revista 20 anos

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ALUNOS ADEREM À MODA DA MARMITA A FESTA DAS TUNAS esep revista digital Junho 2015 Edição especial - 20 anos JC PREÇO E COMIDA SAUDÁVEL MOTIVAM OPÇÃO MÚSICA “ANIMA” O ESTUDO REVISTA PRODUZIDA COM PEÇAS DOS ALUNOS DE JORNALISMO

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Page 1: Revista 20 anos

alunos aderem À moda da marmita

a festa das tunas

esep revista digitalJunho 2015

Edição especial - 20 anos JC

prEço E comida saudávEl motivam opção

música “anima” o Estudo

rEvista produZida com pEças dos alunos dE Jornalismo

Page 2: Revista 20 anos

PUB

Page 3: Revista 20 anos

20 anos JC • esep revista digital • 3

EDITORIAL Luís Bonixe - Director do curso de Jornalismo e Comunicação

Ao comemorar 20 anos de existência, o curso de Jornalismo e

Comunicação coloca-se na linha de partida para enfrentar um conjunto

de desafios que se avizinham.

Desde logo, consolidar esta oferta formativa e assumi-la como uma das

mais importantes no contexto do IPP e da região. A criação de proje-

tos de Investigação que promovam a proximidade com a comunidade

envolvente e que contribuam para o conhecimento científico das áreas

do curso é, neste contexto, essencial.

Aspeto incontornável desta afirmação é, naturalmente, os estudantes,

que têm, ao longo destes anos dado força ao curso. Nesse sentido, o

olhar deverá continuar a estar focalizado na captação de alunos para o

curso procurando manter os excelentes níveis alcançados nos últimos

anos, quer ao nível da quantidade, quer da qualidade.

Por fim, não menos importante, num contexto de Bolonha, as ofertas

formativas assumem cada vez mais um carácter integrado e, nesse sen-

tido, é preciso reconhecer que a afirmação do curso de JC passa também

pela afirmação de uma oferta formativa que o complemente. O

nosso mestrado em Jornalismo, Comunicação e Cultura é essa oferta

e com ela estamos certos de que a formação em Jornalismo e

Comunicação na ESE se torna mais forte.

LOCAL

04 “do abandono à memória” 06 Viajar através do Geocaching 09 “Portalegree acolhe” refugiados

ECONOMIA10 menos estudantes, menos clientes

SOCIEDADE11 a moda da marmita

13 sonhos em paisagens desempregadas

CULTURA

14 mais do que uma tuna, uma família

16 rebuçados de Portalegre na bocados portugueses

18 digital precisa-se para gatantir cinema na cidade

19 laboratório de dança sevilhana

DESPORTO

20 Btt em terras alentejanas

21 Basquetebol perde jogadores

22 futebol no feminino

bREvES

Page 4: Revista 20 anos

LOCAL

4 • esep revista digital • 20 anos JC

ortalegre tem um problema em mãos para resolver. Cada vez existem menos

habitantes e menos estudantes no município, o que leva a que muitos dos

edifícios sejam abandonados, muitos deles no centro histórico da cidade, ou

por falta de condições económicas ou por simples abandono.

Cidade em que, no ano de 1981, o número de edifícios construídos antes do ano de

1919 rondava os 3500. Este número tem vindo a diminuir, chegando-se a contabilizar

ser cerca de 1200 edifícios no ano de 2011, segundo o site da base de dados PORDATA.

Para além de edifícios de habitações, existem também aqueles que fazem parte da

paisagem e da história da cidade de Portalegre, como é o caso da emblemática fábrica

de cortiça que recebeu o nome do seu fundador, George Robinson, no século XIX. A

reabilitação arquitetónica e paisagística de todo o Espaço Robinson inclui o perímetro

da Fábrica Robinson, do Convento e Igreja de São Francisco e do Lagar adjacente.

Este projeto visa a valorizar a perspetiva histórica da cidade, como também enaltecer

e revitalizar o Património através da sua recuperação e adequação. Apesar de grande

parte deste espaço já se encontrar reestruturado e renovado, ainda há vestígios de

abandono, como o espaço da própria fábrica que atrai vários curiosos a visitar o local.

Outro caso de renovação de edifícios bem conhecido por parte dos Portalegrenses, é

o atual edifício da Câmara Municipal de Portalegre que antigamente fazia parte das

“do abandono à mEmória”Nuno Saraiva, vice- -presidente da Câmara Municipal de Portalegre, lembra que “a comuni-dade tem de começar por se identificar com a sua própria cidade, e tem quem ganhar consciência da im-portância da reabilita-ção, da reutilização dos edifícios.”

POR JOSÉ ANTUNES

p

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LOCAL

20 anos JC • esep revista digital • 5

A comunidade tem de começar por se identificar com a sua própria cidade, e tem de ganhar consciên-cia da importância da reabilitação dos edifícios.”.

instalações da Real Fábrica de Lanifícios,

construída em 1772, por ordem do

Marquês de Pombal.

Em conversa com Nuno Saraiva, vice-

presidente da Câmara Municipal de

Portalegre, quando questionado sobre

a possível reutilização e renovação de

edifícios abandonados para dinamizar

a cidade, o autarca responde que “essa

reutilização muitas vezes é obtida, por

exemplo, através de junção de edifícios.”

“As políticas de reabilitação e revitaliza-

ção dos centros históricos atualmente

apostam na coabitação de várias funções

(habitação, serviços e comércio) porque

só assim se entende que o tecido se

torna vivo, ou seja, que a utilização é

totalmente garantida”, acrecenta.

O vice-presidente considera o turismo

como “um motor económico que ofe-

rece retorno e nesse sentido qualquer

acção que beneficie o turismo, a reabili-

tação é encarada como um investimento.“

E afirma que a Câmara Municipal de

Portalegre tem em implementação uma

“estratégia de reabilitação urbana no

centro histórico de Portalegre e Alegrete,

oferecendo isenções de taxas e de bene-

fícios fiscais para ações de reabilitação.”.

A Câmara pretende também “aumentar

a proteção dos edifícios de interesse

arquitetónico para que a cidade man-

tenha a sua identidade e autenticidade.”

Nuno Santana termina afirmando: “A

comunidade tem que começar por se

identificar com a sua própria cidade,

e tem quem ganhar consciência da

importância da reabilitação, da reutiliza-

ção dos edifícios.”.

Exemplo disso é Mariana Costa, de 25

anos, administradora da conta na rede

social Facebook “Portalegre Abandonada”.

A página onde Mariana aproveita os seus

tempos livres para colocar as suas foto-

grafias de edifícios abandonados, dentro

e fora do município, como forma de apelo

à sociedade.

Como Portalegrense, Mariana sentiu-se

na obrigação de “fazer alguma coisa para

mudar o rumo da cidade”.

“Decidi começar a fotografar o aban-

dono a que Portalegre tinha chegado e

publicar na minha página de maneira a

poder espevitar algumas mentalidades.

De maneira a poder mostrar que temos

muito potencial, só falta quem aposte em

nós,” conta.

“Hoje em dia, em cada um desses pas-

seios existem sempre edifícios aban-

donados a estragar a paisagem. Não

pelo facto de serem feios, muito pelo

contrario, mas pelo facto de serem lindís-

simos e estarem praticamente em ruinas.“

Expressa a jovem portalegrense.

Mariana considera que uma das causas

de tanto abandono é o facto de “as pes-

soas irem embora à procura de melhor

qualidade de vida e o que ficou para trás,

ficou. São apenas recordações.”

A jovem apela também para que “alguém

consiga despertar Portalegre do sono

profundo. Existe tanto para ver, conhecer.

As cascatas, os conventos, os jardins, os

vários castelos, as belas fontes, os mira-

douros, as ruas calcetadas, os túneis sub-

terrâneos e os maravilhosos fragmentos

da muralha medieval. Portalegre é feita

de tudo isto e muito mais. E por tudo

isto eu fico triste por ver que a cada dia

que passa, cada vez mais pessoas a irem

embora.”

Page 6: Revista 20 anos

6 • esep revista digital • 20 anos JC

Passei a conhecer melhor a cidade onde vivo e locais muito interessantes.”

LOCAL

Page 7: Revista 20 anos

20 anos JC • esep revista digital • 7

Geocaching destaca-se

por ser uma actividade

que necessita essen-

cialmente de um GPS e

coordenadas para que seja mais fácil a

descoberta das caches. Estas podem con-

ter objectos simples como canetas, lápis,

ou mesmo objectos mais complexos e

passiveis de uma consulta acerca da sua

origem e utilidade.

No concelho de Portalegre, tal como em

vários outros pontos do país, esta activi-

dade tem sido desenvolvida e explorada.

Existem cerca de dez caches neste ter-

ritório, algumas de fácil acesso, outras

que exigem mais recursos.

“Tenho um enorme gosto pela aven-

tura, mistério, pela exploração, foi por

essa razão que me interessei pelo

Geocaching”, conta Inês Cândido, que

pratica esta actividade há cerca de dois

anos. Inês tem vindo a aumentar o seu

desejo pela procura de todas as caches

que ainda não conseguiu encontrar. Mas

também aproveita para “poder conhecer

a cidade e os seus recantos”: “Desde que

iniciei esta actividade passei a conhe-

cer melhor a cidade onde vivo e alguns

locais muito interessantes e que nunca

imaginei que existissem”, diz a habitante

de Portalegre.

Esta acção torna-se assim também

dinamizadora do turismo. O Geocaching

permite que as pessoas passem a conhe-

cer, por caminhos que têm de percorrer,

e que podem ser desde o meio urbano

ao meio rural - conforme as coordenadas

que lhes são impostas - os locais ocultos

de Portalegre e todos os lugares que

visitam em busca das caches.

Em 2014 verificou-se um crescimento

no número de indivíduos, oriundos de

vários países, principalmente de Espanha

e Suíça, que analisando o território,

encontraram em Portalegre as caixas,

deixando a marca da sua passagem. Estes

mesmos dados ajudam a perceber que

o Geocaching pode ajudar a contribuir

para o aumento do Turismo na cidade.

Os adeptos da modalidade garantem que

em 2015 aumentou o número de indi-

víduos que procuraram em Portalegre

as caixas.

Contudo, Raquel Matias, residente na

cidade de Leiria, considera “que esta acção

devia ser mais divulgada em Portalegre”,

devido ao facto de noutras cidades por-

tuguesas o conceito de Geocaching ser

mais conhecido e “seduzir” mais o públi-

co-alvo. “Mesmo na Internet, ao procurar

as coordenadas para que se possam

encontrar as caches, o acesso é mais

escasso e é mais difícil de obter resposta

do que noutras cidades onde já pratiquei

esta actividade”. Por isso mesmo, Raquel

acha importante motivar este tipo de ini-

ciativas por assegurar “poder dinamizar a

cidade, pela abrangência de culturas que

este tipo de temas pode suscitar”.

O Geocaching vai sendo desenvolvido,

tanto a nível de resursos, tecnologia, per-

cursos, como de mais caches que todos

os dias podem ser encontradas. Ao longo

dos anos pelo avanço das tecnologias e

o este conceito foi atraindo mais pessoas,

o que levou a autarquias a investirem e

a dar uma maior visibilidade ao tema,

de acordo com Inês Cândido e Raquel

Matias, “esta acção como sendo saudável

e dar aos seus praticantes a oportuni-

dade de conhecer Portugal e o Mundo

inteiro.”

vIAJAR ATRAvéS do GEocachinG

o

tEnho um

EnormE Gosto

pEla avEntura

O conceito de Geocaching tem vindo a ser mais amplo e diversificado, desde o seu começo, em 2000. O gosto pelo desporto ou a simples atividade de lazer, despertam a curiosidade do público, tendo ao longo destes anos mais aderências, como também mais caches para serem en-contrados pelos inte-ressados.

POR PATRÍCIA BATISTA

LOCAL

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8 • esep revista digital • 20 anos JC

Cáritas de Portalegre começou a apoiar refugiados

no fim de 2012 com a chegada de três refugiados

vindos do centro de acolhimento da Bobadela

(CAR), que decidiu criar mais “postos” de acolhi-

mento, redistribuindo assim os que chegam pelas capitais de

distrito de Portugal.

“Portalegre acolhe” de momento cerca de 15 refugiados de

nacionalidades como Bielorrússia, Serra Leoa, Costa de Marfim,

Etiópia, Nigéria, Mali, e Congo. Os refugiados que chegam a

Portugal vêm a maioria das vezes porque pediram junto da

embaixada asilo político, ou por recearem serem perseguidos

devido à sua raça, religião ou nacionalidade. Ao chegarem a

Portugal são encaminhados para o centro de acolhimento para

refugiados (CAR).

No âmbito do Programa do Fundo Europeu para a Integração de

Nacionais de Países Terceiros (FEINPT), a Cáritas de Portalegre

desenvolveu o projeto “Portalegre Acolhe”, e no decorrer do

mesmo foram realizadas algumas atividades interculturais,

nomeadamente algumas festas e passeios pelos arredores de

Portalegre, Alter do Chão e Nisa foram alguns dos locais visita-

dos pelos refugiados.

Segundo Luís Mamão, da Cáritas, os refugiados dizem que “se

sentem [dentro dos possíveis] muito bem em Portalegre e

que na cidade têm de tudo um pouco e são apoiados de uma

maneira tal, que nunca seria possível em Lisboa”.

“PORTALEgRE ACOLhE” rEfuGiados

a

POR DANIELA PAULO

Portalegre recebeu em 2015 cinco refugiados que vão receber o apoio da Cáritas, totalizando assim cerca de 15 refugiados ao cargo desta mesma instituição.

LOCAL

Actividades interculturais como festas e passeios ten-tam integrar comunidades. ”

Page 9: Revista 20 anos

20 anos JC • esep revista digital • 9

ão mais de 100 portas comerciais que todos os

dias encerram em Portugal, e Portalegre não é

exceção. O encerramento de estabelecimentos

é consequência da crise. “A cidade tem vindo a

perder estudantes, devido à crise e também porque vivemos

numa cidade que não tem emprego para os jovens”, afirma Hugo

Ossuman, gerente do Álamo, um dos bares que ainda resiste na

zona.

Empregado no local há mais de 6 anos, Hugo Ossuman conta

ter assistido a um decréscimo na vinda de estudantes. “A cidade

só tem vida quando estão cá os estudantes! De ano para ano

são menos, e eles dão alegria, agitação, tudo a esta cidade!”,

acrescenta.

As noites portalegrenses avizinham-se tristes para os residentes,

que cada vez mais decidem abandonar a cidade. “Converso com

amigos meus que trabalham em Évora, Castelo Branco e Lisboa,

e eles próprios dizem que a noite está cada vez pior”, afirma o

gerente de um dos bares mais frequentados em Portalegre.

Uma das razões que Hugo Ossuman considera como sendo a

fonte de problemas na região, é a existência de muita concorrên-

cia num local tão restrito. “Por haver diversos bares, as pessoas

escolhem os preferidos, ganham rotinas e devido à pouca popu-

lação/clientes, as despesas aumentam e o lucro baixa”, lamenta.

Estabelecimentos encerrados como Alibábá, Lagartos, Príncipe

Real, República, Tapas Bar, Tasca Académica e Tasca Moka são

muitos dos nomes que o gerente enuncia para mostrar a con-

tinuidade desta situação. O bar que recentemente fechou portas

foi o Príncipe Real, bar/café que era o mais frequentado pelos

estudantes portalegrenses. Por isso, constata-se que os “bares

cada vez menos apostam nos artistas pela falta de dinheiro,

trabalhando com os mínimos possíveis”, informa.

Na luta diária por angariar clientes, os proprietários tentam

chamar à atenção me mais clientela trazendo artistas, mas

o cenário parece não mudar muito. “Aposta-se em grandes

artistas, mas funciona numa semana, na outra está tudo vazio

outra vez,” afirma Hugo Ossuman. Por este motivo, a instabi-

lidade sentida no negócio dos bares, em Portalegre, preocupa

os residentes e proprietários:. “Hoje em dia temos bares muito

bons em Portalegre, mas acredito que nenhum bar tenha esta-

bilidade, isto porque os dias fracos são mesmo muito fracos. Os

dias fortes, são normais! Normais porquê? Porque um bar tem

imensas despesas”, acrescenta.

s

ECONOMIA

MENOS EstudantEs, MENOS

cliEntEs Condições económicas cada vez mais

desfavoráveis obrigam proprietários do distrito alentejano a fechar portas

POR GLÓRIA FONTOURA

Page 10: Revista 20 anos

10 • esep revista digital • 20 anos JC

ara quem estuda ou trabalha

longe de casa, levar refeições

caseiras parece ser a melhor

hipótese. Com o aumento dos

preços e a situação económica do país,

comer fora fica caro. Até porque nos

restaurantes nem sempre se tem à dis-

ponibilidade comida saudável a preços

em conta.

A moda da marmita veio mesmo para

ficar. Quem o diz são os alunos e fun-

cionários da Escola Superior de Educação

de Portalegre (ESE) que já aderiram à

tendência e garantem não haver desvan-

tagens.

Uma das adeptas das marmitas é Isa

Pinheiro Ceia, aluna do primeiro ano de

jornalismo e comunicação, que confessa

ter aderido a esta moda: “Dois meses

depois de ter chegado à escola. Não só

devido aos preços mas também porque

sabe melhor comer a nossa comida casei-

ra.” Mas a marmita acaba também por

ser uma forma de economizar assume-o

Catarina Bugia, aluna do 2º ano, perfil de

comunicação: “Almoçava fora três dias

por semana o que rondava um gasto

de 20 euros. Agora, gasto por volta de 5

euros. No final do mês é uma diferença

muito grande.”

Preparar a própria marmita possibilita

também o reaproveitamento da comida

que sobra de outras refeições. Permitindo

alternar o que se come “um dia peixe, um

dia carne” confessa Andreia Costa, aluna

do primeiro ano de serviço social. Na

realidade uma opção para quem gosta de

cuidar da sua alimentação.

A maioria dos alunos adotou esta medida

recentemente. No secundário tinham à

disposição uma cantina escolar e por

terem subsídios escolares, não pagavam

as refeições. Não se justificava o uso da

marmita.

Este objeto que anda na moda parece

ser um simples recipiente só que há

muito que faz parte da sociedade por-

tuguesa. A crise só lhe deu destaque e

uso mais frequente. Os trabalhadores

dos campos e os operários da construção

civil sempre levaram refeições caseiras

para o trabalho. No Alentejo as pessoas

que trabalhavam no campo levavam as

suas refeições em tarros (recipientes em

cortiça). Domingos Silva, funcionário da

ESE, afirma que desde que se iniciou

no mercado de trabalho optou pelas

marmitas: “O trabalho assim o exigia.

a moda daMARMITA

p

Levar marmita para o trabalho ou para a universidade tornou-se moda. Quer seja por razões económicas ou por motivos nutricionais.

POR MARIA NOGUEIRA

SOCIEDADE

Page 11: Revista 20 anos

a marmita dE...

rEcEita

20 anos JC • esep revista digital • 11

Atualmente continuo a trazer. Tenho um

horário direto o que não me permite ir a

casa ou a um restaurante.”

Outra fã desta moda é Irene Melita,

tesoureira da ESE, que prepara as suas

refeições para levar para o local de trab-

alho há 10 anos: “Aderi às marmitas por

ser mais económico. Comecei a prepará-

las quando casei e tive a minha própria

casa.”

Vanda Almeida, atual proprietária do bar

da ESE, junta-se ao grupo de funcionários

da Escola que levam marmita: “Mesmo

tendo à disposição uma variedade de

produtos expostos na vitrina do bar,

opto por trazer a minha própria marmita.

Acabo por ter mais oferta de escolha

além de conseguir economizar.”

Quando questionada sobre a influência

desta tendência nas vendas do estabe-

lecimento, Vanda Almeida afirma: “ O

facto de os alunos trazerem as suas

próprias marmitas influenciou o nível

de vendas, que baixou particularmente

neste segundo semestre” e acrescenta

“ deixou de compensar fazer sopa para

vender no estabelecimento, não dava

lucro.”

Em alternativa, os alunos podem recorrer

à cantina central do Instituto Politécnico

de Portalegre (IPP) e ao bar da ESE.

Mesmo assim, Margarida Batista, aluna

do curso de jornalismo e comunicação,

reconhece: “ É mais saudável e mais

equilibrado comer uma refeição que é

preparada em casa do que comer tostas,

sandes ou sumos todos os dias. Para além

disso fica mais barato.”

A ESE teve de se adaptar aos novos hábi-

tos e dispõe de uma sala onde os alunos

e funcionários podem aquecer a sua

comida, comer e conviver. É lhes provi-

denciada uma televisão e ar condicio-

nado para oferecer um melhor ambiente

a quem usufrui do espaço. Lúcia Ferro

constata: “Consigo conviver e criar novas

relações com as pessoas que também

utilizam o mesmo espaço que eu.”

A modernidade do tema surge por ser

tendência nas universidades. As dificul-

dades financeiras que se sentiram nos

últimos quatro anos obrigaram os estu-

dantes a rever os seus hábitos de con-

sumo. Os alunos e funcionários da ESE

reforçam que foi a pensar em poupar

que aderiram a esta moda e só depois

se junta a questão nutritiva. Quanto à

escolha dos alimentos a maioria prefere

pratos de carne e saladas mas logo

a seguir surgem as alternativas: sopas,

peixe e sandes.

A marmita deixa assim de ser tabu e

passa a ser um hábito comum. Segundo

um estudo da Escola de Marketing IPAM

“78% dos inquiridos reduziram as suas

idas aos restaurantes sobretudo em dias

úteis”. O que reforça o hábito de preparar

a comida em casa para a levar para o

trabalho.

O famoso recipiente também se revela

um negócio com sucesso no mercado. As

pessoas começam a dar mais atenção ao

design e à funcionalidade. Marcas como

a SmartLunch são exemplo disso mesmo.

Comer quando, onde apetece e o que

se considera mais saudável e saboroso.

Poder variar consoante o gosto pessoal e

garantir que o que se come é bem con-

fecionado, são algumas das vantagens de

transportar a comida caseira. Segundo

dados da Kantar Worldpanel “cerca de

40% dos lares portugueses preparam

marmitas para levar para o emprego.

Cerca de mais de metade dos valores

apresentados em 2009.”

O melhor é habituarmo-nos à imagem

das marmitas nas ruas e espaços públi-

cos. Parece que vieram para ficar.

Consigo conviver e criar novas rela-ções com as pes-soas que também utilizam o mesmo espaço que eu.”

Catarina Bugia

Aluna do curso de Jornalismo e Comuni-cação (perfil comuni-cação) aderiu à moda da marmita no início do 2º semestre do 2º ano. Adepta de comida saudável foi uma forma de aliar bons hábitos alimentares à poupança.

O calor chegou à séria! E para quem

tem tensão baixa, estes não são os

melhores dias. Daí, e para tornar

um pouco mais suave um chá verde,

acrescentam-se cascas de laranja

(bem lavadas) à infusão e deixam-se

resfriar mais um pouco no frigorífico

antes de beber. O chá verde ajuda a

eliminar a celulite, por isso o casa-

mento é promissor.

Fonte: http://amarmitalisboeta.blogspot.pt/

SOCIEDADE

Page 12: Revista 20 anos

12 • esep revista digital • 20 anos JC

sonhos Em paisaGEns DESEMPREgADAS

O Alentejo foi eleito a melhor região de turismo nos Prémios Portugal Travel Awards. A National Geographic considerou a região no top dos 21 países a visitar. Apesar disto os estudantes de turismo temem desemprego e falta de oportunidades.

POR MARTA RAMOS

SOCIEDADE

Page 13: Revista 20 anos

20 anos JC • esep revista digital • 13

cidade de Portalegre dispõe de instituições edu-

cacionais direccionadas para a área do turismo,

com o objetivo de formar e qualificar os alunos

face às necessidades do mercado, no entanto os

respectivos estudantes sentem algumas fragilidades.

O sector turístico na região do Alentejo tem vindo a aumentar

a sua visibilidade, com o desenvolvimento de um conjunto

estratégico. O desejo de viajar pela História e abundância do

Património tem motivado a criação de actividades e eventos que

permitem o reconhecimento da região e um valor acrescentado

para a mesma.

“O turismo é um sector essencial para a notoriedade do ter-

ritório. É preciso reforçar e ampliar de forma a ser decisivo na

excelência e afirmação da marca Alentejo no Mundo que nos

dias de hoje já conseguimos.” expressa Ceia da Silva, Presidente

do Turismo do Alentejo.

A Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre (EHT Portalegre)

foi considerada um projecto inovador e um marco importante

para toda a região alentejana, de acordo com Maria Conceição

Grilo, Directora da instituição.

“A escola dá apoio a todos os seus alunos, temos estágios longos

e serviços escolares com o privilégio de ter contacto com pes-

soas experientes na área contudo Portalegre não tem capacid-

ade para empregar jovens deste sector.” declara Ana Rodrigues,

aluna do curso de Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas,

da EHT Portalegre.

André Coutinho, aluno do curso de Técnicas de Cozinha e

Pastelaria na instituição anteriormente referida afirma com

alguma motivação e ao mesmo tempo preocupação: “Temos

formadores na área da cozinha, turismo, gestão hoteleira, gestão

de serviço de bar e restaurante que preparam muito bem os

alunos para o mercado de trabalho. Os maiores desafios são os

eventos para os quais a escola é convidada a participar e o facto

da cidade não ajudar.”

O curso de turismo também é promovido na Escola Superior de

Educação de Portalegre mas as visões quanto ao apoio forne-

cido por parte do estabelecimento de ensino diferencia-se em

relação aos estudantes da EHT Portalegre e recordam o quão

diferente é o rigor em cada uma das instituições.

“A escola não presta o apoio suficiente, precisamos de mais

especialização e eventos para comunicarmos e socializarmos

com pessoas referentes na área”, critica Ana Mendes, com algu-

ma desmotivação.

Do ponto de vista de Elisabete Rodrigues, Directora do Curso

de Turismo da ESEP, a actual situação é de um esforço tal como

expressa: “Com o que conheço da cidade de Portalegre e da

ESEP, considero que tanto uma como a outra estão preparadas

para responder às expectativas dos alunos, embora possamos

sempre melhorar sendo que nada é finito”.

Os alunos mostram descontentamento com as carências que

este sector apresenta e contestam os desafios que podem vir

a ter no futuro tendo em conta que consideram a cidade de

Portalegre incapaz de corresponder às suas expectativas.

Em contrapartida Ceia da Silva considera: “Nenhum outro sec-

tor tem criado tanto emprego como o turismo e o Alentejo está

preparado para ir ao encontro das perspectivas dos jovens. O

emprego jovem é determinante. São os jovens que têm que criar

o seu próprio emprego, como por exemplo animação turística.”

Ana Rodrigues com algum receio recorda: “O hotel que temos

nem um restaurante tem, é necessário desenvolvimento e por

esse motivo a cidade em questão não tem capacidade para

empregar os jovens desta área.”

Em Portalegre grande parte dos monumentos, pontos de refe-

rência encontram-se fechados e muitos estabelecimentos são

negócios de família o que faz com que a área de turismo esteja

limitada para estes alunos e por esse motivo sentem dificuldade

em conseguir oportunidades.

“Um dia posso vir a precisar de jovens mas já tenho pessoas

efectivas e quando algo acontece abro as portas a pessoas da

casa”, declara Palmira Pires, proprietária de um restaurante.

O Alentejo foi eleito a melhor região de turismo nos Portugal

Travel Awards e a National Geographic incluiu-o na sua lista

mundial de 21 destinos a visitar.

A paisagem, o cheiro, a tranquilidade e a diversidade são ele-

mentos que se realçam cada vez mais como marca do Alentejo

assim como as fortalezas, castelos, muralhas, parques naturais e

restos arqueológicos que são facilmente encontrados por toda

a região.

Embora apresente grandes dimensões geográficas o Alentejo é a

região menos povoada do país e por esse motivo sente-se algu-

mas fragilidades e limitações tal como os estudantes referiram.

“Penso que não há apoios suficientes mas já começamos a

trabalhar para inverter a situação. Devia haver ligações mais

fortes com entre todas as entidades deste sector” reforça

Sónia Mendes, Técnica-Superior da Agência de Desenvolvimento

Regional do Alentejo.

a sEctor do turismo tEm sido o

quE mais cria EmprEGo

Penso que não há apoios suficientes mas já começa-mos a trabalhar para inverter a situação. Deve haver ligação entre as entidades.”

SOCIEDADE

--

ARQUIVO

Page 14: Revista 20 anos

14 • esep revista digital • 20 anos JC

m Março de 1994, um grupo de colegas que

gostavam de cantar juntou-se já que “na altura

o único grupo de músicas existente na Escola

Superior de Educação (ESEP) de Portalegre (ESEP)

não se sentia realizado” conta Rui Serras, um dos fundadores da

Tuna Papasmisto.

Inicialmente, a ideia era formar uma tuna masculina só da ESEP,

mas a adesão por parte dos homens não era muita e, além

disso, a dificuldade de arranjar instrumentos fez com que o

grupo recorre-se a colegas da Escola Superior de Tecnologia e

Gestão (ESTG). “Fizemos a divulgação e nos primeiros ensaios

deparámo-nos com quarenta elementos, apenas com dois instru-

mentos”

A luz dos holofotes fez com que a música fosse tocada de

outra forma. O convite por parte de um canal televisivo para

que a “tuna da ESEP participasse num programa televisivo”

fez com que Rui Serra e os colegas reunissem com o Professor

Fortunado Queiroz, na altura Presidente do Instituto Politécnico

de Portalegre (IPP), para falarem com ele acerca da formação

da tuna.

Quando a tuna foi formada houve um encontro, onde convida-

ram duas tunas de Coimbra, uma de Castelo Branco, de Évora e

ainda a tuna de medicina de Badajoz, que se realizou com os “25

contos (125 euros) que tínhamos no bolso que juntámos a fazer

arruadas na altura do Natal e das Janeiras” referiu Rui Serras.

Na altura, receberam apoio do IPP e do Instituto Português da

Juventude (IPJ), que forneceu alojamento e refeições. No fim

“tínhamos 1000 contos no bolso (5000 euros) ”

Atualmente, a tuna organiza um encontro chamado “Capotes

Negros” que tem como objetivo “juntar várias tunas do país.”

Mas neste entcontro não não se esquecem as tunas da cidade

de Portalegre. “Com isso queremos proporcionar aos estudantes

uma noite académica diferente e especial”, conta Maria Castelo

Branco. Este encontro é um marco importante, dado que “exige

muita dedicação e trabalho”. No fim da noite todos sentem “sat-

isfação por mais um ano cumprido”.

Hoje são cerca de 28 os membros ativos da tuna, ou seja, são “28

personalidades completamente diferentes, o que é normal gerar

alguns conflitos, mas são tão necessários como os momentos

de alegria” e como tuna nunca se esquece que “existe sempre

um objetivo em comum que é levar o “barco” para o melhor

caminho”, diz Maria Castelo Branco.

Muitos tunantes vêm o grupo como uma família, tal como Marta

Ramos refere: “Vi que havia ali uma família e o facto de estar

tão longe de casa, levou-me a querer entrar na tuna”. Para João

Guimarães, a tuna significa “poder ter atuações quer na cidade

em que se está a estudar, quer levar o nome da cidade para fora,

dar a conhecer às pessoas e fazê-las felizes e, acima de tudo,

mais quE uma tuna, UMA fAMíLIA

E

POR CLÁUDIA ROCHA

“É sem dúvida um enorme prazer dar um pouco de mim a esta tuna, mas com toda a certeza que nunca lhe vou dar tanto a ela como ela me dá a mim”, afirma Maria Castelo Branco, atual presidente da Tuna Papasmisto.

CULTURA

Page 15: Revista 20 anos

20 anos JC • esep revista digital • 15

sair da rotina.”

Quanto ao futuro da tuna Maria afirma

que “não podia estar mais contente por

ver a dedicação e a força de vontade

de todos nós para que isto continue”.

Quando se fala em “tuna”, muitos pensam

que isso se baseia em copos e bebedei-

ras mas,“na verdade acima disso tudo

está uma tradição a manter, uma enorme

vontade de tocar e cantar e passar aos

que vêm, aquilo que os que já foram

nos passaram a nós, sempre com “amor

à camisola”.

Maria refere ainda que tem a certeza de

que a tuna tem “condições para continuar

a representar a nossa cidade com muita

alegria e continuar a contar uma história

que já vai em 21 anos.”

Vi que havia ali uma família.E o facto de estar longe de casa, levou-me a querer entrar para a tuna.”

CULTURA

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16 • esep revista digital • 20 anos JC

REbUçADOS DE PORTALEgRE na boca dos portuGuEsEs

Os rebuçados de ovos de Portalegre vieram trazer o reconhecimento à cidade de onde são originais. É um produto que se distingue como “uma jóia da doçaria conventual portuguesa”.

POR DANIELA PAULO

CULTURA

ARQUIVO

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20 anos JC • esep revista digital • 17

oi em 2005 que nasceu a

tão “prestigiada” fábrica

de rebuçados de ovos de

Portalegre. A ideia partiu

de Daniel Roldão, zootécnico de pro-

fissão.

A criação da fábrica de rebuçados de

ovos surgiu durante um projeto bem dife-

rente: “Um parque com galinhas, capoei-

ras, ervas e minhocas”, conta Daniel

Roldão. O principal objetivo era a criação

de galinhas poedeiras num ambiente

biológico e saudável.

Durante o projeto que desenvolvia Daniel

percebeu que 30 por cento dos ovos que

produzia não podiam ser comercializados

devido ao seu calibre, pois estes têm de

obedecer a determinados parâmetros.

O produtor achou “engraçado encontrar

uma utilização para esses ovos” e per-

cebeu ainda que seria “muito apropriado

agarrar num doce ou num produto da

zona que sempre foi conhecido por ser

muito bom mas que poucas pessoas tin-

ham acesso pois só eram confecionados

por encomenda e em épocas festivas”.

Posto isto, surge em 2005 a fábrica de

rebuçados de ovos, ao fim de dois anos

de investigação intensiva e aperfeiçoa-

mento da receita. Esta investigação foi

realizada em parceria com a Escola de

Hotelaria do Estoril, com o objetivo de

estender o prazo de validade.

A principal preocupação de Daniel

Roldão foi o respeito pelo modo de

fabrico tradicional e “ a responsabilidade

de não adulterar mas sim de melhorar

o produto, não utilizando produtos de

enchimento, produtos de coloração, nem

outro produto que desvirtude o produto

original, no fundo é o respeito pela ori-

gem sem fundamentalismo”

A receita dos rebuçados de ovos já não

é a mesma, que a criada pelas freiras do

Convento de Santa Clara, há três séculos.

Nessa altura como forma de aproveita-

rem as gemas dos ovos após a confeção

das hóstias. Hoje a receita está adaptada

às novas exigências do consumidor, visto

que os hábitos alimentares de hoje não

são os mesmos do século XVIII e “o tradi-

cional de hoje não será o tradicional de

amanhã”

O rebuçado de ovo

“O rebuçado de ovo é um produto com

grande valor, com história e que se dis-

tingue como uma jóia da doçaria con-

ventual portuguesa”, segundo o funda-

dor da fábrica de rebuçados, este é um

“doce magnífico”, considerado um ícone

da cidade de Portalegre.

Segundo Carla Oliveira, chefe de

produção desde o primeiro dia de ativi-

dade da fábrica, afirma que diariamente

é possível produzir e embrulhar 400

rebuçados em oito horas de trabalho.

A confeção dos rebuçados conta ape-

nas com dois ingredientes: gemas de

ovos e açúcar, no entanto cada lote de

rebuçados pode demorar entre quatro a

seis dias a ser produzido sem máquinas

na linha de produção “é um modo de

fabrico muito lento, em que a massa do

rebuçado tem de ganhar consistência

para poder ser trabalhada fase a fase” diz

Carla Oliveira ao explicar que depois de

a massa obter a consistência correta, são

feitas as bolinhas que posteriormente

são passadas por açúcar em pó e por

último em calda de açúcar em ponto de

rebuçado para que estes fiquem esta-

ladiços.

Depois de arrefecidos estes são embrul-

hados em papel de seda e fechados

nas suas “latinhas” amarelas, desenhadas

pela Shift Design, de modo a apelarem o

consumidor, com o seu aspeto “vintage”.

O caminho dos rebuçados

Depois de produzidos os rebuçados,

chega a hora de distribui-los pelos por-

tugueses, já existem pontos de venda de

norte a sul do país incluindo as ilhas,

Viana do Castelo, Porto, Coimbra, Leiria,

Santarém, Évora e Lisboa são exemplos

de onde é comercializado o produto, sem

esquecer claro a cidade de Portalegre, de

onde estes são oriundos.

Os principais pontos de venda em

Portalegre são as lojas “Hiperfrutas” e

a “Sons e Sabores”, que são das poucas

no distrito que se adequam ao tipo de

mercado.

Lisboa é o distrito que conta com o

maior número de pontos de venda, pois

existem mais oportunidades de mer-

cado, tendo em conta que o produto é

essencialmente dedicado a um segmento

“premium”, onde é necessário dedicação e

formação.

Por isso mesmo, “Portalegre não tem um

comércio de grande volume, poucas lojas

são especializadas e este é um produto

que requer dedicação e formação, por-

tanto não há muito espaços comerciais

para nós trabalharmos, daí Lisboa ser

uma boa escolha”

A opção de exportar o produto para mais

pontos da Europa ou mesmo do mundo,

por enquanto não está nos planos da

empresa pois como já foi referido os

rebuçados são um produto muito especí-

fico, com características únicas e com um

prazo de validade curto que ao ser com-

ercializado para o estrangeiro poderia

perder muito da sua qualidade.

f

Agarrar num doce ou num produto da zona que sempre foi conhecido por ser muito bom mas que poucas pessoas tinham acesso pois só eram feitos por encomenda e em épocas festivas”

CULTURA

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18 • esep revista digital • 20 anos JC

ma das surpresas que a maior parte dos estudantes

do Instituto Politécnico de Portalegre tem quando

chegam à cidade é a falta de um cinema. Para estes

jovens este é um dos hobbies de eleição. Hoje a

maior parte dos filmes são disponibilizados em formato digital

o que coloca um problema à única sala de cinema de Portalegre

– o Centro de Artes e Espetáculos (CAEP). A Câmara Municipal

e o CAEP estão a trabalhar em conjunto para tentarem uma

solução. “Atualmente já não há praticamente filmes em 35 mm,

as chamadas bobines, e todos os filmes serem disponibilizados

em formato digital, a Câmara Municipal de Portalegre e o CAEP,

apesar das dificuldades económicas, irão tentar obter esse novo

formato para o Centro de Artes, através de candidaturas a fun-

dos comunitários”, diz Gaspar Garção, funcionário do CAEP.

O Centro tenta substituir uma sala de cinema, mas os filmes

chegam tarde. Pedro Barbas, Chefe da Divisão de Cultura,

Juventude, Desporto, Educação e Turismo de Portalegre, admite

que o CAEP não substitui um cinema, mas “é como se fosse um”

e que “a verdade é que há falta de investimento em todas as

áreas que se dedicam à cultura”. O responsável conta ainda que

“quase todos os filmes são casa cheia, principalmente os infantis,

chegamos a ter três sessões completamente esgotadas”. Gaspar

Garção, funcionário do centro, explica: “o CAEP não é um cinema,

é um Centro de Artes e Espetáculos, que como o nome indica,

tem várias atividades, desde cinema, a música de vários tipos,

até dança, teatro, exposições, conferências, etc.”

Mas multiplicam-se as iniciativas para substituir a inexistência

de um cinema em Portalegre. Além de exibições de filmes no

CAEP, há exibições no Porta-Aviões todos os domingos à noite.

E há ainda o CINESEP na Escola Superior de Educação, todas as

terças à noite.

DIgITAL PRECISA-SE para Garantir cinEmana cidadE

u

Apesar das sessões regulares de cinema no CAEP, os filmes são pouco comerciais e afastam jovens desta sala.

CULTURA

POR BÁRBARA FANTONE

ARQUIVO

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20 anos JC • esep revista digital • 19

Todas as semanas há danças de sevilhanas no CAEP que assim

promove a abertura dos habitantes portalegrenses a outras

culturas, nomeadamente à espanhola. As senhoras e crianças

que se juntam todas as quartas-feiras, entre as 18:15h e as

19:15h, demonstram que existe uma “grande paixão pelas dan-

ças Sevilhanas uma vez que são bastante vivas e alegres”, revela

Teresa.

As Sevilhanas que advêm da evolução do Flamenco são carac-

terizadas como uma dança de par. Estas danças são ainda adje-

tivadas de graciosas, espontâneas e bastante dinâmicas e é isso

que tem vindo a cativar cada vez mais o público portalegrense.

Ana Nunes, aluna deste grupo diz-se “simplesmente encantada

pela dança que vi num bar em Sevilha. Depois de terminar o

curso comecei a ter aulas de Sevilhanas em Lisboa, isto já há

muitos anos, mas desde aquela noite em Sevilha, o bichinho

pelas Sevilhanas nunca mais desapareceu”. Segundo Teresa, “a

dança Sevilhana tem vindo a popularizar-se por toda a parte”

e é por isso que a aposta na mesma se tornou óbvia para o

CAEP, uma vez que o Centro de Artes do Espetáculo, como o seu

próprio nome indica, pretende dar às pessoas aquilo que tem a

ver com a arte e a cultura, não só do nosso país, mas do mundo

inteiro.

Este grupo, embora se trate de um grupo amador, tem conse-

guido fazer algumas atuações de forma a mostrar ao público

aquilo que vão desenvolvendo nas aulas e os progressos que

vão fazendo. Estas atuações servem ainda para tentar cativar

mais gente para a prática desta dança.

LAbORATóRIO dE dança sEvilhana

“O objectivo é dar a conhecer a dança espanhola aqui em Portalegre”. É assim que a professora Teresa Sequeira carac-teriza a aposta do CAEP LAB na dança Sevilhana. As aulas realizam-se todas as quartas-feiras ao fim da tarde no CAEP.

POR JOÃO BAPTISTA

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20 • esep revista digital • 20 anos JC

A apresentação do projeto foi feita há cerca de dois meses em

Alter do Chão e as inscrições já se encontram abertas. Este even-

to resulta de uma parceira entre o Centro Cultural e Desportivo

Ases do Pedal, com sede em Portalegre, e o clube Alter Real BTT

de Alter do Chão.

Esperam-se atletas vindos de todo o país naquela que será uma

prova de 190 quilómetros, com a duração de dois dias, a decorrer

entre Portalegre e Alter. O percurso será entre caminhos rurais e

uma breve passagem pela serra de S. Mamede mas, a organiza-

ção alerta: “O percurso será efetuado com a orientação de um

GPS e não existirão marcações no terreno.”

Os atletas podem inscrever-se para os dois dias ou apenas para

um, com equipas de um a três elementos de ambos os sexos. O

município de Alter do Chão disponibiliza ainda, gratuitamente,

alojamento para aproximadamente 35 atletas, aos restantes será

permitida estadia no pavilhão.

João Figueira, aluno de serviço social da Escola Superior de

Educação, praticante do desporto desde os seus 14 anos decidiu

embarcar nesta aventura e confessa: “É a primeira vez que reali-

zo uma prova deste tipo. Sou mais adepto de provas de resistên-

cia, maratona e provas de XCO (modalidade do ciclismo de mon-

tanha). Quanto a esta prova tenho a noção que não vai ser fácil,

esperam-se dias com temperaturas elevadas e as distâncias são

bastante longas mas, quem corre por gosto não cansa.”

João Figueira participa na equipa de um dos fundadores do

grupo Ases do Pedal, Júlio Ceia, que numa brincadeira com

Manuel Vilela e João Cândido criam o Centro Cultural e

Desportivo Ases do Pedal. Os Ases do Pedal, segundo Manuel

Vilela: “Organizaram aquela que foi considerada, durante algum

tempo, a melhor maratona de BTT que se fazia na europa”, a

prova Portalegre BTT que atingiu o recorde em 2007 com a

participação de 4750 praticantes de BTT.

bTT Em tErras ALENTEJANASÉ já nos dias 20 e 21 de junho que se realiza a 1ª travessia em BTT Portalegre – Alter do Chão.

POR MARIA NOGUEIRA

atlEtas farão

190 Km EntrE altEr

E portalEGrE

DESPORTO

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DESPORTO

O clube formou-se em Dezembro de 1999. António Jacques

treinador de nível 2, e atual treinador, foi um dos fundadores.

E ainda não desistiu da equipa. António Jacques manteve-se

ao longo de todos estes anos a remar ‘’sozinho’’ contra todas as

adversidades que lhe iam aparecendo no caminho.

O Portalegre Basquete Clube começou com jovens que vinham

das escolas, com eles, uma equipa de juniores foi formada tendo

chegado a seniores, depois disso a equipa desmembrou-se, uns

foram jogar para outras equipas e tantos outros foram estudar

para fora da cidade.

Foi já na temporada de 2005/2006 que o PBC começou com os

mais novos, no mini basket que mais tarde transitaram para a

formação. Ao longo dos anos as equipas iam-se formando com

os jogadores que iam aparecendo e que consequentemente,

traziam outros para a prática desportiva no clube. Inicialmente

vinham pelo convívio mas depois acabavam por gostar e ficar.

O clube chegou a ter 4/5 escalões a funcionar ao mesmo tempo

entre 2006 a 2010, altura em que havia mais apoios entres eles

o da Câmara Municipal de Portalegre.

António Jacques afirma: ‘’Tenho levado o clube de todas as

maneiras possíveis’’, ‘’Tive de deixar de ser treinador para arbi-

trar um jogo porque não haviam árbitros no alentejo’’ referiu

ainda.

Em Portalegre há mais adeptos de futebol e andebol. O prob-

lema, diz o treinador, “não é o Alentejo. Em Ponte de Sor, Beja,

Elvas e Campo Maior, há apoio.” E considera que na base estão

sobretudo “questões culturais, de hábito e com a falta de dinam-

ização do desporto’’.

A equipa técnica contava com António Jacques a treinador e

alguns jovens aspirantes a treinadores que pelo clube passaram

em temporadas distintas e que nunca acabaram por ficar.

Os treinos do PBC funcionavam consoante os horários e as

épocas. Enquanto nos outros clubes, cada escalão tem dias

diferentes para treinar, em Portalegre eram todos os escalões ao

mesmo tempo. Entre os anos de grande adesão, o clube chegou

a ter cerca de 50 atletas, alguns deles foram treinar às seleções

regionais.

“Não é que não haja apoio porque houve apoio da autarquia de

2006 a 2010, mas depois disso começou a crise. Assim ano após

ano, corte após corte, as coisas deixaram de funcionar”, lamentou

António Jacques, com alguma tristeza nas palavras.

O treinador recorda os momentos que altos do basquetebol

na cidade. O clube chegou a organizar uma taça nacional de

juniores masculinos, a final da taça do Alentejo e a final do

campeonato regional de iniciados masculinos, e para António

Jacques esses foram os pontos mais altos clube em conjunto

com a participação de alguns atletas do Portalegre Basquete

Clube nas seleções regionais.

Um antigo jogador mostra a sua tristeza quanto ao fim do bas-

quete em Portalegre: ”Oxalá possa voltar, era importante para a

cidade” referiu.

O basquetebol em Portalegre já viu dias melhores. Hoje há

pouco mais do que um pavilhão vazio sem o barulho da bola a

bater no chão.

bASqUETE PERDE JOgADORESFoi um dos desportos influentes na ci-dade de Portalegre. Hoje o Basquetebol caiu de tal forma no esquecimento que não restam atletas no Portalegre Bas-quete Clube.

POR RAFAEL VINTÉM

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DESPORTO

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20 anos JC • esep revista digital • 23

Deixando “clichés” de lado entramos em campo com as

mulheres que fazem do futebol uma paixão. Ana Valinho

começou no desporto aos sete anos de idade. A jovem,

natural de Fátima, começou no atletismo no clube da

terra, na Casa do Povo de Fátima. Aos doze anos mudava-

se para o futsal, no mesmo clube, mas rapidamente

ascendia na sua carreira, mudando-se já mais tarde para

o futebol.

Aos 21 anos Ana Valinho envergava a camisola do 1º

de Dezembro, clube da zona de Sintra, onde jogou três

épocas e foi campeã nas mesmas três, erguendo ainda

duas taças. Foi chamada à selecção nacional onde se

tornou internacional pela equipa das quinas. Depois

de uma experiência internacional, na Islândia, voltou a

Portugal onde representa o Clube Atlético Oureense há

quatro anos. No Oureense já foi campeã, já ganhou a Taça

de Portugal, e conseguiu escrever linhas de história, em

Portugal, ao serem o clube português que mais longe foi

na Liga dos Campeões.

Ana Valinho sublinha que o futebol não é igual para

homens e para mulheres porque “se a mulher quer fazer

desporto, normalmente tem de fazer muito mais sacrifí-

cios do que os homens” e “a visibilidade e reconhecimento

também é sempre maior nos homens do que nas mu-

lheres” referindo-se ao facto da comunicação social não

ter dado qualquer importância ao feito histórico do Clube

Atlético Oureense. Esta foi a equipa portuguesa que mais

avançou na Liga dos Campeões, contudo o facto de se

tratar de uma equipa feminina afastou-a das notícias.

Acima de tudo são mulheres com paixão pelo futebol,

mulheres que muitas vezes lideram homens e conseguem

manter o sangue frio para manter, dentro das quatro

linhas, a serenidade, dignidade e respeito que o futebol

assim pede.

Mariana Domingos é natural de Leiria e tem 21 anos e

sonha, um dia, fazer carreira no futebol. Sem bola nos pés,

mas com cartões na mão, Mariana é árbitra no distrito de

Portalegre tendo tirado a sua formação em Leiria, mas faz

sentido perceber toda a sua história.

Mariana sempre foi apaixonada pelo desporto e desde

cedo praticou patinagem artística. Contudo, uma lesão

grave afastou-a dos patins e das competições, mas levou-

-a a virar-se para o futebol, ou mais especificamente, para

a arbitragem de jogos de futebol. “Entrei na arbitragem

principalmente por causa do meu pai. Ele era árbitro e lá

em casa sempre fui habituada a ver e acompanhá-lo. O

bichinho começou a crescer e fui tirar o curso, mas nunca

pensei que viesse a gostar tanto disto”, revela Mariana.

A atleta, natural da Cidade do Liz, é já árbitra há seis anos

e desabafa: “No nosso país temos grandes árbitras que são

destacadas a nível internacional, por isso qualidade não

falta. Penso que o que falta é um pouco mais de reconhe-

cimento, e capacidade para dar valor ao futebol feminino,

e às atletas que o praticam”.

fUTEbOL NO fEMININOO futebol é o desporto rei e leva milhares de espetadores aos es-tádios para assistirem a uma boa partida de futebol. Quando falamos em futebol associamos ao sexo masculino, mas há um cada vez mais atletas.

mariana é

árbitra há Já sEis anos

POR TIAGO MARQUES

mas lamEnta

falta dE valoriZação

DESPORTO

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24 • esep revista digital • 20 anos JC

Famílias acolhem animais abandonadosANA PARENTEO principal objetivo das FAT’S passa por oferecer uma vida

de qualidade aos animais durante o período de espera por

uma família que os adote. Atualmente, a associação “Arronches

Adopta” conta com o apoio de duas FAT’S. Por norma, cada

família acolhe uma ninhada, o que perfaz um total de 6 a 9

animais. No caso em que se trate de alguma doença, cada FAT

fica apenas com um animal. Caso as famílias de acolhimento

temporário não possam cuidar deles muito tempo ou caso não

se encontre alguém que os adote, os animais voltam para o lagar

de Arronches, local onde foram acolhidos inicialmente.

De acordo com a responsável pelo projeto “Arronches Adopta”,

Patrícia Flores, houve diversos casos em que os pequenos

animais só se salvaram por serem integrados nestas famílias,

“fazendo as contas por alto, já mais de 20 cachorros se salvaram

por ficarem ao cuidado das FAT’S”. Acrescenta ainda que con-

sidera que seja muito importante ajudar todos os animais que

possamos. “É isso que o mundo em que vivemos precisa. Dar

sem receber nada em troca. Pois apesar de não podermos salvar

o mundo, podemos salvar pequenas vidas que fazem do nosso

mundo, um lugar melhor”.

SOCIEDADE

BREVES Termas pouco rentáveis para investimentos feitos

FÁBIO BELONo distrito de Portalegre existem três complexos termais. As

Termas da Fadagosa de Nisa, a Fadagosa do Monte da Pedra e

as Termas de Cabeço de Vide. Os complexos termais encontram-

se abertos apenas durante a época balnear, mas as receitas não

correspondem às expectativas. O complexo termal das Termas

da Fadagosa de Nisa foi restruturado e abriu ao público em

2009. A restruturação do complexo custou cerca de dez milhões

de euros. As terma, a oito quilómetros da vila de Alpalhão são

um espaço sem rentabilização, considerando o investimento

feito. “Criaram-se estruturas megalómanas e acabaram por não

ter a rentabilidade prevista”, disse Rui Lopes Administrador de

Hotelaria de um hotel próximo. O administrador admite que têm

tido “prejuízos” e que “as termas eram de facto um verdadeiro

ex-líbris para este hotel”. Rafael Moura, gerente da Tapada das

Safras acha, que as termas de Nisa poderão vir a ter uma solução,

“uma vez que são termas de uma excelente qualidade em termos

técnicos e de recursos humanos”. O gerente da Tapada das Safras

aponta que os “principais problemas são a falta de publicitação

do espaço”. Já a autarca da freguesia de Alpalhão, Ana Cecília

Manteiga, acha que se deveria enveredar por outros caminhos,

e apostar-se num centro de recuperação. “No nosso concelho

existem muitos idosos, acamados e como muitos problemas,

muitos deles necessitam de fazer tratamentos e ir para centros

de recuperação. Porque não, também fazer-se alguma coisa

nesta área, uma vez que há equipamentos nas termas para se

fazer isso”, referiu ainda Ana Cecília Manteiga, presidente de

junta de Alpalhão.

Falta de comboio sem soluções à vista

DUARTE BIVARO encerramento da ferrovia portalegrense veio colocar o distrito

mais longe de “tudo e de todos”. Depois de desativadas as linhas

férreas em 2012, os serviços rodoviários são a única solução

para os moradores. Além dos táxis, cujo preço é mais alto, só

a Rodoviária do Alentejo garante o transporte dos passageiros.

Paulo Bizarro, porta-voz da empresa, refere que se tentam

atenuar as carências, mudando rotas e horários de acordo com

as necessidades mais presentes entre férias e períodos lectivos.

E “qualquer cliente pode propor uma rota, nós depois vemos a

fiabilidade que isso tem em termos de passageiros, horário, e

outros critérios”, conclui.

ECONOMIA

LOCAL

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