saúde mental no trabalho

24
126 SAÚDE MENTAL NO TRABALHO: DESAFIOS E SOLUÇÕES Lys Esther Rocha* 1 INTRODUÇÃO O tema Saúde Mental no Trabalho: desafios e soluções corresponde a um livro organizado por Débora Miriam Raab Glina e Lys Esther Rocha (GLINA & ROCHA, 2000). Deste livro participaram pesquisado- res e profissionais de saúde de diferentes regiões do Brasil que atuam e estudam diferentes atividades com o objetivo de dar visibilidade e ampliar as discussões sobre as situações de saúde potencialmente geradoras de repercussões na saúde mental dos trabalhadores e as ações que vêm sendo realizadas para reconhecer e prevenir estes agravos. Neste sentido seria impossível reunir em uma palestra tema tão abrangente. Considerando a minha formação como médica do trabalho e dou- torado em Medicina Preventiva, optei por restringir o tema para Pre- venção em Saúde Mental e Trabalho: desafios e soluções. Mesmo assim, não pretendemos abranger as diferentes possibilidades, ire- mos apresentar a nossa experiência na construção de um modelo de prevenção em saúde mental no trabalho e um caso em que ocorreu a aplicação deste modelo. Ao revolucionar as formas de utilização e de transmissão de infor- mações, a introdução da microeletrônica conduziu à incorporação de novos equipamentos e procedimentos aos processos de trabalho pos- sibilitando a integração entre sistemas produtivos em níveis cada vez mais complexos. Vivemos um período de intensas modificações dos processos de trabalho. Ao longo das últimas décadas, uma “nova” for- ma de trabalhar e de produzir vem sendo construída, com implicações sociais relevantes no âmbito das relações do trabalho e da geração de empregos: substituição de postos de trabalho; exigências de maior qualificação profissional; surgimento de novas categorias profissionais e intensificação do ritmo de trabalho. Estas modificações geraram aumento das exigências mentais, in- cluindo os aspectos cognitivos, emocionais e psicossociais, em diver- * Auditora-Fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo e Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Upload: camilarico

Post on 05-Aug-2015

464 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: saúde mental no trabalho

126

SAÚDE MENTAL NO TRABALHO:DESAFIOS E SOLUÇÕES

Lys Esther Rocha*

1 INTRODUÇÃO

O tema Saúde Mental no Trabalho: desafios e soluções correspondea um livro organizado por Débora Miriam Raab Glina e Lys EstherRocha (GLINA & ROCHA, 2000). Deste livro participaram pesquisado-res e profissionais de saúde de diferentes regiões do Brasil que atuame estudam diferentes atividades com o objetivo de dar visibilidade eampliar as discussões sobre as situações de saúde potencialmentegeradoras de repercussões na saúde mental dos trabalhadores e asações que vêm sendo realizadas para reconhecer e prevenir estesagravos. Neste sentido seria impossível reunir em uma palestra tematão abrangente.

Considerando a minha formação como médica do trabalho e dou-torado em Medicina Preventiva, optei por restringir o tema para Pre-venção em Saúde Mental e Trabalho: desafios e soluções. Mesmoassim, não pretendemos abranger as diferentes possibilidades, ire-mos apresentar a nossa experiência na construção de um modelo deprevenção em saúde mental no trabalho e um caso em que ocorreu aaplicação deste modelo.

Ao revolucionar as formas de utilização e de transmissão de infor-mações, a introdução da microeletrônica conduziu à incorporação denovos equipamentos e procedimentos aos processos de trabalho pos-sibilitando a integração entre sistemas produtivos em níveis cada vezmais complexos. Vivemos um período de intensas modificações dosprocessos de trabalho. Ao longo das últimas décadas, uma “nova” for-ma de trabalhar e de produzir vem sendo construída, com implicaçõessociais relevantes no âmbito das relações do trabalho e da geração deempregos: substituição de postos de trabalho; exigências de maiorqualificação profissional; surgimento de novas categorias profissionaise intensificação do ritmo de trabalho.

Estas modificações geraram aumento das exigências mentais, in-cluindo os aspectos cognitivos, emocionais e psicossociais, em diver-

* Auditora-Fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo e Docente da Faculdade deMedicina da Universidade de São Paulo.

Page 2: saúde mental no trabalho

127

sas ocupações. Além disso, a publicação do Decreto n. 3.048 de 06/05/1999 pelo Ministério da Previdência e Assistência Social discrimi-nando os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho traz novosdesafios aos profissionais de saúde e de recursos humanos de organi-zações públicas e privadas no reconhecimento e prevenção destaspatologias.

A prevenção visando a Saúde Mental no Trabalho vem sendo in-corporada apenas recentemente pelas empresas devido a dificuldadede caracterização da inter-relação entre os distúrbios psíquicos dostrabalhadores e as situações de trabalho (GLINA & ROCHA, 2006). Oprograma de prevenção pode gerar maior dinamismo, flexibilidade einovação nas organizações fazendo uso de potencialidades dos traba-lhadores através da possibilidade de participação (LEVI, 2005).

1.1 ETAPAS DA CONSTRUÇÃO DE UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO

1.1.1 Etapa diagnóstica

No início de um Programa de Prevenção visando a Saúde Mentalno Trabalho deve-se definir a sua abrangência: para toda empresa,para um setor ou para uma ocupação específica; o período de duraçãocom o cronograma das diferentes etapas e as facilidades e dificulda-des existentes na empresa para a implantação do Programa. Às vezesé interessante a criação de um comitê que pense a construção doprograma reunindo profissionais de diversos departamentos e seto-res. Os membros deste comitê devem receber um treinamentoenfocando os aspectos teóricos da saúde mental no trabalho emetodologias de análise e intervenção em situações de trabalho.

Na definição do diagnóstico da situação é importante conhecer ecompreender o contexto da empresa em relação à sua estrutura,organograma, histórico, número de funcionários. Atualmente estas in-formações podem ser conhecidas através dos Manuais de Qualidadedas Empresas. Após esta fase deve ser feito um diagnóstico do setorou ocupação a ser realizada a intervenção caracterizando as ativida-des do setor e também as características sócio-demográficas dos tra-balhadores do setor (sexo, idade, escolaridade, naturalidade, condi-ções de vida).

No diagnóstico das atividades realizadas no setor a análiseergonômica do trabalho tem sido um instrumento importante para ava-liação de possíveis fatores presentes na situação de trabalho associa-dos aos problemas de saúde identificados.

Page 3: saúde mental no trabalho

128

A análise da situação de trabalho deve incluir:- o ambiente de trabalho: ruído, temperaturas extremas (calor/

frio), agentes químicos, iluminação;- a organização do trabalho: a avaliação do processo de trabalho,

o tipo de tecnologia utilizada, as jornadas de trabalho, o trabalho no-turno ou em turnos fixos ou alternantes, as pausas, o ritmo de traba-lho, os pagamentos com prêmios associados à produção, os planosde ascensão e carreira, a presença de “conflito de papel”, a descriçãodas tarefas, a capacidade decisória no trabalho;

- o conteúdo do trabalho: possibilidade de influenciar o própriotrabalho, a quantidade de informação, a presença de tomada de deci-sões rápidas, a responsabilidade no trabalho, seja por outras pessoasou por materiais, a presença de trabalhos extremamente monótonos,a possibilidade de um pequeno erro, ou de um lapso momentâneo eatenção, terem conseqüências graves ou mesmo desastrosas;

- os fatores psicossociais do trabalho que compreendem a per-cepção dos trabalhadores da situação do trabalho e as relações hu-manas do trabalho considerando superiores, colegas ou clientes(KALIMO et al.,1988).

Este conjunto de fatores aparece integrado e interdependente. Asrepercussões na saúde dos trabalhadores dependem da personalida-de, experiência individual e expectativas em relação ao trabalho. Demaneira geral, quando o trabalho apresenta elevados requisitos psico-lógicos e cognitivos, associado a baixo poder decisório e baixo nívelde apoio social, a possibilidade de aparecer repercussões na saúdedos trabalhadores é alta.

Os indicadores de repercussões da presença destes fatores estãorelacionados com as condições de saúde dos trabalhadores e associ-ados ao desempenho do trabalhador na empresa.

Entre os indicadores de saúde , destaca-se a morbidadepsicossomática e psiquiátrica. Diante de uma situação de trabalho coma presença destes fatores os trabalhadores podem apresentar rea-ções de estresse decorrentes de diversos mecanismos patogênicos(cognitivos, afetivos, de conduta ou fisiológicos) que se sob certas con-dições de intensidade, freqüência ou duração, podem provocar o apa-recimento de doenças psicossomáticas e psiquiátricas.

Estudos epidemiológicos sobre trabalhadores expostos a fatoresde estresse no trabalho detectaram as seguintes perturbações funcio-nais: “sintomas musculares (por exemplo, tensão e dor); sintomasgastrointestinais (por exemplo, dispepsia, indigestão, vômito, pirose eirritação do colo); sintomas cardíacos (por exemplo: palpitação, arritmias

Page 4: saúde mental no trabalho

129

e dores inframamilares); sintomas respiratórios (por exemplo: dispnéiae hiperventilação); sintomas do sistema nervoso central (por exemplo:reações neuróticas, insônia, debilidade, desmaios e dores de cabeça);sintomas genitais (por exemplo: dismenorréia, frigidez e impotência)”.(LEVI, 1988, p. 82).

Os dados de alta freqüência de acidentes de trabalho e consumoexagerado de medicamentos e a percepção dos trabalhadores de in-satisfação no trabalho também podem indicar a presença de fatoresde estresse.

Em relação aos indicadores de desempenho no trabalho temos:altos índices de absenteísmo e/ou atrasos e/ou de rotatividade; baixaprodutividade em determinado setor da empresa ou ocupação; sabo-tagem; inadequação do desempenho em relação a quantidade e qua-lidade da produção; insegurança nas decisões e sobrecarga voluntá-ria de trabalho.

Um importante fator para diminuir as reações dos trabalhadores éo suporte social, seja através dos colegas, supervisores e familiares.

- Instrumentos de Diagnóstico da Situação

Entre os instrumentos utilizados para diagnóstico da situação des-tacamos as entrevistas, a análise ergonômica do trabalho e questio-nários.

As entrevistas permitem a coleta de dados objetivos, tais como,estatísticas, registros escritos, censos, etc. quanto dados relativos arepresentações, valores, crenças, sentimentos e opiniões do entre-vistado. A entrevista pode ser individual ou coletiva. No primeiro caso,normalmente, ocorre a interação do entrevistado com um ou maisentrevistadores. No segundo caso, de forma geral, existe um ou maisentrevistadores e mais de um entrevistado. Os critérios para definir onúmero e quem serão os entrevistados dependem dos objetivos doprograma de prevenção.

A análise ergonômica do trabalho permite a transformação das si-tuações de trabalho para que elas correspondam às possibilidades eàs capacidades dos trabalhadores (AHOEN et al., 1981). O objetivo daanálise ergonômica é determinar os fatores que contribuem para umasub ou sobrecarga de trabalho, sendo que esta análise implica neces-sariamente na avaliação de como os trabalhadores se ressentem des-ta carga (WISNER, 1987). Na realização da análise ergonômica detrabalho é efetuada a observação da atividade de trabalho (descrevero que se faz e como se faz: gestos do trabalhador, o que se olha, o que

Page 5: saúde mental no trabalho

130

se toca, a postura adotada, os deslocamentos efetuados, as pessoascom as quais se encontra, o que se escuta, procedimentos adotados,conhecimentos utilizados, o que se memoriza, o que o trabalhador dizem relação à tarefa) e o diálogo com os trabalhadores (escolha domomento da observação: quando? o quê? quanto tempo?, na elabo-ração do protocolo de observações e na interpretação dos resultados).A análise ergonômica, por ser uma avaliação em profundidade do tra-balho, deve ser solicitada após a identificação do setor e/ou ocupaçãoque necessitam de uma intervenção.

Os questionários servem para obter-se a percepção subjetiva dostrabalhadores quanto às suas situações de trabalho, indicando pontosa serem melhorados e também repercussões na saúde relacionadosao estresse. Os questionários são geralmente preenchidos individual-mente pelos trabalhadores e analisados posteriormente em nível degrupo. Os trabalhadores devem preencher voluntária e anonimamen-te os questionários, a não ser quando exista o objetivo de identificarpessoas que necessitem de apoio individual. A aplicação, oprocessamento dos dados e a interpretação dos resultados devemcontar com a participação de um profissional do serviço de saúde, oumembros do Comitê do Programa de Prevenção. A interpretação dosresultados exige um conhecimento holístico da situação,contextualizando os dados obtidos.

1.1.2 Planejamento e implementação da intervenção

Após o diagnóstico é necessário planejar e implementar a interven-ção. Uma estratégia que tem se mostrado eficaz é a apresentação dodiagnóstico a todas as pessoas envolvidas na solução dos aspectoslevantados e discussão sobre as formas de intervenção. Para cadaproblema ou aspecto pode-se criar uma equipe, que se reunirá o nú-mero de vezes e com a periodicidade necessária para que a interven-ção seja detalhada, implantada e avaliada. Esta equipe deve envolveros trabalhadores de diversos cargos e níveis hierárquicos e até traba-lhadores de diferentes setores, sendo a expansão do comitê de pre-venção incorporando os trabalhadores do setor/ocupação estudado.

Em seguida, deve ocorrer comunicação das propostas aos empre-gados, relatando os pontos principais do diagnóstico, especificando oque será feito, por que e o que se espera obter enquanto resultadoprático. Devem ser definidas estratégias para adesão ao programa deprevenção. A principal estratégia é a criação de espaços públicos dediscussão, isto é, espaços e momentos em que se pode falar de pro-

Page 6: saúde mental no trabalho

131

blemas e propostas concretas para melhorias, envolvendo a maioriadas pessoas nas discussões. As informações devem circular e as pes-soas devem sentir-se livres para poder opinar, participar.

1.1.3 Avaliação da intervenção

É preciso avaliar continuamente o que está sendo realizado paraserem feitas as correções necessárias ao longo da intervenção. Umprograma de prevenção deve ser visto como um processo contínuoem que, a melhoria em alguns aspectos pode gerar “novas” ações. Ocritério de avaliação do programa deve ser estabelecido pelo grupoque definir as ações e metas, de acordo com os objetivos e problemasidentificados. Podem ser comparadas as queixas de sintomas antes edepois da intervenção, ou criar um grupo de comparação. Os resulta-dos podem ser vistos através de exames médicos ou observandomodificações de hábitos (fumo, exercício, dieta) e/ou coleta de dadosde peso, altura, pressão sanguínea, batimento cardíaco e colesterol.Os resultados também podem ser avaliados pela produtividade (quali-dade e quantidade), redução das perdas do processo e satisfação notrabalho.

2 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE UM PROGRAMA DEPREVENÇÃO VISANDO A SAÚDE MENTAL

Os programas de prevenção muitas vezes buscam a saúde mentalincluindo apenas ações baseadas nos indivíduos, sem analisar e in-tervir nos fatores das situações de trabalho, resultando em baixa efici-ência destes programas. É fundamental a determinação de um con-junto de ações nas situações de trabalho e também para os indivídu-os.

LEVI (1988, p. 168) destaca que as atividades de prevenção de-vem basear-se: a) em um conceito amplo de ser humano e seu ambi-ente, isto é, numa abordagem eqüitativa e integral dos aspectos físico,mental, social e econômico; b) em um critério ecológico, ou seja, naconsideração da complexa dinâmica representada pelas ações recí-procas entre o indivíduo e o ambiente; c) em um critério cibernético,isto é, na vigilância e avaliação contínuas e em bases interdisciplinaresdos efeitos das modificações do ambiente sobre o trabalhador; d) emum critério democrático ou participativo, isto é, que permita ao traba-

Page 7: saúde mental no trabalho

132

lhador a máxima influência possível sobre sua própria situação.

2.1. Ações de prevenção visando o indivíduo

Para os trabalhadores é preciso ensinar a reconhecer os sintomasde estresse e as situações de trabalho que possam afetar a sua saúdemental. As ações individuais incluem: tentar ter controle sobre os fato-res de estresse, usar os recursos disponíveis, mudança de atitude sobresi mesmo. Ao tentar ter controle sobre os fatores o trabalhador podeoptar por um novo planejamento do seu trabalho estabelecendo me-tas realistas para si e/ou ações de simplificação da vida e do trabalho,relativização da importância do trabalho na vida. O uso dos recursosdisponíveis diz respeito à conversa com amigos ou pessoas de confi-ança sobre os próprios problemas; busca de apoio social; busca deajuda de profissionais (médico, psicólogo, etc); busca de informações.A mudança de atitude sobre si mesmo implica em alterar crenças comoa necessidade de ser estimado ou aprovado por todas as pessoasimportantes em sua vida, de ser plenamente competente, adequado erealizado sob todos os aspectos para considerar-se digno de valor, deacreditar que deve ter controle de tudo, de que deve ser perfeito sem-pre. As mudanças podem incluir ser afirmativo, aprender a expressarsentimentos, ter hobbies, realizar exercícios físicos, dieta e aprendera relaxar e meditar. O comportamento afirmativo envolve a capacida-de de comunicação interpessoal não agressiva, de exigir direitos, di-zendo não quando necessário, e impondo limites. Os exercícios físi-cos trazem benefícios clínicos durante o seu desempenho, logo apósou a longo prazo. É importante considerar o local onde se realizarãoos exercícios e seu caráter não obrigatório. Com referência à dietadeve-se levar em conta a qualidade, quantidade, adequação e harmo-nia dos nutrientes.

2.2 Ações nas situações de trabalho

As ações nas situações de trabalho baseiam-se no diagnóstico dosfatores das situações de trabalho. Na avaliação da situação é impor-tante considerar a duração e a força de cada fator do local de trabalho.Uma intervenção tem sempre que estabelecer medidas a curto, médioe longo prazo. Outro aspecto relacionado ao programa de prevençãoreside na identificação de fatores “protetores”, isto é, de processospsicossociais que exercem um papel de “amortecedor”, para os indiví-duos, das conseqüências psicológicas e/ou fisiológicas da exposição

Page 8: saúde mental no trabalho

133

aos fatores.A situação saudável de trabalho seria a que permitisse o desenvol-

vimento do indivíduo, alternando exigências e períodos de repouso,numa interação dinâmica homem e ambiente. Tarefas que envolvemalto grau de tensão, se encaradas como desafio ou oportunidade deaprendizagem, tendem a não ser percebidas como estressantes. Osuporte social, envolvendo a sociabilidade dentro do local de trabalhoe também as ações da família e dos grupos extra-trabalho, atuariacomo um fator protetor (Karasek & Theorell, 1990).

As necessidades humanas fundamentais a serem atendidas no tra-balho são: o controle sobre o trabalho; a interação pessoal; a percep-ção de suas atividades dentro do conjunto do processo de produção; oreconhecimento social pelo trabalho desenvolvido, e outras necessi-dades ligadas ao contexto socioeconômico e cultural (ROCHA & GLINA,2000).

De acordo com MARTINO (1992) os programas destinados a elimi-nar ou reduzir o estresse devem concentrar-se na melhoria da organi-zação do trabalho, podendo incluir melhorias do planejamento e con-teúdo do trabalho, estabelecimento de metas de produção realistas,melhor organização do tempo de trabalho e melhor interface entre tra-balhadores e máquinas ou novas tecnologias.

As modificações das situações de trabalho podem sofrer resistên-cia na implantação das ações pois as pessoas reagem fortemente auma mudança de uma situação habitual, por isto devem participar doprocesso de implantação das modificações.

3 ESTUDO DE CASO: PREVENÇÃO EM SAÚDE MENTALDO TRABALHO PARA ANALISTAS DE SISTEMAS

A atividade dos analistas de sistemas consiste em transformar ope-rações realizadas manual ou mecanicamente em procedimentos aserem executados através de um sistema informatizado, cujas carac-terísticas variam segundo as necessidades dos futuros usuários e cujacriação envolve operações, como: entrada, armazenamento, tratamen-to, consulta, análise e atualização de dados. Constitui, portanto, umaatividade profissional criativa, cuja concretização envolve a utilizaçãode habilidades diferenciadas, bem como uma relação de caráter espe-cífico entre o profissional e o computador, o qual, diferentemente doque simples usuário final, cabe ao analista de sistemas “programar”.

A análise das repercussões do trabalho sobre a saúdefreqüentemente inicia-se pela observação, por parte do médico do tra-

Page 9: saúde mental no trabalho

134

balho de uma empresa ou serviço de saúde, do aumento da freqüên-cia de trabalhadores apresentando determinados sintomas. É entãoque surge a pergunta: “será que tais sintomas estão relacionados como trabalho?”.

No caso dos analistas de sistemas, restavam sem resposta inúme-ras indagações, derivadas de observações empíricas freqüentes, comopor exemplo: “após um certo tempo os analistas ‘abandonam a profis-são’ - abrem negócio próprio, não relacionado à área de informática”;“apresentam problemas cardíacos, talvez pelo ‘estresse da profissão’”;“apresentam grande freqüência de casamentos desfeitos”.

Tais constatações estariam de alguma forma relacionadas ao tra-balho dessa categoria profissional? Como explicar o fato intrigante deque uma profissão criativa, que propõe desafios novos e constantes e,como já foi dito, envolve criatividade e habilidades diferenciadas, pu-desse provocar nos trabalhadores uma fadiga de tal forma intensa quelevasse alguns deles ao abandono da profissão?

Com base nas observações empíricas mencionadas, e diante daescassez de informações e pesquisas sobre a atividade dos analistasde sistemas no Brasil, o Sindicato dos Empregados de Empresas deProcessamento de Dados de São Paulo¹ encaminhou demanda aoMinistério do Trabalho para o desenvolvimento de estudos e açõespara esta categoria.

A revisão da literatura.Por ocasião da revisão da literatura nacional e internacional,

fase preliminar de toda investigação, constatou-se extrema escas-sez de informações sobre a categoria dos analistas de sistemas. Aequipe do NIOSH (National Institute of Occupational Safety andHealth) realizou um estudo sobre analistas de sistemas esupervisores de uma empresa federal de processamento de da-dos dos Estados Unidos (COHEN, 1984), através da realização deentrevistas semi-estruturadas, contemplando aspectos positivose negativos do trabalho. Entre os aspectos positivos então levan-tados, mereceram destaque: a satisfação com o trabalho (os pro-fissionais percebiam a importância do produto de sua atividade);a utilização do computador mais que como uma ferramenta (osprofissionais divertiam-se ao usá-lo); a flexibilidade de horário e adinamicidade do trabalho. Entre os aspectos negativos observa-ram-se: a qualidade do equipamento, a indisponibilidade do termi-nal e o tempo de resposta do sistema (fatores que dificultavam ocumprimento da carga de trabalho dentro dos prazos fixados), alémde problemas de relacionamento com superiores hierárquicos. Em

Page 10: saúde mental no trabalho

135

relação ao ambiente de trabalho, as queixas relacionavam-se àpresença de sistemas de ar condicionado e à dificuldade de con-centração decorrente de conversas entre os colegas. Entre os pro-blemas de saúde, as referências incluíram: secura dos olhos, na-riz e garganta, sinusites, alergias, resfriados e gripes, queimaçãoe lacrimejamento dos olhos, dor de cabeça, irritabilidade, depres-são, tensão, fadiga severa e distúrbios psicossomáticos, como in-disposição do estômago.

GREDILLA e GONZALES (1991) também verificaram alteraçõespsicossomáticas e psíquicas em analistas de sistemas e programado-res, obtendo a seguinte prevalência de sintomas: ansiedade, 24%; al-teração do sono, 16,3%, e falta de concentração, 20,4%.

MERLO (1999) destacou que a atividade dos analistas é conside-rada “a parte mais nobre” do processo de trabalho em informática noBrasil, e que os profissionais sentem prazer no trabalho, mas são sub-metidos a pressões, por parte da direção da empresa, quanto ao cum-primento dos prazos de produção.

4 A CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO EMETODOLÓGICO

Um dos desafios ao se pensar na elaboração de um Programa dePrevenção em Saúde Mental e Trabalho é conhecer as diferentes abor-dagens utilizadas no estudo da relação entre saúde mental e trabalho,pois o processo saúde-doença é permeado pelo entrelaçamento deaspectos biológicos e sociais (DEJOURS, 1987; KALIMO et al., 1981;FRANKENHAUSER & GARDELL, 1976). Nesse caso, optou-se pelachamada ‘abordagem do estresse’, uma vez que esta: a) pressupõeum enfoque multidisciplinar dos aspectos psicossociais e emocionais,no âmbito de um contexto multifatorial e sistêmico do estresse; b) abor-da a relação homem-ambiente de forma ampla, envolvendo trabalho,família e características pessoais; c) inclui no modelo de pesquisa nãoapenas fatores de estresse, mas também aspectos que levam à satis-fação no trabalho; d) utiliza-se de estudos epidemiológicos para a aná-lise de ocupações, associando fatores presentes no trabalho a reper-cussões sobre a saúde (KALIMO, 1986).

O conceito de estresse é complexo e varia de acordo com diferen-tes grupos de estudo. Para os objetivos da presente investigação, op-tou-se pela definição utilizada por autores escandinavos como Kalimo(1980:14), que conceitua o estresse como “uma relação de desequilíbrioentre o ambiente e o indivíduo; os fatores do ambiente são denomina-

Page 11: saúde mental no trabalho

136

dos ‘fatores de estresse’ ou ‘estressores’ e a resposta do indivíduo écaracterizada pelo termo geral de ‘reação de estresse’ ”. Segundo estaconcepção, o estresse não é visto somente como resultado de fatoresexógenos, mas como um produto da dinâmica particular que se esta-belece entre a situação do ambiente físico e social e o indivíduo, suapersonalidade, seu padrão de comportamento e as circunstâncias desua vida.

Tendo em vista a natureza multifacetada do objeto de estudo, op-tou-se por uma abordagem interdisciplinar, reunindo profissionais dediversas especialidades: medicina, enfermagem, sociologia, psicolo-gia, ergonomia, epidemiologia e estatística. Além disso, com o objeti-vo de obter-se uma aproximação mais acurada da realidade, optou-sepela integração de “olhares”: o da subjetividade, destacado pelametodologia qualitativa, e o da objetividade, proporcionado pelametodologia quantitativa. A abordagem qualitativa compreendeu a re-alização de conversas informais, entrevistas semi-estruturadas, ob-servação dos postos de trabalho e análise ergonômica da tarefa. Aabordagem quantitativa correspondeu à elaboração e aplicação dequestionários a um grupo de analistas de sistemas.

Neste estudo deve ser destacada a participação do Sindicato dosTrabalhadores em todas as etapas e as negociações relativas ao de-senvolvimento do estudo no interior das empresas facilitadas pelo for-necimento, por parte do Delegado Regional do Trabalho de SãoPaulo, de uma carta que ressaltava a importância da investigação parao Ministério do Trabalho.

A avaliação qualitativa procurou apreender, em profundidade, a for-ma pela qual o processo de trabalho é vivenciado e percebido por umpequeno grupo de trabalhadores. Em outras palavras, busca uma vi-são holística do conjunto de fenômenos e de percepções subjetivasrelativos a uma situação particular. Já a avaliação quantitativa abran-ge um grande número de profissionais, permitindo análises estatísti-cas e a comparação de grupos diferentes quanto a determinadas vari-áveis.

A etapa das entrevistas semi-estruturadas realizou-se de acordocom os procedimentos definidos por MINAYO (1993), tendo compre-endido: elaboração de roteiro, realização das entrevistas, gravação etranscrição das falas. O roteiro constou de: história de vida, abrangen-do os dados pessoais e familiares e a formação educacional; históriade trabalho, incluindo a descrição de funções anteriores e de reper-cussões do trabalho sobre a saúde e a vida; cotidiano atual, com ênfa-se nas condições de vida, organização do tempo de lazer e vida fami-

Page 12: saúde mental no trabalho

137

liar; trabalho atual, enfocando a descrição detalhada das atividades,fatores de satisfação e insatisfação no trabalho, relação com os cole-gas e chefes; condições de saúde, patologias e alterações do sono;opinião crítica sobre o próprio trabalho; expectativas anteriores e atu-ais.

O estudo das condições de trabalho contemplou o ambiente de tra-balho, o posto de trabalho, os equipamentos e a forma de organizaçãodo trabalho. Num primeiro momento, realizou-se um levantamento datecnologia empregada no processo de produção e do quadroorganizacional em que estava inserida a atividade dos analistas desistemas. Além disso, através de entrevistas com profissionais de cadasetor, verificou-se a forma de atuação das Gerências de RecursosHumanos, do Serviço Médico de Empresa e da Comissão Interna dePrevenção de Acidentes. A análise ergonômica das tarefas dos analis-tas de sistemas baseou-se em entrevistas individuais com estes pro-fissionais e chefes imediatos, bem como na observação dos locais detrabalho e das suas atividades.

Foi elaborado em questionário específico a partir da composiçãode aspectos contemplados nos seguintes instrumentos: avaliação dotrabalho com terminal de vídeo (ELIAS e CAIL, 1982; FERNANDES,1992), e estresse e trabalho (ELO et al, 1992, ELO, 1986). Além disso,a análise do conteúdo das entrevistas individuais e coletivas, bem comodas informações levantadas sobre as condições de trabalho dos ana-listas de sistemas, constituíram importante contribuição para a elabo-ração do questionário. A aplicação deste instrumento foi feita para 553analistas de sistemas.

Diante da hipótese do estudo, de que a profissão de analista desistemas implicava em repercussões sobre a vida e a saúde dos pro-fissionais, organizou-se a classificação dos dados em três conjuntos,englobando o primeiro as condições de trabalho; o segundo, as reper-cussões sobre a vida e a saúde; e o terceiro, os fatores intervenientesnessa associação.

4.1 Analisando os Resultados

Verificou-se que 328 (59,3%) dos analistas de sistemas pesquisadospertenciam ao gênero masculino. A menor idade registrada entre osprofissionais foi 18 anos e a maior 56 anos, sendo a média de 33anos, com desvio de 7,6.

No que diz respeito às condições de trabalho, os fatores mais signi-ficativos levantados foram: satisfação no trabalho; relacionamento com

Page 13: saúde mental no trabalho

138

a chefia; fatores de incômodo ou fadiga como a exigência de tempo ecarga mental do trabalho.

A análise das variáveis agrupadas no primeiro fator, satisfação notrabalho, demonstrou que os analistas de sistemas extraem prazer dotrabalho, prazer este associado ao conteúdo do trabalho, à possibili-dade de aprender na função, de não realizar as mesmas atividadestodos os dias e de poder criar.

“O que empolga é ser uma profissão totalmente diferente das ou-tras, pelo menos por onde eu passei, como auxiliar de escritório... Épositivo conhecer coisas novas... O que empolga são os desafios, quevêm como um relâmpago!”.

A satisfação com o trabalho também apareceu relacionada com apercepção do significado do trabalho, cujo produto é considerado útilpela população.

“Existe um lance de ‘criação de filho’: você se envolve a tal ponto,que você passa por todas as etapas. Você se coloca no lugar do usu-ário, você tem que pensar num sistema que dê lucro para o banco, temque pensar no sistema tecnicamente, inclusive como ele vai funcionarpara ser rápido, para ver se é eficiente para os usuários. Você percebecomo uma coisa tão grande!”

O relacionamento com a chefia, segundo fator detectado como sig-nificativo no âmbito das condições de trabalho, foi percebido comopositivo, tendo sido alvo das referências: meu chefe leva em conside-ração minha opinião; meu chefe me dá suporte quando necessário;meu chefe reconhece as dificuldades do trabalho; recebo manifesta-ção de reconhecimento quando realizo um bom trabalho; há um climade descontração no setor.

“Quando você tem que fazer nos períodos de maior pressão, a che-fia chega mais junto para te ajudar, se o número de pessoas é pouco.O que eu sinto é que, se não estou seguindo o caminho certo, elechama e fala: ‘Olha, vamos rever o que você está fazendo’”.

As relações com a chefia mostraram-se menos amigáveis na em-presa estatal, devido à indicação de chefes por critérios políticos e nãopor competência técnica, o que representa um aumento da tensão paraos analistas.

Fatores relacionados às condições de trabalho referidos como ge-radores de incômodo e fadiga foram: prazos curtos, sobrecarga detrabalho e períodos irregulares de trabalho. Os prazos curtos encon-tram-se relacionados à pressão exercida pelos clientes e ao impactopolítico e social inerente ao produto do trabalho. Muitas vezes essesprazos eram inegociáveis, como foi o caso de produtos que respon-

Page 14: saúde mental no trabalho

139

dem a propostas políticas, mudanças econômicas ou de legislação,ou mesmo a compromissos assumidos pela diretoria da empresa. Já asobrecarga de trabalho esteve associada ao volume intenso de servi-ço.

“Noventa e nove por cento dos critérios ou listas de gerência sãoatropelados pelos ‘incêndios’... Não existem prazos intocáveis: o mer-cado financeiro, naquele momento, é que manda... A área de sistemasfica no meio do caminho”.

Quanto aos horários irregulares de trabalho, sua freqüência depen-deu de uma série de aspectos: fase do projeto, ramo de atividade eco-nômica da empresa e horário para acessar a máquina central.

“O horário de trabalho é de oito horas por dia, mas você fica àdisposição da empresa por 24 horas. Então você pega picos de traba-lho, fica instalando... Tem que fazer testes, ver se está funcionando, aívocê não tem horário de trabalho: passa trinta e seis, quarenta horasseguidas numa empresa”.

A carga mental do trabalho também foi apontada como fator gera-dor de incômodo e fadiga, associada ao trabalho constante com amente, ao pensar detalhadamente e ao alto grau de responsabilidade.

“A responsabilidade do analista é como a do médico, quando elecria um sistema, enquanto ele permanecer na empresa, ele vai ficarresponsável por aquele sistema, qualquer probleminha que ocorrer,vai todo mundo correr atrás dele, ele vai ser cobrado para dar umasolução, como que ele não previu aquilo antes?”.

A atividade dos analistas de sistemas exigiu um intenso trabalhomental, requerendo constantes tomadas de decisões. Ao mesmo tem-po em que se referiram a discutir os problemas e ouvir opiniões decolegas e chefes, os analistas de sistemas destacaram que o trabalhoé basicamente individual, processando-se no interior da mente.

Durante a fase de projeto do sistema foram utilizados fluxogramas,com o objetivo de prever todas as conseqüências possíveis de cadaoperação que o computador irá efetuar. Paralelamente, e também re-lacionada à carga mental do trabalho, foi mencionada a necessidadede que os analistas de sistemas acompanhem a constante prolifera-ção do conhecimento na área de informática.

“Na atividade do analista, ele não pode deixar pontas soltas porquea máquina não toma decisões. Fazemos dois a três serviços em para-lelo, com uma concentração muito grande; sempre tenho uma luzinhaligada, porque se esquecer acarreta problemas e conseqüências”.

No desenvolvimento de um sistema, o erro é considerado inadmis-sível. A crença dos profissionais de que não podem errar relaciona-se

Page 15: saúde mental no trabalho

140

à consciência que têm da dimensão incalculável dos prejuízos quecertos erros podem acarretar.

4.2 Repercussões sobre a saúde mental e psicossocial

As repercussões do trabalho sobre a saúde mental dos analistasde sistemas variaram de acordo com o posto de trabalho, o ambientede trabalho e a organização do trabalho, além de depender das carac-terísticas de personalidade dos indivíduos, de suas histórias de vida ede sua trajetória ocupacional.

As repercussões de saúde mental identificadas compreenderam:sintomas relacionados com o estresse; fadiga mental e aspectos dotrabalho interferindo na vida pessoal e familiar.

Segundo a classificação formulada pela Organização Mundial daSaúde (WHO, 1987), as repercussões do trabalho sobre a saúde mentale psicossocial de trabalhadores que utilizam terminal de vídeo foramcaracterizadas como “distúrbios relacionados com o estresse”, dividi-dos em distúrbios fisiológicos, distúrbios psicológicos e alterações docomportamento.

Entre os analistas de sistemas pesquisados observou-se, na cate-goria distúrbios fisiológicos, a presença de sintomas como: problemasde apetite, palpitação e dor no peito; na categoria distúrbios psicológi-cos, queixas de concentração difícil, atenção instável, problemas dememória, irritabilidade e nervosismo.

“O estresse que a gente fala é bastante cansaço, irritabilidade, agente fala alto, você se esquece das coisas”.

“Uma situação que eu senti quando eu tive estresse foi uma perda dememória, um desligamento total. Você perde um pouco a responsabili-dade, não está nem aí com as coisas. Dá uma pane. Tem que parar.”

Entre as alterações do comportamento foram verificadas alteraçõesdo sono, incluindo sonhos com o trabalho, dificuldade de desligar amente dos problemas do trabalho ao final da jornada e pensar no tra-balho nos dias de repouso.

“É como se você descansasse o corpo, a mente não. Sabe quan-do você dorme, mas acorda no outro dia e não se sente descansada?Você deita e dorme, mas a cabeça está funcionando. Inclusive, às ve-zes, você acorda de madrugada com a solução do problema. Meu sononão é tranqüilo. Eu, quando vou dormir cedo, acordo às três horas damadrugada, fico rolando na cama e não consigo dormir mais”.

A fadiga, especialmente a fadiga mental, aparece com destaqueentre as queixas referidas pelos analistas de sistemas. KAWAKAMI et

Page 16: saúde mental no trabalho

141

al. (1997), analisando os efeitos dos estressores do trabalho sobre asaúde de produtores de software (engenheiros, técnicos e programa-dores) em uma empresa de processamento de dados, relatavam quea sobrecarga e os conflitos no trabalho estão associados à depressãoe ansiedade, ao mesmo tempo em que o suporte por parte dos cole-gas e a habilidade para usar o computador foram considerados comofatores protetores.

“Às vezes prefiro ficar em casa sozinha, sem fazer nada, absoluta-mente nada, descansando. O desgaste que eu estou tendo aqui, eunão vou recuperar nunca. E não é só isso... É o físico e o mental. Omental prejudica muito mais”.

Em relação à interferência do trabalho sobre a vida pessoal e fami-liar, alguns aspectos merecem destaque. A absorção mental intensa,inerente ao trabalho, permeia a vida extra-trabalho. O trabalho mentalpode realizar-se em qualquer circunstância da vida cotidiana, o que seobserva entre os analistas de sistemas, que referem encontrar solu-ções para os problemas do trabalho durante o trajeto, durante o sonoe durante o banho. Em relação a tal fato, merece destaque a mençãorecorrente, entre os analistas de sistemas pesquisados, ao desejo dedescobrir “um botão” que desligue a mente à saída da empresa.

MERLO (1999:246), analisando analistas de sistemas de uma em-presa de processamento de dados, afirma que “uma das conseqüên-cias desses períodos sobrecarregados de trabalho, nos quais os pra-zos são muito curtos, é que o trabalho termina por invadir o tempo e oespaço da vida privada. O analista impregna-se a tal ponto de suatarefa, que ele não consegue parar de pensar no trabalho após deixara empresa”.

“Eu chego em casa e minha mulher pergunta tudo, quer saber tudoe eu não falo nada, fica aquele silêncio porque estou pensando noproblema. Você não consegue se ligar... Acho que minha mulher temque ser que nem a máquina, só falar se eu perguntar. Fica mais fácilde se relacionar quando a pessoa é da área. Se está quieto, sabe quealguma coisa está processando”.

Os analistas de sistemas demonstram ter uma relação de caráterespecífico com o computador, que apresenta desafios constantes einduz a uma atitude de busca pela perfeição, seja por uma “identifica-ção” do profissional com a máquina, seja pela necessidade de evitaras conseqüências dos erros.

“O que eu acho que prende mesmo, o que fascina mesmo, paramim, é o desafio. Você tem determinada coisa que você sabe que épossível fazer. Você fica tentando fazer e não está conseguindo. Você

Page 17: saúde mental no trabalho

142

se sente desafiado. É aquela coisa do analista, eu sou o bom, eu faço”.O fato de não se permitir errar e estar sempre em busca de um

trabalho perfeito conduz o analista de sistemas a uma elevada auto-exigência e à conseqüente intolerância para consigo mesmo e paracom as demais pessoas, nas quais se incluem familiares e subordina-dos.

“Eu acho que o analista de sistema, quando ele chega em casa,ele exige demais de quem está do lado dele, exige muito dos filhos.Ele é muito lógico, não admite erro dos filhos. Ele é muito exigente.Imagina a exigência com a esposa!”.

Uma das manifestações registradas por ocasião das entrevistasdemonstra semelhança com o quadro de aceleração mental descritopor SELIGMANN-SILVA (1985): “a aceleração mental consiste no con-dicionamento da mente a trabalhar num ritmo, e com o mesmo raciocí-nio das máquinas - o operador vai como que se tornando mais acele-rado, trabalhando cada vez mais e mais depressa”.

“O que me impressiona é a aceleração mental. Você chega emcasa e liga a televisão, você não quer conversar com ninguém, vocêliga a televisão e fica umas duas horas vendo televisão e depois nãolembra nada do que viu. Não tem nada a ver, você nem quer ver tele-visão, você só quer diminuir seu ritmo mental”.

Ao lado da absorção pela máquina, a elaboração de um programaexige, como já foi dito, a utilização de raciocínio lógico, formal, binário(sim/não) para cada operação a ser efetuada pelo computador. Estetipo de raciocínio exerce efeitos significativos na forma de utilizaçãoda linguagem, segundo REBECCHI (1990: 50): “muitas vezes, as per-guntas e as seqüências de operações formuladas pela máquina têmpouca correspondência com o uso cotidiano que fazemos de nossashabilidades cognitivas. Há a redução da conversação interativa parauma simples troca de informações, que tende a anular todos os aspec-tos de informalidade e redundância, necessários na interação huma-na”.

“Existe a dificuldade de conversar com a família: você chega emcasa e você acha as pessoas cada vez mais burras. É que elas nãotêm o mesmo ritmo de atividade mental, de raciocínio. Porque eu achoque, principalmente na área de análise e de programação, você acabaassimilando um tipo de raciocínio próprio do computador. Nós temosum negócio que a gente chama de ‘fluxograma’. Aquele desenhinholá. Então, aquele desenhinho está cheio de perguntinhas ‘sim’ ou ‘não’.A resposta é sempre ‘sim’ ou ‘não’... Você não aceita a resposta ‘maisou menos’. Tem que ser ‘sim’ ou ‘não’, e tem que ser rapidinho... É

Page 18: saúde mental no trabalho

143

difícil o relacionamento”.A impaciência e a irritação sentidas pelos analistas em diferentes

situações foram também discutidas por ocasião da realização das en-trevistas. REBECCHI (1990:18), ao analisar a relação entre tempo etrabalho nas tarefas com terminal de vídeo, aponta para a ocorrênciade “uma dilatação (psicológica) do tempo de espera e uma fortecondensação do tempo de trabalho”, acrescentando que “a dilataçãodos tempos de espera é conseqüência da intensificação/condensaçãodo trabalho”. Este ponto é considerado como “absolutamente decisi-vo” pelo autor, através da justificativa de que: “nos serviçosinformatizados, a quantidade de trabalho é muito maior. É claro queserá necessário realizar pesquisas quantitativas, mas tudo indica queo consumo de energia psíquica aumentou de modo impressionante”(grifos do autor).

Entre as repercussões do trabalho sobre a vida pessoal e familiar,SELIGMANN-SILVA (1995, p. 301) relata um quadro de alterações dapersonalidade que tem sido estudado por diferentes autores, sob asdenominações de ‘embotamento afetivo’ (FRANKENAHEUSER, 1981)e ‘alexitimia’ (KARASEK e THEORELL, 1990). Seligmann-Silva desig-na-o de ‘síndrome de insensibilidade’, quadro cujo denominador co-mum é o empobrecimento da vida relacional. Estas alterações dizemrespeito a ocupações que se caracterizam por esforço mental cons-tante e intenso, e diferenciam-se de acordo com a natureza das ativi-dades e as características da organização do trabalho, variando, ain-da, de acordo com a cultura vigente na empresa.

A partir de suas pesquisas sobre estresse e tecnologia,FRANKENHAEUSER (1981, p. 507) ressalta que, em relação ao‘embotamento afetivo’, atenção especial deveria ser dada ao risco de‘superestimulação’, da qual podem decorrer sérias conseqüências paraa esfera emocional: “quando somos excessivamente bombardeadoscom estímulos fortes e freqüentes, a resposta do sistema nervoso gra-dualmente enfraquece, os estímulos perdem seu impacto e as rea-ções diminuem. O efeito fisiológico do estresse torna-se menos inten-so e o sentimento de desconforto enfraquece. Mas o mesmo ocorrecom os sentimentos de envolvimento, empatia e consideração pelosoutros. Como é muito natural, a erosão emocional é um processo ‘invi-sível’ e há um risco de não percebermos o desgaste gradual de nossacapacidade de envolvimento psicológico”.

Na descrição oferecida por SELIGMANN-SILVA (1995, p. 301) oquadro clínico envolve “a diminuição das demonstrações de afeto,sendo uma alteração geralmente mais notada pelos familiares do que

Page 19: saúde mental no trabalho

144

pelo próprio trabalhador. O cônjuge observa um ‘esfriamento’, que émuitas vezes interpretado como desamor. A capacidade e disposiçãopara o prazer na inter-relação humana se restringem. Isso inclui des-de a vida sexual até os relacionamentos familiares, as amizades e osmantidos nas diferentes esferas sociais” (grifos da autora).

Elementos da síndrome da insensibilidade podem estar sendomanifestados pelos analistas de sistemas quando se referem à atitudede tornar-se “exigente, crítico, perfeccionista e metódico”, consigo pró-prio e com os outros - familiares, colegas, chefes -, em associaçãocom à dificuldade de lidar com as emoções.

Paralelamente, a absorção mental intensa pode ser sentida, pelosfamiliares, como ‘indiferença’. Os profissionais referem ser objeto daqueixa de que são ‘desligados’, o que tende a ser interpretado, peloscônjuges, como uma diminuição da espontaneidade na vida sexual e,pelas empresas, como um certo ‘desleixo’ na forma de apresentaçãopessoal, tudo isto acompanhado de um “confinamento” em grupossociais ligados à área de informática.

“Quando não estou trabalhando, estou em casa. Mas eu não seiaté que ponto eu gosto de ficar em casa, por causa dos questionamen-tos, de conversar. A família questiona o desligamento”.

Tais alterações de comportamento são associadas, pelos analistasde sistemas, aos seguintes fatores relacionados ao trabalho: a rela-ção constante e absorvente com a máquina é vista como indutora dabusca pela perfeição, ao mesmo tempo em que leva à perda da comu-nicação com as pessoas; além disso, a ‘rigidez’ exigida pela necessi-dade de evitar erros, associada à superestimulação decorrente douso constante do raciocínio e às exigências de tempo, ocasionariam ainibição da expressão das emoções.

As atividades de lazer foram citadas como parte das estratégiasindividuais dos trabalhadores para facilitar o ‘desligamento’ da mente,reduzir a carga mental do trabalho, melhorar as relações com os fami-liares e reduzir o ritmo mental. As atividades de lazer compreendem:exercícios físicos, trabalhos manuais e artísticos.

“A gente sente como ‘válvula’, porque se sente pressionado peloseu trabalho. Tem que fazer alguma coisa... No geral, o pessoal procu-ra trabalhos manuais, alguma coisa para fazer com as mãos, sempensar, ou então trabalhar com madeira, fazer móveis, esculturas ”.

4.3 Do estudo às transformações: a convenção coletiva

A apresentação dos resultados da presente investigação aos sindi-

Page 20: saúde mental no trabalho

145

catos dos trabalhadores e dos empregadores da área deprocessamento de dados resultou na formação de um Grupo Tripartiteque, incluindo representantes da DRT/SP (Delegacia Regional do Tra-balho de São Paulo); SINDPD/SP (Sindicato dos Trabalhadores deProcessamento de Dados e Empregados de Empresas deProcessamento de Dados de São Paulo) e SEPROSP (Sindicato dasEmpresas de Processamento de Dados e Serviços de Informática doEstado de São Paulo), elaborou um Manual destinado à divulgação deinformações entre os profissionais e uma Convenção Coletiva voltadapara a categoria dos analistas de sistemas e profissionais assemelha-dos (MTE,2000) .

O documento oferece orientação de caráter abrangente às empre-sas, além de promover a conscientização do trabalhador no sentidode amenizar as conseqüências potencialmente negativas da profis-são, assim preservando suas condições físico-mentais e garantindomelhorias na qualidade de vida.

O conteúdo da Convenção contempla os seguintes itens: as condi-ções ambientais de trabalho (ruído, conforto visual, conforto térmico,qualidade do ar), as características do mobiliário (cadeira, mesa detrabalho), do posto de trabalho (as divisórias, as salas de reuniões, asestantes, os objetos de uso pessoal), dos equipamentos (o monitor devídeo, o uso de notebook), da organização do trabalho (os cronogramasde desenvolvimento e implantação dos projetos, a atualizaçãotecnológica, a avaliação e reconhecimento do trabalho, o analistaalocado no cliente), dos programas de prevenção (Programa de Con-trole de Saúde Ocupacional, Programa de Prevenção de RiscosAmbientais, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).

Na implantação da Convenção no município de São Paulo foi im-portante a verificação dos aspectos da organização do trabalho prin-cipalmente quanto ao plano de cargos e salários e das formas de reco-nhecimento do profissional.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Programa de Prevenção para os analistas de sistemas apontoupara aspectos da saúde mental de outros profissionais e usuários decomputador como a presença de absorção mental intensa pelo traba-lho e computador e as repercussões como o embotamento afetivo esíndrome da insensibilidade. Com a expansão da utilização do com-putador estes aspectos devem ser analisados nas situações de traba-lho.

Page 21: saúde mental no trabalho

146

A apresentação do caso de intervenção nas situações de trabalhodos analistas de sistemas demonstrou a complexidade da prevençãoda saúde mental no trabalho. Nestas situações devem sempre ser se-lecionados os referenciais teóricos e metodológicos para a escolha deprocedimentos adequados aos objetivos da intervenção. Neste exem-plo destacamos a importância da participação dos trabalhadores emtodas as etapas.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHONEN, M; LAUNIS, M.; KUORINKA, T. Ergonomic workplaceanalysis . Finnish Institute of Occupational Health, 1989.

COHEN, B.G.F. Psychosocial environments created by computer usefor managers & systems analysts. In: SALVENDY, GAVRIEL, ed.Human-computer interaction . Amsterdam-Oxford-New York-Tokio:Elsevier, 1984, p. 379-384.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia dotrabalho . São Paulo: Oboré, 1987, p. 163.

ELIAS, R.; CAIL, F. Contraintes et astreintes devant les terminaux aécran cathodique. Les notes scientifiques et techniques de l’ INRS(Rapport I.N.R.S. no. 1109/RE) , v.43, juin, 1982, p. 118.

ELO, A. Assessment of psychic stress factors at work . Helsinki:Institute of Occupational Health, 1986, p. 40.

ELO, AL.; LEPPANEN, A.; LINDSTROM, K.; ROPPONEN, T.Occupational stress questionnaire: user’s instructions . Helsinki:Institute of Occupational Health, 1992.

FERNANDES, S. R. P. Trabalho informatizado e distúrbios psico-emocionais: estudo seccional em três empresas de processamentode dados em Salvador, Bahia. Salvador, 1992, p. 279. Dissertação(Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal da Bahia.

FRANKENHAEUSER, M.; GARDELL, B. Underload and overload inworking life: outline of a multidisciplinary approach. Journal of HumanStress , v. 2, n.33, p. 35-46, 1976.

Page 22: saúde mental no trabalho

147

FRANKENHAEUSER, M. Coping with stress at work. Int. J. HealthServ. v. 11, n. 4, p.491-511, 1981.

GLINA, D.M.R.; ROCHA, L.E. Saúde Mental e trabalho. In: LOPES, AC (editor). Tratado de Clínica Médica . Vol. 1- São Paulo: Roca, 2006.Seção 3: Saúde no Trabalho e Meio Ambiente p. 248-258.

GLINA, D.M.R.; ROCHA, L.E. Saúde mental no trabalho: desafios esoluções . São Paulo: Editora CIPA, 2000.

GREDILLA, J. M. C.; GONZALEZ, J. M. Vigilancia medica especificaen los trabajadores de pantallas de visualizacion de datos. Salud yTrabalho , v. 84, p. 9-16, 1991.

KALIMO, R. Assessment of occupational stress In: KARVONEN,M;MIKHEEV, MIM. Epidemiology of occupational health. Copenhagen,World Health Organization, 1986 p. 231-250.

KALIMO, R. Stress in work: conceptual analysis and a study on prisonpersonnel. Scand. J. Work Environ. Health , v. 6, Suppl.3, p. 1-148,1980.

KALIMO, RAIJA; EL BATAWI, MOSTAFA A.; COOPER, CARY L. Losfactores psicosociales en el trabajo y su relación con la salud .Ginebra: Organización Mundial de la Salud, 1988.

KARASEK, R.A.; THEORELL, T. Healthy Work . New York, 1990. p.83-116.

KAWAKAMI, N; ROBERTS, C.R.; HARATANI, T. Effects of job stressorson physical and mental health in Japanese VDU workers. Proceedingsof the 5th Work With Display Units , November 1997, Tokyo. p. 35-36.

LEVI, L. Adaptación del trabajo a las capacidades y necesidades hu-manas: mejoras del contenido y la organización del trabajo. In: KALIMO,R.; EL BATAWI, M. A.; COOPER, C. L. Los factores psicosociales enel trabajo y su relación con la salud . Ginebra: Organización Mundialde la Salud, 1988. p. 166-82.

LEVI, L. Definiciones y aspectos teóricos de la salud en relación con el

Page 23: saúde mental no trabalho

148

trabajo. In: KALIMO, R.; EL BATAWI, M. A.; COOPER, C. L. Losfactores psicosociales en el trabajo y su relación con la salud .Ginebra: Organización Mundial de la Salud, 1988, p. 9-14.

LEVI, L. Estresse e trabalho . Luxemburgo. Fundação Européia paraa Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, 1995.

LEVI, L. Las enfermedades psicosomáticas como consecuencia delestrés profesional. In: KALIMO, R.; EL BATAWI, M. A.; COOPER, C. L.Los factores psicosociales en el trabajo y su relación con la salud .Organización Mundial de la Salud, Ginebra, 1988, p. 76-89.

MARTINO, V. D. Occupational estresse: a preventive approach. In:INTERNATIONAL LABOUR OFFICE. Preventing estresse at work,Geneva, Conditions of work digest , v.11, n. 2, p. 3-41, 1992 .

MERLO, A R.C. A informática no Brasil: prazer e sofrimento notrabalho . Porto Alegre: Ed. da Universidade Federal do Rio Grande doSul, 1999.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitati-va em saúde . 2. ed., São Paulo-Rio de Janeiro: HUCITEC-ABRASCO,1993, p. 269

MINISTÉRIO DE TRABALHO E EMPREGO. Analistas de Sistema eAssemelhados (Série Convenções Coletivas sobre Segurança e Saú-de, n.7). Brasília - DF: MTE - Ministério do Trabalho e Emprego, De-partamento de Segurança e Saúde do Trabalho - DSST, SIT, 2000.www.mte.gov.br

REBECCHI, E. O sujeito frente à inovação tecnológica. Petrópolis:VOZES/IBASE, 1990, p. 122

ROCHA,L.E. Estresse ocupacional em profissionais deprocessamento de dados: condições de trabalho e repercussõesna vida e saúde dos analistas de sistemas . Tese (Doutorado)- Fa-culdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 1996, p. 257.

ROCHA, L.E.; GLINA, D.M.R. Distúrbios Psíquicos Relacionados aoTrabalho In: FERREIRA JUNIOR, M. Saúde no Trabalho. São Paulo:Ed. Roca, 2000, p. 320-351.

Page 24: saúde mental no trabalho

149

SELIGMANN-SILVA, E. As novas tecnologias e a saúde dos traba-lhadores: um documento informativo . São Paulo: 1985, p. 52[mimeografado].

SELIGMANN-SILVA, E. Psicopatologia e psicodinâmica no trabalho.In: MENDES, R. Patologia do trabalho (org,). Rio de Janeiro: Ed.Atheneu, 1995, p. 287-310.

WISNER, A. Por dentro do trabalho - Ergonomia: método & técni-ca. São Paulo: FDT-Oboré, 1987, p. 198

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Visual Display Terminals andworkers’ health . Geneva, 1987, p. 206

Notas de Rodapé

¹ Este estudo foi financiado pela Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalhadordo Ministério do Trabalho, tendo sido apresentado como Tese de Doutorado para aFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 1996: Rocha, L.E. “EstresseOcupacional em Profissionais de Processamento de Dados: condições de trabalho erepercussões na vida e saúde dos analistas de sistemas”.