aula 3 nutrição, metabolismo, crescimento e reprodução bacterianos
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NUTRIÇÃO, METABOLISMO, CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO BACTERIANOS
Profa Eloisa
Introdução
Os microrganismos exibem os mais diversos mecanismos nutricionais.
Procariotos (Bacteria e Archaea) Nutrição ocorre predominantemente pela
absorção A maioria destes organismos possui uma
espessa parede celular, impossibilitando a realização de fagocitose.
Composição química de uma célula procariótica
Compostos % massa úmida Tipos diferentes
Água 70 1
Proteínas 15 2.000
Lipídios 2 4
Lipopolissacarídeos 1 1
Peptideoglicano 0,7 1
Glicogênio 1 1
DNA 1 1
RNA 5 500
Metabólitos 3 350
Íons inorgânicos 0,3 20
Classificação quanto às fontes de energia e carbono
Fontes de energia: Organismos fototróficos (que utilizam a energia
luminosa) Organismos quimiotróficos (que utilizam a energia
proveniente de reações químicas). Fontes de carbono:
Organismos autotróficos (fontes inorgânicas – CO2 ou íon bicarbonato)
Organismos heterotróficos (fontes orgânicas – carboidratos (D-glicose), aminoácidos, ácidos monocarboxílicos, lipídios, álcoois, amido, celulose).
Fonte de Carbono
Autotróficos - CO 2 é a fonte de C Quimioautotrófico ou Quimiolitotrófico (energia de
compostos inorgânicos) Fotoautotrófico ou Fotolitotrófico (energia da luz e
fonte de C inorgânica)
Heterotróficos - compostos orgânicos como fonte
de C Quimioheterotrófico ou Quimiorganotrófico (energia
de compostos orgânicos) Fotoheterotrófico ou Fotorganotrófico (energia da luz
e fonte de C orgânica)
Fonte de Nitrogênio
Nitrogênio atmosférico Convertido em nitrogênio orgânico. Ex:
Azotobacter e Rhizobium (fixação do nitrogênio)
Compostos inorgânicos de nitrogênio Sais de amônio e nitratos (raramente
nitritos) Fontes orgânicas de nitrogênio
Aminoácidos ou hidrolisados de proteínas
Íons inorgânicos essenciais
Em quantidades apreciáveis Macronutrientes: fósforo (fosfatos), enxofre,
potássio, magnésio, ferro Traços
Micronutrientes: cobre, cobalto, zinco, manganês, molibidênio, sódio
Fatores de Crescimento
Compostos orgânicos indispensáveis a um determinado microrganismo, mas que ele não consegue sintetizar. Devem estar presentes
no meio para que o microrganismo possa crescer Vitaminas (complexo B),
aminoácidos, nucleotídeos e ácidos graxos
Nutrição em Gram positivos
Estas bactérias caracterizam-se por sintetizar uma série de exoenzimas, as quais são liberadas no meio, clivando os nutrientes, que são captados por proteínas transportadoras. Os fungos (células eucarióticas), possuem
um sistema de nutrição semelhante ao das bactérias Gram positivas, nutrindo-se pela absorção, após a clivagem extracelular de compostos complexos
Nutrição em Gram negativos Devido à presença de uma membrana
externa de caráter hidrofóbico (LPS), as bactérias Gram negativas apresentam um grande número de porinas associadas à camada lipopolissacarídica. • Porinas: correspondem às proteínas, formadas por três subunidades idênticas, que originam um canal de cerca de 1 nm de diâmetro, cujo mecanismo de abertura e fechamento permanece ainda desconhecido.
• As porinas permitem a passagem de moléculas hidrofílicas, de baixa massa molecular.
Água
Não constitui um nutriente, mas é indispensável para o crescimento. Solvente universal Auxilia a passagem de sibstâncias pela
membrana citoplasmática Regulação da pressão osmótica Regulação térmica
Enzimas
A membrana citoplasmática não permite a passagem de substâncias de elevado peso molecular. Bactéria utiliza amido, proteínas e gorduras.
Como? Enzimas extracelulares ou exoenzimas realizam a
quebra destes compostos para posterior absorção.
Crescimento bacteriano
Em microbiologia, o termo crescimento refere-se a um aumento do número de células e não ao aumento das dimensões celulares.
Crescimento Populacional: é definido como o aumento do número, ou da massa microbiana.
Reprodução Bacteriana
As bactérias dividem-se em duas, por fissão binária, e aumentam o seu número de forma geométrica População duplica a cada tempo
de geração. Separação incompleta das
células Tétrade Diplococo Estreptococo Estafilococo Sarcina
Fissão Binária
Crescimento bacteriano
A taxa de crescimento é a variação no número ou massa por unidade de tempo.
O tempo de geração é o intervalo de tempo necessário para que uma célula se duplique. O tempo de geração é variável para os
diferentes organismos, podendo ser de 10 a 20 minutos até dias, sendo que em muitos dos organismos conhecidos, este varia de 1 a 3 horas.
Crescimento bacteriano
O tempo de geração pode ser calculado quando uma cultura encontra-se em fase exponencial, pela fórmula abaixo: N= No x 2 n onde:
N= número final de células No= número inicial de células n= número de gerações
Aplicando logaritmo (log): log N= log No + n log 2 n = log N - logNo / log 2 n = log N - log No / 0,301 n = 3,3 (log N-log No)
Crescimento Bacteriano
A partir da equação n = 3,3 (log N-log No) é possível calcular o número de gerações (n) que ocorreram em uma cultura se o n° inicial de células for conhecido.
Tendo-se o valor de n pode-se calcular o tempo de geração (g) g = t/n
Exemplo: Calcular o tempo de geração de uma cultura cuja
população celular passa de 10 3 para 10 8 após 5 horas de cultivo
Tempo de Geração
Fases do crescimento bacteriano Quando uma cultura microbiana
desenvolve-se em um sistema fechado, pode-se confeccionar uma curva de crescimento. Esta pode ser dividida em diferentes
etapas: lag, log, estacionária e de declínio.
Fases do crescimento bacteriano• Fase lag :
• Fase de adaptação – estado de latência
• Intensa atividade metabólica (síntese de DNA e enzimas)
• Fase log (crescimento exponencial) :• Reprodução celular ativa com
tempo de geração constante• Maior atividade metabólica da
célula• Fase estacionária :
• Número de morte igual ao número de novas células –- EQUILÍBRIO
• Atividade metabólica diminui• Fase de declínio ou morte
celular:• Número de células mortas
excede o de células novas
Crescimento bacteriano
A partir do conhecimento dos requerimentos nutricionais, podem ser confeccionados meios que permitam o crescimento microbiano in vitro.
Cultura pura: corresponde a uma cultura contendo um único tipo de organismo. Permite o estudo dos microrganismos
isoladamente
Crescimento bacteriano
Meios de cultura Meios aquosos, adicionados de nutrientes e, eventualmente, ágar
(polissacarídeo = éster sulfato de galactana, retirado de algas - Gelidium), caso se deseje a consistência sólida.
Classes de meios: Quimicamente definidos (sintéticos) – composição química exata
Quimioheterotróficos - fatores orgânicos de crescimento (fonte de C e energia) Quimicamente indefinidos (complexos) – composição química não é
exatamente conhecida Componente protéico - principal fornecedor de carbono, nitrogênio, enxofre e
energia (peptonas e triptonas) Extrato de carne e extrato de levedura - vitaminas e outros fatores
orgânicos de crescimento Tipos de meios em relação à consistência:
Líquidos, Semi-sólidos e Sólidos Tipos de meios, quanto à composição:
Simples, Enriquecidos, Seletivos, Diferenciais.
Meios de Cultura
Líquido
Semi-Sólido
Sólido
Oxigênio atmosférico
Não é nutriente, funciona como aceptor final de hidrogênio nos processos de respiração aeróbica.
Classificação das bactérias quanto ao crescimento e utilização de oxigênio: Aeróbias – exigem a presença de oxigênio livre Microaerófilas – exigem oxigênio em pequena quantidade,
não tolerando as pressões normais de O2 atmosférico Anaeróbias estritas – não toleram a presença de oxigênio
livre, morrendo rapidamente nessas condições Anaeróbias não-estritas – não utilizam oxigênio
atmosférico, mas este não é tóxico Facultativas – podem crescer na presença ou ausência de
oxigênio livre
Cultivo de anaeróbios
Utilização de meios redutores (tioglicolato de sódio)
Utilização de ambientes fechados, sem oxigênio
Garrafas de anaerobiose
Cultivo de aeróbios
Crescimento em tubos, placas (estático)
Crescimento em Erlenmeyers e garrafas (dinâmico)
Outros fatores envolvidos na nutrição
Temperatura Cada bactéria tem um ótimo de temperatura
para absorção de nutrientes que está intimamente relacionado ao crescimento e ao desenvolvimento da culturas
Classificação: Psicrófilas – crescem e absorvem melhor
entre as temperaturas de 0 e 18ºC Mesófilas – entre 25 e 40ºC Termófilas – entre 50 e 80º C
Concentração Hidrogeniônica (pH) Valores de pH em torno de 7,0 são
os mais adequados. Acidofílicos (1,0 a 5,5)
Thiobacillus (cresce em pH 1,5) Lactobacillus
Neutrofílicos (5,5 – 8,0) A maioria das bactérias Podem tolerar pH na faixa de 5,4 a
8,5 Alcalofílicos (8,5 – 11,5)
Vibrio cholearae (pH 9,0) Agrobacterium (pH 12,0)
Fungos - tendem a ser mais acidófilos que as bactérias (pH <5).
Metabolismo bacteriano
Suprimento de energia Estruturas celulares ou
moléculas acessórias à sua síntese e funcionamento
Multiplicação bacteriana
Metabolismo bacteriano
Oxidação – Açúcares, proteínas, peptídios, gorduras Visa a formação de ATP para transporte de
nutrientes, movimentação dos flagelos, biossíntese em geral
Metabolismo bacteriano
Vias metabólicas Respiração aeróbia:
• Oxidação de carboidratos – oxidação da glicose gerando CO2 e água + ATP
• Glicólise (conversão da glicose a piruvato)
• Conversão de piruvato a acetil-CoA
• Oxidação de acetil-CoA pelo ciclo de Krebs
• Oxidação de proteínas, peptídios e aminoácidos – remoção do grupo amino, esqueleto de carbono é oxidado – produto entra no ciclo de Krebs e na glicólise
• Oxidação de lipídios – degradação por lipases gerando ácidos graxos – oxidados à acetil-CoA
Metabolismo bacteriano
Oxidação anaeróbia:• Fermentação – rendimento energético menor
• Fermentação de carboidratos:
• via glicolítica com produção de piruvato, NADH e ATP
• Produtos – lactato, etanol, formiato – usados para identificação bacteriana
• Fermentação de aminoácidos:
• Produz NADH, NH4+, ácidos orgânicos e ATP
• Respiração anaeróbia:
• Aceptor final de elétrons – exógeno e inorgânico
• Não há ciclo de Krebs
• Rendimento energético maior do que da fermentação, menor do que respiração aeróbia
Metabolismo de Carboidratos Glicólise
Oxidação da glicose a ácido pirúvico com produção de ATP e energia contida em NADH.
Ciclo de Krebs Oxidação de um derivado do ácido pirúvico (acetil
coenzima A) a dióxido de carbono, com produção de ATP, energia contida em NADH e FADH 2 .
Cadeia de transporte de elétrons NADH e FADH 2 são oxidados. Cascata de reações de oxirredução envolvendo uma
série de transportadores de elétrons. A energia dessas reações é utilizada para gerar
grande quantidade de ATP.
Ciclo de Krebs
Cadeia de Transporte de Elétrons
Respiração anaeróbia
O aceptor final de elétrons é uma substância inorgânica diferente do oxigênio (O2 )
Aceptor de elétrons pode ser: NO3- , SO4
- , CO32-
Tem rendimento energético menor do que a respiração aeróbia.
Fermentação
Libera energia de açúcares ou moléculas orgânicas, tais como aminoácidos, ácidos orgânicos, purinas e pirimidinas;
Não requer oxigênio, mas algumas vezes pode ocorrer na presença deste;
Não requer o uso do ciclo de Krebs ou de uma cadeia de transporte de elétrons;
Utiliza uma molécula orgânica como aceptor final de elétrons;
Produz somente pequenas quantidades de ATP (grande parte da energia original dos compostos catabolizados permanece ainda nas ligações químicas dos compostos orgânicos formados).
Vias metabólicas fermentativas
Catabolismo das Proteínas