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SÃO PAULO, 14 DE OUTUBRO DE 2016.

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SÃO PAULO, 14 DE OUTUBRO DE 2016.

13/10/2016

Agricultores têm curso para sustentabilidade

Programa de educação ambiental à distância inova com aulas presenciais para

agricultores familiares.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio do Departamento de Educação

Ambiental (DEA), finaliza, neste mês, o curso Formação de agentes populares de

Educação Ambiental na Agricultura Familiar. Apesar de ser na modalidade de educação

à distância (EAD), o curso trouxe o diferencial de oferecer aos alunos um

acompanhamento presencial, com tutores in loco de 22 instituições parceiras como

universidades, secretarias de meio ambiente e organizações não governamentais.

O curso faz parte do Programa de Educação Ambiental na Agricultura Familiar

(PEAAF) do MMA, que, por meio de ações educativas, busca construir coletivamente

estratégias para o enfrentamento da problemática socioambiental no meio rural, com a

adoção de práticas sustentáveis na agricultura familiar e no manejo dos territórios rurais.

Segundo o coordenador do PEAAF, Alex Bernal, dos 951 agentes populares que

iniciaram o curso, 783 conseguiram a nota necessária para se formar. “É um dado bem

positivo, visto que cursos à distância têm a limitação do uso de um computador com

acesso à internet, ainda mais se tratando do meio rural. Creio que a troca entre o MMA

e essas instituições parceira, e destas com os alunos, foi o principal ganho do curso e

fator determinante para o sucesso dessa formação”, ressaltou.

VISITAS A PROPRIEDADES

O Consórcio Público Intermunicipal Multifinalitário do Meio Oeste do Contestado

(CPIMMOC), em Santa Catarina, foi uma das instituições parceiras do MMA que

ofereceu o curso a alunos de 13 municípios catarinenses, todos trabalhadores na

agricultora familiar. O consórcio avalia processos de licenciamento ambiental

(renovação ou abertura) e, com o curso, pôde incorporar referências de boas práticas na

área. “Aderimos ao programa de educação ambiental do MMA para ter um suporte

teórico e conhecer novas práticas de sustentabilidade”, contou o tutor Adalberto

Antônio Marcon, que fez o primeiro curso pelo Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA) do MMA em 2014.

Além das aulas teóricas, os alunos visitaram propriedades rurais que usam a

agroecologia, a produção sem agrotóxicos e promovem recuperação de nascentes. “O

trabalho está sendo multiplicado”, afirmou Adalberto. “Com a nova administração

municipal em 2017, queremos promover oficinas e levar a preocupação com o meio

ambiente a mais pessoas”. Os alunos formaram um grupo no WhatsApp para debater os

assuntos e continuar trocando informações.

ASSENTADOS

A agrônoma e mestra em Zootecnia, pela Universidade do Estado de São Paulo

(Unesp), Uly Carneiro Bragiato, foi tutora do curso de PEAAF em três assentamentos

diferentes: Pradópolis, Córrego Rico e Ribeirão Preto. Uly acompanhou pessoalmente

os 24 alunos que finalizaram o curso. “Uso de fogo, queimadas, troca de sementes

crioulas e parcerias entre eles foram os temas mais comentados”, disse ela.

“Os agricultores reclamam que o milho nascido da semente transgênica não é bom para

consumo humano, que não tem sabor. A semente crioula é melhor para o cultivo de

alimentos, então os agricultores formaram uma rede de trocas de sementes”. Nesse

contexto, a cooperação entre eles foi estimulada. “O pessoal ainda me procura para

perguntar se haverá outro curso do PEAAF no ano que vem”, comemora.

SENSIBILIZAÇÃO

O curso do MMA também chegou à Universidade da Integração Internacional da

Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), sediada em Redenção, a 55 quilômetros de

Fortaleza (CE). O professor de Microbiologia e Fitopatolgoia e coordenador do Núcleo

de Agroecologia e Produção Orgânica da Unilab, Joaquim Torres Filho, destacou a

importância de sensibilizar as novas gerações para as questões ambientais.

Os alunos, brasileiros e estrangeiros de países de língua portuguesa (Angola,

Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Cabo Verde), fizeram

aulas semanais em campo, em disciplinas com prática agrícola. “No primeiro curso

tivemos filhos de agricultores e, no segundo, agricultores e técnicos”, explica o

professor Joaquim. “O curso foi muito bem produzido e organizado, as questões locais e

regionais foram bastante discutidas. O suporte dado pelo ministério resolveu tudo o

mais rápido possível. Agora, todos querem saber quando será o próximo”. Sobre a

evasão, um gargalo nos cursos a distância, ainda mais quando se trata de alunos do meio

rural, o professor conta que a Unilab conseguiu ficar abaixo da média nacional (30%),

formando 50 pessoas.

SOBRE O PROGRAMA

O PEAAF é fruto da reivindicação dos movimentos de agricultores e agricultoras

familiares ao Governo Federal, realizada no Grito da Terra 2009 e outras manifestações.

Desde então, sua elaboração e aperfeiçoamento têm sido realizados de forma contínua e

participativa, por meio do diálogo com sujeitos sociais atuantes no setor. O Programa é

a materialização da contribuição da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) a

essa demanda socioambiental.

Para Alex Bernal, a Educação Ambiental possibilita a reflexão coletiva sobre os

problemas e os conflitos socioambientais das comunidades. “O modelo agrícola

predominante gera insegurança alimentar e vários danos ambientais, como

contaminação de solos e rios. O PEAAF fomenta esse debate sobre a sustentabilidade

com nossos principais aliados na busca de um outro padrão de desenvolvimento rural:

os agricultores familiares e as populações tradicionais”, explica.

O Brasil na liderança em favor do planeta

13/10/2016

A divulgação de uma imagem do buraco da camada de ozônio sobre a Antártica, na década de 1980, foi o grande gatilho que despertou a opinião pública mundial sobre os impactos da humanidade no planeta.

A partir de então, a própria ONU convocou a célebre reunião ocorrida no Rio, em 1992, que culminou com importantes tratados internacionais, notadamente a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Poucos sabem que, antes da Eco 92, a Convenção de Viena de 1985 e o Protocolo de Montreal de 1987 já tratavam desta matéria, estabelecendo um calendário para a substituição dos CFCs (clorofluorcarbonos), os grandes responsáveis, à época, pela diminuição da camada de ozônio.

É bom salientar que a camada de ozônio nos protege dos raios ultravioletas. Sua redução tem impactos adversos, como câncer de pele, catarata, diminuição da produtividade agrícola, dentre outros.

Há países que medem constantemente a incidência desses raios, objetivando alertar a população para que se previna dos seus malefícios, com o uso de cremes protetores, e evite a exposição solar em certos horários do dia.

O foco da opinião pública no início foi o uso dos CFCs como propelentes de aerossóis. Além dessa utilização, esses gases e seus substitutos, os HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), são substâncias importantes na indústria da refrigeração e do ar condicionado, fazendo parte do nosso cotidiano.

Entretanto, os HCFCs, embora com impactos amigáveis em relação à camada de ozônio, são potentes gases efeito estufa (GEEs).

Infelizmente nem sempre existiu uma adequada sinergia entre os tratados internacionais sobre o clima e sobre a camada de ozônio. Por essa razão, pretende-se, na reunião das partes do Protocolo de Montreal, em Kigali, Ruanda, aprovar uma emenda para reduzir gradativamente o uso dos HCFCs, até sua eliminação total.

E por que se enfatizar essa discussão no âmbito do Protocolo de Montreal? Porque ele possui instituições eficazes, como o Fundo Multilateral, para financiamento dos ônus a serem gerados aos países em desenvolvimento, além do engajamento de setores empresariais.

O Protocolo adquiriu credibilidade pelo sucesso alcançado: reduziu de 10 a 20 vezes as emissões de CO², equivalente à meta do primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto (1997).

O Acordo de Paris representou um outro patamar em termos de soluções efetivas para o combate ao aquecimento global, pois reforçou o compromisso entre mais de 180 países de não se permitir um aumento da temperatura média do planeta em 2ºC até o final do século, indicando a meta de 1,5°C como ambição necessária.

Vale lembrar que esses países representam 94% das emissões globais atuais de GEEs e 97% da população mundial.

Há grande expectativa de que o Acordo de Paris possa entrar em vigência ainda neste ano, ou seja, em um tempo muito mais breve do que o Protocolo de Quioto, assinado em 1997, efetivado apenas em 2005. A China, os Estados Unidos, o Brasil, dentre outros países, já o ratificaram, sinalizando que não há tempo a perder.

Uma emenda para reduzir drasticamente os HCFCs seria uma contribuição fundamental para o Acordo de Paris, representando 1/4 do caminho para ficar abaixo do limite de 2°C, o que seria elogiado na próxima Conferência do Clima, COP 22, a ser realizada em Marrakech, Marrocos, em novembro.

Diante desse contexto, acreditamos que o Brasil precisa manter o seu reconhecido protagonismo, atuando de maneira firme para se garantir a aprovação da emenda em Kigali. (Folha de S. Paulo/ #Envolverde)

O lixo ainda a passos lentos

*Washington Novaes

14 Outubro 2016 | 03h01

A geração de resíduos cresceu, na década, mais que a população e que o PIB do País

Teria sido importante que o relatório Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil,

divulgado no início do mês pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública

e Resíduos Especiais (Abrelpe), houvesse alcançado maior divulgação no País todo. É

um documento importante para ampliar a consciência de todas as pessoas sobre a

geração, coleta e destinação do lixo, já em situação muito delicada. O total de resíduos

sólidos urbanos produzidos no País de 2014 a 2015 aumentou 1,78%, passou de 78,6

milhões de toneladas para 79,9 milhões – cresceu 1,7%, mais do que a população

brasileira, que aumentou 0,8%, e do que a atividade econômica (PIB), que caiu 3,8%.

Ou seja, aumentamos a geração de lixo mais que a produção econômica e mais que a

população (que cresceu menos de 1%). Por dia, passamos a gerar um total de 218.874

toneladas. E por pessoa, 1,071 kg.

É muito lixo, que cresceu mais de 26% na década. Com a agravante de mais de um

terço da população ainda sofrer com destinação inadequada, já que 30 milhões de

toneladas foram depositadas em lixões ou “aterros controlados”, que apresentam os

mesmos problemas. Mais de 3.300 municípios continuam a usar instalações

inadequadas e lixões. Na média, os serviços de coleta chegam a uma cobertura

nacional de 90%, mas há muita diferença entre Norte e Nordeste (80%), menos que a

das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (mais de 90%). No total, coletamos 198.750

toneladas diárias em 2015. Muito? Pouco? Foram 391 quilos por habitante/ano, mais

que o Japão ou a Coreia do Sul, que têm PIB per capita de quase três a quatro vezes

maior que o do Brasil. Ou a Islândia, a Bélgica, a Suécia, com PIBs per capitaainda mais

altos.

Aumentaram as iniciativas municipais de coleta seletiva. Nas Regiões Sul e Sudeste, em

mais de 85% dos municípios, superiores à média nacional de 70% dos municípios. E

quanto custa o avanço? R$ 10,15 por mês a cada habitante. Já na área de resíduos da

construção civil e resíduos de serviços de saúde, os municípios recolheram 125 milhões

de toneladas, “suficientes para encher 1.450 estádios do Maracanã”, como diz o

relatório. Muitos especialistas têm opinado que novos avanços dependerão

principalmente da passagem dos orçamentos de limpeza urbana dos governos

municipais para os estaduais.

Estudiosos como Marcos Cunha têm lembrado (3/8) que há 25 anos se dizia nas

faculdades de Engenharia Sanitária que em média a geração de resíduos sólidos

domésticos era de 400 gramas por pessoa a cada dia – dependendo do perfil

socioeconômico e cultural em cada lugar. Hoje, os dados atualizados apontam uma

geração média por pessoa acima de um quilo, um aumento superior a 100%. Mas a lei

da Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não chegou perto de seus objetivos. A

queixa principal é a da falta de recursos financeiros. E com isso quase a metade dos

resíduos sólidos tem destinação inadequada ou incorreta.

Já se chegou a apresentar no Congresso Nacional projeto de medida provisória para

propor que o prazo para o fim dos lixões no País passasse para 2018. Foi aprovada,

mas vetada pela Presidência da República. Porém continuam tramitando outros

projetos para prorrogar até 2018 a data para acabar com os lixões; dando novo prazo a

municípios de fronteira ou com mais de 100 mil habitantes para instalar aterros

sanitários.

Tudo isso precisa de uma discussão forte e permanente com a sociedade. Por

exemplo: casas e condomínios geram mais lixo reciclável do que lixo orgânico; mas

tudo é descartado como lixo orgânico. Desperdício. Além disso, não se aceita que esse

lixo seja coletado por cooperativas de catadores: desperdício de renda possível.

Quando se vai para o plano global, o panorama também é assombroso. Diz a ONU-

Habitat (O Popular, 7/8) que 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos urbanos é

gerado por ano no planeta – produtos têxteis, plásticos não recicláveis, resíduos de

madeira, lixo “comum” ou embalagens sujas de alimentos. Um dos aproveitamentos é

a transformação em etanol, o que já é feito também em outros 63 países. Mas o

desperdício é gigantesco.

Não fazem licenciamento ambiental 70% dos municípios brasileiros (Observatório das

Metrópoles eO Estado de S. Paulo, 15,4/16). E concorrem para que o desperdício não

seja minimizado com o aproveitamento em obras. O lixo eletroeletrônico não para de

crescer, acompanhando o consumo: no ano passado foram 41 milhões de toneladas

desse tipo de resíduos no mundo; no Brasil, 1,2 milhão de toneladas, comercializadas

ilegalmente (90%) ou descartadas, para aumentar o lixo urbano – mesmo assim, há

propostas para prorrogar o prazo de fechamento de lixões, embora a lei da Política

Nacional de Resíduos Sólidos já tenha completado seis anos e haja 22 associações e

mais de 500 empresas aliadas. Cresceu 138% o número de cidades que desenvolvem

programas de coleta seletiva; os postos de entrega voluntária já são 1.666, ou 255%

mais que a meta estipulada para 2015. Apesar disso tudo, continua-se a atirar lixo na

Baía de Guanabara; às vésperas da Olimpíada, este ano, foi retirada uma tonelada por

dia – sem resolver o problema.

Os cidadãos e políticos continuam muito distantes do problema. “Cuidar do lixo não dá

voto”, dizem os políticos. “Eu só não quero lixo diante da porta da minha casa”, dizem

os cidadãos comuns.

O Ministério das Cidades assegura que a coleta seletiva caminha bem. E que a

compactação e o isolamento em bolsas de propileno assegura destinação adequada e

permanente. Muitas pessoas depositam sua esperança num sistema de transporte e

descarte de resíduos da construção civil que permite à limpeza urbana monitorar e

fiscalizar por meio de georreferenciamento onde está o lixo. Coordenadas dos pontos

onde está cada caçamba permitem localizar por meio eletrônico qualquer porção do

lixo.

Mas ainda falta muito.