20 anos do sinpaf

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20 ANOS SUPERANDO BARREIRAS, VENCENDO DESAFIOS UMA HISTÓRIA DE UNIÃO, MOBILIZAÇÃO E VITÓRIAS 2 0 ANOS 1989 - 2009 FILIE-SE - SOMOS FORTES, SOMOS SINPAF! Ano XXI Edição 263 Edição Especial MAI 2009

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Page 1: 20 Anos Do Sinpaf

20 ANOS SUPERANDO BARREIRAS, VENCENDO DESAFIOS

UMA HISTÓRIA DE UNIÃO, MOBILIZAÇÃO E VITÓRIAS

20ANOS

1989 - 2009

FILIE-SE - SOMOS FORTES, SOMOS SINPAF!

Ano XXIEdição 263Edição EspecialMAI 2009

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ANOS021989-2009

EXPEDIENTESINPAFEndereço: SDS - Ed. Boulevard Center, BL-A, nº 44 - Sobrelojas 11/15 – CEP 70391-900Brasília-DFFone: (061) 2101 0966 Fax: (061) 2101 0990E-mail: [email protected]: www.sinpaf.org.br

Presidente: Valter Endres Vice-Presidente: Carlos Antônio Fernandes Santos

Secretário-Geral: Roberto Parker/Suplente: Jean Kleber de Souza

Diretor Administrativo-Financeiro: José Pereira da Silva /Suplente: Antônio dos Reis Vieira da Silva

Diretora de Divulgação e Imprensa: Maria Aparecida Marchi/Suplente: Denise Ming Valent

Diretor de Formação Sindical: Orlando Oliveira Silva/Suplente: Mauro Santos Nolasco

Diretor de Ciência e Tecnologia: Idésio Luís Franke/Suplente: Antônio Cláudio A. de Carvalho

Diretor de Assuntos Institucionais: Ernesto Miranda/Suplente: Aldair Souza Lopes

Diretora de Assuntos Sociais e Cidadania: Raquel Siqueira de Lemos/Suplente: Rosilene Gutierrez

Diretor de Assuntos Jurídicos e Previdenciários: Luiz Sousa Soares/Suplente: João Augusto Barbosa de Souza

Diretores Regionais

Sul: Ivegndonei Sampaio/Suplente: Edson Somensi

Centro-Oeste: Valdomiro Farias/Suplente: Paulino Gauna Gomes

Sudeste: José Carlos Sá Ferreira /Suplente: Marcos Antônio de Freitas

Nordeste: Jeremias Lustosa Cabral/Suplente:Wilmar Afonso Alves

Norte: Sydney Itauran Ribeiro /Suplente: Edgar da Cruz Pereira

Auditoria Fiscal Nacional

Titulares: Adélio Gonçalves, Jânio Barbosa Moreira e João Carlos Taffarel

Suplentes: Ildos Parizotto, Joaquim Deolino Ramos e Lorismar Serrão Pereira

EDIÇÃO, REDAÇÃO E CAPA: Elizângela Araújo (1295 PB) - e-mail: [email protected]

DIAGRAMAÇÃO: William Mello (61) 8445 5371 - e-mail: [email protected]

FOTOS: Elizângela Araújo e arquivo do SINPAF

CURTAS NESTA EDIÇÃO

CHARGE

O que você gostaria de ler no Spalhaphatos? Critique, sugira ou elogie:

[email protected]

ACT 2007/10

SINPAF e Pesagro têm pauta de consenso O SINPAF e a Pesagro apresentaram conjunta-mente a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2009 dos trabalhadores ao governo do estado. De acordo com o presidente da Seção Sindical Pesagro Sede, Aldair Souza Lopes, essa é a primeira vez que a empresa chega a um consenso com o Sindicato sobre as reivindica-ções salariais dos trabalhadores. O índice de reajuste reivindicado é de 21,74%, relativo à recomposição da inflação mais ganhos reais no período entre 30 de abril de 2007 e 1º de maio de 2009. A expectativa é de que nos próximos dias o governo manifeste sua posição. Os trabalhadores ainda aguardam o julgamento do dissídio coletivo do período 2001/07 pela justiça do trabalho.

PRECARIZAÇÃO DE DIREITOS

Emenda 3 é retirada da pauta de votação da Câmara Este mês, os trabalhadores brasileiros assistiram apreensivos à volta da Emenda 3 à pauta de votação da Câmara dos Deputados. A emenda, inserida furtivamente no projeto de lei que cria a Super-Receita, havia sido vetada pelo Presi-dente Lula em 2007, após intensa mobilização

da classe trabalhadora. A emenda permite a contratação de trabalhadores como pessoa jurídica, o que os obriga a emitir nota fiscal ao empregador, como se fossem empresa. Com isso, deixam de receber 13º salário, férias, FGTS, vale-transporte, vale-refeição, assistência médi-ca, aposentadoria e qualquer outro benefício.

20ANOS

1989-2009

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1618

20

O QUE MELHOROU NA VIDA DOS TRABALHADORESNOS ÚLTIMOS 20 ANOS

OS DESAFIOS DO SINPAF

CODEVASF: “Nossas conquistas passaram a ser

significativas a partir do SINPAF”

EMBRAPA AMEAÇA RETIRAR DIREITOS. SINPAF CHAMA TRABALHADORES

À GREVE

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12

23CAMPANHA SALARIAL

O SINPAF DE ONTEM E DE HOJE

ENTREVISTA COM VALTER, PRESIDENTE DO SINPAF

Acidentes de trabalho são a principal causa de afastamento

A 13ª Plená-ria Nacional, realizada entre os dias 22 e 24 de abril, em Brasília, apro-

vou o relatório da 23ª Memória da Auditoria Fiscal Nacional (AFN) e a prestação de contas da Diretoria Nacional e das seções sindicais. Este ano, a AFN analisou as contas de todas as seções sindicais. A aprovação das contas demonstra a responsabilidade e a probidade empregadas pela Diretoria Nacional na ad-ministração do patrimônio dos trabalhadores. Em breve, será publicada a edição especial do Spalhaphatos com o relatório da AFN.

Aprovada prestação de contas da Diretoria Nacional

13ª PLENÁRIA NACIONAL

MAI 2009

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1989 1990 1991 1992 1993 1994

1989 1990No dia 2 de junho, é realizada a assembléia de fundação do SINPAF e eleita a diretoria •provisória. O primeiro presidente é Aluízio Ferreira de CarvalhoEm 22 de novembro, é publicada a primeira edição do Spalhaphatos, que chamava os •trabalhadores da Embrapa para uma greve da qual saem vitoriososDe acordo com notícia do Spalhaphatos nº 6 (4/12/89), com a greve, os trabalhadores •conquistaram um poder de compra compatível com o que tinham em 1979 (ano da melhor remuneração na empresa)

O SINPAF realiza seu 1º Congresso, entre os dias 16 e 17 de abril. Logo em seguida, •no dia 19, é realizada a primeira eleição para a Diretoria Nacional. O pesquisador Elino Alves de Morais é eleito presidente pelos delegados presentes no Congresso. Neste mesmo ano, ele deixou a presidência, assumida por Alípio Correia Filho.No mesmo mês, é lançado o concurso para a escolha da logomarca do Sindicato•A Diretoria Nacional aluga uma sala e passa a funcionar fora da Embrapa Sede•Esse também foi o ano do confisco da poupança pelo governo Collor•Trabalhadores da Pesagro e Emepa se filiam ao SINPAF•

O SINPAF é uma bela experiência de d

e-

mocracia e organização dos trabalhad

ores. Sua

estrutura é moderna e exemplo para o

s demais

sindicatos. Nesses anos de luta, o S

INPAF de-

monstra que é possível defender a ca

tegoria e

manter a identidade de classe e a so

lidarie-

dade com os demais trabalhadores. A

CUT tem

muito orgulho de tê-los como filiado

s. Para-

béns pelos 20 anos!

Rejane Pitanga

Presidenta da CUT-DF

Mil Novecentos e Oitenta e nove. O Bra-sil, presidido pelo oligarca maranhense José Sarney, que assumira a Presidência da Repú-blica no lugar de Tancredo Neves, amargava uma inflação anual de 1.782,89% (FGV). Naquele ano, o salário mínimo variou entre Cz$ 54.370 (1º de janeiro) e NCz$ 788 (1º de dezembro). Foi o ano da segunda altera-ção monetária do governo Sarney. O Brasil se acostumava à Constituição Cidadã, a pri-meira da história do país a aceitar emendas populares. A taxa de desemprego, segundo o Dieese, era de 7%.

Naquele contexto ainda incerto, era fundado o SINPAF, em dois de junho. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Instituições de Pesquisa Agropecuária e Florestal, como foi inicialmente chamado, nasceu para representar os trabalhadores das instituições brasileiras de pesquisa e desenvolvimento agropecuário, que até a

promulgação da Constitui-ção Cidadã não podiam se organizar. A primeira grande luta dos trabalhadores da Em-brapa foi a incorporação de 31,92% nos salários do mês de novembro daque-le ano, que culminou com uma greve de uma sema-

na. Como toda instituição que defende os interesses dos trabalhadores, o SINPAF en-frentou, desde seus primeiros momentos, a recusa dos governos em querer dar à cate-goria o que lhe era devido.

Ao lograr resultados positivos, o Sin-dicato logo chamou a atenção de outras categorias, como as da área de desenvol-vimento agropecuário, fomento e abas-tecimento, entre outras. Logo, o SINPAF também se tornou o Sindicato dos traba-lhadores da Pesagro, Emepa, Codevasf e distritos de irrigação. Mais recentemente, em 2008, também acolheu os trabalha-dores da Ceasa-RJ.

Nossa luta contra a reforma administra-tiva proposta pelo governo FHC por meio da Proposta de Emenda à Constituição nº 20/2000, que previa a extinção de empre-

sas públicas dependentes do tesouro, foi decisiva para a continuidade da Embrapa e Codevasf. Atualmente, nossa luta é contra a proposta de abertura de capital da Embrapa, proposta pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) por meio do PLS 222/08.

Outra ação determinante foi a manu-tenção, em 1998, dos aposentados no qua-dro das empresas públicas. Em todas essas conquistas, decisivas para o trabalhador brasileiro, o SINPAF contou com o apoio e a adesão da categoria e se consolidou como uma entidade forte e reconhecidamente compromissada com as causas da classe trabalhadora.

Como uma entidade estruturada no com-promisso com a categoria que representa, o SINPAF nunca deixou de atuar na defesa in-transigente dos trabalhadores. Mesmo com a eleição de um ex-sindicalista para a Pre-sidência da República, cuja candidatura foi apoiada pelo movimento sindical, nossa luta jamais arrefeceu. Continuamos firmes na defesa de melhores salários, melhores condi-ções de trabalho e recursos para a pesquisa e desenvolvimento agropecuário.

Para nós, relembrar nossa história e co-memorar nossas conquistas são reflexões necessárias neste momento em que pre-

cisamos reunir forças para vencer os desa-fios que nos são impostos pela conjuntura nacional e internacional. Comemoramos 20 anos de existência em meio a uma crise ca-pitalista internacional que ameaça a classe trabalhadora. Vencer esse e outros desafios é nossa principal meta.

Lutar pela melhoria das condições de tra-balho e de salário e por novas conquistas, como a participação nos lucros ou resultados, a ampliação do quadro de trabalhadores, isonomia de direitos e reconhecimento do histórico funcional são nossos próximos de-safios. Nossa história nos qualifica para essa empreitada. Graças à nossa união, somos um sindicato forte, portanto, vamos à luta!

Lutar pela melhoria das condições de trabalho e de

salário e por novas conquistas, como a participação nos lucros

ou resultados, a ampliação do quadro de trabalhadores,

isonomia de direitos e reconhecimento do histórico

funcional são nossos desafios atuais. Nossa história nos

qualifica para essa empreitada. Graças à nossa união, somos um sindicato forte, portanto,

vamos à luta!

20 ANOS 20 ANOS

O SINPAF DE ONTEM E DE HOJE

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Relembrar nossas conquistas é uma maneira de nos preparar para vencer os próximos desafios

O QUE MELHOROU NA VIDA DOS TRABALHADORES NOS ÚLTIMOS 20 ANOS

1995 1996 1997 1998 1999 2000

1991 1992Com 144 votos favoráveis, quatro contrários e cinco abstenções, o 2º Congresso de-•cide que o SINPAF se filie à CUTCom a inflação estratosférica da época, na campanha salarial daquele ano, os trabal-•hadores da Embrapa reivindicam um reajuste salarial de 260%O Sindicato leva ministros do Tribunal Superior do Trabalho à Embrapa Cerrados, para •que conhecessem de perto o trabalho desenvolvido pela empresa e, assim, pudessem fazer melhor julgamento das reivindicações dos trabalhadores

Em junho, é convocada a eleição para a nova Diretoria Nacional. •O SINPAF formaliza sua filiação à CUT•O 3º Congresso do SINPAF decide que o Sindicato se articule com os movimentos sociais•Alípio Correia Filho é eleito presidente na primeira eleição direta•

Os 20 anos do SINPAF significam 20 a

nos

de edificação da organização dos tra

balha-

dores da Embrapa, das empresas estad

uais de

pesquisa agropecuária e, mais recent

emente,

da Codevasf, para a garantia dos dir

eitos e

das melhorias salariais que foram co

nquis-

tados ao longo desse período pela ca

tego-

ria. Mas, ainda é uma jovem história

de vida,

que precisa amadurecer suas ações e

avançar

na luta pela valorização permanente

desses

trabalhadores e de suas respectivas

empre-

sas, pelo aprofundamento da democrac

ia e das

transformações ainda necessárias par

a toda a

sociedade brasileira. E, para isso,

desejo

vida longa ao SINPAF!

Selma Lúcia Lira Beltrão

Ex-presidenta do SINPAF

Relembrar nossas conquistas é um meio de fortalecer nossa confiança na luta coletiva. Ao olharmos para trás e vermos o que fomos capazes de conquistar, podemos olhar para o futuro confiantes de que a força da nossa mobilização poderá nos proporcionar novas conquistas. Por isso, esta edição do Spalhaphatos não poderia deixar de resgatar nossos avanços mais significativos.

Ganhos reaisCom a pressão do Sindicato nos últimos

anos, os trabalhadores têm obtido reajus-tes salariais superiores aos índices inflacio-nários. Esses ganhos representam aumento salarial real e reduzem o acúmulo de per-das ocasionadas por políticas de governos anteriores, além de garantir um avanço permanente no poder de compra. Planos de saúde

Num país em que o sistema público de saúde é ineficiente e os planos de saúde privados são caros, esse benefício se tra-duz na melhoria da qualidade de vida do trabalhador e sua família. Antes da inter-venção do SINPAF, os planos de saúde da Embrapa (PAM) e Codevasf enfrentavam dificuldades e num determinado período do ano deixavam de operar. Os trabalhadores ficavam sem assistência médica. O SINPAF

negociou modelos que garantem o pleno funcionamento dos planos.

Os trabalhadores dos Distritos de Irri-gação, da Pesagro e da Emepa também conquistaram planos de saúde após sua filiação ao SINPAF.

Tíquete-alimentação O tíquete-alimentação não é uma obri-

gação legal das empresas no Brasil, por isso, grande parte dos trabalhadores brasi-leiros não recebe esse benefício. O SINPAF conquistou o tíquete-alimentação através das negociações coletivas com as empresas. Os últimos avanços foram a unificação da participação dos trabalhadores em 2% do valor total do benefício, 13º tíquete (cesta natalina) na Codevasf e cesta básica nos distritos de irrigação. Nos últimos anos, o sindicato tem conseguido reajustes nos va-lores dos tíquetes acima dos índices de in-flação da cesta básica.

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2001 2002 2003 2004 2005 2006

1993 1994O SINPAF chamava a atenção para a situação dos trabalhadores da Pesagro, que já •naquele ano amargavam uma redução de 70% no seu poder de compra, acumulada entre 1989 e 1993O Sindicato lança seu projeto Combate à Fome e à Miséria, engajado na campanha •do sociólogo BetinhoInício das ações movidas pelo SINPAF contra a Caixa Econômica Federal para a cor-•reção dos saldos do FGTS de seus filiados, expurgados pelos planos Bresser, Collor e Verão

O ano começa com a discussão da crise financeira pela qual o Sindicato passava•Em maio, os trabalhadores da Embrapa decidem entrar em “estado de greve”•Também em maio, o SINPAF ajuíza dissídio coletivo no TST•Criação do Plano de Assistência Médica (PAM) da Embrapa•Em várias edições do Spalhaphatos, o SINPAF denunciava o escândalo do funcionário-•fantasma bancado pelo ex-presidente da Embrapa, com dinheiro público

Auxílio-creche/Pré-escola

Outro benefício conquistado pelos traba-lhadores por meio do SINPAF. Na Embrapa, passou a substituir a manutenção de cre-ches pela empresa a partir do dissídio cole-tivo 2000/01. No entanto, limitava sua con-cessão aos primeiros seis meses de vida da criança. No ACT 2004/05, o sindicato nego-ciou sua ampliação para auxílio-pré-escolar. Assim, o benefício passou a contemplar trabalhadores com filhos de até sete anos e também para despesas com babás, me-diante comprovação. Os trabalhadores da Codevasf também recebem esse benefício.

Conscientização sobre assédio moral

A atuação do SINPAF também vem contribuindo para a conscientização de que o assédio moral é uma violência psi-cológica que não condiz com o ambiente de trabalho. Por ser um problema mun-

dial e ainda persistir nos setores público e privado, esse tipo de assédio é um dos eixos do movimento sindical. O SINPAF tem atuado principalmente no esclareci-mento de situações de assédio e por meio de uma assessoria jurídica que garante uma reparação legal às vítimas dessa violência. Com essa conscientização, as relações interpessoais entre os diferentes níveis hierárquicos tendem a se tornar mais igualitárias e respeitosas. Titularidade

O adicional de titularidade é o reconheci-mento da empresa à dedicação profissional do trabalhador que busca a ampliação de seus conhecimentos e, conseqüentemente, a melhoria da qualidade do seu trabalho. Esse reconhecimento veio para os trabalhadores da Embrapa em meados da década de 90, por meio da atuação do SINPAF. O último avanço foi a ampliação do adicional para os trabalhadores com pós-graduação latu-sensu (especialização), prevista no PCE.

Planos de cargos e salários

Os planos de carreiras e salários da Em-brapa e Codevasf existiam antes da fundação do SINPAF, mas somente com a intervenção do sindicato têm avançado. Na Embrapa, fo-ram várias negociações envolvendo os tra-balhadores e seus representantes sindicais para se chegar ao Plano de Carreiras (PCE).

A Codevasf também já implantou planos de cargos e salários anteriores - o primeiro, no final da década de 70. Após a filiação dos trabalhadores ao SINPAF e a conseqüente pressão por melhorias na política de pesso-al, a empresa vem corrigindo as distorções presentes nesses instrumentos.

Reconhecimento da escolaridade

Esse benefício foi uma conquista do ACT 2005/06 dos trabalhadores da Embrapa. Contempla auxiliares de operações I e II que concluam o ensino fundamental ou médio.

Ampliação da licença-maternidade

A CLT garante à trabalhadora gestante o direito à licença-maternidade de 120 dias (quatro meses), sem prejuízo do emprego e do salário. Durante as negociações do ACT 2004/05 o SINPAF conseguiu ampliar o benefício para 150 dias (cinco meses) e, posteriormente, incluir essa ampliação no PCE da Embrapa, o que garantiu a permanência do benefício independen-temente das negociações anuais. Fruto da atuação do movimento sindical, em 2008, o presidente Lula sancionou lei concedendo licença-maternidade de seis meses em âmbito federal, o que ampliou ainda mais o benefício.

Recomposição dos saldos do FGTS

Os planos econômicos Bresser, Verão e Collor foram tentativas malfadadas de zerar a inflação por meio de decreto que resul-

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1995 1996No início do ano, o Sindicato envia ao então Presidente Fernando Henrique Cardoso e a •alguns ministros a análise que fez do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), solicitando uma reforma urgente. O documento também foi publicado em jornais como “carta aberta” a FHCEm março, o então presidente Alípio Correia Filho deixa o cargo, assumido pelo então •secretário-geral Wilmar Lacerda, posteriormente eleito presidenteNo segundo ano do governo FHC, o arrocho salarial era o principal problema dos trabal-•hadores públicosFoi neste ano também que o Ministério da Fazenda propôs a transformação da Embrapa em •fundaçãoO SINPAF entra com protesto judicial para garantir a data-base de 1º de maio•Em agosto, o TST julgava o dissídio coletivo•

O ano começa com protestos contra a proposta de lei de patentes, que determinou a •lei de proteção de cultivares; e contra a reforma da previdênciaDurante o 5º Congresso, os trabalhadores discutem a taxa de contribuição no valor de •1% e estabelecem a agricultura familiar como o principal tema de suas lutasOs trabalhadores da Codevasf se filiam ao SINPAF, trazendo para o Sindicato a dis-•cussão sobre o uso das águas e da transposição do rio São FranciscoImplantação do vale-refeição para todos os empregados•

taram numa série de conseqüências nefas-tas para o país. Em função de milhares de ações promovidas pelo movimento sindi-cal, o Supremo Tribunal Federal (STF) re-conheceu a existência de direito adquirido à aplicação da correção monetária sobre os saldos das contas do FGTS, suprimido quando da edição daqueles planos econô-micos. O governo procurou fazer acordo

com os trabalhadores. Muitos aceitaram os acordos e acabaram não obtendo tudo o que tinham direito.

O SINPAF, que sempre orientou seus filia-dos a entrarem com ações judiciais pleitean-do os índices reconhecidos pelo STF, obteve vitória em ações de seis mil trabalhadores da Embrapa e Codevasf por meio de sua as-sessoria jurídica.

Outras conquistas do SINPAF:- auxílio para filhos e dependentes portadores de necessidades especiais;- anuênio, cesta-básica e ampliação do número de faltas justificadas para

os trabalhadores dos distritos de irrigação e das empresas públicas;- café da manhã para trabalhadores de campo, manutenção e labora-

tórios;- avanços na licença-adoção.- reconhecimento de atividades periculosas na pesquisa agropecuária,

tais como escalação de árvores e manipulação de animais;- seguro de vida em grupo e auxílio-funeral;- garantia de readaptação funcional.

Parabenizo o SINPAF pela competência com que pauta a defesa de sua base, pois toda a sociedade

também se beneficia com as conquistas dos trabalhado-res. Com a intenção de manter sempre uma boa relação

com os trabalhadores, por meio do movimento sindical, coloco meu gabinete a disposição e reafirmo meu com-

promisso, também mantido com outras categorias traba-lhistas, de exercer da melhor forma possível o papel de um representante dos trabalhadores no parlamento.

Parabéns pelos 20 anos, SINPAF!

Geraldo MagelaDeputado federal (PT-DF)

Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta. Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode,

você deve, pode crerGabriel, o pensador

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1997 1998Em março, Wilmar Lacerda deixa a presidência, assumida por Herbert Cavalcante •LimaO ano foi marcado por protestos da classe trabalhadora contra o governo FHC e suas •políticas neoliberais, que tinham por objetivo o Estado mínimo, a ser atingido por meio das privatizações, arrocho salarial e cortes nos investimentos sociaisImplantação do auxílio-creche•

Em maio, inserido na agenda do movimento sindical em todo o país, o SINPAF faz •campanha pela não reeleição de FHCEm setembro, é eleita a nova Diretoria Nacional do SINPAF, com Lenildo Dias de Mo-•rais presidenteEm acordo coletivo, é registrada a abertura de licença para aprimoramento profis-•sional de trabalhadores de nível médioImplementado vale-transporte para empregados não abrangidos pelo transporte pró-•prio da empresa

Os sindicatos existem, primordialmente, para lutarem em defesa dos direitos e pela ampliação das conquistas dos trabalha-dores. No entanto, por mais que essa seja uma grande e nobre demanda, um sindica-to não pode se resumir a ela. O que move o sindicalismo é, antes de tudo, a fé de que

“PRECISAMOS FORMAR NOVAS LIDERANÇAS SINDICAIS”

tar a base que a elegeu. Ciente das de-mandas e desafios que a categoria tem pela frente, o atual presidente, Valter Endres, destaca nesta entrevista a for-mação de novas lideranças como um dos principais desafios que a categoria tem a vencer. “Nossas empresas, para nossa felicidade, também renovaram seus qua-dros de trabalhadores. Precisamos agora que esses trabalhadores integrem-se às lutas sindicais, precisamos sempre estar conscientes que herdamos de nossos an-tecessores todos os benefícios e direitos, conquistados com muita luta e até com a vida de muitos trabalhadores.”

- Em sua opinião, o que representam esses 20 anos de SINPAF para os traba-lhadores e para a pesquisa agropecuária brasileira?

Foram 20 anos de transformações. Transfor-mações principalmente das relações no ambiente de trabalho, que se tornaram mais democráticas – passou-se a reconhecer o trabalhador como uma pessoa que tem que ser respeitada e que contribui para o processo de desenvolvimento da pesquisa e do desenvolvimento agropecuário.

Para os trabalhadores, estabeleceu-se marco diferencial caracterizando identidade e respeito às suas necessidades e direitos de trabalhador e cidadão. Independente de cargo ou qualificação profissional, todos os trabalhadores possuem no

SINPAF a necessária cobertura para que suas re-lações de trabalho na empresa sejam realizadas mediante reconhecimento social e econômico.

- Nesses 20 anos, quais foram os perío-dos mais difíceis para a categoria e para o Sindicato?

Inevitavelmente, foram os primeiros anos, quando todos os trabalhadores, lideranças sindicais e gestores das empresas precisaram aprender a se comportar e a se relacionar na forma institucional sindicato e empresa, supe-rando os costumes adquiridos desde a criação da Embrapa e de uma geração formada no am-biente da ditadura militar.

Em termos de dificuldades de avanços nas relações trabalhistas, ocorreu um período difícil sob a égide do modelo neoliberal, especialmen-te no governo FHC/PSDB, onde necessitamos lutar para manter as estrutu-ras de nossas empresas minimamente em funcio-namento, bem como os direitos e benefícios al-cançados, sem conseguir estabelecer relações de avanços. Os malefícios da-quele período ainda são sentidos na categoria.

- Como você já mencio-nou acima, a história do SINPAF se confunde

Nosso desafio agora é preparar

uma nova geração de representantes

sindicais, pois a maioria daqueles que

fundaram o SINPAF já não estão mais na

militância sindical ou a estão deixando,

o que é natural com o passar dos anos.

Em termos de dificuldades de avanços nas relações trabalhistas,

ocorreu um período difícil sob a égide do modelo neoliberal,

especialmente no governo FHC/PSDB, onde necessitamos lutar

para manter as estruturas de nossas empresas minimamente

em funcionamento

um outro mundo é possível, de que não é porque as coisas são como são que têm que permanecer como são. Garantir con-quistas para a atual geração de trabalha-dores é passar às próximas gerações não somente a responsabilidade de mantê-las, mas de ampliá-las. É nesse contexto que as lideranças do SINPAF têm atuado desde sua fundação, e é com esse espírito que a atual direto-ria tem exercido sua tarefa de represen-

com o período de redemocratização do Brasil, no qual os trabalhadores tiveram que lidar com práticas e normas autori-tárias remanescentes dos 21 anos da di-tadura militar. Para você, quais foram as principais mudanças culturais conquista-das nas empresas da base nesse perío-do?

Com certeza foi a abertura democráti-ca das relações de trabalho, onde os trabalhado-res não mais são discriminados apenas por não possuírem formação acadêmica. Trabalhadores de qualquer grupo funcional podem relacionar-se nas atividades profissionais diretamente sem necessitar da intermediação de escalões hierar-quicamente estabelecidos. Isso até pode parecer estranho nos dias de hoje, mas há bem pouco tempo, trabalhadores de campo e pesquisadores não podiam se falar diretamente. Hoje, qualquer

ENTREVISTA ENTREVISTA

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2019 2020 2021 2022 2023 2024

1999 2000O Spalhaphatos nº 156 (janeiro) trazia o primeiro artigo sobre os organismos geneticamente modificados •(transgênicos). O debate sobre o assunto se daria por todo o anoEm março, acontecia o 6º Congresso, realizado em Petrolina/PE•Em junho, o Sindicato completava dez anos de luta em defesa dos trabalhadores e da pesquisa agro-•pecuária estatal, com a realização de atos em todo o paísO Sindicato iniciava a discussão dos impactos da reforma administrativa do governo FHC para as empre-•sas estatais de pesquisa agropecuária, defendendo sua permanência como empresas públicasA Marcha dos Cem Mil enche a Esplanada dos Ministérios de trabalhadores e militantes sociais que •protestavam contra o governo FHC e sua política neoliberal

SINPAF implementa os primeiros cursos de elevação da escolaridade em Pernambuco •e no Rio Grande do SulEm junho, o Sindicato ajuizava dissídio coletivo em nome dos trabalhadores da Em-•brapa e CodevasfO SINPAF obtém na justiça o direito dos participantes indicarem representante no •Conselho Deliberativo da Fundação Ceres

ENTREVISTA

pessoa pode dirigir-se aos gestores da empre-sa, normalmente, como deve ser a prática das relações sociais equilibradas. Essa mudança no comportamento das relações de trabalho talvez tenha sido a maior conquista da existência do SINPAF. Fato esse que só é percebido por aque-les que viveram essas transformações.

- Como você avalia a participação dos tra-balhadores no dia-a-dia do Sindicato?

Os filiados do SINPAF sempre participaram e atenderam os chamamentos do sindicato quando as situações são de grave enquadramento. Esse é um comportamento normal dentro da sociedade brasileira. Bem que gostaríamos que a participa-ção fosse mais intensa, nas discussões e encami-

dos. Quais são suas expectativas em rela-ção a esse processo?

Essa é uma reivindicação importante e de-monstra a maturidade do entendimento que os trabalhadores têm em relação às contribuições finais de seu trabalho. Nossa expectativa é de que, em médio prazo, estabeleçam-se padrões de reconhecimento financeiro diretamente vin-culado ao crescimento tecnológico da produção agropecuária, com remuneração a todos os tra-balhadores envolvidos direta e indiretamente na pesquisa e desenvolvimento agropecuário das bases do SINPAF.

- Desde o ano passado que as diretorias da Embrapa e Codevasf têm “jogado duro” com o Sindicato e os trabalhadores. Na sua opinião, a que se deve essa atitude?

Essa situação não é uma exclusividade des-sas duas empresas públicas, mas uma ação po-lítica desencadeada por grupos ideológicos que buscam estabelecer suas posições majoritárias na disputa política da sociedade.

As relações humanas em torno dos poderes de influência e decisões vivem em permanente conflito, onde a ampliação de espaço de alguns determina a redução do espaço de outros. No governo Lula, o espaço de presença e influência do movimento sindical avançou, contrariamente ao poder de decisão dos burocratas encastela-dos nas funções públicas. Nesse momento no qual a sociedade brasileira se encaminha para o final de um período de governo, onde houve uma abertura da participação da sociedade e em especial do movimento sindical, tais posiciona-mentos tendem a ser redimensionados, onde os representantes da forças políticas que almejam o novo período de governo necessitam preparar-se para a disputa em 2010. Não devemos nos esquecer que os defensores dos princípios neo-liberais ainda estão profundamente incrustados na máquina pública e desejam preparar-se para inserção no próximo governo, demonstrando que possuem força para controlar as estrutu-

ras sociais que estabelecem maior participação popular nas decisões de encaminhamentos que afetam a sociedade.

- A Embrapa já iniciou a negociação do ACT 2009/10 impondo condições que inviabili-zaram a imediata renovação do acordo an-terior. A que você atribui essa aspereza?

Está diretamente relacionada à questão an-terior. No ACT 2008, o SINPAF, junto à Embrapa, alcançou uma grande conquista ao estabelecer

a forma de pagamento do trabalho insalubre tendo como referencial o salário do trabalhador e não o salário mínimo. Conceito esse orienta-do pela Constituição Federal e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal. Porém, essa conquista dos traba-lhadores da Embrapa é uma ameaça ao modelo de exploração da força de trabalho existente. Os detentores do poder de decisão determinaram,

assim, que fossem endurecidas as negociações de forma a conter o avanço das conquistas dos trabalhadores. Nesse embate da luta histórica os trabalhadores terão que demonstrar sua força de enfrentamento para garantir avanços, retroceder jamais.

- O SINPAF tem sido procurado por traba-lhadores de outras empresas estatais. Há expectativa de expansão do Sindicato em curto ou médio prazo?

Os trabalhadores de outros órgãos públicos têm visto a forma de organização do SINPAF e os avanços e conquistas de sua base. Diversos repre-sentantes, lideranças de trabalhadores, têm bus-cado o SINPAF com o intuito de que venhamos a representar suas bases, incorporando o processo organizativo da representação sindical. Esse de-safio impõe ao SINPAF e aos seus dirigentes e filiados uma mudança de mentalidade, para que passemos a ampliar nossa base de representação e forma de atuação com qualificação de nossos dirigentes, passando a exercer de forma mais ampla o conceito da entidade sindical com a res-ponsabilidade de organização de trabalhadores. A efetiva expansão poderá ocorrer caso os tra-balhadores dessas bases venham efetivamente a filiar-se ao SINPAF, com a criação de novas Seções Sindicais.

- Qual sua mensagem para os filiados nes-te momento tão significativo?

Costumo dizer que no movimento sindical nunca temos um momento mais fácil que outro. Nesses 20 anos, passamos por muitos momen-tos difíceis, enfrentamentos, lutas e conquistas. Nosso desafio agora é preparar uma nova gera-ção de representantes sindicais, pois a maioria daqueles que fundaram o SINPAF já não estão mais na militância sindical ou a estão deixando, o que é natural com o passar dos anos. Nossas empresas, para nossa felicidade, também reno-varam seus quadros de trabalhadores. Precisa-mos agora que esses trabalhadores integrem-se às lutas sindicais, precisamos sempre estar cons-cientes que herdamos de nossos antecessores todos os benefícios e direitos, conquistados com muita luta e até com a vida de muitos trabalha-dores. Temos a obrigação de deixar para as gera-ções futuras esse legado, sempre ampliando as relações sociais no ambiente do trabalho, para a formação de uma sociedade justa e igualitária.

nhamentos no dia a dia de nossos ambientes de trabalho, mas essa transformação é uma tarefa para os próximos 20 anos do SINPAF.

- As demandas da classe trabalhadora es-tão sempre se renovando ou mudando de posição. Que conquista ainda não vinda você considera essencial para os traba-lhadores da Embrapa, Codevasf, distritos de irrigação, Emepa e Pesagro?

No plano trabalhista, o reconhecimento de que as atividades de pesquisa e desenvolvi-mento agropecuário estão muito próximas do limite do conhecimento, trabalhando com situ-ações de risco à saúde do trabalhador muitas vezes desconhecida. Assim, é preciso avançar na caracterização e proteção ao trabalho insa-lubre e periculoso na atividade de pesquisa e desenvolvimento agropecuário.

No plano das relações sociais no ambiente de trabalho, o maior desafio é a caracterização e erradicação do assédio moral. Situação essa muito presente e que ainda não possui uma conscientização na sociedade

- Depois de anos de reivindicação, a Em-brapa iniciou, este ano, a negociação de uma participação nos lucros ou resulta-

No plano das relações sociais no ambiente de

trabalho, o maior desafio é a caracterização e erradicação

do assédio moral. Situação essa muito presente e que

ainda não possui uma conscientização na sociedade

Os trabalhadores de outros órgãos públicos têm visto a forma de organização do SINPAF e os avanços e conquistas de sua base. Diversos representantes, lideranças de trabalhadores, têm buscado o SINPAF com o intuito de que venhamos a representar suas bases, incorporando o processo organizativo da representação sindical.

Nossa expectativa é de que, em médio prazo, estabeleçam-se padrões de re-conhecimento financeiro diretamente vinculado ao crescimento tecnológico da produção agropecuária, com remu-neração a todos os trabalhadores en-volvidos direta e indiretamente na pes-quisa e desenvolvimento agropecuário das bases do SINPAF.

ENTREVISTA

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Ao fazer 20 anos, o Sindicato dos Trabalhadores de Pesquisa e De-

senvolvimento Agropecuário – SINPAF, que representa a base da

Embrapa, Codevasf, Distritos de Irrigação, Emepa e Pesagro, conti-

nua mantendo a coerência de seus princípios e fundamentos originais, dentre eles a autonomia, indepen-dência, transparência, combativi-

dade e democracia.

2025 2026 2027 2028 2029 2030

2001 2002Lenildo Dias de Morais é reeleito presidente do SINPAF•Em junho, os trabalhadores da Embrapa fazem greve de dois dias•Em setembro, os grevistas conseguem reajuste de 4%•Ampliado o valor do adicional de titularidade pago a mestres e doutores•Ampliada as ausências justificadas para acompanhamento de familiares •em caso de doença

Em maio, acontecia o 7º Congresso, com o tema Segurança Alimentar•O SINPAF participa de protestos contra mudanças na CLT•Embrapa demite trabalhadores que ganharam, na justiça, a incorporação de 84,32% em seus •salários. SINPAF media acordo que resulta na readmissãoO Sindicato conquista, na justiça, o direito de conversão da licença-especial em pecúnia•276 alunos concluíram os cursos de elevação de escolaridade implantados pelo SINPAF no Rio •Grande do Sul e Pernambuco em 2000Junto com os movimentos sociais e sindical, o SINPAF participou de atos e manifestações contra •a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) Lula é eleito Presidente da República, com a maior votação da história

Até o momento, a agricultura brasileira tem consegui-

do superar as dificuldades impostas pela crise finance

ira

mundial. Há boas perspectivas no que se refere aos pre

ços

a serem praticados na safra deste ano, apesar dos prob

le-

mas climáticos ocorridos no Sul. Mesmo assim, temos um

a

garantia de oferta suficiente de alimentos com qualida

de,

saudáveis e seguros. Isto se explica pela responsabili

da-

de social do setor produtivo brasileiro. Isso fortalec

e o

diferencial competitivo do Brasil tanto como produtor

como

exportador de alimentos. Nossa taxa de crescimento do

se-

tor é de 3,7% no uso dos fatores totais de produção, s

endo

somente ultrapassada pela Rússia no período 2000-2006,

com

4,6%. Esses números positivos de produção e abastecime

nto

são sustentados por uma base tecnológica e avanços ext

ra-

ordinários na área de pesquisa agropecuária.

Essa realidade é fruto de muito esforço de todos que

trabalham em pesquisa e desenvolvimento agropecuário.

Por

reconhecer esse mérito no setor, o governo federal lan

-

çou, no ano passado, o PAC Embrapa, que prevê o aporte

de

recursos nas instituições que integram a rede nacional

de pesquisa agropecuária, pois a Embrapa não está sozi

nha

nessa área. O programa inclui ações como a revitalizaç

ão

e a construção de novas unidades, a contratação de nov

os

profissionais e treinamento dos empregados. A expectat

iva é

termos um novo salto no setor no longo prazo, viabiliz

ando

uma agricultura produtiva e ambientalmente sustentável

.

Temos que reconhecer, ainda, os esforços de mais de

10 mil trabalhadores que formam o quadro funcional da

Em-

brapa e de outras instituições, nas quais a sua maiori

a é

filiada ao SINPAF. Por outro lado, considero important

e o

apoio efetivo do Sindicato nos momentos mais difíceis,

bem

como os questionamentos necessários sobre os que coman

dam

a pesquisa, garantindo transparência nas decisões e co

m-

prometimento ético. Assim, aproveitando a ocasião do a

ni-

versário de 20 anos do Sindicato Nacional dos Trabalha

do-

res de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário cumprim

ento

toda a categoria e parabenizo a colaboração dos que at

uam

na Embrapa, Codevasf, Emepa, Pesagro e Ceasa-RJ.

Reinhold Stephanes

Ministro da Agricultura

nossos bem estar e qualidade de vida.A implantação do Programa de Partici-

pação nos Lucros ou Resultados – PLR nas empresas é fundamental para o reconheci-mento da labuta e dos méritos dos nossos trabalhadores.

Os Dirigentes Sindicais de Base deveriam incrementar a participação nas instâncias e eventos promovidos pela CUT nos estados e se habilitar às várias representações da socie-dade civil organizada, a exemplo dos diversos conselhos municipais, estaduais e federais nas áreas de saúde, educação, C&T, meio ambiente, previdência social, desenvolvimen-to rural, dentre outros, fundamentais para o exercício cidadão da democracia direta.

A Diretoria Nacional do SINPAF participa de diversos fóruns e interage com várias enti-dades da sociedade civil organizada. É mem-bro do Fórum Nacional da Reforma Agrária e Justiça no Campo – FNRA, é parceiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG e Federação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura Familiar – Fetraf, do Movimento dos Sem Terra – MST e da Central Única dos Trabalhadores – CUT, principais entidades nacionais de representa-ção dos trabalhadores, apoiando a reforma agrária e as lutas mais amplas no campo e nas cidades do Brasil.

Um amplo programa de formação sindical promovido pelo SINPAF e pela CUT já está em marcha, visando qualificar e preparar no-vos quadros de futuros dirigentes sindicais para o exercício pleno das suas funções.

A participação dos trabalhadores no mo-vimento sindical somente se concretizará com efetiva e massiva filiação ao SINPAF. Por isso estamos realizando mais uma ampla campa-nha de filiação, mostrando as conquistas so-

ciais, trabalhistas, salariais e políticas, princi-palmente aos trabalhadores mais novos que não conhecem o árduo caminho e a impor-tância desempenhada pelo nosso combativo sindicato no enfrentamento a gestores auto-ritários, contra o arrocho salarial imposto por governos neoliberais e demissões imotivadas e privatização das nossas empresas.

Somos uma grande família. Os trabalha-dores mais jovens devem se animar, engajar e conhecer nossas lutas e conquistas. Os prin-cípios e valores fundamentais que orientaram e orientam as trajetórias vitoriosas das nos-sas empresas precisam ser renovadas, dentre elas o compartilhamento do conhecimento, a solidariedade e o companheirismo.

Poderíamos elaborar um sem número de conquistas do SINPAF, mas o mais importan-te é o de ser guardião de nossos direitos. Por falar nisso, conclamo todos à luta da Cam-panha Salarial 2009/2010, que será dura e árdua devido à maior crise econômica do sistema capitalista mundial, mas da qual não temos culpa e por isso “não devemos e não vamos pagar o pato”.

Mas para que haja efetiva mudança nos paradigmas rumo a um futuro mais promis-sor, além das conquistas salariais e de bem-estar individual e coletivo, não devemos nos esquecer de participar e interferir nos rumos das nossas empresas, discutindo a missão, ob-jetivos, estratégias e linha de atuação, gestão, democracia interna e cumprimento da função econômica e social, para que a perenidade sustentável possa nos guiar e ser referência rumo à nova e justa sociedade.

* Eng. agrônomo e economista, pesquisador da Embrapa e Diretor Nacional de C&T do SINPAF.

Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Sus-tentável pela Universidade de Brasília (UnB).

OS DESAFIOS DO SINPAF*Idésio Luis Franke

Temos a clara convicção dos avanços proporcionados pelas milhares de mobili-zações e lutas de nossa aguerrida base. A história do nosso SINPAF está recheada de superação de barreiras e de conquistas.

Entretanto, os desafios impostos pela mudança paradigmática da ciência e tecno-logia, proporcionados pela espantosa e rá-pida evolução do conhecimento, requerem, também, novos comportamentos, estraté-gias e objetivos na luta sindical.

Nas relações do dia a dia, dentro das em-presas, devemos vislumbrar e lutar por um ambiente de trabalho que possa nos propor-cionar mais conforto, dignidade e bem-estar.

Aprofundar a discussão sobre saúde e segurança do trabalhador, contribuindo para que as sessões sindicais participem mais ativamente das Comissões Interna de Prevenção de Acidentes – CIPAs, do acom-panhamento dos Laudos Técnicos das Con-dições do Ambiente de Trabalho – LTCATs, dos Programas de Controle Médico de Saú-de Ocupacional – PCMSO e de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRAs, e o efetivo envolvimento na Semana da Qualidade de Vida, dentre outros mecanismos e eventos correlacionados, é essencial.

Uma maior inserção dos trabalhadores nos planos de assistência médica e fundos de pensão é urgente e necessária, pois somen-te com a capacitação dos nossos quadros de representação para o debate e atuação competente na defesa dos interesses dos tra-balhadores, vamos melhorar a saúde, possibi-litar uma aposentadoria decente e melhorar

20 ANOS 20 ANOS

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2003 2004Com a posse do Presidente Lula, os movimentos sociais e sindical esperavam mudanças significativas para o país. Para os •trabalhadores da pesquisa e desenvolvimento agropecuário, chegava o momento de fortalecer a agricultura familiarEm janeiro, o presidente Lenildo Morais se afasta do cargo, assumido por Selma Beltrão•Primeiro contato da Diretoria Nacional com o Presidente Lula, no qual os dirigentes cobraram a liberação de mais recursos •para a pesquisa agropecuária, inclusive para o atendimento das reivindicações constantes das pautas dos ACT 2003/04 da Embrapa e CodevasfO Sindicato propõe às diretorias da Embrapa e Codevasf a implantação de cursos de elevação da escolaridade e educação •alimentar O movimento sindical cutista discute a reforma sindical•Milhares de pessoas participam do ato nacional realizado pela Diretoria Nacional na Esplanada dos Ministérios, onde o •Sindicato serviu um almoço ao ar livre para cobrar do governo mais recursos para a pesquisa agropecuária. A mobilização foi parte da campanha salarial daquele anoEm discussão a proposta de lei de inovação tecnológica•Em setembro, o SINPAF e a Embrapa promovem o Seminário Josué de Castro e a constribuição de sua obra para o debate •sobre sustentabilidade alimentarO SINPAF obtém decisão judicial que reintegra dois pesquisadores da Embrapa, demitidos sem justa causa em 1996 •

O SINPAF distribui cinco toneladas de feijão para a população do Distrito Federal, durante mobilização •da campanha salarial, na Esplanada dos MinistériosA campanha salarial foi difícil para os trabalhadores da Embrapa e Codevasf, que ajuizaram dissídio •coletivo no TST; e para os trabalhadores da Emepa e Pesagro, que também recorrem à justiça trabalhistaA Embrapa lança o Flex-Ceres depois de seis anos de discussão com o SINPAF•O SINPAF contrata consultoria para elaborar uma proposta de plano de carreira única para os trabal-•hadores da EmbrapaÉ aprovada a Lei de Biossegurança (2.401).•Por meio do SINPAF, os filiados obtiveram recomposições dos saldos do FGTS no valor de R$ 33,3 mil-•hões. As ações haviam sido impetradas em 1993Outra vitória significativa: fim da cobrança do Imposto de Renda sobre o terço de férias.•Na sexta eleição direta, os trabalhadores elegem Valter Endres presidente do SINPAF•

CODEVASF: “Nossas conquistas passaram a ser significativas a partir do SINPAF”Filiação ao SINPAF foi um marco para os trabalhadores da Codevasf, antes representados pelo SINDSEP

Antes do SINPAF, os trabalhadores da Codevasf viviam de pires na mão, rogando para ter a oportunidade de irem a Brasília

negociar os acordos coletivos

Os trabalhadores da Codevasf se filiaram ao SINPAF em 1996. Antes disso, eram representados pelo Sindi-cato dos Servidores Públicos (SINDSEP), que por agre-gar um grande número de categorias, não podia dar a atenção necessária a essa base. Jeremias Lustosa Ca-bral, diretor regional Nordeste do SINPAF e presidente da Seção Sindical 3ª SR – Petrolina-PE), lembra que a representação sindical ficava restrita a Brasília e que, pelas circunstâncias, os dirigentes do SINDSEP mal co-nheciam o trabalho desenvolvido na Codevasf, o que não beneficiava em nada as negociações.

Nas palavras de Jeremias, “os trabalhadores da Code-vasf viviam de pires na mão, rogando para ter a oportu-nidade de irem a Brasília negociar os acordos coletivos”, o que não acontecia. “Naquela época, as negociações eram feitas por trabalhadores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que estavam à frente do SINDSEP, e eles nem sabiam o que era a Codevasf”, lembra.

Convicto, Jeremias afirma: “nossas conquistas pas-

de Assistência dos Empregados da Codevasf, gestora do plano”.Para Luís Soares, diretor de Assuntos Jurídicos do SINPAF, a filiação

dos trabalhadores da Codevasf foi positiva porque abriu novas possibi-lidades de negociação e trouxe uma realidade diferente. “Outro fator importante dessa filiação foi que quebramos a resistência que alguns tinham, naquela época, de ampliar a base do Sindicato. Isso foi o mais importante, pois tornou o SINPAF uma entidade plural. Essa pluralidade nos dá força na hora de negociar os acordos com o governo, já que as pautas da Embrapa e Codevasf são semelhantes”.

“Passamos a ser o foco do nosso sindicato”

Para o presidente da Seção Sindical 4ª SR (Aracaju-SE), Antônio Barbosa, ao se filiarem ao SINPAF, os trabalhadores da Codevasf pas-saram a ser o foco de sua entidade sindical representativa. “Para mim, esse foi o principal avanço”. Barbosa chegou a compor a diretoria do SINDSEP-SE e foi também um dos articuladores da mudança. “A base da Codevasf era a única composta por trabalhadores celetistas dentro do SINDSEP/Condsef, então, os dirigentes dessas entidades não tinham familiaridade com as nossas demandas, e isso gerava incertezas nos mo-mentos de negociação”.

Barbosa também afirma: “o SINPAF, por ser um sindicato moderno, com representação nos locais de trabalho, nos aproximou da empresa, trouxe mais interação entre os trabalhadores das diversas superintendências re-gionais e nos colocou na mesa de negociação com a direção da Codevasf, o que representa uma mudança radical nas possibilidades de ganhos”.

Para João Augusto, presidente da Seção Sindical 5ª SR (Penedo-AL), por ser um sindicato grande, filiado à maior e mais forte central sindical

saram a ser significativas a partir do SINPAF”. “Passamos a nos organizar por seções sindicais instaladas nos locais de trabalho, o que nos permite estar presentes no cotidia-no dos filiados, mediando conflitos localizados e buscando soluções imediatas. Esse modelo nos dá autonomia admi-nistrativo-financeira e política. Além disso, os trabalhado-res da Codevasf são representados em todos os eventos promovidos pelo Sindicato. Nas negociações dos acordos coletivos, todos os presidentes das seções sindicais vêm a Brasília negociar com a empresa”.

Jeremias também destaca a participação dos trabalha-dores da Codevasf na Diretoria Nacional, além da integra-ção dos trabalhadores dos distritos de irrigação à base do Sindicato. A filiação dessa base ao SINPAF foi deliberada pelo 6º Congresso, realizado em Petrolina-PE em 1999. Hoje, cerca de 500 trabalhadores desses distritos são repre-sentados pelo SINPAF. “Antes, eles não eram representados por nenhuma entidade sindical”, lembra Jeremias.

Para o diretor regional Nordeste, a maior conquista dos trabalhadores da Codevasf foi o plano de saúde. “Antes,

havia uma verba destinada à assistência à saúde, que sempre acabava ainda no começo do ano, deixando os trabalhadores desassistidos. Com a atuação do SINPAF, conquistamos um plano de saúde forte, susten-tando pela empresa e pelos próprios trabalhadores. Além disso, ainda conquistamos a nossa participação no conselho administrativo da Caixa

“Nos organizamos por seções sindicais instaladas nos locais de trabalho, o que nos permite estar

presentes no cotidiano dos filiados, mediando conflitos localizados e buscando soluções imediatas. Esse modelo nos dá autonomia

administrativo-financeira e política

do país, o SINPAF garante mais proteção aos trabalhadores. “Adquirimos capacidade de mobilização e de organização por local de trabalho. Além disso, nossa base diversa, composta por operários de campo e cientistas, nos possibilita um amplo espectro de reflexões necessárias à ação efi-ciente em prol dos trabalhadores e da própria empresa”. Para ele, um dos principais desafios da categoria é formar novas lideranças sindicais.

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2005 2006 O SINPAF lança campanha pela implantação da participação nos lucros ou resultados (PLR)•O Presidente Lula recebe dos dirigentes do Sindicato as reivindicações dos trabalhadores da Em-•brapa e CodevasfNo Rio de Janeiro, trabalhadores da Pesagro fazem o enterro simbólico do então governo de Ros-•inha Matheus. Em julho, a pressão surte efeito: 16,14% de reajuste salarial, relativos aos anos de 2000 e 2001O SINPAF lança campanha de filiação, dirigida aos novos contratados•O primeiro dispositivo legal (Decreto 1.637) tratando de sindicatos no Brasil completou 100 anos•Após intensa pressão do SINPAF, Embrapa implanta o novo PCE, com impacto mínimo de 7,5% •nos saláriosInclusão da titularidade de • latu sensu para analistasA complementação pecuniária foi extendida aos novos trabalhadores da região Norte, inclusive •Belém e Pantanal

O SINPAF faz campanha por melhores planos de cargos e salários•Os trabalhadores da Embrapa e Codevasf conquistam auxílio-creche para filhos de até sete •anos de idadeOutra conquista significativa na Embrapa: licença-maternidade de cinco meses•Os trabalhadores se engajam na campanha pelo desarmamento. O SINPAF orienta a base •a votar “sim”, ou seja, pelo fim da comercialização de armasParticipação efetiva do SINPAF resulta na criação da Casembrapa, gestora do plano de •saúde da Embrapa

EMBRAPA AMEAÇA RETIRAR DIREITOS. SINPAF CHAMA GREVE

Até o fechamento desta edição, a ne-gociação da Campanha Salarial 2009 mal havia começado na Embrapa, mas a empre-sa já ameaçava tirar direitos conquistados pela categoria mediante mobilizações. Ape-nas uma reunião fora realizada, na qual a empresa comunicou que só renovaria o ACT

de insalubridade sobre o valor do salário mínimo. No ano passado, um dos avanços significativos da campanha salarial foi jus-tamente a mudança na forma do cálculo dessa verba indenizatória: mediante a habi-lidade dos representantes sindicais na mesa de negociação e à pressão das mobilizações dos trabalhadores, a empresa finalmente aceitou calcular o adicional sobre o valor do salário base.

Entendendo que não deve cumprir o últi-mo acordo enquanto um novo não é assina-do, a Embrapa voltou a pagar o adicional da forma antiga. O SINPAF recebeu denúncias de trabalhadores de várias unidades, do-cumentadas com cópias de contracheques demonstrando a retirada dessa importante conquista. Diante da situação, o Sindicato conclamou todos a se mobilizarem para uma greve a partir do dia subseqüente ao do pagamento dos salários.

Valter Endres, presidente do SINPAF, ex-plica que a empresa nunca deixou de cum-prir acordos anteriores, mesmo não pror-rogados, enquanto a negociação do novo acordo não é concluída. “Os trabalhadores

2008/09 se os trabalhadores retirassem de sua pauta a cláusula três (forma de cálculo do adicional de insalubridade).

Como o SINPAF não aceitou a imposi-ção, a Embrapa entendeu que não deveria mais cumprir o último acordo. A primeira providência foi voltar a calcular o adicional

não podem ter prejuízos durante o processo de negociação. Além disso, com essa me-dida, a Embrapa deixou claro que todas as conquistas obtidas na campanha salarial de 2008 não têm garantia. A melhor resposta que os trabalhadores podem dar quando lhes arrancam suas conquistas é fazer uma greve para lembrar ao patrão que sem a for-ça de trabalho nenhuma empresa produz”.

A negociação com a Embrapa seria retoma-da nesta segunda quinzena, depois da reunião de chefes, conforme estabeleceu a empresa.

Avanços na negociação com a Codevasf

Após a quinta rodada de negociação da pauta do ACT 2008/09 da Codevasf, conclu-

Embrapa

- Reajuste salarial de 15%.- Auxílio-alimentação no valor de R$ 20.- Auxílio para filhos ou dependentes legais

portadores de necessidades especiais no valor de R$ 450.

- Auxílio-crehe/educação/babá no valor de R$ 337.

- Reconhecimento da escolaridade para assistentes C com nível superior (três re-ferências) e para assistentes A com mes-trado (três referências).

- Equiparação de benefícios previstos no PCE.

- Café da manhã para todos os empregados.- Licença-maternidade de seis meses.- Adicional de titularidade (especialização,

mestrado e doutorado) independente de

cargo ou função.- Reconhecimento da insalubridade de ati-

vidades que envolvam qualquer grau de manipulação de materiais biológicos con-tendo amostras de tecidos animais, ma-nipulação de substâncias com atividade mutagênica e carginógena.

Codevasf

- Reajuste salarial de 15%.- Auxílio-alimentação no valor de R$ 25.- Auxílio para filhos ou dependentes legais

portadores de necessidades especiais no valor de R$ 450.

- Auxílio-crehe/educação/babá no valor de R$ 475.

- Equiparação de benefícios como adicional por tempo de serviço, prêmio assiduidade (inclusive com pagamento em pecúnia) e devolução do parcelamento do adianta-mento de férias para todos.

- Licença-maternidade e licença-adoção de seis meses.

- Implementação do novo plano de cargos e salários somente após a efetiva regula-mentação das normas internas de pesso-

al, com acompanhamento do SINPAF. - Adicional de titularidade (10% para latu-

sensu/MBA, 20% para mestrado e 40% para doutorado)

- Reconhecimento da escolaridade dos trabalhadores que possuam qualificação superior à exigida para o cargo.

As pautas de reivindicação estão disponíveis em www.sinpaf.org.br

PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DA CAMPANHA SALARIAL 2009

ída no dia 14 de maio, a empresa ainda não havia apresentado contrapropostas para as cláusulas econômicas. Orlando Castro, pre-sidente, informou aos dirigentes das seções sindicais que estiveram em Brasília para ne-gociar o acordo que aguardava uma audiên-cia no Ministério do Planejamento.

Os trabalhadores reivindicam reajuste sa-larial de 15%, índice que contempla a reposi-ção da inflação e ganho real, tíquete-alimen-tação no valor unitário de R$ 25 (valor total de R$ 550) e auxílio-creche de até R$ 475. Outra reivindicação é que a empresa só im-plemente o novo plano de cargos e salários após a efetiva regulamentação das normas internas de pessoal, com acompanhamento do SINPAF. Nesse aspecto, o presidente da empresa se comprometeu a prorrogar o pra-zo para adesão ao novo plano por 90 dias.

Orlando Castro também se comprome-teu a resolver todas as pendências relativas ao pagamento de diárias de viagem, outra reivindicação antiga dos trabalhadores, em breve. Outro avanço foi a disposição da em-presa em aumentar o valor de sua partici-pação na sustentação do plano de saúde. De acordo com o presidente, já há gestões junto ao governo para aumentar o valor per capita para R$ 65. Atualmente, a empresa repassa R$ 50 reais.

Além dos representantes da Diretoria Nacional, as negociações envolveram os se-guintes dirigentes: Antenor Ferreira Leite (SS 1ª SR), Antônio Barbosa (SS 4ª SR), Guiomar Rodrigues de Carvalho (SS Codevasf Sede), Hércules Moraes (SS 6ª SR), Jeremias Lusto-sa Cabral (SS 3ª SR), Jerry Marques (diretor da SS 2ª SR) e João Augusto (SS 5ª SR).

Idésio Luís Franke, diretor de Ciência e Tecnologia do SINPAF, afirmou que “as ne-gociações foram realizadas num clima de diálogo e cordialidade, o que demonstra sensatez e maturidade de ambas as partes”. “Isso é essencial ao processo de negociação do acordo coletivo”, ressaltou.

“A melhor resposta que os trabalhadores podem dar quando lhes arrancam suas conquistas é fazer uma greve para lembrar ao patrão que sem a força

de trabalho nenhuma empresa produz”.

CAMPANHA SALARIAL CAMPANHA SALARIAL

Empresa retrocede e volta a calcular o adicional de insalubridade com base no salário mínimo

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2007 2008 O 9º Congresso discute as mudanças climáticas globais, aprovando que o Sindicato inclua em sua agenda a luta •pela priorização da agricultura familiar na produção de biocombustíveisDurante o congresso, os trabalhadores da Ceasa-RJ se filiam ao SINPAF•O presidente do SINPAF, Valter Endres, fala no Plenário da Câmara dos Deputados, durante solenidade em hom-•enagem aos 35 anos da Embrapa, e cobra a valorização dos trabalhadores da empresaEm junho, o senador Delcídio Amaral apresenta o PLS 222/08, propondo a abertura do capital da Embrapa. Na •prática, a alteração da personalidade jurídica da empresa para sociedade anônima representa a privatizaçãoO SINPAF inicia campanha contra ao PLS 222/08 e realiza um seminário nacional para discutir o assunto, com a •participação do jurista Dalmo Dallari.O Sindicato registra aumento do número de denúncias de assédio moral e prática anti-sindical•

No Spalhaphatos nº 241 (fevereiro), o Sindicato alerta sobre a situação das empresas estaduais, divulgando estudo •realizado pelo pesquisador Adriano Dias, da Fundação Joaquim Nabuco (PE)O SINPAF questiona as resoluções nº 9 e 10, da antiga Coordenação de Controle das Estatais (CCE), do Ministério •do Planejamento, que até hoje impedem a participação nos resultados e isonomia de benefíciosO Sindicato protestou, junto com o movimento sindical brasileiro, contra a Emenda 3, proposta pelo ex-senador Ney •Suassuna (PMDB-PB), que previa a contratação de trabalhadores como pessoa jurídica, vetada pelo Presidente Lula.Numa demonstração de união e força, a Seção Sindical Embrapa Suínos e Aves, com a intermediação da Diretoria •Nacional, consegue reverter a demissão arbitrária de três trabalhadoras daquela unidadeA Diretoria Nacional do SINPAF envia cartas aos governos da Paraíba e do Rio de Janeiro cobrando investimentos •na Emepa e PesagroO SINPAF inicia a discussão sobre o controle do trabalho criativo pelo relógio de ponto•As centrais sindicais obtêm o reconhecimento legal•Valter Endres é reeleito presidente do SINPAF•

PESQUISA DO SINPAF:acidentes de trabalho

são a principal causa de afastamento

A maior causa de afastamento do tra-balho na Embrapa, Codevasf, distritos de irrigação, Emepa (PB) e Pesagro (RJ) são os acidentes de trabalho. A situação foi detec-tada numa pesquisa realizada pela Direto-ria Nacional do SINPAF.

Por meio de um questionário distribuído para as seções sindicais, o Sindicato bus-cou informações sobre a atuação da Cipa,

qualidade de vida e outras questões da saúde e segurança do trabalhador, do-enças ocupacionais, acidentes internos, realização de eventos de prevenção a

acidentes e doenças e verificação das instalações físicas das unidades das empre-sas, entre outras.

A pesquisa foi realizada pelos diretores Raquel Siqueira de Lemos (Assuntos Sociais e Cidadania) e Idésio Luís Franke (Ciência e Tecnologia). Os resultados foram apre-sentados durante a 13ª Plenária Nacional, realizada entre os dias 22 e 24 de abril, em Brasília-DF. Raquel explicou que “não é um trabalho conclusivo, mas um instrumen-

to que nos permitirá iniciar uma discussão mais embasada sobre o assunto, já que nos possibilita uma amostragem significativa das condições de saúde e segu-rança nas nossas empresas”.

LER e alcoolismoAlém dos acidentes de traba-

lho, também contribuem para o afastamento problemas na colu-na, lesões por esforços repetitivos (LER), alcoolismo, hipertensão e

outras doenças ocupacionais e não-ocupa-cionais.

A pesquisa também revelou que há uma média de 50 trabalhadores desempenhan-do atividades consideradas insalubres em cada unidade das empresas. Com relação às atividades consideradas periculosas, a média de cinco trabalhadores por unidade.

Para 84% dos que responderam à pes-quisa, o técnico em segurança do trabalho de sua unidade fiscaliza adequadamente o ambiente laboral. A pesquisa também de-tectou que há regularidade de fornecimen-to de equipamentos de proteção individual (EPI) nas empresas e que o uso desses equi-pamentos se dá de forma correta.

No quesito instalações físicas, a maioria dos participantes da pesquisa as considera-ram boas ou muito boas para os setores ad-ministrativos. Para 50% dos entrevistados, a qualidade dos laboratórios é boa. Nos campos experimentais a situação é menos otimista: 42% consideram as instalações físicas regulares.

Os resultados da consulta se aplicam a todas as empresas da

base do SINPAF

Para Raquel e Idésio, a participação dos trabalhadores nas Cipas poderia ser maior se os gestores das unidades das empresas incentivassem e colocassem como priori-dade o esclarecimento e captação de suas sugestões para a melhoria das condições de trabalho.

Centrais sindicais querem mudar leis

O dia 28 de abril é o Dia Mundial em Me-mória das Vítimas de Acidente de Trabalho. O Brasil é um dos países campeões no número de mortes por acidentes laborais, segundo os organismos internacionais que tratam do tema. Para marcar a data e pressionar as au-toridades por uma melhoria desse quadro, a CUT e demais centrais sindicais promoveram, na Câmara dos Deputados, um ato em favor das alterações na Lei 8.213/91 e outras legis-lações pertinentes ao tema.

1º - Acidentes de trabalho2º - Problemas na coluna/traumas ortopédicos3º - LER4º - Doenças não-ocupacionais5º - Problemas cardiovasculares

Dez principais motivos de afastamento do trabalhador (Embrapa, Codevasf, distritos de irrigação, Emepa (PB) e Pesagro (RJ))

6º - Lombalgia7º - Alcoolismo8º - Hipertensão9º - Diarréia10º - Doenças ocupacionais

20 ANOS 20 ANOS

MAI 2009

22MAI 2009

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2009 O Sindicato recorre ao Ministério Público do Trabalho para buscar uma negociação da tabela salarial •imposta pela Embrapa, que não cumpriu o ACT 2008/09 ao estabelecer uma nova malha salarial sem negociá-la com os trabalhadoresO novo PCS da Codevasf é implantado sem as sugestões elaboradas pelo Sindicato•Em audiência provocada pelo SINPAF, o Ministério Público do Trabalho afirma que a Embrapa não •poderia estabelecer banco de horas sem negociação prévia com o SindicatoO SINPAF relança campanha de filiação durante a 13ª Plenária Nacional•

20 ANOS

O SINPAF atua num setor altamente estra-tégico para os destinos do Brasil. A consciên-cia política e o compromisso com a soberania

nacional, se disseminados entre os trabalhado-res e trabalhadoras na pesquisa e alta tecno-logia em agropecuária, são elementos essen-

ciais para ajudar a canalizar nosso potencial rumo a uma sociedade justa, igualitária, onde a distribuição de renda seja o mote principal do desenvolvimento. Essas são algumas ra-zões que fazem da atuação sindical cutista no setor, representada pelo SINPAF, algo muito

importante. Por isso, quero parabenizar o Sin-dicato por esses 20 anos de trabalho e de luta

e desejar cada vez mais conquistas para os companheiros e companheiras.

Artur HenriquePresidente da CUT

“Parabéns e... vamos

em frente! O SINPAF usa bem

os instrumentos de dispu-

ta de hegemonia na nossa

sociedade. Parabéns pelo

que já fazem, que já é bom.

Mas, força para avançar e

usar o maravilhoso trabalho

de vocês para construir uma

sociedade justa e frater-

nal! Do rádio à internet,

ao Spalhaphatos, à TV, à

radioweb. Tudo! Bons 20

anos e mais 5 vezes 20!”

Claudia Santiago e Vito

Giannotti

coordenadores do

Núcleo Piratininga de

Comunicação-RJ

É com orgulho que o MST parabeniza o SINPAF por seus 20 anos de fundação. Desejo

que seus filiados continuem lutando juntos em defesa não só dos direitos trabalhistas, mas também por uma agricultura familiar e saudá-

vel, sem o uso de agrotóxicos. Estamos juntos nessa luta. Por isso, desejo muitos e muitos

anos repletos de conquistas para essa catego-ria de trabalhadores. Um abraço a todos.

Gaspar Martins de AraújoDireção estadual do MST no

DF e entorno

Elisângela dos Santos AraújoCoordenadora-geral Maria da Graça AmorimCoordenadora de Reforma Agrária

A FETRAF-Brasil/CUT parabeniza o SINPAF pelos seus 20 anos de lutas e conquistas em defe-sa dos direitos dos trabalhadores em pesquisa agropecuária pública, e na defesa e apoio à luta pela agricultura familiar e reforma agrá-ria. Agradecemos imensamente o apoio e par-ceria que o SINPAF tem tido sempre com nossa organização sindical.

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