saúde para todos: nutrição - diabetes e metabolismo - nutrição saudável

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Este manual de apoio foi produzido em 2012 no âmbito do projeto Saúde para Todos: Luta contra as doenças não transmissíveis. Para mais informações consulte:

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DIABETES E NUTRIÇÃO

A diabetes é uma doença debilitante, dispendiosa e associada a complicações graves.

Representa grandes riscos para as famílias, para os Estados e para o mundo inteiro.

Dados de 2004 estimavam mais de 220 milhões de diabéticos em todo o mundo e a

prevalência e número de mortes associadas à doença tem vindo a aumentar

gradualmente, prevendo-se uma duplicação do número de mortes a acontecer até 2030.

Aproximadamente 80% destas mortes acontecem em países de baixo e médio rendimento.

O que é? A diabetes mellitus é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento de

açúcar no sangue acima de um valor determinado, de forma mantida e que no decurso

da sua evolução apresenta complicações graves. A diabetes ocorre quando se verifica

falta de insulina ou ela não actua de forma eficaz, causando o aumento da glicose no

sangue.

Existem dois tipos principais de diabetes:

Diabetes tipo 1 – é uma doença de causa maioritariamente genética e que aparece após

um factor determinante ou favorecedor (ambiental) que leva à destruição das células

produtoras de insulina no pâncreas, pelo próprio organismo. Costuma aparecer quando a

pessoa é jovem e é o tipo de diabetes mais grave sendo que a pessoa precisa de insulina

para viver.

Diabetes tipo 2 - é o tipo de diabetes mais frequente. Embora a causa genética também

esteja presente, o aparecimento da doença deve-se maioritariamente a um conjunto de

factores de risco, como por exemplo a obesidade, o sedentarismo, o stress, o consumo

exagerado de álcool e a alimentação inadequada. É mais frequente depois dos 40 anos.

Para além dos dois principais tipos de diabetes existe ainda a diabetes gestacional que

surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, quando concluído o período de

gestação (geralmente é diagnosticada uma elevação do valor do açúcar no sangue

aquando das análises de rotina). O seu diagnóstico obriga a que grávida passe a ser

vigiada em consultas de especialidade para que a gravidez decorra sem problemas e

para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo.

Sintomas

- Sede intensa (polidipsia)

- Urinar com maior frequência (poliúria)

- Apetite muito aumentado (polifagia)

- Prurido genital

- Cansaço e fraqueza constantes

- Visão turva

- Impotência sexual

- Infeções repetidas da pele

- À diabetes de tipo 1 está ainda associado um emagrecimento acentuado.

Estes sintomas podem levar a suspeitar da existência de uma diabetes mas não

estão, contudo, presentes em grande parte dos casos diagnosticados. O

diagnóstico é efetuado, na maior parte das vezes, em análises de rotinas.

Valores da glicemia a atingir para o controle metabólico da diabetes:

Valor das

glicemias

Controle

bom

Controle

aceitável

Controle

Mau

Em jejum

80-

120mg/dl

121-

140mg/dl

>140mg/d

l

Após a refeição

100-

150mg/dl

151-

180mg/dl

>180mg/d

l

Hgb.Glicosilad

a

A1C%

< 6,5% 7,0-7,5% >7,5%

Complicações - Se a diabetes não for bem controlada, o doente pode desenvolver

complicações a longo prazo: perda de sensibilidade nos pés, com feridas e úlceras que

não saram; danos no coração, rins; problemas de circulação de sangue nas pernas; AVC

(trombose); cegueira; impotência sexual nos homens e perda da líbido (desejo sexual) nas

mulheres.

A hipoglicemia é uma complicação que pode acontecer pelo tratamento com

antidiabéticos (orais ou insulina). Caracteriza-se por queda brusca do açúcar no sangue.

Pode ainda aparecer após jejuns prolongados, ou exercício físico intenso e prolongado. Os

principais sintomas são visão turva, desmaio, sensação de fome, tremura, sudação,

confusão mental e irritabilidade. A hipoglicemia exige um tratamento urgente logo que

aparecem os primeiros sinais. Tomar algum açúcar ou produto açucarado imediatamente

e descansar 10-15 minutos. Quando o doente perde a consciência, deve ser tratado com

urgência numa unidade sanitária com recursos para administrar: - no adulto: glicose 30%

E.V., seguida por glicose 10% E.V. / - na criança, glicose 10% E.V.

O doente deve conhecer os sintomas de hipoglicemia, para a poder tratar logo que

surjam.

Soluções

O tratamento da diabetes assenta em três componentes:

- Tratamento medicamentoso

- Tratamento dietético (dieta equilibrada e sem açúcar);

- Exercício físico regular

Tratamento medicamentoso

Para a diabete do tipo 1, a diabete 2 de difícil controlo e a diabetes gestacional é

utilizada a insulina. Para o tratamento da diabetes tipo 2 existem medicamentos,

conforme o tipo de acção:

Medicamentos de acção fundamental sobre o pâncreas levando à estimulação da

produção de insulina: as sulfonilureias e metaglinidas.

Medicamentos que melhoram a sensibilidade dos tecidos periféricos à acção da

insulina: as biguanidas e as glitazonas.

Medicamentos que levam à diminuição da absorção dos hidratos de carbonos

alimentares: inibidores da alfa-glucosidase

Tratamento dietético

O principal objectivo da dieta para portadores da diabetes é estabelecer um plano de

refeições que contenham nutrientes adequados, capazes de proporcionar controlo

glicémico satisfatório de forma a minimizar as complicações agudas e crónicas da doença.

A dieta normal precisa de ser modificada e a nova dieta deve ser seguida com muito

cuidado para o resto da vida. O doente não deve engordar nem emagrecer demais. O

diabético obeso ou com excesso de peso deve perder peso. Isto consegue-se com:

- Reduzir a quantidade de comida (comer metade do que comia normalmente)

- Não comer comida gordurosa (evitar os fritos)

- Não comer açúcar ou comidas doces

- Comer vegetais e frutas (1 peça) e peixe à vontade

- Fazer exercício físico diariamente

O diabético não deve comer açúcar e comidas doces (excepto para tratar a

hipoglicemia), por exemplo, açúcar, chá adoçado, rebuçados, gelados, refrescos,

bolachas açucaradas, leite condensado, bolos, chocolates, jam. O diabético deve

reduzir o consumo das comidas com gordura: alguns óleos vegetais, como o de

coco, amendoim e o de palma, castanha de caju; leite gordo e seus derivados:

queijo e manteiga; carnes gordas, banha de porco, gema de ovo, comidas

processadas (por exemplo, nicknacks, hambúrgueres, pizzas, cachorros-quentes,

enlatados, bolos, batatas fritas).

Se possível, deve comer comida com fibra: frutas como papaia, legumes crus

como cenouras e nabos, pão integral, maçaroca cozida, mandioca e sementes

como as de abóbora ou girassol. O farelo tem muita fibra e pode ser adicionado

à alimentação. Não se deve abusar destes alimentos pois também têm açúcar.

Alimentos que se podem comer livremente:

- Peixe e carne branca (galinha e peixe são os melhores)

- Frutas: papaia, melancia, toranja, pêra-abacate

- Vegetais: folhas verdes, couve, repolho, alface, abóbora, tomate, cebola, pepino

- É aconselhável comer fruta nos intervalos das refeições (1 peça).

Nos doentes com diabetes Tipo I, é muito importante comer num horário

certo e regular e não ficar muitas horas sem comer (deve ter pelo menos 6 refeições

por dia).

Prevenção:

- Vigilância e controlo de peso

- Prática regular de exercício físico (pelo menos 30 minutos diários)

- Cessação tabágica

- Realização regular de análises favorecendo o diagnóstico precoce

Incentive os seus pacientes a começarem já hoje!