia (crescimento da população no Sul; pressões de migração; urbanização no Sul). • Economia  (output económico; comércio; prosperidade no Sul;  investimento em obras de 

água). 

   

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• Tecnologia (expansão da alta tecnologia; eficiência de água; poluição da água; adopção de novas  colheitas;  investimento  no  saneamento  da  água;  número  de  instalações  de dessalinização; eficiência de retirada da água). 

• Sociedade (modos de vida globais; pobreza; iniquidade). • Governança (estrutura de poder; nível de conflito; globalização). • Ambiente (doenças relacionadas com a água; salinização do solo; água no solo; saúde do 

ecossistema).   SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Business as Usual (BAU) Representa  a  trajectória  daqueles  que  não  acreditam  na  existência  de  uma  crise  verdadeiramente estrutural,  não  ocorrendo  grandes  mudanças  políticas  ou  de  estilo  de  vida  e  são  extrapoladas  as tendências actuais.  Descreve um mundo no qual as políticas vigentes no início do Século sobre a gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos permanecem, na sua essência, inalteradas. Neste cenário, os desenvolvimentos no mundo são largamente positivos durante os primeiros 10 a 15 anos. A procura de água aumenta tanto em termos absolutos como per capita, devido à crescente abundância e produção alimentar per capita e, paralelamente,  a  tecnologia  e  a  eficiência  no  uso  da  água  melhoram,  como  comprovam  as  taxas observadas ao longo das últimas décadas, e as fontes de abastecimentos de água são desenvolvidas de acordo com as tendências históricas e são implementados planos para grandes infra‐estruturas hídricas. Numa  primeira  fase,  o mundo  desenvolve‐se  de  acordo  com  as  linhas  orientadoras  das  projecções oficiais do sistema da ONU, que dizem respeito à população e ao crescimento económico.  Ao  longo  do  tempo,  porém,  o  sistema  global  torna‐se  cada  vez mais  vulnerável,  devido  à  crescente escassez de recursos per capita, à reduzida qualidade da água na maior parte do mundo, aos conflitos crescentes associados às desigualdades e à escassez de água, e à cada vez menor base de recursos de ecossistemas saudáveis.  Na  segunda  metade  do  horizonte  temporal  deste  cenário,  as  crises  regionais  tornam‐se  mais pronunciadas e, na eventualidade de se verificarem “triggers” específicos como uma seca generalizada e douradora, uma quebra no  sistema global de  trocas de alimentos, poderá  também ocorrer uma  crise global de escassez de água.  Palavras‐chave: manutenção das políticas; aumento procura água; aumento vulnerabilidade; crescente escassez; reduzida qualidade; menos recursos saudáveis; crises regionais e/ou globais.  Economics, Technology and Private Sector (TEC) Resulta  de  políticas  defendidas  por  aqueles  que  acreditam  no mercado,  no  envolvimento  do  sector privado e nas soluções maioritariamente tecnológicas, e acção largamente nacional ou local.  O sector privado lidera a I&D, a globalização e o crescimento económico, mas os países mais pobres são deixados para trás. Há uma visão optimista no que respeita ao sistema de liberalização de mercados, ao potencial das novas tecnologias e às possibilidades de regular ou  limitar efeitos colaterais  indesejáveis destes dois. A crescente consciencialização para o problema hídrico manifesta‐se sobretudo através da aplicação dos princípios económicos no sector da água. Mais tarde, a reacção dos consumidores a esta concentração crescente de poder no sector privado leva a que sejam estabelecidas estruturas de gestão com a  representação de  “stakeholders”, que  regulam o  sector privado e  se  tornam actores  chave no estabelecimento  de  preços  e  na  negociação  de  contratos  de  serviço  com  o  sector  privado.  É  ainda necessária  a  execução  das  regulações  governamentais  a  nível  local,  regional  e  nacional,  de modo  a resolver um número de conflitos entre consumidores a montante e a  jusante.  Isto  leva a consideráveis conflitos e ineficiências.   Palavras‐chave: importância sector privado; soluções tecnológicas; aplicação dos princípios económicos; divergência entre os consumidores. 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Values and Lifestyles (VAL) Este cenário poderia materializar‐se pelo ressurgimento dos valores humanistas, um fortalecimento da cooperação  internacional,  uma  forte  ênfase  na  educação,  implantação  de  mecanismos  e  regras internacionais, e ainda uma maior solidariedade e alterações nos estilos de vida e comportamento da população.  Neste  cenário  assiste‐se  à  elevação  do  objectivo  do  desenvolvimento  sustentável,  com  um  enfoque particular  na  investigação  e  desenvolvimento  nos  países  mais  pobres.  Assume‐se  igualmente  uma vontade de se alcançar um conjunto de objectivos globais e regionais, bem como um forte compromisso para  evitar  a  emergência  de  uma  crise  hídrica  no  novo  Século.  A  ênfase  recai  no  renascimento  dos valores humanos fundamentais e nas mudanças nos estilos de vida, de acordo com esses valores. A nível nacional  e  local,  a  orientação  estratégica  recai  numa  forte  ênfase  na  educação  e  na  capacidade  de construção de um  caminho que estabeleça valores e estilos de vida  sustentáveis. A acção a nível das comunidades ganha proeminência na gestão de bacias hidrográficas, na  recolha da água das  chuvas para usos agrícolas e domésticos, e na protecção dos ecossistemas. Assiste‐se a um  forte crescimento económico  e  cooperação  internacional, num mundo  interligado através das  redes de  comunicações  e que aposta na proliferação dos ideais de sustentabilidade para a protecção dos recursos hídricos.  Palavras‐chave:  valores  individuais;  componente  humana;  desenvolvimento  sustentável;  compromisso de prevenção; mudança estilos de vida; protecção dos recursos hídricos. 

 

   

   

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PROJECTO 16 Energy to 2050 – Scenarios for a Sustainable Future 

International Energy Agency – OECD Data Publicação: 2003 Horizonte Temporal: 2050 Foco Estratégico: Ambiente http://www.iea.org/textbase/nppdf/free/2000/2050_2003.pdf (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: • Velocidade da mudança tecnológica (particularmente no sector da energia, tanto no lado 

da oferta como da procura)  

Configuração 1: “Rápida” Configuração 2: “Lenta”  • Atitudes e preferências em relação ao ambiente global  Configuração 1: “Preocupados” Configuração 2: “Despreocupados”  Outras  questões  emergentes  para  a  construção  dos  cenários,  relacionadas  com  a sustentabilidade  ambiental  do  sistema  energético,  segurança  do  fornecimento,  e desenvolvimento da tecnologia energética: • Serão, de facto, disponibilizados os recursos energéticos no momento e no local onde são 

necessários? • Irá  a  continuação  do  crescimento  económico  e  a  satisfação  das  nossas  necessidades 

energéticas causar danos irreversíveis ao ambiente e assim comprometer o bem‐estar e a segurança das gerações presentes e futuras?  

 ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: • Crescimento económico; • Crescimento da população; • Globalização e grau de abertura do mercado; • Estrutura de poder e governança; • Questões de segurança global.  SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Clean but not sparkling Este  cenário  é  caracterizado  por  uma  forte  preocupação  com  o  ambiente  global,  tanto  da  parte  da população como da parte dos decisores políticos, mas  também por um  ritmo de mudança tecnológica relativamente lento.  Contrariamente à  sabedoria comum de que políticas  fortemente a  favor da preservação do ambiente levariam  a  um  rápido  desenvolvimento  de  tecnologias  amigas  do  ambiente,  um  número  de  outros factores  poderão  pôr  em  risco  esta  ideia.  Neste  cenário,  de  facto,  a  combinação  de  percepções pessimistas  sobre a  tecnologia  e uma política de  intervenção demasiado  zelosa não permitem que a totalidade  do  potencial  do  desenvolvimento  tecnológico  seja  libertado.  Além  disso,  um  investimento insuficiente em  I&D, ou a  falha destas  investigações na obtenção de  resultados práticos,  levam a que exista um progresso tecnológico  limitado. Uma vez que neste cenário o papel das tecnologias falha, os objectivos  ambientais  são  em  grande  parte  cumpridos  através  da  introdução  de  mudanças comportamentais.  Palavras‐chave:  preocupação  ambiental;  mudança  tecnológica  lenta;  potencial  tecnológico subaproveitado; progresso limitado; mudanças comportamentais.  Dynamic and careless Este cenário é caracterizado por uma mudança tecnológica muito dinâmica, com pouca prioridade para a mitigação das alterações climáticas e uma crença generalizada de que um crescimento sustentado e um rápido progresso nas tecnologias irão resolver todos os problemas, sem necessidade de uma grande intervenção política. Verifica‐se, neste mundo, um crescimento económico mais rápido do que no primeiro cenário, havendo uma  tendência clara para os mercados serem mais abertos e menos  regulados. A grande prioridade é estimular o crescimento económico, partilhado de  igual modo entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, embora nem todos consigam atingir elevadas taxas de crescimento. Ameaças globais, como as alterações climáticas, são secundárias nas preocupações tanto dos cidadãos como dos políticos. Baixos preços da energia e a  segurança energética passam a  ser consideradas  importantes condições para o crescimento económico. Inicialmente, o progresso é mais rápido quando baseado em tecnologias à base de combustíveis fósseis, para manter os preços reduzidos. Tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, os  problemas  locais  não  são  ignorados mas  são  geridos  a  nível  local  e,  consistentemente,  com  os recursos  económicos  das  populações  envolvidas  ou  individualmente  através  de  comportamentos  que evitem os impactos da poluição. Como consequência destas condições iniciais, a procura de combustíveis fósseis cresce rapidamente, seguida por um aumento das emissões de gases com efeito de estufa. Estes dois factores aumentam a probabilidade de acontecerem crises de fornecimento e de se assistir a uma degradação  nas  condições  ambientais. De modo  a  lidar  com  a  segurança  do  fornecimento  e  com  a contínua busca de baixos custos energéticos, o sistema acelera o desenvolvimento de novas tecnologias. Enquanto a primeira fase do cenário é orientada para as tecnologias baseadas em combustíveis fósseis, na  segunda parte do horizonte  temporal do  cenário emergem  também  tecnologias não baseadas em combustíveis fósseis.  Palavras‐chave: mudança tecnológica rápida; reduzida preocupação ambiental; crescimento económico rápido; prioridade questões energéticas; preferência pelos combustíveis fósseis.  

   

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Bright skies Este cenário caracteriza‐se por uma rápida mudança tecnológica e por uma forte preocupação, da parte da população e dos decisores políticos, pelo ambiente global. Destaca‐se um crescimento global do PIB próximo dos valores apresentados nos primeiros dois cenários (tendências  de  um  comércio  robusto  e  liberalização  de mercados),  e  diferenças  de  rendimento mais limitadas entre regiões e entre países. Como resultado, os preços da energia irão ser, no geral, um pouco mais elevados do que no segundo cenário, mas mais baixos do que no primeiro. Neste cenário, os governos dos países desenvolvidos concordam em lidar com a ameaça das mudanças climáticas de uma forma coordenada, e em agirem de modo a reduzirem e a reverterem as tendências actuais das emissões de gases com efeitos de estufa. Em devido tempo, os países em desenvolvimento juntam‐se a este processo, e concordam em tomar compromissos severos no controlo das emissões dos gases  e  sua  redução. A  nível  doméstico,  as  acções  tomadas  pelos  países  desenvolvidos  encorajam  a redução das emissões energéticas  relacionadas com os gases de efeito de estufa e a abrir caminho à disponibilização e utilização de recursos, tanto governamentais como privados, para o desenvolvimento de  novas  tecnologias  que  reduzam  o  efeito  das  alterações  climáticas.  Estes  esforços  produzem  um conjunto de resultados tecnológicos positivos, que possibilitam o cumprimento de objectivos ambientais, e realçam ainda a segurança energética enquanto mantêm os preços relativamente baixos.  Palavras‐chave:  rápida  mudança  tecnológica;  forte  preocupação  ambiental;  acção  coordenada; mitigação  efeitos  alterações  climáticas;  resultados  tecnológicos  positivos;  cumprimento  objectivos ambientais; segurança energética.    

   

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PROJECTO 17 The Outlook – Towards 2015 and Beyond 

United Nations Environment Programme (UNEP) – GEO 4 – Global Environment Outlook Data Publicação: 2007 Horizonte Temporal: 2050 Foco Estratégico: Ambiente http://www.unep.org/geo/geo4/media/ (consultado em 22/03/2011) 

  INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: • Reacção às alterações ambientais Como vão os principais actores agir perante as alterações ambientais?  

Configuração 1: “Reacção proactiva” Configuração 2: “Reacção reactiva”  • Sensibilidade do sistema ambiental “Sensibilidade”  do  sistema  ambiental  face  às  crescentes  concentrações  de  gases  que contribuem para o efeito de estufa  Configuração 1: “Sensível” Configuração 2: “Resiliente” 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reacção às alterações ambientais 

Sensível 

Reactiva Proactiva 

Resiliente

Sensibilida

de ambien

tal aos GEF 

Sustainability  

 First 

Security  

First 

Policy  

First 

Markets 

First 

   

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OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: • Estruturas institucionais e sociopolíticas: 

‐ Qual a escala dominante na tomada de decisão? ‐ Qual a natureza e o nível de cooperação internacional? ‐ Qual a natureza e o nível de participação pública na governança? ‐ Qual o nível geral e a distribuição do investimento governamental em diversas áreas, 

como por exemplo saúde, educação, militar, I&D? ‐ Qual a natureza e o nível oficial de ajuda ao desenvolvimento? ‐ Até que nível se assiste a uma generalização de políticas sociais e ambientais?  

• Demografia: ‐ Que acções são tomadas relacionadas com a migração internacional? ‐ Quantas crianças as mulheres querem ter, quando a escolha lhes cabe? 

• Necessidades económicas, mercado e comércio: ‐ Que acções relacionadas com a migração internacional são tomadas? ‐ Até que ponto há ênfase na especialização sectorial vs. diversificação na economia?  ‐ Até que ponto as pessoas escolhem trabalhar na economia formal?  ‐ Qual o nível geral e ênfase da intervenção do governo na economia? 

• Inovação científica e tecnológica: ‐ Quais os níveis, fontes e ênfases do investimento da I&D? ‐ Qual a ênfase em termos de tecnologias energéticas? ‐ O que é feito em respeito e acesso e disponibilidade de novas tecnologias? 

• Sistemas de valor: ‐ Que acções relacionadas com a homogeneização cultural face à diversidade? ‐ Qual o ênfase dado ao individualismo face à comunidade? ‐ Qual a posição relativa das prioridades em conflito no ramo das pescas? ‐ Quais as prioridades chave a respeito das áreas protegidas? ‐ Como é que as necessidades de recursos mudam, independentemente da variação dos 

preços e dos rendimentos?  Figura 6 

 Fonte:  The  Outlook  –  Towards  2015  and  Beyond,  United  Nations  Environment  Programme  –  GEO4  –  Globa 

Environment Outlook, pp. 402 

   

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SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Markets First A  característica dominante deste  cenário  reside na  fé  tremenda de que os mercados podem garantir avanços não só económicos, mas também a nível social e ambiental.  Isto pode assumir várias  formas: um maior papel ao sector privado em áreas que  foram anteriormente dominadas pelos governos, um movimento continuado rumo ao comércio livre, e a comoditização de bens relativos ao ecossistema.  De  facto,  o  sector  privado,  com  apoio  governamental  activo,  procura  o  máximo  de  crescimento económico, e encara‐o como o melhor caminho para melhorar o ambiente e o bem‐estar humano. Em busca de eficiência económica e de uma redução do fardo fiscal, muitos governos privatizam serviços no domínio  da  educação,  saúde  e  outros  serviços  sociais,  a  par  do  domínio  crescente  das  organizações privadas  na  área  da  I&D.  Acelera‐se  o  comércio  internacional,  e  cresce  a  cooperação  económica internacional. Os esforços para o aumento da privatização e do  comércio  são acompanhados por um aumento  de medidas  que  visam  a  comoditização  e mercantilização  de  bens  do  ecossistema,  como  a água, material genético,  conhecimento  tradicional  e  cultura. No  entanto, diminuem os progressos de uma  protecção  ambiental  formal,  pois  esta  compete  directamente  com  os  esforços  de  um  maior investimento  económico  e  expansão  do  comércio.  São  desvalorizados  os  ideais  de  um  ambiente sustentável  e  outras  grandes  decisões  políticas  sobre  desenvolvimento  sustentável.  Os  efeitos consequentes  são  visíveis  em muitos  aspectos  da  sociedade  e  do  ambiente,  pois  uma  economia  em crescimento  implica  uma  procura  insaciável  de  energia  e  o  domínio  dos  combustíveis  fósseis,  e  os esforços limitados para reduzir as emissões de CO2 resultam num crescimento destas, por todo o mundo. Neste  cenário,  coloca‐se  uma  questão  chave:  quão  arriscado  será  colocar  os mercados  em  primeiro lugar?  Palavras‐chave:  importância  dos  mercados;  ascensão  sector  privado;  comércio  livre;  privatizações; cooperação económica internacional; desvalorização questões ambientais; elevada procura energética.  Policy First A  característica dominante deste  cenário assenta numa abordagem altamente  centralizada visando o equilíbrio entre o  forte crescimento económico e a diminuição do potencial ambiental e dos  impactos sociais. O  governo,  com  apoio  activo  dos  sectores  privado  e  da  sociedade  civil,  inicia  e  implementa  fortes políticas, numa aproximação do  tipo  “top‐down”, para melhorar o ambiente  e o bem‐estar humano, enfatizando simultaneamente o desenvolvimento económico. Existe uma concertação de esforços rumo à  resolução  dos  problemas  urgentes  com  que  o mundo  se  depara,  entre  os  quais  o  das  alterações climáticas.  Esta  questão,  e  os  impactos  que  lhe  são  associados,  são  tidos  como  uma  preocupação prioritária. Opta‐se  por  uma  abordagem mais  “holística”  à  governança,  em  particular  na  gestão  da economia.  O  crescimento  económico  é  visto  como  necessário, mas  não  é mais  encarado  de  forma isolada, dando‐se uma crescente importância aos impactos sociais e ambientais que lhes são intrínsecos. Destaque  para  os  esforços  dos  governos  nacionais  e  das  instituições  internacionais  na  resposta  ao desafio  ambiental,  e  à  crescente  integração  económica  e  política  nas  várias  regiões  e  acordos internacionais.  Coloca‐se,  no  entanto,  a  questão  de  saber  se  o  carácter  lento  e  incremental  desta abordagem será adequado.  Palavras‐chave:  abordagem  centralizada;  políticas  “top‐down”;  crescimento  e  desenvolvimento económico; menor impacto ambiental; combate prioritário às alterações climáticas.  Security First A característica dominante neste cenário é a ênfase na segurança, que consistentemente se sobrepõe a outros valores. É, no entanto, uma noção de segurança bastante restrita, na medida em que pressupõe maiores limites ao modo como as pessoas vivem. Governo e sector privado competem nos esforços para melhorar,  ou pelo menos manter, o  bem‐estar  humano  principalmente  para  os  ricos  e  poderosos  da sociedade. Este cenário, que também poderia ter o nome de “Me First”, tem o seu foco numa minoria de pessoas com elevado rendimento. 

   

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Os  governos,  particularmente  os  que  mantêm  um  forte  controlo  a  nível  nacional,  continuam  a desempenhar  um  forte  papel  na  tomada  de  decisões, mas  estão  cada  vez mais  influenciados  pelas empresas multinacionais e outros interesses privados. Muitos governos entregam a provisão de serviços públicos a interesses privados para melhorar a eficiência e poupar custos. Trata‐se de um mundo onde se verificam  limitações às migrações e ao movimento da população, e as barreiras ao comércio  limitam o movimento de bens através das  fronteiras. As  instituições  internacionais,  tanto a nível  regional  como global, vêem a sua autoridade em declínio, e a participação pública e o papel do sector civil, tanto a nível doméstico  como  internacional,  são  cada  vez  mais  marginalizados.  Sem  surpresa,  a  governança ambiental sofre com estas mudanças:  tendendo a ser “bem‐sucedida” normalmente para benefício de sectores  particulares  da  sociedade.  Há  pouco  interesse  na  resolução  dos  desafios  ambientais, traduzindo‐se  numa  baixa  eficiência  energética,  reduzida  protecção  de  áreas  ambientais,  intensiva utilização  de  combustíveis  fósseis,  aumento  das  emissões  de  CO2  face  ao  aumento  da  procura  dos recursos, por parte da população.   Palavras‐chave:  prioridade  à  segurança;  limitações  nos  modos  de  vida;  controlo  governamental; influência dos interesses privados; menor participação pública e das instituições internacionais; reduzido cuidado ambiental.  Sustainability First A  característica  dominante  deste  cenário  é  a  assunção  de  que  os  actores,  a  todos  os  níveis  (local, nacional,  regional  e  internacional),  e de que  todos os  sectores,  incluindo o governamental, privado  e sociedade civil, cumprem, de facto, os compromissos assumidos até à data tendo em vista lidar com as preocupações ambientais e sociais. Determinados grupos dos sectores privados e civis, bem como alguns indivíduos chave com recursos pessoais significativos não esperam pela acção dos governos para agirem, acabando por adquirir um papel importante na sociedade. De  facto, o Estado, o  sector privado e a  sociedade  civil em geral  colaboram entre  si para melhorar o ambiente  e  o  bem‐estar  humano,  com  uma  forte  ênfase  na  equidade.  Igual  peso  é  dado  a  políticas ambientais  e  socioeconómicas,  valores  como  a  responsabilidade,  transparência  e  legitimidade  são acentuados por  todos os actores.  Tal  como no  cenário  “Policy  First”, o processo político ambiental  é avaliado em níveis diferentes,  incluindo fortes esforços para  implementar as recomendações e acordos rumo a uma sociedade sustentável. São conduzidas reformas em instituições nacionais e internacionais, dando  lugar a uma participação mais equilibrada. O mundo assiste a uma  significativa alocação dos recursos públicos com vista à resolução de preocupações sociais e ambientais, assim como a uma maior integração  destas  questões  na  tomada  de  decisões  governamentais.  É  enfatizada  a  aposta  no desenvolvimento de parcerias público‐privadas eficazes, não só no contexto de projectos mas também para  a  governança,  garantindo  que  os  “stakeholders”  providenciam  “inputs”  estratégicos  para  a produção e  implementação de políticas. Há, porém, um reconhecimento de que estes processos  levam tempo e os seus impactos terão lugar mais a longo prazo do que a curto prazo.  Palavras‐chave:  cumprimento  compromissos  ambientais;  acção  governamental  e  do  sector  privado; ênfase na equidade; sociedade sustentável; condução de reformas; alocação recursos públicos. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ Inclui cenários quantitativos. 

   

   

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PROJECTO 18 Horizons 2020 – A Glimpse of Things to Come 

Siemens – Pictures of the Future Data Publicação: 2004 Horizonte Temporal: 2020 Foco Estratégico: Tecnologia http://www.siemens.com/innovation/en/publikationen/publications_pof/pof_fall_2004/horizons2020.htm (consultado em 22/03/2011)  OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: Tendências Pesadas: • Globalização crescente; • Crescente longevidade; • Menor número de crianças; • Maior importância das mulheres nas empresas e na sociedade; • Livre escolha do estilo de vida; • Crescente importância das comunidades virtuais; • Networking dos meios de comunicação; • Crescente mobilidade (“deslocalização”); • Crescente migração para a Europa; • Aceleração da criação de conhecimento tecnológico e dos ciclos dos produtos.  SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Horizon 1: The decelerated society Descreve  um  desenvolvimento  tipicamente  relacionado  com  a  tradição  Europeia,  com  um  Estado relativamente  forte e uma  sociedade que valoriza a  solidariedade e a  sustentabilidade. Tal  sociedade está  disposta  a  aceitar  um  ritmo  mais  modesto  de  crescimento  económico,  juntamente  com  as consequências associadas no seu sistema de segurança social. Os governos nacionais,  corpos políticos  e as  sociedades desenvolveram  soluções  sustentáveis para os problemas  da  saúde,  educação  e  cuidados  com  os  idosos.  Também  encontraram  formas  de  garantir segurança  legal  e  proteger  os  cidadãos,  de  uma  forma  efectiva,  contra  o  terrorismo.  Ainda  não  se expandiu, por completo, uma “Europa dos 35 Estados”, mas a Europa é ainda assim uma  ilha pacífica que  flutua  num  oceano  global  caótico,  em  contraste  com  outras  associações  de  estados  e  blocos económicos. Em geral, os Europeus confiam nos seus governos, partidos políticos e uniões sindicais. As suas atitudes básicas são conservadoras, e tendem a confiar em instituições conservadoras. São cépticos quanto a grandes mudanças e à imigração de não Europeus. Nesta sociedade, valoriza‐se uma economia altamente responsável do ponto de vista social, tal como a qualidade ambiental de topo e uma partilha da  tradição  cultural  Europeia.  Há  um  sentimento  generalizado  de  responsabilização  pelas  gerações vindouras,  pelo  que  as  tecnologias  amigas  do  ambiente  são  muito  populares  e  um  planeamento económico sustentável é procurado e activamente promovido.  A  tendência, na maior parte da Europa, é de “desaceleração”, na medida em que as pessoas estão a colocar um travão nas suas necessidades, como resposta necessária à competição global, em parte por uma questão de  livre escolha. De facto, o crescimento económico é  lento, e a Europa depara‐se com a força competitiva dos países emergentes asiáticos. O consumo deixou de ser um símbolo do estatuto, e o estilo de vida da população tornou‐se mais deliberado, calmo e socialmente seguro, pois as diferenças nos  rendimentos entre  ricos e pobres estão a  reduzir‐se gradualmente. Além disso, existe uma maior variedade de modelos de trabalho que se podem escolher e que permitem uma nova combinação entre os períodos de trabalho, aprendizagem e de lazer. 

   

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Palavras‐chave:  Estado  forte;  solidariedade  e  sustentabilidade;  modesto  ritmo  de  crescimento económico;  soluções  sustentáveis;  Europa  pacífica;  responsabilidade  social;  planeamento  económico sustentável; desaceleração.  Horizon 2: The performance‐oriented “Me” Society Esboça uma sociedade economicamente dinâmica, feita de mercados e concorrência globais. Para além de  ser  muito  flexível,  tal  sociedade  tem  de  estar  preparada  para  aceitar  um  elevado  nível  de responsabilidade individual e um maior risco social. Esta sociedade distingue‐se, no ano de 2020, pela sua dinâmica de economia de mercado. Os estados nacionais definem, agora, apenas a estrutura de regulação e restringem os seus serviços ao mínimo de apoio estatal no domínio da segurança social. E porque as  tentativas de  reformas governamentais na educação, saúde e fundos de pensões falharam, estas áreas têm sido tomadas pelas empresas privadas, que são responsáveis, cada vez mais, por várias destas áreas na sociedade. Os sectores da saúde e da segurança são os motores mais fortes que conduzem a economia. A par da retirada do papel do estado, emerge a ênfase na  responsabilidade  individual, motivação para a conquista e a  flexibilidade. A auto‐realização é encarada como o objectivo mais elevado e o consumo é um valor em si mesmo. No geral, empresas e indivíduos lutam por favorecerem os seus próprios interesses, sendo os modos de vida nesta sociedade caracterizados por uma excessiva competição e reduzido compromisso para com as estruturas permanentes  e,  nesse  sentido,  parcerias  tanto  privadas  como  profissionais  tanto  são  rapidamente formadas como facilmente dissolvidas. No geral, todos estes desenvolvimentos  levam a um aumento dos problemas sociais, e as pessoas que são “pobres em termos de tempo disponível e ricas financeiramente” contrastam com os que são “ricos em termos de tempo disponível e pobres financeiramente”. Graças ao desenvolvimento da sociedade do conhecimento, alcançou‐se um crescimento económico constante e, consequentemente, as quantias de rendimento disponível aumentaram, havendo ainda algum espaço para o consumo privado apesar da pressão  para  o  financiamento  privado  na  saúde,  planos  de  pensões, mobilidade  e  segurança.  Cada geração  tornou‐se a prioridade de  topo e, como  resultado, assuntos globais que afectem mais do que uma  geração  são  raramente  visados.  Consequentemente,  a  competição  global  por  recursos  (energia, água e alimentos), é a preocupação central enquanto que à questão da protecção climática, embora seja considerada um importante valor na sociedade, não é dispensada a devida importância, nem a maioria da população está preparada para pagar um elevado preço pelo combate às alterações climáticas.  Palavras‐chave: dinâmica de economia de mercado;  individualidade;  risco social;  reduzida  intervenção estatal; auto‐realização; aumento dos problemas sociais; crescimento económico constante; competição por recursos; ausência combate às alterações climáticas. 

 

Figura 7 

 

   

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 Fonte: Horizons 2020 – A Glimpse of Things to Come, Siemens – Pictures of the Future, pp. 6‐7 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ O documento publicado fala de 76 descritores críticos (áreas nas quais os peritos se dividiam 

em dois campos opostos – ou seja, incertezas), sem, no entanto, indicar quais são. O processo 

de definição das incertezas assemelha‐se a um Delphi. 

   

   

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PROJECTO 19 Climate Futures – Responses to climate change in 2030 

Forum for the Future & Hewlett Packard Labs Data Publicação: 2008 Horizonte Temporal: 2030 Foco Estratégico: Ambiente http://www.forumforthefuture.org/projects/climate‐futures (consultado em 22/03/2011)   

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: • Impactos  directos  das  alterações  climáticas  (e  as  previsões  científicas  desses  futuros 

impactos); • Atitudes públicas em relação às alterações climáticas  (da parte da sociedades em geral e 

de sectores específicos da sociedade); • Resposta da comunidade empresarial (o grau de compromisso da comunidade empresarial 

internacional face ao desafio das alterações climáticas); • Natureza da economia global (o estado e a dinâmica da economia global); • Disponibilidade  de  recursos  naturais  (bem  como  o  preço  destes,  em  particular  do 

petróleo); • Resposta política, a nível nacional e  internacional (atitude dos governos nacionais face às 

alterações, e os formatos de qualquer acordo internacional); • Quais as tecnologias que são desenvolvidas e utilizadas (o grau de investimento e esforço 

em soluções tecnológicas para as alterações climáticas, e quão bem‐sucedidas são). 

 

SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

Efficiency first Rápida  inovação  na  eficiência  energética  e  novas  tecnologias  permitiram  uma  economia  baixa  em emissões  de  carbono,  quase  sem  necessidade  de  mudanças  nos  modos  de  vida  ou  na  prática empresarial. O poder da inovação revolucionou a economia. A transformação baseada na alta tecnologia e no baixo carbono  implicou  cortes muito  significativos nas emissões de gases  com efeitos de estufa, permitindo simultaneamente  manter  o  crescimento  económico.  Por  todo  o  mundo,  soluções  empresariais inovadoras surgem para dar resposta à procura insaciável de oito mil milhões de pessoas que consomem cada vez mais, são cada vez mais ricas e vivem durante mais anos. O  resultado  é  o  de  um mundo  cada  vez mais  individualista,  consumista  e  rápido.  Elevados  níveis  de crescimento  económico  na  economia  global,  durante  décadas,  foram  apenas  interrompidos  por recessões  relativamente menores,  relacionadas com a disponibilidade de  recursos, e o crescimento no Sul  revelou‐se  particularmente  acentuado.  No  entanto,  os  níveis  gerais  de  crescimento  camuflam  a crescente divisão entre ricos e pobres. O mundo  parece  próximo  do  “sobreaquecimento”, mas  de  alguma maneira,  continua  a  desenvolver novos  instrumentos eficientes e modos mais sofisticados de agir nas várias situações. Alguns poderão chamar‐lhe a época de ouro da tecnologia e da liberdade, mas outros encaram‐na como um castelo de cartas bastante trémulo.   Palavras‐chave:  inovação  tecnológica;  eficiência  energética;  redução  emissões  de  carbono;  revolução tecnológica; crescimento tecnológico; respostas ao consumismo; instrumentos eficientes. 

   

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Service transformation Um elevado preço do carbono conduziu a uma revolução no modo como as necessidades das populações são satisfeitas. O carbono é uma das commodities mais importantes do mundo de hoje, em torno da qual se desenham novos modelos de negócio e instrumentos financeiros por toda a economia global. Este é um novo tipo de mundo consumista, com uma ética de “partilha com os vizinhos”. A Europa  liderou o caminho com a  sua “Iniciativa para a  Independência Energética”, catalisada pelas preocupações sobre a segurança energética, tendo os novos modelos bem‐sucedidos de infra‐estruturas e  negócios  sido  exportados  para  todo  o  mundo.  Nos  dias  de  hoje,  máquinas  de  lavar  roupa  são demasiado dispendiosas, por isso os serviços de lavagem colectiva da roupa são mais populares. A posse individual de um carro torna‐se insustentável e indesejável, mas o aluguer de bicicletas e de automóveis estão em expansão e o transporte público em massa é altamente bem‐sucedido.  A  Índia  funciona  como um  “hub” global de  serviços,  tendo dado prioridade à  instalação de  redes de acesso à  Internet nas suas vilas em vez de  investimentos nas estradas. A profunda  transformação nos negócios  revelou‐se  dolorosa  para  alguns,  com  o  crescimento  do  desemprego  nos  antigos  sectores altamente  dependentes  de  carbono.  A  herança  do  individualismo  deixada  pelos  EUA  –  desde  uma expansão urbana até à  inovação baseada em tecnologia  limpa – resultou numa  luta competitiva para lidar  com  a  retirada  do  carbono  na  economia.  As mega‐cidades  emergentes  tentam  lidar  com  este fenómeno e a escassez de petróleo é um enorme problema.   Palavras‐chave: elevado preço carbono; retirada carbono da economia; revolução modelos de negócio; venda de serviços.  Redefining progress Novas prioridades no “bem‐estar” e na “qualidade de vida” estão a surgir pelo mundo, à medida que modos de vida mais sustentáveis se vão estabilizando. Esta  é  uma  “economia  do  bem‐estar”  que  valoriza  altamente  o  trabalho  útil,  estilos  de  vida  que impliquem menores  impactos ambientais, mais tempo com a família e amigos, melhores resultados na saúde, experiências educativas criativas e um espírito de comunidade mais forte. Os países dão cada vez mais prioridade à resiliência económica e social em vez de se centrarem no crescimento económico. Durante a depressão global de 2009‐2018 as pessoas foram forçadas a reduzir o consumo e a priorizar o modo  como  se dá  resposta às necessidades  imediatas. As  comunidades  favoreceram o  conhecimento local e viraram‐se para os seus próprios membros para providenciarem bens e serviços. Quando o mundo emergiu da depressão, estes novos modos de vida sobreviveram: desde reduzidos impactos nos estilos de vida até redes avançadas que, informalmente, dão resposta às necessidades a nível local. Esta  não  é  uma  sociedade  pós‐capitalista:  as  pessoas  trabalham,  consomem  e  obtêm  lucros  nos mercados. Os  cidadãos  encaram  o  dinheiro  como  um meio  para  atingir  diversos  fins  e  os  governos activos  regulam  a  economia  de modo  firme.  As  comunidades  não  experienciam  isolamento  face  ao mundo exterior, pois os indivíduos encontram‐se intensivamente interligados, por todo o mundo, através de  comunicações  locais: as diferentes  culturas aprendem umas das outras, as mentalidades de  Leste misturam‐se com as do Ocidente, e várias comunidades de fé celebram acordos em torno da defesa de padrões de consumo simplificados e de modos de vida mais sustentáveis. Mas  a  felicidade  não  é  universal.  Os  “parasitas”,  rápidos  em  abusar  da  boa  vontade  dos  outros, aproveitam‐se  dos  acordos  colectivos,  saqueiam  recursos  e  exploram  os  vulneráveis.  Várias  grandes cidades estabeleceram‐se como “refúgios do verdadeiro capitalismo” e alguns governos adoptaram uma posição  agressiva  “pró‐crescimento”. Nas  comunidades  que  sofreram mais  com  a  depressão, muitas pessoas  pobres  e  excluídas  permaneceram  isoladas,  evitando  ofertas  de  apoio  numa  luta  diária  de sobrevivência. Palavras‐chave: modos de vida sustentáveis; “economia do bem‐estar”;  resiliência económica e social; secundarização  crescimento  económico;  redução  do  consumo;  acção  local;  interligação  entre comunidades. 

   

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Environmental war economy Medidas  severas  foram adoptadas no  combate às alterações  climáticas  levando os mercados até aos seus limites. Este é um mundo que acordou para a questão das alterações climáticas. Os esforços para o surgimento de um acordo pós‐Quioto esmoreceram e, em vez de um entendimento, as diferentes regiões do mundo seguiram as suas próprias  ideias. Mas quando os  impactos ambientais começaram a piorar, o mundo voltou  a  entender‐se  em  conjunto.  Em  2017  um  pacto  global  foi  assinado,  mas  mesmo  assim  a comunidade política global  foi  forçada a  reactivar estratégias. Os governos começaram a apostar em políticas  severas  capazes de  transformarem o modo  como os negócios  funcionam e  como as pessoas vivem as  suas  vidas. Com o passar do  tempo, o estado desempenhou um papel  cada  vez mais  forte, racionalizando sectores da indústria para que reduzissem os seus impactos para as alterações climáticas, e  até  na  colocação  de  “Medidores  de  Carbono”  nas  casas  das  pessoas,  para  se  controlar  o  seu  uso energético. Os governos pressionam os mercados no limite daquilo que aqueles podem proporcionar. Em diferentes modos e em vários países, as economias  foram  forçosamente  reorientadas para  se  concentrarem em lidar com as alterações climáticas, como acontece muitas vezes em tempos de guerra. Mas em muitos casos isso acontece gradualmente, ao longo do tempo, com os cidadãos a renunciarem ao controlo das suas  vidas pouco a pouco e não de  forma abrupta, enquanto os  regimes de  trocas,  lei  internacional, modos de vida e negócios  responderam à  crescente  crise ambiental. Assim, em 2030, as emissões de gases com efeitos de estufa começaram a descer, mas os custos ao nível da liberdade individual têm sido elevados.  Palavras‐chave: combate às alterações climáticas; medidas governamentais severas; controlo emissões carbono; pressão dos mercados; reorientação económica; custos elevados na liberdade individual.  Protectionist world A globalização entrou em recuo e os países privilegiam a segurança e o acesso aos recursos a qualquer custo. A globalização entrou numa fase de recuo histórico num mundo dividido. Apesar do Acordo Climático de 2012, as acusações de se ser “fraudulento” nos mercados do carbono e de existirem estações eléctricas “ secretas” e não declaradas, levaram a que a cooperação tivesse colapsado em diferentes facções. Uma resposta  às  alterações  climáticas  pobremente  coordenada,  combinada  com  guerras  violentas  sobre recursos, fracturou o mundo em blocos proteccionistas. As alterações climáticas  funcionam  como um amplificador de  risco,  junto de  comunidades  tensas que não estão preparadas para os seus  impactos. A competição e o conflito resultantes  levam à subida de preços,  desencorajam  o  comércio,  dificultam  o  planeamento  a  longo  prazo  e  espalham  doenças  que geram fome e miséria em larga escala.  Os governos privilegiam o acesso às suas fontes de aprovisionamento, reservando activos, restringindo exportações e protegendo as suas próprias economias através de elevadas tarifas sobre as importações. Facções  violentas e  ciber‐terroristas  tiram proveito deste  caos para promover e  fundamentar as  suas causas nacionalistas – surgem casos de disputa por recursos, paralisação de redes de comunicação, e o lançamento de ataques bioquímicos ocasionais mas devastadores. As comunicações globais tendem a fragmentar‐se. Um pequeno grupo de académicos preserva uma rede global,  com  o  sonho  de  “reunir”  o  mundo.  No  entanto,  a  experiência  para  muitos  traduz‐se  em dificuldades  financeiras  e mercados  vazios,  numa  escalada  do  nacionalismo  e  segurança  restritiva,  e conflitos sobre reservas consideradas valiosas.  Palavras‐chave: recuo da globalização; foco na segurança; colapso da cooperação internacional; efeitos alterações climáticas; guerras sobre recursos; blocos proteccionistas; riscos dos impactos das alterações climáticas; conflitos generalizados.  

OBSERVAÇÕES:  

São cenários globais. Incluem timelines para cada cenário e um capítulo sobre implicações. 

   

   

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PROJECTO 20 Deciding the Future: Energy Policy Scenarios to 2050 

World Energy Council Data Publicação: 2007 Horizonte Temporal: 2050 Foco Estratégico: Energia http://www.worldenergy.org/documents/scenarios_study_online.pdf (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES:  • Compromisso governamental Este  cenário  é marcado  por  uma  ideia  de  “compromisso  governamental”.  Por  um  lado,  a política ambiental pode apoiar a  competição no  sector privado,  libertando  todo o potencial dos  mercados,  mas  por  outro  lado,  os  governos  poderão  compensar  a  falta  de  iniciativa privada.  Este  estudo  reflecte‐se  nos  três  aspectos  chave  do  papel  do  governo  no desenvolvimento  do  sistema  energético:  compromisso,  envolvimento  e  interferência. Compromisso ocorre quando os governos estão  totalmente a par do que  se passa, quais os assuntos  em  discussão,  e  o  que  é  exigido  destes.  Passa  por  fazer  o  que  é  necessário  para assegurar que o  sistema energético  funcione optimamente. Envolvimento ocorre quando os governos  levam  a  cabo  um  número  de  funções,  possivelmente  em  competição  com  outros prestadores/fornecedores.  Isto  pode  distorcer  o mercado  devido  à  desigualdade  no  poder. Interferência  ocorre  quando  as  acções  ou  regulações  do  governo  são  tão  inoportunas  que afectam o mercado negativamente, sendo que os sistemas de energia não são desenvolvidos de forma tão efectiva e eficiente como poderiam ser de outro modo.  Configuração 1: “Elevado” Configuração 2: “Baixo”  • Cooperação/Integração Alianças e  iniciativas cooperativas entre as pessoas permites‐lhe  sobreviver e prosperar. Em alguns  casos,  a  cooperação  é  conduzida  devido  à  necessidade  mútua  de  lidar  com  um problema  comum;  noutros  casos,  é  conduzida  pela  necessidade  de  partilhar  recursos complementares  e  sabedoria  para  benefício mútuo. Qualquer  que  seja  a  razão  subjacente, existiu sempre algum grau de cooperação e de integração no desenvolvimento da energia, por vezes apenas bilateralmente, com frequência regional, em alguns casos internacionalmente, e a uma escala global. Este estudo  reflectiu sobre  três  formas de cooperação e de  integração: primeiro, há uma cooperação de governo para governo, sob a forma de tratados ou acordos internacionais,  por  exemplo  em  padrões  ou  regras  de  comércio;  em  segundo,  há  parcerias público‐privadas  para  desenhar  programas  específicos  ou  esquemas  regulações  para  atingir objectivos políticos específicos; e em terceiro lugar, há acordos de empresa para empresa, por exemplo  no  desenvolvimento  de  novas  tecnologias  ou  acordos  voluntários  para  visar objectivos comerciais específicos.  Configuração 1: “Elevada” Configuração 2: “Baixa” 

   

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ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

  OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA:  Os 3 A, relativos à energia:  

• Acessibilidade (energia moderna e acessível para todos),  

• Disponibilidade [(energia disponível em termos de continuidade, quantidade e confiança), em Inglês, Availabitity] e  

• Aceitação (em termos de objectivos sociais e ambientais).  Temas chave relacionados com a energia: 

• Pressões do fornecimento; 

• Pressões da procura; 

• Pressões ambientais; 

• Pressões políticas.  SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 Leopardo Tal como o  leopardo, neste cenário o mundo olha apenas por si, não coopera, observa o ambiente em busca de oportunidades e é rápido a agir quando as vê. Na maior parte do tempo, mantém‐se no seu território, para o proteger, e interage muito pouco com outros animais, não partilhando alimentos com outros da sua espécie. Este cenário pode ser considerado como sendo “laissez‐faire” ou simplesmente “contido”.  Este  cenário  apresenta  o menor  compromisso  governamental,  a  par  de  uma  reduzida  cooperação  e integração global ou regional. O desenvolvimento económico doméstico é o principal driver, sustentado pela segurança energética doméstica. As forças do mercado mundial e do comércio  livre tendem a ser dificultadas por barreiras nacionais que protegem a produção local, mas que podem levar a preços mais 

   

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elevados  e  menor  eficiência.  O  compromisso  governamental  é  constrangido  e  há  poucas  taxas  e subsídios.  Muitos  países  industrializados  estão  relutantes  em  levar  a  cabo  reformas  estruturais  e continuam  a  depender  de  políticas  de  sociais,  aumentando  o  desemprego  e  limitando  o  dinamismo económico. A maioria dos países  em desenvolvimento  vê o  seu  crescimento  económico  limitado pela falta  de  políticas  equitativas  em  termos  de  igualdade  de  género,  educação,  telecomunicação, electricidade, água, saúde e infra‐estruturas (como estradas, gasodutos e redes eléctricas). O reduzido nível ou falta de compromisso governamental e de cooperação internacional resultam numa dificuldade de reacção atempada e decidida a eventos extremos como choques energéticos ou recessões mundiais. No entanto, a capacidade das  forças de mercado na promoção de novas tecnologias mitiga esses impactos nos países que têm recursos internos que lhes permitem financiar a inovação. A falta de cooperação internacional reforça a espiral de pobreza nos países em desenvolvimento.  Palavras‐chave: laissez‐faire; reduzido compromisso governamental; reduzida cooperação e integração; desenvolvimento económico; segurança energética; protecção produção  local; relutância nas reformas; reduzida equidade nas políticas; reduzida proactividade.  Elefante O elefante é um animal social onde a hierarquia familiar é  importante. No entanto, embora a unidade familiar  seja  forte,  há  pouca  inclinação  para  cooperar  entre  famílias  e  estas  esforçam‐se  por  se manterem auto‐suficientes. O elefante  tem  também muito boa memória e, apesar de uma existência muito estruturada, é muito lento a adaptar‐se. Este cenário pode ser catalogado com termos como o da governança ou o da segurança energética nacionalista. Neste  cenário existe um  compromisso governamental  significativo mas uma  cooperação e  integração global ou regional mínima. A primeira prioridade é a da segurança energética para apoiar a actividade económica  e  o  crescimento.  Os  governos  intervêm  e  os  países  tomam  responsabilidade  pela  sua segurança energética (a curto, médio e longo prazo) através de acções como a diversificação de recursos energéticos primários, desenvolvimento de recursos  indígenas, controlo de exportações e/ou assegurar as importações através de negociações bilaterais. Tomam‐se acções para responder à possível escassez de recursos e para assegurar as fontes de fornecimento domésticas, sendo que os países agem de forma isolada para atingir a sua segurança energética. Este cenário não termina com a globalização, mas cria desafios para os bens trocados a nível internacional, que anteriormente eram mais baratos sob as regras da globalização e do comércio livre. Esta  viragem para as necessidades domésticas nacionais  catalisa o desenvolvimento das  capacidades internas e  limita o papel das  instituições  internacionais (como a ONU), fazendo com que os programas globais se revelem menos eficazes do que poderiam ser. Os países estão muito mais preocupados com os seus  próprios  interesses,  o  que  traz  um  impacto  negativo  no  crescimento  económico,  pois  algumas soluções  domésticas  são  longe  do  ideal  e/ou  dependentes  de  tecnologias  mais  antigas  e  menos eficientes.  Palavras‐chave:  reduzida  cooperação;  desejo  de  auto‐suficiência;  segurança  energética  nacionalista; compromisso  governamental  significativo;  cooperação  e  integração  mínimas;  resposta  individual  à escassez de recursos; necessidades domésticas nacionais.  Leão A designação “leão” para este cenário surge pela característica da sociabilidade, que define este animal. Os adultos transferem a sua experiência e competência para os novos. Juntar comida através da caça é um  esforço  cooperativo  exigindo  um  planeamento  cuidado,  a  identificação  clara  do  objectivo  e  uma execução  controlada  e  disciplinada.  Todos  os membros  de  um  grupo  partilham  os  resultados.  Este cenário pode ser catalogado com termos como o do “energy globalism” ou “coerência global”. Neste  cenário existe um  compromisso governamental  significativo, e níveis elevados de  cooperação e integração global ou regional. Os governos partilham activamente a sua experiência e conhecimentos, principalmente  para garantir  os  direitos humanos  básicos  e  reduzir  a pobreza.  Em  alguns  casos,  isto fortalece as iniciativas de integração regional. Os países cooperam em assuntos energéticos chave sobre o  desenvolvimento  sustentável  e  as  preocupações  globais  sobre  as  emissões  de  gases  com  efeito  de estufa  e  a pobreza  energética  são  objecto  de  intensas  negociações  e de  fortes  acordos  e  programas 

   

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internacionais. No entanto, as medidas para mitigar estas preocupações podem frequentemente entrar em  conflito  umas  com  as  outras  (por  exemplo,  a  mitigação  de  gases  com  efeitos  de  estufa  pode aumentar os preços e consequentemente afectar o acesso dos pobres aos bens básicos). Emergem tentativas para a redução dos défices e insuficiências energéticos, bem como novos estímulos para o desenvolvimento de tecnologias eficientes e eficazes, apropriadas às necessidades dos mercados em  desenvolvimento.  Financiar  este  trabalho  de  desenvolvimento  e  a  implementação  de  tecnologias bem‐sucedidas nos países em desenvolvimento devem ser encorajadas através de políticas energéticas proactivas,  cooperativas,  acordos  intergovernamentais  bilaterais  e  regionais,  e  incentivos  fiscais específicos.  Palavras‐chave: “energy globalism”; coerência global; forte compromisso governamental;  iniciativas de cooperação  e  integração;  preocupações  ambientais  globais;  redução  pobreza  energética; desenvolvimento tecnológico; políticas energéticas proactivas.  Girafa A girafa, o animal mais alto da Terra, é escolhido porque passeia calmamente através das planícies e vê perigos  e  oportunidades  a  grandes  distâncias.  As  girafas  são  também  muito  adaptáveis  e  podem sobreviver sozinhas. A liderança é muito “solta” pois existe uma hierarquia estabelecida. A girafa não é constrangida  por  uma  estrutura  social  forte  e  os  indivíduos  têm  grande  liberdade  de  escolha,  sendo essencialmente  um  animal  empreendedor  e  que  pode  adaptar‐se  prontamente  a  circunstâncias diferentes.  É  também  capaz  de  se  defender,  quer  correndo  pelas  suas  próprias  pernas  (evitando conflitos) ou utilizando as suas pernas como armas. Este cenário é marcado pelo mercado e dominado pelas empresas. Neste cenário existe o mínimo de compromisso governamental mas nele é apresentado uma significativa cooperação e  integração global ou regional. O principal driver é o desenvolvimento económico, com a preocupação central focalizada na libertação dos mercados globais para promover o crescimento do PIB através  da  disponibilização  de  energia  a  preços  acessíveis  e  a  defesa  intransigente  do  comércio internacional.  Há  uma  confiança  acrescida  nos  mecanismos  do  mercado,  incluindo  no  mundo  em desenvolvimento.  O  envolvimento  do  governo  é  limitado  (predominantemente  direccionado  para  a regulação  do mercado,  quando  necessário),  e  existem  poucas  taxas  ou  subsídios,  bem  como  poucas restrições no movimento global de bens e serviços. Os governos fazem pouco para a prevenção proactiva de choques energéticos e consequentes efeitos nos países,  e  o  pouco  que  é  feito  tende  a  ser  orientado  a  curto‐prazo.  No  lado  positivo  encontra‐se  a capacidade das forças de mercado de  incentivarem o surgimento de novas tecnologias, o papel de um sector privado com um modelo de governança melhorado, e menos limitações ao seu acesso. Com  efeito,  a  abertura  dos  mercados  e  a  redução  das  barreiras  ao  comércio  encorajam  a  livre movimentação  de  bens  e  serviços,  enquanto  os  empreendedores  procuram,  activamente,  entrar  nos mercados  emergentes  e  estimular  a  inovação.  Estas  trocas  incentivadas  pelo mercado  levam  a  uma transferência mais rápida de tecnologia e experiências.  A  preocupação  ambiental  é  levada  a  cabo  a  nível  local  e  regional, mas  a  crescente  dependência  do carvão e a maior procura de energia aumentam as emissões de gases com efeitos de estufa. Devido à falta de uma política proactiva de intervenção e antecipação governamental, poderão acontecer graves choques energéticos, mas a economia mundial aberta é resiliente e defende‐se das recessões. O sucesso neste cenário depende das tecnologias existentes que aumentem a segurança e reduzam as emissões de gases com efeito de estufa e outros impactos ambientais.  Palavras‐chave:  mínimo  compromisso  governamental;  significativa  cooperação  e  integração; desenvolvimento  económico;  liberalização  dos  mercados;  confiança  nos  mecanismos  do  mercado; reduzida proactividade; incentivo às novas tecnologias; trocas tecnológicas e de inovação; preocupação ambiental local; economia resiliente.  OBSERVAÇÕES:  ‐ A metodologia  adoptada  incluiu um Delphi modificado,  a  realização de  20 workshops  e o envolvimento de cerca de 400 stakeholders da área da energia.   

   

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PROJECTO 21 

The Evolving Internet: Driving Forces, Uncertainties and 

Four Scenarios to 2025 Global Business Network (GBN) & Cisco 

Data Publicação: 2010 

Horizonte Temporal: 2025 

Foco Estratégico: Tecnologia 

http://gbn.com/consulting/article_details.php?id=103&breadcrumb=ideas (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

 

• Ritmo de Expansão da Rede (alcance e capacidade) 

A construção de redes de banda larga será extensiva, enquanto resultado do efeito combinado 

entre  investimento privado e público, ou mais  limitada? Como  será a  rede global de banda 

larga, no seu alcance e capacidade, no ano de 2025? 

 

Configuração 1: “Extensiva” 

Configuração 2: “Limitada” 

 

• Progresso tecnológico 

O progresso tecnológico será caracterizado mais por avanços disruptivos ou na sua maioria por 

avanços modestos incrementais? 

 

Configuração 1: “Avanços Disruptivos” 

Configuração 2: “Avanços Incrementais” 

• Comportamento do utilizador (informático) 

O  comportamento  do  utilizador  (incluindo  o  apetite  por  aplicações  de  Internet  ainda mais 

ricas)  será  descontrolado  ou  mais  constrangido?  Como  irão  as  empresas  e  indivíduos 

relacionar‐se com a Internet e como irão desenvolver‐se as suas preferências? 

 

Configuração 1: “Exponencial/Descontrolado” 

Configuração 2: “Constrangido” 

      

   

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Figura 8 

 Fonte: The Evolving Internet: Driving Forces, Uncertainties and Four Scenarios to 2025, Global Business Network & Cisco, pp.13 

 OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: Foram  identificadas 14 forças de mudança, as quais se posicionaram na figura tridimensional acima  apresentada,  a  qual  foi  elaborada  a  partir  das  três  incertezas  cruciais  e  respectivas configurações. Na  lista abaixo  cada  força de mudança é  integrada numa das  três  incertezas cruciais.  ‐ Construção de Redes: • Intervenção  e  Investimento  dos  Governos  (banda  larga  enquanto  estrutura  básica  vs. 

laissez‐faire) • Acesso à rede (foco na expansão vs. regulação das redes existentes) • Licenças/ Alocação de Espectro (licenciamento dinâmico vs. status quo) • Controlo de conteúdos (pouco frequente vs. generalizado) • Proteccionismo às empresas nacionais de TIC (junto de seleccionadas vs. generalizado) • Padrões (harmonização vs. fragmentação)  ‐ Progresso tecnológico: • Custos de produção (queda rápida vs. estagnados ou queda além dos limites) • Avanços  tecnológicos  significativos  (em  todas  as  tecnologias  vs.  em  muito  poucas 

tecnologias) • Ligação de aparelhos (Internet integra vários serviços vs. telefones e computadores)  ‐ Comportamento do utilizador: • Escolhas de privacidade (sempre e tudo visível vs. redução da conectividade permanente) • Fossos geracionais (mudança do paradigma vs. uma miragem) • Despesas  em  TIC  (incluindo  aparelhos)  (percentagem  crescente  de  gastos  vs. 

abrandamento dos gastos) • Migração para cloud computing (completa vs. recuos) • Rich content (crescimento exponencial vs. preço flexível) 

   

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ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

A figura seguinte permite visualizar os quatro cenários seleccionados e descritos numa figura 

tradicional construída com base nas três incertezas e respectivas configurações. 

  

SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 

Fluid Frontiers É um mundo no qual a Internet se infiltra, tornando‐se universal e “centrífuga”. O progresso tecnológico continua a permitir a conectividade e os instrumentos tecnológicos tornam‐se mais acessíveis (apesar do investimento limitado na construção de redes), enquanto o empreendedorismo global – e a competição feroz – asseguram que uma vasta variedade de necessidades e de solicitações de todo o mundo sejam rapidamente respondidas, em instalações e locais muito diversos. No  ano  de  2025  o  impacto  da  Internet  expande‐se  por  todo  o  mundo,  resultando  em  ondas  de produtividade  essenciais  para  a  transformação  do  desenvolvimento  económico  e  social  de  inúmeros países,  e para a  criação de milhões de  trabalhos baseados no  conhecimento. A nível mais pessoal, a conectividade  permitiu  às  pessoas  descobrirem  e  agirem  de  acordo  com  novas  afinidades  que atravessaram antigas fronteiras geográficas e culturais, transformando a estrutura de relações humanas e  de  estilos  de  vida  neste  processo.  É  graças  a  este  acesso  às  comunicações,  educação,  cuidados de saúde  e  entretenimento  activo  de  alta  qualidade,  que  é  finalmente  possível  viver  e  trabalhar  em qualquer lugar. As novas tecnologias – e a disseminação de boas práticas e de experiências promissoras através da  Internet – ajudaram a tornar a  integração da sustentabilidade e do crescimento económico não só idealista, mas realista. Elas beneficiaram todas as partes do planeta, especialmente o Sul.  Palavras‐chave: Internet universal e centrífuga; progresso tecnológico; empreendedorismo global; ondas de produtividade global;  transformação das  relações humanas; acesso  livre a bens básicos; benefícios tecnológicos. 

   

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Insecure Growth Este é um mundo no qual os utilizadores – tanto os  individuais como os empresariais – se deixaram de ter  uma  confiança  absoluta  na  Internet.  Ciber‐ataques  implacáveis,  conduzidos  por  uma  série  de motivações da mais  variada ordem, desafiam as  capacidades preventivas dos governos  e  instituições internacionais. Surgem alternativas seguras mas muito dispendiosas. Em 2025, o sonho da  Internet enquanto “grande  transformadora”, plataforma virtual através da qual um mundo mais globalizado poderia agir de modo diferente e os negócios poderiam decorrer de formas inimagináveis, simplesmente falhou na sua materialização. De facto,  já em 2015 a existência de falhas de  segurança e  furtos de dados  tornaram‐se  cada vez mais  frequentes e as  suas  consequências mais sérias. No entanto, a construção de redes continuou a sua marcha pelo mundo, atingindo ainda os locais mais  remotos. As  infra‐estruturas de  rede  chegaram a  ser  encaradas  como um  ingrediente  chave na competitividade  nacional,  assumindo‐se  igualmente  que  a  Internet  era  uma  plataforma fundamentalmente segura, sem qualquer conotação de perigo. Não foram, portanto, tomadas as acções suficientes para prevenir acções fraudulentas e ataques de ciberterroristas, que colocaram em causa a utilização da Internet e o seu nível de segurança. Assistiu‐se como que ao acordar de um sonho partilhado no qual a Internet era “boa” e, embora não se tenha desistido inteiramente dela, foi‐se sendo adoptada uma abordagem mais guerreira e circunspecta. Tornar a Internet segura não era barato e apenas acessível a redes privadas e a comunidades fechadas, pelo que aqueles que não podiam suportar os custos da segurança, limitavam‐se a ser super vigilantes e a limitar o tempo e as actividades “online”.  Palavras‐chave:  desconfiança  na  Internet;  pouca  capacidade  preventiva;  falhas  de  segurança;  sonho falhado da Internet; abordagem guerreira; limitação da utilização.  Short of the Promise É um mundo  sóbrio no qual a estagnação económica prolongada a que  se assiste em muitos países, implicou um preço a pagar na divulgação da Internet. A tecnologia não proporciona avanços disruptivos surpreendentes que  compensem a desvalorização da  Internet, e as  respostas políticas proteccionistas face às fraquezas económicas ainda tornam a situação pior – tanto em termos económicos como no que respeita à adopção de tecnologias de rede. De facto, em 2025 o mundo da Internet não apresenta boas notícias e até alguma desilusão, se for tido em conta o potencial que  lhe era perspectivado em 2010, pois agora “viajar” na  Internet serve apenas para  as  funcionalidades  básicas,  isto  apesar  do  crescente  número  de  utilizadores  e  inovações tecnológicas  entretanto  proporcionadas,  bem  como  os  incentivos  governamentais  realizados  para expandir  as  redes  de  banda  larga  e melhorar  a  qualidade  das  ligações. No  entanto,  a  recuperação económica falhou na sua consolidação após os sinais promissores de 2010 e 2011, a dinâmica financeira mudou dramaticamente e os  indivíduos e empresas  tiveram de procurar um  reequilíbrio. Também os consumidores mundiais têm que conter os seus gastos, numa sociedade marcada por elevadas taxas de desemprego,  população  envelhecida  e,  portanto,  com  elevados  custos  sociais.  As  actividades consideradas de entretenimento são encaradas como supérfluas e, consequentemente, a Internet é útil apenas para as funcionalidades e serviços básicos, mais do que para experiências de lazer, reduzindo as oportunidades de lucro nos negócios. As empresas viraram‐se, portanto, mais do que para a obtenção de lucros, para a gestão dos custos, e a pressão económica e social implacável obrigou muitos governos a tornarem‐se proteccionistas. Em 2025, há um reconhecimento universal de que o potencial da banda larga se resume a um papel de infra‐estrutura básica, logo, há bastante potencial que ainda é ignorado, e subiste a divisão entre os que possuem acesso digital e os que não possuem. Os esforços para disseminar as capacidades e o alcance da  conectividade esbarram, portanto, na necessidade de assegurar outras necessidades mais básicas, não havendo qualquer previsão de quando esta situação poderá mudar.  Palavras‐chave:  estagnação  económica;  proteccionismo;  reduzidos  avanços  tecnológicos;  potencial básico  da  Internet;  redução  consumo  na  tecnologia;  gestão  dos  custos;  reduzido  alcance  da conectividade. 

   

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Bursting at the Seams Este  é  um mundo  no  qual  a  Internet  se  torna  vítima  do  seu  próprio  sucesso.  A  procura  de  serviços baseados  no  IP  (Endereço  de  “Internet  Protocol”)  é  ilimitada,  mas  constrangimentos  ao  nível  da capacidade e estrangulamentos ocasionais criam um fosso entre as expectativas e o uso real da Internet. Entretanto,  normas  tecnológicas  internacionais  não  são  adoptadas,  em  parte  devido  a  uma  forte reacção global contra as décadas de domínio tecnológico dos EUA. Em 2025, a Internet é comparada a uma locomotiva que trabalha além dos seus limites, sobrecarregada com um fardo cada vez mais pesado e com dificuldade para manter o ritmo, no que respeita ao número de utilizadores e conteúdos, que continuam a “empilhar‐se” neste comboio e do qual nunca saem. De facto, estes utilizadores têm elevadas expectativas, exigindo opções e funções que vão bastante além do que  as  normas,  protocolos  e  infra‐estruturas  existentes  poderão  oferecer.  O  volume  de  informação adicional  que  vem  sendo  criada  é  astronomicamente  elevado,  e  precisa  de  ser  organizada, salvaguardada  e  armazenada.  A  plataforma  da  Internet  encontra‐se,  portanto,  a  transbordar  de conteúdo, de sinais de coordenação e de comunicações básicas que parecem estar prestes a explodir. Entretanto, a noção de que a  Internet deveria ser considerada um bem básico para o Homem, ganhou um apoio maior e mais alargado. Se a  Internet era encarada como essencial para o desenvolvimento económico  nacional  e  para a  concretização  de  uma  larga  fatia  de  serviços  como  da  educação  e dos cuidados  de  saúde,  os  seus  defensores  proclamavam  que  um  livre  acesso  individual  iria  acelerar  o progresso.  Porém,  esta  visão  levou  a  que  surgisse  um  paradoxo,  pois  os  congestionamentos  destes sistemas  vieram atrasar ou prejudicar o acesso a  estes bens básicos a muitos  indivíduos  com menos posses. No entanto, a questão que se  impõe a  todos, no ano de 2025, é “O que virá a seguir?”. A população encontra‐se viciada na conectividade, e todos – literalmente todos – contam com a sua expansão. Mas as  limitações são demasiado óbvias para  ignorar e ninguém sabe como subir para o próximo degrau, subsistindo a especulação sobre qual a direcção e progresso das alternativas para o caminho da Internet.  Palavras‐chave:  procura  ilimitada;  sobrecarga  no  uso  da  Internet;  elevadas  expectativas;  excesso  de informação; congestionamento dos serviços; especulação sobre o futuro. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ A descrição dos cenários é  feita através da descrição de Roleplays de 3  indivíduos em cada 

um  dos  três  cenários,  seguindo‐se  um  capítulo  com  a  apresentação  das  implicações 

estratégicas dos cenários. 

   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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PROJECTO 22 

Scenarios for the Future (2025) European Patent Office 

Data Publicação: 2007 

Horizonte Temporal: 2025 

Foco Estratégico: Propriedade Industrial 

http://www.epo.org/topics/patent‐system/scenarios‐for‐the‐future.html (consultado em 22/03/2011) 

 

OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: Neste  estudo  não  foram  autonomizadas  e  identificadas  incertezas  cruciais.  Os  Cenários resultam  de  cinco  grandes  forças motrizes  (apresentadas  em  seguida)  e  da  forma  como  as mesmas se relacionam entre si.  • Poder: Com a emergência de novos e poderosos players, quem tem poder e autoridade? ‐ As Corporações Multinacionais? ‐ As Organizações da Sociedade Civil e ONGs? ‐ As Organizações Internacionais? ‐  Ou  outros,  tais  como  os  gabinetes  de  transferência  de  tecnologia  (Technology  Transfer Offices – TTO’s) ou as empresas de  licenciamento e defesa de patentes  (denominadas, na gíria, por “trolls”)? 

• Selva  Global:  No  momento  em  que  as  leis  da  selva  global  tomam  forma,  quem  vai sobreviver? E por quanto tempo? 

‐ Que países, regiões, hotspots? ‐ Que sectores do mercado e modelos de negócio? ‐ Que força de trabalho global? ‐ Que empresas e universidades? ‐ Que culturas? • Velocidade da mudança: Como podem os humanos e as suas instituições adaptar‐se para 

lidar com o ritmo da mudança? ‐ A avalanche de tecnologia? ‐ A inércia institucional e humana? ‐ O sistema de Propriedade Intelectual? • Riscos  sistémicos:  Conforme  a  sociedade  global  se  torna  cada  vez mais  confiante  em 

sistemas complexos interligados, onde estão os pontos de inflexão que os ameaçam? ‐ Nos riscos para as necessidades humanas (exemplos: energia, água, comida, saúde)? ‐ Nos riscos para sistemas essenciais (exemplos: sistemas informáticos que gerem o comércio, a energia, as comunicações, a economia, as finanças, a política e as viagens)? ‐ Nos  riscos de  segurança  (exemplos:  terrorismo, criminalidade a nível  informático, conflitos armados)? ‐ Nos riscos éticos (exemplos: interfaces entre o cérebro e os computadores, testes genéticos ou selecção genética, clonagem)? 

   

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

• Paradoxo  do  conhecimento:  Quando  a  informação  se  está  a  tornar  cada  vez  mais abundante, que conhecimento tem valor? 

‐ Acesso ao conhecimento? ‐ Pesquisa de conhecimento? ‐ Gestão de conhecimento? ‐ Produção de conhecimento? ‐ Propriedade do conhecimento? 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 SÍNTESE DOS CENÁRIOS:  Market Rules O mundo da Propriedade Industrial (PI) tornou‐se muito dinâmico e pró‐activo e procura assegurar valor para os negócios  inovadores. O sistema de direitos de PI deixou de ver a protecção por patente como uma estratégia defensiva, para ser utilizada como último recurso em tribunais, mas sim como um activo a ser explorado e desenvolvido. O valor das patentes, quer a nível individual, quer em “portfolios”, é bem reconhecido  pela  sociedade,  tendo‐se  tornado  produtos  interessantes  para  os  especuladores,  que  os vêem como produtos  financeiros atractivos devido à  incerteza  relativa ao seu valor. Este  interesse  faz aumentar exponencialmente o número de pedidos de patente, o que dificulta o trabalho dos  Institutos Nacionais de Patentes, que se debatem com uma sobrecarga de pedidos. Os  investidores mais astutos em termos financeiros podem suportar o seu  investimento com pedidos de patente múltiplos e podem aplicar técnicas de mercado financeiro para distribuir o seu risco; outros juntam‐se ao jogo mesmo que não sejam tecnologicamente inovadores. No entanto, a melhoria das técnicas de avalização de patentes elimina também muitos pedidos de patentes triviais (pouco inovadoras) na primeira fase. A chave do sucesso em PI deixa de ser a mudança tecnológica “pura e dura”, sendo mais valorizadas as capacidades  financeiras  e  empresariais.  Os  profissionais  de  patentes  são  substituídos  por “intermediários” que sabem maximizar valor, adquirir direitos e gerar lucros a partir de direitos de PI.  

   

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O  licenciamento de patentes passa a ser um negócio de extrema  importância, não só para maximizar lucros, mas também como estratégia para suportar linhas de negócio emergentes e novos mercados. O profissional de patentes tem de conhecer uma vasta gama de mercados para quaisquer produtos, uma vez que os direitos de PI são agora mais reconhecidos a nível mundial como produtos comercializáveis.  As  empresas  já não aceitam  suportar despesas desnecessárias no  sistema de PI –  em particular  com traduções desnecessárias e litigação em múltiplas jurisdições. No entanto, embora exista um processo de patente praticamente mundial, não é politicamente alcançável um sistema de PI com único pedido, uma única patente e um único sistema de litigação. As Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que sempre se queixaram de problemas de custos e de recursos na gestão dos seus direitos de PI estão cada vez mais dispostas a utilizar o sistema, uma vez que já não consideram tão intimidantes os custos de obtenção e de litigação de uma patente.  Palavras‐chave: aumento do número de pedidos de patentes; institutos de patentes sobrecarregados de trabalho; patentes como activos financeiros; valorização financeira e comercial das patentes.   Whose Game? Na  Área  Transatlântica  de  Comércio  Livre  (TAFTA  ‐  Transatlantic  Free  Trade  Area),  a  protecção  por patente desenvolve‐se em várias frentes, principalmente devido à crise económica, aos orçamentos para a saúde mais  limitados e ao efeito bloqueador de patentes originárias de fora da TAFTA. De um modo geral, uma vez que o sistema de patentes tradicional já não oferece vantagens competitivas, o Ocidente está a desenvolver mecanismos alternativos de protecção por patente, adaptados a diferentes campos da inovação. Uma vez que continua a haver uma forte procura de produtos de luxo ao estilo Ocidental, música,  filmes  e  design,  o  Ocidente  tenta  manter  um  sistema  global  de  protecção  com  um  forte “enforcement” pelo menos nestas áreas. No  entanto,  os  governos  no  bloco  Ásia  ‐  América  do  Sul,  que  agora  têm  grandes  laboratórios  de investigação  e  indústrias  inovadoras,  trabalham  na  direcção  oposta.  Embora  ainda  escolham  utilizar modelos “open‐source” para desenvolver infra‐estruturas, estes países estão a utilizar as patentes de um modo crescente para obter royalties e impor os seus standards no estrangeiro. Portanto, embora nesta região os governos  tentem manter um  sistema  fortemente  controlado pelo Estado, ao mesmo  tempo defendem um forte sistema global de patentes. No  entanto,  o  acordo  TRIPS/ADPIC  (Acordo  sobre  os Aspectos  dos Direitos  de  Propriedade  Industrial relacionados com o Comércio) da OMC acaba por ser abandonado devido ao  tratamento diferenciado entre os seus membros. Uma vez que a ocorrência de pandemias politizou a saúde, e enquanto outras instituições  globais  estão  enfraquecidas,  a  Organização  Mundial  de  Saúde  (OMS)  toma temporariamente controlo das regras de patentes relacionadas com a saúde, regulando, em particular, o exame de patentes. Foram criados obstáculos à patenteabilidade na área farmacêutica e foi restringida a  protecção  de  dados.  No  entanto,  foram  eventualmente  estabelecidos  diferentes  regimes  de  PI relacionados com a saúde, em diferentes regiões, para cobrir as suas necessidades particulares relativas a produtos farmacêuticos. Nas alianças Sul‐Sul, os países experimentam com tratados que focam direitos  intelectuais colectivos e “open‐source” para  tentar gerir a sua herança de biodiversidade  (utilizando, por exemplo, direitos  res communis  ‐  domínio  público  ‐  propriedade  do  Estado). Mas  as  pandemias  também  os  focaram  em necessidades de saúde básicas e na redução da pobreza; eles utilizam maioritariamente I&D financiado publicamente  (criando  PI  propriedade  do  Estado)  para  desenvolver  novos  produtos  farmacêuticos.  A maior parte dos países menos desenvolvidos ignoram a PI, embora alguns deles se agrupem em torno de países com uma biodiversidade rica para fortalecer a protecção de conhecimento tradicional e direitos intelectuais colectivos. Nestes países, o “open‐source” (e a pirataria explícita, claro) surge como o único meio para ultrapassar a barreira digital.  Palavras‐chave:  clivagem  geopolítica;  abandono  do  TRIPS/ADPIC;  tratados  sobre  direitos  colectivos  e “open‐source”; criação de um sistema de PI alternativo, paralelo ao clássico.

   

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Trees of Knowledge:  Depois de um longo período de perda de importância, e apesar de esforços para aumentar a qualidade de elevar a “actividade inventiva”, as patentes foram largamente abolidas da maioria das áreas técnicas a nível mundial. Os direitos de autor  foram  também  fortemente alterados. Partilhar  informação é agora a norma – os criadores de conteúdos encontram valor nas suas redes e reconhecimento pelos seus pares; os negócios são  baseados  em  providenciar  serviços  suplementares  e  valor  acrescentado  para  o  utilizador. “Open‐source”,  “creative  commons”  e  “science  commons”  são  formas  “standard” de protecção para trabalhos e atribuições de autoria. Nos  negócios,  o  segredo,  as  marcas,  os  direitos  de  design  e  as  indicações  geográficas  são  agora utilizadas  para  proteger  as  inovações.  A  vantagem  do  primeiro  a  entrar  no mercado  e  a  gestão  da relação  com os  clientes  são os principais elementos diferenciadores entre os bem  sucedidos e os mal sucedidos. A inovação é mais encorajada pelo Estado e por fundos de ONGs. Parcerias público privadas, fundos de recompensa, esquemas de pagamento adiantado e  subvenções explícitas do Estado garantem que os verdadeiros inovadores – que trabalham para o bem público – são generosamente recompensados. Isto também assegura que a  investigação farmacêutica está focada nas áreas mais  importantes relevantes para a saúde pública. No entanto, a distribuição dos (limitados) recursos é rigorosamente controlada em termos de eficiência e tem como objectivo alcançar o maior benefício global para a saúde. Doenças raras ou doenças relacionadas com o estilo de vida não são prioritárias. Os antigos Institutos de Patentes representam um papel importante ao providenciar informação acerca dos diferentes sistemas de incentivos disponíveis (em particular para as PMEs) e ao avaliar propostas de subvenção e recompensa. Eles também providenciam uma plataforma para as negociações das parcerias público privadas. Por isto, o seu novo nome: Agência do Conhecimento. Praticamente não existe litigação em torno das patentes; o “enforcement” é considerado desnecessário. Contudo,  a  ausência  de  um móbil  lucrativo  reduziu  os  níveis  de  inovação  em  alguns  domínios  (em particular  na  biotecnologia,  onde  as  preocupações  sociais  também  limitam  a  disponibilidade  de incentivos governamentais). A crescente utilização do segredo para proteger a  inovação desacelerou a velocidade  de  inovação  incremental  em  áreas  onde  o  ‐  se mostrou  impossível,  o  que  constitui  uma grande desvantagem para pequenas empresas muito inovadoras. E  porque  as  prioridades  de  investigação  são  agora  orientadas  politicamente,  vivemos  num  perigo sempre presente de aprisionamento; o forte “lobbying” realizado pelas empresas focadas em  I&D pelo financiamento do Estado está a ter um efeito na neutralidade dos políticos. E o governo nem sempre tem sucesso em planear e gerir a investigação.  Palavras‐chave: abolição das patentes; utilização de segredo, marcas e design para proteger a inovação; crescimento do “open‐source”, creative commons e science commons; I&D financiada pelo Estado   Blue Skies Os  Institutos  de  Patentes  são  hoje  capazes  de  se  adaptar  rapidamente  à mudança  tecnológica.  Esta agilidade  reflecte  as  alterações  na  forma  como  os  Institutos  trabalham,  em  particular  no  exame  de pedidos  de  patente.  Esta  actividade  é  agora  apoiada  por  ferramentas  TIC,  permitindo  a  partilha  de informação e de  ideias entre  instituições de PI e  também com o mundo exterior, por exemplo peritos técnicos e  fornecedores de  informação. Estas alterações permitem que os  Institutos emitam patentes fortes  em  termos  legais mais depressa. Os problemas de atraso no  estudo das patentes  e  resultante incerteza legal são consideravelmente reduzidos. Os  serviços de  informação de patentes  também melhoraram  e oferecem agora  informação  extensiva baseada em  ferramentas de pesquisa melhoradas que permitem pesquisas  técnicas “inteligentes” que utilizam  funcionalidades  da  nova  “Web  3.0”  e  mapeamento  de  patentes.  É  agora  oferecida rotineiramente  informação  sobre  o  licenciamento  de  patentes  e  pesquisas  que  permitem  definir standards técnicos sem infringir direitos de patente existentes. As empresas comerciais de prestação de serviços nesta área também representam um papel importante neste contexto. Traduções  por  computador  estão  disponíveis  de  e  para  praticamente  qualquer  língua. Os  custos  das traduções  baixaram  significativamente  para  um  nível  insignificante.  Ao mesmo  tempo  o  estado  da 

   

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técnica  é  agora  acessível  a  qualquer  perito  independentemente  da  sua  nacionalidade  devido  à disponibilidade de traduções por computador. A linguagem deixa de ser uma barreira e as traduções já não representam uma porção significativa dos custos de obtenção de uma patente. O  tipo de  IP disponível  também evoluiu. Existem agora dois  tipos distintos de patentes: uma patente “soft” para áreas técnicas complexas, tais como TICs, e direitos de patente clássicos para áreas como o sector  farmacêutico. As “patentes  soft”  já não oferecem direitos  totalmente exclusivos e  isto  significa que a inovação já não é atrasada por direitos que a bloqueiam. As “patentes soft” promovem a inovação colaborativa, e.g.  redes de  inovação aberta e  “pools” de patentes.  Infelizmente, decidir que patentes caem  sob  que  sistema  legal  criou  uma  nova  arena  para  batalhas  legais.  Os  casos  de  disputa  são decididos por corpos supranacionais. Devido ao encurtamento de ciclos de produtos tecnológicos e à remoção da exclusividade dos direitos de patente  em  áreas  tecnológicas  complexas,  tornaram‐se  mais  importantes  tipos  alternativos  de protecção,  tal como o “branding”, o  segredo e a protecção  tecnicamente  implementada da cópia. No entanto o segredo é cada vez mais difícil de gerir pelas companhias devido à grande mobilidade da força de  trabalho.  Além  disto,  foram  publicadas  várias  leis  que  restringem  o  direito  ao  segredo  de  bens comerciais. O  segredo  e o  “branding” não  são as únicas alternativas à protecção por patente. Em particular nas tecnologias  emergentes  e  áreas  técnicas  complexas,  o  “open‐source”  aumentou  de  importância  e  é largamente aceite como capaz de apresentar produtos de elevada qualidade. Por isso, para tecnologias complexas, o regime de “patentes soft” coexiste com a abordagem “open‐source” e ambas apoiam um processo colaborativo de inovação. Até para as áreas em que as patentes clássicas estão disponíveis, o “open‐source” tornou‐se, até um certo ponto, parte do sistema.  Palavras‐chave: sistema de protecção alternativo para as TIC; tradução por computador disponível de e para  todas  as  línguas;  ferramentas  robustas  de  informação  e  pesquisa;  litigação  em  tribunais supranacionais.  OBSERVAÇÕES:  O documento publicado pelo EPO não explica a metodologia utilizada para a construção dos cenários,  apenas  refere  as  cinco  driving  forces  mais  importantes  que  originam  grande incerteza. No entanto, os esclarecimentos obtidos  junto da  responsável pelo projecto, Shirin Elahi,  permitiram  averiguar  que  este  incluiu  as  quatro  fases  identificadas  no  diagrama seguinte: 

 A maioria das mais de 70 entrevistas realizadas na primeira fase foram publicadas no âmbito 

do projecto, o que permitiu garantir a participação de personalidades proeminentes e assim 

assegurar  uma maior  credibilidade  e  aceitação  pública.  O  conteúdo  destas  entrevistas  foi 

sintetizado  em  27  temas  que  foram  apresentados  no  primeiro workshop.  Para  além  disto, 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

foram  realizadas entrevistas detalhadas para cada um dos cenários, de modo a providenciar 

informação adicional mais específica e confirmar os nossos pressupostos. 

De acordo  com Elahi, no projecto  foram analisados  três níveis diferentes, nomeadamente o 

nível organizacional, o Europeu e o global. Foi explorado que  incertezas‐chave poderão estar 

em jogo nos próximos 20 anos, tendo surgido oito incertezas que podem variar de intensidade 

nos  diferentes  níveis  analisados.  Foi  seguidamente  explorado  de  que  forma  cada  uma  das 

incertezas poderia evoluir, criando pequenos enredos, que foram posteriormente agrupados e 

eventualmente se transformaram nos cenários publicados. Após a realização deste processo, o 

trabalho  realizado  foi  revisitado  para  determinar  como  poderiam  ser  resumidas  as  oito 

incertezas‐chave. Neste percurso foram identificadas as cinco driving forces que constituem a 

dinâmica subjacente em cada cenário. 

Foi  também  desenhado  um diagrama  de  sistemas  da  influência das  referidas  driving  forces 

sobre o sistema de patentes. 

 Fonte: Scenarios for the Future (2025), European Patent Office, pp. 24 

O  projecto  inclui  também  um  capítulo  de  análise  dos  diferentes  cenários  que  identifica 

questões chave e implicações que surgem de cada um dos futuros possíveis.   

   

Colecção de Cenários Globais

  

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PROJECTO 23 

Ecosystems and Human Well‐being: Scenarios (2050) Millennium Ecosystem Assessment 

Data Publicação: 2005 

Horizonte Temporal: 2050 

Foco Estratégico: Ambiente 

http://www.maweb.org/en/Scenarios.aspx (consultado em 22/03/2011) 

 INCERTEZAS CRUCIAIS E CONFIGURAÇÕES: 

• Grau e escala de conectividade entre e instituições 

Até  que  ponto  o mundo  será mais  ou menos  interligado  ao  nível  da  gestão  dos  impactos 

resultantes das intervenções humanas no ambiente?  

Configuração 1:  “Global” –  continuação e escalada da globalização e  conectividade entre as 

fronteiras dos países 

Configuração 2: “Regional” – foco regional e menor conectividade 

 

• Mobilização política face à gestão ambiental (em particular na gestão dos denominados 

“serviços de ecossistema”) 

Abordagem  política  face  à  robustez  dos  ecossistemas,  nomeadamente  na  gestão  dos 

potenciais impactos das alterações nos ecossistemas. 

Configuração 1: “Reactiva(s)” – as políticas reactivas face aos assuntos ambientais pressupõem 

alguma robustez dos ecossistemas 

Configuração 2: “Proactiva(s)" – as políticas proactivas permitem antecipar a possibilidade de 

fragilidade nos ecossistemas 

 

ESTRUTURA‐BASE DOS CENÁRIOS: 

 

 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

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OUTRAS FORÇAS DE MUDANÇA: 

No estudo são identificadas e descritas outras forças de mudança e respectivas interacções 

entre si, destacando‐se em particular as seguintes: 

• Forças de mudança “Indirectas”: Demografia, Economia, Sociopolítica, Cultura e Religião, 

Ciência e Tecnologia. 

• Forças de mudança  “Directas”: Alterações e Mudanças Climáticas; Uso de nutrientes de 

plantas; Reafectações no uso da terra; Invasões biológicas e doenças. 

• Exemplos de interacções entre drivers e ecossistemas: Mudança no uso da terra; Turismo. 

 SÍNTESE DOS CENÁRIOS: 

 

Global Orchestration Cenário marcado por uma  cooperação e  conectividade de âmbito global,  com ênfase no  crescimento económico  e  nos  bens  públicos.  Trata‐se  de  uma  sociedade  interligada  a  nível mundial  e  na  qual  se desenvolvem, de  forma bem‐sucedida, os mercados globais, mas que se torna vulnerável devido à sua atitude reactiva relativamente às questões ambientais e à gestão dos ecossistemas. Neste  cenário  de  cooperação  e  conectividade  global,  embora  as  instituições  supra‐nacionais  estejam bem colocadas para  lidar com problemas ambientais, tal como as alterações climáticas, a mobilização política  face  à  gestão  dos  ecossistemas  traduz‐se  numa  atitude  reactiva.  Isto  torna  estas  mesmas instituições  vulneráveis  a  “surpresas”  decorrentes,  por  exemplo,  de  acções  adiadas  ou  de mudanças regionais  inesperadas.  Existe  uma  forte  crença  na  capacidade  futura  das  tecnologias  repararem  e substituírem funções de ecossistemas entretanto perdidas. De um modo geral, pressupõe‐se não só a melhoria do bem‐estar social e económico da população em geral, mas também a protecção e potencialização dos bens e serviços públicos globais. Há uma maior atenção  sobre o  indivíduo  (mais do que na  sociedade), na  capacidade dos mercados  em absorverem todos os impactos do desenvolvimento, e num uso da regulação apenas quando apropriado. No entanto, é  dada  pouca  prioridade  a  problemas  que  têm  pouco  impacto  aparente  ou  directo  no  bem‐estar humano,  em  detrimento  de  outras  políticas  que melhoram  directamente  o  bem‐estar  da  população. Esta, por sua vez, sente‐se, em geral, confiante de que o conhecimento e  tecnologia necessários para lidar com os desafios ambientais irão emergir, ou poderão ser desenvolvidos sempre que necessário, tal como acontecia no passado. Os problemas ambientais que ameaçam o bem‐estar humano tendem a ser resolvidos apenas quando os mesmos se tornam visíveis.  O  crescimento  económico  e a  expansão dos  bens  públicos  (como  a  educação)  permitem à  sociedade responder  efectivamente  quando  os  problemas  ambientais  emergem. No  entanto,  se  a  atenção  para com  os  bens  públicos  (o  chamado  capital  social)  for  superior  à  atenção  dedicada  ao  ambiente  e  às políticas  ambientais  proactivas  (capital  natural),  existe um  risco  acrescido  de  ocorrerem  interrupções regionais no fornecimento de serviços de ecossistema3 à população, podendo ocorrer declínios severos e irreversíveis no bem‐estar humano.  Palavras‐chave: sociedade interligada; mercados globais; atitude reactiva; cooperação global; protecção do capital social; eventuais surpresas ambientais. 

                                                            3  Serviços  de  ecossistemas:  são  os  benefícios  obtidos  pelas  pessoas  a  partir  dos  ecossistemas.  Estes  incluem  serviços  de abastecimento, por  exemplo, de bens  alimentares  e de  água;  serviços de  regulação,  como  a  regulação de  cheias, da  seca, da degradação da terra e de doenças; serviços de apoio como da formação dos solos e ciclos de nutrientes; e serviços culturais como recreativos, culturais, religiosos e outros benefícios imateriais (in Chapter 1, pp.23). 

   

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Order from Strength Cenário  de  amplitude  regional,  com  ênfase  na  segurança  nacional  e  no  crescimento  económico.  O mundo  torna‐se  progressivamente  fragmentado  e  regionalizado  e  revela  uma  postura  reactiva  em termos ambientais, sob a forma de uma atitude individualista face à gestão dos ecossistemas.  Numa escala de conectividade regional, os governos, o tecido empresarial e os cidadãos viram o foco das suas  atenções  para  dentro,  em  resposta  às  ameaças  dos  vários  processos  que  implicam  cooperação global. De  facto, as nações entendem que olhar para os seus próprios  interesses será a melhor defesa contra a insegurança económica e a escassez de recursos, pelo que revelam uma clara preocupação com uma  segurança nacional  forte, dão prioridade aos mercados  regionais, e à  restrição da  circulação de bens,  informação e pessoas. E com a transferência das atenções dos países para a protecção das suas fronteiras e da  sua população, o mesmo acontece  com as políticas ambientais. Tal  como no anterior cenário,  a  mobilização  para  as  questões  ambientais  torna‐se  secundária  face  a  outros  desafios, traduzindo‐se numa atitude política reactiva, pois acreditam que os ecossistemas são robustos e que o desenvolvimento  e  a  aplicação  de  inovações  tecnológicas  funcionam  como  soluções para  os  desafios ambientais.  O  foco  é  o  de  assegurar  a  disponibilização  de  recursos  ao  indivíduo,  encarados  como decisivos para a sua sobrevivência.  Neste  contexto,  e  sem  uma  activa  e  proactiva  gestão  do  ecossistema,  a  pressão  sobre  o  ambiente aumenta e há um maior risco de grandes perturbações nos ecossistemas. Declínios severos e irreversíveis poderão ocorrer, se não houver particular atenção à gestão dos ecossistemas, e que vá além da questão das reservas de recursos.  Palavras‐chave: mundo  fragmentado;  postura  reactiva;  conectividade  regional;  ameaça  à  segurança nacional; secundarização questões ambientais; disponibilização imediata de recursos; riscos eminentes.  Adapting Mosaic Cenário  “regional”,  com  ênfase  em  centros  de  decisão  local  e  na  governança  flexível.  Mundo fragmentado,  resultante de  instituições  globais  desacreditadas, mas  proactivo  em  termos  em  termos ambientais.  Assiste‐se ao surgimento de tomadas de decisão descentralizadas, sob a forma de estratégias locais de gestão  dos  ecossistemas  e  fortalecimento  das  instituições  locais.  As  políticas  proactivas  de  gestão ambiental  e  os  investimentos  de  capital  humano  e  social  são  direccionados  para  um  melhor conhecimento sobre o funcionamento e gestão dos ecossistemas, resultando na melhor compreensão da resiliência, fragilidade e flexibilidade local dos mesmos. É reconhecido o elevado valor acrescentado dos serviços  de  ecossistema,  subjacentes  à  vida  e  ao  bem‐estar  humano,  bem  como  a  necessidade  de trabalhar com a natureza, em vez de contra ela. Nesta governança regional e local, aumentam as barreiras ao comércio global de bens e serviços, mas as barreiras à  informação  (para aqueles que estão motivados para a usar) quase desaparecem, graças à melhoria das tecnologias de comunicação e à rápida diminuição dos custos de acesso à informação.  Numa gestão regional e proactiva do ecossistema, orientada para a adaptação à mudança, a sociedade torna‐se menos vulnerável a distúrbios nos serviços do ecossistema. No entanto, este foco regional pode diminuir a atenção aos bens globais e exacerbar alguns problemas ambientais. Com efeito, assume‐se como plausível que o enfoque na governança local leve a falhas na gestão dos bens comuns de natureza global, pois com o surgimento de problemas como alterações climáticas, poluição, surpresas ambientais globais e outros, as comunidades apercebem‐se,  lentamente, de que não poderão gerir estas questões localmente.  Face  à  emergência  dos  problemas  globais,  começam  a  desenvolver  redes  entre comunidades, regiões e até nações, para lidar melhor com as questões globais. A reorganização é mais focada em unidades ecológicas, o oposto do anterior tipo de gestão, este baseado em fronteiras políticas que não alinhavam necessariamente com as fronteiras de ecossistemas.  Palavras‐chave: governança  regional  (e  local); proactividade ambiental; estratégias  locais;  surgimento de problemas globais; adaptação à mudança. 

   

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TechnoGarden 

Cenário “global”, com ênfase na tecnologia “verde” (green technology). Mundo interligado a nível global e proactivo em termos ambientais, que confia fortemente na tecnologia e em ecossistemas fortemente geridos com o objectivo de providenciar um amplo conjunto de bens e serviços. Há, inclusivamente, um desenvolvimento entusiástico das  tecnologias ambientais, que  são adoptadas de  forma massiva pelas companhias multinacionais e partilhadas além fronteiras. As  novas  reformas  ou  iniciativas  políticas  beneficiam,  em  muitos  casos,  de  uma  forte  cooperação internacional. Tanto a economia como o ambiente são questões beneficiadas, e existem boas condições para  que  se  encontrem  soluções  para  problemas ambientais  globais  (como  as  alterações  climáticas), numa atitude política proactiva, pois emerge o reconhecimento do valor dos ecossistemas. As inovações tecnológicas e as reformas  institucionais orientadas para o mercado são, de facto, utilizadas para esse fim, através, por exemplo, de desenvolvimentos tecnológicos que reduzem o impacto ambiental dos bens e serviços, da expansão e desenvolvimento de princípios de protecção do ecossistema, como o princípio “poluidor‐pagador” ou outras acções como a preservação de bacias hidrográficas. A sociedade trabalha proactivamente com a natureza. Assume‐se,  assim,  a  gestão  ambiental  como  uma  área‐chave  bem  sucedida,  embora  possa  produzir algumas surpresas ecológicas que poderão afectar muitas pessoas, pois existe uma confiança excessiva em sistemas altamente desenvolvidos e dependentes da engenharia e tecnologia. Falhas ou rupturas dos serviços  tecnológicos  ambientais  poderão  ter  efeitos  de  longo  alcance  com  impactos  elevados,  num mundo altamente interligado entre si.   Palavras‐chave: mundo  interligado;  cooperação  internacional;  proactividade  ambiental;  princípios  de protecção ambiental; confiança tecnológica (excessiva); surpresas ecológicas. 

 

OBSERVAÇÕES:  

‐ Inclui uma lista de projectos de cenários anteriores. 

   

   

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3. NOTAS CONCLUSIVAS  

3.1. A Escolha das Incertezas Cruciais  Da  totalidade dos 23 projectos de  cenarização analisados,  foram  identificadas 58  incertezas cruciais as quais serviram de base para os 85 cenários apresentados de forma sintética neste documento.  

Tendo  presente  que  foram  utilizados  diferentes  métodos  de  cenários  nos  vários  estudos, situação que se traduziu numa grande heterogeneidade ao nível do tipo de incertezas cruciais e  respectiva utilização no processo de  construção dos  cenários,  importa  sublinhar que nem sempre se afigurou fácil a comparabilidade dos trabalhos analisados4. 

Tendo  consciência  destas  limitações  procurámos  retirar  algumas  conclusões  da  análise conjunta  aos  projectos  de  cenários  analisados,  propondo  nomeadamente  uma  análise  que relaciona o tipo de incertezas cruciais com o horizonte temporal dos projectos. 

Uma  análise  aos  projectos  de  cenarização  seleccionados  permite  concluir  que  quanto mais distante  é  o  horizonte  temporal  do  projecto,  mais  difusas  e  menos  precisas  na  sua especificidade  se  tornam  as  incertezas  cruciais,  e,  por  oposição,  quanto mais  próximo  se encontra  o  horizonte  temporal, maior  é  o  nível  de  definição  das  incertezas. Neste  sentido, existe um trade‐off entre o tipo e nível de definição das  incertezas cruciais a seleccionar e o horizonte  temporal  dos  respectivos  projecto  de  cenarização.  Efectivamente,  em  horizontes temporais superiores a 20 anos (por exemplo, em cenários cujo horizonte temporal é definido para além de 2040), torna‐se difícil construir os cenários a partir de incertezas e outras forças de mudança que exijam um elevado nível de pormenor. Por outro  lado, quando o horizonte temporal  é  muito  distante  é  possível  incorporar  tendências  pesadas  e  outras  forças  de mudança  cujo  tempo  de  maturação  e  desenvolvimento  é  naturalmente  mais  longo  e demorado.  Ou  seja,  embora  com  um menor  nível  de  detalhe  ou  definição,  cenários  com horizontes  temporais  mais  longos  permitem  a  incorporação  de  questões  cujos desenvolvimentos  e  impactos  no  foco  estratégico  ultrapassam  em  muito  determinados horizontes temporais mais próximos.  

A Figura 9 apresenta um plano bidimensional que permite relacionar de forma mais detalhada as incertezas cruciais nos diferentes projectos com os respectivos horizontes temporais.  

                                                            4 De entre as  situações que  tornam difícil uma análise comparativa entre os projectos de cenarização analisados  refiram‐se as seguintes:  o  projecto  n.º  2  apresenta  10  incertezas,  não  sendo muito  evidente  quais  as  incertezas  que  foram  utilizadas  para estruturar  a  construção  dos  cenários  (situação  semelhante  ocorre  no  projecto  nº20);  o  projecto  n.º  19  não  autonomiza  nem apresenta  incertezas; o projecto n.º 23 não apresenta  incertezas e/ou  incertezas cruciais mas sim cinco forças motrizes  (driving forces) cuja interacção é o ponto de partida para a posterior construção dos cenários. 

   Colecção de Cenários Globais

 

99 Colecção de Cenários Globais 

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Figura 9: Incertezas Cruciais e Horizontes Temporais 

 

Fonte: DPP. 

2020 2030 2040 2050 2060

Grau e escala de conectividade entre e nas instituições

Mobilização política face à 

gestão ambiental

Mobilização

Eficiência

Justiça e Coesão Social

Segurança

Cooperação internacional

Importância relativa do Estado‐Nação

Nível de cooperação global

Crescimento económico

Solidariedade  multilateral

Inovação tecnológica

Nível Controlo na Alocação de recursos Irá o mundo 

encontrar uma forma de viver de acordo com os princípios da 

sustentabilidade?

Irá a tecnologia assegurar que os 

problemas ambientais sejam resolvidos ou 

continuarão a ser necessárias 

mudanças nos estilos de vida, para lhes fazer face?

Como será a ordem mundial? Será 

dominada por uma globalização assente na liberalização dos 

mercados?

ConectividadeGlobal

Ritmo de Mudança da Sociedade e sua 

“Modas”

Alinhamento político  e económico

Capacidade de adaptação

Governança: a que escala serão tomadas as decisões?

Desenvolvimento económico: irá continuar a globalização económica?

Velocidade da mudança 

tecnológica

Atitudes e preferências em 

relação ao ambiente global

Como vão os principais actores agir perante as alterações ambientais?

Sensibilidade do sistema ambiental face às crescentes concentrações de gases com efeito de 

estufa

Compromisso governamental

Nível de Cooperação / Integração

Construção de redes de TICs/Internet

Progresso tecnológico

Comportamento do utilizador 

(informático)

Incertezas  Cruciais

Cooperação/ Comércio 

Internacional 

Centro das reformas sociais e económicas

Urgência na tomada de 

medidas políticas

Colaboração internacional

Emergência de novos poderes

Abertura social/económica/p

olítica

Acção  organizações 

globais

Disponibilidade de Recursos Ambientais

Reformas institucionais no sector público

CooperaçãoGovernança

Ambiente  Energia

(Geo)Economia

Tecnologia

Legenda:

MobilizaçãoAtitudes

Sociedade/Consumidores

ActoresGeopolítica

   

Colecção de Cenários Globais

  

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A  Figura  9  tem  implícita  uma  agregação  das  incertezas  cruciais  em  torno  de  sete  grupos 

temáticos, os quais deram origem à legenda utilizada para categorizar aquelas incertezas.  

Os  tópicos  seguintes  estruturam  os  sete  temas  e  correspondentes  questões‐chave  que  se 

podem integrar em cada um daqueles: 

a) Ambiente e Energia 

Sustentabilidade ambiental; gestão ambiental, alterações climáticas; 

b) (Geo)economia 

Ritmo  e  amplitude  da  recuperação  económica,  frequentemente  acompanhado  pela 

questão  de  saber  quais  as  regiões  que  poderão  liderar  essa  revolução  económica; 

globalização; 

c) Actores / Geopolítica 

Estados‐Nação vs. Novos actores; centro de reformas sociais, económicas e políticas; 

Emergência de novos poderes; 

d) Cooperação / Governança 

Cooperação;  conectividade  entre  instituições;  abertura  social,  económica  e  política; 

alinhamento político e económico; acção das organizações globais; 

e) Tecnologia  

Ritmo  da  mudança  e  convergência  tecnológica;  evolução  tecnológica  de  natureza 

incremental  ou  disruptiva  permitindo  (ou  não)  uma  mudança  de  paradigma 

tecnoeconómico; 

f) Sociedade /Consumidores 

Ritmo de mudança da sociedade; comportamento e preferência dos consumidores; 

g) Mobilização/ Atitudes 

A adopção de uma atitude proactiva ou reactiva ou a mobilização da sociedade face a 

grandes desafios globais, em particular às grandes questões da sustentabilidade. 

 

Uma  análise  mais  aprofunda  à  figura  acima  apresentada  permite‐nos  retirar  as  seguintes 

conclusões: 

‐  As  incertezas  cruciais  relacionadas  com  questões  ambientais  e  energéticas  tendem  a  ser 

utilizadas em projectos de cenarização com horizontes temporais mais longos; 

‐  As  incertezas  cruciais  ligadas  à  evolução  da  economia  mundial  são  mais  utilizadas  em 

cenários  com  horizontes  temporais mais  próximos.  Importa  sublinhar  que  as  incertezas  de 

natureza mais (geo)económica aparecem frequentemente associadas a outras grandes forças 

de mudança, entre as quais se destaca a globalização e o nível de abertura social e política das 

sociedades; 

   Colecção de Cenários Globais 

  

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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

‐ Uma das incertezas cruciais que mais é utilizada nos estudos de construção de cenários que 

foram  analisados  respeita  ao  nível  e  amplitude  da  cooperação  internacional,  surgindo  em 

alguns  trabalhos  relacionada  com  os  temas  da  governança  e  da  conectividade  global.  Esta 

incerteza  é  trabalhada  em  cenários  com  horizontes  temporais muito  distintos  e  com  focos 

estratégicos igualmente diversos; 

‐ A questão da mobilização e atitude  (proactividade versus  reactividade) da  sociedade e das 

instituições nacionais e  internacionais perante os grandes desafios globais, em particular os 

que se relacionam com a sustentabilidade e questões ambientais, encontra‐se presente num 

número significativo de  incertezas cruciais. Estas  incertezas cruciais que trabalham o nível de 

mobilização da sociedade, e que em muitos casos são colocadas de  forma genérica e pouco 

detalhada, estão muito presentes em cenários com horizontes temporais mais longos (2050 ou 

mais).  Por  outro  lado,  observa‐se  que  incertezas  cruciais mais  centradas  na  capacidade  de 

adaptação  e  na  rapidez  da mudança  societal  estão  associadas  a  horizontes  temporais mais 

curtos (2025‐2030); 

‐  As  incertezas  tecnológicas  surgem  em  vários  dos  projectos  de  cenarização  analisados, 

embora apresentem diferenças  importantes na forma como são formalizadas. Mais uma vez, 

quando  a  tecnologia  está  associada  à  capacidade  de  resolver  determinados  problemas 

ambientais, o horizonte temporal tende a ser mais distante. 

 

3.2. Focos Estratégicos e Horizontes Temporais 

 

A definição do  foco estratégico é uma decisão  fundamental num processo de construção de 

cenários. De facto, o foco estratégico ou a questão central do exercício de cenarização permite 

ancorar  todo o processo de  scanning de  informação, permite distinguir o que é  relevante e 

irrelevante e é um elemento determinante para a selecção de incertezas cruciais. Neste ponto 

faz‐se uma breve referência à ligação que tende a existir entre o foco estratégico dos projectos 

de cenarização analisados e os respectivos horizontes temporais definidos. 

A  figura  seguinte  (Figura  10)  permite  posicionar  os  focos  estratégicos  dos  exercícios  de 

cenarização face aos respectivos horizontes temporais. 

 

 

 

 

 

  

  

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   Colecção de Cenários Globais 

  

103 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

1) “Old order vs. New order” 

Um dos temas recorrentes ou arquétipos de vários projectos de cenarização analisados é a 

noção de que o nível de contrastação dos cenários irá resultar da emergência e afirmação 

(ou não) de uma nova ordem mundial, de um novo paradigma tecnológico, económico e 

político.  Esta  ideia  de  continuidade  versus  ruptura,  “Old  Order”  versus  New  Order”, 

reflecte‐se na opção de construir e descrever cenários do tipo “Business as Usual” ou “Sem 

Surpresas”,  contra  o  qual  se  derivam  futuros  alternativos,  cujas  linhas  de  força  podem 

estar ancoradas na geopolítica, na tecnologia na sociedade, no ambiente ou em questões 

societais. 

 

 

2) Integração e Abertura vs. Fragmentação e Isolamento (Geopolítico e Geoeconómico) 

Este é um dos elementos de descrição de maior transversalidade nos cenários, sendo um 

dos  temas  em  torno  do  qual  um  número  significativo  de  incertezas  cruciais  são 

seleccionadas e construídas. 

Ao  abordar  qual  o  alinhamento  político  e  económico mundial  pretende‐se  sublinhar  a 

integração  e  tipo  de  relacionamento  de  e  entre  países,  blocos,  regiões,  actores.  Num 

mundo assumidamente globalizado, a descrição dos cenários varia entre uma orientação 

para  a  cooperação  e  integração,  através  de  alianças  internacionais  que  potenciam 

interesses globais, ou para uma  lógica de fragmentação, através de estratégias  locais que 

visam privilegiar interesses privados. 

A  cooperação  internacional  tende  a  estar  associada  à  identificação  e  exploração  de 

oportunidades  de  mudanças  de  maior  amplitude,  sendo  que  algumas  das  prioridades 

globais  poderão  até  ter  origem  em  interesses  privados.  Por  outro  lado,  os  interesses 

nacionais tornam‐se prioritários quando as reformas sugeridas a nível global falham.  

 

 

3) Proteccionismo vs. liberalização dos mercados 

Frequentemente  implícito  num  alinhamento  político  e  económico  de maior  ou menor 

cooperação e  integração, está o  isolamento ou a abertura dos mercados e de que forma 

poderá evoluir a uma escala global a  liberdade de  circulação de capitais, bens,  serviços, 

pessoas e informação. Efectivamente, é característica habitualmente comum na descrição 

dos cenários a menção às dinâmicas de mercado no fenómeno de globalização: um maior 

proteccionismo, a par de um acréscimo capitalismo estatal e concorrência entre os blocos 

(associado  geralmente  a  situações  de  fragmentação  geoeconómica  e  geopolítica),  por 

oposição a uma maior liberalização. 

 

   

Colecção de Cenários Globais

  

 104

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

4) Novos Actores vs. Actores Tradicionais 

A  tipologia,  papel  e  dinâmica  dos  actores  são  questões  que  assumem  uma  grande 

importância  em  vários  exercícios  de  cenarização  analisados. De  facto,  existem  cenários 

que se distinguem claramente pela forma como são trabalhados os actores. Inclui‐se aqui a 

evolução, o poder e o dinamismo do Estados‐Nação face a outros tipo de actores (ONGs, 

EMNs, redes, etc.) ou o jogo político e económico entre actores regionais e supranacionais, 

etc. 

Quer  em  casos  de maior  cooperação  ou maior  fragmentação,  a  repartição  de  poderes 

tende a  variar entre uma  combinação da acção governamental  com outras de  iniciativa 

privada,  ou  maior  influência  das  redes  não  estatais  em  contraponto  à  acção 

governamental ( ou vice‐versa).  

A mobilização  de  outros  actores  (locais,  empresas,  ONGs,  redes,  etc)  é mais  evidente 

quando o Estado‐Nação se  revela  incapaz. Por outro  lado, quando a acção destes novos 

actores  é  combinada  com  o  poder  governamental,  poder‐se‐á  falar  de  uma  espécie  de 

“Fórum Global”. 

 

5) O Poder – Geopolítica e Geoeconomia 

Enquanto  marca  de  água  da  grande  maioria  dos  cenários  analisados,  destaca‐se  a 

identificação de quem detém o poder, onde o mesmo  tenderá a  localizar‐se em  termos 

globais e regionais, qual a sua dinâmica e que desequilíbrios o mesmo tende a gerar. 

Da  leitura  dos  diferentes  projectos  conclui‐se  que  existe  uma  pluralidade  de  respostas 

quanto a “quem detém o poder”: termos como “poder centralizado”, “ausência de  líder” 

e, tal como anteriormente mencionado, “Estado‐Nação e/ou ‘novos actores’ ”, são os mais 

apontados. Num mundo mais ou menos permeável à globalização, tem‐se igualmente em 

conta o fenómeno da dispersão do poder e da autoridade, na medida em que as fronteiras 

físicas não são necessariamente sinónimo de “fronteiras do poder”. 

Nesse  sentido,  à  questão  “onde  se  situa  o  poder”  sobressaem  termos  como 

“multipolaridade”,  “hegemonia  Ocidental”  ou  “potências  emergentes”.  De  facto  é 

sublinhado o papel e  influência das novas potências emergentes,  independentemente do 

seu  futuro poder passar pela afirmação ou pelo declínio. Com maior destaque surgem a 

China e a  Índia, embora não seja consensual, nos vários projectos, se chegarão sequer a 

ser líderes mundiais, em que domínios e quando. É uma ideia volátil, na medida em que é 

apenas  em  alguns  cenários  que  se  destaca  a  premissa  de  que  terão mais  poder  e  até 

hegemonia  em  alguns  campos  (por  exemplo  no  económico).  Em  oposição,  é  mais 

frequente a  assunção de que o ocidente mantém de  forma  vincada a  sua hegemonia e 

influência  global,  embora  sejam  recorrentes  as  crises  e  eventuais  retrocessos  na  sua 

liderança. 

   Colecção de Cenários Globais 

  

105 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Um dos traços mais marcantes dos vários cenários é a afirmação de que o crescimento e 

prosperidade económica  indicam onde e quem detém o poder, permitindo ditar a regras 

globais. Parece consensual a  ideia de que quem detém o poder  será quem  for capaz de 

exercer maior  influência  no  comércio  e  nos mercados,  no  controlo  de  áreas‐chave  na 

tecnologia e inovação, e quem revelar melhores aptidões na gestão de recursos naturais e 

tecnológicos. 

 

 

6) Tecnologia 

Em muitos dos cenários, a tecnologia assume uma grande relevância, sendo trabalhada a 

diferentes  níveis,  entre  os  quais  se  destaca  a  rapidez  da mudança  e  a  intensidade  do 

processo de convergência tecnológica. Em função da configuração das  incertezas cruciais 

tecnológicas, os  cenários  tendem a  variar em  termos de  rapidez de mudança, potencial 

disruptivo de novos paradigmas  tecno‐económicos, e actores que poderão  liderar novas 

vagas tecnológicas.  

Refira‐se ainda que a  tecnologia  se encontra em  vários exercícios de  cenarização  ligada 

com as questões da sustentabilidade ambiental. Neste aspecto, existe uma clivagem clara 

entre cenários onde a tecnologia é encarada como algo que poderá resolver ou ultrapassar 

alguns  dos  principais  desafios  ambientais,  em  contraponto  com  futuros  possíveis  onde 

aqueles  problemas  apenas  serão  possíveis  de  resolver  com  mudanças  de  atitude  e 

comportamento por parte da  sociedade  (nestes  casos a  tecnologia por  si  só nunca  será 

suficiente). 

Existem projectos de cenarização onde a diferenciação entre os cenários é feita na forma 

como  é  colocada  ênfase  na  sustentabilidade  ou,  alternativamente,  o  futuro  está mais 

ancorado na tecnologia e na inovação, ou ainda numa lógica de crescimento económico. 

A  inovação  tecnológica  é  tida  como  valioso  recurso,  garante  de  crescimento  e 

sustentabilidade e  sinónimo de  conhecimento e de poder, que poderá unir ou acentuar 

rivalidades,  consoante  se  viva  num  ambiente  de  unidade  e  cooperação,  ou  num  de 

fragmentação assente em estratégias locais. 

Por um  lado, poderá  funcionar como catalisador da globalização, através do  reforço das 

comunicações digitais e seu papel na expansão de redes globais. E é neste contexto que 

emerge um conceito e um desafio comum a vários projectos de cenarização e que assume 

uma relevância particular com a difusão generalizada das tecnologias digitais e da Internet: 

a  “cibersegurança”.  Em  contraponto, num mundo mais proteccionista,  a  importância, o 

peso e a difusão tecnológica tendem a ser mais reduzidos e limitados. 

 

 

   

Colecção de Cenários Globais

  

 106

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

7) Alterações Climáticas 

É notória, no conjunto dos 85 cenários, a atenção dedicada às preocupações ambientais e 

à  questão  da  sustentabilidade,  mesmo  em  cenários  cujo  foco  estratégico  não  é 

necessariamente o ambiental. Com efeito, procurar determinar se o mundo será mais ou 

menos  resiliente  às  alterações  climáticas,  bem  como  uma  abordagem  às  diferentes 

posturas  (de  combate ou de apatia)  face a esta problemática,  são questões centrais em 

alguns  dos  projectos  analisados.  Refira‐se  que  algumas  das  incertezas  cruciais  são 

inclusivamente seleccionadas e construídas em torno destas temáticas. 

Num  mundo  dividido  e  fragmentado  existem  maiores  dificuldades  em  lidar  com  os 

problemas ambientais, visto que os blocos e/ou regiões e/ou países visam, numa óptica de 

oportunismo,  fazer  valer  os  seus  próprios  interesses  energéticos  mesmo  que  isso 

signifique sacrificar a protecção ambiental de âmbito global. 

Contrariamente, uma lógica de cooperação global procura integrar este desafio enquanto 

prioridade  global,  adquirindo  até  um  carácter  “altruísta”,  através  do  investimento  em 

novas energias renováveis e na protecção dos recursos. Mitigar os efeitos das alterações 

climáticas  revela‐se  condição determinante para o progresso  e  sucesso.  É neste  âmbito 

que,  tal  como  atrás mencionado,  as  inovações  e  os  recursos  tecnológicos  se  poderão 

afirmar um valioso contributo.  

 

 

8) Energia e recursos 

A  posse  e  gestão  de  recursos  naturais,  a  par  da  segurança  energética,  são  questões 

utilizadas  em  vários  dos  projectos  de  cenarização  como  determinantes  para  a 

prosperidade e crescimento económico. 

A  tendência  é  que  exista  (ou  venha  eventualmente  a  existir)  maior  concentração  de 

recursos quando há maior proteccionismo, na medida em que existem mais estruturas de 

regulação  e  de  controlo  sobre  estes.  Tal  não  significa,  porém,  que  em  cenários  de 

liberalização dos mercados e integração política, a segurança energética não seja garantida 

através de outros mecanismos, com destaque para a capacidade da inovação tecnológica, 

de forma a garantir as necessidades energéticas emergentes. 

A pressão sobre os recursos dependerá, adicionalmente, não só das exigências e desafios 

globais,  como  também  do  combate,  numa  atitude mais  ou menos  urgente  e  eficaz,  às 

alterações  climáticas.  Os  problemas  ambientais,  por  seu  turno,  serão  directamente 

influenciados  pela  atitude  adoptada  no  âmbito  da  utilização  energética  e  de  recursos, 

estando, portanto, ambas as problemáticas relacionadas entre si numa espécie de “círculo 

vicioso”.  

 

   Colecção de Cenários Globais 

  

107 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

9) Proactividade vs. Reactividade face a Desafios Globais 

A mobilização e a atitude da sociedade – distinguindo a proactividade da reactividade ‐ é 

um  dos  temas  centrais,  em  torno  do  qual  alguns  projectos  diferenciam  os  cenários 

construídos. 

Não  se  poderá  falar  de  inovação  tecnológica  ou  gestão  eficaz  dos  recursos  naturais  e 

energéticos, nem em combate às alterações climáticas ou prosperidade económica, sem se 

abordar a questão da proactividade e reactividade face a grandes desafios emergentes. A 

noção de proactividade está também articulada em muitos casos com um pensamento de 

longo  prazo.  Com  efeito,  em  vários  cenários  construídos,  é  referida  a  necessidade  de 

encarar os problemas do presente através de uma “visão longa” (centrada no longo prazo). 

Uma postura reactiva acarreta geralmente ir atrás dos problemas de forma desorganizada 

e  sem uma visão de  longo prazo  (vd. Cenário “Scramble” da Shell – projecto n.º 2), por 

oposição a uma maior  capacidade de  antecipação e proactividade  face a esses mesmos 

problemas e desafios (vd. Cenário “Blueprint” da Shell, do mesmo projecto). Refira‐se que 

a tecnologia tende a assumir um papel importante na forma como as sociedades assumem 

uma posição mais ou menos proactiva ou reactiva, havendo projectos de cenarização em 

que  o  pressuposto  de  que  a  mudança  e  inovação  tecnológicas  podem  resolver  os 

problemas  ligados  com  o  ambiente,  alterações  climáticas  e  utilização  de  recursos  pode 

conduzir  a  uma  sociedade mais  reactiva  no  que  respeita  à  atitudes  e  comportamentos 

individuais e colectivos. 

É  assumido  em  vários  cenários  que  uma  postura  “top‐down”  ou  “bottom‐up” mais  ou 

menos proactiva  condicionará a  forma  como actuais problemas globais poderão  colocar 

em causa gerações futuras. 

 

10) Mundo desenvolvido vs. mundo em desenvolvimento 

Embora  as  questões  ligadas  com  a  emergência  de  grandes  economias  e  consequentes 

alterações nos equilíbrios geoeconómicos e geopolíticos sejam um dos temas centrais em 

muitos  dos  projectos  de  cenarização  identificados,  importa  sublinhar  igualmente  a 

importância  que  assumem  questões  como  o  fosso  entre  os  países  desenvolvidos  e  em 

desenvolvimento,  a  resolução  das  assimetrias  globais  e  regionais  e  os  problemas  de 

redistribuição da riqueza.  

A  globalização,  sob  a  forma de  cooperação  e  integração, nem  sempre  significa  avanços 

iguais entre os países e regiões e, em alguns cenários, apenas  tardiamente os países em 

desenvolvimento  seguem  os  (bons)  exemplos  dos  países  desenvolvidos.  Em  vários 

projectos,  a menor  integração  económica  e  a  entrega  de maiores  responsabilidades  ao 

sector privado podem conduzir a uma maior desigualdade entre “o mundo desenvolvido” 

e os países em desenvolvimento. A nível ambiental, quando concretizável, a mitigação de 

gases  com  efeitos  de  estufa  pode  aumentar  os  preços  e  as  assimetrias  entre  ricos  e 

pobres. 

   

Colecção de Cenários Globais

  

 108

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

11) Fontes de conflitos Nem  todos  os  projectos  apresentam  cenários  positivos  ou  optimistas,  sendo  possível 

identificar  os  pontos  de  confronto  mais  frequentes,  por  norma  relacionados  com  a 

geopolítica e geoeconomia do poder.  

Assim,  destacam‐se:  a  delimitação  das  fronteiras  de  comércio;  as  acções  visando  a 

obtenção  de  um  maior  crescimento  económico,  influência  e  poder,  e  que  implicam 

geralmente menores preocupações com a sustentabilidade ambiental; a disputa e gestão 

por recursos energéticos, em certos casos mais  intensa por parte das grandes economias 

emergentes;  o  duelo  entre  os  interesses  particulares/individuais  e  os  interesses 

públicos/comunitários/globais.  

Quando há vontade, capacidade e meios para o  fazer, a  resolução dos conflitos  tende a 

passar por maior regulação governamental, numa abordagem do tipo “top‐down”, ou, em 

alternativa  por  uma  maior  aposta  na  (re)organização  de  comunidades  locais  que 

apresentam estratégias próprias e de acção imediata (“bottom‐up”). 

 

12) Comportamento dos Actores: Individualismo vs. Bem Comum 

As atitudes  individuais variam consoante o contexto em que se  insere o  indivíduo, o qual 

pode  ser marcado  por  um  cariz  reactivo  ou  proactivo,  pela  possibilidade  das  causas  se 

assumirem como globais e comuns ou se houver um predomínio de objectivos individuais. 

Uma  das  linhas  temáticas  exploradas  pelos  projectos  de  cenarização  analisados,  e  pela 

qual se poderá analisar o comportamento individual, é através dos padrões de consumo e 

atitudes dos cidadãos enquanto consumidores, pois estes acabam por ser um reflexo dos 

incentivos  e  estímulos  gerados  pelo  contexto  político,  económico,  social,  ambiental,  e 

tecnológico em que se inserem. 

Em alguns dos cenários, nomeadamente aqueles onde existe uma atitude mais proactiva 

por parte da sociedade, os consumidores preferem que a eficiência económica passe para 

segundo plano caso  isso signifique uma diminuição das desigualdades sociais. Preferem a 

“economia do bem‐estar”, caracterizada por um consumo mais “lento e sustentável”, em 

oposição ao crescimento económico conduzido pelo consumo desmesurado e exacerbação 

das necessidades  individualistas.  Trata‐se de um  consumidor  consciente, que  aposta na 

partilha e reflecte sobre a existência dos recursos e no nível de conflitualidade associado à 

sua  obtenção. Quanto maior  a  consciencialização  ambiental, maiores  as  diferenças  nos 

estilos de vida adoptados.  

Em contraste, num contexto de reactividade, as soluções tecnológicas são encaradas como 

a solução para a manutenção de padrões de consumo acelerados, tendencialmente mais 

prejudiciais ao ambiente e gestão sustentável dos recursos. 

 

   Colecção de Cenários Globais 

  

109 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

3.4. Cenários Positivos e Cenários Preferidos 

Os  cenários  são  ferramentas  de  apoio  à  reflexão  estratégica  e  à  tomada  de  decisões  em 

contextos de incerteza. Neste sentido, mais importante do que apresentar cenários positivos e 

negativos, ou cenários “bons” e “maus”, uma das ambições dos cenários é a de serem capazes 

de  confrontar  o  utilizador  ou  decisor  com  futuros  possíveis  que  sejam  qualitativamente 

diferentes  e  que  estimulem  a  reflexão  e  capacidade  de  identificar  desafios,  explorar 

oportunidades e definir implicações e opções estratégicas. 

Tendo em  conta que nesta  colectânea de projectos existem,  certamente,  cenários que  têm 

implícitos futuros mais positivos e outros mais negativos, constatou‐se que as linhas gerais de 

análise dos vários cenários mais optimistas são geralmente semelhantes entre si.  

As  características  comuns  e  frequentemente  partilhadas  nos  cenários  mais  optimistas 

consistem nos seguintes pontos:  

• Cooperação internacional alargada, nomeadamente nas regras de mercado e no comércio, 

no  combate  às  alterações  climáticas,  na  redução  de  disparidades  sociais,  numa  gestão 

sustentável da energia; 

• Integração  e  globalização  política,  através  da  acção  concertada  entre  os  governos 

nacionais  e  outros  actores,  alianças  entre  corporações,  ONGs  e  comunidades, 

convergência entre países (UE, ONU, …); 

• Economia estável e/ou em crescimento a par de reformas eficazes nos diferentes sistemas 

sociais; 

• Prioridade  global  para  a  sustentabilidade  ambiental,  através  de  um  crescimento 

económico  sustentável,  frequentemente associado à  capacidade de  se  chegar a acordos 

climáticos globais; 

• Aceitação de menor eficiência económica no caso de isso significar maior igualdade social; 

• Partilha de experiências e iniciativas de integração económica, política e social. 

 

Em sentido  inverso, os cenários com cariz mais negativo tendem a ser construídos com base 

numa combinação selectiva das configurações opostas associadas aos temas acima referidos. 

Tal como não se devem construir de  forma “premeditada” cenários positivos em oposição a 

cenários  negativos,  também  não  é  vantajoso  que  quem  desenvolve  cenários  assuma  uma 

preferência explícita sobre determinado(s) cenário(s). 

Dos projectos de  cenarização  analisados,  são  raros os  casos onde  as  entidades  autoras dos 

projectos assumem uma preferência clara por determinado cenário, seja ele mais ou menos 

optimista, embora a esta catalogação de “positivo” ou “negativo” esteja sempre implícita uma 

interpretação subjectiva do leitor face ao(s) cenário(s) e ao(s) projecto(s). 

A excepção  acontece no  caso do projecto n.º 2, da  Shell, que  revela uma  clara e  assumida 

preferência pelo Cenário “Blueprints”, que combina algumas das características anteriormente 

descritas como “típicas” de um cenário positivo. 

   Colecção de Cenários Globais 

  

 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 

 

 

 

 

 ANEXO 1: 

OS 42 PROJECTOS INTERNACIONAIS DE CENARIZAÇÃO 

IDENTIFICADOS  

 

 

 

 

 

 

 

 

   

   Colecção de Cenários Globais 

  

113 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

42 PROJECTOS INTERNACIONAIS DE CENÁRIOS 

Nº  País  Organização  Título Horizonte Temporal

Foco  Âmbito Data de 

Publicação 

1  Finlândia Finnish Business and Policy Forum EVA 

EVA’s Global Scenarios ‐ Playing Fields of the Future (2020) 

2020  Global  Global  2009 

2 Empresa 

multinacional, sede na Holanda

Royal Dutch Shell plc  Shell Energy Scenarios to 2050  2050  Energia  Global  2008 

3 Empresa 

multinacional, sede na Holanda

Royal Dutch Shell plc Shell Global Scenarios to 2025 ‐ The future business environment: trends, trade‐offs and choices 

2025  Global  Global  2005 

4  Holanda CPB ‐ Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis 

Quantifying Four Futures for Europe  2040  Economia  Global  2003 

5  Holanda CPB ‐ Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis 

Post‐2012 Climate Policy Scenarios  2020  Ambiente Regional / Nacional 

2007 

6 Estados Unidos da América 

US National Intelligence Council 

Global Trends to 2025: A Transformed World  2025  Global  Global  2008 

7 Estados Unidos da América 

US National Intelligence Council 

Global Scenarios to 2025  2025  Global  Global  2008 

8  Reino Unido  Outsights  The Future of the Global Economy to 2030  2030  Economia  Global  2009 

9  Reino Unido Outsights e Ipsos MORI para o Foresight Horizon Scanning Centre 

Scenarios for the Future International Environment 2010‐2020 

2020  Ambiente  Global  2008 

10  Reino Unido  Natural England England’s natural environment in 2060 – issues, implications and scenarios 

2060 Território e Ambiente 

Nacional  2009 

11  Reino Unido Forum for the Future & Levi Strauss & Co 

Fashion Futures 2025 – Global Scenarios for a Sustainable Fashion Industry 

2025  Moda/Vestuário  Global  2010 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

 114

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

12 Estados Unidos da América 

Global Business Network (GBN) & The Rockefeller Foundation 

Scenarios for the Future of Technology and international Development 

2030  Tecnologia  Regional  2010 

13  Reino Unido 

Foresight Horizon Scanning Centre para a UK Government's Trade Policy Unit 

World Trade: Possible Futures  2020 Comércio 

Internacional Global  2009 

14  Europa  European Environment AgencyPRELUDE Scenarios (PRospective Environmental analysis of Land Use Development in Europe) 

2035 Território e Ambiente 

Regional  2007 

15  Internacional  World Water Council World Water Vision – Three Global Water Scenarios (2025) 

2025  Água  Global  2000 

16  Internacional International Energy Agency ‐ OECD 

Energy to 2050 – Scenarios for a Sustainable Future 

2050  Ambiente  Global  2003 

17  Internacional United Nations Environment Programme (UNEP) – GEO 4 – Global Environment Outlook 

The Outlook ‐ Towards 2015 and Beyond  2050  Ambiente  Global  2007 

18 

Empresa multinacional, 

sede na Alemanha 

Siemens – Pictures of the Future 

Horizons 2020 – A Glimpse of Things to Come  2020  Tecnologia  Regional  2004 

19  Reino Unido Forum for the Future & Hewlett Packard Labs 

Climate Futures – Responses to climate change in 2030 

2030  Ambiente  Global  2008 

20  Internacional  World Energy Council Deciding the Future: Energy Policy Scenarios to 2050 

2050  Energia  Global  2007 

21 Estados Unidos da América 

Global Business Network (GBN) & Cisco 

The Evolving Internet: Driving Forces, Uncertainties, and Four Scenarios to 2025 

2025  Tecnologia  Global  2010 

22  Europa  European Patent Office  Scenarios for the Future (2025)  2025 Propriedade Industrial 

Global  2007 

23  Internacional Millennium Ecosystem Assessment 

Ecosystems and Human Well‐being: Scenarios (2050) 

2050  Ambiente  Global  2005 

   

   Colecção de Cenários Globais 

  

115 

DEPARTAMENTO DEPROSPECTIVA E PLANEAMENTO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

19 PROJECTOS ADICIONAIS NÃO INCLUÍDOS NA ANÁLISE COMPARATIVA 

24 Estados Unidos da América / Holanda 

Global Business Network (GBN) & Netherlands Organization for Development (SNV) 

Future Models of Economic Development in Central America – Scenarios and Implications  

2030 Economia; 

DesenvolvimentoRegional  2009 

25  Reino Unido Foresight Horizon Scanning Centre 

Intelligent Infrastructure Futures – The Scenarios Towards 2055 

2055  Transportes  Nacional  2006 

26  Internacional United Nations IPCC – Intragovernmental Panel on Climate Change 

Special Report on Emissions Scenarios  2100  Ambiente  Global  2000 

27  Reino Unido Foresight Horizon Scanning Centre 

Powering our Lives: Sustainable Energy Management and the Built Environment 

2050 Energia e 

ordenamento do território 

Nacional  2008 

28  Reino Unido Office of Gas and Electricity Markets (UK) 

Energy Market Scenarios  2020  Energia  Nacional  2009 

29  Europa  Comissão Europeia TRANSvisions (Report on Transport Scenarios with a 20 and 40 Year Horizon) 

2050  Transportes  Regional  2009 

30  Reino Unido Forum for the Future & National Health Service (NHS) Sustainable Development Unit 

Fit for the Future – Scenarios for low‐carbon healthcare 2030 

2030  Saúde  Nacional  2009 

31  Reino Unido 

Forum for the Future & TUI Travel PLC & Thomas Cook & British Airways & Carnival UK Group & The Co‐operative Travel & The Travel Foundation & Sunvil Holidays & Advantage Travel Centres & ABTA 

Tourism 2023 – Four scenarios, a vision and a strategy for UK outbound travel and tourism 

2023  Turismo  Nacional  2009 

32  Reino Unido 

Foresight Horizon Scanning Centre para o Department of Innovation, Universities and Skills 

UK Futures: Society & Economy 2030  2030 Sociedade e Economia 

Nacional  2008 

   

Colecção de Cenários Globais 

  

 116

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

33  Internacional World Business Council for Sustainable Development 

WBCSD Global Scenarios 2000‐2050: Exploring sustainable development 

2050  Global  Global  1997 

34  Internacional  Millennium Project  Global Exploratory Scenarios ‐ 2025  2025  Global  Global  1997 

35  França 

Institut National de la Recherche Agronomique (INRA) & Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (CIRAD) 

Agrimonde ® ‐ Scenarios and Challenges for Feeding the World in 2050 

2050 Alimentação e Agricultura 

Global  2009 

36  Estados Unidos US National Intelligence Council 

Mapping the Global Future  2020  Global  Global  2004 

37  Reino Unido Foresight Horizon Scanning Centre  

Tackling Obesities: Future Choices – Visualizing the Future: Scenarios to 2050 

2050 Saúde e 

Obesidade Nacional  2007 

38  Reino Unido Department of Trade and Industry (UK) 

Foresight Futures 2020  2010‐2030  Global  Nacional  2002 

39  Reino Unido  The Oxford Scenarios   Beyond the Financial Crisis (2020)  2020  Global  Global  2009 

40  Reino Unido  Building Futures  Growing by Degrees – Universities in the Future of Urban Development (2030) 

2030  Educação  Nacional  2009 

41  Internacional  McKinsey & Company  New Economic Scenarios for 2010: The Global Economy Has Stabilized – Is a Return to Growth Assured? 

2010  Economia  Global  2009 

42  Internacional Global Business Network (GBN)  

Global Financial Crisis: Four Scenarios  2013‐2015  Economia  Global  2008