secretaria de estado da educaÇÃo ......um dos principais problemas das escolas é a dificuldade...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO
UNIOESTE – CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
EM BUSCA DO CONHECIMENTO SOBRE O LUGAR DE VIVÊNCIA O MUNICÍPIO DE BARRACÃO - PR
PROFESSORA PDE/2010: MARILEY HAEFLIGER REINERI
ORIENTADORA: MAFALDA NESI FRANCISCHETT
BARRACÃO/PR
2012
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EM BUSCA DO CONHECIMENTO SOBRE O LUGAR DE VIVÊNCIA O MUNICÍPIO DE BARRACÃO - PR
Mariley Haefliger Reineri1
Mafalda Nesi Francischett
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RESUMO: Este texto é resultado de pesquisa no Programa PDE/2010 que
trata sobre o lugar enquanto espaço de vivência, tema sugerido pelos professores de Geografia do Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas – EFM, do município de Barracão – PR, com o objetivo de suprir a falta de material didático para trabalhar os conteúdos voltados para o ensino do lugar. Para tanto, buscamos bases teóricas capazes de nortear a prática pedagógica do professor. Utilizamo-nos da metodologia de pesquisa qualitativa, com busca e apresentação de dados, posteriormente organizados em textos, tabelas, quadros, gráficos e sugestões de atividades. Estas, depois de avaliadas pelos professores originaram um caderno pedagógico, para ser utilizado em sala de aula como material de apoio. O caderno foi submetido à análise dos professores de Geografia que contribuíram com sugestões. Os resultados dessa análise demonstraram que o material didático pedagógico vai contribuir enriquecendo a prática pedagógica.
PALAVRAS-CHAVE: Lugar de vivência; Material didático.
1 – INTRODUÇÃO
Sabemos que nas séries iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano),
os alunos têm uma relação afetiva bastante significativa com a família, com a
1 Professora de Geografia da Rede Pública de Ensino. Graduada em Geogradia pela FACIBEL –
Faculdade de Ciências Humanas de Francisco Beltrão/PR; Especialista em Ciências Sociais:
História e Geografia do Brasil pela Faculdade de Ciências e Letras de Araras/SP; Especialista em
Metodologias Inovadoras Aplicadas à Educação pela FACINTER – Faculdade Internacional de
Curitiba/PR.
2 Graduada em Geografia, Mestre em Educação, Doutora em Geografia, Pós-doutora em
Geografia.
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escola e com o lugar. Esses laços são fundamentais para o desenvolvimento
da criança no processo ensino e aprendizagem.
Nesta fase, é importante desenvolver capacidades que permitam ao
educando entender a sua realidade além, de compreender a cidadania como
produto de história vivida pelos grupos sociais. Sendo necessário não perder
de vista um ambiente socializador, o professor precisa ter claro que todo
educando é um ser único, com diversos saberes, culturas e ideais a serem
conquistados.
Na escola estamos continuamente refletindo o seu papel e revendo os
procedimentos didáticos pedagógicos, objetivos com o ensino e aprendizagem,
currículo e valores. Procuramos, como professores, na organização do ensino,
respeitar as características e as necessidades do educando sujeito, com o
propósito de melhorar a qualidade da aprendizagem, possibilitando, a
interação, a vivência de novas experiências, favorecendo o diálogo, a
discussão, o questionamento, a troca de saberes, fornecendo informações
pedagógicas intencionadas e direcionadas à construção do conhecimento.
A escola é um espaço de transformação, nela trabalhamos os
conhecimentos sociais e culturais de maneira crítica e interdisciplinar.
Buscamos, enquanto professores, uma relação entre as áreas do
conhecimento, num trabalho amplo que ultrapassaa memorização de
conteúdos. Para isso, o ensino é permeado de atividades práticas que incitam
a curiosidade, a descoberta, possibilitando este fazer novas experiências.
Quando o educando passa a frequentar as séries finais do Ensino
Fundamental (6º ao 9º ano) acontece muitas mudanças: vários professores,
inúmeras disciplinas e os conteúdos nem sempre estão articulados entre si ou
com os das demais disciplinas.
É uma fase em que os alunos começam a integrar-se com espaços e
acontecimentos distantes de seu entorno, através dos conteúdos escolares e
dos meios de comunicação que, muitas vezes, desvalorizam a real
necessidade de considerar o contexto no qual o educando se insere. Não se
trata apenas do domínio de conteúdos, mas também de uma formação
baseada em valores humanísticos que traduzam atitudes do bem viver em
comunidade.
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Com a preocupação de discutir a questão da valorização do lugar de
vivência, o município, e ao mesmo tempo lidar com o que é novo, num
autêntico processo de transformação e de conhecimento que idealizamos esta
proposta de pesquisa, concretizada neste artigo.
Um dos principais problemas das escolas é a dificuldade para trabalhar
os conteúdos relevantes ao lugar. É comum o professor estudar a partir de
outros espaços, raramente citando exemplos do lugar, do entorno do aluno.
Como resultado, temos alunos que não conhecem a sua realidade.
Sem desconsiderar o conhecimento prévio que o educando traz de seu
cotidiano e, dos adquiridos nas séries iniciais, suas vivências devem sempre
ser consideradas. Entendemos que os conteúdos pertinentes ao lugar devem
ser retomados e aprofundados em todas as séries, para que os alunos sejam
conhecedores críticos desta realidade e possam atuar positivamente na
transformação da mesma.
A implementação deste projeto ocorreu no Colégio Estadual Dr. Mário
Augusto Teixeira de Freitas – EFM (no município de Barracão-PR). Os
questionamentos aos professores indicaram as dificuldades e possibilidades
para trabalhar os conteúdos sobre o município. Efetivamos levantamento de
materiais didático-pedagógicos existentes na Secretaria Municipal de
Educação, nas escolas municipais e demais secretarias, objetivando coletar
dados referentes ao município de Barracão.
O material recolhido foi organizado e deu origem a um caderno
pedagógico, que passou pela análise dos professores de Geografia, do referido
Colégio. Posteriormente, com os devidos ajustes, foi reavaliado e
disponibilizado para a prática pedagógica dos professores de Geografia da
rede estadual do município de Barracão-PR.
2 – O lugar de vivência
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs) de Geografia do
ano de 1996 do Estado do Paraná descrevem a trajetória histórica desta
disciplina no Brasil, enfatizando que após a Segunda Guerra Mundial,
ocorreram mudanças significativas no pensamento geográfico, tanto nas
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reformulações teóricas quanto no desenvolvimento de novas abordagens para
os campos de estudos desta disciplina, contrapondo-se ao pensamento
geográfico tradicional, de caráter decorativo, focado na descrição do espaço,
na formação e no fortalecimento do nacionalismo, com um papel significativo
na consolidação do Estado Nacional Brasileiro.
Surge então a Geografia Crítica como linha teórico-metodológica com
novas interpretações aos conceitos e ao objeto de estudo, trazendo as
questões econômicas, sociais e políticas como fundamentais para a
compreensão do espaço geográfico. Passa a compreender o espaço
geográfico como social produzido pela sociedade, composto de objetos –
naturais, culturais e técnicos – e ações pertinentes as relações socioculturais e
político – econômicas.
A Geografia Crítica possibilita realizar a inter-relação entre a prática
social e a educação. Essa metodologia pedagógica se consolida com o
professor crítico que procura utilizar técnicas de ensino com a finalidade de
cultivar o saber sistematizado em sala de aula, utilizando-se da bagagem que o
aluno trás de seu dia-a-dia.
Segundo Cavalcanti (1998) apud Souza (2010) é preciso formar uma
consciência espacial para a prática da cidadania, ou seja, compreender a
Geografia das “coisas” para poder melhor manipulá-las no cotidiano, bem como
conhecer a dinâmica espacial das práticas cotidianas inocentes, para dar um
sentido mais crítico e profundo a elas. Sendo assim, a produção e reelaboração
do conhecimento advêm da interação aluno-professor, que traz conhecimentos
extra-escolares, de fundamental importância para tal reelaboração.
A aprendizagem se dá durante a vida, e não acontece de uma só vez,
ocorrendo a partir de cada experiência. Na escola, também se dá pela
experiência de situações intencionais e elaboradas sistematicamente com a
finalidade de atingir o amadurecimento de cada um dos estudantes.
Como uma reação em cadeia, educar leva ao aprender, e o aprender,
por sua vez, leva a um exercício autônomo e participativo que possibilita a
compreensão da incompletude de toda a aprendizagem, é um exercício de
permanente reflexão prática (DEMO, 1996).
A interação é um aspecto importante do processo de ensino
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aprendizagem. Sendo assim, é fundamental a interação do estudante com o
professor e seus colegas, inclusive com a família, num ambiente estimulador e
propício à criação e vivência de desafios.
Na perspectiva crítica, a Geografia na escola, estimula a iniciativa dos
alunos às suas atividades, necessitando também da iniciativa do professor de
antemão, favorecendo o diálogo, de onde brota o início da transformação do
indivíduo em sujeito de seu aprendizado. A Geografia permite aos alunos
relacionar de forma resumida suas realidades, despertando-se para a
compreensão de sua organização espacial. Este modelo de ensino tem como
objetivo formar sujeitos.
Ter o lugar como produto, condição e meio de reprodução das relações
sociais para o ensino da Geografia, proporciona aos alunos a auto-identificação
com seu espaço de uso cotidiano, passando a conhecê-lo de forma ímpar de
vários olhares, pois, é a partir do conhecimento geográfico que adquirimos
habilidades para compreender o nosso meio, principalmente as relações que
ocorrem no espaço.
A Geografia escolar cidadã identifica o espaço como historicamente
produzido pelo homem, e a necessidade de conhecê-lo de forma sistemática
para melhor organizá-la numa perspectiva de sociedade mais justa e igualitária,
deve ser a Geografia escolar que mais se adéqua a formação de sujeitos
conscientes dos seus papéis como cidadãos participantes de uma sociedade
dinâmica (SOUZA, 2010).
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs, 2006),
entende-se que para a formação de um aluno consciente das relações
socioespaciais de seu tempo, o ensino de Geografia deve assumir o quadro
conceitual das teorias críticas dessa disciplina, que incorporam os conflitos e as
contradições sociais, econômicas, culturais e políticas, constitutivas de um
determinado espaço.
Com base nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs), um
sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está
inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo
como o compreende e como lhe é possível participar. O texto ressalta também,
que além da família a escola contribui para determinar o tipo de participação
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que lhes caberá na sociedade. Que o ensino objetiva a construção de uma
sociedade mais justa, onde as oportunidades sejam iguais para todos. Propõe
como base formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que
compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e
que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e
transformadora na sociedade (PARANÁ, 2008).
Partindo deste pressuposto, entendemos que a função social da escola
é questionar a sociedade vigente e preparar o educando para promover a sua
transformação, ou seja, formar cidadãos críticos, participativos e conscientes
para que assumam seu papel na sociedade e queiram participar dos rumos de
sua comunidade.
O espaço geográfico, objeto de estudo da Geografia é historicamente
produzido pelo homem, enquanto organiza econômica e socialmente sua
sociedade. A percepção espacial de cada indivíduo ou sociedade é também
marcada por laços afetivos e referenciais socioculturais.
Nesta perspectiva, a historicidade enfoca o homem como sujeito
construtor do espaço geográfico, um homem social e cultural, situado para
além e através da perspectiva econômica e política, que imprime seus valores
no processo de construção de seu espaço. Assim o estudo de uma totalidade,
isto é, da paisagem como síntese de múltiplos espaços e tempos deve
considerar o espaço vivido e o percebido, além do espaço produzido
economicamente.
Espaço geográfico e sua composição conceitual básica, tendo como
categorias de estudo: paisagem, território, lugar, região, natureza, sociedade;
que, associadas à força da imagem, a mídia traz à tona valores a serem
incorporados e posturas a serem adotadas; mas, muitas vezes, confunde o
imaginário com o real e o que se deseja como ideal. Impõe modelo de mundo
por meio de imagens massificantes e repetidas, sobrepõe-se às percepções e
interpretações subjetivas e/ou singulares por outras padronizadas e
pretensamente universais (BRASIL, 1997).
Compete ao processo educacional, especialmente ao se ensinar
Geografia decodificar as imagens presentes no cotidiano, impressas e
expressas nas paisagens e em suas representações numa reflexão direta e
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imediata.
Como afirma Werneck (1995), ensinamos demais, aprendemos de menos. Como processo de globalização do mundo, os alunos deparam-se com muitos conteúdos sobre outros países, outras culturas quando o que interessa mesmo a eles, é saber sobre o seu país, o seu mundo, é saber aquilo que eles possam utilizar no seu dia-a-dia (MIGLIORINI e PETRI, 2004 apud MIGLIORINI, 2007, p. 324).
Compreendemos que o processo educacional terá maior êxito partindo
do conhecimento sobre o espaço de vivência do aluno e percebemos a
importância do levantamento de dados do município de residência dos
mesmos. Para tal, o professor precisa selecionar, organizar e ensinar os
conteúdos, além de elaborar estratégias de ensino e aprendizagem a serem
adotadas.
O ensino deve sempre respeitar os diferentes níveis de conhecimento que o aluno traz consigo à escola. Tais conhecimentos exprimem o que poderíamos chamar de a identidade cultural do aluno – ligada evidentemente, ao conceito sociológico de classe. O educador deve considerar esta “leitura de mundo” inicial que o aluno traz consigo, ou melhor em si (FREIRE apud CAMPOS, 1991, p. 5).
É com base nestas observações, que propomos um momento
educacional de reflexão sobre o espaço de vivência, para que o aluno possa ler
e interpretar o mundo a partir de sua visão, de sua realidade desenvolvendo
sua capacidade de observar, entender e analisar de forma critica a realidade da
sociedade da qual ele faz parte.
Esta pesquisa teve caráter qualitativo porque segundo Neves (1996) a
pesquisa qualitativa não busca enumerar ou medir eventos, não se utiliza de
estatística; possui um amplo foco, obtendo dados descritivos a partir do contato
direto e interativo do pesquisador com o objeto de estudo. “Nas pesquisas
qualitativas, é frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos,
segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir, daí
situe sua interpretação dos fenômenos estudados” (NEVES, 1996, p. 1).
Para melhor compreensão, nossas ações foram organizadas em etapas
que consistiram em: a) elaboração do questionário para os professores; b)
aplicação do questionário aos professores; c) tabulação e análise do
questionário; d) visita as escolas e secretarias municipais para levantamento
de materiais didáticos – pedagógicos existentes; e) organização do material
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recolhido em um caderno pedagógico; f) análise do material didático –
pedagógico junto aos professores de Geografia; g) reelaboração do material
pedagógico, disponibilizando-o para os professores de Geografia.
3 – Resultados
Os resultados são apresentados a partir do que perguntamos aos
professores, sobre como eles concebem o Projeto Político Pedagógico, de
como ele norteia a prática educacional da escola, o que ele contempla nos
conteúdos sobre o lugar, eles responderam:
“Sim. Por ser produzido por todos os segmentos da escola, pais, alunos, equipe pedagógica, direção e demais funcionários, ele reproduz a realidade do espaço de vivência” (profª. Alice); “Porém sem grande relevância para o assunto” (profª. Beatriz); “Não da muita ênfase para aprofundar o conteúdo” (profª. Carmem).
Conforme as respostas das professoras, os conteúdos programáticos,
contidos no PPP auxiliam a relacionar o lugar enquanto espaço de vivência, por
ser elaborado em parceria entre os vários segmentos responsáveis pelo
funcionamento da unidade escolar. Embora o lugar enquanto espaço de
vivência esteja contemplado, poderia ser mais aprofundado, os conteúdos
ainda são superficialmente elaborados. É possível perceber o interesse de que
os conteúdos também sejam mais aprofundados.
Quando perguntamos como os conteúdos referentes ao lugar são
abordados em suas aulas as respostas foram de que:
“O espaço global é abordado, enquanto o lugar de vivência torna-se apenas exemplificação, sendo abordado com menor ênfase” (profª. Alice); “Sempre estudamos a localização com o objetivo de situar o aluno do local ao global” (profª. Beatriz); “Situa o aluno no lugar onde mora, fazendo o trajeto: caminho, casa x escola” (profª. Carmem).
As educadoras trabalham o lugar em suas aulas, utilizando os meios
que dispõem. A professora Alice, tem trabalhado com mais facilidade o espaço
global, enquanto o lugar como espaço de vivência, ela trabalha com menos
profundidade. Questionando o porquê disso, quais são as dificuldades? O que
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a educadora tem encontrado que a impede de trabalhar o espaço local com
mais ênfase? As professoras Beatriz e Carmem já conseguem desenvolver
atividades que possibilitam o aluno refletir sobre o lugar onde mora.
Foi, perguntado às professoras qual a relevância da abordagem dos
conteúdos voltados ao espaço de vivência, nas aulas de Geografia, as
respostas foram:
“É de extrema importância, portanto deve ser abordado na amplitude” (profª. Alice); “É muito importante, pois a partir do conhecimento do seu
espaço de vivência, o aluno adquire mais facilidade para se localizar no mundo” (profª. Beatriz); “Muito importante, porque situa o educando no espaço de vivência e além dele” (profª. Carmem).
As três educadoras concordam sobre a importância de abordar nas
aulas o espaço de vivência, pois acreditam que isso contribui de maneira
positiva na educação dos alunos.
Perguntado às professoras como trabalham a categoria lugar em sala
de aula, elas responderam:
”Trabalho o lugar com exemplos, aprofundando pouco com
destaque maior nas 5ª séries” (profª. Alice); “Para iniciar o conteúdo, trabalho com desenhos sobre a paisagem do lugar onde o aluno está inserido, depois procuro trabalhar o conceito do lugar” (profª. Beatriz); “Peço ao aluno para fazer em forma de desenho o caminho que percorre até a escola e o caminho do trabalho da família. No Ensino Médio, trabalhamos localização de tempo e espaço” (profª. Carmem).
Nessa questão, novamente a professora Alice ressalta que trabalha
pouco o lugar como espaço de vivência, enquanto as professoras Beatriz e
Carmem demonstram uma maior facilidade de encontrar atividades que
englobem o conhecimento sobre o espaço local. Quais são as dificuldades para
trabalhar o lugar nas suas aulas?
“Falta de material didático cientifico atualizado, inclusive um mapa sobre o município de Barracão – Pr”. (profª. Alice)
“A principal dificuldade é a falta de material pedagógico sobre o espaço local” (profª. Beatriz);
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“Material didático sobre o espaço local e as condições de levar o aluno até um espaço livre e mostrar como estudar um lugar, bem como fazer uma amostragem de relevo” (profª. Carmem).
As três educadoras ressaltam que a falta de material pedagógico afeta
consideravelmente o ensino e aprendizagem do lugar como espaço de
vivência. A professora Carmem acrescenta também a dificuldade de ter um
espaço aberto para levar os educandos, para que estes possam observar na
prática os conteúdos abordados em sala de aula.
Quando questionadas sobre o que poderia contribuir para melhorar o
seu trabalho sobre o município, elas responderam:
“Pesquisas sobre o município, com dados atualizados, que dêem suporte em sala de aula” (profª. Alice); “A produção de material didático que aborde as principais
características do nosso município, tanto físico como socioeconômicas” (profª. Beatriz);
”Material didático voltado para o estudo in loco. Ter como conduzir a turma no espaço a ser estudado” (profª. Carmem).
A sugestão de produzir um material didático que contemple a
realidade do município é unanimidade entre as educadoras. De acordo com a
opinião delas é importante que esse material sintetize todas as informações
necessárias para que se mostre o município como ele realmente é.
O questionamento para análise do caderno pedagógico com proposta
de sugestões pelos professores para aperfeiçoamento do conteúdo abordado
resultou no caderno organizado em quatro unidades, com conteúdos
geográficos relacionados ao estado do Paraná e do município de Barracão/PR,
assim constituído: Unidade I - Histórico do município de Barracão e dados
geográficos do estado do Paraná e do município de Barracão/PR; Unidade II -
Aspectos físicos do estado do Paraná e do município de Barracão/PR;
Unidade III - Aspectos demográficos do estado do Paraná e do município de
Barracão/PR; Unidade IV - Aspectos econômicos do estado do Paraná e do
município de Barracão/PR.
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Quanto aos aspectos positivos de cada unidade, os professores declararam:
“A unidade I inicia com o histórico, oportunizando a todos um
conhecimento que nem mesmo o professor detém” e os
aspectos positivos relevantes são: ”Dados atualizados, apresentação atrativa e colorida. Atividades instigantes, mapas didáticos de fácil observação”; Na unidade II os conteúdos condizentes com os estudos geográficos, além de atividades inovadoras. Mapas e textos atualizados relacionados ao espaço físico; Na unidade III o trabalho paralelo entre estado e município, sobre a demografia, com ênfase maior ao município. Atividades diversificadas. Conteúdo bem elaborado, dinâmico, com pirâmides etárias, gráficos, quadros e fotos; Na unidade IV a diversificação dos conteúdos que são totalmente geográficos. Atividades interdisciplinares que desenvolvem o senso crítico do aluno. Oportunidade de conhecimento sobre a economia do estado e do município (profª. Alice);
“Na unidade I há aspectos relevantes como: histórico do município Barracão; sua divisão política; porém a característica de maior relevância é o fato de podermos visualizar a localização do município em relação ao Brasil, região Sul e região Sudeste do estado do Paraná, utilizando mapas, que estão bem ilustrados e muito bem organizados no caderno pedagógico”; Na unidade II o tema abordado é muito importante. “Gostei das sugestões de atividades, tanto quanto as que se referem ao estado como as que se referem ao município”; “Na unidade III o conteúdo apresentado é muito rico em detalhes, além de ser bem organizado, tanto a parte teórica como a parte dos gráficos. Os dados são bem objetivos”; “Na unidade IV encontramos muitos dados referentes à economia do estado e do município, os quais serão de grande importância para os trabalhos em sala de aula, pois são aspectos não conhecidos pelos alunos” (profª. Beatriz);
“A unidade I está basicamente perfeita, pois contempla a
geografia onde o município está inserido. Apresenta pesquisas e mapeamento condizente com o espaço estudado”; “É valiosa a organização do trabalho, na unidade II, pois aborda e estado e o município, o que facilita a compreensão pelo aluno”; “Na unidade III é muito válido o estudo sobre a população barraconense, pois valoriza a história. É interessante a apresentação da estrutura do município”; “Na unidade IV está muito bem apresentada à situação econômica do município, dados importantes que serão bem aproveitados em sala de aula”. (profª. Carmem)
Pelos comentários das educadoras é possível perceber que todas
ressaltam a importância da organização dos conteúdos, assim como das
atividades propostas e principalmente o fato de serem trabalhadas
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simultaneamente informações sobre o estado do Paraná e sobre o município
de Barracão – PR.
Quanto aos aspectos negativos de cada unidade:
“Na unidade I falta de mapa do município”; “Na unidade II pouco conteúdo sobre o município”; “Na unidade III alguns dados desatualizados”; A professora não destacou pontos negativos na unidade IV (profª. Alice); “A unidade I não tem aspectos negativos relevantes”; “Na
unidade II percebi a falta de mapas físicos (vegetação, clima e hidrografia), do município de Barracão, imagino que houve dificuldades em encontrar dados sobre o nosso município”; “A unidade III não tem aspectos negativos relevantes”; “A unidade IV não tem aspectos negativos relevantes” (prof.ª
Beatriz); “Na unidade I falta mapa da cidade, dos bairros e das
comunidades rurais”; “Na unidade II faltam mapas físicos, sobre vegetação e solos”; “Não percebi pontos negativos na unidade III”; “Na unidade IV ao observar os conteúdos, constatei que sobre o município o material contempla com maior ênfase os aspectos econômicos, enquanto os físicos deixam a desejar” (profª. Carmem).
O aspecto a ser melhorado, segundo as análises das educadoras,
seria a construção de mapas que mostrem com clareza a vegetação, os tipos
de solos e a hidrografia do município, também é interessante que se tenha um
mapa com a localização geográfica da sede, dos bairros e das comunidades
rurais. Foi perguntado as professoras o que elas consideram, do material, que
mais vai contribui nas suas aulas? Responderam:
”A atualização dos conteúdos com ótima visualização, destacando mapas, tabelas, quadros, fotos e atividades. Ou seja, todo o material servirá para ser trabalhado em sala de aula, podendo ser adaptado conforme a séries a serem trabalhadas” (prof.ª Alice); “Todos os conteúdos irão contribuir nas aulas. O material foi bem organizado, contém dados antigos e recentes, possibilitando comparar as informações. Com esse caderno pedagógico é possível visualizar e analisar mapas, gráficos e tabelas sobre o município de Barracão” (Prof.ª Beatriz); “Todo o material será muito útil em sala de aula, pois ele faz
uma abordagem ampla sobre o município, assim como sobre o estado do Paraná. Possui atividades diversificadas que vão possibilitar a aprendizagem do aluno” (profª. Carmem).
Todas as sugestões contidas no caderno pedagógico vão ser de grande
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importância em sala de aula, segundo a avaliação das educadoras, elas mais
uma vez, ressaltam a organização dos conteúdos, os mapas, os gráficos, as
tabelas, as fotos e as atividades propostas, que muito irão contribuir na
aprendizagem de seus alunos. Pedimos às professoras para deixarem
sugestões. Elas sugeriram:
“Atualizar constantemente os dados, essa atualização pode ser feita pelo professor e pelos alunos. Dar continuidade a pesquisa” (Prof.ª Alice); ”Que essa pesquisa seja ampliada, pois esse caderno
pedagógico possibilita a todos, conhecer e valorizar os aspectos geográficos do nosso município. Também pode servir de estímulo para a administração investir em pesquisas sobre o município” (profª. Beatriz);
“Que esse trabalho tenha continuidade. Que os professores de Geografia se empenhem a dar segmento, atualizando os dados, tornando a disciplina mais dinâmica” (Prof.ª Carmem).
Percebemos o interesse das educadoras na continuidade da pesquisa,
para que assim professores e alunos contribuam atualizando os conteúdos.
Também sugerem que o poder público invista na realização de pesquisas
sobre o município.
4 - Considerações finais
A construção de uma sociedade mais justa e igualitária compete a
cada cidadão enquanto ser histórico, capaz de transformar através de suas
ações. Para tanto a educação é essencial nesse processo, pois o educar leva
ao aprender, e o aprender leva ao exercício autônomo e participativo que
possibilita a compreensão da realidade. É importante possibilitar ao aluno
situações de aprendizagem voltadas para o caráter libertador e critico, levando
em consideração que cada aluno é um sujeito, com uma prática histórica e uma
visão de mundo.
A proposta contida no caderno pedagógico, descrita neste trabalho,
se constitui num momento de busca por conteúdos norteadores que sirvam de
apoio aos educadores, compreendendo que o ensino do local terá maior êxito
partindo do conhecimento sobre o espaço de vivência do aluno.
Ajudar o aluno a transitar entre diferentes escalas espaciais da
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realidade, desde o cotidiano, expresso no âmbito do local até o global, se
constitui no maior legado da referida proposta de trabalho. Também é
importante ressaltar que o trabalho permite ao professor incorporar o cotidiano
dos seus alunos no planejamento escolar, tornando as aulas mais dinâmicas e
atrativas.
Referências bibliográficas FRANCISCHETT, Mafalda N. A cartografia no ensino da geografia e da história. Educação, Currículo, Ensino e Formação de Professores. Cascavel:
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KNECHTE, Maria R. Multiculturalismo e processos educacionais. Curitiba:
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MIGLIORINI, Sonia M. dos S. Ensino de Geografia na Educação Básica da Rede Pública. II Seminário Nacional Interdisciplinar em Experiências
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VALENTE, Ana Lúcia. Educação e diversidade cultural: um desafio da atualidade. São Paulo: Editora Moderna, 1999.