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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

Ficha para Catálogo

Artigo Final

Professor PDE/2010

Título A ressignificação do ensino da leitura

Autor Terumi Sônia Nagay

Escola de Atuação Colégio Estadual Tsuru Oguido

Município da Escola Londrina

Núcleo Regional de Educação NRE - LONDRINA

Orientador Maria Beatriz Pacca

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina

Área do Conhecimento/Disciplina Ensino e aprendizagem de leitura/ Língua

portuguesa

Relação Interdisciplinar (indicar,

caso haja, as diferentes

disciplinas compreendidas no

trabalho)

Não houve relação interdisciplinar

Público Alvo (indicar o grupo com

o qual o professor PDE

desenvolveu o trabalho:

professores, alunos,

comunidade...)

O presente trabalho foi desenvolvido com alunos do

sexto ano.

Localização (identificar nome e

endereço da escola de

implementação)

Colégio Estadual Tsuru Oguido

Rua Carlos Menolli, 220

Jardim: Santa Rita IV

Resumo: (no máximo 1300 A escola brasileira precisa ensinar o aluno a ler e a

compreender o sentido do que lê. A leitura não vem

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caracteres, ou 200 palavras, fonte

Arial ou Times New Roman,

tamanho 12 e espaçamento

simples).

sendo trabalhada de maneira satisfatória na escola.

Lê- se pouco no país. É preciso viabilizar a prática

da leitura de forma significativa para que os

discentes adquiram postura de sujeito que pense,

reflita sobre o que lê e realize operações cognitivas

com a leitura. A leitura faz parte do nosso dia a dia.

Lemos a todo o momento sem perceber que isso

está acontecendo. Nesse contexto, o presente

estudo teve como objetivo contribuir para formar

uma nova geração de leitores autônomos e

proficientes. Para tanto, atividades relacionadas à

leitura visual (fotografias) e trabalhos com

diferentes tipos de poemas foram utilizados no

intuito de cativar o leitor, aproximá-lo do texto e

desenvolver habilidades inerentes à leitura,

proporcionando melhor compreensão dos

processos subjacentes à mesma, contribuindo para

a ressignificação do processo de compreensão de

uma nova forma de leitura, tornando esta mais

dinâmica e interessante.

Palavras-chave (3 a 5 palavras) Texto; leitura e cognição.

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A RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO DA LEITURA

Autora: Terumi Sônia Nagay1

Orientadora: Maria Beatriz Pacca2

Resumo

A escola brasileira precisa ensinar o aluno a ler e a compreender o sentido do que lê. A leitura não vem sendo trabalhada de maneira satisfatória na escola. Lê- se pouco no país. É preciso viabilizar a prática da leitura de forma significativa para que os discentes adquiram postura de sujeito que pense, reflita sobre o que lê e realize operações cognitivas com a leitura. A leitura faz parte do nosso dia a dia. Lemos a todo o momento sem perceber que isso está acontecendo. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo contribuir para formar uma nova geração de leitores autônomos e proficientes. Para tanto, atividades relacionadas à leitura visual (fotografias) e trabalhos com diferentes tipos de poemas foram utilizados no intuito de cativar o leitor, aproximá-lo do texto e desenvolver habilidades inerentes à leitura, proporcionando melhor compreensão dos processos subjacentes à mesma, contribuindo para a ressignificação do processo de compreensão de uma nova forma de leitura, tornando esta mais dinâmica e interessante. Os principais achados desse estudo denotam uma nova perspectiva sobre os parâmetros da leitura, demonstrando ser viável a aplicação de diferentes formas de atividades que contemplem um significado mais próximo de seus leitores tornando a leitura, seja ela de que tipo for mais estimulante e encantadora.

Palavras-chaves: texto; leitura e cognição.

1 Pós-graduada em Língua Portuguesa, Graduada em Letras Vernáculas, Col. Est. Tsuru Oguido

2 Pós-graduada em Letras, Graduada em Letras-língua e literatura, Professora titular da UEL

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1 Introdução

A escola brasileira precisa ensinar o aluno a ler e a compreender o sentido

do que lê. A leitura não vem sendo trabalhada de maneira satisfatória na escola. Lê-

se pouco no país. Conforme dados estatísticos (IBGE – Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, 2000), o índice de leitura é de menos de dois livros anuais

por pessoa. É necessária uma mobilização em torno do fomento à leitura, porque ela

é instrumento escolar e passaporte para a entrada na cultura escrita.

A prática da leitura qualifica o Homem entre os seus, dá prazer e

informação, possibilita seu ajuste pessoal e social, facilitando-lhe a vida profissional.

Ler é entre tantas habilidades desenvolvidas pelo indivíduo, a possibilidade

de mergulhar em outros mundos possíveis, é a janela que se abre para

adentrar numa teia de relações e significados. É a chave para a busca de

novos conhecimentos, novas aprendizagens e a possibilidade de dialogar

com outros sujeitos e principalmente, dialogar consigo mesmo

(KISSILEVITC, 2007)

Se a leitura é um instrumento tão valioso, é preciso ressignificar o ensino

da leitura, compreender o mecanismo e os processos de construção de

conhecimentos envolvidos no ato da leitura na dimensão escolar. Nesse sentido,

cabe à escola o papel de ensinar aos alunos essas habilidades de leitura e escrita e

essa aprendizagem deverá ocorrer em contextos reais, que façam sentido para os

discentes, o que não é uma tarefa fácil.

Para Guedes (1999), ler e escrever são tarefas da escola, questões para

todas as áreas, uma vez que são habilidades indispensáveis para a formação de um

estudante, que é responsabilidade da escola.

Diante do exposto, faz-se necessário situar a leitura no âmbito escolar,

pois a sociedade precisa e exige um sujeito que seja capaz de obter informações,

articular o pensamento de maneira rápida e agir com eficácia na resolução de

problemas, desde os mais simples aos mais complexos.

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Há duas décadas (1989 a 2012) trabalho em escolas públicas como

professora de língua portuguesa e percebo a apatia e o desinteresse de muitos

alunos pelas atividades de leitura e escrita. Estas constatações denotam que este

conteúdo não vem sendo trabalhado de maneira satisfatória em nossos

estabelecimentos de ensino. A escola brasileira precisa ensinar o aluno a ler e a

compreender o sentido do que lê. É preciso ressignificar o ensino da leitura, pois os

nossos alunos passam anos nos bancos escolares e a maioria dos discentes saem

do estabelecimento de ensino, sem saber ler.

Não é surpreendente que tantas pessoas passem (10 anos, 20 anos, mais de 20 anos), e não saibam crasear, pontuar, colocar marcas de parágrafos, diferenciar quando se usa “S” OU “Z”? Falamos sempre disso, de nossos alunos de escola fundamental até o doutorado. Pergunto de novo: o que afinal ensinamos na escola? Lemos os textos dos alunos, ou apenas corrigimos? Que língua a escola ensina? Que língua falamos e escrevemos? (KRAMER, 2000, p.109)

Infelizmente, os métodos tradicionais prevalecem nas práticas docentes.

Muitos professores trabalham a linguagem de forma equivocada, pois não

privilegiam a história, o sujeito e o contexto no processo de aquisição e no

aprimoramento da língua materna, pautando-se no repasse de regras e mera

nomenclatura tradicional (PARANÁ, 2008 p. 48).

Desta forma, procurou-se neste trabalho desenvolver e viabilizar a prática da

leitura de forma significativa para que os discentes, gradativamente se

aproximassem e apreciassem o formato do texto, as palavras selecionadas pelo

autor, percebessem a sonoridade produzida por estes vocábulos e a mágica que

ocorre após a leitura, que faz o indivíduo visualizar aquilo que está escrito e

entendê-lo.

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2 Metodologia e desenvolvimento

Este trabalho foi iniciado através da leitura de diferentes imagens. A opção

por este tipo de atividade pode ser justificada pelo fato de a leitura visual ser a

primeira a ser vivenciada pelas pessoas, seguida da leitura textual. Nesse contexto,

pode-se afirmar que leitura visual acompanha a vida humana desde os primeiros

meses de vida de uma criança, pois é através da contemplação de imagens que a

criança passa a reconhecer o meio que a cerca e a si própria.

A fotografia, um exemplo de imagem, constitui um dos mais democráticos

meios de perpetuação das memórias e das emoções das pessoas, seja retratando

seus familiares, lugares e acontecimentos festivos ou tristes. Uma única imagem

contém em si um inventário de informações acerca de um determinado momento

passado, a mesma revela informações e detona emoções. Tudo isso sem utilizar

nenhuma palavra. Quando se visualiza uma fotografia, é possível descrever todos os

sentimentos que são gerados através daquela imagem. Desse modo, consegue-se

de alguma maneira realizar um tipo de leitura que não a textual, mas a visual,

passível de significado e entendimento.

Neste estudo, o trabalho com fotografia começou em uma das salas de aula,

com os alunos do sexto ano, do Colégio Estadual Tsuru Oguido. Para tanto, a

docente utilizou uma fotografia de sua família (figura 1) e solicitou aos seus alunos

que observassem minuciosamente a foto. Depois pediu-lhes que expusessem as

características da fotografia que mais lhes chamaram a atenção. Os discentes

destacaram as meias e os sapatos usados pelas meninas talvez, porque todos são

do mesmo modelo. Outros argumentaram sobre as duas filhas que estão ao lado do

pai, observando suas roupas, cujos modelos são iguais, com forro e mangas

bufantes e também sobre os cabelos presos das meninas. Após os comentários dos

alunos, a professora fez algumas perguntas sobre a foto e foi anotando as respostas

no quadro de giz. As perguntas feitas aos alunos foram: a) Quando esta fotografia foi

tirada? Sabendo que, as meninas ao lado do pai tinham dez anos, naquela época; b)

O título desta fotografia é “Éramos seis”; por quê?; c) Preste atenção nas seguintes

informações sobre esta família. O casal trabalhou na roça durante seis anos, mas

depois que ele foi baleado por assaltantes o homem não pode mais trabalhar na

terra. Então, mudaram para a cidade e abriram um comércio em Tamarana. As filhas

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mais velhas e a caçula se casaram, a do meio não se casou. Hoje, o pai está

aposentado e vive com as filhas e netas em Londrina. Com estas informações, você

é capaz de identificar quem não está mais presente nesta família? Encerradas as

anotações, observações e as perguntas, os alunos perceberam que naquela

imagem havia um texto implícito e que, ao descreverem a foto, na verdade, estavam

realizando sua interpretação.

Figura 1: Éramos seis Fonte: Álbum de família – José Hideo Nagay

Após a realização destas atividades, foi solicitado aos alunos que

separassem em suas casas fotografias e outros materiais que auxiliariam na próxima

atividade a ser proposta. Os alunos, então, em data oportuna e previamente

combinada, trouxeram os materiais para a aula. Foi solicitado que, com base nas

fotografias selecionadas, realizassem a confecção de um trabalho, relatando um

pouco de sua história de vida.

Neste dia, a aula foi muito tumultuada, pois a grande maioria dos discentes

queria visualizar as fotos dos colegas e outros as escondiam por vergonha. Apesar

de muita agitação durante a aula, pode-se destacar que, ainda sim, ela foi muito

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proveitosa, pois repercutiu em interação constante entre os alunos, que conheceram

um pouco da história de vida dos colegas.

Após essa fase inicial de agitação, os alunos enfim começaram a

desenvolver a atividade, em sala conseguiram discorrer sobre as fotografias mais

recentes, enquanto que as ilustrações mais antigas foram levadas para a casa no

intuito de esclarecer junto aos pais, avós, tios e demais parentes a descrição de

cada ilustração.

Os alunos iam escrevendo e mostrando para a professora o rascunho do

texto para que ela corrigisse. O texto era simples. Descrevia o acontecimento, a data

e quem estava naquela foto. Foram várias aulas para terminar a correção dos textos

produzidos pelos discentes. Alguns trabalhos superaram as expectativas, pois

traziam, além das fotos, imagens de seus pais quando estavam namorando, fotos de

casamento, ultrassonografia, certidão de nascimento, certidão de batismo. O

trabalho ficou muito interessante, porque os alunos tiveram que conversar com seus

pais e ou responsáveis para escrever um pouco de sua vida através das fotografias.

A terceira atividade com imagem foi o estudo das fotografias do teatro Ouro

Verde (figura 2) na década de cinquenta. Esta imagem aguçou a curiosidade dos

discentes, pois é arte visual, produto cultural e histórico, que estimula a sensibilidade

e exerce grande influência no nosso imaginário. A fotografia “A janela” (figura 3)

também fez parte dessa atividade. Os alunos tiveram que analisar as fotos,

observando cada detalhe presente na imagem e depois responderam cinco

perguntas.

a) As fotografias acima foram tiradas em plano geral; nelas, as pessoas e os carros

aparecem menores, mas o objeto que se quer destacar fica em evidência. Qual é a

imagem mais importante que o fotógrafo quis destacar nas fotografias?

b) Olhe atentamente as fotos e escreva por que o estabelecimento recebeu a

denominação “Ouro Verde”?

c) As fotos foram tiradas na década de cinquenta. As ruas de chão foram cobertas.

Que tipo de material era utilizado na época?

d) Observe as roupas dos transeuntes e os carros estacionados. Através destes

elementos é possível determinar a situação econômica do país naquela época?

e) Há sessenta anos os carros ali circulavam. Hoje, qual é a situação desta

rua/avenida?

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Figura 2: Ouro Verde Fonte: Álbum de família – José Hideo Nagay, 1950

Figura 3: A janela Fonte: Eduardo Mandel Íris Fotos, 1987.

Para a figura 3 foram solicitadas respostas para as seguintes questões:

a) A casa onde está o idoso está em construção? Justifique sua resposta.

b) Que elementos sugerem a “restauração” da casa?

c) Como esse ambiente se relaciona com a figura humana?

d) Os três vãos escuros, na casa, trazem-lhe alguma impressão especial? Qual (ou

Quais)?

e) O homem olha alguma coisa. Ele está muito interessado. Em que direção ele está

olhando?

Atividades utilizando textos poéticos também fizeram parte deste estudo.

Nesse caso, o objetivo não foi a dissecação formal dos poemas, nem o estudo e

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classificação tediosos de rimas, métrica, figuras de estilo, etc., mas a aproximação

com a linguagem poética, no sentido de familiarizar os alunos com a poesia, para

que tivessem prazer em ler e ouvir poemas e, sobretudo, para que se sentissem

motivados a expor suas emoções através dos recursos tão expressivos da

linguagem poética. Primeiro, trabalhou-se o recurso visual. Os alunos receberam

uma cópia de cada poema para acompanhar a leitura feita pela professora. Os

alunos acompanhavam, observando a construção da poesia, a escolha das palavras

e a estrutura do texto. Iniciamos com “Convite”, título de um poema escrito por José

Paulo Paes, que de forma lúdica define poesia, utilizando a figura de linguagem

denominada comparação, facilitando assim, a compreensão deste gênero textual.

Depois, gradativamente, foram lidos os demais poemas, para que os alunos

pudessem perceber como os poetas selecionam as palavras, organizam os versos,

a estrutura frasal e utilizam os vocábulos perfeitos para produzir a poesia que faz

despertar o sentimento do belo, encantando e atraindo as pessoas para a leitura.

Através dessas atividades pode-se perceber a reação dos alunos frente a

esta diferente forma de ler. Os mesmos demonstraram grande interesse pelas

atividades e relataram que ainda não haviam vivenciado tal forma de leitura em que

poemas pudessem carregar tantos significados, estes, subjetivos a cada leitor.

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CONVITE

Poesia é brincar com palavras

como se brinca com bola, papagaio, pião.

Só que

bola, papagaio,pião de tanto brincar

se gastam.

As palavras não: quanto mais se brinca

com elas mais novas ficam.

Como a água do rio

que é água sempre nova.

Como cada dia que é sempre um novo dia Vamos brincar de poesia?

Fonte: Paulo José Paes – extraído de http://nahoradachuva.blogspot.com/2006/01/convite-jos-paulo-paes.html

Figura 4: Pássaro na vertical Fonte: Liberio Neves, 1965

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Figura 5: Canção para ninar gato com insônia

Fonte: Come Vento, 1988

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Era um homem bem vestido

Foi beber no botequim

Bebeu muito, bebeu tanto

Que

saiu

de

assim.

As casas passavam em volta

Numa procissão sem fim

As coisas todas rodando

Apertados no balanço

Margarida e Serafim

Se beijam com tanto ardor

Que acabam ficando

O moço entra apressado Para ver a namorada E é da seguinte forma

escada. a sobe

ele Que

Mas lá em cima está o pai Da pequena que ele adora

E por isso pela escada

ele

embora

Figura 6: Poeminhas Cinéticos Fonte: Millôr Fernandes – extraído:http://amorecultura.vilabol.uol.com.br/cinetico.htm

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Trem de Ferro

Café com pão

Café com pão

Café com pão

Virgem Maria que foi

isso maquinista?

Agora sim

Café com pão

Agora sim

Voa, fumaça

Corre, cerca

Ai seu foguista

Bota fogo

Na fornalha

Que eu preciso

Muita força

Muita força

Muita força

(trem de ferro, trem

de ferro)

Oô...

Foge, bicho

Foge, povo

Passa ponte

Passa poste

Passa pasto

Passa boi

Passa boiada

Passa galho

Da ingazeira

Debruçada

No riacho

Que vontade

De cantar!

Oô...

(café com pão é

muito bom)

Quando me prendero

No canaviá

Cada pé de cana

Era um oficiá

Oô...

Menina bonita

Do vestido verde

Me dá tua boca

Pra matar minha sede

Oô...

Vou mimbora vou

mimbora

Não gosto daqui

Nasci no sertão

Sou de Ouricuri

Oô...

Vou depressa

Vou correndo

Vou na toda

Que só levo

Pouca gente

Pouca gente

Pouca gente...

Fonte: Manoel Bandeira

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A boneca

Deixando a bola e a peteca Com quem inda há pouco brincavam,

Por causa de uma boneca, Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira: “É minha!” _ “É minha!” a outra gritava;

E nenhuma se continha, Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!) Era a boneca. Já tinha

Toda a roupa estraçalhada, E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela, Que a pobre rasgou-se ao meio,

Perdendo a estopa amarela Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,

Voltando à bola e a peteca, Ambas, por causa da briga,

Ficaram sem a boneca...

Fonte: Olavo Bilac - http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p011131.htm

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As borboletas

Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas

Borboletas brancas

São alegres e francas.

Borboletas azuis

Gostam muito de luz.

As amarelinhas

São tão bonitinhas!

E as pretas, então . . .

Oh, que escuridão!

Fonte: Vinícius de Moraes

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Após a apreciação dos poemas, foram dadas algumas atividades,

utilizando os textos lidos. As atividades estão descritas abaixo:

1. Após a leitura dos poemas construa um poema, utilizando este recurso

riquíssimo e bastante explorado pelos poetas mais recentes, que não

apenas escrevem, mas “desenham” seus poemas.

2. Nesta atividade usaremos o texto TREM DE FERRO. (A professora

perguntará aos alunos se eles já ouviram o barulho de um trem em

movimento. Provavelmente, a resposta será afirmativa. Então a docente

entregará para cada aluno o poema TREM DE FERRO de Manuel

Bandeira. Em seguida a professora lerá em voz alta o texto, fazendo-os

perceber como o autor usou as palavras para dar sonoridade necessária

para que as palavras imitassem o “andar” do trem. Logo após a leitura

feita pela professora, os alunos deverão participar da atividade

ensaiando a leitura significativa do poema TREM DE FERRO para ser

apresentado no final do quarto bimestre).

3. Agora, leia o texto “As Borboletas” (p.16), mas antes imagine este inseto

no jardim, no quintal, na rua... Observe os movimentos que ela executa

para ficar no ar, e só depois leia o texto atentamente. Após a leitura,

responda às questões:

a. Leia novamente, o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto verso do

poema “As Borboletas”. Qual sensação você pode perceber após a

leitura dos versos?

b. Há dezesseis versos no poema. Elas rimam? Escreva as palavras que

rimam.

c. Reescreva a frase da primeira estrofe. Inicie a oração com as palavras:

As borboletas...

d. Escreva um poema sobre a bandeira do Brasil

Outra atividade proposta com o uso de poemas foi a dramatização. Os

alunos que apresentaram interesse de forma voluntária na participação deste

trabalho foram selecionados e divididos em grupos. Cada grupo ficou

responsável pela encenação de um dos poemas trabalhados em sala de aula.

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Os ensaios começaram nas quartas-feiras de manhã. O lugar utilizado foi o

laboratório. O espaço não era o mais adequado, mas viabilizou um bom

trabalho e proporcionou aos alunos chances de organizar a apresentação. Os

discentes traziam diferentes objetos e materiais para dar vida ao texto. Na

primeira semana estavam com vergonha de se expor aos colegas, porém aos

poucos a timidez foi desaparecendo. Houve dias em que alguns alunos

faltaram, entretanto aqueles que estavam presentes faziam o papel dos

ausentes. Foram necessários vários dias para desenvolver a

declamação/dramatização dos poemas. “As borboletas” (p.16) foi o texto mais

fácil de trabalhar, porque participavam apenas quatro alunos fantasiados de

borboletas e um discente que lia o poema. Cada discente representava uma

cor das borboletas e aparecia no local vagarosamente, como faz o inseto

quando está voando. Outro poema, “A boneca” (p.15) de Olavo Bilac, tem cinco

estrofes, com quatro versos cada. É um texto longo que conta através de

versos a história de duas meninas que brigam por causa de uma boneca.

Participavam dessa encenação três alunas: duas para representar e uma para

declamar o poema. Os objetos utilizados foram uma bola, uma peteca e uma

boneca de pano. O poema mais difícil de trabalhar foi “Trem de ferro” (p.14),

porque todos os alunos inscritos participavam da leitura deste poema que imita

o “andar” do trem. Eles tinham que dar ritmo à leitura. Isso é muito complicado,

pois nos três versos iniciais a leitura tem que dar a impressão que a locomotiva

está partindo da estação ferroviária, produzindo aquele barulho feito pelas

rodas do trem em contato com o trilho. Em seguida, os vocábulos devem ser

lidos dando a sensação de que o trem aumenta de velocidade e que as coisas

estão passando por ele rapidamente. Não foi fácil realizar este trabalho, porque

estávamos no final do quarto bimestre. Os alunos estavam eufóricos, pois as

férias se aproximavam, mas ainda assim vinham e participavam dos ensaios.

No final, fizemos uma boa apresentação, que ocorreu na última semana de

aula, contando com a presença dos pais e alunos de outras séries.

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3 Conclusão

A leitura tem papel fundamental na formação do ser humano. Ela é

eficiente no processo educacional, desde que seja trabalhada adequadamente.

O aluno apreende com a leitura: ortografia, pontuação, gramática, coesão e

coerência textual, desenvolvendo assim as habilidades de compreender o

texto. A leitura vai além do texto, seja ele qual for, e começa antes do contato

com ele.

A capacidade de ler, compreender e processar informações de um

texto é adquirida de uma só maneira: lendo. O leitor assume um papel atuante,

deixa de ser mero decodificador ou receptor passivo. A formação do leitor

merece ser considerada como um processo em longo prazo, já que a

linguagem é um fenômeno complexo.

O interesse dos pesquisadores pela leitura como campo de

investigação é recente. Apenas nos últimos anos os especialistas da área da

educação começaram a ter consciência sobre a complexidade da ciência da

linguagem. Neste trabalho comprovou-se que os alunos conseguem escrever

textos a partir de fotos familiares, porque para eles esta atividade está

carregada de significado principalmente por fazer parte de suas vidas. Nessas

circunstâncias, a escrita flui naturalmente e se torna mais prazerosa.

As atividades que contemplaram o uso de poemas resultaram em

respostas muito ricas, e aproximaram os alunos de um tipo de gênero textual

que não é comum no seu dia a dia. Ao mesmo tempo, possibilitou a leitura

desse gênero de forma mais intimista e interpretativa.

Levando em consideração todos esses apontamentos, é possível inferir

que existem formas diferenciadas de trabalhar a leitura em seus mais variados

gêneros. Nesse caso, não apenas a leitura por si só, mas o interpretar, o sentir

e o entendimento de cada palavra, de cada linha, de cada estrofe de modo a

gerar no aluno o prazer pela leitura, possibilitando uma ressignificação do texto.

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Referências

BANDEIRA, M. Trem de ferro.

Extraído: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/trem.htm. Acesso em 22 de

jul. 2011

BILAC, O. Poema: A boneca.

Extraído de: http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p011131.htm.

Acesso em 22 de jul. 2011.

CAPARELLI, S. Canção para ninar gato com insônia. Extraído de:

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